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Unidade 1

Conceitos básicos em
mecânica dos solos
Abertura

Apresentação

Olá!
Deixe-me apresentar a disciplina que você está iniciando, Mecânica dos Solos e
Fundações. Se você ainda não está motivado, meu objetivo é, a partir de agora, abrir a
sua visão para estes assuntos tão importantes.
Esta disciplina vai proporcionar uma introdução geral a um dos tópicos mais relevantes
na prática diária da Engenharia Civil: O solo e a interação das edificações com ele.
Você desenvolverá em laboratório alguns dos principais ensaios de mecânica dos solos
e aprenderá na prática a interpretar um laudo de SPT.
Se você pretende atuar ou já atua no segmento de construção de edificações é muito
importante que você entenda bastante do material sobre o qual está edificando e
como ele reage frente às solicitações que lhe são impostas.
Por isso, vamos caminhar sobre este assunto do seguinte modo:

A UNIDADE 1 vai tratar do solo em si, apresentando uma definição muito importante e
que nos ajudará a entender como surgem as tensões e as deformações.

A UNIDADE 2 vai apresentar o principal método de sondagem utilizado no Brasil (SPT)


e os principais sistemas de fundações.
A UNIDADE 3 vai abordar as fundações profundas, principalmente estacas e tubulões.
Nesta unidade será apresentado o método de dimensionamento geotécnico para
estacas de DECOUR-QUARESMA e a aplicação do SPT ao dimensionamento de
tubulões.

A UNIDADE 4 vai tratar das fundações rasas, especialmente as sapatas e também trará
noções do processo de projeto em fundações.

Espero que você tenha ficado animado. Este curso vai ser muito útil para o
desenvolvimento da sua carreira na Engenharia Civil
Fique atento e aproveite.

Apresentação do Professor
Formação acadêmica

 Engenheiro Civil pela Universidade Estadual de Londrina (1993)

 Pós-graduado em Gestão de Marketing (2000)


 Pós-graduado em gestão da Qualidade na Construção Civil (2005)

 Mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento (UEL, 2011).

Atuação profissional

 Atuou por 10 anos na Camargo Corrêa Cimentos (Cauê/Intercement) no


atendimento técnico/comercial a clientes industriais e construtoras.

 Durante 2 anos colaborou com a gerência regional de Londrina da Plaenge


Empreendimentos na área de incorporação.

 Docente da graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Filadélfia


(UniFil) desde 2010.

 A fim de manter o contato com o mercado desenvolve paralelamente a


atividade de consultoria em artefatos vibro-prensados de concreto e perícias
judiciais

 Atua na produção de conteúdo para cursos em EAD em diversas áreas.

Objetivos
Ao final do curso, espera-se que o acadêmico alcance os seguintes objetivos:

 Compreenda o conceito de “SOLO” e a importância da sua caracterização para


a realização das atividades de Engenharia Civil;

 Entenda, ainda que introdutoriamente, a forma como as tensões e


deformações surgem e se manifestam no solo, bem como métodos para
analisa-las e prevê-las.

 Adquiria um repertório quanto aos diferentes sistemas de fundações, como


indicar a sua utilização e a partir de uma sondagem do tipo SPT aplicar um
método para o dimensionamento de estacas, tubulões e sapatas.

 Perceba a importância do autodesenvolvimento continuado e da necessidade


de desenvolver o raciocínio crítico, a cooperação e a capacidade de
comunicação através de múltiplos canais, frente às noções do processo de
projeto em fundações.
Introdução da Unidade

Olá, amigo(a) discente! Seja bem-vindo(a)!

Caracterizar um solo significa reunir informações suficientes sobre ele a ponto de poder prever
o seu comportamento e correlaciona-lo ao de outros solos.

Todos os dias tem algum engenheiro ou engenheira de solos (os geotecnistas) aprendendo
algo novo sobre um tipo específico de solo da sua região.

Através da coleta de amostras e de ensaios laboratoriais é possível identificar muitas


propriedades de um solo e estabelecer correlações.

Nesta unidade você vai poder aprender o conceito de solos do ponto de vista da Engenharia
Civil e, nas aulas práticas, que ocorrerão ao longo do semestre, analisar a sua composição
granulométrica. Através de ensaios simples de laboratório, vai aprender a determinar o estado
do solo e a influência que o teor de partículas finas exerce sobre o seu comportamento.

Fundamental para a atividade de engenharia, a compactação do solo, será tratada com


detalhes numa aula prática específica em que você aprenderá o método de Proctor (ano), e lhe
dará base para poder realizar esta atividade corretamente.

Dedique-se ao estudo deste tópico, consulte a bibliografia sugerida e assista aos vídeos
indicados, mas não se limite a eles. Vá além!

Objetivos

Espera-se que após concluir o estudo desta unidade e ter participado ativamente das aulas
práticas, você seja capaz de:

• Definir o que é solo do ponto de vista de Engenharia Civil ou da Geotecnia e como surgem as
tensões e deformações;

• Saber quais os principais ensaios utilizados para a caracterização de um solo e que


informações podem ser obtidas através deles;

• Compreender o processo e a importância da compactação dos solos.

• Interpretar um laudo de SPT e extrair dele as informações necessárias ao dimensionamento


de fundações.

Conteúdo Programático

Aula 1 – O solo e sua estrutura.

Aula 2 – Tensões e deformações do solo.


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O solo e a sua estrutura

Introdução

O solo provém da desintegração e decomposição das rochas devido à ação do intemperismo


físico e químico, que o caracteriza como um material bastante heterogêneo e com
propriedades bastante complexas.

Para a solução dos problemas de Engenharia Civil que envolvem o solo, é necessário o
conhecimento de suas propriedades físicas, mecânicas, hidráulicas, através de ensaios e
técnicas especiais, pois não existe modelo matemático que exprima, de forma satisfatória, o
seu comportamento.

As teorias que explicam o comportamento do solo são elaboradas em bases físicas, modelos
reológicos e observações de campo, tendo algum cunho determinístico e outras,
probabilístico.

Uma das linhas de estudo tem se concentrado nas propriedades físico-químicas, nas forças
intergranulares, no efeito nos fluidos intersticiais para explicar os fenômenos de
comportamento do solo.

Origem e Formação dos Solos

A crosta terrestre ou litosfera tem espessura média de 50 km e seu interior é formado por
rochas predominantemente basálticas e graníticas.

As rochas mais profundas da crosta terrestre se encontram intactas e são chamadas de rochas
sãs, já as rochas que se encontram próximas à superfície são fraturadas devido aos
intemperismos físico-químicos a que estão sujeitas.

O intemperismo gera sedimentos que poderão ser transportados por agentes da natureza,
como a água, e depositados em locais distantes de sua origem. Com o tempo esses sedimentos
podem sofrer alterações em sua composição inicial, originando solos diferentes.

O intemperismo físico provoca a desintegração da rocha formando sedimentos sem alterar a


composição mineralógica da rocha mãe. A expansão diferencial por alívio de tensões, o
crescimento de cristais estranhos à rocha. A contração e a expansão por variação de
temperatura são os principais agentes de intemperismo físico.

O intemperismo químico é caracterizado por reações químicas entre os minerais constituintes


da rocha e soluções aquosas de diferentes teores. Numa rocha já fragmentada pelo
intemperismo físico, os processos intempéricos químicos são mais intensos, pois existe maior
área exposta às reações químicas.

O tipo de rocha, do clima, da cobertura vegetal, da topografia e do tempo de duração


influência no resultado do intemperismo químico e sua atuação é mais intensa em regiões de
clima úmido e quente, atingindo profundidades muito maiores do que o intemperismo físico.
Na formação dos solos os fatores mais importantes são: a rocha de origem, clima, topografia,
vegetação e o tempo de atuação desses fatores.

A composição mineralógica e a textura da rocha de origem são elementos importantes na fase


inicial dos processos de intemperismos. Uma mesma rocha pode formar solos com
propriedades diferentes, enquanto rochas diferentes poderão formar solos com mesma
textura.

O clima é o fator preponderante no tipo e extensão do intemperismo, sendo representado


pela temperatura e pela chuva.

O solo, material resultante dos processos de intemperismo, em seu estado natural, apresenta-
se composto por partículas sólidas, líquidas e gasosas. Quando ocorre a ação do intemperismo,
o solo pode ou não permanecer sobre a rocha que lhe deu origem.

Os solos que permanecem sobre a rocha de origem são chamados de solos residuais. Entre os
solos residuais e a rocha matriz, distinguem-se duas faixas: a primeira, sobre a rocha, é
chamada de rocha alterada ou decomposta e, a segunda, abaixo do solo, é chamada de solo de
alteração. A Figura 1 ilustra o perfil de um solo residual.

Quando os solos formados sobre a rocha matriz são removidos por um agente de transporte
qualquer, eles são denominados de solos transportados e classificados de acordo com o tipo
de agente transportador: aluvionare quando o agente for a água, eólico quando for o vento,
coluvionares quando for a gravidade e glacial quando for geleira.

Figura 1 - Perfil de um solo residual

Fonte: Modificado de Nogueira (1995).

Tamanhos e formas das partículas

O processo de desintegração pelo intemperismo físico origina partículas de solo de tamanhos


até cerca de 0,001mm. As partículas com diâmetros menores que 0,001 mm são originadas
somente pela ação do intemperismo químico.
Os solos grossos ou granulares possuem a maior porcentagem de partículas visíveis a olho nu,
cujos diâmetros são maiores que 0,074mm. Nestes solos as forças gravitacionais são
predominantes, devido ao tamanho das partículas. Essas partículas apresentam formas
normalmente equidimensionais, podendo ser esféricas (solos transportados) ou angulares
(solos residuais).

Os solos finos apresentam partículas com diâmetros menores que 0,074 mm e formas
lamelares (em que duas dimensões são incomparavelmente maiores que a terceira) ou circular
(uma das dimensões prevalece sobre as outras duas).

A forma das partículas é determinada pelo seu mineral constituinte e o comportamento desses
solos fica determinado pelas forças de superfície (moleculares, elétricas e eletromagnéticas) e
pela água.

Existem escalas que representam os nomes dos solos juntamente com a dimensão que eles
representam, para fins de classificação. A Figura 2 apresenta duas escalas elaboradas por duas
instituições diferentes: a ABNT e o MIT.

Figura 2 - Escalas granulométricas

Fonte: Modificado de ABNT NBR 6502 (1995).

O tamanho dos grãos permite subdividir os solos granulares em pedregulhos e areias. Estas
podem ainda ser subdivididas em areias grossas, médias e finas. Já os solos de granulação fina
podem ser subdivididos em siltes e argilas. As características que permitem identificar esses
diferentes solos são descritas e comentadas na próxima Seção.

Videoaula 1
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Para revisitar os conceitos sobre origem


e formação dos solos, estudados até
aqui, assista esta videoaula. Não tenha
pressa, fixe estes conceitos.

Estrutura dos Solos

A forma de como estão dispostas as partículas dos solos é chamada de estrutura e é esta quem
proporciona a integridade do solo. Na formação da estrutura de um solo podem interferir dois
tipos de forças: as gravitacionais e as de ligação físico-químicas entre partículas. As forças
gravitacionais são diretamente dependentes das dimensões das partículas. Já as forças de
ligação físico-químicas dependem das forças atuantes na superfície dos grãos, da natureza da
superfície e do meio onde ocorrem.

Estrutura dos Solos Grossos

A estrutura dos solos grossos varia entre uma estrutura fofa e uma estrutura compacta, pois a
forma dos grãos nesses solos apresenta-se esférica e uniforme (Figura 3 e 4). Essas estruturas
são chamadas de intergranulares e a força que prevalece é a de gravidade, ou seja, o peso
próprio dos grãos, devido ao processo de sedimentação.

A condição de compacidade determina o comportamento mecânico dos solos grossos e é


determinada pela compacidade relativa (Dr) definida como:

Onde:

emáx - Índice de vazios correspondente ao estado mais fofo possível;

emin - Índice de vazios correspondente ao estado mais compacto possível;

enat - Índice de vazios natural.

Figura 3 - Estrutura dos solos grossos (a) fofa e (b) compacta

Fonte – Modificado de Vargas (1977)

Figura 4 - Forma das partículas

Fonte – Teixeira (2009)


Estrutura dos Solos Finos

As argilas, por terem partículas de forma lamelar ou fibrilar, têm uma superfície específica alta
gerando forças de superfície preponderantes na formação estrutural desses solos (Figura 5).

A igualdade das forças de superfície não é suficiente para que os solos argilosos tenham
propriedades semelhantes, pois dois outros fatores interferem no problema: a natureza das
partículas e do meio onde ocorrem.

Figura 5 – Arranjos estruturais típicos dos três principais grupos de argilominerais

Fonte: Adaptado de Caputo (1981).

Constituição mineralógica

As partículas de um solo são resultantes da composição da rocha matriz devido aos processos
físicos e químicos de intemperismo. O quartzo, por exemplo, presente na maioria das rochas,
forma grão de siltes e areias com diâmetro equivalente superior a 0,005 mm, embora seja
muito resistente à desagregação.

A composição química do quartzo é muito simples (SiO2) apresentando baixa atividade


superficial e partículas equidimensionais em forma de cubos ou esferas.

Outros minerais, como feldspatos, gibsitas, calcitas e micas também podem ser encontrados
com diâmetro de 0,005 mm constituindo as partículas de siltes e areias nos solos.

Os feldspatos são os minerais que mais sofrem ataques da Natureza, originando os


argilominerais, que constituem as partículas mais finas dos solos, geralmente com diâmetro
inferior a 2 μm.

O tamanho reduzido e a constituição mineralógica dessas partículas fazem com que elas
tenham um comportamento diferenciado em relação aos grãos de silte e areia.

Os argilominerais apresentam uma estrutura muito complexa e apresentam comportamentos


bem distintos quando em presença de água. Os argilominerais mais comuns na natureza são a
caulinita, a ilita e a esmectita.

Quanto à composição química das argilas, existem dois tipos de estruturas: uma de tetraedros
justapostos num plano, com átomos de silício ligados a quatro átomos de oxigênio (SiO4) e
uma outra de octaedros com átomo de alumínio circundados por oxigênio ou hidroxilas
[Al(OH)3]. Essas estruturas se ligam por meio de átomos de oxigênio que pertencem
simultaneamente a ambas.

A caulinita (Figura 6) apresenta minerais-argila formados por uma camada tetraédrica e uma
octaédrica (estrutura 1:1) com espessura da ordem de 7 Å (1 Angstrom = 10-10 m). As ligações
de hidrogênio ligam as camadas (íons de O2+ da estrutura tetraédrica se ligam com a OH-- da
estrutura octaédrica) e impedem que elas se separam e que moléculas de água se introduzem
entre elas. A partícula resultante fica com espessura da ordem de 1.000 Å e dimensão
longitudinal de 10.000 Å.

Figura 6 - Estrutura de uma camada de caulinita; (a) atômica, (b) simbólica

Fonte: Adaptado de Caputo (1981).

Constituição mineralógica

As ilitas e as esmectitas apresentam o arranjo octaédrico entre duas estruturas do arranjo


tetraédrico (estrutura 2:1) definindo uma espessura de 10 Å, conforme ilustra a Figura 7.

As ligações entre as camadas se fazem por íons de oxigênio dos arranjos tetraédricos que são
mais fracos do que as ligações entre as camadas de caulinita. Como as camadas ficam livres, as
partículas apresentam estrutura da própria camada estrutural, ou seja, 10 Å e a dimensão
longitudinal fica reduzida a Å, pois as placas se quebram por flexão.

Figura 7 - Estrutura simbólica de minerais com camadas 2:1; (a) esmectita com duas camadas
de moléculas de água, (b) ilita

Fonte: Adaptado de Caputo (1981).


As partículas de esmectitas apresentam um volume 10-4 vezes menor do que as de caulinita, e
um área 10-2 vezes menor, ou seja, para igual volume, ou massa, a superfície das partículas de
esmectitas é 100 vezes maior do que as partículas de caulinita. A superfície específica, definida
como a superfície total de um conjunto de partículas pelo seu peso, das caulinitas é da ordem
de 10 m2/g, enquanto que das esmectitas é cerca de 1000 m2/g.

Como as forças de superfície influenciam no comportamento das partículas coloidais, a


diferença na superfície específica indica diferença no comportamento dos solos compostos por
esses argilominerais.

Sistema água-solo

A presença de água no solo influencia o seu comportamento, tornando necessário estudar a


natureza da água existente no solo. A água presente entre duas partículas de argila pode ser
dividida em: água adsorvida e água livre (Figura 8).

A primeira envolve a partícula sendo fortemente atraída por ligações, ainda não muito bem
esclarecidas, necessitando de temperatura acima de 100 °C para ser removida. Essa força de
atração diminui com o aumento da distância entre partículas.

A segunda refere-se à água livre existente nos vazios do solo não sendo afetada por forças de
atração e seguindo as leis da hidrodinâmica. Num material granular toda água existente é água
livre, enquanto num solo argiloso saturado mais de 50 % da água existente neste solo é
adsorvida.

Figura 8 - Sistema água-solo

Fonte: Adaptado de Fernandes (2016).

Modelos estruturais básicos

Terzaghi (1925; 1936) sugeriu para os solos finos dois tipos de estruturas: a alveolar e a
floculada. Os solos, com partículas da ordem de 0,02 mm, apresentam estrutura alveolar em
que a força da gravidade e as forças de superfície quase se equivalem.
As partículas sedimentando em água ou em ar tendem a aderir-se formando uma estrutura
conforme ilustra a Figura 9.

Na estrutura flocular, as partículas têm diâmetro menor que 0,02 mm e não se sedimentam
isoladamente devido ao seu baixo peso, mas em suspensão, podem vir a se unir formando
flocos de peso maior os quais podem vir a sedimentar. Esses flocos ou rumos formam a
chamada estrutura flocular ou floculada representada pela Figura 9.

Nota-se que as estruturas dos solos finos são muito porosas devido a forma e disposição das
partículas que as formam, criando um grande volume de vazios e consequentemente
proporcionando a esses solos considerável compressibilidade.

Videoaula 2
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Nesta Videoaula você terá informações
sobre a Estrutura dos Solos. Assista para
firmar os seus conceitos. Para se
preparar melhor para as aulas práticas
assista a videoaula 3 e faça a leitura
obrigatória 2.

Figura 9 - Estrutura das partículas

Fonte: Modificado de Vargas (1977)

Leitura Obrigatória I

Você precisa complementar os seus conhecimentos lendo o primeiro capítulo, Origem e


Natureza dos solos, do seguinte livro que está disponível na biblioteca virtual:

Link disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/170502/pdf

* Estas informações poderão ser exigidas na avaliação da unidade.


Videoaula 3
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Assista a Videoaula 3 sobre Índices


Físicos.

Leitura Obrigatória II

Complemente os seus conhecimentos, lendo o segundo capítulo, Estado do Solo, do livro que
está disponível na biblioteca virtual:

PINTO, Carlos de Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de Textos,
2009

Link disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/170502/pdf


Tensões e deformações do solo

Introdução

Nesta aula vai se tornar um pouco mais palpável a aplicação de conceitos da mecânica ao
estudo dos solos. Em praticamente todas as áreas da engenharia é necessário saber lidar com
as tensões provocadas tanto por carregamentos externos quanto por cargas originadas do
próprio corpo. Com o solo não seria diferente.

Tensões geostáticas

Ao aplicar determinada pressão sobre uma camada de solo como a construção de um edifício,
por exemplo, tem-se a resposta do solo que é chamada tensão. A tensão total que atua sobre
uma massa de solo, σ, pode ser dividida em duas partes:

 Uma porção é transmitida pela água presente nos espaços vazios contínuos. Esta parte
atua com igual intensidade em todas as direções;

 O restante da tensão total é transmitido pelos sólidos do solo em seus pontos de


contato (Figura 1).

Figura 1 – Esquema de contato entre grãos

Fonte – Souza Pinto (2009)

Como pode ser deduzido do próprio nome, as tensões geostáticas têm sua origem no próprio
solo e é decorrente da sua estrutura e composição mineralógica.

A soma dos componentes verticais das forças desenvolvidas nos pontos de contato das
partículas sólidas por unidade de seção transversal da massa do solo é denominada tensão
normal (σn).
Isto pode ser imaginado desenhando-se uma linha ondulada, representado na Figura 1 por
“Q”, que passa apenas pelos pontos de contato das partículas sólidas. A soma dos
componentes verticais de todas essas forças sobre a área transversal da unidade é igual à
tensão efetiva, ou:

Em que N1, N2, N3..., Nn são os componentes verticais de F1, F2, F3..., Fn, respectivamente,
sobre a área da seção transversal da massa do solo em consideração.

Tomando como base que os planos horizontais e verticais são os principais pontos de tensão,
entende-se que não há tensão cisalhante atuando nesse sistema. Portanto, simplifica-se a
expressão multiplicando o peso sobre o ponto de interesse (A-B) (Figura 2), pela área de
contato, podendo-se obter a tensão total (σ):

Figura 2 - Tensões geostáticas

Fonte – Teixeira (2009)

Ou simplesmente:

Em que:

ϒ [kN/m³] – Peso específico natural do solo;

Z [m] – Altura da camada.

Tensões no solo saturado

A Figura 3 mostra uma coluna de massa de solo saturada de água.


Figura 3 - Tensões num plano horizontal

Fonte: PINTO (2009)

A tensão total (σ) na elevação do ponto B pode ser obtida a partir do peso específico natural e
saturado do solo e do peso específico da água acima dele. Portanto,

Em que:

ϒw [g/cm³]- Peso específico da água;

ϒnat [g/cm³]- Peso específico natural do solo;

ϒsat [g/cm³]- Peso específico saturado do solo;

ZW [cm]- Altura do lençol freático do topo da coluna do solo;

(ZB – ZW) [cm] - Distância entre o ponto B e o lençol freático.

A parcela de contribuição da água [(ZB – ZW) x ϒw] pode ser denominada poropressão ou
pressão neutra (μ), sendo assim, a tensão efetiva (σ’) que atua nos grãos de solo pode ser
simplificada subtraindo a pressão neutra da tensão total como segue:

σ’ = σ - μ

O princípio da tensão efetiva (σ’) foi desenvolvido pela primeira vez por Terzaghi (1925; 1936).
Em resumo, a tensão efetiva é aproximadamente a força por unidade de área transportada
pelo esqueleto do solo.

A tensão efetiva em uma massa de solo controla sua mudança de volume. Aumentar a tensão
efetiva induz o solo a um estado de compactação. O princípio da tensão efetiva é
provavelmente o conceito mais importante em engenharia geotécnica.
A compressibilidade e a resistência ao cisalhamento de um solo dependem em grande parte
dessa tensão efetiva. Assim, o conceito de tensão efetiva é significativo na resolução de
problemas de engenharia geotécnica, como a pressão lateral da terra (empuxo) nas estruturas
de contenção, a capacidade de carga e o recalque de fundações, e a estabilidade das encostas
terrestres.

Videoaula 1
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Avance na compreensão deste tema


assistindo à videoaula sobre as tensões
no solo.

Tensões em um solo estratificado

Quando o perfil do subsolo é estratificado, composto por várias camadas, Figura 6a, a tensão é
obtida pelo somatório das tensões de cada camada.

A Figuras 6b mostra o gráfico das variações da tensão total, pressão da água dos poros e
tensão efetiva, respectivamente, em profundidade para um perfil de solo heterogêneo.

Videoaula 2
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Assista a esta videoaula sobre as tensões


no solo, para complementar o seu
entendimento.
Figura 6a - Tensões no solo – perfil estratificado

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Figura 6b - Tensões no solo – perfil estratificado

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Tensões externas ou induzidas

A construção de uma obra num terreno aplicará na cota de apoio da mesma carga que se
propagará no subsolo provocando acréscimo na tensão efetiva inicial do solo.

Esse acréscimo na tensão efetiva é proporcional à carga da obra e pode acarretar deformações
no solo com consequente recalque da estrutura, (Figuras 7 e 8).
Figura 7 – Transferência de carga ao subsolo

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Figura 8 – Distribuição de pressões ao longo da profundidade.

Fonte: TEIXEIRA (2009)

A distribuição dos esforços externos no solo é obtida pela teoria da elasticidade – supondo um
comportamento elástico linear para o solo. As formulações para o cálculo da tensão efetiva
final são função do tipo e magnitude do carregamento, geometria da área carregada e cota do
ponto em análise.
A solução dos problemas é baseada em duas hipóteses sobre o solo: homogeneidade
(propriedades iguais em cada ponto do maciço) e isotropia (em cada ponto do maciço as
propriedades são iguais nas três direções).

Carga pontual

Boussinesq (1883) resolveu o problema de tensões produzidas em qualquer ponto em um


meio homogêneo, elástico e isotrópico como resultado de uma carga pontual aplicada na
superfície de um meio-espaço infinitamente grande. De acordo com a Figura 9, a solução de
Boussinesq para tensões normais em um ponto causado pela carga pontual P é:

Figura 9 – Solução de Boussinesq – Tensão causada por uma carga pontual.

Fonte: TEIXEIRA (2009)


Placa Quadrada ou Retangular

A solução de Boussinesq também pode ser usada para calcular o aumento da tensão vertical
abaixo de uma área flexível e retangular carregada, conforme mostrado na Figura 10. A área
carregada está localizada na superfície do solo e tem comprimento “a” e largura “b”.

A carga uniformemente distribuída por unidade de área é igual a P. Para determinar o


aumento na tensão vertical (Δσz) no ponto A, que está localizado na profundidade z abaixo do
canto da área retangular pode ser dada por:

Onde:

Figura 10 – Tensão causada por uma área retangular.

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Fadum (1948) apresentou um ábaco (figura 11) que permite o cálculo da variação da tensão
vertical em um ponto do vértice de uma área retangular carregada. Do ábaco obtém-se o valor
de (Ir), que possibilita o cálculo de Δσz.
Em placas quadradas, quando o ponto de interesse de se determinar o aumento de tensão não
estiver localizado na borda da placa, deve-se dividir a área de interesse em 4 partes iguais de
modo que o ponto sempre seja um dos vértices, como mostra a Figura 12. Portanto, utiliza-se
a expressão abaixo:

Figura 11 – Tensão vertical no canto de uma área retangular uniformemente carregada

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Figura 12 – Tensão vertical no vértice da área de interesse.

Fonte: TEIXEIRA (2009)


No caso de placas retangulares, a divisão faz-se de modo desigual, porém mantendo o ponto
de interesse no vértice (Figura 13). A Figura 14 demonstra a situação onde o ponto de
interesse se encontra fora da área carregada.

Figura 13 – Ponto (e) central da área retangular carregada.

Fonte: TEIXEIRA (2009)

Figura 14 - Ponto (c) fora da área retangular carregada

Fonte: TEIXEIRA (2009)


Videoaula 3
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Assista à videoaula sobre as tensões


externas. Muito importante!

Leitura Obrigatória

Leia o capítulo 5 do livro: PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas/3ª
Edição – São Paulo: Oficina de textos.

Link disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/170502/pdf

Indicação de Vídeo

Se tiver um tempo extra, assista aos vídeos abaixo sobre as tensões no solo, e outro sobre o
princípio das tensões efetivas:

Tensões no solo – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rBQ6YZbWjz8

Tensões efetivas – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6Y4nFyog4AM

Deformações no solo

O solo é o suporte de qualquer edificação ou estrutura, sendo assim, qualquer deformação do


maciço será repassada para a estrutura. Ainda que as estruturas sejam extremamente rígidas
esse fenômeno é inevitável, pois todo material apresenta deformações. A questão é
determinar quais os limites destes deslocamentos.

Existem diversos exemplos de estruturas, que embora corretamente dimensionadas,


apresentaram problemas de recalques, oriundos da deformação do maciço de solo, como são
os casos bem conhecidos do recalque da torre de Pizza e de prédios da orla marítima de
Santos.

Embora estas estruturas apresentem recalques significativos, isso não significa que,
necessariamente, apresentem riscos estruturais. A avaliação da estabilidade dessas estruturas
depende de uma análise técnica, feita por engenheiro, mas esses recalques causam problemas
estéticos e funcionais, que podem inviabilizar o uso da estrutura.

Imagine um reservatório que “afunda” 5 cm. A tubulação que abastece esse reservatório pode
suportar essa variação de posição? E se esse recalque fosse aplicado a uma ponte rolante que
é usada na linha de montagem de carros?
Tendo em vista essas perguntas, faz-se necessário estudar as deformações e deslocamentos
oriundos do maciço de solos.

Recalques

Um elemento de fundação pode deslocar-se verticalmente, horizontalmente e pode rotacionar


(Figura15). Estes deslocamentos correspondem às deformações do maciço de solos que está
imediatamente abaixo da fundação.

Há dois tipos principais de recalques: o recalque uniforme (ou absoluto) e o recalque


diferencial, que pode acontecer com ou sem distorção angular (corpo rígido).

Figura 15 - Tipos principais de recalque. a) uniforme; b) diferencial (corpo rígido); c) diferencial


com distorção angular

Fonte: Veloso e Lopes (2012)

O recalque é o mais importante entre os deslocamentos, é o deslocamento que afeta a maioria


das nossas estruturas correntes, que são estruturas pesadas, cuja força gravitacional é
predominante.

A ABNT NBR 6122 define algumas condições de recalque podem ocorrer que são
sensivelmente importantes para a análise estrutural (Figura 16):

 Recalque absoluto => recalque absoluto de um ponto;

 Recalque relativo => recalque de um ponto em relação a outro ponto;

 Razão de deflexão => também é se referido por distorção angular, é o


recalque relativo dividido pela distância entre os pontos;

 Recalque uniforme => ocorre quando o recalque relativo é nulo, nesse


caso não há dano associado à estrutura.

A norma não impõe os valores limites de deslocamento, apenas orienta alguns critérios para
que o projetista definia qual o deslocamento é aceitável para e estrutura da edificação.

A definição dos valores limites de projeto para os deslocamentos e deformações deve


considerar:
1. A confiabilidade com a qual os valores de deslocamentos aceitáveis podem ser
estabelecidos;

2. Velocidade dos recalques e movimentos do terreno de fundação;

3. Tipo de estrutura e material de construção;

4. Tipo de fundação;

5. Natureza do solo;

6. Finalidade da obra;

7. Influência nas estruturas, utilidades e edificações vizinhas.

Figura 16 - Tipos de recalque

Fonte: NBR 6122

A definição destes valores não é tarefa simples, e depende do uso da edificação, cada
edificação terá uma tolerância diferente à recalques. Fica a cargo do engenheiro projetista
definir o valor a limitar os recalques, em função de cada caso.

Nas referências bibliográficas, existem várias propostas e ensaios realizados, e, embora estas
propostas sejam diferentes entre si, existe certa tendência ente os valores. Burland (1977)
associou diversas situações e danos causados em função dos recalques, estes valores devem
seguir como guia para determinar a aceitação ou não do recalque, mas cada situação tem sua
peculiaridade e deve ser tratada pelo engenheiro responsável (figura 17).

Conhecidos os limites dos recalques, vamos abordar agora o cálculo e a estimativa das
deformações do maciço. Para isso, dividimos o recalque em duas parcelas básicas:
 Recalque

o Recalque imediato

o Recalque por adensamento

Estas parcelas compõe o recalque observado em edificações.

Figura 17 – Associação de limites de recalque e danos em edificações

Fonte: Adaptado de BURLAND (1977)

Recalque Imediato

O recalque imediato é aquele que ocorre logo após a aplicação da carga, ou seja,
imediatamente após a aplicação da carga. Trata-se de uma deformação do maciço que
consideramos ocorrer sem variação do índice de vazios, em outras palavras, não ocorre
rearranjo da estrutura do solo.

O recalque imediato é estimado pela teoria da elasticidade, justamente por não ocorrer
rearranjo da estrutura, ou seja, ocorrer apenas deformações da estrutura do solo. Mas é
preciso atenção, o solo é essencialmente um material de comportamento não elástico, ou seja,
as deformações aplicadas dificilmente são restituídas.
A avaliação do comportamento do solo pode ser feita através de dois ensaios básicos; ensaio
de compressão confinada (edométrica) e ensaio de compressão triaxial. Não é comum fazer o
ensaio de compressão simples, embora possa ser feito pelo triaxial.

O ensaio Edométrico ocorre com um anel de aço envolvendo a amostra, de tal forma que o
anel impede o solo de deformar-se lateralmente. Em contrapartida, o ensaio de triaxial
permite a deformação lateral, e a aplicação de uma tensão lateral que serve para simular o
confinamento do solo. A figura 18a exemplifica o modelo idealizado e o maquinário usado no
ensaio Edométrico e a 18b o triaxial.

Figura 18 – Compressão Edométrica (a) e Triaxial (b)

Fonte: Catálogo Contenco

Em campo qual comportamento é mais próximo do real? Restrição lateral completa ou


liberdade lateral total? Por apresentarem diferentes condições de confinamento, o resultado
dos ensaios retorna parâmetros com valores diferentes, os quais cabe ao engenheiro
geotécnico interpretar e analisar. Para então escolher os parâmetros a serem usados na
estimativa do recalque.

A estimativa do recalque, quando temos uma carga uniforme aplicada por uma placa ao solo,
pode ser feita pela teoria da elasticidade.

 σ₀ é a carga aplicada

 Β é a base da aplicação
 E e ν são parâmetros mecânicos do solo.

No entanto, essa formulação precisa ser corrigida em função de outros fatores que não são
previstos na teoria. Esse fator de Influência correlacionada a rigidez da placa que aplica a carga
e seu formato, em função do recalque esperado, resultando na formulação de Perloff.

 σ₀ é a carga aplicada

 Β é a base da aplicação

 E e ν são parâmetros mecânicos do solo.

 I é um fator de influência que pode ser obtido figura 19:

Figura 19 - Fatores de influência em função do tipo de placa

Fonte: Adaptado de PINTO (2009)

Recalque por Adensamento

O recalque por adensamento está relacionado à velocidade de expulsão de água dos vazios do
solo e, portanto, do tempo. O adensamento ocorre com rearranjo das partículas e deformação
da estrutura.

Para melhor entendimento do problema, veja a analogia de Terzaghi acompanhando o


raciocínio da Figura 19. Esta analogia considera o solo como um sistema de mola-amortecedor,
sobre o qual se acopla uma válvula que permita a passagem de água a uma velocidade
controlada. À media que se aplica carga no sistema, ela se divide, a maior parte é direcionada
ao amortecedor, e outra menor parte é dirigida à mola.

Em um instante posterior, o amortecedor começa a deformar-se, e ao deformar-se transfere


carga para a mola. Esse processo se repete até, num instante infinito, a carga ser transferida
para a mola.
Nesta analogia o amortecedor representa a poro-pressão e a mola a estrutura do solo, à
medida que a água é expulsa dos vazios do solo, o solo é carregado e deforma-se. A válvula
representa a permeabilidade do solo, as areias permitem a expulsão rápida da água, ao passo
que as argilas são lentas.

O ensaio usado para determinar estes parâmetros é o ensaio de adensamento, ABNT NBR
12007, que em que é executada uma compressão edométrica com a amostra inundada,
permitindo-se livremente a circulação de água. O esquema do ensaio está registrado na figura
20 logo abaixo um resumo dos procedimentos do ensaio.

Figura 20 - Modelo mecânico (Mola Pistão) de Terzaghi

Fonte: adaptado de Pinto (2009) e Soares et. al. (2006)

O esquema do ensaio está registrado na figura 20 logo abaixo um resumo dos procedimentos
do ensaio.

Figura 20 – Ensaio de Adensamento (Edométrico


Fonte: Wikipédia e Soares et. al. (2006)

 Obtenção de amostra indeformada ou compactada, talhada em um formato cilíndrico

 Insere-se a amostra no Anel com pedras porosas em cima e em baixo

 Inunda-se a amostra (ou não)

 Ajusta-se o relógio comparador

 Carrega-se 10, 20, 40, 80, 160 kPa [...]

 Para cada estágio anotar

o 1/8 min, ¼ min ... 2, 4, 8, 15, 30, 1h 2h ... 24h

 Descarregamento

 Trabalha-se com o índice de vazios

Um dos resultados do ensaio de adensamento é a curva de adensamento, que representamos


com o eixo horizontal na escala logarítmica, ilustrada na figura 21. A curva de adensamento
apresenta dois trechos de comportamento distintos, o trecho de (re) compressão e o de
compressão virgem.

O ponto aonde ocorre a mudança entre esses comportamentos é chamado de tensão de pré-
adensamento. Essa tensão representa o histórico de tensões do solo, ou seja, significa que o
solo não teve valores maiores de tensão vertical que a tensão de pré adensamento. O trecho
de recompressão, é na verdade, um trecho em que está se recarregando o solo até atingir a
maior tensão histórica que ele sofreu.

Figura 21– Curva de Adensamento

Fonte: Adaptado de Pinto (2009)


O valor da tensão de pré-adensamento é importante para a previsão dos recalques na
engenharia, pois tensões menores que a de pré-adensamento vão produzir pequenos
recalques. Os principais métodos para obtenção do valor da tensão de pré-adensamento são
gráficos e estão ilustrados nas figuras 22 e 23.

Veja o passo a passo de cada método:

MÉTODO CASAGRANDE

• Prolongar a reta virgem (v);

• Traçar horizontal (h);

• Traçar uma tangente (t);

• Intersecção da bissetriz (th) com a reta virgem é a tensão de pré-adensamento.

MÉTODO PACHECO E SILVA

• Prolongar a reta virgem (v);

• Traçar horizontal no índice de vazios inicial da amostra (h);

• Na intersecção entre vh descer na vertical até a curva e;

• Seguir na horizontal até o prolongamento da reta virgem;

• Intersecção é a tensão de pré-adensamento.


O comportamento do solo está relacionado com tensão à qual ele está submetido e com a
tensão de pré adensamento. Para avaliar esse efeito, define-se a Razão de Sobre
Adensamento:

Em que é a tensão à qual o solo está submetido.

Nessas condições a RSA é um importante indicador do comportamento do solo, sendo que são

chamados de solos sobre adensados os que e de

normalmente adensados aqueles que

Tendo estes parâmetros, torna-se possível estimar o recalque por adensamento. Para o
cálculo, representa-se o trecho de recompressão e de compressão como retas,
matematicamente:

O cálculo dos recalques fica dividido em duas etapas, então, o cálculo dos recalques até a
tensão de pré adensamento, e o cálculo dos recalques para tensões maiores que a de pré
adensamento, matematicamente representado pela equação à seguir:

Leitura Obrigatória

Leia os capítulos 09, 10, 11 do Livro Curso básico de Mecânica dos Solos, de Carlos Souza
Pinto, 2006.

Este livro está disponível tanto fisicamente quanto na Biblioteca digital.

Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/170502/pdf


Indicação de Vídeo

Ensaio de compressão Edométrica

Ensaio Edométrico (Adensamento)


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rosjc4A6lnA

LABGEO - Ensaio de Adensamento unidimensional dos solos.


Disponível em: https://youtu.be/KqJIv1p6Nts

Ensaio Triaxial

Ensaio triaxial
Disponível em: https://youtu.be/uJguMynbwtQ

Resistência das argilas - ensaio triaxial.

Disponível em: https://youtu.be/zIqaZ6ALRrg

Curiosidades

Reposicionamento de Edifício na baixada santista

Vídeo: Prédio torto de Santos é colocado na posição correta - JN 27-01-11.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=damUucIQpC4

Videoaulas

Prezado(a) aluno(a)!
Você também poderá encontrar todas as videoaulas, clicando em “Módulos” no “Menu
Lateral” e acessar a página de vídeos.

Encerramento

Nesta unidade procurou-se apresentar o conhecimento básico sobre mecânica dos solos,
fundamental para os temas que virão a seguir. Exigiu-se muita leitura extra, e com razão, pois
se trata de conteúdo muito denso.

Você aprendeu sobre o solo e como caracteriza-lo e, para isso, a fundamentação teórica e as
aulas práticas foram pensadas para complementarem-se entre si.

Entender como surgem as tensões e como elas se distribuem é fundamental para tomar
qualquer decisão em termos de projeto de fundações.

O entendimento de como ocorrem os recalques e como estima-los é uma etapa


importantíssima na definição dos sistemas de fundação.
Tudo que você leu, assistiu e praticou deverá permanecer muito claro e bem entendido para
você.

O desafio é rever tudo o que você estudou até que esteja bem fixado em sua mente.

Sucesso, e até a próxima unidade!

Resolução de Exercícios UN01


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Referências

CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 3 v.
1987-2010.

DAS, Braja M. Fundamentos de engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

PINTO, Carlos de Sousa. Curso básico de mecânica dos solos: em 16 aulas. 3. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2009.

TERZAGHI, K. (1925). Principales os soil mechanics, A summary experimental results of clay


ands sand. Eng. News Rec, p. 3-98.

TERZAGHI, K. (1936). The shearing resistance of saturated soils and the angle between the
planes of shear. First Int. on Soil Mech. and Found. Engr. Harvard University. Vol. I: 54-56 p.

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