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Conceitos básicos em
mecânica dos solos
Abertura
Apresentação
Olá!
Deixe-me apresentar a disciplina que você está iniciando, Mecânica dos Solos e
Fundações. Se você ainda não está motivado, meu objetivo é, a partir de agora, abrir a
sua visão para estes assuntos tão importantes.
Esta disciplina vai proporcionar uma introdução geral a um dos tópicos mais relevantes
na prática diária da Engenharia Civil: O solo e a interação das edificações com ele.
Você desenvolverá em laboratório alguns dos principais ensaios de mecânica dos solos
e aprenderá na prática a interpretar um laudo de SPT.
Se você pretende atuar ou já atua no segmento de construção de edificações é muito
importante que você entenda bastante do material sobre o qual está edificando e
como ele reage frente às solicitações que lhe são impostas.
Por isso, vamos caminhar sobre este assunto do seguinte modo:
A UNIDADE 1 vai tratar do solo em si, apresentando uma definição muito importante e
que nos ajudará a entender como surgem as tensões e as deformações.
A UNIDADE 4 vai tratar das fundações rasas, especialmente as sapatas e também trará
noções do processo de projeto em fundações.
Espero que você tenha ficado animado. Este curso vai ser muito útil para o
desenvolvimento da sua carreira na Engenharia Civil
Fique atento e aproveite.
Apresentação do Professor
Formação acadêmica
Atuação profissional
Objetivos
Ao final do curso, espera-se que o acadêmico alcance os seguintes objetivos:
Caracterizar um solo significa reunir informações suficientes sobre ele a ponto de poder prever
o seu comportamento e correlaciona-lo ao de outros solos.
Todos os dias tem algum engenheiro ou engenheira de solos (os geotecnistas) aprendendo
algo novo sobre um tipo específico de solo da sua região.
Nesta unidade você vai poder aprender o conceito de solos do ponto de vista da Engenharia
Civil e, nas aulas práticas, que ocorrerão ao longo do semestre, analisar a sua composição
granulométrica. Através de ensaios simples de laboratório, vai aprender a determinar o estado
do solo e a influência que o teor de partículas finas exerce sobre o seu comportamento.
Dedique-se ao estudo deste tópico, consulte a bibliografia sugerida e assista aos vídeos
indicados, mas não se limite a eles. Vá além!
Objetivos
Espera-se que após concluir o estudo desta unidade e ter participado ativamente das aulas
práticas, você seja capaz de:
• Definir o que é solo do ponto de vista de Engenharia Civil ou da Geotecnia e como surgem as
tensões e deformações;
Conteúdo Programático
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O solo e a sua estrutura
Introdução
Para a solução dos problemas de Engenharia Civil que envolvem o solo, é necessário o
conhecimento de suas propriedades físicas, mecânicas, hidráulicas, através de ensaios e
técnicas especiais, pois não existe modelo matemático que exprima, de forma satisfatória, o
seu comportamento.
As teorias que explicam o comportamento do solo são elaboradas em bases físicas, modelos
reológicos e observações de campo, tendo algum cunho determinístico e outras,
probabilístico.
Uma das linhas de estudo tem se concentrado nas propriedades físico-químicas, nas forças
intergranulares, no efeito nos fluidos intersticiais para explicar os fenômenos de
comportamento do solo.
A crosta terrestre ou litosfera tem espessura média de 50 km e seu interior é formado por
rochas predominantemente basálticas e graníticas.
As rochas mais profundas da crosta terrestre se encontram intactas e são chamadas de rochas
sãs, já as rochas que se encontram próximas à superfície são fraturadas devido aos
intemperismos físico-químicos a que estão sujeitas.
O intemperismo gera sedimentos que poderão ser transportados por agentes da natureza,
como a água, e depositados em locais distantes de sua origem. Com o tempo esses sedimentos
podem sofrer alterações em sua composição inicial, originando solos diferentes.
O solo, material resultante dos processos de intemperismo, em seu estado natural, apresenta-
se composto por partículas sólidas, líquidas e gasosas. Quando ocorre a ação do intemperismo,
o solo pode ou não permanecer sobre a rocha que lhe deu origem.
Os solos que permanecem sobre a rocha de origem são chamados de solos residuais. Entre os
solos residuais e a rocha matriz, distinguem-se duas faixas: a primeira, sobre a rocha, é
chamada de rocha alterada ou decomposta e, a segunda, abaixo do solo, é chamada de solo de
alteração. A Figura 1 ilustra o perfil de um solo residual.
Quando os solos formados sobre a rocha matriz são removidos por um agente de transporte
qualquer, eles são denominados de solos transportados e classificados de acordo com o tipo
de agente transportador: aluvionare quando o agente for a água, eólico quando for o vento,
coluvionares quando for a gravidade e glacial quando for geleira.
Os solos finos apresentam partículas com diâmetros menores que 0,074 mm e formas
lamelares (em que duas dimensões são incomparavelmente maiores que a terceira) ou circular
(uma das dimensões prevalece sobre as outras duas).
A forma das partículas é determinada pelo seu mineral constituinte e o comportamento desses
solos fica determinado pelas forças de superfície (moleculares, elétricas e eletromagnéticas) e
pela água.
Existem escalas que representam os nomes dos solos juntamente com a dimensão que eles
representam, para fins de classificação. A Figura 2 apresenta duas escalas elaboradas por duas
instituições diferentes: a ABNT e o MIT.
O tamanho dos grãos permite subdividir os solos granulares em pedregulhos e areias. Estas
podem ainda ser subdivididas em areias grossas, médias e finas. Já os solos de granulação fina
podem ser subdivididos em siltes e argilas. As características que permitem identificar esses
diferentes solos são descritas e comentadas na próxima Seção.
Videoaula 1
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A forma de como estão dispostas as partículas dos solos é chamada de estrutura e é esta quem
proporciona a integridade do solo. Na formação da estrutura de um solo podem interferir dois
tipos de forças: as gravitacionais e as de ligação físico-químicas entre partículas. As forças
gravitacionais são diretamente dependentes das dimensões das partículas. Já as forças de
ligação físico-químicas dependem das forças atuantes na superfície dos grãos, da natureza da
superfície e do meio onde ocorrem.
A estrutura dos solos grossos varia entre uma estrutura fofa e uma estrutura compacta, pois a
forma dos grãos nesses solos apresenta-se esférica e uniforme (Figura 3 e 4). Essas estruturas
são chamadas de intergranulares e a força que prevalece é a de gravidade, ou seja, o peso
próprio dos grãos, devido ao processo de sedimentação.
Onde:
As argilas, por terem partículas de forma lamelar ou fibrilar, têm uma superfície específica alta
gerando forças de superfície preponderantes na formação estrutural desses solos (Figura 5).
A igualdade das forças de superfície não é suficiente para que os solos argilosos tenham
propriedades semelhantes, pois dois outros fatores interferem no problema: a natureza das
partículas e do meio onde ocorrem.
Constituição mineralógica
As partículas de um solo são resultantes da composição da rocha matriz devido aos processos
físicos e químicos de intemperismo. O quartzo, por exemplo, presente na maioria das rochas,
forma grão de siltes e areias com diâmetro equivalente superior a 0,005 mm, embora seja
muito resistente à desagregação.
Outros minerais, como feldspatos, gibsitas, calcitas e micas também podem ser encontrados
com diâmetro de 0,005 mm constituindo as partículas de siltes e areias nos solos.
O tamanho reduzido e a constituição mineralógica dessas partículas fazem com que elas
tenham um comportamento diferenciado em relação aos grãos de silte e areia.
Quanto à composição química das argilas, existem dois tipos de estruturas: uma de tetraedros
justapostos num plano, com átomos de silício ligados a quatro átomos de oxigênio (SiO4) e
uma outra de octaedros com átomo de alumínio circundados por oxigênio ou hidroxilas
[Al(OH)3]. Essas estruturas se ligam por meio de átomos de oxigênio que pertencem
simultaneamente a ambas.
A caulinita (Figura 6) apresenta minerais-argila formados por uma camada tetraédrica e uma
octaédrica (estrutura 1:1) com espessura da ordem de 7 Å (1 Angstrom = 10-10 m). As ligações
de hidrogênio ligam as camadas (íons de O2+ da estrutura tetraédrica se ligam com a OH-- da
estrutura octaédrica) e impedem que elas se separam e que moléculas de água se introduzem
entre elas. A partícula resultante fica com espessura da ordem de 1.000 Å e dimensão
longitudinal de 10.000 Å.
Constituição mineralógica
As ligações entre as camadas se fazem por íons de oxigênio dos arranjos tetraédricos que são
mais fracos do que as ligações entre as camadas de caulinita. Como as camadas ficam livres, as
partículas apresentam estrutura da própria camada estrutural, ou seja, 10 Å e a dimensão
longitudinal fica reduzida a Å, pois as placas se quebram por flexão.
Figura 7 - Estrutura simbólica de minerais com camadas 2:1; (a) esmectita com duas camadas
de moléculas de água, (b) ilita
Sistema água-solo
A primeira envolve a partícula sendo fortemente atraída por ligações, ainda não muito bem
esclarecidas, necessitando de temperatura acima de 100 °C para ser removida. Essa força de
atração diminui com o aumento da distância entre partículas.
A segunda refere-se à água livre existente nos vazios do solo não sendo afetada por forças de
atração e seguindo as leis da hidrodinâmica. Num material granular toda água existente é água
livre, enquanto num solo argiloso saturado mais de 50 % da água existente neste solo é
adsorvida.
Terzaghi (1925; 1936) sugeriu para os solos finos dois tipos de estruturas: a alveolar e a
floculada. Os solos, com partículas da ordem de 0,02 mm, apresentam estrutura alveolar em
que a força da gravidade e as forças de superfície quase se equivalem.
As partículas sedimentando em água ou em ar tendem a aderir-se formando uma estrutura
conforme ilustra a Figura 9.
Na estrutura flocular, as partículas têm diâmetro menor que 0,02 mm e não se sedimentam
isoladamente devido ao seu baixo peso, mas em suspensão, podem vir a se unir formando
flocos de peso maior os quais podem vir a sedimentar. Esses flocos ou rumos formam a
chamada estrutura flocular ou floculada representada pela Figura 9.
Nota-se que as estruturas dos solos finos são muito porosas devido a forma e disposição das
partículas que as formam, criando um grande volume de vazios e consequentemente
proporcionando a esses solos considerável compressibilidade.
Videoaula 2
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Nesta Videoaula você terá informações
sobre a Estrutura dos Solos. Assista para
firmar os seus conceitos. Para se
preparar melhor para as aulas práticas
assista a videoaula 3 e faça a leitura
obrigatória 2.
Leitura Obrigatória I
Leitura Obrigatória II
Complemente os seus conhecimentos, lendo o segundo capítulo, Estado do Solo, do livro que
está disponível na biblioteca virtual:
PINTO, Carlos de Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de Textos,
2009
Introdução
Nesta aula vai se tornar um pouco mais palpável a aplicação de conceitos da mecânica ao
estudo dos solos. Em praticamente todas as áreas da engenharia é necessário saber lidar com
as tensões provocadas tanto por carregamentos externos quanto por cargas originadas do
próprio corpo. Com o solo não seria diferente.
Tensões geostáticas
Ao aplicar determinada pressão sobre uma camada de solo como a construção de um edifício,
por exemplo, tem-se a resposta do solo que é chamada tensão. A tensão total que atua sobre
uma massa de solo, σ, pode ser dividida em duas partes:
Uma porção é transmitida pela água presente nos espaços vazios contínuos. Esta parte
atua com igual intensidade em todas as direções;
Como pode ser deduzido do próprio nome, as tensões geostáticas têm sua origem no próprio
solo e é decorrente da sua estrutura e composição mineralógica.
A soma dos componentes verticais das forças desenvolvidas nos pontos de contato das
partículas sólidas por unidade de seção transversal da massa do solo é denominada tensão
normal (σn).
Isto pode ser imaginado desenhando-se uma linha ondulada, representado na Figura 1 por
“Q”, que passa apenas pelos pontos de contato das partículas sólidas. A soma dos
componentes verticais de todas essas forças sobre a área transversal da unidade é igual à
tensão efetiva, ou:
Em que N1, N2, N3..., Nn são os componentes verticais de F1, F2, F3..., Fn, respectivamente,
sobre a área da seção transversal da massa do solo em consideração.
Tomando como base que os planos horizontais e verticais são os principais pontos de tensão,
entende-se que não há tensão cisalhante atuando nesse sistema. Portanto, simplifica-se a
expressão multiplicando o peso sobre o ponto de interesse (A-B) (Figura 2), pela área de
contato, podendo-se obter a tensão total (σ):
Ou simplesmente:
Em que:
A tensão total (σ) na elevação do ponto B pode ser obtida a partir do peso específico natural e
saturado do solo e do peso específico da água acima dele. Portanto,
Em que:
A parcela de contribuição da água [(ZB – ZW) x ϒw] pode ser denominada poropressão ou
pressão neutra (μ), sendo assim, a tensão efetiva (σ’) que atua nos grãos de solo pode ser
simplificada subtraindo a pressão neutra da tensão total como segue:
σ’ = σ - μ
O princípio da tensão efetiva (σ’) foi desenvolvido pela primeira vez por Terzaghi (1925; 1936).
Em resumo, a tensão efetiva é aproximadamente a força por unidade de área transportada
pelo esqueleto do solo.
A tensão efetiva em uma massa de solo controla sua mudança de volume. Aumentar a tensão
efetiva induz o solo a um estado de compactação. O princípio da tensão efetiva é
provavelmente o conceito mais importante em engenharia geotécnica.
A compressibilidade e a resistência ao cisalhamento de um solo dependem em grande parte
dessa tensão efetiva. Assim, o conceito de tensão efetiva é significativo na resolução de
problemas de engenharia geotécnica, como a pressão lateral da terra (empuxo) nas estruturas
de contenção, a capacidade de carga e o recalque de fundações, e a estabilidade das encostas
terrestres.
Videoaula 1
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Quando o perfil do subsolo é estratificado, composto por várias camadas, Figura 6a, a tensão é
obtida pelo somatório das tensões de cada camada.
A Figuras 6b mostra o gráfico das variações da tensão total, pressão da água dos poros e
tensão efetiva, respectivamente, em profundidade para um perfil de solo heterogêneo.
Videoaula 2
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A construção de uma obra num terreno aplicará na cota de apoio da mesma carga que se
propagará no subsolo provocando acréscimo na tensão efetiva inicial do solo.
Esse acréscimo na tensão efetiva é proporcional à carga da obra e pode acarretar deformações
no solo com consequente recalque da estrutura, (Figuras 7 e 8).
Figura 7 – Transferência de carga ao subsolo
A distribuição dos esforços externos no solo é obtida pela teoria da elasticidade – supondo um
comportamento elástico linear para o solo. As formulações para o cálculo da tensão efetiva
final são função do tipo e magnitude do carregamento, geometria da área carregada e cota do
ponto em análise.
A solução dos problemas é baseada em duas hipóteses sobre o solo: homogeneidade
(propriedades iguais em cada ponto do maciço) e isotropia (em cada ponto do maciço as
propriedades são iguais nas três direções).
Carga pontual
A solução de Boussinesq também pode ser usada para calcular o aumento da tensão vertical
abaixo de uma área flexível e retangular carregada, conforme mostrado na Figura 10. A área
carregada está localizada na superfície do solo e tem comprimento “a” e largura “b”.
Onde:
Fadum (1948) apresentou um ábaco (figura 11) que permite o cálculo da variação da tensão
vertical em um ponto do vértice de uma área retangular carregada. Do ábaco obtém-se o valor
de (Ir), que possibilita o cálculo de Δσz.
Em placas quadradas, quando o ponto de interesse de se determinar o aumento de tensão não
estiver localizado na borda da placa, deve-se dividir a área de interesse em 4 partes iguais de
modo que o ponto sempre seja um dos vértices, como mostra a Figura 12. Portanto, utiliza-se
a expressão abaixo:
Leitura Obrigatória
Leia o capítulo 5 do livro: PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas/3ª
Edição – São Paulo: Oficina de textos.
Indicação de Vídeo
Se tiver um tempo extra, assista aos vídeos abaixo sobre as tensões no solo, e outro sobre o
princípio das tensões efetivas:
Deformações no solo
Embora estas estruturas apresentem recalques significativos, isso não significa que,
necessariamente, apresentem riscos estruturais. A avaliação da estabilidade dessas estruturas
depende de uma análise técnica, feita por engenheiro, mas esses recalques causam problemas
estéticos e funcionais, que podem inviabilizar o uso da estrutura.
Imagine um reservatório que “afunda” 5 cm. A tubulação que abastece esse reservatório pode
suportar essa variação de posição? E se esse recalque fosse aplicado a uma ponte rolante que
é usada na linha de montagem de carros?
Tendo em vista essas perguntas, faz-se necessário estudar as deformações e deslocamentos
oriundos do maciço de solos.
Recalques
A ABNT NBR 6122 define algumas condições de recalque podem ocorrer que são
sensivelmente importantes para a análise estrutural (Figura 16):
A norma não impõe os valores limites de deslocamento, apenas orienta alguns critérios para
que o projetista definia qual o deslocamento é aceitável para e estrutura da edificação.
4. Tipo de fundação;
5. Natureza do solo;
6. Finalidade da obra;
A definição destes valores não é tarefa simples, e depende do uso da edificação, cada
edificação terá uma tolerância diferente à recalques. Fica a cargo do engenheiro projetista
definir o valor a limitar os recalques, em função de cada caso.
Nas referências bibliográficas, existem várias propostas e ensaios realizados, e, embora estas
propostas sejam diferentes entre si, existe certa tendência ente os valores. Burland (1977)
associou diversas situações e danos causados em função dos recalques, estes valores devem
seguir como guia para determinar a aceitação ou não do recalque, mas cada situação tem sua
peculiaridade e deve ser tratada pelo engenheiro responsável (figura 17).
Conhecidos os limites dos recalques, vamos abordar agora o cálculo e a estimativa das
deformações do maciço. Para isso, dividimos o recalque em duas parcelas básicas:
Recalque
o Recalque imediato
Recalque Imediato
O recalque imediato é aquele que ocorre logo após a aplicação da carga, ou seja,
imediatamente após a aplicação da carga. Trata-se de uma deformação do maciço que
consideramos ocorrer sem variação do índice de vazios, em outras palavras, não ocorre
rearranjo da estrutura do solo.
O recalque imediato é estimado pela teoria da elasticidade, justamente por não ocorrer
rearranjo da estrutura, ou seja, ocorrer apenas deformações da estrutura do solo. Mas é
preciso atenção, o solo é essencialmente um material de comportamento não elástico, ou seja,
as deformações aplicadas dificilmente são restituídas.
A avaliação do comportamento do solo pode ser feita através de dois ensaios básicos; ensaio
de compressão confinada (edométrica) e ensaio de compressão triaxial. Não é comum fazer o
ensaio de compressão simples, embora possa ser feito pelo triaxial.
O ensaio Edométrico ocorre com um anel de aço envolvendo a amostra, de tal forma que o
anel impede o solo de deformar-se lateralmente. Em contrapartida, o ensaio de triaxial
permite a deformação lateral, e a aplicação de uma tensão lateral que serve para simular o
confinamento do solo. A figura 18a exemplifica o modelo idealizado e o maquinário usado no
ensaio Edométrico e a 18b o triaxial.
A estimativa do recalque, quando temos uma carga uniforme aplicada por uma placa ao solo,
pode ser feita pela teoria da elasticidade.
σ₀ é a carga aplicada
Β é a base da aplicação
E e ν são parâmetros mecânicos do solo.
No entanto, essa formulação precisa ser corrigida em função de outros fatores que não são
previstos na teoria. Esse fator de Influência correlacionada a rigidez da placa que aplica a carga
e seu formato, em função do recalque esperado, resultando na formulação de Perloff.
σ₀ é a carga aplicada
Β é a base da aplicação
O recalque por adensamento está relacionado à velocidade de expulsão de água dos vazios do
solo e, portanto, do tempo. O adensamento ocorre com rearranjo das partículas e deformação
da estrutura.
O ensaio usado para determinar estes parâmetros é o ensaio de adensamento, ABNT NBR
12007, que em que é executada uma compressão edométrica com a amostra inundada,
permitindo-se livremente a circulação de água. O esquema do ensaio está registrado na figura
20 logo abaixo um resumo dos procedimentos do ensaio.
O esquema do ensaio está registrado na figura 20 logo abaixo um resumo dos procedimentos
do ensaio.
Descarregamento
O ponto aonde ocorre a mudança entre esses comportamentos é chamado de tensão de pré-
adensamento. Essa tensão representa o histórico de tensões do solo, ou seja, significa que o
solo não teve valores maiores de tensão vertical que a tensão de pré adensamento. O trecho
de recompressão, é na verdade, um trecho em que está se recarregando o solo até atingir a
maior tensão histórica que ele sofreu.
MÉTODO CASAGRANDE
Nessas condições a RSA é um importante indicador do comportamento do solo, sendo que são
Tendo estes parâmetros, torna-se possível estimar o recalque por adensamento. Para o
cálculo, representa-se o trecho de recompressão e de compressão como retas,
matematicamente:
O cálculo dos recalques fica dividido em duas etapas, então, o cálculo dos recalques até a
tensão de pré adensamento, e o cálculo dos recalques para tensões maiores que a de pré
adensamento, matematicamente representado pela equação à seguir:
Leitura Obrigatória
Leia os capítulos 09, 10, 11 do Livro Curso básico de Mecânica dos Solos, de Carlos Souza
Pinto, 2006.
Ensaio Triaxial
Ensaio triaxial
Disponível em: https://youtu.be/uJguMynbwtQ
Curiosidades
Videoaulas
Prezado(a) aluno(a)!
Você também poderá encontrar todas as videoaulas, clicando em “Módulos” no “Menu
Lateral” e acessar a página de vídeos.
Encerramento
Nesta unidade procurou-se apresentar o conhecimento básico sobre mecânica dos solos,
fundamental para os temas que virão a seguir. Exigiu-se muita leitura extra, e com razão, pois
se trata de conteúdo muito denso.
Você aprendeu sobre o solo e como caracteriza-lo e, para isso, a fundamentação teórica e as
aulas práticas foram pensadas para complementarem-se entre si.
Entender como surgem as tensões e como elas se distribuem é fundamental para tomar
qualquer decisão em termos de projeto de fundações.
O desafio é rever tudo o que você estudou até que esteja bem fixado em sua mente.
Referências
CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 3 v.
1987-2010.
DAS, Braja M. Fundamentos de engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
PINTO, Carlos de Sousa. Curso básico de mecânica dos solos: em 16 aulas. 3. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2009.
TERZAGHI, K. (1936). The shearing resistance of saturated soils and the angle between the
planes of shear. First Int. on Soil Mech. and Found. Engr. Harvard University. Vol. I: 54-56 p.