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CIÊNCIAS DOS SOLOS III

CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
Agronomia – campus Cuiabá - MT
Professor: José Fernando Scaramuzza
UFMT – FAAZ – DSER
Aula 2: Por que e para que classificar os solos?
Necessidade inata de ordem. O ato de grupar as percepções está na base da própria
conservação da vida.
Ingestão de plantas venenosas por um animal, ou de alimento estragado pelo homem,
representam identificações errôneas.
CLASSIFICAÇÃO:
 Serve para organizar nossos conhecimentos a respeito dos objetos de tal maneira que as
propriedades deles possam ser relembradas e as relações entre eles entendidas (Cline,
1949).
 É a expressão do processo de conhecimentos ganhos. É um contínuo exercício de seleção
(abstração), cujo erros tendem a ser corrigidos, em algumas circunstâncias, por dolorosos
insucessos!
 ASPECTOS IMPORTANTES
 Reconhecimento e definição de grupos (terra mista, terra fraca e terra de cultura).
 Predições: Latossolo Amarelo, baixo teor de Fe2O3, caulinítico, goethítico, coeso, adensado.
 Logo: é pobre em nutrientes, tem topografia suave e é um ambiente
conservador de nutrientes.
 Solos pobres em Fe2O3 e em gibbsita terão maior organização microscópica,
favorecendo o encrostamento e camadas compactas.
 Menor infiltração e maior erosão laminar com grande probabilidade de arraste
de nutrientes concentrados nos primeiros centímetros.
 As operações de cultivo tendem a orientar as lâminas de argila, implicando num
maior cuidado no preparo e cultivo destes solos (manutenção da MOS nestes
sistemas).
 Reflexo do conhecimento (processo de aperfeiçoamento constante. Não é uma verdade
que se busca, mas um artifício criado pelo homem para realizar uma função).
 Relações custo – benefício.
 Estrutura lógica do ato de classificar (identificação é função de quem identifica). Pedra
Canga em Cuiabá - corpo duro que machuca o pé, material para piso de estrada, indícios de
flutuação do lençol freático na região.

ATRIBUTOS DE SOLO USADOS COMO CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS NA CLASSIFICAÇÃO


• Na classificação de solos objetiva-se o grupamento de coisas que devem estar
juntas, por terem um número máximo de propriedades comuns.

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Sistema hierárquico de classificação
• No de informações em VI > do que em
I.
• No de atributos comuns em LA álico A
moderado textura argilosa relevo
suave ondulado fase caatinga
hipoxerófila é muito maior do que
entre os Latossolos Amarelos.
• 1, 2, 3, 4, ,5 e 6 são características
diferenciais.

SISTEMA HIERÁRQUICO DE CLASSIFICAÇÃO


• A definição de cada grupo deve ter, quando possível, o mesmo significado para todo o
mundo;
• Latossolo com alto teor de Fe2O3 (qual é o limite?): qual foi o extrator utilizado?
• A taxonomia deve ser multicategórica:
LATOSSOLO,
LATOSSOLO VERMELHO,
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico,
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico.
• As classes devem se referir a solos que ocupam áreas geográficas: Evitar uma pré-
classificação de solos não conhecidos.
• As características diferenciais devem ser propriedades do solo mensuráreis no
campo: teor de Fe2O3, material de origem, cor, clima, imã, limalhas de ferro,
estrutura “pó de café” etc.
• A taxonomia deve ser modificável: É um reflexo do conhecimento.
• As características diferenciais devem permanecer constantes após o uso agrícola:
Aceitas características que refletem efeito cumulativo de vários séculos.
• A taxonomia deve prover classes para todos os solos da paisagem. Solos formam
um continuum: É mais apropriado segmentar-se este continuum.

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• A classificação deve incluir todos os solos do mundo. As classificações consideram
apenas os países onde foram elaboradas. A inclusão de solos de outros países
facilitaria obter-se uma melhor visão de conjunto
• Transferência de conhecimento: Mapa de solos da FAO/UNESCO (1974).

TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES
• Natural ou taxonômica
objetivo: Servir aos levantamentos de solos, visa organizar o conhecimento;
considera todos os atributos conhecidos
• Técnica ou interpretativa
objetivo: Servir para avaliar um problema específico; considera apenas os atributos
pertinentes ao problema (terras para irrigação, capacidade de uso das terras,
aptidão agrícola das terras, etc.)
O solo que classificamos é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes
sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e
orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso
planeta, contêm matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e,
eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas.
Quando examinados a partir da superfície, consistem de seções aproximadamente
paralelas, organizadas em camadas e/ou horizontes que se distinguem do material de origem
inicial, como resultado de transformações, adições, perdas e translocações de energia e
matéria, que ocorrem ao longo do tempo e sob a influência dos fatores clima, organismos e
relevo. Os horizontes são resultantes dos processos de formação do solo a partir do
intemperismo do substrato rochoso ou de sedimentos de natureza diversa, As camadas, por
sua vez, são pouco ou nada afetadas pelos processos pedogenéticos, mantendo, em maior ou
menor proporção as características do material de origem.
O termo anisotropia (ani: não, iso: igual, tropia: volta) se refere a característica que uma
substância possui em que uma certa propriedade física varia com a direção. Ou seja, é a
diferença nas propriedades de um objeto em diferentes direções. Estudos indicam que a
anisotropia no solo é causada pela combinação de certos fatores que podem mudar com o
tempo, como fraturas nas rochas, camadas sedimentares, distribuição mineral heterogênea,
presença de poros ou buracos. Quando comparado com o material de origem, a medida em
que os solos evoluem (tornam-se velhos) a anisotropia aumenta consideravelmente.
Nas condições de clima tropical úmido, prevalecentes no Brasil, a expressão da atividade
biológica e os processos pedogenéticos comumente ultrapassam profundidades maiores que
200 cm. Nestes casos, principalmente por questões práticas de execução de trabalhos de
campo, o limite inferior do solo que classificamos é arbitrariamente fixado em 200 cm, exceto
quando:
1. O horizonte A exceder 150 cm de espessura. Neste caso, o limite arbitrado é de 300
cm; ou
2. O horizonte E estiver presente no sequum, cuja espessura somada à do horizonte A
seja igual ou maior que 200 cm. Neste caso, o limite arbitrado é de 400 cm.

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