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PROJETO PRELIMINAR DE TRATAMENTO DE EFLUENTE

DE UMA INDÚSTRIA TÊXTIL NO ESTADO DE MINAS


GERAIS

BEATRIZ CUNHA MELLO OLIVEIRA - 201620662

FABRICIO RIOS MENDES AGUIAR - 201620648

MARYNA SOARES GOMES- 201420253

MILENA SILVEIRA MONTEIRO - 201720127

SAMUEL CORBELLI E SILVA - 201620656

VERA CAROLINA PEREIRA - 201720547

Lavras

2021
SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO 3

2. ESBOÇO DO PROJETO PRELIMINAR 4


2.1. NÍVEIS DE TRATAMENTO ADOTADOS 4
2.2. TECNOLOGIA, PROCESSOS E OPERAÇÕES UNITÁRIAS A SEREM
UTILIZADAS EM CADA NÍVEL DE TRATAMENTO 4
2.2.1. TRATAMENTO PRELIMINAR 4
2.2.1.1. GRADE 4
2.2.1.2. DESARENADOR 4
2.2.1.3. CALHA PARSHALL 5
2.2.2. TRATAMENTO PRIMÁRIO 5
2.2.2.1. DECANTADOR PRIMÁRIO 5
2.2.3. TRATAMENTO SECUNDÁRIO 5
2.2.3.1. LODOS ATIVADOS CONVENCIONAIS COM AERAÇÃO
INTERMITENTE 5
2.2.4. TRATAMENTO TERCIÁRIO 6

3. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DE CADA PROCESSO, TECNOLOGIA OU


OPERAÇÃO UNITÁRIA, DESTACANDO A APLICABILIDADE DOS MESMOS NA
ÁREA DE ESTUDO E ÀS CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE 7
3.1 TRATAMENTO PRELIMINAR 7
3.2. DECANTADOR PRIMÁRIO 8
3.3. LODO ATIVADO CONVENCIONAL COM TANQUE DE AERAÇÃO
INTERMITENTE 8

4. MODELO HIDRÁULICO PREDOMINANTE NOS REATORES DE TRATAMENTO


SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO 9

5. COMUNIDADE MICROBIOLÓGICA NO REATOR 9

6. EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DOS POLUENTES EM CADA TECNOLOGIA,


PROCESSO E OPERAÇÃO UNITÁRIA 11
6.1. MECANISMOS PRINCIPAIS QUE IRÃO ATUAR NA REMOÇÃO 12

7. CUSTO COM MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO 13

8. ESTUDOS FUTUROS PARA A COMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PRELIMINAR


14

REFERÊNCIAS 15
1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Uma indústria têxtil no estado de MG está em fase de licenciamento ambiental e precisa


tratar seu efluente industrial. Tem como objetivo da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)
tratar o esgoto industrial gerado na indústria, de forma a minimizar os impactos do lançamento
de efluentes não tratados no corpo receptor, em conformidade com a legislação estadual
vigente. Além disso, o órgão ambiental exige em uma das condicionantes da licença de
instalação que o efluente não poderá colorir o corpo receptor. Considerando os seguintes pré-
requisitos da área em estudo:
A: Requisitos locacionais: disponibilidade de área é pequena, localizada em área urbana.
B: Requisitos do corpo receptor: o efluente tratado será lançado em um corpo hídrico
superficial lêntico (lagoa).
C: Requisitos econômicos: o orçamento da obra é elevado, de forma que custos de operação,
manutenção e contratação de mão de obra não são fatores críticos.
O Laudo laboratorial com a caracterização física, química e microbiológica do seu
efluente a ser tratado, estão a seguir:

Tabela 1: Caracterização física, química e microbiológica do esgoto a ser tratado.

Variável Valor

DBO (mg/L) 328

DQO (mg/L) 659

pH 5

N-NH3 (mg/L) 2

P (mg/L) 0

Fenóis totais (mg/L) 7

Sulfato (mg/L) 52

Turbidez (UNT) 37

ST (mg/L) 1187

SST (mg/L) 500

Sólidos sedimentáveis (mg/L) 3,5

Condutividade (µS.cm-1 ) 800

3
Cor verdadeira (Hz) 350 (coloração roxa)

2. ESBOÇO DO PROJETO PRELIMINAR

2.1. NÍVEIS DE TRATAMENTO ADOTADOS

Os níveis de tratamento a serem adotados serão:


➔ Tratamento Preliminar: Gradeamento, Desarenador e Calha Parshall.
➔ Tratamento Primário: Decantador primário
➔ Tratamento Secundário: Lodos Ativados Convencional com Remoção
Biológica de N e Decantador Secundário
➔ Tratamento Terciário: Carvão Ativado.

2.2. TECNOLOGIA, PROCESSOS E OPERAÇÕES UNITÁRIAS A SEREM


UTILIZADAS EM CADA NÍVEL DE TRATAMENTO

2.2.1. TRATAMENTO PRELIMINAR

2.2.1.1. GRADE

Inicialmente, o tratamento preliminar tem o objetivo de remover sólidos grosseiros.


Nessa etapa praticamente não há remoção da DBO, é apenas um processo de preparação do
efluente. O afluente irá entrar na estação, passar pela primeira estrutura do tratamento
preliminar, a grade, que é dimensionada com os critérios estabelecidos na NBR 12.209/11, e
irá remover os sólidos grosseiros ali presentes. É de grande importância para facilitar a
condução do efluente pelas tubulações e para evitar o entupimento.

2.2.1.2. DESARENADOR

Também conhecidos como caixas de areia, os desarenadores são utilizados para a


retenção de areia e sólidos finos abrasivos presentes no afluente. Estão disponíveis em modelos
para tanques quadrados, circulares ou retangulares. Segundo as normas estabelecidos na NBR
12.209/92, O desarenador deve ser projetado para remoção mínima de 95% em massa das

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partículas com diâmetro igual ou superior a 0,2 mm (densidade de 2,65); O desarenador deve
ter limpeza mecanizada quando a vazão de dimensionamento é igual ou superior a 250 L/s;
Devem ser previstas pelo menos duas unidades instaladas, sendo neste caso uma delas reserva,
a qual pode ser unidade não mecanizada.

2.2.1.3. CALHA PARSHALL

Por fim, passando pela Calha Parshall, desenvolvida na década de 1920, pelo
engenheiro Ralph L. Parshall, de início era usada nas irrigações mas expandiram seu uso para
projetos de saneamento. Utilizada para realizar medições de vazões em canais abertos.

2.2.2. TRATAMENTO PRIMÁRIO

2.2.2.1. DECANTADOR PRIMÁRIO

O tratamento primário dos esgotos objetiva principalmente remover sólidos em


suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes, a fim de reduzir o consumo de energia
posteriormente no tratamento secundário. Após o tratamento preliminar, os sólidos em
suspensão de maior densidade contidos nos esgotos, sedimentam-se e depositam-se ao fundo
do decantador, constituindo o lodo primário. Parcela dos sólidos em suspensão sedimentáveis
é de natureza orgânica, o que consequentemente resulta na redução da carga orgânica afluente
ao tratamento secundário. Os tanques de decantação podem ser retangulares ou circulares. Os
sólidos sedimentados no fundo da unidade são continuamente raspados e direcionados ao poço
de acúmulo de lodo. O decantador primário será utilizado com o intuito de se ter um menor
gasto de energia para a aeração e redução do volume do reator biológico e assim facilitar o
tratamento secundário.

2.2.3. TRATAMENTO SECUNDÁRIO

2.2.3.1. LODOS ATIVADOS CONVENCIONAIS COM AERAÇÃO INTERMITENTE


Na etapa de tratamento com Lodos Ativados Convencionais, terá um reator aerobio,
para que ocorra as reações bioquímicas de remoção da matéria orgânica, da matéria nitrogenada
e o desenvolvimento da biomassa a partir do substrato presente no esgoto bruto. Nesse reator
aeróbio terá aeração intermitente, ou seja, em alguns momentos será fornecido oxigênio para

5
que a matéria nitrogenada se transforme em nitrato, e após isso não terá aeração para que o
nitrato possa ser convertido em nitrogênio gasoso em ambiente anóxico. Ainda no tratamento
secundário, após o reator aeróbio, tem-se o decantador secundário, onde ocorre a sedimentação
dos sólidos (biomassa). Esses sólidos sedimentáveis que vão para o fundo do decantador
secundário são recirculados para o reator, com isso aumenta-se a concentração de biomassa, e
consequentemente tem-se uma elevada eficiência no sistema. (VON SPERLING, 2016)
Segundo JORDÃO & PESSOA (2005) o Lodo Ativado é o floco produzido no
tratamento do esgoto bruto ou decantado, devido o crescimento de bactérias ou outros
organismos e a presença de oxigênio dissolvido, e acumulado em concentração suficiente
graças ao retorno de outros flocos previamente formados.
A técnica de lodos ativados é utilizada há mais de 100 anos no Brasil. A técnica surgiu
quando perceberam que ao utilizar de métodos aeróbios muita biomassa era perdida ao longo
do tempo no processo e ao implantar a técnicas dos lodos ativados uma das principais
características era manter essa biomassa por mais tempo através da recirculação da mesma no
próprio sistema
Inventado por Arden e Lockett, o RSB era chamado à época de Fill and Draw, sistema
de encher e descartar, e requeria uma elevada mão de obra para sua operação. Em função das
limitações técnicas na época da invenção do processo de lodos ativados para estabelecer a
automação do ciclo operacional do RSB, o sistema ficou em desuso por um longo período,
retornando atualmente com os avanços tecnológicos. O uso de reatores RSB tem se mostrado
como uma boa alternativa quando comparados aos sistemas convencionais, devido a sua
praticidade tanto em termos de instalação como de flexibilidade de operação (MAHVI, 2008).
Os ciclos de operação possuem durações definidas e são estabelecidos em função do
tipo de tratamento a ser realizado, variações na vazão afluente, características do esgoto e da
biomassa no sistema. Esta flexibilidade das etapas de um ciclo permite o estabelecimento de
condições que promovam a remoção biológica de nutrientes.
O ciclo operacional típico de um RSB, segundo Yano (2012) é: enchimento, reação,
sedimentação, retirada do sobrenadante (descarte do efluente tratado) e repouso.

2.2.4. TRATAMENTO TERCIÁRIO

6
Nesta etapa de tratamento terciário, levando em conta a condicionante da licença
ambiental, que exige que o efluente não confira cor ao corpo receptor, foi optado pelo
tratamento com carvão ativado, na qual consiste na retirada de poluentes específicos que não
foram retirados nos processos anteriores, como nutrientes, organismos patogênicos, compostos
não biodegradáveis e metais pesados.
A adsorção com carvão ativado, possui grande eficiência na remoção desses poluentes
remanescentes, que funciona como um filtro onde as partículas se aderem aos poros do carvão,
sendo estes responsáveis por uma melhor eficiência no tratamento, ou seja, o tamanho e a
distribuição dos poros têm o maior impacto sobre a eficácia da filtração com carvão ativado.
O sistema adotado não depende de grande disponibilidade de área, e apesar de possuir
um custo elevado, o orçamento para o projeto é alto. Visto que, além da necessidade em
cumprir a condicionante estabelecida, existe a possibilidade do efluente tratado ser reutilizado
para finalidades como irrigação, lavagem, descarga de sanitários entre outros. E para isso, um
efluente com cor não seria recomendado.

Figura 1: Fluxograma do processo do tratamento de efluente

Fonte: Do Autor (2021)

3. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DE CADA PROCESSO, TECNOLOGIA OU


OPERAÇÃO UNITÁRIA, DESTACANDO A APLICABILIDADE DOS MESMOS NA
ÁREA DE ESTUDO E ÀS CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE

3.1 TRATAMENTO PRELIMINAR

7
A fim de preservar o nosso sistema de tratamento de efluente, optamos por instalar o
tratamento preliminar que consistirá em retirar os sólidos grosseiros que possam entupir, ou
danificar tubulações.

3.2. DECANTADOR PRIMÁRIO

Segundo a resolução CONAMA nº 430 de 13 de maio de 2011, para o lançamento de


efluentes em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula (ambiente
lêntico), os materiais sedimentáveis deverão estar ausentes. Pensando nisso, decidimos instalar
o decantador primário, onde sólidos suspensos sedimentáveis e matéria orgânica suspensa
serão removidos, aumentando a eficiência no tratamento secundário.

3.3. LODO ATIVADO CONVENCIONAL COM TANQUE DE AERAÇÃO


INTERMITENTE

Ao analisar a relação entre DQO e DBO, obteve-se um valor igual a 2. Quando a relação
de DQO/DBO é menor que 3, o tipo de tratamento mais indicado para o efluente, é o biológico.
Existem tratamentos biológicos aeróbicos e anaeróbicos. Para escolher entre eles,
observamos a DBO do nosso efluente, que é 328 mg/L. Quando o valor de DBO é menor do
que 1000 mg/L, o mais indicado é o tratamento aeróbico.
Sabendo que a disponibilidade de área para a implementação da ETE é pequena, o
melhor é escolher um tipo sistema de tratamento aerado que não demande de grande área, e
para isso, uma boa opção é utilizar tecnologia mecanizada.
Por último, mas não menos importante, levamos em consideração o corpo receptor do
efluente tratado. Por ser um ambiente lêntico, sabemos que a capacidade de autodepuração é
baixa. Sendo assim, os padrões para lançamento de efluente nesses ambientes são mais
restritivos, exigindo do nosso sistema de tratamento uma alta eficiência.
Foi pensando em todas essas questões, e podendo contar com um orçamento elevado,
que optamos pelo lodo ativado convencional (tanque de aeração + decantador secundário com
recirculação do lodo).
No lodo ativado convencional, pela disponibilidade de oxigênio (através da aeração), o
nitrogênio amoniacal é oxidado a nitrito e depois a nitrato, gerando um efluente sem amônia,
mas com nitrato. Portanto, é preciso utilizar tecnologia capaz de remover esse nitrato.

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Por isso, decidimos utilizar um tanque de aeração intermitente, onde uma hora a aeração
funciona e outra não. Dessa forma não há mais oxigênio disponível, e as condições ficam
anóxicas (aceptor final de elétrons é o nitrato) ou anaeróbias, favoráveis para a desnitrificação
(conversão do nitrato a N2 gasoso, que só acontece com a presença de bactérias desnitrificantes
que são anóxicas ou anaeróbias), removendo o nitrogênio do meio.
Existem outras alternativas de lodo ativado para remoção de nitrato, mas levando em
consideração que a nossa área disponível é pequena, aproveitar um único tanque para realizar
duas funções diferentes, é uma boa opção.

4. MODELO HIDRÁULICO PREDOMINANTE NOS REATORES DE


TRATAMENTO SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO

Pode-se inferir que as modificações na composição e na concentração dos compostos,


os poluentes, durante a permanência do esgoto no reator, são essenciais para o tratamento do
mesmo. Quando se fala em tratamento de efluente por um processo biológico, deve-se pensar
na bioquímica dos microorganismos, que afetam diretamente seu desenvolvimento.
De acordo com o sistema de tratamento supracitado, este trabalho baseia-se
majoritariamente pela reação de primeira ordem, na qual a taxa de reação é proporcional à
concentração do reagente. Dessa forma, pode-se enaltecer a introdução de oxigênio pela
aeração artificial, remoção de matéria orgânica e a remoção de organismo patogênicos.
O modelo hidráulico de mistura completa é o que mais se adequa ao presente estudo.
Devido a alta toxicidade de uma efluente industrial, este modelo acarretará em uma instantânea
diluição deste composto no interior do reator. Assim todos os elementos que entram no tanque,
são imediatamente dispersos e misturados, de forma que a concentração de qualquer
componente vai ser a mesma em qualquer ponto do tanque.

5. COMUNIDADE MICROBIOLÓGICA NO REATOR

No tratamento aeróbio o oxigênio será fornecido para a oxidação da matéria orgânica


(oxidação do carbono orgânico para fornecer energia para a síntese bacteriana e respiração
endógena das células bacterianas) e nitrificação.
O reator aeróbio irá funcionar a partir de microrganismos que necessitam de oxigênio
para respiração, sendo estes, bactérias aeróbias, onde sua fonte de carbono é a matéria orgânica
(bactérias heterotróficas). A biomassa heterotrófica utiliza a matéria orgânica rapidamente

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biodegradável (solúvel). Parte da energia que está relacionada com essas moléculas é agrupado
à biomassa, enquanto que o restante é utilizado para fornecer energia para a síntese. A primeira
rota da decomposição da matéria orgânica se dará com o oxigênio como aceptor final de
elétrons, com isso as bactérias aeróbias heterotrófica vão consumir o oxigênio dissolvido,
formando no final da reação dióxido de carbono (CO2), água (H2O) e biomassa.
As bactérias heterotróficas são extremamente importantes no tratamento biológico,
além de serem responsáveis pela degradação da matéria orgânica, desempenham também a
função de aglomerarem-se em estruturas, como flocos, biofilmes e grânulos. Estes últimos
podem ocorrer de forma dispersa, ou seja, a biomassa cresce no meio líquido sem estrutura de
sustentação (flocos), ou de forma aderida, ou seja, a biomassa cresce aderida a um meio suporte
artificial, natural ou a própria biomassa aglomerada (grânulos) formando um biofilme (VON
SPERLING, 2011).
Outras bactérias presentes são as bactérias nitrificantes (aeróbias estritas), que só vivem
na presença de oxigênio, e são quimioautotróficas, ou seja, utilizam a energia a partir de reação
química. Diante disso, haverá a nitrificação, no qual ocorre a oxidação de amônia (NH3) a
nitrito (HNO2), sendo o nitrito oxidado a nitrato (NO3) e após isso ocorrerá a desnitrificação,
onde as bactérias utilizam-se no nitrato como aceptores finais de elétrons (sendo esta a segunda
rota da decomposição da matéria orgânica), e com isso o nitrato será convertido na forma mais
oxidada que é o nitrogênio gasoso (N2) em ambiente anóxico.
Para o crescimento desses microrganismos, além do carbono, os mesmos necessitam
do suprimento de outros macronutrinetes, como, por exemplo, fósforo, que é um importante
componente da célula. O fósforo é o elemento encontrado nos ácidos nucléicos, ATP,
membranas fosfolipídicas, coenzimas e em muitos compostos intermediários associados com
o metabolismo e armazenamento de energia. Os microrganismos obtêm fósforo,
principalmente, a partir de íons de fosfato inorgânico (PO43- ), o qual é utilizado diretamente
pelas bactérias, ao passo que, compostos de fosfato orgânico são primeiramente hidrolisados
em ésteres por enzimas denominadas fosfatases e, posteriormente, incorporado às
biomoléculas. (Madigan, M.T, et al. 2009)
Visto que na indústria têxtil não há geração de fósforo (P), a utilização do fosfato será
de suma importância para o crescimento desses microrganismo e assim a remoção do carbono
orgânico.

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6. EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DOS POLUENTES EM CADA TECNOLOGIA,
PROCESSO E OPERAÇÃO UNITÁRIA

No tratamento primário (decantador primário), terá a remoção de sólidos em suspensão


sedimentáveis e parte da matéria orgânica. Esses poluentes serão reduzidos para assim facilitar
o tratamento secundário. Tendo eficiência de remoção de 50 a 70% de sólidos suspensos totais,
70 a 90% sólidos suspensos sedimentáveis de e matéria orgânica em suspensão de 25 a 35%.
(VON SPERLING, 2005)
Visto que, no tratamento secundário, terá o tratamento de lodo ativado convencional
com remoção de N. Sendo assim, tomando como base a Tabela 2 este sistema de tratamento
será eficiente para remoção principalmente de matéria orgânica e nitrogênio.

Tabela 2. Eficiências médias de remoção de poluentes do esgoto doméstico para o sistema de tratamento de
lodo ativado com remoção de N.

Tratamento de lodo ativado com remoção de N

Qualidade média do
Parâmetros/Poluentes Eficiências (%)
efluente (mg/L)

DBO5 15-40 85-93

DQO 45-120 80-90

SS 20-40 87-93

Amônia-N <5 >80

Ntotal <10 >75

Fonte: SPERLING, 2005.

Sabendo que o órgão ambiental exige em uma das condicionantes da licença de


instalação que o efluente não poderá colorir o corpo receptor. Faz-se necessário a etapa de
tratamento terciário com a utilização de carvão ativado. Tomando como base a Tabela 3, pode-
se observar que nos estudos de remoção de cor o carvão ativado se mostrou eficiente para tal.

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Tabela 3. Eficiências de remoção de cor verdadeira a partir de estudos com o uso de carvão ativado.

Tratamento terciário com carvão ativado

Eficiências de
Fontes Estudo remoção de cor
verdadeira (%)

PROCESSO DE ADSORÇÃO COM O


CARVÃO ATIVADO PROVENIENTE DO
MEDEIROS DE ENDOCARPO DE COCO (COCCUS
96-98
LUCENA, 2018 NUCIFERA L.) PARA REMOÇÃO DE COR,
DQO E TOXICIDADE DE EFLUENTE
TÊXTIL

Adsorption of organic pollutants from effluents


CHUAN, KARL, of a Kraft pulp mill on activated carbon and
95
QINGLIN, 2001 polymer resin. Advances in Environmental
Research

Diante disso, a implementação do tratamento preliminar, tratamento primário,


tratamento secundário e tratamento terciário, será eficiente para minimizar os impactos do
lançamento de efluentes não tratados no corpo receptor, sendo este corpo hídrico superficial
lêntico (lagoa), estando assim em conformidade com a legislação estadual vigente. Além de
seguir a condicionante exigida pelo órgão.

6.1. MECANISMOS PRINCIPAIS QUE IRÃO ATUAR NA REMOÇÃO

No tratamento preliminar e no tratamento primário o principal objetivo é a remoção de


sólidos que podem ser divididos em grosseiros, suspensos e dissolvidos. Para os sólidos
grosseiros é utilizado as grades e o principal mecanismo é reter esses sólidos com dimensões
superiores ao espaçamento entre barras. Os sólidos suspensos serão removidos a nível primário
(decantador primário) com mecanismo de separação de sólidos com densidade superior à do
esgoto (sedimentação gravitacional). Os sólidos dissolvidos terá que ter o mecanismo de
adsorção, que consiste na retenção na superfície de aglomerados de bactérias ou biomassa. As
bactérias podem se aglomerar formando flocos no reator biológico e os sólidos podem ser

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adsorvidos em função da atração das cargas eletrostáticas entre os aglomerados de bactérias e
os sólidos dissolvidos.
A matéria orgânica pode ser divida em DBO suspensa e DBO solúvel. Parte da DBO
suspensa será removida no decantador primário com o mesmo mecanismo dos sólidos
suspensos, no qual haverá a separação da matéria orgânica de maior densidade em relação à
densidade do esgoto. Terá também como mecanismo a adsorção, onde ocorrerá a retenção na
superfície de bactérias ou biomassa. Além do mecanismo de hidrólise que vai quebrar a DBO
particulada e passar a ser DBO suspensa através da ação de enzimas. E por fim o mecanismo
de estabilização que é a utilização das bactérias heterotróficas como alimento. Já a DBO solúvel
pode-se ter dois mecanismos, o de adsorção e o de estabilização.
A matéria orgânica biodegradável será removida em lodo ativado convencional com
remoção de N. Já a matéria orgânica não biodegradável será necessário os processos físico
químicos, no qual será adicionado um coagulante, neste caso o fosfato, promover a agregação
dos flocos e remover os metais por precipitação. Com isso ocorrerá a seleção de bactérias que
vão ser capazes de remover a matéria orgânica recalcitrante ou a matéria orgânica quase nada
biodegradável.
A remoção de nitrogênio irá ocorrer por mecanismos de nitrificação e desnitrificação
biológica, reatores de lodos ativados são muito utilizados para isso, são reatores adaptados onde
se tem câmeras espetanques de aeração específicos para promover um ambiente anóxico.
No tratamento terciário, o mecanismo que vai atuar na remoção da cor, é a adsorção,
pois o carvão tem uma área superficial muito grande, onde vai atuar como um adsorvedor,
diante disso, partículas com cargas opostas ao do carvão ativado serão quimicamente
adsorvidas em sua superfície.

7. CUSTO COM MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO

Com relação ao custo do tratamento, pode-se indicar o valor per capita final do
tratamento. Dessa forma, a variação preço ocorre de maneira proporcional à população atendida
pelo projeto do sistema de tratamento.
Com base na literatura (Von Sperling 2005), no que se diz respeito ao consumo de
energia, uma vez que há a utilização de bombas para a reaeração do ar, pode-se inferir uma
potência utilizada para a instalação e a consumida, tendo valores respectivamente de 2,2 - 4,2
W/hab e 15 - 22 kWh/hab.ano.

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E por fim, em relação ao custo de implantação de toda a estrutura e sua
operação/manutenção do projeto, é possível evidenciar que os valores são respectivamente de
80 - 130 R$/hab e 8 - 15 R$/hab.ano, também de acordo com a literatura (Von Sperling 2005).

8. ESTUDOS FUTUROS PARA A COMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO


PRELIMINAR

Como estudos futuros, com a função de complementar o projeto em questão, é proposto


o reuso da água residuária para lavagem do pátio e locais similares do próprio empreendimento.
Realizando essa prática, muitos resultados positivos economicamente e ambientalmente são
gerados.
Dentre os resultados, no quesito ambiental, é possível citar a redução da emissão de
poluentes depositados nos corpos hídricos receptores, e principalmente nas bacias
hidrográficas. Em paralelo, outro benefício proporcionado é em relação a segurança hídrica
visto que a água potável que seria utilizada para lavagem dos locais mencionados, não será
mais usada, gerando assim uma economia hídrica.
Em questões econômicas e ao mesmo tempo ambientais, será gerada a redução no gasto
de energia elétrica, relacionando a quantidade que era necessária para o tratamento dos
efluentes e a quantidade necessária para captação de água para o uso industrial.
Especificamente em quesitos econômicos monetários, é evidente o aumento da
eficiência de produtividade, pois como serão reduzidos os gastos com o consumo de recurso,
mais investimentos serão possíveis em outras áreas do empreendimento. É possível apontar
também a melhoria da visibilidade do empreendimento, afinal o comportamento de uma
empresa impacta de forma direta na decisão de contratação de serviços dos consumidores
envolvidos. Assim, ao realizar a prática do reuso, o empreendimento tende a ser mais
valorizado, já que do ponto de vista ambiental é uma prática positiva, e apropria-se de uma
ação sustentável, o que acarreta em boas práticas para o marketing empresarial divulgar.
Outra proposta é a indústria instalar placas fotovoltaicas em quantidade suficiente para
que seja possível ter uma reserva de energia elétrica, na modalidade solar, para casos de falta
de energia proveniente da rede de energia elétrica comum. Por mais que o custo para
implantação do projeto seja um pouco alto, os benefícios propiciados são inúmeros e torna a
ação viável, pois requer pouco espaço físico para instalação, possui baixo custo de manutenção,
corresponde ao sistema de autogeração de energia com menos custo, é uma instalação que
possui vida longa e possui também alta resistência a questão de intempéries.

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Por fim, é proposto também que a indústria realize o monitoramento de ruído e odor da
estação de tratamento de efluentes, de forma quantitativa e qualitativa, para que esteja de
acordo com a legislação vigente, sendo em âmbito federal a Resolução CONAMA 01/90 e a
ABNT NBR 10151, e também para que garanta o bem estar da população residente na
vizinhança, promovendo medidas preventivas referentes à acústica e ao tratamento de odores.
Isso pelo fato de que as etapas do procedimento de tratamento, usam instrumentos que
possibilitam a produção de odores e ruídos, de forma considerável.

REFERÊNCIAS

CHUAN, X.; KARL, T.; QINGLIN, Z. Adsorption of organic pollutants from effluents of a
Kraft pulp mill on activated carbon and polymer resin. Advances in Environmental
Research. v. 3, p. 252-258, 2001.

15
LUCENA, Luiz Medeiros de. ESTUDO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO COM O
CARVÃO ATIVADO PROVENIENTE DO ENDOCARPO DE COCO (COCCUS
NUCIFERA L.) PARA REMOÇÃO DE COR, DQO E TOXICIDADE DE EFLUENTE
TÊXTIL. 2018. 134 f. Dissertação (Mestrado) - Pós graduação em Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, 2018. Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/30444/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20
Luis%20Medeiros%20de%20Lucena.pdf. Acesso em: 27 set. 2021. Acesso em 28 de setembro
de 2021.
Madigan, M.T; Martinko, J.M.; Dunlap, P.V.; Clark, D.P (2009) Brock Biology of
microorganisms. 12ed.

MAHVI, A. H. Sequencing Batch Reactor: A promising technology in wastewater


treatment. In: Iran, J. Environment Heath Science Engineer. Vol. 5, Nº2, 2008.

MARQUES, Flávia. Como monitorar o decantador secundário e obter melhor


performance. São José dos Campos, SP, 2018. Disponível em:
https://acquablog.acquasolution.com/como-monitorar-o-decantadorsecundario-e-obter-
melhor-performance/. Acesso em: 8 ago. 2020.

VON SPERLING, Marcos. Princípios básicos do tratamento de esgotos. Universidade


Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

VON SPERLING, Marcos. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO BIOLÓGICO DE ÁGUAS


RESIDUÁRIAS, Lodos Ativados. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2016.

VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.


Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

YANO, Anelise Almeida. Estudo sobre o controle do intumescimento filamentoso,


utilizando cloro em lodos ativados de indústria alimentícia. Cuiabá, 2012. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental) Universidade Federal de Mato Grosso.

16
CONAMA 1/90. Resolução CONAMA nº 1, de 8 de março de 1990. Conselho Nacional do
Meio Ambiente.

NBR 10151. Acústica - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas


habitadas - Aplicação de uso geral. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2019.

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