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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – IH


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - GEA

SOLOS
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(evolução do Sistema Americano)
“Nas condições de clima tropical úmido
prevalecentes no Brasil, a atividade biológica e
os processos pedogenéticos comumente
ultrapassam profundidades maiores que
200cm. Nestes casos, por questões práticas de
execução de trabalhos de campo,
principalmente, o limite inferior do solo que
classificamos é arbitrariamente fixado em
200cm. ”(EMBRAPA, 2006)
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

LATOSSOLOS
“São solos muito intemperizados, profundos e de boa drenagem. Apresentam a
sequência de horizontes A-Bw-C. Caracterizam-se por grande homogeneidade de
características ao longo do perfil, mineralogia da fração argila predominantemente
caulinítica ou caulinítica-oxídica, e praticamente ausência de minerais primários de fácil
intemperização.”
Bw: avançado estágio de intemperização, alteração quase completa dos minerais
primários menos resistentes ao intemperismo e/ou de minerais de argila 2:1, seguida de
intensa dessilicificação, lixiviação de bases e concentração residual de sesquióxidos,
argila do tipo 1:1 e minerais primários resistentes ao intemperismo. Em geral, é
constituído por quantidades variáveis de óxidos de ferro e de alumínio, minerais de argila
1:1, quartzo e outros minerais mais resistentes ao intemperismo, podendo haver a
predominância de quaisquer desses materiais. baixos teores de silte. “IBGE,2007.
LATOSSOLOS
Solos minerais, não hidromórficos
Processos pedogenéticos: perdas (lixiviação das bases)
Avançado estágio de intemperização
extrema remoção de sílica e bases (cálcio, magnésio,
potássio e sódio)

LV LVA

Fonte:EMBRAPA, 1999. Fonte:EMBRAPA, 1999.


Bw

Fonte: Adaptação de MACEDO & BRYANT (1987).


Fonte: LEPSCH, 1982
LATOSSOLOS

AUMENTO DO GRAU DE INTEMPERIZAÇÃO


MICROESTRUTURA
MICROAGREGADOS

Solos bem drenados

quartzo Matriz do solo: caulinita, gibbsita,


óxido de ferro

PERMEABILIDADE
Fonte: Adaptação de MACEDO & BRYANT(1987.)

O,5mm Fonte: GOMES et al. (2004)


LATOSSOLOS
DISTRIBUIÇÃO DOS SOLOS EM TOPOSSEQUÊNCIA

Fonte: GOMES et al. (2004)


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

ARGISSOLOS

“Os solos desta classe têm como característica marcante um aumento de argila do
horizonte superficial A para o Subsuperficial B que é do tipo textural (Bt),geralmente
acompanhado de boa diferenciação também de cores e outras características. As cores
do horizonte Bt variam de acinzentadas a avermelhadas e as do horizonte A, são
sempre mais escurecidas. A profundidade dos solos é variável, mas em geral são pouco
profundos e profundos. São juntamente com os Latossolos, os solos mais expressivos
do Brasil, sendo verificados em praticamente todas as regiões.”IBGE, 2007.
ARGISSOLOS

Argissolo – argi (derivado de argila)


- acúmulo de argila no horizonte B (translocação)

TRANSLOCAÇÃO: ocorre quando o material se desloca de


um horizonte para outro, sem abandonar o perfil. Ex:
eluviação/iluviação.

cerosidade

Foto: Raffaella Rossetto.


ARGISSOLOS
Aumento da fração argila no horizonte Bt –
Descontinuidade textural
Redução da permeabilidade
Risco - erosão

Fonte: M. R. COELHO, P. VIDAL-TORRADO & F. S. B. LADEIRA.

http://www.pedologiafacil.com.br/curiosidade.php
Microestrutura do horizonte Bt
Lâmina Delgada de Bt Revestimento de argila iluvial preenchendo
poros

http://www.uc.pt/fluc/cegot/VISLAGF/actas/tema3/a_soares

Cerosidade: São concentração de material


inorgânico, na forma de preenchimento de
poros ou de revestimentos de unidades
estruturais (agregados ou peds) ou de
partículas de frações grosseiras (grãos de areia,
por exemplo), que se apresentam em nível
macromorfológico com aspecto lustroso e
brilho graxo
Fonte: COOPER,M; VIDAL-TORRADO
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

NITOSSOLOS (N)
“Trata-se de uma ordem caracterizada pela presença de um horizonte B nítico, que é um
horizonte subsuperficial com moderado ou forte desenvolvimento estrutural do tipo prismas ou
blocos e com a superfície dos agregados reluzentes, relacionadas a cerosidade ou superfícies de
compressão. Tem textura argilosa ou muito argilosa e a diferença textural é inexpressiva.” IBGE,
2007.

“Não apresentarem gradiente textural elevado (diferença significativa de argila do horizonte A


para o B.”
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_98_10112005101957.html
.
NITOSSOLOS

Cerosidade comum e abundante do horizonte


B nítico do Nitossolo Vermelho.
(argila de baixa atividade)

Bt: estrutura em blocos ou prismática

http://www.pedologiafacil.com.br/enquetes/enq36.php
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

NEOSSOLO QUARTZARÊNICO – (RQ)

São comuns na região litorânea e em alguns estados do


Nordeste, ocupam também grandes concentrações em
alguns estados do Centro-Oeste e Norte, como Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO - RQ
Solos arenosos (quartzosos) com drenagem
acentuada. A - C
A

C A

Fonte:RESENDE,1999.

C
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO - RQ

Foto :Tony Jarbas F. Cunha ,2010


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

NEOSSOLO LITÓLICO (RL)

Solos constituídos por material mineral ou material orgânico


pouco espesso (menos de 30 cm de espessura), sem
apresentar qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.
NEOSSOLO LITÓLICO

Ambiente
de
formação

Fonte: LEPSCH, 1982


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

NEOSSOLO FLÚVICO (RY)

“Sedimentos aluviais com horizonte A assentado sobre horizonte C


constituído de camadas estratificadas sem relações pedogenéticas
entre os estratos. As camadas apresentam espessura e granulometria
bastante diversificadas, tanto no sentido vertical quanto horizontal dos
perfis de solo, devido à heterogeneidade de deposição do material
originário.”IBGE, 2007.
NEOSSOLO FLÚVICO

PLANÍCIE ALUVIAL

Fonte: LEPSCH, 1982 Fonte:RESENDE,1999


http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-48222007000300010
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (RR)

Solos com horizonte A sobrejacente a horizonte C ou


Cr e contato lítico a uma profundidade maior que 50
cm; admite horizonte Bi com menos de 10cm de
Espessura.
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

CAMBISSOLOS (C)
Solos constituídos por
material mineral com
horizonte B incipiente
A
Bi

Autor: Inara O. Barbosa.


TOPOSSEQUÊNCIA/DF

Autora: Inara O. Barbosa.


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

GLEISSOLOS (G)
“Solos característicos de áreas alagadas ou sujeitas a alagamento (margens de rios, ilhas,
grandes planícies, etc. Ocorrem em praticamente todas as regiões brasileiras, ocupando
principalmente as planícies de inundação de rios e córregos. Apresentam cores
acinzentadas, azuladas ou esverdeadas e horizontes A – B.”

“Horizonte glei: Têm coloração preta, cinzenta muito escura ou marrom e apresentam
elevados teores de carbono orgânico. têm ocorrência em regiões baixas ou alagadas,
geralmente planícies de inundação de rios e córregos e áreas deprimidas. É um horizonte
mineral subsuperficial ou eventualmente superficial, com espessura de 15cm ou mais,
caracterizado por redução de ferro e prevalência do estado reduzido, no todo ou em
parte, devido principalmente à água estagnada, como evidenciado por cores neutras ou
próximas de neutras na matriz do horizonte, com ou sem mosqueados de cores mais
vivas. Trata-se de horizonte fortemente influenciado pelo lençol freático e regime de
umidade redutor, virtualmente livre de oxigênio dissolvido em razão da saturação por
água durante todo o ano, ou pelo menos por um longo período, associado à demanda de
oxigênio pela atividade biológica.”
GLEISSOLOS
“Horizonte glei: Têm coloração preta, cinzenta
muito escura ou marrom e apresentam
elevados teores de carbono orgânico. têm
ocorrência em regiões baixas ou alagadas,
geralmente planícies de inundação de rios e
córregos e áreas deprimidas. É um horizonte
mineral subsuperficial ou eventualmente
superficial, com espessura de 15cm ou mais,
caracterizado por redução de ferro e
prevalência do estado reduzido, no todo ou em
parte, devido principalmente à água
A estagnada, como evidenciado por cores
neutras ou próximas de neutras na matriz do
horizonte, com ou sem mosqueados de cores
B mais vivas. Trata-se de horizonte fortemente
influenciado pelo lençol freático e regime de
umidade redutor, virtualmente livre de
oxigênio dissolvido em razão da saturação por
água durante todo o ano, ou pelo menos por
um longo período, associado à demanda de
oxigênio pela atividade biológica.”
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

LUVISSOLOS (T)
São solos de profundidade mediana, com cores desde vermelhas a acinzentadas, horizonte B
textural ou nítico abaixo de horizonte A fraco, moderado ou horizonte E, argila de atividade
alta e alta saturação por bases.

Distribuem-se por boa parte do território brasileiro, com maior expressividade em regiões
como o semi-árido nordestino (antigos Bruno Não-Cálcicos) Região Sul (antigos Podzólicos
Bruno Acinzentados eutrófi cos) e mesmo na região Amazônica, Estado do Acre (antigos
Podzólicos Vermelho-Amarelos e Vermelho-Escuros eutrófi cos com argila de atividade
alta).
LUVISSOLOS
Elevada quantidade de nutrientes e acúmulo de argila no horizonte B.
Ricos em bases, Bt, correspondendo aos Brunos não Cálcicos, Podzólicos Vermelho-Amarelos
Eutróficos e similares . Solos minerais, não hidromórficos, com argila de alta atividade

http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/2004/11.12.14.42/doc/2
347.pdf
Fonte: EMBRAPA, 1999
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

PLANOSSOLOS (S)
Solo mineral, mal drenado, com horizonte B plânico (Bt – compacto).
Apresenta argila 2:1 e contraste textural, estrutura prismática, presença de sódio
Restrição à permeabilidade

Caracterizam-se pela ocorrência de mudança textural abrupta entre o horizonte ou


horizontes superficiais (A e/ou E) e o subsuperficial (plânico). São imperfeitamente ou mal
drenados. Além da textura, outras características como estrutura, porosidade,
permeabilidade e muitas vezes cores, são também bastante contrastantes entre o A e/ou E
e o B. Têm ocorrência expressiva no Nordeste brasileiro, no Pantanal Mato-grossense e no
sul do Rio Grande do Sul, onde são muito explorados com arroz e pastagens.
PLANOSSOLO

http://2.bp.blogspot.com/-
NeYuQSWXv8o/TasEY5NaO2I/AAAAAAAAALQ/lyy2dptnkSI/s1600/DSCF5765.JPG
Ambiente de Formação - Depressões
(restrição à saída de água)

Fonte: LEPSCH, 1982


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

VERTISSOLOS (V)
Solos com seqüência de horizontes A-C com propriedades provenientes de argilas
expansíveis (2:1). São solos compostos por material mineral com horizonte vértico entre
25 e 10 cm de profundidade. São pouco intemperizados, originados de rochas básicas
ricas em cálcio. Variam de pouco profundos a profundos com ocorrência de solos rasos.
muito jovens e muito poucos intemperizados. Evoluem em relevo plano.

Fonte: LEPSCH, 2002.


VERTISSOLOS

fendas no perfil, como


conseqüência da
expansão e contração do
material argiloso

http://www.pedologiafacil.com.br/enquetes
/enq41.php

Eduardo Guimarães Couto


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

PLINTOSSOLOS (FF)
Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico ou litoplíntico ou
concrecionário.
O horizonte plíntico se forma em terrenos com lençol freático alto ou que pelo menos apresente
restrição temporária à percolação da água. Regiões de clima quente e úmido, com relevo plano
a suave ondulado, de áreas baixas como depressões, baixadas, terços inferiores de encostas e
áreas de surgente das regiões quente e úmidas favorecem o desenvolvimento de horizonte
plíntico, por permitir que o terreno permaneça saturado com água, pelo menos, uma parte do
ano e sujeito a flutuações do lençol freático. É um horizonte mineral B e/ou C que apresenta um
arranjamento de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas, com ou sem cores amareladas ou
brunadas, formando um padrão reticulado, poligonal ou laminar.

O horizonte plíntico caracteriza-se pela


presença de plintita em quantidade igual
ou superior a 15% (por volume) e espessura de
pelo menos 15cm
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

PLINTOSSOLOS

PLINTITA: É uma formação constituída da mistura


de material de argila, pobre em carbono orgânico
e rica em ferro, ou ferro e alumínio, com grãos de
quartzo e outros minerais. A plintita não
endurece irreversivelmente como resultado de
um único ciclo de umedecimento e secagem.

pedologiafacil.com.br
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

CHERNOSSOLOS (M)
Solos minerais de pequena e mediana espessuras, que se caracterizam pela presença
de um horizonte superficial A do tipo chernozêmico (teores consideráveis de matéria
orgânica, cores escurecidas e boa fertilidade), sobre horizontes subsuperficiais
avermelhados ou escurecidos com argila de alta atividade. argila de alta atividade e alta
saturação de bases. Ocorrem em várias regiões do Brasil, mas têm concentração
expressiva na região da Campanha Gaúcha (Ebânicos)

Horizonte A Chernozêmico: É um horizonte mineral superficial, relativamente espesso,


de cor escura, com alta saturação por bases.
A espessura, do A, incluindo horizontes transicionais, tais como AB, AE ou AC é 18cm no
mínimo e mais que um terço da espessura do solum, ou mais que um terço da
espessura dos horizontes A+C caso não ocorra B, se estas forem inferiores a 75cm; ou
25cm no mínimo, se o solo tiver 75cm ou mais de espessura.
CHERNOSSOLOS

Manual Técnico de Pedologia


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

ORGANOSSOLOS (O)
Solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico proveniente de acumulação de restos
vegetais em grau variado de decomposição, em ambientes mal a muito mal drenados ou úmidos
de altitude elevada, que ficam saturados com água por poucos dias no período chuvoso.

-Horizonte hístico – acúmulo de MO (0,2kg/kg de solo )

-várzeas: ambientes muito mal drenados


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
Organossolo
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

PODZOL
É um tipo de solo típico de Florestas Coníferas ou Floresta Boreal. Esse tipo de solo
é encontrado em regiões frias e úmidas, como naRússia e no Canadá (Ontário).

http://www.sandakanrfp.sabah.gov.my
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

Regiões do Ártico
PALEOSSOLOS

Paleopedologia é o estudo de solos antigos, tendo por objeto solos soterrados


e,ou, incorporados a sequências sedimentares, ou ainda solos desenvolvidos em
superfícies de relevo pretéritas (Andreis, 1981) e que, embora mantidos em
superfície e influenciados por mudanças ambientais posteriores
(Retallack,1990), evidenciam antigos ambientes e contêm registros a respeito de
clima, cobertura vegetal, formas de relevo, intensidade da pedogênese e taxas
de sedimentação vigentes durante sua formação (Wright, 1992; Kraus, 1992).

Feições diagnósticas de paleossolos: marcas de raízes


horizontes de solo
estruturas pedogenéticas Retallack (1990, 1997a)
EROSÃO

DEPOSIÇÃO

Fonte: Adaptação de CostaI; Helena PolivanovII; Maria da Glória Alves

MATERIAL
ALOCTONE
ANDREIS, R.R. Identificación e importancia geológica de los Paleosuelos. Porto Alegre,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1981. 67p.
KRAUS, M. Alluvial response to differential subsidence: Sedimentological analysis aided by
remote sensing, Wilwood Formation (Eocene), Bighorn Basin, Wyoming, USA. Sedimentology,
39:455-470, 1992.
LADEIRA, F. S.B. Solos do passado:origem e identificação Revista Brasileira de Ciências do Solo
RETALLACK, G. J. Soils of the past – An introdution to paleopedology. London, Unwin yman,
1990. 520p.
WRIGHT, V.P. Paleopedology: Strtigraphic relationship and empirical models. In: MARTINI, I.P. &
CHESWORTH, W., eds. Weathering, soils e paleosols. Amsterdan, Elsevier, 1992, p.475-499.

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