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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

GRANDE DO NORTE – CAMPUS SÃO PAULO DO POTENGI


CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM MEIO AMBIENTE

RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO – NEOSSOLO,


LATOSSOLO, ORGANOSSOLO E SOLOS SALINOS

ISAAC FERREIRA COSTA PAULINO DE OLIVEIRA


JULIE LUDMILLY DE SOUZA BARBOSA
MARIA LÚCIA SOUZA MORAIS
NICOLE VITORIANO DE MORAIS

IFRN - SÃO PAULO DO POTENGI


2021
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1. INTRODUÇÃO

Os avanços culturais provocados pela revolução neolítica (ou seja, pelo domínio da
agricultura), afetam nosso cotidiano de várias maneiras nos dias atuais. Devido a esta
revolução pré-histórica, foi possível que o ser humano se tornasse sedentário, sendo o solo
uma das ferramentas mais importantes desse processo, por ser base da estadia e do cultivo.
Atualmente, o solo é entendido como sustentáculo da vida:

“(...) todos os organismos terrestres dele dependem direta ou indiretamente. É um


corpo natural que demora para nascer, não se reproduz e “morre” com facilidade.
Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a
maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam na sua
formação. (VALMIQUI et al, 2007)”

Em outras palavras, é necessário que se conheça as propriedades possíveis e o que é


um solo, cientificamente falando. Uma denominação técnica, define o solo como uma coleção
de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais,
dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto
superficial das extensões continentais do nosso planeta, contêm matéria viva e podem ser
vegetados na natureza onde ocorrem e podem, eventualmente, ter sido modificados por
interferências antrópicas (Embrapa 2009). É importante que os solos sejam classificados
porque: a) permite conhecer quais as qualidades e limitações dos solos de um município,
estado ou país; b) possibilita a troca informações técnicas entre as pessoas que usam ou
estudam os solos; c) permite predizer o comportamento dos solos; d) permite identificar o uso
mais adequado dos solos (LIMA et al., 2007).
Sendo assim, ao longo deste relatório iremos efetuar a caracterização de quatro classes
de solos existentes no Brasil: Neossolo, Organossolo, Latossolo e Solo salino, a partir de
análises teóricas sobre suas composições químicas, fisicas, biológicas e de que forma
influenciam no trabalho agrícola.
Cada solo carrega consigo em sua formação características únicas, por isso que se
diferem uns dos outros, existem aqueles que são mais férteis, outros não são tão propícios
para a agricultura e entre diversas especificações, logo assim, cada classe tem sua
particularidade. Contudo, cada categoria de solo existente auxilia de maneira efetiva para o
desenvolvimento de estudos e pesquisas, além de contribuir significativamente para explicar
certos fenômeno ou ocorrências no solo que podem refletir de forma positiva ou negativa.
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2. OBJETIVOS

 Compreender características das classes de solo;


 Compreender fatores de formação dos solos;
 Analisar peculiaridades dos solos referentes ao trabalho.

3. METODOLOGIA

O estudo foi realizado de forma remota, a partir de pesquisa e seleção de periódicos,


produção de resumo dos artigos selecionados. Inicialmente, a partir de levantamento
bibliográfico, aplicou-se o método de pesquisa exploratória que segundo Gil (2010) é o estudo
que tem “como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias,
tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para
estudos posteriores”.
De forma geral, a finalidade das pesquisas e leituras primitivas foi se familiarizar com
o tema e escolher os tópicos (que viriam a ser) abordados no presente trabalho. Para isso,
foram utilizadas as plataformas do ‘Periódicos CAPES’ e os sites da UFRN, UFRJ, Revista
Brasileira de Ciência do Solo, EMBRAPA etc.
Visando a obtenção de dados bibliográficos, qualitativos e quantitativos, o critério de
escolha para os artigos foi: escritos em português, sem data específica, relacionados as
características dos solos trabalhados. Os artigos foram analisados pelos membros do grupo
para que em seguida o relatório fosse produzido.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 LATOSSOLO
4.1.1 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os Latossolos são definidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), no Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, como os que: “compreendem
solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de
qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico.”
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A origem dessa classe de solo está intimamente relacionada com o processo de


lixiviação e o processo de latolização, onde há remoção da sílica e das bases do perfil após a
transformação dos minerais primários constituintes. Vale ressaltar, que estes são carentes de
minerais primários e/ou secundários de baixa resistência ao intemperismo –visto que é um
solo em avançado estágio de intemperização – e possuem pouca capacidade de troca de
cátions da fração argila.
Em suma é um solo com baixo nível de fertilidade, contudo ainda de acordo com a
Embrapa, os Latossolos equivalem a 31,49% dos solos brasileiros, o que é aproximadamente
2.681.588,69km2. Com essa expressão, condições geoclimáticas e a correção do solo em
função do aumento da fertilidade, eles pertencem a classe de solo de mais utilizada na
produção agrícola do Brasil, principalmente pela soja e trigo. Pois são passíveis a essas
culturas por serem – ao mesmo tempo – profundos, porosos e bem permeáveis.

4.1.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS, BIOLÓGICAS E MINERALÓGICAS


Os solos caracterizados como Latossolo, são profundos, porosos, bem drenados e
possuem colorações avermelhadas ou amareladas, com altos teores de Fe2O3. Além disso,
contam com uma estrutura granular média – para alguns isso está relacionado com a intensa
atividade biológica (FIGUEIREDO et al. 2002) –, baixa capacidade de troca catiônica e
permeabilidade excessiva em função da textura e da mineralogia. Outra característica forte é a
acidez desse tipo de solo distrófico, que tem um pH entre 4,0 e 5,5.
Os Latossolos são considerados solos com mineralogia relativamente simples,
prevalecendo o domínio de caulinita, óxidos de ferro e alumínio, hematita, maghemita e
gibbsita com proporções pequenos outros componentes na fração argila. E possuem ainda, o
poder de absorção de fósforo em larga escala (Leal, 1971; Novais et al., 1991; Ker, 1995).
Fato que contribui com a redução dos perigos da eutrofização de lagos.

4.1.3 TIPOS/SUBORDENS
Os Latossolos dispõem de grandes grupos e subgrupos de classificação, em função da
variabilidade das propriedades físico-químicas, mineralógicas, biológicas e afins.

a) LATOSSOLOS BRUNOS
Solos retráteis e com horizonte A húmico ou teores de carbono orgânico superior a 10
g kg-1 até 70 cm ou mais de profundidade e no horizonte B apresentam coloração brunada
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predominantemente. São argilosos, se desenvolvem em clima subtropical e são geralmente


derivados de rochas basálticas do Sul do Brasil.

b) LATOSSOLOS VERMELHOS
São solos de coloração vermelhas acentuadas em virtude dos altos teores dos óxidos
de ferro e sua natureza comum Além disso são bem drenados e sua cor, textura e estrutura são
bem uniformes em profundidade. Outra característica forte dessa subordem é sua porosidade,
levando a condições passíveis de um bom desenvolvimento radicular, principalmente se
forem os tipos de fertilidade alta (eutróficos).
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c) LATOSSOLOS AMARELOS
São solos obtidos a partir de materiais argilosos ou areno-argilosos sedimentares,
apresentando uma cor amarelada uniforme em profundidade assim como o teor de argila. Sua
textura é geralmente argilosa e o solos são considerados coesos.

d) LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS
Estes Latossolos possuem a coloração Vermelho-Amarelados e são identificados em
todo o território brasileiro, caracterizado pela boa drenagem, profundos e uniformes nas
características de cor, textura e estrutura em profundidade. E assim como nos Latossolos
Vermelhos, também são profundos e porosos, indicando boas condições para um
desenvolvimento radicular bom em profundidade, sendo ainda melhores em solos eutróficos.
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4.2 ORGANOSSOLO
A EMBRAPA (2018), a partir do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, define
o organossolo da seguinte forma:

(...) “compreendem solos pouco evoluídos, com preponderância de características


devidas ao material orgânico, de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada,
resultantes de acumulação de resíduos vegetais, em graus variáveis de
decomposição, em condições de drenagem restrita (ambientes de mal a muito mal
drenados) ou saturados com água por apenas poucos dias durante o período chuvoso,
como em ambientes úmidos e frios de altitudes elevadas (EMBRAPA, 2018)”.

Comparando a definição oficial brasileira com a percepção básica do senso comum –


muitas vezes dada de maneira rasa pela nomenclatura -, observa-se que o organossolo, apesar
de conter material orgânico, possui uma estrutura complexa e diversa. Desta forma, existem
diversos fatores contribuintes, constituintes e específicos para formação, identificação e
estudo do organossolo. Sendo assim, faz-se necessária a divisão dessas características em
blocos para a análise acadêmica deste tipo de solo, sendo eles: fatores de formação,
características físicas, características químicas e características biológicas.

4.2.1 FATORES DE FORMAÇÃO

O solo é um corpo natural (LIMA, V.C. F, 2001) e devido a sua integração com a vida
e a natureza, sua formação demanda processos climáticos, geográficos, temporais, biológicos
em ação simultânea, além do material de origem – também chamado material parental.
O organossolo, de maneira geral, tem como material de origem resíduos vegetais em
decomposição, substâncias húmicas, biomassa e compostos carbônicos/orgânicos presentes no
solo, sendo que a decomposição e acumulação destas substâncias ocorrem em excesso de
água. Segundo Valladares (2003), áreas geológicas que possuem depósitos sedimentares de
materiais orgânicos são compreendidas como turfeiras. Estas turfeiras são ditas o material
parental próprio do solo orgânico.
Correlacionado a áreas geológicas, a geografia física e o relevo do lugar também
fazem parte de um processo importante para formação do organossolo, que é considerado um
solo de “baixada”, já que se forma em relevos mais baixos e depressões a partir do
carregamento de material orgânico de áreas mais elevadas.
No que diz respeito ao clima, ainda segundo o documento do SiBCS, este solo ocorre
em clima variante, podendo existir em áreas tropicas tanto quanto em áreas frias e úmidas.
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Outro fator supracitado influente é ação biológica, ligado principalmente a questão de


decomposição do material orgânico que só é possível devido a ação de microorganismos e
processos quimio-biológicos. Além disso, vale salientar que a vegetação deste tipo de solo
costuma ser hidrófila ou higrófila; vegetais que vivem especificamente em ambientes
aquáticos ou plantas adaptadas a ambientes extremamente úmidos, respectivamente.
4.2.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Este bloco característico é dividido em 5 pontos principais, sendo estes: textura,


estrutura, densidade, consistência e cor.
No que se diz respeito a cor, o solo orgânico possui cores predominantemente escuras,
variando entre marrom escuro, preto e tons acinzentados. A quantidade de matéria orgânica
presente nesse tipo de solo é um constituinte primário de sua coloração, sendo proporcional ao
escurecimento (DALMOLIN et al., 2005). Como há uma concentração menor de matéria
orgânica nos horizontes mais profundos e maior nos horizontes superficiais, pode ser formado
um efeito “degradê” e com mistura de cores no perfil de um organossolo, como pode ser
observado na seguinte imagem:

Fonte: EMBRAPA
Quanto a estrutura, esta é uma característica que se apresenta de forma muito variável,
sendo a maciça (solos que não possuem estruturas definidas, designando-se maciço. Ocorre
quando as partículas sólidas estão reunidas) e a granular (partículas dispõem-se em torno de
um ponto, formando pequenas esferas de superfície arredonda) os tipos predominantes
(Valladares et al., 2008).
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Ao que diz respeito ao parâmetro da textura, este solo apresenta, segundo Rosado
(2004), uma textura particular chamada orgânica ou turfosa. Esta identificação difere das
comuns pois avalia a sensação do tato causada pelo material orgânico, usando referências
como existência de galhos, folhas, raízes, humus e quantidade de fibras.
Relacionado em partes com a textura, observa-se a consistência desse solo, que difere
a partir do grau de umidade, podendo ser separada em consistência seca, úmida e molhada. A
consistência seca de solos orgânicos apresenta-se como dura, de difícil manuseio. Por sua vez,
quando úmido, esse material apresenta fácil manuseio e encontra-se na consistência ideal para
cultivo. Com esse material molhado, percebe-se uma consistência pegajosa e ligeiramente
plástica.
Por fim, a característica física da densidade também é variável, pois é influenciada
pela quantidade de matéria orgânica presente no solo: para Ebeling (2013) as análises de
densidade de solos orgânicos resultaram numa faixa de 0,09 e 0,93 Mg m-3, já para Valladares
et al. (2008), os valores ficaram em uma faixa de 0,07 e 0,80 Mg m-3.
Dessa forma, faz-se visível que as características físicas do organossolo são variáveis,
pois dependem principalmente da quantidade de matéria orgânica e da composição elementar
e natural daquele solo.

4.2.3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS


As características químicas, por sua vez, são divididas em: Acidez, salinidade e CTC.
Quanto a acidez deste solo, o elevado teor de carbono orgânico neste solo o atribui
uma elevada acidez. As reações químicas de decomposição de vegetais liberam H+, deixando
o pH destes solos em uma faixa de 4 a 4,9 (EBELING, 2013). No que se diz respeito a acidez
trocável, alguns autores consideram que este solo possui grandes quantidades de Al, mas
segundo o SiBCS os critérios relacionados aos altos teores de Al no solo não devem ser
aplicados para os horizontes orgânicos devido à falta de métodos adequados e complexação
do Al pela matéria orgânica.
Ao que se refere a salinidade, esse solo apresenta diversas classes consideradas
salinas. Em análises, Valladares (2008) percebeu que estes solos podem apresentar salinidade
devido a quantidades significativas de Na e Mg em sua composição.
Por fim, o SiBCS, em concordância com diversos autores afirma que este solo possui
alta capacidade de troca de cátions.

4.2.4 CARACTERISTICAS BIOLÓGICAS


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Este bloco é dividido em: atividade biológica, Relação em C/N e matéria orgânica.
Como supracitado, a principal característica desse solo é elevadíssima quantidade de matéria
orgânica em decomposição que varia entre vegetais, folhas, galhos etc.
No que se refere a atividade biológica, devido ao hidromorfismo ao qual este solo está
exposto são geradas condições anaeróbicas. Vale salientar que este solo também ocorre em
áreas frias, o que reduz a atividade biológica tornando a mineralização de compostos lenta.
Para Myers et al. (2011), a atividade respiratória das bactérias e fungos relaciona-se com o
teor de K presente em organossolo. Segundo Ciabotti, existem neste solo vários tipos de
bactérias como: bactérias totais, actinobactérias, bactérias esporuladas, amônio-oxidantes,
nitrito-oxidantes e fungos.
Finalizando, quanto a relação C/N, diversos trabalhos pontuam que existe uma alta
relação de carbono e nitrogênio em solos orgânicos. Em análises acadêmicas, as amostras
apontaram uma média de 19,9, apontando que:

“A relação C/N apresentou grande variação e se correlacionou negativamente com o


pH do solo, indicando que quanto mais ácido for o horizonte do solo menor o grau
de decomposição do material orgânico. (VALLADARES, 2008)”

Ou seja, a relação de C/N é um parâmetro biológico transcendente, pois também se


relaciona com o fator químico do pH e a atividade de decomposição neste solo.

4.2.5 CLASSES APRESENTADAS NO SIBCS


Existem três subordens principais de acordo com a EMPRABA, sendo estas:
a) Organossolo Tiomórfico: Solos com materiais sulfídricos em um ou mais horizontes
ou camadas ou horizonte sulfúrico, ambos dentro de 100 cm a partir da superfície do solo.
Apresentam as seguintes subdivisões: Fíbricos, Hêmicos, Sápricos.

Figura: Organosolo Tiomórfico


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Fonte: Paulo Klinger


b) Organossolo Fólico: Solos que estão saturados com água, no máximo por 30 dias
consecutivos por ano, durante o período mais chuvoso, e que apresentam horizonte O hístico.
Apresentam as seguintes subdivisões: Fíbricos, Hêmicos, Sápricos.

Figura: Organosolo Fólico


Fonte: Sérgio Shimizu
c) Organossolo Háplico: Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

Figura: Organosolo Háplico


Fonte: Sérgio Shimizu

4.3 NEOSOLO
4.3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
É um tipo de solo pouco evoluído, sendo composto por material mineral ou por
material orgânico, com insuficiência de manifestação dos atributos (figura 1) que
caracterizam as diversas etapas de formação dos solos, seja em razão de maior resistência do
material de origem ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo) que podem
impedir ou limitar a evolução dos solos. Apresentam grande influência de características
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herdadas do material originário, sendo definido pelo SiBCS (Embrapa, 2006) como solos
pouco evoluídos e sem a presença de horizonte B.
Os Neossolos podem apresentar elevada fertilidade natural e baixa saturação por bases
e acidez. Essa característica é variada de solos rasos até profundidade acentuada e de baixa a
alta permeabilidade.

Figura 1: Neossolo
Fonte: Acervo da EMBRAPA solos
Os Neossolos podem apresentar elevada fertilidade natural e baixa saturação por
bases, acidez. Essa característica é variada de solos rasos até profundidade acentuada e de
baixa a alta permeabilidade.
A presença desse solo está em várias condições climática e geralmente em áreas de
relevo com muito fluxo ou em espaços planos. É formado a partir de sedimentos aluviais ou
materiais advindos de decomposição cristalina (Embrapa, 2006).
Esse solo pode ser encontrado em qualquer região do Brasil e possuem grande
variabilidade química sendo agrupados em 4 subordens:

4.3.2 NEOSSOLOS LITÓLICOS


Em outras classificações, os Neossolos Litólicos eram chamados de Solos Lítólicos.
Os Neossolos Litólicos dispõem um contato lítico ou contato lítico fragmentário dentro de 50
cm da superfície do solo, por terem aparência rasa. Admitem a presença de horizonte B em
início de formação, desde que não satisfaça os requisitos para qualquer tipo de horizonte B
diagnóstico.
4.3.3 NEOSSOLOS FLÚVICOS
Solos cuja origem é sedimentos aluviais com horizonte superficial sobre camada ou
horizonte C e que apresentam uma característica flúvico dentro de 150 cm de profundidade a
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partir da superfície do solo. Este tipo de solo é comum em toda região das caatingas ao longo
de cursos d`água, destacando-se as áreas ribeirinhas dos rios São Francisco, Jaguaribe,
Gurguéia, Canindé, Piauí, Acaraú e Açu.

4.3.4 NEOSSOLOS REGOLÍTICOS


Solos com expessura maior do que 50 cm queapresenta: presença de 4% ou mais de
minerais primários alteráveis (ex: olivina, piroxênio, muscovita) na fração areia e/ou cascalho,
5% ou mais do volume do horizonte com fragmentos formados por restos da estrutura da
rocha que originou o solo. Nas edições anteriores do SiBCS, esse grupo era chamada de
Regossolos. Pode ser encontrado na região do semiárido do Nordeste e nas regiões serranas
interioranas de São Paulo e Minas Gerais.

4.3.5 NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS


Solos sem contato lítico dentro de 50 cm de profundidade, apresentando textura
arenosa ou areia franca em todos os horizontes até, no mínimo, 150 cm a partir da superfície
do solo. São fundamentalmente quartzosos, apresentando na fração areia, 95% ou mais de
quartzo, e praticamente ausência de minerais primários alteráveis. Anteriormente, essa classe
era chamada de Areias Quartzosas.

4.4 SOLO SALINO

4.4.1 SOLOS SALINOS: CARACTERÍSTICAS.


Os solos salinos têm predominância nas regiões áridas e semiáridas, por causa das
condições climáticas. São classificados em função do Ph, condutividade elétrica do extrato de
saturação (CEe) e porcentagem de sódio trocável (PST), Sendo assim, o solo salino tem pH <
8,5, CEe > 4,0 mmhos/cm e PST < 15.
O excesso de sais de sódio, traz elevados prejuízos às propriedades físicas e químicas
do solo. O efeito mais facilmente observado da salinidade sobre as plantas é a redução no
crescimento em razão dos desequilíbrios nutricionais e como consequência na produção
(FERREIRA et al., 2001). Entretanto, a concentração de sais que determinam essa redução
varia de acordo com a espécie, podendo esse fato estar relacionado com a tolerância de cada
espécie à salinidade.

4.4.2 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS:


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Os efeitos da salinidade no desenvolvimento vegetal vêm de alterações nas suas


propriedades. Em relação às propriedades químicas, quando se tem o aumento das
concentrações de sais e sódio trocável, ocasiona a redução de sua fertilidade, contaminação do
lençol freático e das reservas hídricas subterrâneas e, em longos períodos, pode levar até a
desertificação.

4.4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:


A salinidade afeta também as propriedades físicas do solo, ocasionando uma
desestruturação, aumento da densidade e redução das taxas de infiltração de água no solo pelo
excesso de íons sódico. Deste modo, o sódio aumenta a espessura da dupla camada iônica,
esse efeito se caracteriza pela expansão da argila quando umedecida e a concentração quando
seca. Portanto, com o excesso de sódio na solução do solo, isto vem a ocasionar a dispersão
da argila e, desta forma, origina uma camada concentrada que dificulta o crescimento,
respiração, expansão radicular, além da absorção de água e fixação de CO2 pela planta.

4.4.4 MECANISMO DE TOLERÂNCIA:

Algumas espécies vegetais apresentam mecanismos que lhes permitem sobreviver em


ambientes altamente salinos. A sobrevivência nestes ambientes pode resultar em processos
adaptativos que envolvem absorção, transporte e distribuição de íons em vários órgãos da
planta (FARIAS et al., 2009).
Por exemplo, as plantas halófitas que apresentam capacidade de acumular elevadas
quantidades de sais em seus tecidos, extraindo do solo e sendo também utilizada na
fitorremediação. Além disso, uma das estratégias utilizadas pelas plantas é a extrusão do Na+
para a solução do solo retirando o cátion da planta e a expulsão do NA+ de alguns tecidos,
especialmente o xilema, como forma de evitar o acúmulo do cátion no limbo foliar,
minimizando os efeitos deletérios da salinidade sobre o metabolismo foliar, em especial sobre
o processo fotossintético.
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6. CONCLUSÕES

Diante do exposto no presente trabalho, conclui-se que o solo é um corpo natural de


grande variedade, divididas por suas particularidades. Distante do que se observa no senso
comum, um solo não pode ser classificado apenas sua cor e consistência, pois fatores como: o
local, o clima, o material de origem, a profundidade, os minerais etc. são critérios essenciais
para estudar e analisar sua classificação e subordem. Além disso, observa-se que graças a
essas propriedades o solo pode ser usado de diversas formas em favor das atividades
humanas, tornando-se um corpo natural essencial para a manutenção da vida. Vale salientar
que essa manutenção não se limita apenas as ações antropológicas e sim engloba todo o
equilíbrio dos ecossistemas devido a existência de microrganismos que realizam diversas
atividades metabólicas. Por fim, percebe-se a importância da edafologia como estudo
acadêmico por debruçar-se sobre essas características e analisá-las a fundo.
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7. REFERÊNCIAS

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