Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autores:
José Aldo Alves Pereira
Luís Antônio Coimbra Borges
Ana Carolina Maioli Campos Barbosa
Rosângela Alves Tristão Borém
1a Edição
Lavras
2014
Lavras
2014
© 2014 by José Aldo Alves Pereira, Luís Antônio Coimbra Borges, Ana Carolina Maioli Campos Barbosa e
Rosângela Alves Tristão Borém, 1a edição: 2014.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma, sem a autorização escrita e
prévia dos detentores do copyright.
Direitos de publicação reservados à Editora UFLA.
Editora UFLA
Campus UFLA - Pavilhão 5
Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras – MG
Tel: (35) 3829-1532 – Fax: (35) 3829-1551
E-mail: editora@editora.ufla.br
Homepage: www.editora.ufla.br
APRESENTAÇÃO..................................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
APRESENTAÇÃO
9
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
O material que disponibilizamos foi elaborado por quatro Engenheiros Florestais, tendo
como foco principal professores e alunos de gradução e pós-gradução das diferentes áreas do
conhecimento. Com este material esperamos contribuir para o preenchimento de uma lacuna
de conteúdo ainda existente no presente momento. Com esta iniciativa esperamos ser úteis aos
estudantes, professores e à população em geral, na condução das disciplinas em instituições de
ensino dedicadas à compreensão dos impactos ambientais produzidos por empreendimentos das
mais diferentes áreas, visto que o enfoque e a abordagem do conhecimento aqui presente têm
caráter multidisciplinar.
Autores.
Homenagem
“Nesta oportunidade, os autores deste livro, homenageiam o ilustre geógrafo
brasileiro Milton Santos (1926-2001). Natural de Brotas de Macaúbas, Bahia,
formado em direito e doutor em geografia pela Universidade de Strasbourg,
França. Preso em 1964, durante o regime militar, esteve fora do País entre os
anos de 1964 e 1977, período em que lecionou em universidades da França,
Canadá, Estados Unidos, Venezuela e Tanzânia. Foi o primeiro cientista de
um país em desenvolvimento a receber o prêmio Vautrin Lud (equivalente ao
Prêmio Nobel da Geografia). Entre 1980 e 2000, Milton Santos recebeu vinte
títulos de Dr. Honoris Causa de Universidades do Brasil, da América Latina e
da Europa. Publicou mais de quarenta livros e mais de 300 artigos em revistas
cientificas, em português, francês, espanhol e inglês. Ao leitor: Poderíamos
ter utilizado outros livros ou artigos de Milton Santos para ilustrar com frases
de sua autoria, e em sua homenagem, os títulos dos capítulos deste livro. A
temática nos direcionou para o livro denominado “Pensando o Espaço do
Homem”, publicado em primeira impressão em 1982 pela Hucitec e em 2009
pela Editora da Universidade de São Paulo – Edusp.
10
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Extração de areia
Extração de areia no Rio Paraiba, Alagoas, às margens da Rodovia AL – 210. Nesta foto observa-se a eu-
trofização das águas, caracterizada pela grande quantidade de macrófitas aquáticas. O método de extração é
totalmente manual, expondo o homem às baixas condições sanitárias. 11
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
12
1
INTRODUÇÃO
A ação do homem sobre o meio ambiente é tão antiga quanto a sua própria história. Nas
últimas décadas os efeitos ambientais degradatórios intensificaram-se de forma insustentável
para a capacidade de suporte da terra, visualizada para o atual momento, e tendo como base
as tecnologias disponíveis no presente. Esta degradação deve-se, em parte, ao alto grau de
aceleração da tecnologia transformadora desenvolvida pelo homem, e da forma como vem sendo
empregada, ao interferir direta e indiretamente sobre os recursos naturais, renováveis ou fósseis.
O crescimento demográfico concentrado especialmente nos centros urbanos, atua
radicalmente sobre os recursos naturais, limitados frente ao modelo de desenvolvimento que
requer uma demanda ilimitada para a produção de alimentos, energia e bens de consumo. O
crescimento desordenado do binômio população e consumo propicia a produção de detritos
tóxicos e elementos residuais não degradáveis ou degradáveis ao longo de dezenas e centenas
de anos. O passivo ambiental ou o depalperamento dos recursos ambientais geram danos
irreparáveis, sejam no esgotamento e perdas dos solos, da água, diversidade de plantas e animais,
ou mesmo na descaracterização da paisagem e dos elementos que a compõem.
Este processo de degradação acumulativo teve ênfase nas últimas décadas, ensejando da
sociedade, cuidados e atenção com o meio ambiente, que possibilitaram a criação de instrumentos
e mecanismos de proteção por meio da prevenção, recuperação ou reabilitação do meio ambiente
como um todo ou dos ecossistemas ameaçados ou degradados pela ação humana.
As desigualdades sociais, em particular nos países ou regiões subdesenvolvidas desencadeiam
situações extremas de descuido ou falta de informações, dentre outras causas, devido aos altos
índices de analfabetismo, que sobrepõem e dificultam medidas de controle, implementações de
programas e recuperação dos recursos ambientais.
Para fins de proteção, a noção de meio ambiente é muito ampla, abrangendo todos os
bens naturais e culturais de valor para a sociedade. Alguns destes são detentores de mecanismos
técnicos e legais que os protegem, tais como o solo, a água, o ar, a flora e a fauna, os elementos
de belezas naturais e artificiais, como o patrimônio histórico, artístico e paisagístico, elementos
arqueológicos e espeleológicos, sendo o homem, entretanto, o elemento central.
As primeiras leis de proteção ambiental no Brasil foram trazidas de Portugal através das
Ordenações Afonsinas datadas de 1326 que protegiam as aves, igualando criminalmente o seu
furto ou ações de maus tratos aos crimes comuns, ou seja, não ambientais. A preocupação com a
proteção das riquezas florestais brasileiras era motivada pela necessidade do emprego das madeiras
para o impulso da expansão ultramarina portuguesa - o corte deliberado das árvores frutíferas era
também considerado ato criminoso (Wainer, 1991; Magalhães, 1998), não evitando, ainda assim,
a intensa e duradoura exploração da espécie “Pau Brasil”, colocando-a nos limites da extinção.
Os conceitos de Impactos Ambientais na legislação brasileira são fundamentalmente
antrópicos. De acordo com o artigo 1º da Resolução CONAMA 001/86, Impacto Ambiental é:
14
Capítulo 1 - Introdução
15
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
O Brasil possui uma legislação ambiental moderna que se iguala às dos países desenvolvidos
com tradição no cuidado com o meio ambiente. Por outro lado, este fato em si não garante
diretamente à aplicabilidade das leis e a qualidade da conservação e preservação dos recursos
naturais no País, que se possa qualificar de ambiente sadio e equilibrado. Os empreendimentos
novos e antigos encontram-se, sistematicamente, submetidos ao licenciamento correspondente
à fase em que se encontram, e a sociedade espera que o aprimoramento do conjunto legal,
juntamente com as condições de análise e implementação da AIA, cujo processo está contemplado
no Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), avancem na garantia do contínuo
aparelhamento técnico e legal, essenciais para o futuro dos ambientes naturais, urbanos e sociais
do território brasileiro.
16
2
BASE HISTÓRICA DA
AIA E EVOLUÇÃO DA
POLÍTICA AMBIENTAL
NO BRASIL
O momento passado está morto como tempo, não, porém, como espaço; o
momento passado já não é e nem voltará a ser, mas sua objetivação não
equivale totalmente ao passado, uma vez que está sempre aqui e participa
da vida atual como forma indispensável à realização social.
Milton Santos
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
18
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
começou a ser adotada por exigência das agências financiadoras internacionais (MOREIRA,
1995; DIAS, 2001), como forma de responder às pressões da comunidade científica mundial
e dos cidadãos dos países desenvolvidos, que passaram a se sentir responsáveis pelos problemas
ambientais resultantes de projetos multinacionais ou financiados por seus países. Servem como
exemplo: a Usina Hidrelétrica de Tucuruí que teve seu EIA/RIMA elaborado mesmo sem
exigência legal; e o terminal de exportação do minério de Carajás, em Ponta da Madeira, em São
Luiz, Maranhão.
Na América Latina, vários países contam com a utilização formal da AIA: Colômbia, Venezuela,
México, Argentina, Brasil, dentre outros. Observam-se dificuldades de ordem institucional e política,
em todos esses países, pois o estágio de desenvolvimento do processo corresponde quase sempre,
ao estágio de democratização e conscientização da sociedade. Vale destacar que os países membros
do MERCOSUL possuem dispositivos legais suficientes para garantir uma efetiva conservação
ambiental, especialmente a legislação brasileira que é a mais completa e moderna. No entanto, esses
países ainda apresentam pendências de uma fiscalização eficaz, para que as normas sejam cumpridas
(ROCHA et al., 2005).
Este capítulo traz uma análise histórica dos principais fatos, eventos e normas ambientais no
Brasil e no mundo, que culminaram na criação da atual Política Ambiental Brasileira. A sinopse
dessa evolução histórica é apresentada ao final do capítulo representada na linha do tempo.
No final dos anos 50, grupos ambientalistas se organizaram nos EUA à medida que
aumentava a conscientização de uma parcela da opinião pública americana sobre a degração
ambiental e os problemas sociais decorrentes. Em 1962, a ecologista norte-americana Rachel
Louise Carson, impulsionou o movimento global sobre o meio ambiente com a publicação do
livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), no qual advertia sobre os efeitos da contaminação
acumulativa causada pelo pesticida DDT. O livro é considerado um clássico da conscientização
ecológica, sendo a primeira åpublicação sobre impacto ambiental. Pela primeira vez, sentiu-se
a necessidade de regulamentação da produção industrial de modo a proteger o meio ambiente.
Como resultado, o DDT passou a ser supervisionado pelo governo americano, até que foi
finalmente banido.
Na mesma década, outros movimentos em prol do meio ambiente marcaram a política
ambiental americana, como o Clean Air Act de 1963, visando o controle legal da poluição
atmosférica, e o Wilderness Act de 1964, responsável pela proteção de áreas selvagens. Com o
aumento da apreciação e preocupação com o meio ambiente, a sociedade passou a exercer forte
pressão sobre as autoridades. Um exemplo foi o clamor público após o vazamento de petróleo em
19
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Santa Bárbara, em 1969, no sul da Califórnia, com impacto significativo sobre a vida marinha,
causando a morte de milhares de aves, golfinhos, focas e leões marinhos.
Esses e outros fatos levaram os EUA a uma legislação ambiental que culminou com a
instituição do EIA (Estudo de Impacto Ambiental), por meio do NEPA (National Environmental
Policy Act of 1969), vigorando a partir de 1970. O documento gerado foi denominado de EIS
(Environmental Impact Statement), cuja tônica era criar e conservar as condições em que o
homem pudesse viver em harmonia com a natureza. Este instrumento legal determinou que os
objetivos e princípios da legislação, ações e projetos de responsabilidade do governo federal, que
afetassem significativamente a qualidade do meio ambiente, incluíssem a Avaliação de Impacto
Ambiental, observando os seguintes aspectos: identificação dos impactos ambientais; efeitos
ambientais negativos da proposta; alternativas de ação; relação entre a utilização dos recursos
ambientais no curto prazo e a manutenção ou melhoria do padrão ambiental no longo prazo, e
qual o comprometimento do recurso ambiental para o caso de implantação da proposta.
Pode-se dizer que o surgimento da AIA, na segunda metade do século XX, foi uma
consequência da crescente percepção da fragilidade e vulnerabilidade dos ecossistemas frente
ao crescimento econômico e industrialização nos países desenvolvidos. Cada vez mais ficava
patente que a avaliação dos grandes projetos não poderia se limitar aos aspectos tecnológicos e
de custo-benefício. Assim, de maneira pioneira, a lei americana instituiu uma política nacional
do meio ambiente, sob a responsabilidade do governo federal, a fim de garantir a integridade dos
componentes físicos, biológicos, sociais e culturais.
A concepção da AIA, formalizada no NEPA, começou a se difundir mundialmente e a
sofrer adaptações em diferentes níveis de acordo com a realidade e necessidade de cada país. Os
primeiros países a aderirem ao sistema foram o Canadá, Nova Zelândia e a Austrália, ainda no
início dos anos 70.
Em 1972, o recém-criado Clube de Roma ganhou repercursão mundial com a publicação
do seu primeiro relatório, “Os limites do crescimento”, comissionado por um grupo de cientistas
do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sob a chefia de Dana Meadows. Por meio de
modelos matemáticos, o MIT concluiu que o Planeta Terra era incapaz de suportar o crescimento
populacional devido à pressão sobre os recursos naturais e energéticos e ao aumento da poluição.
A publicação demonstrava de forma convincente a contradição do crescimento irrestrito e do
consumismo ilimitado em um mundo de recursos claramente finitos, trazendo a discussão
ambiental como prioridade da agenda global. O impacto desse relatório é descrito como um Big
Bang nos campos da política, economia e ciência (Club of Rome, 2012).
A primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente foi inaugurada
pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1972, em Estocolmo, capital da Suécia. A
Conferência de Estocolmo, como ficou conhecida, é considerada um marco histórico político
20
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
internacional, e resultou na criação da primeira agência ambiental global: o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Além do Relatório do Clube de Roma, um segundo
documento da ONU intitulado Only one earth: the care and maintenance of a small planet (Apenas
Uma Terra: cuidado e conservação de um pequeno planeta), forneceu as bases para as discussões.
A Conferência de Estocolmo foi marcada por discussões conflituosas entre os países
desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Os primeiros defendiam o “desenvolvimento zero”, pelo
controle populacional e a redução do crescimento econômico; os últimos apelavam para o
“desenvolvimento a qualquer custo”, alegando que os problemas ambientais eram originados
da pobreza, a principal fonte de poluição, e defendiam o direito de crescer sem preocupação
com as questões ambientais, a exemplo do que ocorreu com os países desenvolvidos. Para os
países pobres, a filosofia do crescimento zero era inaceitável, e culpavam as nações prósperas
pelo execesso de produção e consumo. Surge então a alternativa do Ecodesenvolvimento, proposta
durante a mesma conferência, em que o processo de desenvolvimento econômico pode ser
compatível com a preservação do ambiente, desde que a eficiência econômica seja considerada
em conjunto com a equidade social e o equilíbrio ecológico.
A partir de 1975, o desenvolvimento de estudos de impactos ambientais passou a ser
uma exigência por parte dos órgãos financiadores (FOGLIATTI et al., 2004). À época, sob
forte dependência do capital e ajuda externa, muitos países da América Latina como o Brasil,
Argentina, Colômbia, México e Venezuela, se encontraram forçados a tomar providências quanto
às exigências dos organismos internacionais.
Na França, a realização de estudos de impacto ambiental iniciou-se com a Loi relative a la
protection de la nature, de 1976, exigindo a realização do EIA antes da instalação de empreendimentos
passíveis de alterar o meio ambiente. No restante da Europa, o processo AIA começou a ser
implantado a partir de 1985, por meio de uma resolução da Comissão Europeia que exigia aos
países membros adotar em procedimentos formais de AIA para a aprovação de empreendimentos
potencialmente causadores de significativa degradação ambiental (MARTO, 2009).
Em outubro de 1979 foi realizada a primeira Conferência Intergovernamental sobre
Educação Ambiental, organizada pela UNESCO em colaboração com o PNUMA e realizada na
cidade de Tbilisi, Geórgia, antiga União Soviética. A Conferência de Tbilisi propôs os princípios
básicos da educação ambiental: promover a compreensão da interdependência econômica,
social, política e ecológica; proporcionar a todos a possibilidade de adquirir os conhecimentos
necessários para proteger o meio ambiente, e induzir, nos indivíduos e sociedade como um todo,
novas formas de conduta a respeito do meio ambiente.
A retomada, pela ONU, do debate sobre as questões ambientais no início dos anos 80,
levou à criação da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 10 anos após a
Conferência de Estocolmo. O objetivo era promover audiências em todo o mundo e produzir um
21
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
resultado formal das discussões, resultando no Relatório de Brundtland, publicado em 1987 com
o título “Nosso Futuro Comum”, abordando temas cruciais para o desenvolvimento sustentável,
entre eles, a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, o desenvolvimento de tecnologias
para o uso de fontes de energia renováveis e tecnologias ecológicas de produção industrial.
22
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
acordo com a realidade que se vivia. Portanto, não se deve condenar erros passados, mas acertar as
políticas de uso e preservação dos recursos naturais que garantam a sua perpetuidade no futuro.
Durante os primeiros anos do século XX, o país não demonstrava grande preocupação
com os recursos naturais. A legislação, inclusive a Constituição Federal, era liberal e garantia aos
proprietários rurais autonomia e poder ilimitado sobre a propriedade. Não havia preocupação
com o despejo de efluentes em rios, com a coleta de lixo, entre outras ações que hoje se considera
triviais. A abundância dos recursos e a capacidade de resiliência dos ecossistemas estavam em equilíbrio.
Com o crescimento da população, a aceleração dos processos de produção e o avanço
do desmatamento proporcionado pelo crescimento da agricultura fizeram com que o governo
despertasse para a necessidade de se conservar os recursos naturais no país. Nos anos 20, surgiu
a ideia de se criar uma normatização para a proteção e uso racional dos recursos naturais. Em
1934, com a implantação do Estado Novo, foram instituídos o Código Florestal e o Código de
Águas, com a principal função de regular o uso das florestas e das águas no Brasil.
O primeiro Código Florestal Brasileiro, datado de 1934, apresentava algumas características
preservacionistas, estabelecendo o uso da propriedade em função do tipo florestal existente,
definindo-as em quatro categorias de florestas: florestas protetoras, remanescentes, modelo e de
rendimento. Além desta classificação, foram estabelecidas limitações às propriedades privadas de
acordo com a tipologia florestal nela existente e regulada a exploração das florestas de domínio
público e privado. Trazia também, a estrutura de fiscalização das atividades florestais, as penas,
infrações e as respectivas punições aos infratores (KENGEN, 2001). Apesar das boas intenções,
a legislação não funcionou devido à inércia e displicência das autoridades e, dependendo da
localização, as áreas que deveriam ser declaradas protetoras ou remanescentes continuavam
sendo entregues ao machado e ao fogo (SWIOKLO, 1990).
Ocorreram também, na década de 30, outros eventos normativos de importância
ambiental. Foi estabelecido o primeiro Código da Fauna (1937) e criado o primeiro Parque
Nacional do Brasil, o de Itatiaia, em junho de 1937. No período de 1938 a 1965 ainda foram
criados 14 Parques Nacionais no Brasil (BORGES et al., 2009).
Passados 31 anos até a edição do segundo Código Florestal Brasileiro (Lei 4.771/65), as
normatizações que tratavam das florestas não se modificaram muito e, a partir da edição do
Código Florestal de 1965 todas as florestas e demais formas de vegetação existentes no território
nacional passaram a ser consideradas bens de interesse comum de todos os habitantes do Brasil
(BRASIL, 1965). Pela menção “bens de interesse comum”, o Código Florestal de 1965 pode ser
considerado o precursor da Constituição Federal de 1988 por conceituar meio ambiente como
bem de uso comum do povo brasileiro (MACHADO, 2004). O Código Florestal de 1965
também introduziu a limitação do uso da propriedade rural pelo seu proprietário, por meio da
instituição das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente (BORGES, 2011). Até então,
23
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
não havia sido editada uma norma que restringisse o uso da propriedade, pois o proprietário
detinha direitos ilimitados sobre sua propriedade privada.
Em 1972, o Brasil participou da Conferência de Estocolmo, na Suécia, e tornou-se seu
signatário. Uma vez que o país assinou o acordo, ele se compromete a ratificá-lo por meio de uma
normatização interna que garanta o cumprimento do que foi acordado no tratado. De forma
geral, estas são as regras do direito internacional para a regulação dos tratados internacionais. O
Brasil, para iniciar o processo de ratificação do que havia sido tratado em Estocolmo, criou a
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Até então as ações de proteção ambiental estavam
pulverizadas nos diversos ministérios e órgãos das mais diferentes atribuições. Por exemplo,
o Código Florestal era vinculado ao Ministério da Agricultura. A SEMA tinha como objetivo
sistematizar as informações dispersas no Brasil sobre o meio ambiente e definir procedimentos e
padrões de preservação ambientais.
Como resultado da Conferência de Estocolmo, destacam-se algumas normas ambientais
brasileiras que são importantes até os dias de hoje, sendo elas: o Código de Mineração de 1967,
o Código de Fauna de 1967, o Parcelamento e Uso do Solo Urbano de 1979 e, finalmente, a
Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) de 1981. A PNMA foi o marco decisivo para a
ratificação da Conferência de Estocolmo. Nela o Brasil organizou a estrutura institucional sobre
o meio ambiente, definiu os princípios gerais para o meio ambiente ecologicamente equilibrado,
estabeleceu as diretrizes e regras para o atingimento dos objetivos e princípios de proteção ambiental
e, finalmente, trouxe os instrumentos e ferramentas para tutelar o meio ambiente no Brasil.
Instrumentos estes que vêm sendo, a cada ano, aprimorados por meio de novas normas ambientais.
Em 1988, durante a constituinte brasileira, os legisladores se atentaram para a proteção
ambiental no Brasil também no texto da Carta Magna. A nova Constituição brasileira refletiu o
grande debate nacional acerca da problemática florestal e ambiental, tendo inserido no seu texto
um capítulo sobre meio ambiente. Assim, a Constituição Federal brasileira trouxe um capítulo
exclusivo assegurando a proteção ambiental no Brasil (capítulo VI, art. 225 da Constituição
Federal de 1988), que afirma textualmente:
“Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
(BRASIL, 1988).
24
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
uma visão mais ampla, de caráter biocêntrico, ao propor-se a amparar a totalidade da vida e suas
bases (CYSNE; AMADOR, 2000). Dentre estas normas, resumidamente, destacam-se:
25
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
26
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
Desde a sua instituição, em 1981, houve várias modificações na sua estruturação. Dentre
as principais alterações, ao longo do tempo, tem-se a extinção da Secretaria Especial de Meio
Ambiente (SEMA) e criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (IBAMA), Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiodiversidade (ICMBio) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB) que serão
discutidos ao longo do texto.
Os principais componentes do SISNAMA, atualmente, nos níveis federal, estadual e
municipal estão estruturados da segunte forma:
Nível Federal
27
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
28
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
Nível Estadual
Nível Municipal
29
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) foi criado pela PNMA (Lei
6.938/81) com a principal atribuição de deliberar resoluções que tratam da definição dos
parâmetros e diretrizes para a intervenção sobre o meio ambiente e regulamentar o processo
de licenciamento ambiental no Brasil. Dentre as várias atribuições do CONAMA, duas o
caracterizam como o órgão máximo na proteção ambiental no Brasil: 1- deliberar os padrões e
parâmetros de qualidade ambiental, norteando o licenciamento dos empreendimentos causadores
de degradação ambiental; 2- decidir, em último grau recursal ou instância, a instalação dos
empreendimentos mais polêmicos.
O CONAMA é composto por Plenário (109 membros), pelo Comitê de integração de
Políticas Ambientais (CIPAM), pelos Grupos Assessores de planejamento e avaliação e revisão
do regimento interno do CONAMA, pelas Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho para dar
suporte técnico às reuniões do CONAMA. O conselho é presidido pelo Ministro do Meio
Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA.
As principais Resoluções do CONAMA no campo dos Estudos de Impactos Ambientais
(EIA) e Licenciamentos Ambientais são, respectivamente, a Resolução CONAMA nº 01 de
1986 e a nº 237 de 1997. Estas resoluções definem critérios e diretrizes gerais para a realização
dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA) e
licenciamento ambiental no Brasil. A Resolução 01/86 é considerada a precursora da evolução
30
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
no ordenamento jurídico brasileiro sobre os estudos dos impactos, sendo que de 1984 até 2012
foram editadas mais de 400 resoluções.
As resoluções do CONAMA tratam de diversos assuntos relacionados às atividades que causam
alguma intervenção no ambiente. As principais resoluções que tratam do EIA e licenciamento ambiental
são apresentados na tabela 1, sendo que estão destacadas algumas consideradas fundamentais.
Tabela 2.1- Resoluções do CONAMA referentes ao Licenciamento Ambiental entre 1984 e 2012.
ANO RESOLUÇÃO CONAMA No / DESCRIÇÃO
“Dispõe sobre o prévio licenciamento por órgão estadual nas atividades de transporte, estocagem e
1985 005
uso do “Pó da China”
001 “Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a Avaliação de Impacto Ambiental - AIA”
006 “Dispõe sobre a aprovação de modelos para publicação de pedidos de licenciamento”
024 “Dispõe sobre apresentação de licenciamento de projetos de hidrelétricas pela ELETROBRÁS”
1986
“Dispõe sobre a determinação à CNEN e FURNAS de elaboração de EIAs e apresentação do
028
RIMA referente as Usinas Nucleares Angra II e III”
“Dispõe sobre a determinação à CNEN e FURNAS - de apresentação do RIMA das Usinas Nucle-
029
ares Angra II e III”
006 “Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica”
1987
009 “Dispõe sobre a questão de Audiências Públicas”
005 “Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento básico”
1988 “Dispõe sobre o licenciamento de atividade mineral (transformada no Decreto nº 97.507, de 13 de
008
fevereiro de 1989)” Status: Transformada em ato superior
“Dispõe sobre a apresentação de EIAs, pela PETROBRÁS, sobre o uso de metanol como combus-
1989 015
tível”
“Dispõe sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classes I, III
009
a IX”
1990
010 “Dispõe sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II”
011 “Dispõe a revisão e elaboração de planos de manejo e licenciamento ambiental na Mata Atlântica”
“Ratifica os limites de emissão, os prazos e demais exigências contidas na Resolução CONAMA
nº 018/86, que institui o Programa Nacional de Controle da Poluição por Veículos Automotores
- PROCONVE, complementada pelas Resoluções CONAMA nº 03/89, nº 004/89, nº 06/93, nº
1993 016
07/93, nº 008/93 e pela Portaria IBAMA nº 1.937/90; torna obrigatório o licenciamento am-
biental junto ao IBAMA para as especificações, fabricação, comercialização e distribuição de novos
combustíveis e sua formulação final para uso em todo o país”
Continua...
31
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Continua...
32
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
Continua...
33
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
É possível acessar todas as resoluções CONAMA por meio de consulta ao seu sítio na rede
mundial de computadores (http://www.mma.gov.br/conama/) ou ainda por consulta ao índice
temático da publicação “Resoluções do Conama: Resoluções vigentes do CONAMA publicadas entre
setembro de 1984 e janeiro de 2012” (CONAMA, 2012).
O ordenamento regulado pelo CONAMA continua se apefeiçoando e, por isso, é
considerado um dos principais órgãos de tutela ambiental.
34
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
ecossistemas nacionais. Ao mesmo tempo o IBAMA passou a exercer o papel de órgão executor
do SISNAMA, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.
Nesta época o país já se encontrava sob uma nova ordem constitucional, onde a questão
ambiental recebeu destaque e passou a ser tratada de forma indissociável. No tocante à repartição
de competências entre os entes federativos para a tutela ambiental, a Constituição Federal de
1988 definiu três competências distintas, quais sejam: privativas, comuns e concorrentes. Ações
de interesse nacional ou que envolvem energia nuclear, populações indígenas, fronteiras, dentre
outras, são de competência privativa da união (artigos 21 e 22 da Constituição Federal). A
competência comum à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios refere-se às
ações conjuntas para preservar e conservar as florestas, a fauna e a flora (artigo 23 da Constiuição
Federal). A competência para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição, passou
a ser concorrente, onde os Estados e o Distrito Federal assumem competência para legislar,
concorrentemente com a União, nos termos do artigo 24, da Constituição Federal.
O mandamento constitucional da competência comum e da competência concorrente,
consagrada na nova Constituição, alterou, radicalmente, o modelo centralizado de administração
construída em torno do extinto IBDF, estabelecendo a descentralização como um princípio
fundamental. Como desdobramento da nova Constituição, podem ser assinalados os seguintes
pontos de inovação da competência ambiental e florestal no Brasil (FUNATURA, 1996):
(a) a competência atribuída aos Estados e aos Municípios para atuarem diretamente
em assuntos relacionados com as florestas, fez com que desaparecesse a figura
jurídica da competência delegada, dando mais autonomia aos Órgãos estaduais
e fortalecendo a implementação descentralizada da política florestal;
(b) a competência adquirida pelos Estados de legislarem concorrentemente com
a União sobre florestas, mobilizou os poderes legislativos estaduais para a
elaboração de “leis florestais” destinadas a ajustar as normas gerais do Poder
Federal às peculiaridades dos Estados e seus Municípios, como já ocorre em
algumas Unidades da Federação;
(c) o fortalecimento político do Sistema Nacional do Meio Ambiente, que passou a
incorporar os órgãos florestais, gerando acordos de cooperação institucional entre
a União e os Estados, celebrados sob o enfoque das novas regras estabelecidas na
Constituição;
(d) a inserção da administração florestal no contexto da gestão ambiental, já que a
temática florestal foi tratada no capítulo específico de meio ambiente consignada
na nova Carta Magna;
35
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
(e) a conceituação dos principais biomas do país: Floresta Amazônica, Mata Atlântica
e o Pantanal, como patrimônio nacional submetido a regime jurídico especial,
cuja exploração só poderá ser realizada mediante técnica de manejo sustentável.
(a) Integrado - reuniu, pela primeira vez, sob o comando deste instituto federal,
a definição das políticas públicas de proteção e uso dos recursos ambientais; de
controle da poluição; de uso e proteção das florestas; dos recursos hídricos e
pesqueiros; da fauna silvestre; e da qualidade ambiental;
36
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
A matriz institucional do IBAMA, assim definida, procurou: (i) capacitar o Estado Brasileiro,
organizacional e institucionalmente, para cumprir os novos mandamentos constitucionais
sobre o meio ambiente e os recursos naturais renováveis; (ii) incorporar novos conceitos aos
procedimentos administrativos tradicionalmente empregados pelo Poder Público no exercício do
seu papel normativo, nas relações do Estado com a sociedade civil; e (iii) disciplinar as atividades
produtivas estatais e privadas susceptíveis de causar danos ao meio ambiente e de provocar a
degradação irreversível do patrimônio natural do país.
A formulação conceitual do novo modelo de gestão ambiental e da matriz institucional
estabelecida, para configurar o papel do Estado e a atuação do Governo no tocante à questão,
levou em conta a necessidade de se incorporar, numa mesma esfera de decisões, as atribuições
inerentes ao meio ambiente e aos recursos naturais renováveis. Buscava-se, então, estruturar um
Órgão que superasse a fragilidade, a inércia, o anacronismo e o fracionamento dos encargos e das
competências das instituições extintas. Esta concepção deu lugar à criação do IBAMA.
O IBAMA foi estruturado de forma a incorporar todas as atribuições das instituições
extintas, além de incorporar as novas funções previstas na PNMA como órgão executor do
SISNAMA. A estrutura institucional foi dividida entre várias diretorias e departamentos, quais
sejam: a Diretoria de Controle e Fiscalização (DIRCOF), a Diretoria de Recursos Naturais
Renováveis (DIREN), a Diretoria de Ecossistemas (DIREC) e a Diretoria de Incentivo à Pesquisa
e Divulgação (DIRPED).
Em termos operacionais, as consequências da gestão da Política Ambiental decorrente
do novo arranjo institucional do IBAMA foram as seguintes: a reestruturação institucional do
IBAMA incorporando todas as funções do SISNAMA de forma a minimizar as deficiências
observadas até então; a concentração e centralização de atividades ambientais e florestais ao
IBAMA, sendo possível estabelecer parcerias com os estados e o Distrito Federal; a correção
no desequilíbrio de funções observadas anteriormente por meio de controle e fiscalização mais
efetivos; a melhoria da atuação do IBAMA em defesa do meio ambiente, incluindo a proteção
das florestas e demais recursos naturais, em detrimento da redução da representatividade do setor
florestal, especialmente dos setores produtivos.
37
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
38
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
A Lei 11.284/06 criou o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e dispôs sobre a gestão de
florestas públicas para a produção sustentável no território brasileiro. Esta norma estabeleceu os
critérios para o uso, concessão e conservação das florestas públicas. Conceituou termos atinentes
à exploração florestal bem como os produtos e serviços que ela pode oferecer.
O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas de domínio público e tem por competência:
39
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
40
Capítulo 2 - Base histórica da AIA e a evolução política ambiental do Brasil
41
Linha do Tempo
3
CONCEITOS E PRINCÍPIOS
UTILIZADOS NOS
ESTUDOS DE IMPACTOS
AMBIENTAIS
CONCEITOS
Segundo a UNESCO, Meio Ambiente é “tudo que rodeia o homem, quer como indivíduo,
quer como grupo, tanto o natural como o construído, englobando o ecológico, o urbano, o
rural, o social e mesmo o psicológico”.
Na Lei Federal 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, o
meio ambiente é compreendido como “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 1981).
Sánchez (2008) explica que o conceito de ambiente, no campo do planejamento e
gestão ambiental, é amplo, multifacetado e maleável. Amplo porque inclui tanto a natureza
como a sociedade; multifacetado porque pode ser compreendido sob diferentes perspectivas;
maleável porque, ao ser amplo e multifacetado, pode ser reduzido ou ampliado de acordo com
44
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
A PNMA de 1981 define recursos ambientais como sendo “a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora”. Os recursos ambientais são todos os recursos existentes no planeta,
que englobam a terra, o ar, a água, a fauna e flora. Eles podem ser subdivididos em outros
dois, quais sejam: recursos renováveis e não-renováveis. Grande parte da literatura diferencia os
recursos renováveis dos não renováveis, segundo a sua inesgotabilidade, sem mencionar a escala
de tempo necessária para esse esgotamento. O entendimento necessário para compreensão desses
termos deve partir da relação de tempo necessário para a renovação de um dado recurso. Por
exemplo, ao se pensar numa escala de tempo correspondente a uma geração humana (em torno
de 25 anos), a fauna, a floresta e muitos recursos, especialmente nas regiões tropicais, podem ser
considerados renováveis, em detrimento dos minerais. Caso a análise do tempo de renovação
do recurso ultrapasse uma era geológica ou alguns milhares de anos, possivelmente, dentre os
recursos renováveis possamos incluir alguns minerais. Em suma, na compreensão do recurso
como renovável ou não-renovável, é necessário indexar uma escala de tempo.
45
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Social - é aquela em que se busca uma maior eqüidade na distribuição do ter, criando
um processo civilizatório baseado no ser;
Econômico- possibilita reduzir os custos - ambientais e sociais, possibilitando uma maior
alocação e gestão de recursos, com um fluxo regular de investimento público e privado;
Ecológico - visa o aumento da capacidade de recursos naturais, limitando os recursos
não-renováveis ou ambientalmente prejudicáveis;
Espacial - se volta para uma configuração rural-urbana mais equilibrada;
Cultural - enfatiza as raízes endógenas, respeitando a continuidade das tradições
culturais e a pluralidade das soluções particulares.
O impacto ambiental, trazido por esta Resolução não distingue os impactos positivos ou
negativos. Portanto, entende-se que, numa avaliação e estudo de impactos ambientais, além dos
impactos ambientais negativos causados pelo empreendimento, sejam contemplados também
os impactos positivos. Quanto maior o detalhamento dos mesmos, melhor e mais rápida será a
compreensão e a avaliação do estudo pelo órgão licenciador.
Para a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) de Minas Gerais, impacto ambiental
pode ser compreendido como “qualquer alteração significativa do meio ambiente em um ou
mais dos seus componentes, provocada pela ação do homem.”
3.5. Poluição
46
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
3.6. Poluidor
A PNMA também define poluidor como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.
(Brasil, 1981)
3.7 Degradação
A degradação da qualidade ambiental é definida pela PNMA como “a alteração adversa das
características do meio ambiente”. (BRASIL, 1981).
Toda poluição, segundo definição pela PNMA, é causada pelo homem sendo entendida
como evento negativo ao meio ambiente. A PNMA se preocupou em estabelecer, de forma
categórica, esta sequencia de definições permitindo ao leitor compreender que toda poluição é
prejudicial ao meio ambiente e tem causa antrópica. A diferença básica entre poluição e impacto
ambiental é que a segunda, além da possibilidade de ser considerada poluição, pode também ser
entendida como impactos positivos. A avaliação e estudo dos impactos ambientais, portanto, vai
além da caracterização dos eventos negativos.
3.8. Recuperação
O sítio degradado deverá retornar a uma forma de utilização de acordo com um plano
preestabelecido para o uso do solo. Obtem-se uma condição estável de conformidade com os
valores ambientais, estéticos e sociais da circunvizinhança.
BRASIL (2000), define recuperação como o processo de restituição de um ecossistema ou
de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de
sua condição original.
47
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
3.9. Reabilitação
3.10. Restauração
3.10.1. Revitalização
A revitalização é entendida como um conjunto de medidas que visa a criar nova vitalidade
ou a dar novo grau de eficiência a alguma coisa.
Conceito novo na área ambiental, vem sendo utilizado na literatura em associação às
bacias hidrográficas e tem como foco, a garantia da oferta de água em quantidade e qualidade a
uma determinadada população. O MMA define revitalização como o processo de recuperação,
preservação e conservação das bacias hidrográficas em situação de vulnerabilidade e degradação
ambiental, por meio de ações integradas e permanentes, que promovam o uso sustentável dos
recursos naturais, a melhoria das condições sócioambientais, o aumento da quantidade e a
melhoria da qualidade da água para uso múltiplo. A revitalização geralmente é empregada em
trabalhos onde a bacia hidrográfica foi perturbada, pretendendo-se intervir de forma a retornar a sua
capacidade em prover o ecossistema de suas atividades originais (serviços ambientais), principalmente
a de recarga do lençol freático.
O impacto ambiental é uma alteração do meio ambiente provocada por ação humana,
sendo esta alteração benéfica ou adversa (SÁNCHEZ, 2008). Embora o estudo de impacto
ambiental seja devido às consequencias negativas causadas pelo empreendimento, há que se
apontar, também, as alterações positivas de um projeto.
48
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
A avaliação de impacto ambiental é uma atividade que visa identificar, prever, interpretar e
informar acerca dos impactos de uma ação sobre a saúde e o bem estar humano, inclusive a “saúde”
dos ecossistemas dos quais depende a sobrevivência do homem (MUNN, 1975). De acordo com
Moreira (1985), a avaliação de impactos ambientais é um instrumento de política ambiental
formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que
se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa,
plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada
ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados.
Assim, a avaliação de impactos ambientais não deve ser considerada apenas como
uma técnica, mas como uma dimensão política de gerenciamento, educação da sociedade e
coordenação de ações impactantes, pois permite a incorporação de opiniões de diversos grupos
sociais (CLAUDIO, 1987; QUEIROZ, 1990).
49
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
onde os efeitos ecotoxicológicos são percebidos, até onde pode haver bioacumulação de poluentes
na cadeia alimentar, até onde há modificações de habitats e até onde ocorrerão interferências nos
ciclos biogeoquímicos. Alguns limites físicos se estendem além do alcance regional e, em alguns
casos, extrapolam fronteiras territoriais de um país, como é o caso de poluição por chuva ácida
da Grã-Bretanha em relação aos países nórdicos ou, da Alemanha que prejudicam países mais
ao norte, ou ainda efeitos de grandes hidrelétricas em rios de fronteiras entre países que podem
afetar ambientes além do âmbito territorial de uma nação.
Considerando as especificidades de cada estudo para a elaboração do diagnóstico ambiental e
para as análises de impacto ambiental de um determinado empreendimento, podem ser consideradas
as seguintes escalas de abrangência: Área Diretamente Afetada (ADA), Área de Influência (AI) e,
para alguns empreendimentos, tais como os hidrelétricos ou lagos com finalidades distintas, pode-
se considerar também a área de entorno (AE), separadamente, ou em conjunto, compondo a Área
Diretamente Afetada e Entorno (ADAE), assim compreendidas:
São medidas que visam a minimizar ou a eliminar impactos adversos provocados pelas
atividades, nas fases de instalação e operação, abrangendo as áreas de influência do empreendimento
e possibilitando o acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais controlados e
50
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
não controlados. São atividades consideradas fundamentais para a obtenção da licença ambiental
para o funcionamento de qualquer empreendimento. O órgão ambiental deverá avaliar critérios
de mitigação tecnicamente comprovados pela literatura que menos prejudiquem o meio
ambiente. Para cada atividade há uma medida mitigadora específica, quer seja para a redução ou
para a eliminação do impacto sobre os recursos naturais.
As medidas mitigadoras são classificadas quanto à sua natureza (preventiva, corretiva); à
fase do empreendimento em que deverão ser adotadas; ao fator ambiental a que se aplicam (físico,
biótico ou sócioeconômico); ao prazo de permanência de sua aplicação; à responsabilidade por sua
implantação; aos meios, recursos e tecnologia aplicados. No processo de regularização ambiental
da atividade, o empreendedor também deverá mencionar os impactos adversos eliminados ou
evitados, bem como aqueles que não serão contidos pelas medidas. Deverão ser mencionadas,
também, as medidas compensatórias do empreendimento.
51
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
52
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
53
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência
de cada uma delas.
54
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência
do projeto;
Parágrafo Único. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível,
55
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
56
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
Recomenda-se que todo PRAD seja claro, objetivo e factível. O objetivo almejado no PRAD
pode ser uma simples recuperação do ambiente degradado a uma situação não degradada, ou a
reabilitação, ou a restauração ou mesmo a revitalização do ecossistema.
57
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
58
Capítulo 3 - Conceitos e princípios nos estudos de Impactos Ambientais
O Zoneamento Ecológico-Econômico é o:
Um conjunto de regras para o uso dos recursos ambientais estabelecidos por zonas que
possuem padrões de paisagem semelhantes. É um instrumento de planejamento, que
estabelece diretrizes ambientais, permitindo identificar as restrições e potencialidades
de uso dos recursos naturais. As macrodiretrizes estabelecidas no ZEE reconhecem que a
manutenção da qualidade ambiental de uma região, é também um elemento estratégico
para o seu desenvolvimento socioeconômico de longo prazo.
59
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Mineração de Ferro
Desmatamento em fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Altomontana, após exploração de ferro. Nesta
foto observa-se a conformação do terreno em taludes e bermas, e a revegetação do terreno explorado - vista tomada
60
no município de Itatiaiuçu, MG a partir da BR 381.
4
MÉTODOS DE
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS AMBIENTAIS
Digamos que a sociedade produz a paisagem, mas que isso jamais ocorre sem
mediação. É por isso que, ao lado das formas geográficas e da estrutura social,
devemos também considerar as funções e os processos que, através das funções,
levam a energia social a transmudar-se em formas.
Milton Santos
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
4.1 Introdução
62
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Existe um grande número de métodos, técnicas e ferramentas de AIA para a realização das
três principais tarefas da análise de impactos: identificação, previsão e interpretação ou avaliação
(SÁNCHEZ, 2008). Todavia, deve ficar claro que não existe um método que se aplique a todo
e qualquer estudo, pois nenhum método atende a todas as etapas do estudo. Os métodos foram
desenvolvidos para os mais variados propósitos e situações a fim de auxiliar o trabalho dos
analistas, mas não se tratam de pacotes fechados e inflexíveis. Todos apresentam potencialidades
e limitações, sendo que a escolha do método a ser aplicado a cada caso vai depender de vários
fatores, tais como, recursos técnicos e financeiros disponíveis, tempo para realização do estudo,
disponibilidade de dados, requisitos legais, características intrínsecas do tipo de empreendimento,
de forma a obter resultados claros, objetivos e seguros (FOGLIATTI ET AL., 2004).
Na literatura são encontradas diversas classificações para organizar os métodos de AIA, que
variam conforme a abordagem adotada. La Rovere (2001) divide essas técnicas em dois grandes
grupos: econômicos e quantitativos. O primeiro grupo se baseia nos métodos tradicionais de
avaliação de projetos, como a análise de custo-benefício, em que os impactos são mensurados
em termos monetários. O segundo conjunto de métodos inclui aqueles onde os impactos são
avaliados em qualquer unidade que não a monetária, geralmente aplicando escalas valorativas
aos diferentes impactos medidos originalmente em suas respectivas unidades físicas. Contudo,
atualmente, os métodos econômicos são considerados obsoletos e muitas vezes nem são
mencionados na literatura entre as técnicas de AIA.
Outra classificação bastante utilizada agrupa os métodos de acordo com o objetivo em
duas categorias: a primeira, centrada na identificação e sintetização dos impactos, e a segunda,
com métodos que mais se aproximam do conceito de avaliação. Pertencem à primeira categoria
os métodos tipo Listagem de Controle, Matrizes de Interação, Diagramas de Sistemas, Métodos
Cartográficos, Redes de Interação e os Métodos Ad Hoc. Sánchez (2008) se refere a esses métodos
como ferramentas de identificação dos impactos ambientais. Na segunda categoria se encontram
os métodos e modelos que visam quantificar, comparar e selecionar a melhor alternativa, podendo
explicitar as bases de cálculo ou a ótica de diferentes grupos sociais, como por exemplo, o método
de Battelle, Análise Multicritério, Matrizes de Realização de Objetivos e Folhas de Balanço (LA
ROVERE, 2001; FOGLIATTI ET AL., 2004).
A classificação mais recorrente, contudo, agrupa os métodos de AIA em qualitativos e
quantitativos. As abordagens qualitativas são aquelas balizadas nas decisões de especialistas e no
conhecimento gerado pelas experiências passadas, sendo os impactos avaliados por classes subjetivas
como “muito, pouco, nada”, “significativo ou não significativo”, “a longo, médio e curto prazo”, ou
ainda por escalas ou pesos hierárquicos (FOGLIATTI ET AL., 2004). Já as abordagens quantitativas
são inteiramente baseadas em métodos matemáticos onde as relações entre os elementos são dadas
por variáveis e parâmetros, numericamente quantificáveis em qualquer unidade.
63
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Continua...
64
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
A classificação quantitativa de impactos ambientais inclui métodos que atribuem valor para
cada efeito ambiental previsível do projeto, aplicando-se em seguida um tratamento matemático
adequado que fornecerá o índice de impacto ambiental (BRAGA, 1986). No que diz respeito
à classificação quantitativa dos impactos, deve ser observado que o seu objetivo é fornecer ao
licenciador uma visão da magnitude do impacto, ou seja, do grau de alteração no valor de um
fator ou parâmetro ambiental, em termos quantitativos (SILVA, 1994).
Dentre os métodos utilizados, o sistema de Batelle, que permite chegar ao índice de
qualidade ambiental (IQA), que tem valores de 0 a 1, atribui pouco valor aos aspectos sócio-
econômicos, embora aparente grande objetividade quanto aos parâmetros técnicos empregados.
Outro método quantitativo é o de Sondheim, que leva em consideração a opinião da sociedade
através de suas entidades de representação. Este método associa mais claramente os aspectos
políticos aos parâmetros técnico-científicos. Além da quantificação dos impactos pela apresentação
de informações numéricas, a Avaliação de Impactos Ambientais trabalha também com informações
que possibilitam essa visão de magnitude. Assim, tem-se:
A classificação dos impactos, seja qualitativa ou quantitativa, tem alto grau de subjetividade,
que pode ser minimizada quando a sua elaboração for realizada por profissional experiente ou por
65
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
equipe multidisciplinar. A subjetividade pode ainda ser diminuída quando durante a tomada de
decisão houver a participação de um número maior de pessoas com conhecimento do problema
e que participem da avaliação.
É um método que utiliza a prática de reuniões entre especialistas de diversas áreas (grupo
multidisciplinar), para se obter dados e informações, em tempo reduzido, imprescindíveis à
conclusão dos estudos, onde esses fornecem suas impressões e experiências para a formulação
de um relatório ou inventário de impactos potenciais do projeto em avaliação. Começou a ser
usado com essa finalidade na década de 1950, e ainda hoje é muito empregado em combinação
com outros métodos. Atualmente, consultas Ad Hoc compõem a maioria dos métodos de AIA,
em pelo menos uma de suas fases.
Normalmente, empregam-se em situações cujas informações preliminares são parcas e
quando a experiência passada é insuficiente para uma sistemática organização das informações
com métodos objetivos. Nos casos em que outros métodos científicos são viáveis, esse método
não é suficiente para tomada de decisão (LOHANI ET AL., 1997).
A eficiência desse método depende da qualificação dos profissionais das diferentes áreas,
que juntos trazem variados pontos de vista baseados numa combinação única do conhecimento
específico, da experiência, treinamento e intuição do grupo de especialistas. É comum a
identificação dos impactos via brainstorming1, que após uma longa reflexão, são organizados por
meio de tabelas ou matrizes e usados na elaboração de um relatório (LOHANI ET AL., 1997;
LA ROVERE, 2001; COSTA ET AL., 2005).
Um exemplo comum citado por Rodrigues (1998) é o método Delphi, que utiliza rodadas
subsequentes de questionários nos quais os especialistas expressam suas impressões sobre pontos
levantados a priori, a partir das quais se desenha um cenário que é então compartilhado com
todos os pontos específicos e um quadro de opções possíveis nos pontos em desacordo.
Tem como principais vantagens a simplicidade de implementação, rapidez e o baixo custo,
e como desvantagens o fato de não realizar análise sistemática dos impactos e apresentar resultados
com alto grau de subjetividade. Outro problema intrínseco ao exercício de opinão por especialistas
de forma Ad Hoc é o fato de não ser replicável, uma vez que depende da qualidade do grupo de
especialistas reunidos e do nível de informação existente para o projeto. Isso dificulta a revisão
1 Brainstorming (tempestade de idéias): Consiste em um processo de trabalho em equipe que explora a potencialidade de um grupo para atin-
gir objetivos pré-determinados. A técnica é aplicada em várias áreas, como: publicidade, solução de problemas e gestão de processos.
66
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
crítica das conclusões da AIA (LOHANI ET AL., 1997; ANJANEYULU; MANICKAM, 2007).
Portanto, o método Ad Hoc sozinho não contempla as exigências da legislação vigente, devendo ser
usado como uma etapa dentro do processo de avaliação e não como método absoluto.
67
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Listas de Controle Simples: nas quais os impactos são enumerados de modo simples e
avaliados qualitativamente. Estas listas levam em consideração apenas os atributos ambientais, e os
impactos não são associados com as atividades geradoras, podendo apenas ser relacionados com a
fase do projeto em que ocorrem. Também não identificam os impactos secundários (FOGLIATTI
ET AL., 2004). Este tipo de lista pode ser importante para diagnosticar ambientalmente uma
área de influência e obter uma avaliação das implicações do projeto, como uma etapa inicial
para uma abordagem mais elaborada (RODRIGUES, 1998). Um exemplo de listagem simples
é apresentado na Tabela 4.2.
68
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
2. Ambiente natural
Qualidade do ar
Saúde
Concentrações atuais no ambiente, emissões atuais
Mudanças nas concentrações de poluição do ar por:
e estimadas, modelos de dispersão, mapas de população;
frequencia de ocorrência e o número de pessoas em risco.
Estudos de base, processos industriais e volume de
Mudança na ocorrência de perturbações da quali-
tráfego esperados.
dade visual do ar (fumaça, neblina) e/ou olfativas (odor), e
o número de pessoas afetadas.
Qualidade da água
Volume de efluentes atual e estimado, concentração atual no
Mudanças na permissão ou tolerância de uso da água, o
ambiente, modelo de qualidade da água.
número de pessoas afetadas para cada corpo de água.
Mudanças no tráfego próximo ou outras fontes de ruído e
Ruído nas barreiras anti-ruído; modelos de propagação de ruído
Alteração dos níveis e freqüência de ocorrência de ruído, e o que correlacionem os níveis de ruído relativo ao tráfego,
número de pessoas incomodadas. barreiras, etc.; estudo de base e satisfação atual do cidadão
com os níveis de ruído.
Fonte: ANJANEYULU; MANICKAM, 2007
69
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Outro exemplo é apresentado na Tabela 4.4, fornecido pelo Banco Mundial, onde são
listados os possíveis impactos negativos e medidas de mitigação para usinas hidroelétricas.
Tabela 4.4 - Parte da lista descritiva fornecida pelo Banco Mundial para projetos hidroelétricos
IMPACTOS NEGATIVOS POTENCIAIS MEDIDAS MITIGADORAS
Diretos
1. Efeitos ambientais negativos durante a construção
Poluição do ar e água pelo despejo de resíduos da Medidas para minimizar os impactos:
construção Controle de poluição do ar e da água
Erosão do solo Critério na alocação do canteiro de obras, constru-
Supressão da vegetação ções, fossas, pedreiras e área de despejo
Problemas sanitários e de saúde nos canteiros de Precauções para minimizar processos erosivos
obras Recuperação de áreas degradadas
Indiretos
22. Migração desordenada de pessoas para área devido ao Limitação do acesso, prover meios para o desenvolvimento
fácil acesso pelas estradas e redes de transmissão rural e serviços de saúde na tentativa de minimizar impacto
23. Problemas ambientais devido ao desenvolvimento acarre-
Planejamento da bacia para evitar o uso excessivo e indevido
tado pela barragem (irrigação agrícola, indústrias, crescimen-
da água e conflitos pelos recursos hídricos e da terra.
to municipal)
Fonte: WORLD BANK, 1991c.
70
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Tabela 4.5 - Exemplo com partes de um questionário checklist usado na fase de triagem.
É provável que isso acarrete um efeito
Questões a serem consideradas Sim / Não / ? . Descreva brevemente
significante? Sim / Não/ ? – Por que?
Descrição breve do projeto:
Construção de 500 casas em uma vila junto a um assentamento rural.
1. A construção, operação ou desati-
Sim. O projeto envolverá o desenvolvi-
vação do Projeto envolve ações que
mento de uma grande área atualmente Sim. Perda de terras agrícolas e desvio
podem causar mudanças físicas na
de uso agrícola e cortada por um do rio.
localidade (topografia, uso da terra,
pequeno rio.
mudanças nos corpos d’água, etc)?
71
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Tabela 4.6 - Exemplo com partes de um questionário checklist usado na fase de escopo.
Sim/
Quais características do ambiente O efeito pode ser significante?
No. Questões a serem consideradas Não/
do projeto poderiam ser afetadas? Por que?
?
1. O projeto envolverá qualquer ação durante a construção, operação ou desativação que poderá criar mudanças na localida-
de, como resultado da natureza, escala, forma ou finalidade do empreendimento?
Obras de demolição? Sim Vai exigir a demolição de dois Sim. Os edifícios são conhecidos
1.6
edifícios históricos nacionalmente
Resíduo municipal (resíduos A nova população irá gerar resídu- Não. Existe ampla capacidade de
4.2 Sim
domésticos e ou comerciais)? os domésticos e outros gestão de dejetos
6. O projeto causará ruído e vibração ou liberação de luz, energia térmica ou radiação eletromagnética?
Continua...
72
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
73
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Listas de Controle Ponderáveis: assim como nas listas escalares, aqui são atribuídos pesos
aos impactos enumerados (fatores), contudo, esses pesos são baseados (quando possível) em
medições reais e em seguida são ponderados para permitir a comparação entre diferentes fatores.
Lohani et al. (1997) enumera as principais etapas envolvidas no desenvolvimento dessas listas:
Considerando o exemplo hipotético a seguir (Tabela 4.8) em que são analisados dois
fatores e duas alternativas. Os fatores são: habitat da vida selvagem (medido em hectares de área
preservada) e aumento de emprego (medido em postos de trabalho). Neste exemplo os fatores
foram escalalonados para um índice que varia de 0 (pior) a 1 (melhor), obtido pela divisão dos
dados pelos valores máximos das duas alternativas. Os pesos de 0,2 e 0,8 foram determinados
para o habitat da vida selvagem e empregos, respectivamente.
74
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Tabela 4.8 - Exemplo de duas alternativas de projetos analisadas com os métodos escalar e ponderável.
Alternativa 1 Alternativa 2
Fatores Pesos Dados Índice Dados Índice
Índice Índice
brutos ponderado brutos ponderado
Habitat preservado (ha) 0.2 5.000 0,5 0,1 10.000 1,0 0,2
Aumento de emprego (postos) 0.8 5.000 1,0 0,8 3.000 0.6 0,5
Índice global 1,5 0,9 1,6 0,7
Fonte: LOHANI ET AL., 1997; ANJANEYULU; MANICKAM, 2007.
Observe que são apresentados dois índices globais para cada alternativa. O primeiro foi
obtido pela simples adição dos índices dos fatores, que considera pesos iguais (1,0). Conforme
esse índice, a segunda alternativa parece mais vantajosa (1,6) do que a primeira. Já o índice
ponderado foi calculado com base nos pesos relativos de cada fator e indica que a Alternativa 1
apresenta uma melhor qualidade ambiental (0,9) do que a alternativa dois (0,7). Neste exemplo a
estratégia do estado é que decidirá a melhor alternativa do empreendimento conforme as prioridades
de políticas públicas: preservação ambiental versus geração de empregos. Fica evidente, portanto,
que o resultado obtido irá depender: a) dos fatores ambientais considerados; b) da metodologia
empregada no cálculo dos índices; c) do peso atribuído a cada fator; e, d) do método utilizado para
agregar os fatores em um índice global (ANJANEYULU; MANICKAM, 2007).
Dentre as técnicas de listagem ponderável, o mais conhecido é o Método de Battelle
ou Sistema de Avaliação Ambiental (Environment Evaluation System, EES). O método foi
desenvolvido nos Laboratórios de Battelle em Colombo, EUA, para aplicação em projetos
relativos aos recursos hídricos e consiste na obtenção de dados de base de 78 fatores ambientais.
Os dados brutos são convertidos (ou escalonados) em Índices de Qualidade Ambiental (QA) em
uma escala que varia de 0 (muito ruim) a 1 (ótimo) definidos segundo critérios de especialistas.
Esses valores são multiplicados pela constante denominada Unidade de Importância (UIP). A
Unidade de Impacto Ambiental (UIA) é obtida pela soma do produto de QA x UIP de todos os
fatores (Equação 1).
(1)
75
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
(2)
IG = índice global
UIACP = unidade de impacto ambiental com o projeto
UIASP = unidade de impacto ambiental sem o projeto
76
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Figura 4.1 - Fatores ambientais considerados no Método de Battelle. Os números indicam a Unidade de
Importância (UIP) de cada fator, componente e categoria.). Por exemplo: para a categoria
Ecologia (UIP = 240); componente Espécies e Populações (UIP = 140); fator Vegetação
Nativa (UIP = 14).
Fonte: Adaptado de Fogliatti (2004) e Anjaneyulu e Manickam (2007).
77
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
78
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Figura 4.2 - Representação da Matriz de Leopold organizada em 100 colunas de ações antrópicas do
projeto e 88 linhas dos componentes ambientais.
Cada célula da Matriz de Leopold registra dois números que representam a relação entre
uma ação do empreendimento e um elemento ambiental (ver a representação da matriz na
Figura 4.2). O número à esquerda representa a magnitude do impacto, podendo variar entre
1 (menor) a 10 (maior magnitude relativa), enquanto que o número da direita diz respeito à
significância da interação, também variando de 1 (insignificante) a 10 (muito significativo). É
importante ressaltar a diferença entre magnitude e significância: o primeiro se refere ao nível,
extensão, escala; o segundo abrange o grau de importância, sendo mais subjetivo e dependente
do julgamento da equipe multidisciplinar (LEOPOLD ET AL., 1971). Um impacto pode ser
grande, porém insignificante, ou pequeno e significativo. Glasson et al. (2005) exemplificam essa
diferença ilustrando o impacto, em termos ecológicos, da pavimentação de um grande campo
usado intensivamente para agricultura comparado à destruição, ainda que de uma pequena área,
de um sítio de especial interesse científico.
Após o preenchimento da matriz, uma matriz simplificada é criada contendo apenas as ações
79
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
e fatores ambientais cujas interações foram identificadas (Figura 4.3). Essa matriz é de fato um
resumo para o texto de comunicação dos resultados que irão compor o RIMA. De forma geral, a
Matriz de Leopold é simples e pode ser aplicada a uma grande variedade de projetos, permitindo
uma fácil compreensão dos impactos diretos e de primeira ordem. Contudo, esse método falha em
revelar efeitos indiretos advindos da complexa interação entre os componentes ambientais.
80
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
81
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
(p.ex., reposição da cobertura vegetal) e dos mecanismos de controle (p.ex., construção de redes
de drenagem) a serem implementados. Isso continua até atingir a satisfação da equipe especialista
(IBAMA, 1995; LOHANI ET AL., 1997; ANJANEYULU; MANICKAM, 2007).
Figura 4.4 - Modelo conceitual das redes de interação dos impactos ambientais.
O exemplo da Figura 4.5 (Müller, 1995) organiza os efeitos observados sobre os ecossistemas
(fator biótico) com a formação do reservatório de uma hidroelétrica. Os diagramas podem ser
elaborados para solo, água e demais recursos que compõe o meio ambiente.
82
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
Figura 4.5 - Diagrama de interação retratando os impactos sobre os fatores bióticos (ecossistemas).
83
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Um dos problemas relacionados aos demais métodos de AIA é a falta de conexão dos
impactos com a área que eles afetam, sendo que a grande maioria dos dados apresenta uma clara
relação espacial ou geográfica (p.ex.: difusão e concentração de poluentes, efeitos da erosão do
solo, extensão de floresta nativa, etc).
O método de sobreposição de cartas é uma forma de relacionar informações sobre
características ou processos ambientais georreferenciados. Esse método tem sua origem no
final da década de 60 quando o Dr. Ian McHarg desenvolveu o sistema de mapas temáticos
transparentes para designar diferentes atributos espacialmente (p.ex.: flora, fauna, geologia,
população, cursos d’água, topografia, rodovias, terras agrícolas, etc). Esses mapas eram então
sobrepostos para formar um mapa composto, permitindo a identificação de áreas viáveis para a
localização das alternativas do projeto em estudo (MUNIER, 2004).
Hoje esse método está associado aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG),
permitindo a aquisição, o armazenamento, a análise e a representação de dados ambientais de
forma muito mais completa e eficiente. A essência continua a mesma, com a elaboração e a
posterior sobreposição de cartas temáticas de uma determinada área (Figura 4.6). Atualmente, a
técnica de SIG já dispõe de diversos “softwares” avançados para a obtenção de mapas temáticos,
tornando mais ágil a utilização desta técnica. Os mapas devem apresentar uma mesma escala,
84
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
85
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
(i) atividades adequadas a cada zona, de acordo com sua fragilidade ecológica,
capacidade de suporte ambiental e potencialidades;
(ii) necessidades de proteção ambiental e conservação das águas, do solo, do subsolo,
da fauna e flora e demais recursos naturais renováveis e não-renováveis;
(iii) definição de áreas para unidades de conservação, de proteção integral e de uso
sustentável;
(iv) critérios para orientar as atividades madeireira e não-madeireira, agrícola,
pecuária, pesqueira e de piscicultura, de urbanização, de industrialização, de
mineração e de outras opções de uso dos recursos ambientais;
(v) medidas destinadas a promover, de forma ordenada e integrada, o desenvolvimento
ecológico e economicamente sustentável do setor rural, com o objetivo de
melhorar a convivência entre a população e os recursos ambientais, inclusive
com a previsão de diretrizes para implantação de infra-estrutura de fomento às
atividades econômicas;
(vi) medidas de controle e de ajustamento de planos de zoneamento de atividades
econômicas e sociais resultantes da iniciativa dos municípios, visando a
compatibilizar, no interesse da proteção ambiental, usos conflitantes em espaços
municipais contíguos e a integrar iniciativas regionais amplas e não restritas às
cidades; e
(vii) planos, programas e projetos dos governos federal, estadual e municipal, bem
como suas respectivas fontes de recursos com vistas a viabilizar as atividades
apontadas como adequadas a cada zona.
86
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
87
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
coleta, análise e interpretação). A Tabela 4.10 traz uma lista de critérios usados para selecionar os
métodos durante as várias etapas do processo de AIA.
Com base nos critérios especificados na tabela 4.10, Lohani et al. (1997) avaliaram
sistematicamente os métodos discutidos neste capítulo. O resumo das principais características,
vantagens e desvantagens de cada método encontra-se apresentado na Tabela 4.11.
Continua...
88
Capítulo 4 - Métodos da Avaliação de Impactos Ambientais
89
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Listas Listas
Critério Ad Hoc Matrizes Redes Mapas Modelos
simples ponderáveis
1. Requerimento de experiência C C N P P C N
2. Requerimento de dados C C P C C P N
3. Requerimento de tempo C C P P C C N
4. Flexibilidade C C C P C C C
5. Nível de pessoal P C P P C P P
6. Abrangência N C P C N N P
7. Baseado em indicadores N N N N C P C
8. Descriminativo N N N N P N C
9. Dimensão de tempo N N N N N P C
10. Dimensão espaço N N N N N C C
11. Ponderado N N P N N C C
12. Quantitativo N N N N N C C
13. Mudanças de medidas N N N N N C C
14. Objetivo N N N P P C P
15. Credibilidade P P P P P C P
16. Replicabilidade N N N N P C C
17. Significância N P N N N N P
18. Agregação N N P P P P C
19. Incerteza N N N N N N P
20. Alternativo P P C N N P C
20. Comparação P C P C C C C
21. Comunicabilidade N C C C P C C
C: Critério completamente satisfeito
P: Critério parcialmente satisfeito
N: Critério não satisfeito
Fonte: Adaptado de Lohani et al. (1997).
90
5
INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE
5.1 Introdução
Neste capítulo busca-se fornecer elementos para capacitar e familiarizar o leitor, por meio
da contextualização do tema, efetuando uma abordagem que atenda às primeiras consultas,
sem o intuito de exaurir o assunto que é amplo e apresenta muitas possibilidades e direções, de
conformidade com o estudo que se desenvolve.
Como pode ser visto em capítulos anteriores, a definição de desenvolvimento sustentável
caracteriza-o, fundamentalmente pelo combate à miséria e às desigualdades sociais, sem repudiar
a natureza ou desconsiderar as especificidades locais. Persegue o objetivo global do crescimento
econômico e social duradouro, pensando com equidade e certeza científica, sem dilapidar o
patrimônio natural das nações ou perturbar desastrada ou profundamente o equilíbrio ecológico
local, regional, das respectivas nações, com prejuízos à integridade ecológica global.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um dos desafios da construção
do desenvolvimento sustentável é criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de
desenvolvimento, considerando que indicadores são ferramentas constituídas por uma ou mais
variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os
fenômenos a que se referem.
Dadas as dimensões e complexidades do objeto, o desenvolvimento sustentável e a sua
compreensão utilizando indicadores, constituem um grande desafio. Segundo Dahl (1997), o
maior desafio dos indicadores de desenvolvimento sustentável é fornecer um retrato da situação
da sustentabilidade, de uma maneira simples, que defina a própria idéia, apesar da incerteza e da
complexidade.
O vocábulo indicador tem origem no verbo latino Indicare, que significa descobrir,
apontar, anunciar, estimar, divulgar ou fazer sabido publicamente (HAMMOND et al., 1995;
RIBEIRO, 2006).
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável são instrumentos essenciais para guiar a ação
e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento
sustentável. Devem ser vistos como um meio para se atingir o desenvolvimento sustentável e não
como um fim em si mesmo. Valem mais pelo que apontam do que pelo seu valor absoluto, e são mais
úteis quando analisados em seu conjunto, do que o exame individual de cada indicador (IBGE, 2010).
Os indicadores normalmente são pensados como elementos de evidência para que
forneçam informações sobre questões de interesses amplos; indicador é algo que nos conta o que
está acontecendo ou que está para acontecer.
92
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
93
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
94
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
Continua...
95
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Continua...
96
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
Figura 5.1 - Modelo conceitual apresentando os Temas em estudo, Descritores, Indicadores principais,
Indicadores secundários e os Impactos ambientais negativos.
97
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
98
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
99
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Ainda segundo este autor, devido às incertezas naturais, entretanto, os sistemas são apenas
parcialmente ratificados pela ciência e também pelo processo político. Assim, as ferramentas de
avaliação são resultantes de um compromisso entre a exatidão científica e a necessidade de tomada
de decisão, em função do caráter urgente da ação. Essa limitação pode ser facilmente observável
no campo social, onde muitas variáveis não são quantificáveis e não podem ser definidas em
termos físicos (Bellen, 2006).
100
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
Conforme dito inicialmente, o estudo dos indicadores é amplo e complexo, e para alguns
temas, em especial aqueles relacionados a descritores submetidos mais intensamente aos revezes
conjunturais e às descobertas da ciência, haverá sempre necessidade de atualização e complementação
permanente para atender à evolução científica e às novas proposituras metodológicas, necessidades
sociais e orientações políticas. A Figura 5.2 apresenta uma lista básica dos principais indicadores
selecionados e destacados por Ribeiro (2006) nas suas respectivas dimensões.
101
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
102
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
103
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Quanto aos Indicadores de Condição Ambiental (ICA), eles fornecem informações sobre
as condições do meio ambiente que possam ser úteis para a implementação da Avaliação de
Desempenho Ambiental dentro de uma organização.
O trabalho de medir e avaliar o desempenho ambiental é acompanhado por um grupo
de IDAs que pode ser usado não somente para a Avaliação de Desempenho Ambiental, mas
também ajuda a organização a selecionar técnicas ambientalmente corretas, fazer benchmarking1,
emitir relatórios ambientais e estabelecer Sistemas de Gestão Ambiental. Órgãos governamentais
também podem usar IDAs em avaliações de desempenho, avaliação e disseminação de tecnologias,
avaliação de impactos ambientais de diferentes setores ou regiões através da agregação de IDAs
específicos (REN, 2000).
FIESP-CIESP
104
Capítulo 5 - Indicadores de sustentabilidade
dos indicadores e critérios para escolha e coleta de dados. No entanto, ao listar sua proposição,
utiliza também outras fontes. A lista considera os Indicadores de Desempenho Gerencial (IDG)
e os Indicadores de Desempenho Operacional (IDO), mas não considera os Indicadores de
Condição Ambiental (ICA). Além disso, os IDG não consideram aspectos como treinamento e
relação com a comunidade.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2004), os indicadores
selecionados devem incluir considerações sobre a qualidade, eficácia e adequação para expressar
as informações necessárias à avaliação preconizada. Deve ser feita de forma sistemática, a partir
de fontes apropriadas, e com a freqüência necessária à finalidade do trabalho.
Nas instruções há recomendações sobre como desdobrar os indicadores de forma a ter
unidades diferenciadas conforme o caso, assim como parâmetros a serem considerados com relação
à produção. A lista é, portanto, orientativa. Ao decidir seguir as instruções da FIESP, a empresa
deverá desenvolver os Indicadores conforme sua atividade e direcioná-los para atender às suas
necessidades de avaliação de desempenho e de comunicação das informações às partes interessadas.
Os indicadores selecionados, expressos em valores relativos (volume de água consumida/
ano; quantidade de energia consumida/produto; volume de resíduos sólidos gerados/produção
anual) devem ser interpretados e avaliados no sentido de identificar os aspectos ambientais
críticos, progressos e deficiências do desempenho ambiental da empresa.
É importante o relato das informações em níveis gerenciais, no sentido de resolver, melhorar
ou manter o desempenho ambiental da empresa, por meio da adoção de medidas adequadas,
tanto no que se refere à gestão, quanto ao processo produtivo propriamente dito.
Diversos especialistas da área ambiental afirmam que uma ferramenta de avaliação pode ajudar
a transformar a preocupação com a sustentabilidade em uma ação pública consistente. A ferramenta,
proposta por Wackernagel e Rees (ecological footprint) pode ser traduzida como pegada ecológica e
representa o espaço ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade.
É uma ferramenta simples e compreensível, e sua metodologia basicamente contabiliza
os fluxos de matéria e energia que entram e saem de um sistema econômico e converte esses
fluxos em área correspondente de terra ou água existente na natureza para sustentar esse sistema
(Wackernagel e Rees, 1996). Pegada Ecológica é uma medida de consumo que é corretamente
compreendida como uma quantidade de serviço biológico consumida por unidade de tempo. O
indicador Pegada Ecológica representa o espaço ecológico necessário para sustentar um sistema ou
unidade, ou, em outras palavras, a capacidade de carga do sistema. É um parâmetro simplificado
que permite calcular a pressão do homem sobre o planeta, rastreando o consumo dos recursos
105
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
• a área que seria reservada para a absorção do CO2, que é emitida em excesso pelo
uso de energia fóssil;
• a área de terras agrícolas necessárias (terra arável) para suprir as necessidades
alimentícias da população;
• a área necessária de pastagens para criar gado;
• a área de florestas necessárias para fornecer madeira, seus derivados e outros
produtos não lenhosos;
• a área urbanizada necessária para a construção de edifícios e infraestrutura.
Para que haja uma padronização dos dados usados, as estimativas geralmente utilizam
médias nacionais de consumo e médias mundiais de produtividade da terra. Através do tamanho
da “pegada ecológica” é que se pode vislumbrar os padrões de consumo e produtividade, auxiliando
na elaboração de modelos de gestão.
Quando descreve o sistema da “Pegada Ecológica”, Wackernagel e Rees (1996) abordam a
relação da sociedade com o meio ambiente. De acordo com os autores, existe a conscientização,
por parte da sociedade, de que o ecossistema terrestre não é capaz de sustentar indefinidamente
os níveis de atividade econômica e de consumo de matéria prima atuais. Simultaneamente, o
nível de crescimento econômico médio da economia avaliado pelo PIB tem sido de 4% ao ano,
o que implica um tempo estimado de 18 anos para dobrar a atividade econômica. Para os autores
da ferramenta, a base do conceito de sustentabilidade é a utilização dos serviços da natureza
dentro do principio da manutenção do capital natural, isto é, o aproveitamento dos recursos
naturais dentro da capacidade de carga do sistema (BELLEN, 2006).
106
6
O PROCESSO DE
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOAMBIENTAL
6.1 Introdução
108
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
Licenciamento Ambiental. No Brasil, dispõe-se de uma lista oficial deliberada pelas Resoluções
CONAMA 01/86 (Tabela 6.1) e 237/97 (Tabela 6.2).
Tabela 6.1 - Resumo dos empreendimentos potencialmente poluidores e que dependem do EIA/RIMA
(CONAMA, 1986).
Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
Ferrovias;
Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
Aeroportos;
Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
Extração de combustível fóssil (petróleo , xisto, carvão);
Extração de minério;
Aterros sanitários;
Usinas de geração de eletricidade;
Complexo e unidades industriais e agroindustriais
Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
Exploração econômica de madeira ou de lenha;;
Projetos urbanísticos;
Projetos Agropecuários;
Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional.
Tabela 6.2 - Resumo dos empreendimentos sujeitos ao Licenciamento Ambiental (CONAMA, 1997).
Pesquisa mineral; lavra a céu aberto, subterrânea, garimpeira, com ou sem
Extração e tratamento de minerais
beneficiamento; perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural.
Indústria de produtos minerais não metálicos Beneficiamento, fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos.
Fabricação de aço, produtos siderúrgicos, fundidos de ferro e aço, estrutu-
Indústria metalúrgica
ras metálicas, laminados, ligas, artefatos de metais não-ferrosos e afins.
Indústria mecânica Fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios.
Fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores, material elétrico,
Indústria de material elétrico,
eletrônico, equipamentos para telecomunicação e informática, aparelhos
eletrônico e comunicações
elétricos e eletrodomésticos.
Fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários; aeronaves;
Indústria de material de transporte
embarcações e estruturas flutuantes.
Serraria, desdobramento, preservação de madeira; fabricação de chapas,
Indústria de madeira aglomerados, compensados e fabricação de estruturas de madeira e de
móveis.
Continua...
109
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
110
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
111
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 6.1 - Componentes do processo da AIA. 1 Resoluções CONAMA 01/86 e 237/97 que definem os
empreendimentos considerados potencialmente poluidores; 2 Resolução CONAMA 09/87 que
dispõe sobre a realização de audiências públicas; 3 Para garantir a continuidade do seu funcionamento
o empreendedor deverá atender às normas ambientais de monitoramento e gestão.
112
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
São vários os estudos ambientais que são realizados para a regularização ambiental de diversos
empreendimentos. Nessa seção, será abordada a estrutura necessária para o Licenciamento Ambiental
de empreendimentos considerados potencialmente poluidores que requerem o EIA/RIMA.
O formato básico do EIA deve conter uma seqüência de itens formulados pelo órgão
ambiental licenciador, com o objetivo de orientar o empreendedor com relação aos aspectos
que devem ser considerados e seguidos, para a instalação do empreendimento (Figura 6.2).
A estrutura do RIMA deve representar uma síntese do EIA, apresentando suas principais
conclusões. É destinado ao público leigo, portanto deve conter figuras ou outras formas de
comunicação escrita e visual de modo a tornar compreensíveis as vantagens e desvantagens do
projeto proposto. O EIA/RIMA deve ser apresentado ao órgão expedidor da licença.
Na esfera federal, o formato do EIA/RIMA obedece às normas preconizadas pela Resolução
CONAMA 01/86 e na estadual, pelas recomendações constantes nos Termos de Referência
formulados pelo órgão ambiental estadual licenciador, adaptadas a cada tipo de empreendimento
e às particularidades jurídicas e institucionais de cada estado da federação. Será apresentado
um roteiro geral para a elaboração do EIA/RIMA com base no IBAMA (1995) e no Termo
de Referência da FEAM (2002). As etapas apresentadas na Figura 6.2 são descritas a seguir,
guardando a correspondência entre os itens abordados.
113
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 6.2 - Etapas do processo de EIA/RIMA. As letras de A a H indicam os subitens detalhados no texto.
114
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
• Meio Físico
Clima e condições meteorológicas: inclui as variáveis de perfil do vento,
temperatura e umidade do ar; balanço de radiação; balanço hídrico; nebulosidade;
freqüência de ocorrência de condições meteorológicas de larga e meso-escala;
ocorrência e intensidade de anticiclones subtropicais, semipermanentes e
transientes; parâmetros meteorológicos necessários para a caracterização do
regime de chuvas (precipitação total média: semanal, mensal, e anual, delimitação
do período seco e chuvoso, intensidade duração e freqüência da precipitação,
evapotranspiração e dos demais componentes do balanço hídrico do solo).
115
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
• Meio Biótico
Ecossistemas terrestres: caracterização da flora por meio da descrição
e mapeamento atualizado das formações vegetais da área de influência;
levantamento fitossociológico das diversas formações vegetais identificadas;
116
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
• Meio Socioeconômico
Dinâmica populacional: distribuição da população pela análise e mapeamento
da localização das aglomerações urbanas e rurais, da densidade demográfica e do
grau de urbanização; evolução da população (taxa de crescimento demográfico
e vegetativo da população, com projeções populacionais); composição da
população (distribuição e análise por faixa etária, por sexo e estrutura da
população economicamente ativa e índice de desemprego); movimentos
migratórios (identificação e análise da intensidade dos fluxos, origem regional,
tempo de permanência no município, possíveis causas da migração, ofertas de
trabalho e acesso).
Uso e ocupação do solo: identificação das áreas rurais, urbanas e de expansão
urbana e do processo de ocupação e urbanização; áreas de valor histórico e
outras de possível interesse para pesquisa científica ou preservação; usos urbanos
(residenciais, comerciais, de serviços, industriais, institucionais e públicos),
inclusive as disposições legais de zoneamento; infra-estrutura regional (sistema
viário principal, portos, aeroportos, terminais de passageiros e cargas, redes de
abastecimento de água e de esgoto sanitário e escoamento de águas pluviais,
sistema de telecomunicações, etc.); principais usos rurais (culturas permanentes
e temporárias, pastagens naturais ou plantadas, vegetações nativas e exóticas,
etc.); estrutura fundiária local e regional segundo o módulo rural mínimo, as
áreas de colonização ou ocupadas sem titulação de propriedade.
Usos da água: caracterização dos principais usos das águas, superficiais e
subterrâneas, apresentando a listagem das utilizações levantadas, suas demandas
atuais e futuras, em termos qualitativos e quantitativos, bem como a análise
117
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
118
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
119
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
O RIMA deverá indicar a composição da equipe técnica autora dos trabalhos, devendo
conter, além do nome de cada profissional, seu título, número de registro na respectiva entidade
de classe e indicação dos itens de sua responsabilidade técnica.
120
Capítulo 6 - O processo da Avaliação de Impacto Ambiental
estudo ambiental (EIA/RIMA, RCA/PCA, PRAD) deve ser apresentado, conforme Figura 6.3.
Para cada estudo ambiental exigido, o órgão licenciador poderá elaborar um termo de referência
a partir das informações prestadas pelo empreendedor na fase do pedido de regularização
ambiental, para orientar a realização do estudo (FOGLIATTI et al., 2004). Para alguns casos o
órgão ambiental dispõe de termo de referência básico orientando o empreendedor na elaboração
do estudo ambiental.
121
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Milton Santos
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
7.1. Introdução
124
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
a sua posterior revegetação e mitigação dos impactos ambientais provocados pela atividade.
Entretanto, neste estudo de caso, a título de execício acadêmico, será realizado o EIA/RIMA.
125
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
A área de exploração - área de influência direta (Figura 7.2) corresponde a 19,74 ha, que
está delimitada por um polígono irregular, cuja atividade afeta diretamente uma porção da Bacia
do Ribeirão Santa Cruz, que ocupa uma área de 776,00 ha.
A área de influência indireta afetada pelo empreendimento é o município de Lavras - MG,
que abrange uma área de 559,20 km2 com perímetro urbano de aproximadamente 117,84 km e
uma área urbana de 14,16 km2.
126
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
• Coordenação Geral
Prof. José Aldo Alves Pereira
• Consultores: alunos da Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciências
Florestais da Universidade Federal de Lavras, cursando a Disciplina de Pós-graduação
Estudos de Impactos Ambientais – Código PCF 517. Os alunos foram responsáveis pela
elaboração deste EIA/RIMA.
• Meio Físico:
Engº Florestal Antônio de Arruda Tsukamoto Filho
Enga Florestal Maria Floriana Esteves de Abreu
Engº Florestal Marco Aurélio Mathias de Souza
Engº Florestal Rubens Marques Rondon Neto
• Meio Biótico:
Engº Florestal Rubens Marques Rondon Neto
Biólogo Frederico Augusto G. Guilherme
Engº Florestal Sebastião Osvaldo Ferreira
• Meio Sócioeconômico:
Engª Florestal Michelliny Gama
Engª Florestal Regiane Vilas Boas Faria
Engª Florestal Sybelle Barreira
• Equipe de atualização:
Engº Florestal Dalmo Arantes de Barros
Engº Florestal Rossi Allan Silva
127
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
128
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Fase 02 – Lavra
129
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Fase 03 – Beneficiamento
Fase 04 - Desativação
Clima
A região em estudo localiza-se nas terras altas do sul do Estado de Minas Gerais, com
altitude de aproximadamente 800 metros. O clima é considerado subtropical moderado úmido,
com temperatura média anual variando de 18 a 20°C. A temperatura média no mês mais frio
está entre 13° e 16°C e a do mês mais quente entre 21° e 23°C. As geadas são raras, com
130
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
temperaturas mínimas absolutas de até 3,3°C. A precipitação média anual varia entre 1300 e
1700 mm, com regime de distribuição periódica predominando no semestre mais quente. O
inverno tem de 2 a 4 meses secos, com um déficit hídrico pequeno entre 10 e 30 mm anuais.
A evapotranspiração potencial anual varia entre 800 e 850 mm. A insolação média anual é de
aproximadamente 2.483 horas, com ventos predominantes de Leste, com velocidade média de
1,9 m/s. O município de Lavras-MG, goza de excelente clima, com temperatura amena mesmo
durante o verão. As chuvas são concentradas entre janeiro e março, e a estiagem se dá de julho a
agosto. O índice médio pluviométrico anual é de 1.473 mm.
Qualidade do ar
Ruídos
131
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Geologia e Geomorfologia
A região em estudo situa-se sobre uma das formações geológicas mais antigas, conhecida
como Complexo Cristalino do Pré-Cambriano. Esse complexo abrange gnaisses, mica xistos,
quartzitos, mármores, dolomitos, itabiritos e abundantes intrusões de granitos, dioritos, gabros,
piroxitos e outras rochas básicas com frequência transformadas em metabasitos, anfibólitos e
agalmatólitos (Oliveira e Leonardo, 1943).
De acordo com o mapa geológico do Ministério de Minas e Energia, na região predomina
o complexo granito-gnáissico indiviso, do Pré-Cambriano. O grupo Andrelândia, também do
Pré-Cambriano, aparece em menor proporção na parte sul da região, formando as serras que
limitam Lavras-MG com Ingaí-MG (Serra do Campestre) e com Carmo da Cachoeira - MG
(Serra da Bocaina), atingindo a Serra do Faria. Este grupo é caracterizado pela predominância de
quartzitos sobre micaxistos e por micaxistos sobre quartzitos.
A região em estudo se caracteriza por apresentar rochas de alto grau de cristalinidade,
geralmente alojando corpos metabasíticos. Tectonicamente, trata-se de um megabloco estrutural,
ao qual se impuseram transformações petrogenéticas do ciclo Brasiliano, sendo os falhamentos os
elementos fundamentais desse conjunto litólico. Sobre o Domínio Leptito-migmatito-metabasítico
predominam as rochas gnáissicas de totalidade cinza-clara quando inalteradas, e esbranquiçadas e
amareladas quando meteriorizadas. A granulação é média a fina, sendo comuns os veios e diques
quartzo-feldspáticos. Existe nesse Domínio uma grande incidência de corpos metabásicos, os
quais geralmente mostram-se alterados na forma de blocos arredondados de coloração amarelada.
O domínio migmatítico apresenta uma maior regularidade petrográfica, marcada por rochas
porfiroblásticas e granitóides recortadas por massas aplíticas, distribuindo-se desde o norte da
cidade de Nepomuceno–MG, até os arredores de Lavras-MG. Os tipos litólicos característicos são
os que mantêm a série de morros a oeste de Lavras, os quais exibem certo bandamento, com os
facóides feldspáticos mostrando dimensões centimétricas.
Geomorfologicamente, a região em estudo localiza-se no chamado Planalto Atlântico
(Almeida, 1966), ocorrendo várias subdivisões morfológicas, sendo que a região se assenta na
superfície do Alto Rio Grande, que se caracteriza pelo relevo ondulado, com altitudes variando
em torno de 900 metros, onde se salientam cristas de cotas superiores a 1.000 metros. É talhada
essencialmente em rochas de médio a alto grau metamórfico, apresentando-se também em áreas
onde aparecem tipos litólicos de caráter metabásico.
132
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Solos
133
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 7.3 - Distribuição das classes de solo na microbacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz, sob
influência do Morro Redondo.
Para este estudo foram coletadas amostras de solo na camada de 0-20 cm de profundidade,
em 8 (oito) locais pré-determinados da microbacia (os mesmos locais onde foram feitos os perfis
para a determinação das classes de solo), sobre influência do Morro Redondo. Essas amostras
foram encaminhadas ao Departamento de Ciência dos Solos da Universidade Federal de Lavras,
onde foram efetuadas as análises granulométricas e de fertilidade.
A partir destas informações sobre a fertilidade dos solos da microbacia, pode-se antever
algumas restrições quanto ao uso do solo, e indicar o seu melhor aproveitamento, uma vez que
a fertilidade se constitui em um dos elementos de limitação para a determinação da aptidão
agrícola dos solos.
Na região estudada há uma predominância de Latossolo Vermelho, com 143,81 ha ou 54,19%
134
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Para a análise das condições agrícolas das terras, tomou-se hipoteticamente como
referência, um solo que não apresente problemas de fertilidade, deficiência de água e oxigênio,
não seja suscetível à erosão e nem ofereça impedimentos à mecanização. Como normalmente as
condições das terras fogem a um ou vários desses aspectos, foram estabelecidos diferentes graus
de limitação em relação ao solo de referência, para indicar a intensidade dessa variação.
De modo geral, a avaliação das condições agrícolas das terras é feita em relação a vários
fatores, muito embora alguns desses fatores atuem de maneira mais determinante em certas
situações. Os cinco fatores tomados para avaliar as condições agrícolas das terras foram:
a) Deficiência de fertilidade;
b) Deficiência de água;
c) Excesso de água ou deficiência de oxigênio;
d) Susceptibilidade à erosão;
e) Impedimentos à mecanização.
135
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
A avaliação das classes de aptidão agrícola das terras e, por conseguinte dos grupos e
subgrupos, foi feita por meio do estudo comparativo entre os graus de limitação atribuídos às
terras e aos estipulados na tabela-guia de avaliação agrícola das terras referentes à região tropical
úmida. A tabela-guia é conhecida como quadro de conversão, constituindo em uma orientação
geral para a classificação da aptidão agrícola das terras, em função de seus graus de limitação,
relacionados com os níveis de manejo A, B e C. Assim, a classe de aptidão agrícola das terras
através dos diferentes níveis de manejo, foi obtida em função do grau limitativo mais forte,
referente a qualquer um dos fatores que influenciam a sua utilização agrícola. Nesta avaliação
objetivou-se diagnosticar o comportamento das terras para lavouras nos níveis de manejo A, B e
C; sendo para pastagem plantada e silvicultura no nível de manejo B, e para pastagem natural no
nível de manejo A. A simbologia adotada para as classes determinadas foi definida por Ramalho-
Filho et aI. (1983) (Tabela 7.1).
• Nível de Manejo
136
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Nível C: Baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico. Caracteriza-
se pela aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e
conservação das condições do solo e das lavouras. A motomecanização está presente nas diversas
fases da operação agrícola.
O uso atual de uma determinada área muitas vezes não é compatível com sua real aptidão
agrícola, que é determinada por um conjunto de fatores pedológicos, climáticos e biológicos,
e que se interagem naturalmente, resultando em um menor ou maior grau de limitação,
quanto aos aspectos de deficiência de fertilidade, de água, de oxigênio, suscetibilidade à erosão,
impedimentos a mecanização e outros.
A relação do uso atual do solo com a sua aptidão agrícola é fundamental dentro de um
processo produtivo e de conservação dos recursos naturais. Assim, quando se visa direcionar
o uso das terras de acordo com sua vocação, é necessário determinar o uso atual das terras,
estratificando os ambientes através de suas características e propriedades, que por sua vez,
permitirá determinar a avaliação do seu potencial e de suas limitações.
Para se determinar o uso atual das terras, utilizou-se como material básico a carta topográfica
de ltumirim (SF-23-X-C-I-3) na escala 1:50.000. As interpretações da ortofotocarta de ltumirim
(Faixa 2108 - E) (fotos 400 a 402) na escala 1:10.000, foram ainda, apoiadas, nas observações
realizadas no campo, obtendo-se então, a determinação dos padrões e das formas de ocupação
no período atual.
A Tabela 7.2 apresenta as classes de uso atual dos solos, simbolizadas por números,
correspondentes àqueles representados no mapa de uso e ocupação das terras (Figura 5).
Tabela 7.2 - Classes de uso e ocupação dos solos, sua simbologia e sua expressão geográfica.
Classe de uso atual Área (ha) %
Floresta hidrófila pluvial 58,45 22,02
Cultura agrícola 76,65 28,88
Pastagem 55,68 20,98
Campo limpo 5,94 2,24
Campo rupestre 26,26 9,89
Áreas degradadas 19,74 7,44
Capoeira 17,00 6,41
Campo de várzea 5,26 1,98
Represa 0,42 0,16
TOTAL 265,4 100,00
137
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
O homem tem produzido obras que degradam o meio ambiente ou modificam o ciclo
natural das águas, tais como as barragens, as obras de capacitação, de drenagem, irrigação e
inúmeras outras, observando-se, em grande parte do nosso planeta a deterioração da qualidade
das águas. Esta situação é ainda mais preocupante quando se considera a forte limitação dos
recursos hídricos disponíveis para utilização pelo homem.
A água da chuva, ao cair, é quase pura, ao atingir o solo, seu grande poder de dissolver
e carrear substâncias altera suas qualidades. Dentre o material dissolvido encontram-se as mais
variadas substâncias como, por exemplo, substâncias calcárias e magnesianas que a tornam dura;
substâncias ferruginosas que dão cor e sabor diferentes à mesma; substâncias resultantes das
atividades humanas, tais coma produtos industriais, que tornam a água imprópria ao consumo.
Por sua vez, a água pode carrear substâncias em suspensão, tais como partículas finas dos terrenos
e que dão turbidez à mesma; pode também carrear outras substâncias decorrentes da atividade
humana que modificam o seu sabor, ou ainda, organismos patogênicos. Em consequência da sua
grande atividade, a água quimicamente pura não é encontrada na natureza.
Apesar de existirem diversos setores da sociedade preocupados com a conservação dos
recursos naturais renováveis, pelo que se sabe, são poucos os métodos desenvolvidos na maioria
dos estados brasileiros, que visam detectar os graus de degradação de uma microbacia através de
valores numéricos.
Com a evolução das técnicas de detecção e medidas de poluentes, foram estabelecidos
padrões de qualidade para a água, isto é, a máxima concentração de elementos ou compostos que
poderiam estar presentes na água, de modo a apresentar compatibilidade com a sua utilização
para determinadas finalidades.
No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através de legislação
138
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Localização da Microbacia
O município de Lavras pertence à Bacia do Rio Grande, tendo o Ribeirão Água Limpa
e o Ribeirão Vermelho como os principais rios. A área de estudo está inserida na microbacia
do Ribeirão Santa Cruz, influenciada diretamente pelo empreendimento em estudo, que ocupa
uma área de 776,00 ha, cujas coordenadas geográficas são 21º17’32” a 21º19’l8” de latitude Sul e
44º56’42” a 44º 53’42” de longitude Oeste. Para a realização do estudo de qualidade da água, foi
considerada uma área de 265,40 ha, enquanto que a caracterização física da microbacia influenciada
pelo empreendimento abrange a área total dessa microbacia.
Foram determinados três pontos do ribeirão Santa Cruz (Figura 7.4), respeitando o espaço
entre um ponto e outro, para a coleta de amostras de água. A primeira coleta (Ponto 1), foi feita
na fazenda Santo Antônio do Morro Redondo, próximo à estrada que Iiga Lavras a Ingaí. A
segunda amostra (Ponto 2), foi coletada em frente à entrada da fazenda Santa Cruz, localizada
à esquerda da estrada que Iiga Lavras a Ingaí, enquanto que a terceira amostra (Ponto 3), foi
coletada no final da microbacia, junto à estrada que liga Lavras ao Morro Redondo, próximo
ao bairro Pipoca. Para a coleta foram considerados o horário, temperatura, pH e fixação de
oxigênio, de acordo com as normas vigentes estabelecidas, e retiradas amostras representativas
para ensaios de laboratório.
Os parâmetros analisados em Iaboratório foram os seguintes: DBO – Demanda
Bioquímica de Oxigênio, OD – Oxigênio Dissolvido, Sólidos Totais, Sólidos Suspensos, sendo
que a Análise Bacteriológica e a Turbidez foram realizadas no laboratório de Proteção Ambiental
do Departamento de Engenharia Agrícola da UFLA.
139
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 7.4 - Localização dos pontos de coleta das amostras de água para as análises, no Ribeirão Santa
Cruz, Lavras, MG.
Observa-se na Tabela 7.3, que o valor de coliformes totais e fecais foi alto, portanto,
conclui-se que a água em estudo encontra-se fora dos padrões bacteriológicos de potabilidade.
140
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Tabela 7.3 - Resultado dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água do Ribeirão Santa Cruz, em
Lavras, MG em três pontos amostrados.
Concentração
Análises Unidade Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
1ª Análise 2ª Análise 1ª Análise 2ª Análise 1ª Análise 2ª Análise
Físicas
Temperatura 0
C 24 22 23 22 23 23,5
pH - 6,38 6,43 6,73 6,72 6,80 6,63
Turbidez UNT
Sólidos Totais mg/l 40 70 40 40 412 124
Sólidos Suspensos mg/l 18 49 21 30 175 62
Químicas
DBO5 mg/l 2,0 1,9 3,5 2,3 4,0 0,6
OD mg/l 6,1 5,2 6,5 8,6 5,4 4,9
Biológicas
Coliformes Totais NMP/100ml - 2,0 x 103 - - - 1,1 x 104
Coliformes Fecais NMP/100ml - 2,0 x 103 - - - 1,1 x 104
Analisando-se a DBO pode-se verificar que nas amostras dos pontos 02 e 03, os valores
encontrados estavam fora do índice limite. Em relação ao oxigênio dissolvido, somente a
amostra do ponto 03 apresentou valores abaixo do índice limite. Os valores de temperatura, pH,
sólidos totais e sólidos suspensos encontravam-se dentro dos limites estabelecidos pela Resolução
CONAMA N° 357/2005.
Flora
Os biomas do Estado de Minas Gerais, a exemplo do que ocorre com o restante do país,
têm sido seriamente alterados pela ação antrópica, principalmente por atividades agropecuárias,
fragmentando e modificando a composição da flora e da fauna, provocando em algumas situações
perdas irreversíveis de suas riquezas naturais.
A cobertura vegetal original da área em estudo encontrava-se extremamente devastada,
restando das formações florestais, somente capões esparsos na cumeeira das elevações e,
estreitas matas ciliares, fragmentadas ao longo dos cursos d’água. As formações campestres
e de Cerrado encontravam-se mais alteradas, enquanto que os Campos de Várzea foram
geralmente substituídos por culturas agrícolas e/ou pastagens. Os Campos Rupestres e os
Campos Limpos, embora submetidos à ação antrópica, ainda mantém os seus Iimites originais
141
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Formações Florestais
142
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Figura 7.5 - Mapa da uso e ocupação na Bacia Hidrográfica de Influência do Morro Redondo
- Lavras, MG.
Tabela 4 - Listagem florística das espécies presentes na Floresta Tropical Pluvial ou Mata de
Galeria da Bacia Hidrográfica de influência do Morro Redondo - Lavras, MG.
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Anacardiaceae
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeira-branca
Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo
Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. Pau-pombo
Annonaceae
Annona cacans Warm. Araticum-cagão
Duguetia lanceolata A.St.-Hil. Biribá
Guatteria nigrescens Mart. Pindaíba-preta
Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba
Xylopia emarginata Mart. Pindaíba-do-brejo
Continua...
143
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Araliaceae
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. Maria-mole
Didymopanax calvum (Cham.) Decne. & Planch. Mandiocão
Bignoniaceae
Jacaranda macrantha Cham. Caroba-do-mato
Tabebuia vellosoi Toledo Ipê-amarelo-da-serra
Boraginaceae
Cordia ecalyculata Vell. Louro-mole
Cordia rufescens A.DC. Grão-de-galo
Cordia sellowiana Cham. Chá-de-bugre
Burseraceae
Protium almecega L. Marchand Almecegueira
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Almecegueira
Leguminosae
Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. Unha-de-vaca
Bauhinia holophylla (Bong.) Steud. Unha-de-vaca
Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba
Senna spp. Fedegoso
Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby Amarelinho
Sclerolobium rugosum Benth. Angá
Andira anthelmia (Vell.) J.F.Macbr. Angelim-amargo
Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira-preta
Dalbergia villosa (Benth.) Benth. Caviúna
Dalbergia variabilis Vogel Assapuva
Machaerium angustifolium Vogel Adolfo
Machaerium brasiliense Vogel Jacarandá
Machaerium nictitans (Vell.) Benth. Bico-de-pato
Machaerium villosum Vogel Jacarandá-mineiro
Machaerium condensatum Kuhlm. & Hoehne Jacarandá
Myroxylon peruiferum L.f. Bálsamo
Ormosia arborea (Vell.) Harms Tento
Platypodium elegans Vogel Faveiro
Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel Azevinho
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico
Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Angico-vermelho
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Orelha-de-negro
Continua...
144
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Inga spp. Ingá
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. Pau-jacaré
Calophyllaceae
Calophyllum brasiliense Cambess Guanandi
Kielmeyera corymbosa Mart. Pau-santo
Cannabaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. Grão-de-galo
Celastraceae
Maytenus glazioviana Loes. ex Taub. Cafezinho
Maytenus salicifolia Reissek Fruta-de-pomba
Salacia elliptica (Mart.) G.Don Bacupari
Clusiaceae
Rheedia gardneriana Planch. & Triana Bacupari-miúdo
Combretaceae
Terminalia argentea Mart. Capitão-do-campo
Terminalia glabrescens Mart. Mirindiba
Compositae
Eremanthus incanus (Less.) Less. Pau-de-candeia
Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch.Bip. Candeia
Vernonia discolor (Spreng.) Less. Vassourão-preto
Erythroxylaceae
Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E.Schulz Fruta-de-pomba
Euphorbiaceae
Actinostemon communis (Müll.Arg.) Pax Laranjeira-brava
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Tanheiro
Alchornea iricurana Casar. Tapiá
Croton celtidifolius Baill. Capichingui
Croton floribundus Spreng. Capichingui
Croton urucurana Baill. Sangra-d’água
Hyperacaceae
Vismia brasiliensis Choisy Pau-de-laerte
Lamiaceae
Aegiphila sellowiana Cham. Pau-de-tamanco
Vitex polygama Cham. Maria-preta
Lauraceae
Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez Canela-sassafrás
Continua...
145
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Beilschmiedia emarginata (Meisn.) Kosterm. Canela-ameixa
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Canela-peluda
Nectandra grandiflora Nees & Mart. Canela-sassafrás
Nectandra mollis (Kunth) Nees Canela-amarela
Ocotea spp. Canela
Magnoliaceae
Talauma ovata A.St.-Hil. Pinha-do-brejo
Malpighiaceae
Byrsonima perseifolia Griseb. Murici-da-mata
Malvaceae
Helicteres ovata Lam. Guaxima
Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba
Luehea spp. Açoita-cavalo
Melastomataceae
Leandra lancifolia Cogn.
Leandra pectinata Cogn. Aperta-mão
Leandra scabra DC. Pixirica
Miconia spp.
Tibouchina candolleana Cogn. Quaresmeira
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn.
Meliaceae
Cabralea cangerana Saldanha Canjerana
Cabralea polytricha A.Juss. Canjerana-do-campo
Cedrela fissilis Vell. Cedro
Guarea guidonia (L.) Sleumer Piorra
Trichilia emarginata (Turcz.) C. DC. Catiguá
Monimiaceae
Mollinedia argyrogyna Perkins Negramina
Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. Capixim
Moraceae
Ficus mexiae Standl. Figueira
Pseudolmedia laevigata Trécul Muiratinga
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger, Lanj. & de Boer
Myrtaceae
Calycorectes acutatus (Miq.) Toledo Amarelinho
Calyptranthes brasiliensis Spreng. Guamirim
Continua...
146
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Calyptranthes clusiifolia O.Berg Jaborandi
Eugenia spp.
Gomidesia affinis (Cambess.) D.Legrand Guamirim
Gomidesia eriocalyx (DC.) O.Berg Guamirim
Gomidesia velutiflora Mattos & D.Legrand Guamirim
Myrcia rostrata DC. Folha-miúda
Myrcia velutina O.Berg Piúna
Psidium sp.
Nyctaginaceae
Guapira noxia (Netto) Lundell João-mole-maria-mole
Ochnaceae
Ouratea semiserrata (Mart. & Nees) Engl. Farinha seca
Opilaceae
Agonandra engleri Hoehne Cerveja-de-pobre
Pentaphylacaceae
Ternstroemia brasiliensis Cambess.
Peraceae
Pera obovata (Klotzsch) Baill. Pau-de-sapateiro
Phyllanthaceae
Hieronyma ferruginea (Tul.) Tul. Sangue-de-boi
Picramniaceae
Picramnia glazioviana Engl. Pau-amargo
Piperaceae
Ottonia leptostachya Kunth Jaborandi
Piper spp.
Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Caapeba-do-norte
Poaceae
Chusquea capituliflora Trin. Bambuzinho
Chusquea pinifolia (Nees) Nees Bambuzinho
Olyra micrantha Kunth Capim-de-sombra
Merostachys neesii Rupr. Taquara-poca
Polygonaceae
Coccoloba warmingii Meisn. Cabuçu
Primulaceae
Rapanea spp. Capororoca
Cybianthus brasiliensis (Mez) G.Agostini
Continua...
147
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Proteaceae
Roupala brasiliensis Klotzsch Carne-de-vaca
Roupala longipetiolata Klotzsch ex Meisn. Carne-de-vaca
Putranjivaceae
Drypetes sessiliflora Allemão Folha-de-serra
Rubiaceae
Alibertia sessilis (Vell.) K.Schum. Marmelinho-do-campo
Amaioua guianensis Aubl. Marmelada
Bathysa australis (A.St.-Hil.) K.Schum. Folha-larga
Coccocypselum hasslerianum Chodat Cabuçu
Faramea cyanea Müll.Arg. Cafezinho
Faramea multiflora A.Rich. Café-do-mato
Ixora gardneriana Benth. Ixora-do-mato
Ladenbergia hexandra (Pohl) Klotzsch Pau-de-colher
Palicourea longipedunculata Gardner Erva-de-rato
Psychotria spp.
Rutaceae
Dictyoloma incanescens DC. Mil-folhas
Esenbeckia grandiflora Mart. Mamoninha
Zanthoxylum sp. Mamica-de-porca
Sabiaceae
Meliosma sellowii Urb. Congonha-folha-larga
Salicaceae
Casearia arborea (Rich.) Cascaria
Casearia decandra Jacq. Pituma
Casearia lasiophylla Eichler Espeto
Casearia obliqua Spreng. Guaçatonga
Sapindaceae
Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Camboatã
Matayba elaeagnoides Radlk. Pau-crioulo
Siparunaceae
Siparuna apiosyce (Mart. ex Tul.) A. DC. Limoeiro-bravo
Siparuna guianensis Aubl. Negramina
Solanaceae
Brunfelsia brasiliensis (Spreng.) L.B.Sm. & Downs Manacá
Sessea regnellii Taub.
Continua...
148
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Tabela 4 - Continuação
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Solanum celsum Standl. & C.V. Morton Panancéia
Styracaceae
Styrax pohlii A. DC. Benjoim
Symplocaceae
Symplocos lanceolata A. DC. Chá-de-cabloco
Thymelaeaceae
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Imbira
Urticaceae
Cecropia spp. Embaúba
Verbenaceae
Lippia candicans Hayek Viuvinha-branca
Vochysiaceae
Callisthene minor Mart. Itapiúna
Qualea glauca Warm. Pau-terra-branco
Qualea multiflora Mart. Pau-terra
Vochysia tucanorum Mart. Pau-de-tucano, Caixeta
Winteraceae
Drimys brasiliensis Miers Casca-de-anta
149
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Fauna
150
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Ecossistemas aquáticos
Ambientes lóticos
151
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Entretanto, a mata de galeria apresenta outras vantagens que justificam a sua presença:
evita o aquecimento excessivo da água, fornece energia ao sistema através das folhas, frutos e
sementes que caem nos cursos d’água, proporcionam cobertura (sombra) protetora aos peixes,
evita a erosão das margens, e dificulta que os agrotóxicos atinjam a água, dentre outras vantagens.
Os insetos e restos vegetais que caem na água compõem parte da alimentação dos peixes.
A ictiofauna desses ambientes é representada por uma diversidade considerável de espécies de
peixes de pequeno porte (muitas das quais ainda não identificadas).
Dentre os invertebrados aquáticos, os ribeirões da região de entorno, provavelmente,
apresentam os insetos que normalmente habitam esses ambientes, tais como as Iarvas de
Tricoptera, Ephemeroptera, Plecoptera, Díptera, Neuroptera e Coleóptera, além de adultos
das ordens Hemiptera e Coleoptera. Muitas destas Iarvas, particularmente as Dípteras, são
componentes essenciais na dieta dos peixes.
Ambientes lênticos
152
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
também nos recursos naturais que possam estar ligados direta ou indiretamente aos solos e a água.
O solo, base para a implementação das diversas atividades humanas (Pereira, 1995), é
considerado o recurso básico de uma nação, renovável desde que usado dentro de sua capacidade.
Entretanto, quando de sua má utilização, reflexos negativos como erosões e assoreamentos
passam a ser fatores comuns e também passíveis de preocupação.
A modernização da sociedade tem contribuído assustadoramente para o aumento do
uso e degradação do ambiente, que em muitos casos superam a capacidade de regeneração dos
ecossistemas e a reciclagem dos recursos renováveis, conduzindo ao depauperamento destes
recursos. Uma vez degradado, a preocupação se faz presente, não somente na tentativa de
recompor o ambiente, mas principalmente para restabelecer o equilíbrio e permitir a sobrevivência
e reprodução das espécies no ambiente.
Qualquer que seja a implantação de um empreendimento, projeto ou plano, há geração de
efeitos no sistema biótico e sócio-econômico em certo período de tempo, porém, tradicionalmente,
na avaliação de projetos, a análise convencional custo-benefício é a que primeiro se considera. Em
se tratando de impactos ambientais e sociais, efeitos secundários e consequências, um número
limitado de informações encontram-se disponíveis (Pinheiro, 1990).
Embora não seja possível frear o desenvolvimento econômico, já que ele é consequência
do próprio desenvolvimento social e do crescimento populacional, é possível, porém, inferir até
que ponto pode-se permitir uma degradação ambiental socialmente aceitável, e que assegure um
desenvolvimento sustentável para futuras gerações. Os Estudos de Impactos Ambientais tornam-
se imprescindíveis no processo de licenciamento ambiental, pois visam a elencar as principais
medidas mitigadoras dos impactos gerados pelos empreendimentos.
A obrigação de recuperar áreas degradadas pela exploração de recursos minerais está prevista
na Constituição Brasileira. O Decreto 97.632 de 10 de abril de 1989 regulamentou a Lei 6.938
prevê que novos empreendimentos no setor mineral, deverão apresentar ao órgão ambiental
competente Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - EIA/
RIMA, juntamente com o Plano de Recuperação da Área Degradada.
A recuperação ambiental de uma área degradada pela mineração envolve diversos aspectos
importantes para a obtenção do resultado final. Deve prever o controle da qualidade dos recursos
hídricos superficiais e subterrâneos e da qualidade do ar. O tratamento previsto do solo deve
considerar seus aspectos físicos e bióticos. O processo de revegetação dependerá da obtenção dos
resultados de recuperação do solo.
O controle ambiental se dá por meio da implementação de programas e ações que
reduzam o impacto negativo sobre os meios físicos (água, solo e ar), biológicos (fauna e flora) e
sócioeconômico, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Um dos instrumentos previstos na
153
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Política Nacional de Meio Ambiente para o controle das atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos naturais é o Licenciamento Ambiental.
2) Estrutura fundiária
3) População
4) Recursos econômicos:
a) Setor primário:
• Agropecuária;
• Atividade leiteira;
• Suinocultura e outros rebanhos;
• Avicultura;
• Cafeicultura e outros produtos;
• Culturas temporárias e permanentes.
b) Setor secundário:
• Indústria.
c) Setor terciário:
• Comércio;
154
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
• Comércio varejista;
• Comércio atacadista;
• Serviços e transportes.
d) Finanças
e) Reservas minerais
5) Saúde
a) Assistência médica
• Hospitais;
• Postos de atendimento;
• Pronto socorro, serviço odontológico e clínicas;
• Laboratórios.
6) Infra-estrutura
a) Educação
• Maternal, pré-primário, 1º e 2º grau;
• Graduação e pós-graduação;
• Cursos específicos.
7) Comunicação/ Informação
• Telefonia: serviços de DDD e DDI;
• Correios e Telegráfos: EBCT;
• Telex: 20 aparelhos (1994);
• Emissoras de rádio: 3 (1992);
• Jornais: 4 (1992);
• Televisão/retrasmissão: Três torres retransmissoras, captando oito emissoras;
• Bibliotecas: a cidade possui oito bibliotecas entre federais, estaduais,
municipais e particulares.
8) Vias de acesso
• Rodovias e ferrovias: A cidade é servida por duas rodovias federais, além de ser
entroncamento ferroviário da Ferrovia Centro Atlântica (FCA).
9) Transportes
a) Rodoviário: rodovias BR-265 e BR-381;
b) Ferroviário;
c) Aéreo: possui um aeroporto com pista asfáltica e infra-estrutura para operar
aviões de pequeno porte em linhas comerciais;
155
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
d) Transporte Coletivo:
• Transporte interurbano e interestadual – operado por 12 empresas;
• Transporte urbano.
10) Energia elétrica e água: CEMIG e COPASA
13) Correios
14) Drogarias e farmácias
156
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
a) Natural
• Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito
• Serra da Bocaina
Figura 7.6 - Localização de algumas propriedades rurais utilizadas para o estudo do meio antrópico.
157
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Meio Físico
b) Desafeiçoamento da área
• Com a exploração do cascalho no Morro ocorrerá o desafeiçoamento total ou
parcial das características morfológicas e das propriedades concernentes à beleza
cênica do local. Com isso, modifica-se a interação natural existente do Morro
com todos os outros aspectos naturais que compõem a paisagem da bacia onde
o empreendimento está inserido (Fases: 02 e 03).
c) Compactação do solo
• O tráfego constante de tratores e caminhões para a exploração do Morro,
certamente causará a compactação no solo, que será caracterizado por um
aumento da densidade do solo e uma diminuição da porosidade total, quando
comparadas às camadas adjacentes (Fases: 01, 02 e 03).
• A compactação do solo provocará alterações em seu interior, modificando boa parte
do seu ambiente físico. O processo de compactação desenvolve a formação de crostas
(encrostamento superficial), empoçamento de água, zonas endurecidas abaixo da
superfície, erosão pluvial excessiva, baixo índice de emergência de plantas, sistema
radicular pouco profundo e raízes mal formadas (Fases: 01, 02 e 03).
158
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
d) Erosão do solo
• A exploração do cascalho no Morro promoverá a retirada da vegetação, deixando
o solo descoberto, sujeito ao impacto direto das gotas da chuva e escoamento
superficial da água sobre o solo. Dessa forma, o solo ficará extremamente suscetível
aos processos erosivos e as consequências muitas vezes são de caráter devastador,
com danos irreversíveis. Os impactos causados pela erosão estão associados a
muitos fatores, todos eles de real importância e magnitude. A Equação Universal
de Perda de Solo, que avalia a perda de solos pelos processos erosivos, determinou
que a perda anual de solos na microbacia é de 0,112 toneladas de solo/ha/ano
para os Latossolos, os quais são predominantes na microbacia, e cujo valor é
considerado baixo. No entanto, espera-se que com a efetivação e operação do
empreendimento, as perdas de solo por erosão, desde que medidas preventivas
não sejam aplicadas, aumentem em relação a esse valor (Fases: 02, 03 e 04).
e) Perda de nutrientes do solo
• Em geral, os nutrientes estão concentrados na camada superficial do solo, que
desprotegido devido a ausência de vegetação, possibilita o desencadeamento dos
processos erosivos e a lixiviação de nutrientes decorrentes da ação dos impactos
das gotas de chuva sobre o solo. A perda de nutrientes pelo solo interfere de
maneira negativa na produção agrícola e florestal. Como muitos dos nutrientes
do solo estão associados com a fração fina do solo, eles são, portanto, facilmente
carreados pela erosão (Fases: 01, 02, 03 e 04).
159
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
m) Alteração no formato dos leitos dos rios pela deposição de sedimentos do solo
• A deposição de sedimentos nos leitos dos rios pode alterar o seu curso, prejudicando
o fluxo normal da corrente hídrica. Em alguns casos, pode ocorrer a interrupção
do fluxo d’água ou o desvio para outras calhas (Fases: 01, 02, 03 e 04).
160
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
161
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
a) Assoreamento e sedimentação
• Existe a possibilidades do aumento de deslizamentos de solo em alguns pontos do
Morro Redondo, em direção às nascentes Iocalizadas na Fazenda Santo Antônio
do Morro Redondo e Santa Cruz, e que podem provocar o assoreamento das
calhas dos cursos d’água (Fases: 01, 02, 03 e 04).
• O assoreamento dos cursos d’água em consequência da deposição de sedimentos
provoca a diminuição do volume e velocidade da água (Fases: 01, 02 e 03).
b) Qualidade da água
• Os cursos de drenagem analisados encontram-se bastante poluídos por lixo
doméstico, além de fezes e urinas de bovinos, uma vez que estes transitam nos
ribeirões que se localizam nas microbacias da área afetada pelo empreendimento.
Portanto, essa água não deve ter uso doméstico, servindo apenas para a Iimpeza
dos currais e dessedentação animal.
• Após chuvas prolongadas na microbacia, pode ocorrer um aumento da turbidez,
provocada pela presença de sólidos suspensos oriundos do empreendimento
através do carreamento desses até os cursos d’água (Fases: 01, 02 e 03).
• A eliminação da vegetação deixa o solo susceptível a ocorrência de fenômenos
erosivos, consequentemente, há o carreamento de partículas sólidas para o leito
dos recursos hídricos, aumentando a sua turbidez (Fases: 01, 02, 03 e 04).
c) Vazão
• A construção de pequenos canais de drenagem provoca a interrupção do fluxo
d’água (Fase: 01).
• A ocorrência de queda natural de árvores nas nascentes, provocada pelo
desbarrancamento, pode causar erosões e obstruções dos cursos d’água (Fases:
01, 02 e 03).
162
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
d) Lençol freático
• Com a retirada da vegetação nativa há o favorecimento para o escoamento
da água no perfil do solo, além de causar sua compactação pela operação do
desmatamento. Consequentemente a infiltração e percolação da água para o
abastecimento do lençol freático ficam comprometidas (Fases: 01, 02 e 03).
Meio biótico
a) Regeneração natural
• A deposição de sedimentos nas encostas em alguns pontos provoca a eliminação
da vegetação herbácea e das espécies arbóreas e arbustivas, além de dificultar a
regeneração natural (Fases: 01, 02 e 03).
• O manuseio da camada superficial do solo pode danificar mecanicamente os
propágulos vegetais remanescente, bem como o banco de sementes encontrado
nesse material (Fases: 01, 02 e 03).
b) Proteção
• Os riscos de incêndios florestais aumentam devido à presença de máquinas e
de pessoas na área de influência do empreendimento, o que pode provocar a
eliminação de espécies vegetais de vários estratos (Fases: 01, 02, 03 e 04).
• As operações de retirada e transporte do material mineral podem causar injúrias
à vegetação, com maior frequência para as árvores de maior porte, abrindo
caminho para a ocorrência de doenças ou ataque de pragas (Fases: 02 e 03).
• A alteração na vegetação, devido à exploração do recurso mineral, pode causar
alterações na composição florística, extinção de espécies e estreitamento da base
genética das populações que compõem a formação florestal (Fase: 01).
Fauna
Terrestre e ornitofauna
a) Impactos positivos
• O revolvimento das camadas superficiais do solo expõe inúmeros tipos de
organismos, que servem como fonte de alimento para um grande número de
vertebrados, especialmente a ornitofauna.
163
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
b) Impactos negativos
• Os distúrbios devido à instalação do empreendimento minerário e as operações
relacionadas, como construção da infra-estrutura, movimentação de maquinas e
veículos, e a geração de ruídos perturbam a fauna, provocam o seu deslocamento,
também a mudança na composição e estrutura, bem como o afugentamento dos
indivíduos. Pode haver mortalidade de animais causada pelo trânsito de veículos
(Fases: 01, 02, 03 e 04).
• Diminuição dos habitats naturais em consequência da utilização / desmonte
da fonte de cascalho, gerando perda constante de ambientes para reprodução,
abrigo, locomoção e disponibilidade de alimentos para a fauna silvestre (Fases:
01 e 02).
• Queimadas nas áreas de pastagem natural e demais formações florestais, devido à
presença de máquinas e pessoas na área de influência direta do empreendimento.
Destruição de ninhos, abrigos, habitats e fontes de alimento para a fauna (Fases:
01, 02, 03 e 04).
• A erradicação da vegetação causa uma diminuição da capacidade de suporte do
meio para a fauna terrestre (Fases: 01, 02 e 03).
Fauna aquática
a) Impactos Negativos
• A qualidade da água afeta diretamente a fauna aquática e a ictiofauna, sendo que
as principais consequências da baixa qualidade da água são: redução no tamanho
da população e na saúde dos peixes, ocorrendo com maior intensidade em cursos
d’água com baixo volume de água (Fases: 01, 02 e 03).
• O aumento da turbidez provocada pela presença de substâncias sólidas, as
quais podem ser oriundas dos processos erosívos, podem interferir na qualidade
e quantidade de luz que penetra o corpo líquido, causando alteração na
produtividade do sistema aquático (Fases: 01, 02, 03 e 04).
• O assoreamento dos cursos d’água em consequência da deposição de sedimentos
pode afetar o habitat da fauna aquática e da ictiofauna (Fases: 01, 02, 03 e 04).
Meio Sócio-Econômico
Impactos positivos
a) Arrecadação de impostos
164
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
b) Oferta de produto
• O empreendimento fornece aterro para a construção e recuperação de estradas
Iocalizadas nas proximidades do município de Lavras (Fase: 03).
c) Oferta de emprego
• Nas fases de planejamento, de lavra e de beneficiamento haverá uma oferta de
trabalho pouco considerável em função do porte do empreendimento (Fases:
01, 02 e 03).
Impactos negativos
d) Saúde
• Através dos Ievantamentos realizados, foi verificado que a água consumida não é
filtrada em 12% das propriedades. Entretanto, o saneamento básico merece ser
destacado, tendo em vista a prática comum de Iançamento dos esgotos sanitários
brutos em valas de escoamento e cursos de água, podendo torná-los impróprios
para o consumo doméstico.
• Não existem postos para a prestação de serviços de saúde e de educação no local.
Estes serviços a cargo da administração pública são concentrados na zona urbana
do municipio de Lavras.
165
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
e) Desativação
• Com a desativação do empreendimento haverá a paralisação da arrecadação de
impostos oriundos da exploração do produto e da sua comercialização (Fase: 04).
• Nesta fase ocorrerá a dispensa dos funcionários ou o seu aproveitamento em
outras atividades (Fase: 04).
166
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
167
168
Matriz simplificada dos impactos ambientais - Morro Redondo, Lavras - MG
Meio Físico
Geologia Água Ar
pH
Água
Vazão
Fecais
DBO5
Poeiras
Ruídos
Taludes
Mineral
Recurso
Oxigênio
Qualidade
Dissolvido
Coliformes
Morfologia
Subterrânea
Temperatura
Temperatura
Estabilidade de
1. Planejamento
Construção de estradas 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 4 3 1 1
- 3 - 3 - 3 + 3 + 3 + 3 - 2 - 1
2. Lavra
Desmonte 1 1 5 3 5 3 2 2 3 2 2 2 2 2
- 3 - 3 - 3 - 2 - 3 - 3 - 3
Manuseio do cascalho 1 1 2 2 1 1
- 3 - 1 - 1
1 1 2 2 1 1
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Estocagem - 1 - 1 - 1
3. Beneficiamento
Separação física 3 2 2 2 1 1
- 1 - 1 - 1
Carregamento e Transporte 2 2 1 1
- 1 - 1
4. Desativação 5 3 5 3 5 3 5 3 4 3 5 3 5 3
+ 3 + 3 + 3 + 2 + 3 + 3 + 3
Continua...
Matriz simplificada dos impactos ambientais - Morro Redondo, Lavras - MG
Áreas
Fauna
Visual
Erosão
Ciliares
Natural
Aqiática
Impacto
Formações
Formações
Fertilidade
Antrópicas
Campestres
Regeneração
Compactação
Assoreamento
Afudelamento
Cadeia Trófica
Atropelamento
1. Planejamento
Construção de estradas 2 2 3 2 1 1 2 2 2 1 2 2 2 2 1 1 4 3 5 3 2 2 1 1
- 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3
2. Lavra
Desmonte 4 3 4 3 2 2 4 3 4 3 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 1 1
- 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 1 - 1 - 1
Manuseio do cascalho 2 2 1 1 1 1 1 1 2 2 1 2 2 1 2 1 1 1
- 2 - 1 + 0 + 0 - 2 - 2 - 1 - 1 - 1
Estocagem 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1
- 1 - 1 - 1 + 0 + 0 + 0 + 0 - 1
3. Beneficiamento
Separação física 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
- 1 + 3 + 3 + 3 + 3 - 1 - 1 - 1
Carregamento e Transporte 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 3 5 3 4 3
- 1 - 1 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3
4. Desativação 5 3 5 3 5 3 3 2 5 3 4 3 4 3 5 3 5 3 5 3 5 3 5 3 5 3
+ 3 + 3 + 3 + 3 + 3 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 1 + 1 + 2
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Continua...
169
170
Matriz simplificada dos impactos ambientais - Morro Redondo, Lavras - MG
+ - + 3 2 1 5 4 3 2 1 3 2 1 0
Setor
Infra-
Saúde
Lazer /
Público
Agrícola
estrutura
Produção
Serviços /
Acidentes
Recreação
Empregos
1. Planejamento
Construção de estradas 2 2 3 3 1 1 2 2 2 18 4 5 9 10 1 2 3 9 9 22 1 1 0
+ 3 + 3 - 3 + 3
2. Lavra
Desmonte 2 2 2 2 1 1 4 3 1 1 4 3 2 2 3 21 1 8 8 9 2 6 1 9 7 21 1 3 0
- 3 - 3 + 3 + 3 + 3 - 3 + 3
Manuseio do cascalho 2 2 2 2 1 1 4 3 2 2 4 3 2 2 3 13 3 2 7 10 0 2 0 8 9 8 3 6 2
- 3 - 3 + 3 + 3 + 3 - 3 + 3
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Estocagem 1 1 1 1 1 1 4 3 2 2 3 2 1 1 5 8 5 2 3 13 0 1 2 3 12 5 0 7 6
+ 3 + 0 + 0 + 3 + 3 - 3 + 3
3. Beneficiamento
Separação física 1 1 1 1 4 3 2 2 3 2 1 1 1 1 5 8 5 1 4 13 0 1 2 2 13 10 0 7 1
+ 0 + 3 + 3 + 3 - 3 + 3 + 3
Carregamento e Transporte 1 1 4 3 1 1 4 3 2 2 3 2 1 1 4 13 1 5 3 10 1 4 1 2 10 13 0 4 1
+ 3 - 3 + 0 + 3 + 3 - 3 + 3
4. Desativação 3 3 2 2 2 2 2 2 3 2 24 1 0 20 5 0 16 3 3 3 0 15 9 1 0
+ 2 - 3 + 3 + 3 + 3
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Meio Físico
Solos
Algumas medidas podem ser usadas para diminuir os efeitos adversos dos impactos
ambientais causados pela exploração do recurso solo:
a) Remoção da camada superficial do solo e armazenamento em locais protegidos
dos efeitos da erosão;
b) Redução da compactação do solo utilizando pneus de baixa pressão e alta
flutuação, de preferência bem Iargos;
c) Condução das operações de campo mais intensivas em épocas secas;
d) Construção de represas ou tanques para facilitar a deposição dos sedimentos na
área de lavra;
e) Evitar a modificação do leito original dos cursos d’água;
f ) Utilização adequada dos solos da microbacia, com base na aptidão agrícola das
terras;
g) Evitar que a construção de estradas de acesso ao empreendimento, atinja os
cursos d’água, nascentes e mananciais;
h) Construção de estradas de forma compatível com o relevo e com as características
edáficas e vegetais;
i) Setorização da exploração, afim de que as operações sejam menos impactantes na
exploração do empreendimento, diminuindo os riscos de erosão;
j) Construção de terraços ou bancadas que diminuam a velocidade da enxurrada
e que funcionem como depósitos de sedimentação antes que estas atinjam os
cursos d’água, nascentes e mananciais;
k) Instalalação de barreiras físicas para facilitar o controle da sedimentação causada
pela erosão;
l) Eliminação de voçorocas através do acerto topográfico utilizando equipamentos
que movimentem grandes quantidades de terra;
m) Retenção da água de drenagem, por meio de práticas conservacionistas de
cultivo;
n) Estabelecimento de redes de drenagem para facilitar o escoamento de
águassuperficiais sem remover o solo;
171
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Recursos Hídricos
Meio Biótico
Flora
Os impactos ambientais negativos causados à flora local podem ser amenizados através da
adoção das seguintes medidas mitigadoras:
a) Construção de estradas de menores larguras, retirando o mínimo da vegetação das
suas margens durante a construção e manutenção;
b) Controle sobre os trabalhadores para que as suas ações sobre o ambiente fiquem
restritas aos limites da área de exploração;
c) Evitar a erradicação da vegetação em área de preservação permanente, segundo as
especificações do Artigo 2º da Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965 que institui
o Novo Código Florestal;
d) Ao realizar queimadas deve-se solicitar ao órgão ambiental competente licença
para a prática do uso do fogo, de acordo com as normas pertinentes, e seguir
172
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Terrestre e Ornitofauna
173
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Fauna Aquática
Sócio-Econômico
As medidas para minimizar os impactos negativos sobre o meio antrópico são as seguintes:
a) Direcionar esforços a fim de fomentar a preservação das fontes remanescentes que
fornecem água para uso animal;
b) Implementar um programa de monitoramento da qualidade da água que
possibilite um sistema de alerta para impedimento da distribuição da água
captada no manancial em caso de contaminação;
c) Construção de sanitários para os trabalhadores com fossas sépticas, com a devida
manutenção, evitando a proliferação de doenças;
d) Fometar a construção de fossas sépticas nas propriedades ruaris;
e) Priorizar a contratação de mão de obra residente nas imediações do
empreendimento;
f ) Realizar programas de educação ambiental, a fim de sensibilizar os moradores
locais sobre a importância da conservação dos recursos naturais, proporcionando o
equilíbrio no ambiente local e o bem-estar da população;
g) Para o controle da erosão laminar devem ser adotados programas de disseminação
de técnicas agrícolas adequadas, bem como a adoção de técnicas conservacionistas
por parte dos produtores rurais.
h) Conter ou minimizar os processos de erosão laminar e a consequente contaminação
dos cursos d’água, através do planejamento das pastagens, dos terraceamentos,
das drenagens, das limpezas e com a adequação das atividades às classes de uso
do solo.
174
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
175
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
176
8
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICA – NBR ISO 14031 – Gestão Am-
biental – Avaliação de Desempenho Ambiental – Diretrizes. Norma Técnica. ABNT, Rio de Janeiro - RJ,
2004. 32 p
ALMEIDA, F.F.M. Origem e evolução da plataforma brasileira. SEDEGEO, 2:46-89. Div. Geol. Miner.
DNPM Bol. 241. Rio de Janeiro. 1966. 36p.
ANJANEYULU, Y.; MANICKAM, V. Environmental impact assessment methodologies. 2nd Ed. Hy-
derabad: BS Publications. 2007. 428p.
BERTONI, J. et al. Equação de perdas de solo. Instituto Agronômico, Campinas. 1975. 25p. (Boletim
Técnico, 21).
BISSET, R. Methods for environmental impact analysis: recent trend and future prospects. J. Environm.,
11: 27-43. 1980.
BORGES, L. A. C.; REZENDE, J. L. P.; PEREIRA, J. A. A.; COELHO JÚNIOR, L. M.; BARROS,
D. A. de. Áreas de preservação permanente na legislação ambiental brasileira. Ciência Rural (UFSM.
Impresso), v. 41, n.7, p. 1202-1210, 2011.
BRAGA, R.A.P. Avaliação de Impactos Ambientais: Uma Abordagem Sistemática. In: Congresso Nordestino
do Recife. Anais... Recife: UFRPE. 1986. p. 171-179.
BRASIL. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: A agenda 21.
Brasília: Senado Federal. Subsecretaria de Edições Técnicas. 1996.
BRASIL. Livro Azul da 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação para o Desenvolvi-
mento Sustentável. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia/Centro de Gestão e Estudos Estratégicos,
2010.
178
Capítulo 8 - Bibliografia Consultada
BRASIL. Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965. Instituiu o código florestal brasileiro. Brasília, DF, 1965.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 jan. 2012.
BRASIL. Do meio ambiente: artigo 225 da Constituição Federal de 1988. Brasília, DF, 1988.
BRASIL. Lei 11.284, de 02 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas e institui o Ser-
viço Florestal Brasileiro (SFB). Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 mar. 2012.
BRASIL. Lei 11.516, de 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (Instituto Chico Mendes). Disponível em: <https://www.planalto.gov.
br>. Acesso em: 25 mar. 2012.
BRASIL. Lei 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC). Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 mar. 2012.
CHERARDI, E. Procedimento para utilização de teste de toxidade no controle de efluentes líquidos. São
Paulo. CETESP. 1990. 3Op. (série manual)
CLAUDIO, C.F.B.R. Implicações da avaliação de impacto ambiental. Ambiente, v.1, nº 3. 1987. p.159-
62.
CLUB OF ROME. Money and sustainability: the missing link. Fiance Watch and the World Business
Academy. 2012. 216p.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do Conama: Resoluções vigentes publi-
cadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. / Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2012.
1126 p.
179
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
COSTA, M.V.; CHAVES, P.S.V.; OLIVEIRA, F.C.de. Uso das técnicas de avaliação de impacto ambiental
em estudos realizados no Ceará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICA-
ÇÃO, 28, 2005. Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: Intercom, 2005. CD-ROM.D’ANGELO NETO, S.
Levantamento e caracterização da avifauna do campus da UFLA. Dissertação de Mestrado. UFLA, Lavras,
MG. 1996.
CYSNE, M.; AMADOR, T. Direito do ambiente e redação normativa: teoria e prática nos países lusó-
fonos. União mundial para a natureza (UICN). Alemanha: UICN, 2000. Disponível em: <http://data.
iucn.org/dbtw-wpd/edocs/EPLP-042.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2012.
DAHL, A.L. The big picture: comprehensive approaches. IN: MOLDAN, B.; BILHARZ, S. (Eds.) Sus-
tainability indicators: report of the project on indicators of sustainable development. Chichester: John
Wiley & Sons Ltd., 1997.
FERRAZ, J.M.G. As dimensões da sustentabilidade e seus indicadores. In: MARQUES, J.F.; SHORU-
PA, L.A.; FERRAZ, J.M.G (Editores). Indicadores de sustentabilidade em agroecosssitemas. Jaguariuna,
SP: Embrapa Meio Ambiente. 2003.
180
Capítulo 8 - Bibliografia Consultada
FOGLIATTI, M.C.; FILIPPO, S.; GOUDARD, B. Avaliação de impactos ambientais: aplicação aos
sistemas de transporte. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. 249 p.
GALLOPIN, G.C. Environmental and Sustainability Indicators and the Concept of Situational Indica-
tors. A system approach. Environmental Modelling & Assessment, n. 1, p. 101-117, 1996.
GAVILANES, M.L.; BRANDÃO, M. FlóruIa da Reserva Biológica Municipal do Poço Bonito, Lavras,
MG – Formação Cerrado. Daphne, Belo Horizonte, v.1, n.4, p.24-31. 1991b.
GAVILANES, M.L.; BRANDÃO, M.; 0LIVEIRA-FILHO, A.T.; ALMEIDA, R.J.; MELLO, J.M.;
AVEZUM, F.F. FlóruIa da Reserva Biológica Municipal do Poço Bonito, Lavras-MG. III - Formação
Florestal. Daphane, Belo Horizonte, v.2, n.3, p.14-26. 1992.
GAVILANES, M.L.; BRANDÃO, M.; PEREIRA, S.C. Subsídios para o reconhecimento da vegetação
da “Reserva Biológica do Poço Bonito”, Lavras-MG. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA,
36, 1985, Curitiba. Anais... Brasília:IBAMA, v.2, p.539-557. 1990.
HAMMOND, A.; ADRIAANSE, A.; RODENBURG, E.; BRYANT, D.; WOODWARD, R. Environ-
mental indicators: a systematic approach to measuring and reporting on environmental policy perfor-
mance in the context of sustainable development. Washington, DC: World Resources Institute, 1995.
HARDI, P.; BARG, S. Measuring sustainable development: principles in practice. Winnipeg: IISD, 1997.
HOLLING, C.S. (Ed.) Adaptative environmental assessment and management. Chichester: John Wiley
& Sons Ltd. 1978.
181
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lei da vida: a lei
dos crimes ambientais. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente; Assessoria de Comunicação Social,
2001.
JAIN, R.K.; URBAN, L.V.; STACEY, G. S. Environmental impact analysis: a new dimension in decision
making. New York: Van Nostrand Reinhold, 1977. 330p.
JUCHEM, T.A. Manual de Avaliação dos Impactos Ambientais. Curitiba, Pr. 1993. 35p.
KENGEN, S. A Política florestal brasileira: uma perspectiva histórica. In: SIMPÓSIO IBERO-AMERI-
CANO DE GESTÃO E ECONOMIA FLORESTAL, 1, 2001, Porto Seguro. Anais... Porto Seguro, BA:
[S. n.], 2001. p. 18-34.
LA ROVERE, E.L. Instrumentos de planejamento e gestão ambiental para a Amazônia, cerrado e panta-
nal: demandas e propostas: metodologia de avaliação de impacto ambiental. Brasília: Ed. IBAMA. 2001.
54p.
LELLES, Leandro Camillo de; SILVA, Elias; GRIFFITH, James Jackson and MARTINS, Sebastião
Venâncio. Perfil ambiental qualitativo da extração de areia em cursos d’água. Rev. Árvore [online]. 2005,
vol.29, n.3, pp. 439-444. ISSN 0100-6762.
182
Capítulo 8 - Bibliografia Consultada
LEOPOLD, L.B.; CLARK, F.E.; HANSHAW, B.B.; BALSLEY, J.R. A procedure for evaluating envi-
ronmental impact. US Geological Survey Circular 645, Department of Interior, Washington, DC, 1971.
13p.
LIMA, J.S. Processos biológicos e biomonitoramento: aspectos bioquímicos e morfológicos. In: MAIA,
N.B.; MARTOS, H.L.; BARRELA, W. (Org.). Indicadores ambientais: conceitos e aplicações. EDUC:
São Paulo. SP. 2001.
LOHANI, B.; EVANS, J.W.; LUDWIG, H.; EVERITT, R.R.; CARPENTER, R.A.; TU, S.L. Enviro-
mental impact assessment for developing countries in Asia. Volume 1 – Overview. Ed. Asian Develop-
ment Bank. 1997. 356p. Disponível em: http://www.adb.org/documents/books/environment_impact/
env_impact.pdf. Acessado em: 30 de maio de 2011.
MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. 12. ed. São Paulo, SP: Malheiros, 2004.
MAGALHÃES, J. P. A evolução do direito ambiental no Brasil. São Paulo, SP: J. Oliveira, 2002.
MAGRO, T.C. Avaliação da qualidade de habitat faunístico pela análise de bordas. Dissertação de Me-
strado. UFV, Viçosa, MG. 1988.
MART, L.C.R. Estudos de Impacto Ambiental em Linhas Aéreas AT e MAT: análise crítica. Dissertação
(Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores). Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2009. 101 p.
McQUEEN, D.; NOAK, H. Health promotion indicators: current status, issues and problems. Health
promotion, n. 3, p. 117-125, 1998.
MOREIRA, I.V.D. Avaliação de impacto ambiental. Rio de Janeiro: FEEMA/RJ, 1985. 34p.
MOREIRA, I.V.D. Origem e Síntese dos Principais Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
In: Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas. Anais... Curitiba: FUPEF, 1992. 35p.
MÜLLER, A.C. Hidrelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1995
183
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
MÜLLER, A.C. Hidrelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1995.
MUNIER, N. Multicriteria environmental assessment: a pratical guide. New York: Kluwer Academic
Publishers, 2004. 311 p.
MUNN, R.E. Environmental Impact Assessment: Principles and Procedures. SCOPE, Report Nº 5,
UNESCO. 1975. 173p.
OLIVEIRA, F.F.G. de; MEDEIROS, W.D.A. Bases teórico-conceituais de métodos para avaliação de
impactos ambientais em EIA/RIMA. Mercator, Fortaleza, v.6, n.11, p.79-92. 2007.
OLIVEIRA, J.C.; LEONARDO, O.H. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: lmprensa Nacional. 831p.
1943.
ORGANIZAÇÃO DAS NACOES UNIDAS – ONU. O futuro que queremos. Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. RIO + 20. Rio de Janeiro, 59p. 2012.
PEREIRA, J.C. Avaliação da degradação ambiental de três microbacias hidrográficas da região Campos
das Vertentes - MG. (Tese de Mestrado), UFLA, Lavras, MG. 81p. 1995.
PINHEIRO, S.L. Alternativas para avaliação de impactos ambientais, sociais e regionais na análise de
projetos de desenvolvimento. Rev. Econ. SocioI. Rural, Brasília, 28 (1): 47-70p. 1990.
QUEIROZ, S.M. Procedimentos referentes à apresentação, análise e parecer formal de EIAS/RIMA. In:
SEMINÁRIO SOBRE AVALIAÇÃO E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL, 1, 1989, Curiti-
ba, PR, Anais... Curitiba: FUPEF/UFPr, 1990. p.182-7.
RAMALHO-FILHO, A. et al. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 2ª ed. Rio de Janeiro:
SUPLAN/MA, SNLCS/EMBRAPA. 57p. 1983
REN, Xin. Development of environmental performance indicators for textile process and product. Jour-
nal of Cleaner Production. Disponível em www.cleanerproduction.net. Acessado em 10 /09/2011.
184
Capítulo 8 - Bibliografia Consultada
RESENDE, M. et al. Pedologia e fertilidade do solo: interações e aplicações. Brasília: Ministério da Educação;
Lavras: UFLA; Piracicaba: POTAFOS. 81p. 1988.
RIBEIRO, J.C.J. Indicadores ambientais: avaliando a política de meio ambiente no Estado de Minas
Gerais. Belo Horizonte: SEMAD. 2006.
RITCHIE, B.; McDOUGLAS, C.; HAGGITH, M.; OLIVEIRA, N.C. Critérios e indicadores de sus-
tentabilidade em florestas manejadas por comunidades: um guia introdutório. Centro de pesquisa flores-
tal internacional. Borgor: Indonésia. 2001. 122p.
RIZZINI, C.T. Nota prévia sobre a divisão fitogeográfica do Brasil. Revista Brasileira de Geografia, Rio
de Janeiro, v.25, n.1, p.1-64. 1963.
ROCHA, E. C.; CANTO, J. L. do; PEREIRA, P. C. Avaliação de Impactos Ambientais nos Países do
Mercosul. Revista Ambiente & Sociedade. , v.8, n.2, p. 147-160. 2005.
ROCHA, J.S.M. Manejo integrado de bacias hidrográficas. Santa Maria: UFSM. 1989. 195p.
ROHDE, M.G. Estudos de impacto ambiental: a situação brasileira. In: RIMA, Relatório de Impacto
Ambiental: Legislação, elaboração e resultados/organizado por Roberto Verdum e Rosa Maria V. Medei-
ros. 3a ed. ampl. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS. 1995. p.20-36.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. Prefácio: M. F.
Strong ; trad. Magda Lopes. São Paulo: Studio Nobel : Fundação do desenvolvimento administrativo
(FUNDAP), 1993.
SADLER, B.; McCABE, M. (eds). UNEP Environmental impact assessment training resource manu-
al. Second Edition. Geneva, United Nations Environment Programme, Economics and Trade Branch.
2002. 561 p.
185
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
SÁNCHES. L.E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos.
2008. 496p.
SCHWEITZER, A. et al. Padrões de pegada ecológica. Oakland: Global Footprint Network, 2009.
STAMM, H.R. Método para avaliação de impacto ambiental (AIA) em projetos de grande porte: estudo
de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado. (Engenharia de Produção). Florianópolis: UFSC,
2003, 265p.
TOMASI, L.R. Estudo de impacto ambiental. São Paulo: CETESB, 1993. 354p.
WACKERNAGEL, M.; REES,W. Our ecological footprint. Gabriola Island, BC and Stony Creek, CT
; New Society Publishers, 1996
WCED World Commission on Environment and Development. Our common Future. Oxford: Oxford
University Press, 1987.
WILLIANS, D.D.; BUGIN, A.; REIS, J.L.B.C. Manual de áreas degradadas pela mineração: técnicas
de revegetação. Brasília, Ministério do Interior, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis. 1990. 96p.
WISCHMEIER, W.H.; SMITH, D.D. Predicting rainfall erosion losses from cropland East of the Rocky
Mountains. Washington, USDA. 1965. 47p.
186
Capítulo 8 - Bibliografia Consultada
www.planalto.gov.br
www.siam.mg.gov.br/sla
www.mma.gov.br/conama/
187