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Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Curso Lic. em Geografia – UNEAD - semestre 2022.1

CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES FÍSICAS


DOS SOLOS

OU

MORFOLOGIA DO SOLO
MORFOLOGIA DO SOLO O que é?
O estudo da aparência do solo no meio ambiente natural” (LEPSCH,
2002);

Descrição da aparência segundo as características visíveis a olho nu ou


prontamente perceptíveis.

São as características de um solo em todas as sua partes internas e


externas;

Baseia-se no exame da constituição física de um perfil de solo a partir


da descrição de suas propriedades
(LEPSCH, 2002)
Essas anatomias pedológicas são o resultado da história da
evolução e também da dinâmica atual;

Permite fazer inferências sobre vários dos atributos físicos,


químicos e biológicos do solo, bem como fazer interpretações
relacionadas ao seu uso e manejo.

Essa caracterização é feita pela descrição das características


morfológicas, que são propriedades macroscópicas, facilmente
perceptíveis pela visão e pelo tato.

Foi introduzida na ciência do solo a partir do momento que este


passou a ser considerarado um corpo natural dinâmico
representado pelo PEDON.
 O conjunto de características constitui-se a base fundamental
para identificação do solo;

Essas características refletem a constitução do solo e as condições


sob os quais ele foi formado, o que permite fazer inferências sobre
os processo pedogenéticos e as condições ambientais, bem como
interpretar o comportamento das plantas e as respostas do solo face
ao manejo.

 A identificação em campo deverá ser completada com as análise


de laboratórios;
KER, et al, 2012.
PERFIL
 É a unidade de descrição e de exame de solos no seu ambiente
natural;

 Compreende os horizontes pedogenéticos identificados, contidos


numa seção vertical, desde a superfície do terreno até uma profundidade
de 2 metros ou até o material de origem.

 ou até o aparecimento de rocha em fase inicial de decomposição, ou


não, caso esta ocorra numa profundidade menor que 2 metros (ou até o
aparecimento de horizonte diagnóstico, caso este esteja a uma
profundidade maior que 2 metros).
HORIZONTES DIAGNÓSTICOS: superficiais e subsuperficias

Fonte: https://boaspraticasagronomicas.com.br/artigos/tipos-de-solo/
http://www.meioambiente.pro.br/arpoador
 Os solos tropicais, em geral, apresentam perfis mais profundos
do que os solos de regiões temperadas;

 Alguns solos tropicais possuem espessura superior a 2 metros de


profundidade, porém, em geral, não apresentam variações evidentes
de seus constituintes a partir de 2 metros, no horizonte principal B.

 O perfil de solo pode ser examinado ao longo de cortes de


estradas ou em trincheiras abertas especificamente para descrição,
exame e coleta de amostras de solo (EMBRAPA, 1979).
Bacia Hidrográfica do Rio
Santarém– Litoral Norte –BA.

Foto: Mario, 2010.


Perfil de solo
coletado em
corte de estrada

Foto: Pacheco, 2010. www.escola.agrarias.ufpr.br/perfildosolo.html


Abertuta de trincheira, descrição e coleta
de solo em Campo

Foto: Jucélia Pacheco, 2016.

Perfil P3.1 – ARGISSOLO AMARELO Distrófico


abrúptico.
Bacia hidrográfica do Riacho Natuba-Nova
Soure-BA, 2016
Foto: Jucélia Pacheco, 2016.
Abertura de uma trincheira para coletar um PERFIL de solo

HORIZONTES

A 0 – 03 cm

AC 3 – 20 cm

C 20 – 30 cm

Bt 30 – 50+ cm

Classe de solo: PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico tipico


Foto: Pacheco, 2016
Bacia hidrográfica do Riacho Natuba-Nova Soure-BA.
Perfil de solo
coletado em
corte de estrada

Bacia hidrográfica do Riacho Natuba-Nova


Soure-BA, 2016
CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS NA DESCRIÇÃO
MORFOLÓGICA DO PERFIL:

• COR
• TEXTURA
• ESTRUTURA
• CONSISTÊNCIA
• ESPESSURA DOS HORIZONTES

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COR

A cor é uma das mais importantes características do


solo;

 Importante na identificação e delimitação dos


horizontes;

 Utilizada para identificar e descrever os solos no


campo - diferencial para muitas classes de solos nos
sistemas de classificação.
Exemplos:
•cor escura → costuma indicar altos teores de restos
orgânicos;

• cor vermelha → solos bem drenados e com altos teores


de óxidos de ferro;

•tons cinza com pequenas manchas → excesso de água


no perfil.
Óxidos de ferro (hematita) → cores vermelhas a
avermelhadas, (goethita) → cores brunadas e
amareladas;

• Óxidos de manganês→ cor preta;

• Carbonato de cálcio→ cores esbranquiçadas.

• Textura arenosa necessita de menor quantidade de


pigmento para apresentar determinada cor do que
textura fina → superfície específica menor.
• Matéria orgânica e os óxidos de ferro - principais
agentes responsáveis pela cor dos solos.

• A cor do solo é determinada pela comparação visual


utilizando a carta de Munsell, determinando-se:

• Matiz (comprimento de onda da luz)


• Valor (brilho ou tonalidade)
• Croma (intensidade ou pureza da cor em relação ao
cinza).
Elementos básicos que compõem uma determinada cor:
Tabela de cores de Münsell”

• Matiz – cor pura (proporção de amarelo e vermelho)

• Valor – medida do grau de claridade da luz ou tons de


cinza presentes (entre o branco e preto) variando de 0
(preto absoluto) a 10 (branco puro);

• Croma – proporção da mistura da cor fundamental com


a tonalidade de cinza, variando de 0 a10.
Os matizes usados estão entre:

R (de Red = vermelho), significando 100% (dessa cor);

Y (de Yellow = amarelo), significando 100%;

YR (de Yellow - Red = vermelho-amarelo), significando


uma mistura de 50% de vermelho e 50% de amarelo.
TEXTURA

Proporção relativa das frações areia, silte e argila –


Classe textural

Classes correspondentes do
Textura das terras
diagrama triangular de textura

Arenosa
Grosseira ou ligeira Areno-franca
Franco-arenosa
Franca
Média Franco-limosa
Franco-argilo-arenosa
Franco-argilo-limosa
Franco-argilosa
Fina ou pesada Argilo-arenosa
Argilo-limosa
20
Argilosa
TEXTURA

21
22
Fonte:
Fonte:Lepsch,
Lepsch,2002.
2002.
A textura pode ser determinada por:

 análise mecânica granulométrica ou textural (em


laboratório);

 ou manualmente (textura de campo).

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 textura grosseira ou ligeira - refere-se a terras leves,
fáceis de trabalhar, em que a areia é dominante (mais de
70%);

 com este tipo de solos não é possível formar


filamentos com a terra úmida quando rodada entre as
mãos.
 textura média - refere-se a solos em que os teores de
argila e limo (ou só um deles) já são significativos:

 são solos ainda fáceis de trabalhar, podendo formar-


se filamentos com a terra úmida, mas não argilosas
sem os filamentos quebrarem.

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 Textura fina ou pesada - compreende as terras com
maiores teores de argila e de limo sendo mais difíceis
de trabalhar;

 os filamentos dobram-se facilmente em argola sem


partir.

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 A presença de matéria orgânica e de calcário
(carbonato de cálcio ou magnésio) podem alterar a
textura do solo;

 O termo humífera é colocado depois da designação


textural;

 quando os teores de matéria orgânica se situam


entre 5 e 10% (solos de textura ligeira)

 ou 7 e 15% (solos de textura fina). 27


TRIÂNGULO DE TEXTURA

LEPSCH, 2002
ESTRUTURA

Agregação das partículas primárias do solo em


unidades estruturais composta. Refere-se ao
tamanho, forma e estabilidade dos agregados.

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LEPSCH, 2002
 Esta característica exerce influência na aerificação e
na capacidade de retenção e, consequentemente na
fertilidade do solo;

 Um solo em que a circulação da água e do ar seja


facilitada permite o transporte de nutrientes
dissolvidos, essenciais às plantas, assim como a
respiração da fauna e da flora.

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Porosidade
Cerosidade
Consistência

• Intervalo entre uma e outra partícula sólida.

• Aspecto brilhoso (encerado) na superfície das


estruturas;

• Força física de coesão e adesão entre as partículas


do solo (seco, úmido e molhado);

• Espessura e arranjamento dos horizontes;

• Transição entre os horizontes. 31


POROSIDADE

Fonte: Venturi, 2011.


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 A consistência do solo normalmente é determinada em
três estados de umidade :

a) Molhado – estima plasticidade e pegajosidade


a) Úmido - friabilidade
b) Seco - dureza ou tenacidade

Ex: Um torrão pode ser:


Friável – se desfaz sob leve pressão entre o polegar e o
indicador
Firme – pressão moderada
Muito firme – dificilmente esmagável 33
PLASTICIDADE E PEGAJOSIDADE

É a consistência do solo quando molhado

•É determinada em amostra pulverizada


homogeneizada, com conteúdo de água ligeiramente
acima ou na capacidade de campo, tendo-se:

a) Plasticidade - é a propriedade que pode apresentar o


material do solo de mudar continuamente de forma, pela
ação da força aplicada, e de manter a forma imprimida,
quando cessa a ação da força. 34
Para determinação de campo da plasticidade, rola-se,
depois de amassado, o material do solo entre o
indicador e o polegar e observa-se se pode ser feito
ou modelado um fio ou cilindro fino de solo, com
cerca de 4cm de comprimento, conforme figura
abaixo:

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IBGE, 2007
O grau de resistência à deformação é expresso da
seguinte forma:

• Não plástica - nenhum fio ou cilindro fino se forma;


• Ligeiramente plástica - forma-se um fio de 6mm de
diâmetro e não se forma um fio ou cilindro de 4mm;
• Plástica - forma-se um fio de 4mm de diâmetro e não
se forma um fio ou cilindro de 2mm e;
• Muito plástica - forma-se um fio de 2mm de diâmetro,
que suporta seu próprio peso.
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b) Pegajosidade - é a propriedade que pode apresentar
a massa do solo de aderir a outros objetos.

Para avaliação de campo, a massa do solo quando


molhada e homogeneizada é comprimida entre o
indicador e o polegar, e a aderência é então observada.

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IBGE, 2007
Os graus de pegajosidade são descritos da seguinte
forma:

Não pegajosa - após cessar a pressão não se verifica,


praticamente, nenhuma aderência da massa ao polegar
e/ou indicador;

Ligeiramente pegajosa - após cessar a pressão, o


material adere a ambos os dedos, mas desprende-se de
um deles perfeitamente. Não há apreciável esticamento
ou alongamento quando os dedos são afastados;
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Pegajosa - após cessar a compressão, o material adere
a ambos os dedos e, quando estes são afastados, tende
a alongar-se um pouco e romper-se, ao invés de
desprender-se de qualquer um dos dedos;

Muito pegajosa - após a compressão, o material adere


fortemente a ambos os dedos e alonga-se
perceptivelmente quando eles são afastados.

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PERFIL DE SOLO NO CAMPO

Trincheira

Trado holandês

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Oliveira, 2011.
BIBLIOGRAFIA

LEPSCH, Igor. Formação e Conservação do solo. Oficina de Textos, 2002

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