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Introdução a fundações
Introdução da Unidade
Tão fundamental quanto entender o conceito de solo, sua formação e sua composição química
é ter conhecimento sobre métodos para realizar sondagens.
Sondar o solo é uma atividade tão importante quanto o desenvolvimento de um bom projeto.
Sendo assim, um bom projeto sempre parte de uma sondagem bem executada e interpretada
corretamente.
Esta unidade, que se propõe a ser uma introdução ao estudo das fundações, vai apresentar os
principais processos de sondagem, com ênfase ao SPT, os principais sistemas de fundações e
como indicar a sua utilização frente ao contexto do projeto.
Aproveite muito bem esta unidade! Não perca a oportunidade de estudar muito bem este
tópico, pois será um diferencial para a sua carreira na Engenharia.
Objetivos
Espera-se que, após concluir o estudo desta unidade e ter participado ativamente da aula
prática, você seja capaz de:
Conteúdo Programático
Nesta aula você será apresentado aos principais métodos de sondagem do solo, especialmente
ao SPT.
Existem diversas técnicas de investigação que visam descrever o subsolo com diferentes
objetivos e aplicações. No entanto, a obtenção dos parâmetros geotécnicos não é uma tarefa
simples. Para estimar estes parâmetros existem uma série de ensaios que podem ser
realizados em campo ou no laboratório. Com estes ensaios pode-se estimar ou medir
comportamentos mecânicos do solo. Para as estimativas costuma-se estabelecer correlações.
As correlações são regras e equações que correlacionam diferentes parâmetros do solo.
Além de tudo isso, é importante ter a noção de que nem sempre será possível obter todas as
informações necessárias:
Investigação do Subsolo
(US ARMY CORPS OF ENGINEERS, 2001 apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2012, p.14)
A quantidade estabelecida é de, no mínimo, um furo para cada 200 m² de área de projeção em
planta do edifício. No caso de empreendimentos com área menor do que 200m² deve-se
executar 2 furos e para áreas de 200m² a 400m² deve-se executar 3 furos.
Geralmente, devido ao custo de mobilização da equipe, não se faz menos que três furos. Em
obras pequenas é comum não serem executadas sondagens. Essa negligência com a sondagem
e o projeto de fundações pode ser visualizada nos recalques que são observados em obras
desse tipo.
Para obras maiores, entre 1.200m² e 2.400m², deve-se executar uma sondagem a cada 400m².
Para empreendimentos maiores que 2400m² deve-se determinar um plano especial de
sondagem.
O método sísmico consiste em posicionar geofones que captam as ondas mecânicas que
podem ser oriundas de terremotos ou de fontes externas. À medida que essas ondas se
propagam no interior do solo elas refratam ou refletem em função da estratigrafia e
propriedade do material, permitindo que se estime o subsolo.
O GPR é um radar de ondas eletromagnéticas de baixa frequência cujo princípio de
funcionamento é semelhante ao método sísmico, sendo assim, é possível estimar o
comportamento do subsolo pelas propriedades da onda refletida.
Vane Test;
O SPT e o CPT são os mais usados em fundações e serão detalhados separadamente. O DMT e
o PMT são testes feitos com a pressurização, eles permitem obter a tensão horizontal que se
aplica no solo para um determinado deslocamento.
No DMT crava-se no solo uma paleta que tem uma membrana flexível, à medida que se aplica
pressão na membrana ela se desloca solicitando o solo. São feitas duas leituras de pressão: a
pressão que iguala a tensão do solo e a pressão correspondente a 1,1 mm de deformação, o
que permite determinar parte da curva tensão-deformação horizontal do solo.
O Vane Test é um ensaio no qual se crava uma palheta no solo, em formato de cruz.
Posteriormente, essa paleta é rotacionada e a força é medida com o auxílio do de um
torquímetro.
O Cone Penetration Test é um ensaio estático no qual um cone penetra o solo a uma
velocidade constante de 20 mm/s. À medida que o amostrador penetra no solo, sensores que
estão no cone registram a resistência oferecida por ele.
O cone é composto por duas partes básicas, a ponteira do cone, que registra a resistência de
ponta do cone , e a luva, que registra o atrito na lateral do cone .
Pode-se ainda instalar outros sensores no cone, tais como sensor de poropressão, de
eletrorresistividade e pressurômetros. Dessa maneira, o ensaio pode medir outras
características além das mecânicas.
Por ser estático, o ensaio precisa de uma reação que, geralmente, é feita pelo próprio
equipamento ou por um caminhão. Este ensaio permite a obtenção de parâmetros de
resistência que são próximos ao comportamento real de uma estaca.
O ensaio está descrito na NBR 6484 da ABNT. De início, instala-se um tubo guia no primeiro
metro do solo, o qual é escavado com um trado helicoidal. Dessa maneira, o ensaio inicia-se a
partir do primeiro metro.
Fonte: https://blogdopetcivil.com/2015/11/16/sondagem-de-solos-ensaio-a-percussao-
spt/esquema-2/
Esse número é usado para representar o comportamento do solo, camadas mais resistentes
precisarão de mais golpes para a mesma penetração e camadas menos resistentes precisarão
de menos golpes.
Existem diversas correlações que buscam descrever parâmetros do solo em função do índice
de resistência à penetração. Estas correlações devem ser usadas com cuidado, pois sua
validação experimental foi aplicada para um tipo de solo específico e o uso para outros tipos
pode levar a erros. Então, é preciso conhecer os limites e as aplicabilidades de cada uma delas.
A seguir, estão algumas correlações que devem ser usadas com prudência, sempre
consultando os trabalhos originais para entender os limites e aplicabilidade das mesmas.
A sondagem deve ser levada até às profundidades que incluam todas as camadas
impróprias ou que sejam questionáveis como apoio para fundações;
A exploração deve ser estendida até à profundidade em que o solo não seja solicitado
pelas cargas de fundação em mais do que 10% da tensão geostática efetiva;
Para exemplificar a distribuição dos furos de sondagem (SPT) em um terreno veja o exemplo
da figura 6.
Observe na figura 6 que os furos foram distribuídos por todo o terreno, de modo a permitir o
traçado do perfil geotécnico em diversas direções. Por exemplo: associando os furos SP-2; SP-
5 e SP8 é possível traçar um perfil na lateral do solo. Associando-se os furos SP-1; SP-3; SP-6;
SP-9 e SP-11 pode-se construir o perfil do solo na região central do empreendimento.
Figura 6 – Distribuição dos furos de sondagem no terreno onde será construído o Teatro
Municipal de Londrina-Pr
Figura 7 – Laudo de sondagem furo SP6 no terreno do futuro Teatro Municipal de Londrina
A sondagem deve ser dada por encerrada quando, no ensaio de avanço da perfuração por
circulação de água, forem obtidos avanços inferiores a 50 mm em cada período de 10 min.
Quando da ocorrência destes casos, constar no relatório a designação de impenetrável ao
trépano/peça de lavagem.
Se for necessário avançar a sondagem além dos limites estabelecidos pelos critérios de parada,
deve-se avançar utilizando-se de sondagem rotativa.
Videoaula 2
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Agora, assista ao vídeo sobre
Interpretação de um laudo de SPT.
Videoaula 3
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A sociedade vem se desenvolvendo cada vez mais, buscando edifícios cada vez mais altos,
pontes com vãos cada vez mais compridos e estamos continuamente desafiando a natureza.
E, para vencermos esses desafios, precisamos de estruturas que sejam capazes de suportar
determinados esforços. A estrutura de um edifício ou de uma ponte envolve uma parte visível,
que chamamos de superestrutura, e uma parte escondida, que chamamos de infraestrutura.
A infraestrutura é a estrutura que está abaixo da terra que, essencialmente, são as fundações,
ou seja, os elementos responsáveis por sustentar as estruturas. Sem fundações competentes
não é possível construir qualquer empreendimento. Os prejuízos oriundos de problemas na
fundação afetam toda a estrutura de um edifício. Nesse contexto, precisamos entender e
analisar a fundo os elementos de fundação.
Tipos de Fundações
Os elementos de fundações são pautados pela NBR 6122 (2019) da ABNT, a qual classifica as
fundações em: rasas (direta) e profunda (diretas ou indiretas).
Para entender melhor essa classificação, vamos dividir as fundações conforme seu mecanismo
de transmissão de carga (direto ou “indireto”), e conforme sua profundidade (rasa ou
profunda).
As fundações classificadas como diretas superficiais são aquelas que transmitem a carga
diretamente ao terreno e que se encontram na superfície. O melhor exemplo desse tipo de
fundação é a sapata.
As sapatas transmitem a carga para o solo através de sua base, elas podem ser constituídas de
diversos materiais, desde concreto, blocos cerâmicos maciços, pedras argamassadas etc.
As sapatas ainda são classificadas como: corridas, quando suportam elementos lineares, como
uma parede; isoladas, quando apoiam elementos de cargas pontuais, como pilares; e
associadas, quando apoiam vários tipos de elementos e cargas (figura 11).
Figura 11 – Sapatas Isoladas, corridas e associadas
Nestas sapatas, o centro geométrico da sapata não coincide com o centro geométrico do pilar,
de forma a permitir a solicitação do momento. Esse efeito também ocorre em vigas alavancas.
Os radiers são fundações diretas que transmitem toda a carga de uma estrutura ao solo.
Funcionam como uma sapata associada de grandes dimensões. Os radiers podem ser planos
(lisos) e nervurados ou celulares (caixão). A análise para o uso de cada um deles vai depender
do nível de solicitação mecânica e da rigidez relativa solo estrutura (figura 13).
Figura 13 – Radiers
Fonte: CAVIGLIONE (2018).
Videoaula 2
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Os tubulões são fundações cujo mecanismo de transmissão de carga é direto, porém são
fundações consideradas profundas. O procedimento executivo de um tubulão está registrado
na figura 14. Basicamente, é feita a escavação de um poço, um furo, essa escavação pode ser
feita manualmente ou com o auxílio de máquinas. Essa região é chamada de fuste do tubulão.
Quando o tubulão atingir a cota determinada em projeto é feita uma abertura do fuste para se
construir a base do tubulão.
Figura 14 – Execução de Tubulões
Para executar o tubulão abaixo do lençol freático usamos uma técnica chamada de “tubulão a
ar comprimido” em que, basicamente, rebaixamos o lençol freático com o uso de ar
comprimido.
É instalada uma campânula de aço sobre o tubulão, onde um compressor pressuriza todo o
interior do tubulão, expulsando a água da ponta. Nessas condições, o trabalho é muito moroso
e, caso a descompressão não seja feita corretamente, representa um risco muito grande aos
operários (figura 15).
Figura 15 – Tubulões a ar comprimido
Videoaula 3
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As fundações superficiais diretas (sapatas e radiers) são usadas quando temos solos de boa
resistência localizados na superfície do terreno. Sendo que, geralmente, é inviável rebaixar o
lençol freático, inviabilizando também o uso dessa fundação abaixo do lençol freático.
O projeto desse tipo de fundação deve atentar-se para os efeitos de recalque e adensamento
das camadas inferiores. A execução de sapatas, radiers nervurados e celulares, demanda
recursos de mão de obra e de formas, o que acaba por alongar o prazo de execução. Já os
radiers planos são executados de maneira mais rápida. Os custos desse tipo de fundação são
considerados relativamente baixos.
As fundações profundas diretas (tubulões) são usadas quando temos solos de boa resistência
localizados em profundidades médias. Para executar essas fundações abaixo do lençol freático
usamos de tubulões a ar comprimido, que são caros e demorados.
Os tubulões convencionais também são obras morosas e que demandam mão de obra
especializada, com custos relativamente elevados. A tabela 1 traz um comparativo conceitual
para esses tipos de fundações.
Falando de uma forma genérica, é preciso avaliar diversos fatores para se decidir pelo tipo
mais adequado de fundação para o caso em estudo. Veja o infográfico a seguir, ele resume as
principais informações a serem consideradas:
Indicação de Leitura
Leia o capítulo 9 do livro Fundações: Teoria e Prática (FALCONI et al., 2019) intitulado Execução
de Fundações Profundas para entender os detalhes sobre fundações em estacas. Se quiser
aprofundar ainda mais seus conhecimentos, leia também os capítulos 7 e 8, Análise, projeto e
execução de Fundações Rasas e Análise e Projetos de Fundações Profundas, respectivamente.
Indicação de Vídeo
Fórum Avaliativo
Prezado(a) aluno(a)!
Agora convido você para realizar a primeira atividade avaliativa da disciplina: Fórum de
Discussões.
Resolução de exercícios
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Assista à videoaula sobre fundações
diretas profundas.
Videoaulas
Prezado(a) aluno(a)!
Você também poderá encontrar todas as videoaulas, clicando em “Módulos” no “Menu
Lateral” e acessar a página de vídeos.
Encerramento
Nesta unidade você foi levado a pensar sobre a importância da sondagem do solo e os diversos
métodos utilizados. Sem dúvida, o SPT é o principal método de sondagem utilizado aqui no
Brasil, sendo que os principais métodos de dimensionamento de fundações se baseiam nele.
Dessa forma, ter um conhecimento aprofundado sobre esse tema é importantíssimo. Também
vimos a importância de saber interpretar um laudo de sondagem para poder extrair dele as
informações mais relevantes.
A segunda parte desta unidade trouxe uma série de informações sobre os diversos tipos de
fundações. O objetivo desse conteúdo é que você desenvolva um repertório de soluções para
poder especificar e também acompanhar a sua execução. Desse modo, estão lançadas as bases
sobre as quais você poderá edificar os seus conhecimentos, a partir disso, construa o seu
próprio conhecimento!
Referências
ALONSO, Urbano Rodriguez. Exercícios de fundações. 3. ed. São Paulo: Editora Blucher, 2019.
CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1987-2010. 3 v.
DAS, Braja M. Fundamentos de engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
FALCONI, Frederico (org) et al. Fundações: Teoria e Prática. São Paulo: Editora Oficina de
Textos, 2019.