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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3

2 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO ............................................... 4

2.1 Conceituação de solo ..................................................................... 5

3 COMPOSIÇÃO DO SOLO ................................................................. 6

3.1 Fase Sólida .................................................................................... 7

3.2 Fase Líquida .................................................................................. 9

3.3 Fase Gasosa ................................................................................ 10

4 PEDOGÊNESE ................................................................................ 11

4.1 Intemperismo ............................................................................... 12

4.2 Fatores de Formação do Solo ...................................................... 14

4.3 Processos de Formação do Solo ................................................. 18

5 MORFOLOGIA DO SOLO ............................................................... 19

5.1 Horizontes e camadas do perfil do solo ....................................... 20

5.2 Atributos morfológicos internos .................................................... 25

5.3 Atributos ambientais ..................................................................... 33

6 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO ........................................................... 34

6.1 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos .............................. 35

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 45

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa.
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO

Fonte: revistadeagronegocios.com.br

A origem da ciência do solo se deu a partir do momento que o homem


começou a utilizar o solo para pastoreio, culturas, jardins, videiras e florestas
(SCHROEDER, 2017). O estudo do solo, a aquisição e disseminação de
informações sobre o papel que exerce na natureza e sua importância na vida do
homem são condições primordiais para sua proteção e conservação e uma
garantia da manutenção de ambiente sustentável e sadio (BECKER, 2007, p.75).
A Ciência do Solo tem um caráter tipicamente multidisciplinar. Entre essas
ciências são tradicionalmente relevantes a Física, Química e a Biologia. Neste
contexto, a Geografia continua sendo a ciência que leva em conta os aspectos
físicos da Terra, cultivando o mérito de fazer a interlocução com outras ciências
como a Geologia, Pedologia e Geomorfologia. É interessante assinalar que as
relações entre esses ramos das Ciências do Solo só podem ser estabelecidas a
partir do conhecimento das relações entre seus objetos de estudo (NETO, 2000
e SAMPAIO, 2011).

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2.1 Conceituação de solo

Componente fundamental do ecossistema terrestre, o solo é o principal


substrato utilizado pelas plantas para o crescimento, fornecendo água, ar e
nutrientes. Além disso, possui diversas funções como regulação da distribuição,
armazenamento, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação;
armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas; e, ação filtrante
protetora da qualidade da água (LIMA, LIMA e MELO, 2007). Para Ruivo et al.
(2004, p.5) “os solos são componentes da paisagem e constituem um
ecossistema particular dento do ecossistema geral”.
Santos et al. assim o conceitua:

(...) coleção de corpos naturais, tridimensionais, dinâmicos,


constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, formados por
materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto
superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém
matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e,
eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas
(2008, p.27).

Em um sentido mais estrito, SSSA (1997) apud Sampaio (2011) classifica


o solo como “material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à
superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas”.
A origem do solo está relacionada à ação de diversos fatores sobre determinado
material de origem, rocha mãe ou matriz. Em condições naturais, mantém-se em
equilíbrio dinâmico, permitindo o desenvolvimento de vegetação. Becker (2007)
o descreve como um sistema condicionado por uma série de fatores ambientais,
como o tipo de material de origem, relevo, clima, tempo e organismos.
De acordo com Wadt et al.:

O solo é um dos recursos naturais mais importantes para a qualidade


de vida do homem. Possui múltiplas funções nos ciclos dos nutrientes,
no ciclo da água e também é importante para a sustentabilidade dos
sistemas naturais, como as florestas primárias e campos, sendo um
dos fatores mais relevantes na determinação da tipologia florestal
(Wadt et al., 2003. p.11).

A alteração da vegetação natural também provoca modificações nas


características do solo. De acordo com Cassol, Denardin e Kochhann (2007,
p.334), “o desequilíbrio estabelecido entre o solo e os demais fatores ambientais

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pode tender a um novo padrão de equilíbrio e ser ecologicamente sustentável ou
ser de difícil reversão”.
A modificação de uma área não significa necessariamente sua
degradação. Contudo, se essa alteração ocorre juntamente com processos que
levam à perda da capacidade produtiva do sistema, diz-se que as áreas estão
degradadas. Normalmente, o processo de degradação das terras está
relacionado à própria degradação dos solos, embora, outros fatores, como a
prática de manejo inadequada, também possam ocasioná-la (WADT et al. 2003).

3 COMPOSIÇÃO DO SOLO

A composição do solo compreende três fases: sólida, líquida e gasosa. A


fase sólida é composta por minerais e matéria orgânica. A fase líquida é
representada pela água armazenada nos espaços vazios da fase sólida e é de
onde as plantas e os microrganismos absorvem os nutrientes necessário para
seu desenvolvimento. Já a fase gasosa, são os espaços vazios que não foram
preenchidos pela fase líquida.

Fonte: aegro.com.br

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3.1 Fase Sólida

A fase sólida do solo é constituída por material orgânico e mineral. O


material mineral do solo é originado dos minerais das rochas alterados ou não,
apresentando estrutura cristalina, que é a repetição de uma sequência de
átomos na estrutura da matéria. Quando não existe essa repetitividade, a
estrutura dos minerais é chamada de amorfa (SANTOS e REICHERT, 2006).
Conforme Zimback:

A matéria mineral do solo é representada pelos minerais constituintes


do material de origem do solo, e pelos minerais formados como
resultado do intemperismo. Tais minerais possuem dimensões
variadas, sendo classificados em função desse tamanho. Os minerais
que constituíam o material de origem e que passam para o solo sem
sofrer alterações são denominados minerais primários, enquanto que
os minerais neoformados, produtos do intemperismo, são
denominados minerais secundários (2003, p.4).

Fonte: multiplaescolha.com.br

As rochas que originam os minerais presentes no solo são divididas em:


ígneas (magmáticas), sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas resultam
da solidificação da lava. As metamórficas, são formadas sob altas temperaturas
e altas pressões. Já as sedimentares, são formadas pela intemperização das
rochas ígneas e metamórficas (SCHROEDER, 2017).

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Para Carneiro, Gonçalves e Lopes (2009), as rochas ígneas têm sua
origem no resfriamento do magma, nas quais o tamanho dos cristais geralmente
é proporcional ao tempo de resfriamento do magma: quanto mais lenta a
cristalização de um magma, maiores os tamanhos dos cristais formados. São
exemplos de rochas ígneas, o basalto e o granito.

Fonte: igeologico.com.br

As rochas metamórficas são formadas por transformações na


mineralogia, química e estrutura de rochas já existentes, devido a mudanças nos
parâmetros físicos (pressão e temperatura principalmente) e químicos. As
rochas resultantes do processo de metamorfismo dependem do tipo de rocha e
sua composição mineralógica, e as principais transformações são a
recristalização de minerais e, ou, formação de novos minerais e deformações na
estrutura das rochas. São exemplos de rochas metamórficas, a ardósia, o
gnaisse e o xisto (CARNEIRO, GONÇALVES e LOPES, 2009 p. 60).
As rochas sedimentares são formadas pela deposição e diagênese de
sedimentos provenientes de outras rochas ou de materiais de origem biogênica,
ou ainda da precipitação química de minerais. Esses sedimentos são
encontrados na superfície terrestre como camadas de partícula soltas, como
areia, silte e conchas de organismos. Assim, são transportadas para os locais
onde são depositados em camadas de sedimentos (TEIXEIRA et al. 2006).
Além do material mineral, o solo também é composto pela matéria
orgânica. A matéria orgânica é representada pelos restos animais e vegetais em

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todos seus estágios de decomposição, sendo que os restos vegetais têm um
significado muito maior como fonte de matéria orgânica para o solo. A matéria
orgânica encontra-se principalmente na camada superficial do solo, e seu teor
pode sofrer um acréscimo em função da adição feita pelo homem (ZIMBACK,
2003).
Para Santos e Reichert (2006), no solo, o termo material orgânico se
refere a todo tipo de material de origem orgânica, vivo ou morto, reconhecível ou
não. A matéria orgânica do solo inclui a biomassa microbiana, os resíduos
vegetais em decomposição, os compostos orgânicos derivados da
decomposição (facilmente identificáveis) e o húmus.

3.2 Fase Líquida

A fase líquida compreende a água presente no solo, trata-se de uma


solução, uma vez que contém minerais (ânions e cátions) dissolvidos que serão
absorvidos pelas plantas. A água fica retida nos microporos e é drenada para as
camadas mais profundas através da gravidade.

Fonte:andarilhar.com

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Geralmente é abordada sob dois aspectos: quantitativo e qualitativo. O
primeiro, se preocupa com a quantidade de água presente no solo e seu
movimento em função da permeabilidade do solo. No segundo, procura-se
analisar qualitativamente os íons dissolvidos e seus efeitos no comportamento
do solo e das plantas (SANTOS E REICHERT, 2006).
Pedologicamente, a presença da água no solo é importante pois auxilia
nos processos de intemperismo, sendo um fator essencial nos processos de
gênese dos solos. A água infiltra no solo, causando a lixiviação das rochas,
realizando o transporte de minerais úteis ao desenvolvimento de plantas e
organismos (SCHROEDER, 2017).

3.3 Fase Gasosa

O componente gasoso vem a ser o ar do solo, que possui a mesma


composição qualitativa do ar atmosférico, porém difere quantitativamente,
possuindo teores mais elevados de dióxido de carbono (CO2) e teores mais
baixos de oxigênio (O2), visto que os organismos do solo respiram, consumindo
oxigênio e liberando dióxido de carbono (ZIMBACK, 2003). A respiração dos
microrganismos e das raízes, por exemplo, é responsável pela maior
concentração de gás carbônico no ar do solo.
Uma vez que a espaço poroso total deve ser dividido pelo ar e pela água,
o teor de ar varia reciprocamente com teor de água. Quando o solo é saturado
com água, seu teor de ar é praticamente nulo, exceto para algum ar dissolvido
na solução do solo; em solo seco o ar ocupa o total do espaço poroso
(SCHROEDER, 2017).
As três fases do solo (sólida, líquida e gasosa) estão intimamente ligadas.
Na realidade, os diferentes tamanhos das partículas sólidas e da porosidade
interna de alguns minerais fazem com que, na organização da fase sólida,
sobrem espaços livres que serão preenchidos pelos gases e/ou pela água.

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4 PEDOGÊNESE

A parte da ciência do solo que estuda os fatores e processos que intervêm


na gênese dos solos é chamada de Pedogênese (SILVA e AMARAL, 1995). De
acordo com Santos e Reichert (2006), o conjunto de processos que leva à
decomposição e degradação das rochas é denominado de intemperismo, que
pode ser de natureza química ou física.

Fonte: brasilescola.uol.com.br

Pedogênese vem a ser a formação do solo, incluindo os fatores e


processos de formação de solos, fazendo com que, em virtude da variação
desses fatores e processos, os vários solos apresentem propriedades e
características que diferenciam uns dos outros (ZIMBACK, 2003).
Ainda segundo Santos e Reichert (2006), os processos de formação do
solo são divididos em: adição, remoção, transformação e translocação. Já os
fatores de formação definem o estado do sistema, na qual atuam os processos,
sendo estes: material de origem, clima, relevo, organismos vivos e tempo.
Conforme Lima, Lima e Melo (2007), o solo resulta da ação integrada e
simultânea do clima e organismos que a atuam sobre um material de origem, o
qual ocupa determinada paisagem ou relevo, durante certo período de tempo.

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4.1 Intemperismo

Consiste da transformação das rochas em materiais mais estáveis em


condições físico-químicas diferentes daquelas em que elas se originara. Pode
ser causado por processos de natureza física – desgaste – e química –
decomposição -, que as rochas sofrem ao aflorar na superfície da Terra. Assim,
os processos intempéricos são classificados em físicos e químicos. Quando a
ocorre a participação de organismos vivos ou da matéria orgânica, o
intemperismo é denominado de físico-biológico ou químico-biológico
(MUGGLER et al. 2005).

Fonte: educaescola.com.br

O intemperismo físico constitui o conjunto de processos que resultam na


desagregação física das rochas. Nesse caso altera-se apenas a unidade física
da rocha e não a sua composição química. De acordo com os fatores atuantes,
o intemperismo físico pode ser subdividido em termal e mecânico (MUGGLER et
al. 2005). É composto pelos processos que levam à fragmentação da rocha, sem
modificação significativa em sua estrutura química ou mineralógica. Essas
quebras podem ocorrer por vários processos, como a variação de temperatura,
crescimento de raízes e congelamento (SANTOS e REICHERT, 2006).

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De acordo com os autores Schroeder (2017) e Muggler et al. (2005):
Temperatura: mudanças no resfriamento e aquecimento causam
diferenças na contração e expansão da superfície e interior das rochas,
resultando na divisão, fissuração e estresse. Desta forma, rochas submetidas ao
processo contínuo de expansão e contração, tendem a se fragmentar devido ao
enfraquecimento de sua estrutura. Este tipo ocorre em ambientes onde fortes
variações de temperatura, clima seco e pouca vegetação.
Crescimento das raízes: A espessura das raízes aumenta as fissuras. A
raiz da vegetação presente aproveita as fissuras e crescem na procura de água
e nutrientes.
Congelamento: A expansão da água nas fendas e fissuras resulta na
fragmentação das rochas. O congelamento da água inclusa em fraturas,
aumenta o volume exercendo pressão sobre as paredes envolventes, podendo
fragmentá-las, principalmente se houver uma repetição contínua do processo.
O intemperismo químico é a decomposição dos materiais intemperizados
fisicamente por dissolução, hidrólise, acidólise e oxidação. O principal agente do
intemperismo químico é a água, que infiltra e percola as rochas, sendo o seu
efeito mais intenso na medida em que ela se acidifica devido a dissolução de
dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e à presença de ácidos orgânicos. A
água da chuva dissolve o dióxido de carbono da atmosfera formando ácido
carbônico (MUGGLER et al. 2005).
Conforme Santos e Reichert (2006), o intemperismo químico compreende
o conjunto de reações que levam à modificação da estrutura dos minerais que
compõem a rocha, sendo aumentado à medida que o intemperismo físico
avança, devido ao aumento da área superficial dos minerais.
Os autores Muggler et al. (2005), Schroeder (2017) e Santos e Reichert
(2006) classificam:
Hidrólise: Decomposição pela água dos sais pouco ou muito solúveis,
combinando uma base forte com um ácido fraco, pela dissociação da água em
íons de H+ e OH-. É uma reação química entre íons H+, proveniente da ionização
da água, e cátions do mineral, principalmente cátions alcalinos (K+ e Na+) e
alcalino-terrosos (Ca2+ e Mg2+). A hidrólise ocorre sempre na faixa de pH
(potencial hidrogeniônico) de 5 a 9. Se há maior ou menor percolação de água,

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os componentes solúveis são eliminados completa ou parcialmente, resultando,
respectivamente, na hidrólise total ou parcial.
Dissolução: É solubilização completa de alguns minerais por ácidos. Por
exemplo, os carbonatos são minerais muito susceptíveis a esse tipo de reação.
Assim, quando a água está, de forma relativa, pura, a solubilização pode não
ocorre satisfatoriamente, porém se a solução contiver CO2 (dióxido de carbono)
dissolvido, pode ocorrer a total dissolução do mineral, devido à acidez da água.
Acidólise: Geralmente ocorre em ambientes de clima frio, onde a
decomposição da matéria orgânica é incompleta, formando-se ácidos orgânicos
que diminuem muito o pH das águas (pH<5), complexando e solubilizando o ferro
(Fe) e alumínio (Al).
Oxidação: Quimicamente, refere-se ao processo de transferência de
elétrons, em que o íon receptor de elétrons é reduzido (porque tem seu número
de oxidação diminuído) e o que doa o elétron é oxidado. É a mudança do estado
de oxidação de um elemento, normalmente através de reação com o oxigênio.
Essa reação produz a destruição da estrutura cristalina do mineral, afetando
comumente rochas cujos minerais contém ferro ferroso (Fe2+), que se oxida em
ferro férrico (Fe3+). Diz-se que tais rochas "enferrujam" na presença de umidade,
já que a reação é acompanhada por uma mudança de cor das superfícies
alteradas para avermelhado ou amarelado.
Na natureza, é praticamente impossível separar o intemperismo físico do
intemperismo químico, já que ocorrem quase simultaneamente e devido à
diferença de ambiente na formação da rocha em relação ao ambiente na
formação do solo. As transformações e reações que ocorrem são no sentido do
equilíbrio com o ambiente (SANTOS e REICHERT, 2006).

4.2 Fatores de Formação do Solo

A ação do intemperismo, seja ele físico, químico ou biológico, ocorre a


partir da ação de fatores que estabelecem as condições ou estado do sistema
na gênese de determinado solo. Os principais fatores de formação do solo são
o material de origem, clima, organismos, relevo e tempo, os quais estão inter-
relacionados entre si na natureza. Diante disso, temos que o clima e organismos,

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controlados pelo relevo, atuando sobre um material de origem, em determinado
período de tempo, geram um desequilíbrio que resulta em intemperismo e
formação de solos (MUGGLER et al., 2005).

Fonte: TULLIO et al. 2019.

Ainda segundo os autores (MUGGLER et al., 2005), os fatores, material


de origem e tempo são considerados fatores passivos, clima e organismos são
fatores ativos, enquanto o relevo é fator controlador. Fator passivo é aquele que
não adiciona e não exporta material, nem gera energia que possa acelerar os
processos de pedogênese. Já o fator ativo é aquele que atribui o pavimento de
energia e compostos químicos que promovem os processos de formação do
solo.
Material de Origem: É a matéria-prima a partir da qual os solos se
desenvolvem, podendo ser de natureza orgânica (resíduos vegetais) ou mineral
(rochas e sedimentos). Vários minerais constituintes do material de origem
permanecem inalterados, enquanto alguns sofrem decomposição. É importante
destacar que um material de origem pode originar solos iguais ou diferentes, de
acordo com os fatores de formação atuantes (LIMA, LIMA e MELO, 2007 e
ZIMBACK, 2003).
Os autores Lima, Lima e Melo exemplificam da seguinte forma:

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Um granito, em região de clima seco e quente, origina solos rasos e
pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas. Já, em
clima úmido e quente, essa mesma rocha dará origem a solos mais
profundos, não-pedregosos e mais pobres. Em qualquer clima, os
arenitos geralmente originam solos de textura grosseira (arenosa), têm
baixa fertilidade, armazenam pouca água e são muito propensos à
erosão. Rochas como o basalto originam solos de textura argilosa e
com altos teores de ferro, pois são ricas nesse elemento. Solos
originados a partir de argilitos apresentarão textura argilosa, isto é, com
predominância de argila (p.3, 2007).

Relevo: Importante fator na formação do solo, é responsável pelo controle


de toda dinâmica dos fluxos de água na paisagem através da lixiviação de
solutos, atuação de processos erosivos e condições de drenagem. As principais
características que controlam esses processos são a distância do lençol freático
e a declividade. Assim, nos pontos mais altos da paisagem devido ao
distanciamento do lençol freático existem boas condições de drenagem e,
quando associados a baixas declividades, propiciam a maior infiltração da água.
Entretanto, pontos de paisagem com boa drenagem, porém com maiores
declives, aumentam o escoamento superficial da água em detrimento a
infiltração, que intensifica a taxa de erosão. Já os pontos mais baixos da
paisagem, apesar da menor declividade, estão mais próximos do lençol freático,
sendo normalmente mal ou muito mal drenado (TULLIO et al. 2019).
Pes e Arenhardt exemplificam a influência do relevo como:

O relevo vai influenciar, basicamente, na redistribuição de água e


radiação solar. Um exemplo que podemos citar e que nas áreas
declivosas os solos serão mais rasos, comparados aos solos de áreas
de planícies. Isso se explica pela maior taxa de erosão do solo nas
áreas declivosas, enquanto que as planícies, geralmente, recebem o
material erodido (p. 23, 2015).

Clima: Considerado o fator que mais contribui para o intemperismo, o


clima determina o tipo e a velocidade da ação intempérica. O solo, produto da
decomposição do material de origem, apresenta características e propriedades
diferenciadas em função do clima. Desta forma, solos formados sob clima
tropical são bastante intemperizados, enquanto aqueles formados sob clima
temperado são bem menos intemperizados. Quanto mais úmido e quente for o
clima, maior a lixiviação de minerais, inclusive de bases, tornando o solo mais
ácido e mais pobre (ZIMBACK, 2003 e MUGGLER et al. 2015).

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Organismos: Possuem íntima relação com o fator clima, considerando a
adaptabilidade da flora e fauna às condições de umidade e temperatura de um
determinado ambiente. Os organismos que vivem no solo (insetos, bactérias,
fungos, vegetais, entre outros) exercem função muito importante na sua
formação, visto que, além de seus corpos serem fonte de matéria orgânica,
atuam também na transformação dos constituintes minerais e orgânicos
(TULLIO et al., 2019).
As ações dos organismos podem ser classificadas como conservadoras
e transformadoras. As conservadoras são por exemplo, a interceptação da chuva
por parte dos vegetais, o sombreamento da superfície, responsável pela redução
da amplitude térmica, assim como a retenção de solo pelas raízes das plantas.
Entre as ações transformadoras se destacam a mobilização de sólidos por
animais e a reciclagem de nutrientes e incorporação de matéria orgânica pelos
vegetais (MUGGLER et al. 2005).
Os autores Lima, Lima e Melo descrevem as ações dos organismos da
seguinte forma:

A vegetação exerce marcante influência na formação do solo pelo


fornecimento de matéria orgânica, na proteção contra a erosão pela
ação das raízes fixadas no solo, assim como as folhas evitam o
impacto direto da chuva. Ao se decompor, a matéria orgânica libera
ácidos que também participam na transformação dos constituintes
minerais do solo. A fauna (representada por inúmeras espécies de
minhocas, besouros, formigas, cupins, etc.) age na trituração e
transporte dos resíduos vegetais no perfil do solo. Os fungos e as
bactérias realizam o ataque microbiano, transformando a matéria
orgânica fresca em húmus, o qual apresenta grande capacidade de
retenção de água e nutrientes, o que é muito importante para o
desenvolvimento das plantas que habitam o solo. Maiores detalhes são
encontrados nos capítulos sobre biologia e composição do solo (p.6,
2007).

Tempo: É o responsável por condicionar a ação dos demais fatores de


formação. No estudo dos solos, geralmente, o tempo cronológico não descreve
a “idade” do solo, leva-se em consideração o grau de desenvolvimento. Um solo
velho em idade pode ser pouco ou muito desenvolvido, dependendo da
intensidade do intemperismo (PES e ARENHARDT, 2015). Para Santos e
Reichert (2006), “o tempo refere-se ao período que os fatores ativos (clima e
organismos) atuaram sobre o material de origem, condicionados pelo relevo”.

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Algumas reações demandam mais tempo que outras, fazendo com que haja
solos que demorem mais tempo para atingirem seu ponto de equilíbrio
(ZIMBACK, 2003).

4.3 Processos de Formação do Solo

São os processos responsáveis pelas alterações que ocorrem no solo


devido à atuação dos fatores de formação. A atuação destes processos em
intensidade diferentes conforme as condições ambientais resultam na
variabilidade dos tipos de solo (MUGGLER et al., 2005 e TULLIO et al., 2019).
Os processos pedogenéticos indicam a intensidade e direção das
transformações e são condicionados pela junção dos fatores de formação do
solo, sendo reconhecidos quatro tipos de processos, a transformação,
translocação, adição e perda (SANTOS e REICHERT, 2006).

Fonte: geoverdade.com

Adição: Corresponde a qualquer contribuição externa ao perfil do solo. O


principal constituinte adicionado é a matéria orgânica proveniente da morte dos
organismos que vivem no solo. Por serem ricos em carbono, esses compostos
configuram a coloração escura à porção superior do solo (LIMA, LIMA e MELO
2007). Para Zimback (2013), adição diz respeito a tudo o que entra no corpo do

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solo, seja através da adição de compostos orgânicos ou minerais, trazidos pela
erosão ou pela água do lençol freático.
Perda: Também denominado de remoção, compreende as perdas de
líquidos, gases ou sólidos sofridos por uma determinada porção de solo,
podendo ser em profundidade ou superfície. Durante a fase de desenvolvimento,
os solos perdem materiais através da erosão e lixiviação (MUGGLER et al.
2005).
Transformação: É o processo pelo qual o material existente no perfil
muda sua natureza química ou mineralógica. Assim, ocorre a transformação do
material orgânico em matéria orgânica e dos minerais primários em secundários
e outras transformações químicas (SANTOS e REICHERT, 2006).
Translocação: Também denominado de transporte, envolve a
movimentação do solo resultando na diferenciação de perfil. Assim, o material
passa de um horizonte a outro, sem abandonar o perfil. A translocação começa
com a mobilização e termina com a imobilização dos materiais transportados.
Como exemplos de processos de translocação, está o movimento de argilas e/ou
solutos de um horizonte para outro, o transporte de materiais provindos da
atividade agrícola e o preenchimento de vazios provocados pela contração de
solos (SCHROEDER, 2017).

5 MORFOLOGIA DO SOLO

A morfologia corresponde ao estudo do formato do solo, sendo a


descrição da aparência e características visíveis a olho nu ou perspectiveis por
manipulação. Representa o efeito combinado dos fatores e processos de
formação expressos no perfil do solo (SILVA, CHAVES e LIMA, 2009).
As características morfológicas são a base inicial para definir o corpo
edáfico. Ela é utilizada para inferir sobre outras propriedades importantes no
manejo do solo, tais como: retenção de umidade, drenagem, permeabilidade,
compactação, susceptibilidade à erosão, resistência a mecanização agrícola, etc
(TULLIO et al., 2019).

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De acordo com Pes e Arenhardt (2015), a descrição do solo pode ser
realizada em duas etapas: Descrição das características morfológicas internas
do solo e a descrição das características ambientais de ocorrência do solo. A
morfologia do solo é avaliada através da descrição detalhada e padronizada do
solo em seu meio m condições naturais, sendo a unidade de estudo denominada
perfil solo ou pedon (SANTOS e REICHERT, 2006).

Fonte: embrapa.br

5.1 Horizontes e camadas do perfil do solo

Durante o processo de transformação do solo, sob ação dos fatores e


processos de formação, o material de origem se diferencia em seções mais ou
menos paralelas à superfície, estas são denominadas de horizontes. O conjunto

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de horizontes, situados em uma seção vertical entre a superfície e o material de
origem é chamado de perfil do solo (ZIMBACK, 2003).
Para Tullio et al. 2019 (2019) os horizontes são formados por processos
pedogenéticos múltiplos de adições, perdas, translocações e transformações,
devido ao fato desses fenômenos ocorrerem com intensidades diferentes. Já a
camada, se diferencia de um horizonte por apresentar características que não
resultam ou são pouco influenciadas pelos processos de formação do solo.
Santos et al., em uma publicação para a Embrapa Solos, fazem a
seguinte distinção entre camada e horizonte:

Camada: seção de constituição mineral ou orgânica, à superfície ou


aproximadamente paralela à superfície do terreno, possuindo conjunto
de propriedades não resultantes ou pouco influenciadas pela atuação
dos processos pedogenéticos. É parcialmente exposta quando se
observa a perfil do solo, e é integrante deste, caso possua relação com
seções que compõem o perfil e tenha expressiva influência no
provimento de material originário de horizonte ou mesmo de outra
camada do perfil, distinguindo-se das seções que lhe sejam
adjacentes, devido a disparidade de propriedades. Horizontes: seção
de constituição mineral ou orgânica, à superfície ou aproximadamente
paralela à superfície do terreno, parcialmente exposta quando se
observa o perfil do solo e dotada de propriedades geradas por
processos formadores do solo que lhe conferem características
pedogenéticas de inter-relacionamento com outros horizontes
componentes do perfil, dos quais se diferencia em virtude de
diversidade em propriedades possuídas por ações de pedogênese
(2018).

As camadas e horizontes do perfil de solo exprimem diversas


características específicas, tais como, cor, estrutura, textura, consistência,
cimentação, poros, espessura, etc. Por conveniência de estudo e descrição, os
horizontes de um perfil recebem denominações com símbolos que tem um
significado genético (ZIMBACK, 2003).

21
Fonte: proenem.com.br

Os principais símbolos utilizados são: O, H, A, E, B, C, F e R. Onde, O é


o horizonte mineral em boas condições de drenagem. Constituído por restos
orgânicos; H é o horizonte de constituição orgânica. Ocorre em condições de má
drenagem; A é o horizonte mineral enriquecido por matéria orgânica e possui
coloração escurecida; E é o horizonte que apresenta perda de argilas, óxidos de
ferro e alumínio ou matéria orgânica, possui textura mais arenosa com coloração
mais clara; B é o horizonte que apresenta intensa transformação pedogenética,
com concentração de argilas e óxidos; C é o horizonte ou camada pouco afetado
pelos processos pedogenéticos; F consiste no horizonte ou camada de material
mineral consolidado rico em ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica; e
R representa o material consolidado, constituindo-se como um substrato rochoso
contínuo (SILVA, CHAVES e LIMA, 2009).

22
Além dos símbolos utilizados para descrever os horizontes e camadas, o
Manual Técnico de Pedologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2007) classifica os sufixos, responsáveis por indicar propriedades ou
processos em um determinado horizonte, sendo eles:
a - Propriedades ândicas - Usado com A, B e C para designar constituição
dominada por material amorfo, de natureza mineral, oriundo de transformações
de materiais vulcanoclásticos.
b - Horizonte enterrado - Usado com H, A, E, B e F para designar
horizontes enterrados, se suas características pedogenéticas principais puderem
ser identificadas como tendo sido desenvolvidas antes do horizonte ser
enterrado.
c - Concreções ou nódulos endurecidos - Usado com A, E, B e C para
designar acumulação significativa de concreções ou nódulos, cimentados por
material outro que não seja sílica.
d - Acentuada decomposição de material orgânico - Usado com O e H
para designar muito intensa ou avançada decomposição do material orgânico,
do qual pouco ou nada resta de reconhecível da estrutura dos resíduos de
plantas, acumulados conforme descrito nos horizontes O e H.
e - Escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica
não associada a sesquióxidos - Usado com B e parte inferior de horizontes A
espessos, para designar horizontes mais escuros que os contíguos, podendo ou
não ter teores mais elevados de matéria orgânica, não associada com
sesquióxidos, do que o horizonte sobrejacente.
f - Material laterítico e/ou bauxítico brando (plintita) - Usado com A, B e C
para designar concentração localizada (segregação) de constituintes minerais
secundários, ricos em ferro e/ou alumínio, em qualquer caso, pobre em matéria
orgânica e em mistura com argila e quartzo. Indicativo de presença de plintita.
g – Glei - Usado com A, E, B e C para designar desenvolvimento de cores
cinzentas, azuladas, esverdeadas ou mosqueamento bem expresso dessas
cores, decorrentes da redução do ferro, com ou sem segregação.
h - Acumulação iluvial de matéria orgânica - Usado exclusivamente com
B para designar relevante acumulação iluvial, essencialmente de matéria
orgânica ou de complexos orgânico-sesquioxídicos amorfos dispersíveis, se o

23
componente sesquioxídico é dominado por alumínio e está presente em
quantidade muito inferior em relação à matéria orgânica.
i - Incipiente desenvolvimento de horizonte B - Usado exclusivamente com
B para designar transformações pedogenéticas pouco expressivas, que se
manifestam como: decomposição fraca do material originário ou constituintes
minerais, associada à formação de argila, desenvolvimento de cor ou de
estrutura; alteração química intensa associada a destruição apenas parcial da
estrutura da rocha matriz e/ou desenvolvimento de cor em materiais areno-
quartzosos.
j – Tiomorfismo - Usado com H, A, B e C para designar material palustre,
permanente ou periodicamente alagado, de natureza mineral ou orgânica, rico
em sulfetos (material sulfídrico).
k - Presença de carbonatos - Usado com A, B e C para designar presença
de carbonatos alcalino-terrosos, remanescentes do material originário, sem
acumulação, comumente carbonato de cálcio.
k - Acumulação de carbonato de cálcio secundário - Usado com A, B e C
para designar horizonte de enriquecimento com carbonato de cálcio secundário.
m - Extremamente cimentado - Usado com B e C para designar
cimentação pedogenética extraordinária e irreversível (mesmo sob prolongada
imersão em água), contínua ou quase contínua.
n - Acumulação de sódio trocável - Usado com H, A, B e C para designar
acumulação de sódio trocável, expresso por 100.Na/T > 6%, acompanhada ou
não de acumulação de magnésio trocável.
o - Material orgânico mal ou não decomposto - Usado com O ou H para
designar incipiente ou nula decomposição do material orgânico.
do - Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de d.
od - Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de o.
p - Aração ou outras pedoturbações - Usado com H ou A para indicar
modificações da camada superficial pelo cultivo, pastoreio, ou outras
pedoturbações.
q - Acumulação de sílica - Usado com B ou C para designar acumulação
de sílica secundária (opala e outras formas de sílica).

24
qm - Usado com B ou C para designar acumulação de sílica secundária,
em caso de ocorrer cimentação contínua por sílica.
r - Rocha branda ou saprolito - Usado com C para designar presença de
camada de rocha subjacente, intensamente ou pouco alterada, desde que
branda ou semibranda. Esta notação identifica presença de saprolito.
s - Acumulação iluvial de sesquióxidos com matéria orgânica - Usado
exclusivamente com horizonte B para indicar relevante acumulação iluvial ou de
translocação lateral interna no solo de complexos organo-sesquioxídicos
amorfos dispersíveis.
t - Acumulação de argila - Usado exclusivamente com B para designar
relevante acumulação ou concentração de argila.
u - Modifi cações e acumulações antropogênicas - Usado com A e H para
designar horizonte formado ou modificado pelo uso prolongado do solo.
v - Características vérticas - Usado com B ou C para designar
características vérticas.
w - Intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem
concentração de sesquióxidos - Usados exclusivamente com B para
designar intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem
concentração de sesquióxidos.
x - Cimentação aparente, reversível - Usado com B ou C e ocasionalmente
E, para designar cimentação aparente, reversível.
y - Acumulação de sulfato de cálcio - Usado com B ou C para indicar
acumulação de sulfato de cálcio.
z - Acumulação de sais mais solúveis em água fria que sulfato de cálcio -
Usado com H, A, B ou C para indicar acumulação de sais mais solúveis em água
fria que sulfato de cálcio.

5.2 Atributos morfológicos internos

No processo de identificação do solo, é de suma importância o


conhecimento dos atributos morfológicos. Assim, estas características permitem
identificar, no campo, diferentes unidades taxonômicas, homogêneas, que
poderão constituir uma classe de solos (SILVA, CHAVES e LIMA, 2009).

25
 Espessura e transição
A transição de um horizonte a outro no perfil de solo é definida por
disparidades, maiores ou menores no conjunto de atributos que os caracterizam.
Após realizar a separação dos horizontes, inicia-se o processo de medição da
espessura, a partir do topo do primeiro horizonte mineral. Quando a transição de
um horizonte para o outro não é representada por um plano paralelo à superfície
do terreno, tomam-se as espessuras máxima e mínima deste horizonte. No caso
de horizontes orgânicos, coloca-se o zero da fita métrica no topo do horizonte
mineral superficial e faz-se a leitura inversa (TULLIO et al. 2019. e SILVA,
CHAVES e LIMA, 2009).
Para Silva, Chaves e Lima (2009), a nitidez ou contraste de separação
entre horizontes é denominada de transição, sendo traduzida pela espessura da
zona limítrofe entre horizontes. Desta forma, pode ser classificada como:
Abrupta – quando a faixa de separação é menor que 2,5cm;
Clara – quando a faixa de separação varia entre 2,5 e 7,5cm;
Gradual – quando a faixa de separação varia entre 7,5 e 12,5 cm;
Difusa – quando a faixa de separação é maior que 12,5cm.

Fonte: Tullio, 2019

O IBGE (2007) ainda classifica quanto à topografia: Plana ou horizontal –


quando a faixa de separação dos horizontes é praticamente horizontal, paralela
à superfície do solo; Ondulada ou sinuosa – quando a faixa de separação é
26
sinuosa, sendo os desníveis, em relação a um plano horizontal, mais largos que
profundos; Irregular – quando a faixa de separação dos horizontes apresenta,
em relação a um plano horizontal, desníveis mais profundos que largos;
Quebrada ou descontínua – quando a separação entre os horizontes não é
contínua. Neste caso, partes de um horizonte estão parcial ou completamente
desconectadas de outras partes desse mesmo horizonte.
 Cor
A cor é uma característica morfológica de fácil visualização e
identificação. A importância da cor do solo está ligada à inferência sobre a
ocorrência de processos pedogenéticos ou à avaliação de características
importantes no solo. Os principais agentes responsáveis pela cor são a matéria
orgânica e os óxidos de ferro, estando relacionada a processos de drenagem,
salinização, eluviação-iluviação, dentre outros (SANTOS E REICHERT, 2006).
A cor do solo é definida pela presença de diferentes componentes do solo.
Assim é que a cor vermelha ou amarela é devida à presença de óxidos de ferro
e a cor cinza ou preta é devida à presença de matéria orgânica. A cor é uma
característica tão importante que é utilizada na própria nomenclatura dos solos
(ZIMBACK, 2003).
Para fins de objetividade e uniformização na identificação das cores,
utiliza-se escalas de padrões comparativos, sendo a mais empregada a Escala
de Munsell de Cores Para Solos, construída segundo três variáveis: o matiz, o
valor e o croma (SANTOS E REICHERT, 2006).
Matiz: cor do espectro da luz, estando relacionado com o comprimento
de onda de luz;
Valor: refere-se à luminosidade/tonalidade relativa da cor;
Croma: é a pureza da cor em relação ao cinza.
Para Silva, Chaves e Lima (2009):

A cor implica em várias considerações sobre o solo. Por exemplo,


quanto mais escuro o solo, maior será o conteúdo de matéria orgânica;
quanto maior for a presença de óxidos de ferro, mais avermelhado será
esse solo. Uma tonalidade preto-azulada pode significar a presença de
magnésios. Assim, um solo argiloso e vermelho é muito provavelmente
dotado de boa drenagem interna, apreciáveis teores de óxidos de ferro
e grande capacidade em absorver fosfatos (p.6).

27
 Textura
Refere-se às dimensões e características das partículas primárias do solo.
Essas partículas são agrupadas em função do tamanho, porém apresentam
características comuns. Pode ser avaliada através do tato, pela sensação ao
esfregar um pouco de solo úmido entre os dedos. A areia provoca sensação de
aspereza, o silte de sedosidade e a argila de pegajosidade (ZIMBACK, 2003).
Para o melhor entendimento sobre a granulometria do solo, é necessário
compreender os grupos que traduzem as características e dimensões das
partículas primárias. Assim, Zimback (2003) os conceitua como:
Fração Areia - Compreende partículas de dimensões entre 2 e 0,05mm, é
constituída quase que essencialmente de quartzo, apresenta aspereza ao tato,
é responsável pelo aparecimento de macroporos, e, portanto, pela aeração do
solo, retém pouca água e poucos nutrientes.
Fração Silte - Compreende partículas de dimensões entre 0,05 e
0,002mm, é constituída em sua maior parte por quartzo, apresenta a sensação
de serosidade (sensação de seda) ao tato, promove o aparecimento de poucos
poros, podendo causar adensamento do solo, retém pouca água e poucos
nutrientes.
Fração Argila - Compreende partículas com dimensões menores que
0,002mm. Constituída em sua maior parte por minerais de argila, apresenta
sensação de untuosidade (sensação de talco) ao tato, promove a estruturação
do solo, fazendo com que ocorra o aparecimento de um alto volume de poros,
principalmente de microporos, retém muita água e muitos nutrientes.

28
Fonte: ofitexto.com.br

Para classificar o solo em uma classe textural, utiliza-se o triângulo


textural, entrando com os percentuais de areia, silte e argila, e assim achando o
nome da classe do solo. A textura do solo nos informa sobre facilidade de
mecanização do solo, suscetibilidade à erosão, porosidade, armazenamento de
água, entre outros (SANTOS E REICHERT, 2006). A determinação da
quantidade de partículas distribuídas pelo tamanho das partículas é realizada em
laboratório.
 Estrutura
Refere-se à aglutinação das partículas primárias, formando ou não
agregados. São separadas umas das outras por superfícies de fraqueza ou
separadas por descontinuidades, dando origem a agregados de características
próprias, inerentes à organização natural da matéria sólida que constitui os
horizontes componentes do perfil do solo (SILVA, CHAVES e LIMA, 2009).
Para Tullio et al., (2019), a estrutura é avaliada de acordo com os
seguintes parâmetros, quanto à forma:

29
Laminar - As partículas unitárias estão arranjadas segundo um plano no
Horizontal;
Granular - Os agregados têm forma e aspecto arredondados, sem
apresentar faces de contato. Pode ser: granular (pouco porosas) e grumosa
(muito porosas);
Prismática - Os agregados têm um eixo vertical maior que o eixo
horizontal. Pode ser: colunar (ápices arredondados) ou prismática (ápices
angulosos);
Blocos - Os agregados têm dimensões equivalentes, nas três direções x,
y e z. Pode ser: angular (quando as faces são planas e os vértices angulares) e
subangular (quando as faces e vértices forem ligeiramente arredondados) ou
algumas faces e vértices o forem).

Fonte: extensao.cecierj.edu.br

Quanto ao grau de desenvolvimento, Silva, Chaves e Lima (2009)


reconhece as seguintes estruturações:
Grãos simples: ausência de estruturas em decorrência da falta de
agregação (incoerente ou solto);

30
Fraca: com agregação pouco eficaz; com o manuseio, desfaz-se
facilmente;
Moderada: com estruturas relativamente bem configuradas e
individualizadas; com o manuseio, o material se desagrega em menor proporção
que a mais fraca;
Forte: é a condição que reflete a alta coesão e pequena adesão entre os
grãos. Exibe forma muito bem definida; ao serem manuseadas, pouco se
desfazem.
Os autores Santos e Reichert descrevem:

A estrutura nos informa sobre a resistência à compactação, a


suscetibilidade à erosão, a porosidade do solo, a infiltração de água, a
permeabilidade do solo, o crescimento de raízes, dentre outros. Por
exemplo, um solo com estrutura granular ou grumosa é mais poroso e
permite maior infiltração de água e permeabilidade à água e ao ar, se
comparado com estrutura laminar, blocos, prismática ou colunar
(2006).

 Consistência
É o termo utilizado para designar manifestações das forças físicas de
adesão e coesão entre as partículas do solo, conforme variações dos teores de
umidade. Assim, a terminologia para a consistência inclui especificações
distintas para a descrição em três estados de umidade padronizados: solo seco,
úmido e molhado. O estado de consistência do solo é resultante das
manifestações das forças físicas de coesão (solo-solo) e adesão (solo-água)
entre as partículas do solo, conforme variações da umidade (teor de água) do
solo (SANTOS E REICHERT, 2006 e IBGE, 2007).

Fonte: extensao.cecierj.edu.br

31
Santos e Reichert (2006) e Tullio et al. (2019) determinam a consistência
em três estados de umidade:
Em solo seco - Caracterizada pelo grau de dureza ou tenacidade, avalia-
se a resistência do torrão seco à ruptura ou fragmentação. Poderá ser: solta,
macia, ligeiramente dura, dura, muito dura ou extremamente dura.
Em solo úmido - Caracterizada pelo grau de friabilidade, consiste na
compressão do torrão, fragmentando-o e, posteriormente, a tentativa de
reconstrução por uma nova compressão. Pode ser: solto, muito friável, firme,
muito firme e extremamente firme.
Em solo molhado - Caracterizada pelo grau de plasticidade (capacidade
de ser moldado) e de pegajosidade (capacidade de aderir a outros objetos).
Quanto à plasticidade, pode ser não plástica, ligeiramente plástica, plástica e
muito plástica. Quanto à pegajosidade pode ser não pegajoso, ligeiramente
pegajoso, pegajoso e muito pegajoso.
Em resumo, Silva, Chaves e Lima (2009) descreve que, o solo seco
determina a dureza, um solo úmido determina a friabilidade e um solo molhado
e/ou encharcado determina a plasticidade e a pegajosidade.
 Cerosidade
São concentrações de material inorgânico, na forma de preenchimento de
poros ou de revestimentos de unidades estruturais (agregados ou peds) ou de
partículas de frações grosseiras (grãos de areia), que se presentam em nível
macromorfológico com aspecto lustroso e brilho graxo e em nível
micromorfológico com manifestação de anisotropia ótica. Podem ser resultantes
de iluviação de argilas e/ou intemperização de alguns minerais com formação de
argilas “in situ”. Apresentam-se tanto como revestimentos com aspecto lustroso
e brilho graxo, similar à cera derretida e escorrida, revestindo unidades
estruturais ou partículas primárias quanto como superfícies brilhantes (IBGE,
2007).
Para Silva, Chaves e Lima (2009) a cerosidade é um aspecto
brilhante/ceroso que ocorre na superfície dos agregados (minerais), decorrente
de material coloidal (argila ou óxido de ferro). É determinada quanto ao grau de
desenvolvimento (fraca, moderada e forte) e quantidade (pouco, muito e
abundante).
32
 Porosidade
A porosidade do solo é o volume do solo ocupado por água e ar. É muito
importante para as plantas e outros organismos do solo e pode ser observada
indiretamente pelo crescimento das raízes no perfil ou diretamente através da
observação da existência de poros e canais no solo (SANTOS e REICHERT,
2006). A porosidade determina a capacidade do solo de armazenar e transmitir
líquidos e gases. Assim, considera-se que quanto maior o diâmetro dos poros,
maior a permeabilidade (SILVA, CHAVES e LIMA, 2009).
 Cimentação
A cimentação é definida por Silva, Chaves e Lima (2009) como a
capacidade que os minerais têm de se agregarem. Isto ocorre devido à presença
de agentes cimentantes, como carbonato de cálcio, sílica, óxidos de e óxidos de
alumínio. O solo, neste caso, tem uma constituição dura, mas também
quebradiça. A presença de agentes cimentantes faz com que os torrões não se
desmanchem em água, como acontece com materiais endurecidos sem agentes
cimentantes.
O grau de cimentação detectado pode ser descrito conforme o Manual
Técnico de Pedologia (IBGE, 2007):
Fracamente cimentado - a massa cimentada é quebradiça, dura, mas
pode ser quebrada nas mãos;
Fortemente cimentado - a massa cimentada é quebradiça, não sendo
possível sua quebra nas mãos, mas pode ser quebrada facilmente a martelo; e
Extremamente cimentado - a massa cimentada é quebradiça, não
enfraquece sob prolongado umedecimento e é tão extremamente dura que para
quebrá-la é necessário um golpe vigoroso com o martelo.

5.3 Atributos ambientais

É a análise das características do ambiente no qual o solo (objeto de


estudo) está inserido. Geralmente, são descritos os seguintes aspectos:
localização, situação e declive, altitude, litologia (tipo de rocha ou material de
origem), vegetação, atividade biológica, relevo local e regional, pedregosidade e

33
rochosidade, erosão, drenagem, clima e uso atual (SILVA, CHAVES e LIMA,
2009).

6 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

Fonte: agencia.cnptia.embrapa.br

Os levantamentos de solos envolvem pesquisas de campo e laboratoriais,


compreendendo o registro de observações, análises e interpretações dos
aspectos do meio físico e das características morfológicas (físicas, químicas e
biológicas), visando à sua caracterização e classificação (IBGE, 2007).
Para Lima, Lima e Melo (2007), classificar significa agrupar segundo
determinados critérios. Ele define que a classificação é importante, pois permite
conhecer as qualidades e limitações dos solos, bem como predizer seu
comportamento e identificar o uso mais adequado.

34
De acordo com Pes e Arenhardt (2015), há diversos sistemas de
classificação de solos em uso, sendo eles divididos em:
Sistemas de classificação natural – se baseiam nas propriedades dos
solos. Existe a classificação americana (Soil Taxonomy) e a classificação da
FAO. No Brasil, foi elaborado um sistema próprio, denominado Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
Sistemas de classificação técnica – se baseiam em características
selecionadas para seu uso com determinados fins. A mais difundida é a
classificação de capacidade de uso, desenvolvido nos Estados Unidos. No
Brasil, utiliza-se, também, o sistema de avaliação de aptidão agrícola das terras.
O primeiro sistema de classificação proposto nos Estados Unidos, teve
diversas aproximações, sendo que em 1960 foi publicada como “Sétima
Aproximação” e modificada em 1975 sob a denominação Soil Taxonomy. Este
sistema tem como base as propriedades do solo. De acordo com a presença ou
ausência de horizontes bem definidos e outras características do perfil, são
colocados em doze ordens, sendo dividas em 68 subordens, 337 grandes grupos
e um grande número de subgrupos, famílias e séries (PRADO, 1995 e
Schroeder, 2017).
O sistema americano é o sistema mais difundido no mundo atualmente.
Sua estrutura serviu de base na construção de inúmeros outros sistemas como
o brasileiro e o próprio WRB, sendo utilizado por países que não possuem seu
próprio sistema. O WRB (World Reference Base for Soil Resources) é um
sistema desenvolvido pela Sociedade Internacional de Ciência do Solo e pela
FAO (Food and Agriculture Organization - Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e Agricultura), no intuito de dispor um sistema taxonômico aceito
e adotado universalmente. O fato de existir um sistema universal permite a troca
de informações científicas e comparações entre países devido a padronização
da linguagem utilizada (DALMOLIN et al., 2004).

6.1 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

A classificação pedológica nacional vigente consiste numa evolução do


antigo sistema americano, formulado por Baldwin et al. (1938) e modificada por

35
Thorp e Smith (1949). Esta classificação, que veio a ser nacionalizada, tem sua
base fundada, em essência, nos conceitos centrais daquele sistema americano
e também nos critérios firmados pelo sistema WRB. Os conceitos centrais do
antigo sistema americano formam a base da atual classificação brasileira
transmudada, cuja esquematização atual descende de modificações de critérios,
alteração de conceitos, criação de classes novas, desmembramento de algumas
classes originais e formalização de reconhecimento de subclasses de natureza
transicional ou intermediária (JACOMINE e CAMARGO, 1996 apud SANTOS et
al., 2018).
Como resultado, depois de anos ininterruptos de estudos de solos, surgiu,
em 1999, o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), com várias
mudanças em relação aos conceitos originais, à nomenclatura e às definições
de classes utilizadas nos levantamentos de solos publicados antes daquele ano
(SCHROEDER, 2017).
A elaboração do SiBCS é um projeto nacional, de interesse e
responsabilidade da comunidade de Ciência do Solo no país e é coordenado
pelo Centro Nacional de Pesquisas de Solos – CNPS da Embrapa (IBGE,2007).
Este sistema de classificação consiste na divisão em níveis hierárquicos
denominados de níveis categóricos, sendo definido pelo SiBCS como conjunto
de classes definidas segundo atributos diagnósticos em um mesmo nível de
generalização ou abstração e inclui todos os solos que satisfizerem a essa
definição. As características usadas para a definição de um nível categórico
devem ser propriedades dos solos que possam ser identificadas no campo ou
que possam ser inferidas de outras propriedades que são reconhecidas no
campo ou a partir de conhecimentos da Ciência do Solo e de outras disciplinas
correlatas. As características diferenciais para os níveis categóricos mais
elevados da classificação de solos devem ser propriedades que resultam
diretamente dos processos de gênese do solo ou que afetam diretamente sua
gênese, porque estas propriedades apresentam um maior número de
características acessórias (SANTOS et al. 2018).
Os níveis categóricos adotados no Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos (SiBCS) são seis: 1º nível categórico (ordens), 2º nível categórico

36
(subordens), 3º nível categórico (grandes grupos), 4º nível categórico
(subgrupos), 5º nível categórico (famílias) e o 6º nível categórico (séries).
De acordo com o Manual Técnico de Pedologia, desenvolvido pelo IBGE
(2007), o primeiro nível (Ordens) é separado por critérios como: presença ou
ausência de atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades passíveis de
serem identificadas no campo, mostrando diferenças no tipo e grau de
desenvolvimento de um conjunto de processos que atuaram na formação do
solo.
QUADRO 1 - CLASSES DE ORDENS

ORDEM FORMATIVO CARACTERÍSTICAS


ARGISSOLO ARGI Grupamento de solos com B textural, com
argila de atividade baixa, ou atividade alta
desde que conjugada com saturação por
bases baixa ou com caráter alumínico.
CAMBISSOLO CAMBI Grupamento de solos pouco desenvolvidos
com horizonte B incipiente.
CHERNOSSOLO CHERNO Grupamento dos solos com horizonte A
chernozêmico, com argila de atividade alta e
saturação por bases alta, com ou sem
acumulação de carbonato de cálcio.
ESPODOSSOLO ESPODO Grupamento de solos com B espódico.
GLEISSOLO GLEI Grupamento de solos com expressiva
gleização.
LATOSSOLO LATO Grupamento de solos com B latossólico.
LUVISSOLO LUVI Grupamento de solos com B textural, atividade
alta da fração argila e saturação por bases
alta.
NEOSSOLO NEO Grupamento de solos pouco evoluídos, sem
horizonte B diagnóstico definido.
NITOSSOLO NITO Grupamento de solos com horizonte B nítico
abaixo do horizonte A.
ORGANOSSOLO ORGANO Grupamento de solos orgânicos.
PLANOSSOLO PLANO Grupamento de solos minerais com horizonte
B plânico, subjacente a qualquer tipo de
horizonte A, podendo ou não apresentar
horizonte E (álbico ou não).
PLINTOSSOLO PLINTO Grupamento de solos de expressiva
plintitização com ou sem formação de
petroplintita.
VERTISSOLO VERTI Grupamento de solos com horizonte vértico.
SiBCS – Santos et al.

Schroeder (2017) descreve as ordens da seguinte forma:

37
Argissolo - Solos com processo de acumulação de argila do horizonte B
(B textural) em vinculação com atributos que evidenciam a baixa atividade da
fração argila ou o caráter alítico (com alto teor de Al).
Cambissolo - Solos em formação (transformação), com horizonte B
incipiente em sequencia a horizonte superficial de qualquer natureza, inclusive
A chernozêmico.
Chernossolo - Solos ricos em matéria orgânica, com coloração escura,
alta saturação por bases no horizonte A que é chenozêmico sobrejacente a
horizonte B textural ou B incipiente com argila de atividade alta.
Espodossolo - Tem um horizonte claro arenoso sobre outro escuro,
também arenoso, de acúmulo eluvial de húmus e/ou compostos de ferro.
Apresenta horizonte B espódico imediatamente abaixo de um horizonte E, A ou
hístico.
Gleissolo - Solos com excesso de água com forte gleização que se
caracteriza por intensa redução de compostos de ferro. Horizonte glei.
Latossolo - Solos muito intemperizados, com pequena diferenciação de
horizontes e, na sua maior parte, sem macroagregados nítidos no horizonte B.
Luvissolo - Solos pouco desenvolvidos ou medianamente
intemperizados, ricos em bases e com acumulação de argila no horzonte B.
Neossolo - Solos com pouco desenvolvimento pedogenético,
insuficiência de expressão dos atributos diagnósticos que caracterizam os
diversos processos de formação do solo, exígua diferenciação dos horizontes.
Nitossolo - Solos com horizonte B nítico (horizonte subsuperficial argiloso
ou muito argiloso, argila de atividade baixa e alto teor de Al). Apresenta superfície
brilhante nas unidades estruturais.
Organossolo - Solos com maior expressão da constituição orgânica
sobre os constituintes minerais, com horizonte H ou O (horizonte hístico = de
coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada).
Planossolo - Solos desenvolvidos em planícies ou depressões com
encharcamento estacional e horizonte B plânico (horizonte adensado,
permeabilidade lenta a muito lenta, cores acinzentadas ou escurecidas).
Plintossolo - Solos com materiais argilosos coloridos que endurecem
quando expostos ao ar e com horizonte plíntico. Com grandes quantidades de

38
segregações de óxidos de ferro na forma de nódulos e/ou concreções, ou mesmo
em camadas contínuas e muito endurecidas.
Vertissolo - Solos com movimento de material do solo na superfície e que
atinge a subsuperfície (expansão e contração) com horizonte vértico. Horizonte
(B ou C) com rachaduras e superfície de fricção, típicas de argilas expansivas.

Fonte: FONTANA et al., Embrapa.

O segundo nível (Subordens) foi separado conforme as características ou


propriedades que refletem a atuação de outros processos de formação que
agiram junto ou afetaram os processos dominantes, cujas características foram
utilizadas para separar os solos no 1º nível categórico; ressaltam as
características responsáveis pela ausência de diferenciação de horizontes
diagnósticos; envolvem propriedades resultantes da gênese do solo e que são
extremamente importantes para o desenvolvimento das plantas e/ou para outros
usos não agrícolas e que tenham grande número de propriedades acessórias;

39
ressaltam propriedades ou características diferenciais que representam
variações importantes dentro das classes do 1º nível categórico (IBGE, 2007).
QUADRO 2 - CLASSES DE SUBORDENS

NOMENCLATURAS CARACTERÍSTICAS
Amarelo, Acinzentado, Bruno- Cores do Solo
Acinzentado, Bruno, Vermelho,
Vermelho-Amarelo
Argilúvico B textural ou caráter argilúvico
Crômico Caráter crômico
Ebânico Caráter ebânico
Ferrilúvico, Humilúvico e Tipos de horizonte espódico (Bs, Bh ou Bhs,
Ferrihumilúvico respectivamente)
Flúvico Caráter flúvico
Fólico Horizonte hístico + contato lítico
Háplico Quando empregado, se refere a todos os
demais solos não distinguidos nas classes
precedentes
Hidromórfico Restrição de drenagem (presença de
horizonte glei)
Húmico Horizonte A Húmico
Litólico Contato lítico dentro de 50cm da superfície
Melânico Horizontes hístico, húmico, proeminente e
chernozêmico
Nátrico Caráter sódico
Pétrico Horizonte litoplíntico ou concrecionário
Quartzarênico Textura arenosa desprovida de minerais
alteráveis
Regolítico A, C + contato lítico além de 50cm da
superfície + 4% de minerais alteráveis ou 5%
de fragmentos de rocha
Rêndzico A chernozêmico coincidindo com caráter
carbonático ou horizonte cálcico ou A
chernozêmico com mais de 15% de CaCO3
equivalente, mais contato lítico
Sálico Caráter sálico
Tiomórfico Horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos
Fonte: IBGE, 2007

O terceiro nível (Grandes Grupos) foi separado conforme as seguintes


características: tipo e arranjamento dos horizontes; atividade de argila; condição
de saturação do complexo sortivo por bases ou por alumínio, ou por sódio e/ou
por sais solúveis; presença de horizontes ou propriedades que restringem o
desenvolvimento das raízes e afetam o movimento da água no solo (IBGE,
2007).

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QUADRO 3 - CLASSES DE GRANDES GRUPOS

NOMENCLATURAS CARACTERÍSTICAS
Ácrico, Acriférrico Caráter ácrico e caráter ácrico + teor de
ferro
Alítico Caráter alítico
Alumínico, Aluminoférrico Caráter alumínico e caráter alumínico +
teor de ferro
Argila de Atividade Baixa e Alta (Tb e Ta) CTC e teor de argila
Carbonático Caráter carbonático ou horizonte cálcico
Concrecionário Horizonte concrecionário
Distrocoeso, Eutrocoeso Saturação por bases + caráter coeso
Distrófico, Eutrófico, Distroférrico, Saturação por bases e saturação por
Eutroférrico bases + teor de ferro
Distro-úmbrico, Eutro-úmbrico Saturação por bases + horizonte A
proeminente
Férrico, Perférrico Teor de ferro
Fíbrico, Hêmico, Sáprico Grau de decomposição do material
orgânico
Hidromórfico Lençol freático elevado na maior parte do
ano, na maioria dos anos
Hidro-Hiperespesso Lençol freático elevado e B espódico a
profundidade superior a 200cm
Hiperespesso Horizonte espódico a profundidade
superior a 200cm
Húmico, Hístico Horizonte A húmico e horizonte hístico
Lítico Contato lítico dentro de 50cm da
superfície
Litoplíntico Horizonte litoplíntico
Órtico Quando empregado, se refere a todos os
demais solos não
distinguidos nas classes precedentes
Pálico A + B (exceto BC) > 80cm
Psamítico Textura arenosa
Sálico Caráter sálico
Saprolítico Presença de C ou Cr dentro de 100cm e
sem ocorrência de contato lítico dentro de
200cm da superfície
Sódico Caráter sódico
Fonte IBGE, 2007

O quarto nível (Subgrupos) foi separado conforme as seguintes


características: representam o conceito central da classe (é o exemplar típico);
representam os intermediários para o 1º, 2º ou 3º níveis categóricos;
representam os solos com características extraordinárias (IBGE, 2007).

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QUADRO 4 - CLASSES DE SUBGRUPOS

NOMENCLATURAS CARACTERÍSTICAS
Abrúptico Mudança textural abrupta
Antropogênico Solos afetados por atividade antrópica
Arênico Textura arenosa
Argissólico B textural e/ou relação textural e
cerosidade
Cambissólico B incipiente ou características de
desenvolvimento incipiente
Carbonático Caráter carbonático ou horizonte cálcico
Chernossólico, Húmico, Antrópico, Tipos de horizonte A
Úmbrico
Dúrico Ortstein, duripã
Êndico Horizonte concrecionário ou litoplíntico
ocorrendo na parte interna do solo
Epiáquico Caráter epiáquico
Espessarênico Textura arenosa x profundidade
Espesso Profundidade de A + E
Espódico B textural com acúmulo iluvial de carbono
orgânico e alumínio com ou sem ferro,
insuficiente para B espódico
Êutrico pH e S altos
Fragmentário Contato lítico fragmentário
Fragipânico Presença de fragipã
Gleissólico Horizonte glei ou mosqueados de
oxidação e redução
Latossólico Horizonte B latossólico, características
latossólicas
Léptico Contato lítico entre 50 e 100cm
Lítico Contato lítico < 50cm da superfície
Luvissólico B textural Ta
Neofluvissólico Caráter flúvico
Nitossólico B nítico e/ou características
intermediárias para Nitossolos
Organossólico Horizonte hístico < 40cm
Petroplíntico Caráter ou horizonte concrecionário e
caráter ou horizonte
litoplíntico
Plácico Horizonte plácico
Planossólico B textural com mudança textural abrupta
e sem cores para B
plânico ou, B plânico em posição não
diagnóstica para Planossolos
Plíntico Caráter ou horizonte plíntico
Psamítico Textura arenosa
Rúbrico Cárater rúbrico
Sálico Caráter sálico
Salino Caráter salino

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Saprolítico Horizonte C ou Cr dentro de 100cm e sem
contato lítico dentro de 200cm da
superfície
Sódico Caráter sódico
Solódico Caráter solódico
Térrico Material mineral (A ou Cg) dentro de
100cm da superfície
Tiônico Horizonte sulfúrico ou material sulfídrico
Típico Empregado para a classe que não
apresenta características
extraordinárias ou intermediárias para
outras classes. Representa o conceito
central
Vertissólico Horizonte vértico – caráter vértico.
Fonte: IBGE, 2007

Fonte: FONTANA et al., Embrapa.

O quinto (famílias) e o sexto nível (séries) ainda não foram estruturados.


No quinto, as classes deverão ser definidas com base em propriedades físicas,
químicas e mineralógicas e em propriedades que refletem condições ambientais.

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Já no sexto, a definição de classes terá como base características diretamente
relacionadas com o crescimento das plantas, principalmente no que concerne ao
desenvolvimento do sistema radicular, relações solo-água-planta e propriedades
importantes nas interpretações para fins de engenharia e geotecnia (IBGE,
2007).
Com base nas informações descritas anteriormente sobre as
propriedades e características analisadas no processo de classificação dos
solos, bem como sua nomenclatura, segue alguns exemplos para o melhor
entendimento dos níveis categóricos:
LATOSSOLOS VERMELHO Perférricos húmicos.
1º Nível categórico – LATOSSOLOS.
2º Nível categórico – LATOSSOLOS VERMELHO.
3º Nível categórico – LATOSSOLOS VERMELHO Perférricos.
4º Nível categórico – LATOSSOLOS VERMELHO Perférricos húmicos.

ARGISSOLOS AMARELOS Eutróficos típicos.


1º Nível categórico – ARGISSOLOS.
2º Nível categórico – ARGISSOLOS AMARELOS.
3º Nível categórico – ARGISSOLOS AMARELOS Eutróficos.
4º Nível categórico – ARGISSOLOS AMARELOS Eutróficos típicos.

GLEISSOLOS SÁLICOS Sódicos típicos.


1º Nível categórico – GLEISSOLOS.
2º Nível categórico – GLEISSOLOS SÁLICOS.
3º Nível categórico – GLEISSOLOS SÁLICOS Sódicos.
4º Nível categórico – GLEISSOLOS SÁLICOS Sódicos típicos.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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