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BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO

“Não se aprende a conhecer solos apenas em


textos. É preciso ter contato físico, olhar,
apalpar, cheirar, ouvir o som que produz ao
ser esfregado ou socado e até – em certas
circunstâncias – conhecer seu sabor. É preciso
criar experiência ao repetir experimentos e
BARRAGEM DE TERRA E analisar seus resultados, aprender com os
ENROCAMENTO – 2020/2 erros cometidos, comparar índices e
propriedades com comportamentos e sempre
ter em mente uma importante diferença
Prof. Thiago Moreira (M.Sc.) entre os solos e os outros materiais utilizados
na engenharia: solos são extremamente
heterogêneos.” (Almeida, 2005)

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Ementa do Curso

INTRODUÇÃO

• Histórico das barragens e classificação das barragens quanto ao uso e materiais


envolvidos;
• Segurança de barragens;
• Lei Nº 12.334, de 20 de Setembro de 2010;
• Fatores físicos responsáveis pela escolha do tipo de barragem;
• Critérios de projeto

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Ementa do Curso

CONCEPÇÃO DA SEÇÃO TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO

• Generalidades;
• Condicionantes atmosféricos;
• Condicionantes de superfície;
• Jazidas de materiais de construção;
• Fundações e ombreiras;
• Condicionantes construtivos;
• Tipos de barragem de terra e enrocamento;
• Requisitos básicos;
• Seleção do tipo de barragem;
• Considerações finais.

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Ementa do Curso

INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICO-GEOTÉCNICAS

• Aspectos gerais e objetivos;


• Investigações da fundações e ombreiras;
• Investigações das jazidas de solo;
• Investigações de jazidas de cascalho e areia;
• Investigações de pedreiras;
• Fundações e ombreiras;
• Ensaios geotécnicos e análise de resultados.

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Ementa do Curso

BARRAGENS DE ENROCAMENTO COM NÚCLEO DE ARGILA

• Histórico de barragens de enrocamento;


• Definição de barragens de enrocamento;
• Fatores condicionantes do alinhamento de eixo e seção transversal;
• Conceito de enrocamento e núcleo de vedação;
• Materiais para núcleo e dimensionamento dos materiais de transição;
• Comparação entre barragens com núcleo vertical e núcleo inclinado;
• Preparo de fundação de uma barragem de enrocamento;
• Resistência ao cisalhamento e compressibilidade de enrocamentos.

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Ementa do Curso

BARRAGENS DE ENROCAMENTO COM FACE EM CONCRETO

• Generalidades e histórico;
• Vantagens e desvantagens;
• Condicionantes favoráveis para barragens de enrocamento com face de concreto;
• Características de projeto;
• Face de concreto asfáltico.

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Ementa do Curso

BARRAGENS DE TERRA – ANÁLISES DE ESTABILIDADE

• Generalidades e histórico;
• Condições de carregamento;
• Escolha das seções para análise;
• Ensaios e parâmetros de resistência ao cisalhamento;
• Métodos de análises de estabilidade;
• Fatores de segurança;
• Considerações finais.

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Ementa do Curso

BARRAGENS DE TERRA – DRENAGEM INTERNA

• Aspectos gerais;
• Noções básicas dos cálculos relativos à percolação de água em maciços de solos;
• Vazão de percolação pelas fundações de barragens;
• Vazão de percolação pelo maciço de uma barragem;
• Aspectos econômicos em projeto de drenos;
• Tipos de sistemas de drenagem interna;
• Considerações sobre piping;
• Considerações finais.

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Ementa do Curso

BARRAGENS DE TERRA – PROJETO E CONSTRUÇÃO DE FILTROS E DRENOS

• Generalidades;
• Critérios básicos de filtros;
• Critérios de filtros de proteção de solos coesivos;
• Perenidade dos filtros e drenos;
• Execução de drenos e filtros;
• Conclusão e recomendações finais;
• Alguns dados de permeabilidade;
• Exemplos.

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Ementa do Curso

INSTRUMENTAÇÃO EM BARRAGENS

• Estudos Geotécnicos ;
• Medição de vazão;
• Medição de poropressão;
• Medição de recalques;
• Medição de tensão-deformação.

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Referências Bibliográficas
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8044: projeto geotécnico. Rio de Janeiro,
1983;

• BOURDEAUX, G.R.M. Curso de projeto e construção de barragens de terra e enrocamento. São


Paulo: Instituto de Engenharia de São Paulo, 1978;

• BRAJA, M D. Fundamentos de engenharia geotécnica. 6. ed. Sacramento: Thonson Canada, 2006;

• BUREAU OF RECLAMATION. Design of small dams. 3. ed. Denver: A Water Resources Technical
Publications, 1987;

• CRUZ, P.T. 100 barragens brasileiras. São Paulo: Oficina de Textos-Fapesp, 1996;

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Referências Bibliográficas
• GAIOTO, N. Barragens de terra e enrocamento. São Carlos: Escola de Eng. de São Carlos, 1979;

• MARSAL, R.J.; NUÑEZ, D.R. Presas de tierra y enrocamento. México: Limusa, 1983. SILVEIRA,
J.F.A. Instrumentação e segurança de barragens de terra e enrocamento. São Paulo: Oficina de
Textos, 2005;

• COOKE, J. B. Rockfill and Rockfill Dams, Stan Wilson Memorial Lecture, Univ. of Washington,
1990;

• Davis, C. V, e Sorensen, K. E. (1974) “Concrete face rockfill dam”, Ch. 19, I.C. Steel and J.B.
Cooke, eds., Handbook of Applied Hydraulics, 3rd Ed., McGraw Hill Book Co. Inc., New York.

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Referências Bibliográficas
• COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS. Desvio de grandes rios brasileiros. Publicação interna.
193p., 2009;

• COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS. Main Brazilian Dams: Design, Construction and


Performance. Volume I. Novo Grupo Editora, São Paulo. 653p., 1982.

• COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS. Main Brazilian Dams: Design, Construction and


Performance. Volume II. Publicação interna. 496p., 2000.

• COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS. Main Brazilian Dams: Design, Construction and


Performance. Volume III. Impressul, Santa Catarina. 440p., 2009.

• CRUZ, P.T.; MATERÓN, B.; FREITAS, M. Barragens de Enrocamento com Face de Concreto.
Oficina de Textos, São Paulo, SP, 2009, 448p.
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1.1 Histórico da Engenharia Geotécnica
1.2 A Engenharia Geotécnica no Brasil
1.3 Objetivo da Geotecnia
1.4 Áreas de Atuação
1. EVOLUÇÃO DA
ENGENHARIA GEOTÉCNICA

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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

1.1 Histórico da Engenharia Geotécnica


• Em 1776, Charles Augustin Coulomb utilizou princípios de matemática avançada para
determinar a posição da superfície de deslizamento para os cálculos de muros de
arrimo;

• Em 1845, Willian John Macquorn Rankine desenvolveu trabalhos a respeito do estado


de tensões do solo (cálculos de empuxo e capacidade de carga da fundação);

• Em 1856, Henri Philibert Gaspard Darcy estudou a percolação de água nas areias e
definiu a permeabilidade dessas através de seu coeficiente k;

• Atterberg, em 1908, apresenta estudos sobre a plasticidade do solo tendo como


objetivo sua classificação;
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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

• Em 1913 cria-se na Suécia a "Comissão Geotécnica das Estradas de Ferro", responsável


pela investigação dos problemas surgidos nas construções de estradas. O nome dado à
comissão introduz o termo GEOTECNIA na literatura internacional;

• Mohr, em 1914, utiliza critério de envoltória de ruptura;

• Karl Terzaghi, em 1925, publica o livro "A Mecânica dos Maciços de Terra Baseada na
Física do Solo”. Nesse livro Terzaghi organiza os conhecimentos disponíveis até aquela
época e propõem outros, podendo-se dizer que nesta data nasce a Mecânica dos Solos
como uma ciência aplicada, ligada à Engenharia Civil;

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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

• Em 1936 foi realizado o 1º Congresso Internacional de Mecânica dos Solos e


Engenharia de Fundações, na Universidade de Harvard, Estados Unidos, sendo também
criada a Associação Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações.

1.2 A Engenharia Geotécnica no Brasil


• 1808 → chegada da família portuguesa no Brasil → fundadas as primeiras escolas de
ensino superior;

• Engenharia Civil → ensinada na Academia Militar → 1845 torna-se curso específico;

• 1847 → criação da Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a Escola de Minas de Ouro


Preto → programas dos cursos já contemplavam técnicas de fundações;
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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

• Século XIX → grande interesse pelos estudos geológicos no Brasil, principalmente em


função do minério de ferro;

• 1874 → primeira obra de geologia do Brasil → “Geologia e Geografia Física do Brasil”,


publicada em Boston

• 1907 → Miguel Arrojado Lisboa investigou as formações geológicas ao longo do


traçado da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e em 1909 também estudou
geologicamente os locais de construção de barragens de obras contra a seca no
Nordeste do país;

• 1920 → evolução da engenharia brasileira e a primeira publicação na área de Mec. dos


Solos → “Experimentação dos Terrenos para Estudos de Fundação” (Domingos Cunha);
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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

• 1926 → Laboratório de Ensaios de Materiais (concreto armado) → 1934 → Instituto de


Pesquisas Tecnológicas (IPT)

• 1938 → criação da Seção de Sole Fundações dentro do IPT;

• 1944 → fundada a Geotécnica S/A, primeira firma especializada em estudos de solos e


projetos de fundação;

• 1948 → chega ao Brasil a publicação de Terzaghi e Peck, o “Soil Mechanics in


Engineering Practice”, a partir do qual se desenvolveu a Engenharia Geotécnica no
Brasil.

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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

1.3 Objetivo da Engenharia Geotécnica


Geotecnia

Mecânica dos Mecânica das Geologia de


Solos Rochas Engenharia

• Estudar as propriedades físicas e mecânicas dos solos e rochas e suas aplicações em


obras de Engenharia Civil, quer como material de construção, quer como suporte.

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1. Evolução da Engenharia Geotécnica

1.4 Áreas de Atuação


• Geotecnia urbana;
• Geotecnia de mineração;
• Geotecnia de barragens;
• Geotecnia de túneis;
• Tratamento de áreas degradadas;
• Geotecnia de Aterros Sanitários;
• Geotecnia de solos moles.

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2.1 Barragem de Waco (Texas, USA)
2.2 Ruptura de talude – Salvador/BA
2.3 Deslizamento em Ilha Grande/RJ
2.4 Mina de Cobre Rio Tinto (Utah, USA) – Abril/13
2. CASOS HISTÓRICOS

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2. Alguns Casos Históricos

2.1 Barragem de Waco (Texas, USA)


• Barragem construída para controle de cheias;

• Ano de conclusão: 1965;

• Altura/Comprimento: 43m / 5.500m;

• Ano do acidente: 1961;

• Geologia da fundação: rocha argilosa de origem sedimentar (xisto fino)

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2. Alguns Casos Históricos

• Na fase de projeto, uma campanha extensa de investigações demonstraram que não


tinha indícios de movimentos significativos;

• Durante o período construtivo, ao atingir 26m de altura, ocorreu um escorregamento


envolvendo o talude de jusante;

• O inquérito elaborado pela U.S. Army Corps of Engineers revelou que o escorregamento
foi prorrogado ao longo de 457m de comprimento e estendendo-se 233m a jusante do
barramento;

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2. Alguns Casos Históricos

• Estudos realizados após a ruptura mostraram que a possível causa do escorregamento


era a natureza altamente anisotrópica do Xisto presente na fundação, que continha
fissuras horizontais lisas distribuídas na região adjacente;

• Embora os ensaios e análises convencionais indicassem que o aterro seria estável ao


longo da construção, as análises realizadas após a ruptura, considerando a existência
de planos horizontais preferenciais, produziram resultados que estavam de acordo com
a falha observada;

• Esta experiência mostra que a prática convencional de ensaiar apenas amostras


verticais podem ser enganadora, particularmente para materiais que apresentam
grandes anisotropias.

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.1: Escorregamento no talude de jusante no aterro da barragem de Waco (Fonte: ICOLD)

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2. Alguns Casos Históricos

2.2 Ruptura de Talude – Salvador/BA


• 26/08/2005: Motoristas observam uma pequena lombada no asfalto;

• 27/08/2005 às12:00 h: Interdição da avenida com elevação do asfalto em cerca de 30


cm;

• 27/08/2005 período da noite: pista já apresentava um elevação de cerca 1,5 m;

• 28/08/2005:elevação de 3,0 ml com progressão

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.2: Ruptura em talude rodoviário – Salvador/BA (Fonte: Prof. Antônio Alves/DMC-FURG)

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2. Alguns Casos Históricos

2.3 Deslizamento em Ilha Grande/RJ


• A área era de alto risco por estar situada em encosta muito íngreme onde vários
deslizamentos já haviam ocorrido no passado;

• Na encosta é visível um bom número de antigos deslizamentos que estavam


confirmando o alto risco de acidentes em toda a encosta imediatamente abaixo;

• Deslizamento provocado por saturação dos taludes atingiu pousada e 19 pessoas


morreram;

• Deslocamento de grande massa de detritos saturado.

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.3: Deslizamento em Ilha Grande/RJ deixou 19 mortos (Fonte: Google)

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.4: Escorregamento da “capa” de solo expondo o lajedo rochoso (Fonte: www.geologo.com.br)

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2. Alguns Casos Históricos

2.4 Mina de Cobre Rio Tinto (Utah, USA) – Abril/13


• Processo de mineração de cobre e outros minerais ativo desde de 1906, Bingham
Canyon é uma das maiores operações de mineração a céu aberto do mundo com,
aproximadamente, 2.500m de altura;

• Produziu cerca de 163.000 toneladas de metal refinado em 2012;

• Os taludes eram monitorados por meio de instrumentação, o que possibilitou prever a


ocorrência do gigantesco movimento de solo permitindo a retirada a tempo dos
trabalhadores e equipamentos.

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.5: Escorregamento de grandes proporções em mina de céu aberto (Fonte: Google)

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2. Alguns Casos Históricos

Figura 2.6: Comprometimento da produção e perda de equipamentos (Fonte: Google)

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3.1. Saint Francis (1924)
3.2. Vajont (1963)
3.3. Baldwin Hills (1963)
3.4. Teton Dam (1976)
3. CASOS HISTÓRICOS DE 3.5. Barragem da Pampulha (1954)
3.6. Barragem Orós (1960)
RUPTURAS EM BARRAGENS
3.7. Barragem Euclides da Cunha (1977)
3.8. Barragem Camará (2004)
3.9. Barragem de Algodões (2004)
3.10. Herculano Mineração (2014)
3.11. Barragem de Fundão (2015)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.1. Saint Francis (1924)


• Local: a 30 km de Los Angeles;

• Falha de projeto nas análises do terreno


de fundação;

• A barragem de concreto com 59 metros Figura 3.1: Ruptura da


rompeu e matou pelo menos 450 Barragem Saint Francis
pessoas; (Fonte: CDBD)

• Segunda maior tragédia da história da


Califórnia.
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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.2. Vajont (1963)


• Local: a 100 km de Veneza;

• Galgamento por deslizamento de solo


para dentro do reservatório;

• Apesar de não ter ocorrido a ruptura da Figura 3.2: Ruptura


estrutura, uma onda de cerca de 70m da Barragem Vajont
atingiu a Vila de Longarone, matando (Fonte: CDBD)
quase todos os habitantes (mais de
2.000 vítimas).

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.3. Baldwin Hills (1963)


• Local: Los angeles;

• Estrutura de terra com


30 metros de altura;

Figura 3.3: Baldwin Hills –


• Ruptura da barragem
devido a piping; reservatório praticamente
vazio após ruptura (Fonte:
• 5 vítimas. Los Angeles Times)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.4. Teton Dam (1976) – (Fonte: U. S. Bureau of Reclamation)


• Local: Idaho, EUA;

• Barragem de terra e enrocamento com 93m de altura e 975m de extensão;

• Maciço rochoso da fundação muito fraturado → tratamento de fundação por trincheira


de vedação e cortina simples de injeção sob o núcleo da barragem;

• Barragem sem instrumentação;

• Ruptura durante o enchimento do reservatório → 11 vítimas fatais.

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.4: Sequência de ruptura – Teton Dam

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.5: Sequência de ruptura – Teton Dam

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.6: Sequência de ruptura – Teton Dam

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.7: Sequência de ruptura – Teton Dam

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.8: Sequência de ruptura – Teton Dam

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.5. Barragem da Pampulha – Belo Horizonte/MG (1954)

Figura 3.9: Ruptura da Barragem da Pampulha – vista geral (Fonte: Google)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.6. Barragem Orós – Orós/CE (1960)

Figura 3.10: Ruptura da Barragem de Orós (Fonte: Minere Institute)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.6. Barragem Euclides da Cunha – São José do Rio Pardo/SP – 1977

Figura 3.11: Ruptura da Barragem Euclides da Cunha (Fonte: Minere Institute)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.7. Barragem de Cataguases – Cataguases/MG (2003)

Figura 3.12: Ruptura da Barragem de Cataguases (Fonte: Minere Institute)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.13: Ruptura da Barragem de Cataguases (Fonte: Minere Institute)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.8. Barragem de Camará – Alagoa Nova/PB (2004)

Figura 3.13: Ruptura da Barragem de Camará (Fonte: Google)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.9. Barragem de Algodões (Cocal/PI) – 2009

Figura 3.14: Ruptura da Barragem de Algodões (Fonte: Google)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.10. Herculano Mineração – Itabirito/MG (2014)

Figura 3.15: Ruptura de barragem de rejeito na Herculano Mineração (Fonte: Google)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

3.11. Barragem de Fundão – Mariana/MG (2015)

Mina Fábrica Nova


Figura 3.16: Localização da antiga
Barragem de Fundão (Fonte:
Google)
Barragem Fundão

https://www.youtube.com/watch? Barragem
Barragem Germano Santarém
v=DpQ6xnUSFV4

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.17: Ruptura da Barragem de Fundão: antes e depois (Fonte: Google)

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3. Porque Pensar em Segurança de Barragens?

Figura 3.18: Ruptura da Barragem de Brumadinho: antes e depois (Fonte: Google)

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4.1 Definição de solo
4.2 Formação dos solos
4.3 Intemperismo
4.4 Pedologia
4. ORIGEM E FORMAÇÃO
4.5 Classificação dos solos quanto à sua origem
DOS SOLOS
4.6 A estrutura dos solos

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4. Origem e Formação dos Solos

4.1 Definição de solo (NBR 6502/1995)


• Materiais provenientes da decomposição das rochas ou sedimentação não consolidada
de seus grãos, sem ou com matéria orgânica;

• Materiais passíveis de escavação por processos mecânicos simples, sem a


necessidade de aplicação de técnicas especiais (desmonte por explosivos, por
exemplo).

4.2 Formação dos solos


• Os solos se originam pela decomposição das rochas que constituíam inicialmente a
crosta terrestre a partir de agentes de intemperismo (físico e químico);

• São constituídos por um conjunto


BARRAGEMde
DEpartículas sólidas e vazios, preenchidos ou não.
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4. Origem e Formação dos Solos

4.3 Intemperismo
• Conjunto de processos físicos e químicos que ocasionam a desintegração e a
decomposição das rochas;

• O intemperismo desagrega os minerais das rochas e os fragmenta, além de modificar


sua composição, decompondo os minerais mais frágeis e formando novos minerais.

• Tipos:
o Físico: transformações simplesmente mecânicas (fragmentação das rochas) e
ocorrem basicamente por adaptações a variações de temperatura e de pressão.
o Químico: transformação da estrutura química dos minerais constituintes das
rochas.
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4. Origem e Formação dos Solos

4.4 Pedologia
• Ciência que tem por objeto o estudo das camadas superficiais da crosta terrestre, em
particular a sua formação e classificação;

• As camadas que constituem um perfil são denominadas horizontes.

4.5 Classificação dos solos quanto à sua origem


• Solos residuais: permanecem no local da rocha matriz observando-se uma transição do
solo até a rocha.
o Solo residual maduro: superficial ou sotoposto a um horizonte “ poroso”, e que
perdeu toda a estrutura original da rocha-mãe e tornou-se relativamente
homogêneo;

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4. Origem e Formação dos Solos

o Saprolito: solo que mantém a estrutura original da rocha matriz, inclusive veios
intrusivos, fissuras e xistosidade, no entanto perdeu a consistência de rocha.
Também chamado de solo residual jovem ou solo de alteração de rocha.
o Rocha alterada: horizonte em que a alteração progrediu ao longo de fraturas ou
zonas de menor resistência, deixando intactos grandes blocos da rocha original.
o Dentre os solos residuais merecem destaques os solos lateríticos, os expansivos e
os porosos, também conhecidos como “solos colapsíveis”.

• Solos sedimentares: sofrem a ação de agentes transportadores, podendo ser


aluvionares (quando transportados pela água), eólicos (quando pelo vento),
coluvionares (pela ação da gravidade) e glaciares (pelas geleiras);

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4. Origem e Formação dos Solos

• Solos orgânicos: contém uma quantidade considerável de matéria decorrente de


decomposição de origem vegetal ou animal, em vários estágios de decomposição.
Geralmente argilas ou areias finas, os solos orgânicos são de fácil identificação, pela
cor escura e pelo odor característico. São problemáticos por serem muito
compressíveis.

4.6 Estrutura dos Solos


• A forma pela qual estão dispostas as suas partículas definem a estrutura do solo;

• Estrutura fofa e compacta supondo grãos esféricos e uniforme:

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4. Origem e Formação dos Solos

• Dentre os principais componentes da estrutura do solo destacam-se:


o Mineralogia;
o Tamanho e arranjo físico, bem como as proporções relativas das partículas;
o Tamanho dos poros e distribuição das fases fluidas nesses poros;
o Química das três fases constituintes do solo, com ênfase nas forças existentes
entre as partículas.

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5.1 Introdução
5.2 Dureza de um mineral (Escala de Mohs)
5.3 Feldspatos
5.4 Micas
5. COMPOSIÇÃO QUÍMICA
5.5 Quartzo
E MINERALÓGICA
5.6 Óxido de ferro
5.7 Carbonatos
5.8 Propriedades Físico-químicas das Argilas

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5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.1 Introdução
• Um mineral é um elemento ou um composto químico resultante de processo orgânico
de composição química definida e encontrado naturalmente na crosta terrestre;

• Os minerais, via de regra, são sólidos. Apenas a água e o mercúrio se encontram no


estado líquido, em condições normais de temperatura e pressão;

• Alguns minerais presentes nos solos:


o Silicatos: feldspato, mica, quartzo, serpentina, clorita, talco, etc.
o Óxidos: hematita, magnetita, limonita, etc.
o Carbonatos: calcita, dolomita, etc.
o Sulfatos: gesso, anidrita, etc.

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5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.2 Dureza de um mineral (Escala de Mohs)


• Refere-se, por comparação, ao número indicativo da conhecida escala de Mohs, onde
um elemento risca todos os precedentes e é riscado pelos subsequentes:

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5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.3 Feldspatos
• Constituem os grupos de minerais mais abundantes na crosta terrestre e compreendem
os silicatos de alumínio combinados com sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca) e,
eventualmente, bário (Ba).
• Os principais minerais são ortoclásio/microclínio, albita e arnotita;
• Características básicas:
o Densidade: 2,54 a 2,76
o Cores: branco, cinza e róseo
o Dureza: 6 a 6,5 (escala Mohs)

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 67


5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.4 Micas
• É a designação dada a um grupo de silicatos, constituído basicamente de alumínio (Al),
sódio (Na) ou potássio (K) e muitas vezes por ferro e magnésio cristalizado no sistema
monoclínico com uma característica evidente: um empilhamento de folhas finíssimas,
que pode ser destacadas facilmente.

• Características básicas:
o Densidade: 2,76 a 3,10
o Cores: branco, incolor, esverdeada
o Dureza: 2 a 2,5 (escala Mohs)

• Principais tipo: muscovita (braca) e biotita (preta)


BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 68
5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.5 Quartzo
• É o mais importante dos minerais do grupo dos silicatos e podem estar presentes em
todo tipo de rocha. Seus cristais são facilmente identificados macroscopicamente, é
um dos minerais mais resistentes ao intemperismo, tal como a água e a variação de
temperatura, por isso passa quase inalterado da rocha aos solos.

• Características básicas:
o Densidade: 2,60 a 2,65
o Cores: geralmente incolor ou branco
o Dureza: 7,0 (escala Mohs)

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 69


5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.6 Óxido de ferro


• A hematita (Fe2O3), a magnetita(Fe2O4) e a limonita (Fe2O3.H2O) são os principais
minerais entre os óxidos de ferro.

• Características básicas:
o Densidade: 5,0 a 5,3
o Cores: geralmente escuras
o Dureza: 5,5 a 6,5 (escala Mohs)

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 70


5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.7 Carbonatos
• No grupo dos carbonatos, os mais importantes minerais são a calcita (CO3Ca) e a
dolomita - (CO3)2CaMg.

• Características básicas:
o Densidade: 2,5 a 2,6
o Cores: geralmente cores claras
o Dureza: 3,0 (escala Mohs)

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 71


5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

5.8 Propriedades Físico-químicas das Argilas


‘• As argilas são constituídas de pequeníssimos minerais cristalinos, chamados de
argilominerais, dentre os quais distinguem-se três grupos principais: caolinitas,
montmotilonitas e ilitas.

• As caolinitas são formadas por unidades de silício e alumínio, que se unem


alternadamente, conferindo-lhes uma estrutura rígida. Em consequência, as argilas
caolinítica são relativamente estáveis em presença de água.

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 72


5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

• As montmorilonitas são estruturalmente formadas por uma unidade de alumínio entre


duas unidades de silício. A ligação entre essas unidades, torna as argilas
montmoriloniticas muito expansivas e, portanto instáveis em presença de água.
Exemplo: Bentonita, altamente plástica e expansiva, utilizada na construção de paredes
diafragma, estabilização de escavações, selamento de piezômetros, etc.

• As ilitas são estruturalmente análogas à anterior, sendo porém menos expansivas.


BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 73
5. Composição Química e Mineralógica dos Solos

O que determina o comportamento do solo argiloso quanto à resistência, permeabilidade e


compressibilidade?

A característica mineralógica das argilas é o


elemento controlador do tamanho, forma e
propriedades de superfície de suas partículas.

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 74


6.1 Definições básicas
6.2 Tamanho das partículas
6.3 Fases do solo
6. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA 6.4 Diagramas de fases
E CLASSIFICAÇÃO DOS 6.5 Relações fundamentais
SOLOS 6.6 Índices físicos

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO


75
6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.1 Definições básicas


• Pedregulho: solo formado por minerais ou partículas de rocha, com comportamento
dominante devido à fração pedregulho, onde as partículas têm diâmetros (Φ)
compreendidos entre 2,0 mm e 60 mm. Quando arredondadas ou semi-arredondadas,
são denominadas seixos rolados;

• Areia: solo não coesivo e não plástico com comportamento predominantemente devido
à fração areia, constituída por minerais ou partículas de rochas com diâmetros (Φ)
compreendidos entre 0,06 mm e 2 mm
o Areias grossas: Φ entre 0,60 mm e 2,0 mm
o Areias médias: Φ entre 0,20 mm e 0,60 mm
o Areias finas: Φ entre 0,06 mm e 0,20 mm
BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 76
6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

• Silte: solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade e que exibe baixa resistência
quando seco ao ar . (mostram apenas a coesão necessária para formar, quando secos,
torrões facilmente desagregáveis pelos dedos.). Suas propriedades dominantes são
devidas à parte constituída pela fração silte, que é formada por partículas com
diâmetros entre 0,002 mm e 0,06 mm;

• Argila: solos de granulação fina constituída principalmente por partículas com


dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade. Suas
propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração argila. Quando
suficientemente úmidas, moldam-se facilmente e secas formam torrões de difícil
desagregação pelos dedos.

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 77


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.2 Tamanho das partículas

Figura 6.1 – Escalas granulométricas: ASTM, AASHTO, MIT e ABNT. Figura 6.2 – Diferentes tipos de granulometria.

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 78


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

(a) (b) (c)

(d)

Figura 6.3 – (a) e (b): grãos de areia; (c) grão de argila; (d) forma das partículas granulares

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 79


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.3 Fases do solo


• A natureza do solo difere de outros materiais, uma vez que é composto de três estados
ou fases: sólido, líquido e gás;

• Em um volume típico de solo, há três componentes dispostos em uma mistura


complexa: grãos do solo, água e ar;

• As propriedades geotécnicas do solo são em função da interação entre a fase sólida


(grãos do solo) e os espaços vazios (água e ar).

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 80


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.4 Diagrama de fases

Va ar Ma=0
Vv água ar
Vw água Mw
Vt
Mt

Vs sólidos Ms sólidos sólidos

Amostra de solo Parcialmente saturado Saturado Seco

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 81


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.5 Relações fundamentais


• Relações de massa e peso:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑠 + 𝑃𝑤 (peso total da amostra é a soma dos pesos dos grãos e da água)
𝑀𝑡 = 𝑀𝑠 + 𝑀𝑤 (massa total da amostra é a soma das massas dos grãos e da água)

• Relações de volume:
𝑉𝑉 = 𝑉𝑤 + 𝑉𝑎 (volume de vazios da amostra é a soma dos volumes de água e ar)
𝑉𝑇 = 𝑉𝑠 + 𝑉𝑉 (volume total da amostra é a soma dos volumes de sólidos e vazios)
𝑉𝑇 = 𝑉𝑠 + 𝑉𝑤 + 𝑉𝑎

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 82


6. Caracterização Física e Classificação dos Solos

6.6 Índices físicos


• Em uma determinada massa de solo, apenas uma parte do volume total é preenchida
pelas partículas sólidas. O volume restante é chamado de vazios e pode ser ocupada
por ar, por água ou por ambos;

• Quantificam as proporções das três fases de um solo entre pesos e volumes;

• Apenas três índices físicos são determinados em laboratório: teor de umidade, massa
específica dos grãos e peso específico natural

• Os demais índices são determinados por meio de correlações.


BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 83
7.1 Teor de umidade
7.2 Peso específico aparente do solo natural
7.3 Peso específico aparente do solo seco
7.4 Índices de vazios
7. ÍNDICES FÍSICOS DOS 7.5 Grau de compacidade
7.6 Porosidade do solo
SOLOS
7.7 Grau de saturação do solo
7.8 Grau de aeração
7.9 Relações diversas
7.10 Peso específico do solo saturado
7.11 Peso específico do solo submerso

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO


84
7. Índices Físicos dos Solos

7.1 Teor de umidade


• Ensaio normalizado pela ABNT NBR 6457/2016;

• Razão entre o peso da água (𝑃𝑎 ) contida em um certo volume de solo e o peso da parte
sólida (𝑃𝑠 ) existente nesse mesmo volume:
𝑃𝑎
𝑤 = 𝑥100
𝑃𝑠
• O resultado do teor de umidade é expresso em porcentagem (%);

• Na natureza não existe solo com teor de umidade igual a zero. Esta condição é obtida
apenas em laboratório;

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 85


7. Índices Físicos dos Solos

• A determinação do teor de umidade de uma amostra de solo pode ser feita por vários
métodos, sendo o mais utilizado:
o Determinar o peso total (𝑃𝑡 ) da amostra;
o Secar completamente a amostra em estufa à temperatura de 105°C a 110°C;
o Determinar o peso da amostra seca (𝑃𝑠 );
o Por diferença, obter o peso de água contida na amostra (𝑃𝑎 = 𝑃𝑡 − 𝑃𝑠 );
o Calcular o teor de umidade (𝑤).

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 86


7. Índices Físicos dos Solos

7.2 Peso específico aparente do solo natural ()


• Ensaio normalizado pela ABNT NBR 6458/2017;

• Razão entre o peso total do solo (𝑃𝑡 ) e o volume total do solo (𝑉𝑡 ):

𝑃𝑡
=
𝑉𝑡

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 87


7. Índices Físicos dos Solos

7.3 Peso específico aparente do solo seco (s)


• Razão entre o peso do solo (𝑃𝑠 ) e o volume total do solo (𝑉𝑡 ):
𝑃𝑠
γ𝑠 =
𝑉𝑡

𝑃𝑡 𝑃𝑎
Como e Pt=Ps+Pa;  = e𝑤= , dividindo-se ambos os termos da fração por Pt, temos:
𝑉𝑡 𝑃𝑠

𝑃𝑠
𝑃𝑠 𝑃𝑡 𝑃𝑠 𝛾𝑠 𝑃𝑠 𝛾 𝑃𝑠 𝑃𝑎 𝛾
𝛾𝑠 = =
𝑃𝑠 +𝑃𝑎
𝑉𝑡 × = × 𝛾→ = → = + = 1 + 𝑤 → 𝛾𝑠 =
𝑃𝑠 +𝑃𝑎 𝑉𝑡 𝑃𝑠 +𝑃𝑎 𝛾 𝑃𝑠 +𝑃𝑎 𝛾𝑠 𝑃𝑠 𝑃𝑠 1+𝑤
𝑃𝑡

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 88


7. Índices Físicos dos Solos

7.4 Índices de vazios (e)


• Razão entre o volume de vazios (𝑉𝑣 ) e o volume da parte sólida do solo (𝑉𝑠 ):

𝑉𝑣
𝑒 =
𝑉𝑠
Sua determinação é feita em função de g (peso específico das partículas do solo) e s
(peso específico do solo seco).

𝑉𝑡 − 𝑉𝑠 𝑉𝑡 𝑉𝑡 Τ𝑃𝑠 𝛾𝑔
𝑒 = = −1= −1= −1
𝑉𝑠 𝑉𝑠 𝑉𝑠 Τ𝑃𝑠 𝛾𝑠

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 89


7. Índices Físicos dos Solos

7.5 Grau de compacidade ou compacidade relativa


• O estado natural de um solo não coesivo (areia, pedregulho) define-se pelo chamado
grau de compacidade, compacidade relativa ou densidade relativa (Dr).

𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒𝑛𝑎𝑡
𝐶𝑅 =
𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛

• Seguindo o critério usualmente aceito, as areias se classificam em:


o Fofas (ou soltas) quando O < CR < 0,33
o Medianamente compactas quando 0,33 < CR < 0,66
o Compactas quando 0,66 < CR < 1

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 90


7. Índices Físicos dos Solos

• Em função dos pesos específicos, o grau de compacidade ou compacidade relativa se


exprime:

𝛾𝑛𝑎𝑡 − 𝛾𝑚𝑖𝑛 𝛾𝑚𝑎𝑥


𝐶𝑅 = ×
𝛾𝑚𝑎𝑥 − 𝛾𝑚𝑖𝑛 𝛾𝑛𝑎𝑡

E que max, nat e min são os pesos específicos secos nos estados, respectivamente, mais
denso possível , natural e mais solto possível.

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 91


7. Índices Físicos dos Solos

7.6 Porosidade do solo


• É a razão entre o volume de vazios e o volume total de uma amostra do solo:

𝑒
𝑛=
1+𝑒

• Para areias com diferentes composições granulométricas, 𝑒𝑚𝑎𝑥 e 𝑒𝑚𝑖𝑛 podem assumir
valores diversos. No caso de esferas de igual diâmetro, são obtidos os seguintes
valores:

𝑒𝑚𝑎𝑥 = 0,91 → 𝑛𝑚𝑎𝑥 = 48%

𝑒𝑚𝑖𝑛 = 0,35 → 𝑛𝑚𝑖𝑛 = 26%


BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 92
7. Índices Físicos dos Solos

• Peso específico seco em função da porosidade (n): 𝛾𝑠 = 𝛾𝑔 1 − 𝑛 = 𝛿 1 − 𝑛 𝛾𝑎

𝛿
• Peso específico seco em função do índice de vazios (e): 𝛾𝑠 = 𝛾
1+𝑒 𝑎

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 93


7. Índices Físicos dos Solos

7.7 Grau de saturação do solo


𝑉𝑎
• É a porcentagem de água contida nos seus vazios: 𝑆% = × 100
𝑉𝑣

Sendo:
𝑃𝑎 𝑉𝑎 𝛾𝑎 𝛾𝑎 𝑆𝑉𝑣 𝑒𝑆
ℎ= = = =
𝑃𝑠 𝑉𝑠 𝛾𝑔 𝛾𝑎 𝛿𝑉𝑠 𝛿

Temos:
ℎ𝛿 ℎ𝛿 (1 − 𝑛)
𝑆= =
𝑒 𝑛

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 94


7. Índices Físicos dos Solos

7.7 Grau de saturação do solo


• Uma vez que:
1 1−𝑛
=
𝑒 𝑛
Como se obtém a equação:
𝑒
𝑛=
1+𝑒

Se o solo estiver saturado (S = 100%) a relação acima nos dá:

𝑒 = ℎ𝛿

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 95


7. Índices Físicos dos Solos

7.9 Relações diversas


• Peso específico:

𝑃𝑠 + 𝑃𝑎 𝑃𝑠 (1 + 𝑤)
𝛾= =
𝑉𝑠 + 𝑉𝑣 𝑉𝑠 (1 + 𝑒)

1+𝑤
𝛾 = 𝛾𝑔
1+𝑒

𝛾 𝛾𝑔
= = 𝛾𝑠
1+𝑤 1+𝑒

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 96


7. Índices Físicos dos Solos

Como g = δa e h x δ = S.e, tem-se ainda:

𝛿 + 𝑆𝑒
𝛾= 𝛾
1+𝑒 𝑎

Para um solo seco (S = 0) esta relação será:

𝐺𝑠
𝛾𝑠 = 𝛾𝑎
1+𝑒
Que corresponde ao valor mínimo de .

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 97


7. Índices Físicos dos Solos

7.10 Peso específico do solo saturado


Nesse caso, S = 1 e:
𝛿+𝑒
𝛾𝑠𝑎𝑡 = 𝛾
1+𝑒 𝑎
n
o que corresponde ao máximo valor de .
1
Em função da porosidade:
𝛾𝑠𝑎𝑡 = 𝛾𝑠 + 𝑛𝛾𝑎

𝛾𝑠𝑎𝑡 = 𝛿 1 − 𝑛 + 𝑛 𝛾𝑎

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 98


7. Índices Físicos dos Solos

7.11 Peso específico do solo submerso


Quando o solo é submerso, as partículas sólidas sofrem o empuxo da água e então:

𝛾𝑠𝑢𝑏 = 𝛿 1 − 𝑛 𝛾𝑎 − (1 − 𝑛)𝛾𝑎
ou:
𝛾𝑠𝑢𝑏 = (𝛿 − 1)(1 − 𝑛)𝛾𝑎
ou ainda:
𝛿−1
𝛾𝑠𝑢𝑏 = 𝛾𝑎
1+𝜖
e
𝛾𝑠𝑢𝑏 = 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑎

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 99


7. Índices Físicos dos Solos

7.11 Peso específico do solo submerso


• A distinção entre solos saturado e submerso pode ser observada no exemplo da figura,
notando-se que um solo submerso é saturado, sem que a recíproca seja verdadeira.

Re Reservatório
Reservatório rapidamente
cheio 1cm³ sub esvaziado 1cm³ sat

Empuxo Empuxo ~ 0

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO 100


FIM

BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO


101

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