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DANIEL MOURA DA FONSECA

FELIPPE MATIAS ROCHA


MARCONE APRIGIO DE SOUZA
VICTOR LOUAN MAIA BRITO GONÇALVES DIAS

USO DE TAMPAS PET COMO MEIO SUPORTE


EM SISTEMA DE TRATAMENTO DE
ESGOTO TIPO MBBR / IFAS
2

SÃO PAULO
2017
3

DANIEL MOURA DA FONSECA


FELIPPE MATIAS ROCHA
MARCONE APRIGIO DE SOUZA
VICTOR LOUAN MAIA BRITO GONÇALVES DIAS

USO DE TAMPAS PET COMO MEIO SUPORTE


EM SISTEMA DE TRATAMENTO DE
ESGOTO TIPO MBBR / IFAS

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de
Graduação do Curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária da Universidade
Anhembi Morumbi

Orientador: Mário Foco


4

SÃO PAULO
2017
5

DANIEL MOURA DA FONSECA


FELIPPE MATIAS ROCHA
MARCONE APRIGIO DE SOUZA
VICTOR LOUAN MAIA BRITO GONÇALVES DIAS

USO DE TAMPAS PET COMO MEIO SUPORTE


EM SISTEMA DE TRATAMENTO DE
ESGOTO TIPO MBBR / IFAS

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de
Graduação do Curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária da Universidade
Anhembi Morumbi

Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2017

______________________________________________
Nome do Orientador

______________________________________________
Nome do professor da banca
6
7

Esta página é opcional e reservada para dedicatória.


8

AGRADECIMENTOS
9

RESUMO

Este texto deve ser redigido na forma de um parágrafo único, espaço


simples, e conter a descrição completa do trabalho. Não deve ultrapassar esta
página. Devem ser acrescentadas duas palavras chave, no mínimo, na linha abaixo.

SUGESTÃO: MÁXIMO DE 200 PALAVRAS

Palavras Chave: INSERIR NO MÍNIMO TRÊS PALAVRAS


10

ABSTRACT

This part of text must contain a short but complete description of the
monograph in a single paragraph, single line spacing. It cannot overcome this
page. At least two key-worlds must be supplied in the line below.

Key Worlds:
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Influência da Idade do Lodo na Nitrificação 23


Figura 2 - Figura esquemática das camadas do biofilme 26
Figura 3 - Exemplo de gradiente de oxigênio no biofilme 27
Figura 4 - Influência da concentração de OD e COS na nitrificação 39
Figura 5 – Determinação da massa específica 42
Figura 6 - Etapas do reator 45
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modelos de Biomídia 34


Tabela 2 - Resultados obtidos – área superficial específica 41
Tabela 3 - Resultados obtidos – massa específica 43
Tabela 4 - Resultados obtidos – índice de vazios 44
Tabela 5 - Parâmetros monitorados e frequências 48
13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente


IFAS Integrated Fixed-Film Activated Sludge
MBBR Moving-Bed Biofilm reactor
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
DQO Demanda Química de Oxigênio
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
NKT Nitrogênio Kjeldahl Total
N-NH3 Nitrogênio Amoniacal
N-NO2 Nitrito
N-NO3 Nitrato
BOA Bactérias Oxidantes de Amônia
BON Bactérias Oxidantes de Nitrito
pH Potencial hidrogeniônico
SST Sólidos em Suspenção Totais
SSV Sólidos em Suspenção Voláteis
14

LISTA DE SÍMBOLOS

α Alfa
β Beta
∑ Somatório
15

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

2. OBJETIVOS 18

2.1 Objetivos Gerais 18

2.2 Objetivos Específicos 18

3. JUSTIFICATIVAS 19

4. ABRANGÊNCIA 20

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

5.1 Princípios Básicos da Remoção Biológica de Poluentes 21


5.1.1 Remoção de Matéria Orgânica Carbonácea 21
5.1.2 Nitrificação Biológica 21

5.2 Lodos Ativados e Biomassa em Suspensão 24

5.3 Biofilmes 25

5.4 Reator de Leito Móvel com Biofilme - MBBR 27

5.5 Lodo Ativado com Filme Fixo Integrado – IFAS 31


5.5.1 Vantagens e Desvantagens do Processo IFAS 31

5.6 Biomídias 32
5.6.1 Modelos disponíveis 33
5.6.2 Influências da Biomídia 34

5.7 Variáveis de controle 37


5.7.1 Carga orgânica volumétrica (COV) 38
5.7.2 Carga orgânica superficial (COS) 38
5.7.3 Oxigênio dissolvido (OD) 38
16

5.7.4 Relação Alimento / Microrganismo (A/M) 39


5.7.5 Tempo de retenção dos sólidos (TRS) 39

5.8 Reciclagem de PET 40


5.8.1 Cenário da Reciclagem no Brasil 40
5.8.2 Descrição sucinta do processo de reciclagem 40
5.8.3 Pontos onde 40

6. MATERIAIS E MÉTODOS 41

6.1 Caracterização do Esgoto Bruto 41


6.1.1 ETE Tigre – Sistema MBR 41
6.1.2 Ponto de coleta 41
6.1.3 Características do Esgoto Pré-tratado 41

6.2 Caracterização dos Meio Suporte - Tampas PET 41


6.2.1 Determinação da área superficial específica 41
6.2.2 Determinação da massa específica 41
6.2.3 Determinação do índice de vazios 43

6.3 Concepção Reator 44


6.3.1 Montagem 44
6.3.2 Procedimentos Operacionais 45
6.3.3 Regimes de operação propostos 47

6.4 Sistema de Monitoramento 47


6.4.1 Parâmetros monitorados e frequências 47

6.5 Metodologia Analítica 48


6.5.1 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5-20) 48
6.5.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO) 48
6.5.3 Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK) 49
6.5.4 Sólidos 49
6.5.5 Oxigênio Dissolvido (OD) 50
17

6.5.6 Temperatura 50
6.5.7 Alcalinidade 50

6.6 Caracterização da Biomassa Aderida 50


6.6.1 Caracterização quantitativa 50
6.6.2 Caracterização qualitativa 50

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES 51

7.1 Uso de Tampas PET como Meio Suporte 51


7.1.1 Aquisição 51
7.1.2 Desempenho no interior do reator 51

8. CONCLUSÕES 52

9. RECOMENDAÇÕES 53

10. REFERÊNCIAS 54
18

1. INTRODUÇÃO

O tratamento biológico de esgotos por meio do sistema de lodos ativados é


consolidado e muito utilizado mundialmente, com pouco mais de um século de
existência. Sua aplicação abrange desde efluentes industriais a domésticos, de
escala municipal a estações de tratamento descentralizadas de pequeno porte.

No Brasil (ou na região RMSP), muitas dessas estações têm mais de 20


anos de funcionamento, cuja a vazão do projeto já foi superada. Observa-se também
que, principalmente em regiões afastadas dos centros urbanos, algumas
encontram-se sucateadas, não recebendo os serviços de operação e manutenção
adequados por não disporem de recursos humanos e financeiros para tais serviços.

Com a evolução do processo de universalização do saneamento básico


brasileiro, há também uma preocupação significativa com a qualidade das águas,
quanto ao lançamento de efluentes. À nível federal, por exemplo, têm-se a resolução
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 430/2011, com o propósito de
compatibilizar o padrão de lançamento com as novas tecnologias de tratamento,
buscando o reenquadramento dos corpos receptores (Ceron, 2012).

Dentro deste contexto, o processo conhecido como IFAS – Integrated


Fixed-Film Activated Sludge, denominado frequentemente como lodo ativado com
filme fixo integrado ou sistema hibrido, vem ganhando mercado e aplicação para o
tratamento de efluentes como opção de retrofiting – ampliação de capacidade de
estações existentes sem a construção de novas unidades. Conforme Christensson &
Welander (2004), além do aumento da capacidade da remoção de demanda química
de oxigênio (DQO) e nutrientes, com o uso do IFAS fatores como a
sedimentabilidade do lodo e a estabilidade operacional são melhorados. O IFAS vem
sendo aplicado mundialmente em várias estações de tratamento existentes e,
atualmente, tem sido adotado em novos projetos (Ødegaard, Christensson e
Sorensen, 2014). No Brasil, a ETE Garcia (Blumenal/SC), ETE Pedregulho
19

(Guaratinguetá/SP) e ETE Piabanha (Petrópolis/RJ) já contam com este tipo de


tratamento, e em algumas unidades, como a ETE municipal de Jahu/SP é relatado o
interesse neste sistema para retrofiting (JAHU. Prefeitura Municipal, 2013).

A tecnologia é relativamente nova e teve seu início no final da década de


1980. Segundo Tchobanoglous et al. (2016), consiste de um sistema de lodos
ativados no qual um material suporte móvel (também denominados biomídias ou
suportes plásticos) é inserido no reator biológico para promover a adesão do
biofilme, em conjunto com a biomassa em suspenção. Devido à agitação provocada
pela aeração ou por meio de misturadores, as biomídias movimentam-se livremente
no interior do reator, onde ocupam de 30 a 70% do seu volume. Os modelos
disponíveis no mercado têm área superficial específica variando entre 100 a 1300
m²/m³.

Entretanto, a grande quantidade de suportes plásticos necessários para o


enchimento do reator e o custo elevado dos modelos disponíveis, são um grande
impasse para a aplicação desta tecnologia. Os Autores Fujii et al. (2013) e Oliveira,
Junior e Piveli (2013), fizeram a comparação entre os sistemas de lodos ativados
convencional e IFAS. Os primeiros autores citam esta questão enquanto que o
segundo grupo apresenta uma análise técnico-econômica, chegando à conclusão de
que para a construção de novas estações, a economia gerada pela redução da área
de implantação do sistema IFAS não compensa o custo de aquisição do meio
suporte, sendo indicado principalmente para a ampliação de ETE existentes que não
possuem espaço disponível para construção de novas estruturas.

No Brasil, assim como em países com investimento limitado para o


saneamento, pode-se dizer que no âmbito acadêmico e profissional, é aplicado e
estudado o uso de materiais alternativos no tratamento de efluentes, na tentativa de
viabilizar tecnologias de custo elevado. Fibra de casca de coco (Azevedo et al.,
2008), conchas de ostras (LIU et al., 2010) e bob de cabelo com espuma de
poliuretano (Araújo e Freitas, 2013) são exemplos de materiais testados para o
20

crescimento de biofilme, em sistemas de tratamento com material suporte fixo.


Contudo, ainda são encontrados poucos trabalhos na literatura que buscam
materiais alternativos como meio suporte móvel do biofilme, em reatores híbridos.
Até a data desta dissertação, o trabalho elaborado por Lopes e Naval (2012) foi o
único encontrado com este objetivo. É importante destacar desenvolvimento de
diversos estudos realizados com foco na caracterização, bem como na modelagem,
controle operacional da cinética de crescimento biológico suspenso e fixo integrados
no reator hibrido, como por exemplo, os trabalhos desenvolvidos por Oliveira (2008),
Fujii (2011), Carminati (2016), entre outros.

Desta forma, este trabalho avalia o uso de tampas de garrafa PET como
alternativa de meio-suporte para adesão do biofilme. As tampas PET são
consideradas materiais descartáveis e apresentam disponibilidade compatível para
atender a demanda do recheio do reator. Além disso, a possibilidade de aplicá-las
em seu formato original, não acarreta custos adicionais de energia na reciclagem
para novas formas e torna acessível as vantagens promovidas pelo IFAS a estações
de pequeno porte com poucos recursos.
21

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

O objetivo geral deste trabalho é estudar a viabilidade de utilização de


tampas PET como meio suporte para adesão do biofilme em um reator IFAS. A o
comportamento e o desempenho utilizando-se um reator em escala de bancada, e
meios para aquisição comercial das tampas PET.

2.2 Objetivos Específicos

(1) Determinar as características físicas das tampas PET, área específica e índice
de vazios;
(2) Avaliar o desempenho do reator utilizando tampas PET, como meio suporte,
em dois regimes de idade do lodo: convencional e aeração prolongada;
(3) Avaliar a eficiência de remoção de matérias orgânica e conversão de
Nitrogênio Amoniacal;
(4) Estabelecer a forma de aquisição das tampas PET, com perspectiva
comercial e sustentável.
22

3. JUSTIFICATIVAS

As biomídias ainda são uma tecnologia de custo muito elevado, dentro da


perspectiva do saneamento básico brasileiro. A utilização das tampas PET como
recheio do reator é interessante economicamente uma vez que permite sua
utilização na forma original. Dispensando o trabalho e consumo energético
necessários para a confecção de biomídias com plástico virgem e/ou plásticos
reciclável colmo as existentes no mercado atualmente.

As características físicas entre as tampas PET e as biomídias


comercializadas atualmente são muito semelhantes. Como descrito neste trabalho,
estes dois meios suportes possuem peso específico, dimensões, índice de vazios e
rugosidade praticamente idênticos. Ambas são confeccionadas com polímeros
termoplásticos, o que garante a durabilidade mínima de 20 anos (Enviromex, 2016),
uma vez que estes polímeros são inertes ao esgoto sanitário.

A única desvantagem, é a área específica relativamente baixa das tampas


PET. Dentre os modelos patenteados, o valor médio deste parâmetro é de 500m²/m³,
e são encontradas biomídias com até 1300m²/m³, enquanto as tampas PET,
conforme medições realizadas, tem apenas 150 m²/m³, aproximadamente.

Face ao exposto, a aplicação deste material alternativo é direcionada, porém


não restrita, às estações de tratamento de pequeno porte e com capital reduzido.
Com a reutilização das tampas PET, há também mais uma destinação deste material
considerado descartável, assim promover a sustentabilidade.
23

4. ABRANGÊNCIA

Em função do tempo disponível para a elaboração deste trabalho, não foi


possível investigar algumas condições operacionais relevantes quanto ao
funcionamento do IFAS, como a fração de enchimento do reator com as biomídias,
variações de tempo de detenção hidráulico, carga orgânica aplicada.

Os parâmetros de dimensionamento não investigados foram fixados, de


forma que procurou-se mantê-los de forma invariável durante todo o experimento.
Tomou-se por base os valores mais indicados pela literatura, como descrito na
Revisão Bibliográfica, a seguir.

Devido limitações de alguns recursos, como os testes laboratoriais


disponíveis, a quantificação e remoção de nutrientes não foi realizada
24

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 Princípios Básicos da Remoção Biológica de Poluentes

5.1.1 Remoção de Matéria Orgânica Carbonácea

5.1.2 Nitrificação Biológica

A nitrificação biológica é o um processo que ocorre em duas etapas. A


primeira fase, chamada de nitritação, um tipo de bactéria oxida amônia (N-NH3) a
Nitrito (N-NO2), e um segundo grupo de bactérias oxidam Nitrito a Nitrato (N-NO3) na
segunda etapa, denominada nitratação, (Tchobanoglous et al. 2016). Sabe-se que
estes microrganismos são aeróbios autotróficos, ou seja, utilizam a energia obtida
pela reação de oxidação para a manutenção dos processos celulares e o dióxido de
carbono (carbono inorgânico) para a síntese celular.

A bactéria oxidante de amônia (BOA) e a bactéria oxidante de nitrito (BON)


encontradas com mais facilidade no tratamento de esgoto são do tipo Nitrosomonas
e Nitrospira, respectivamente, embora outros grupos de BOA e BON estejam
presentes nos reatores de biomassa em suspensão e aderida.

As duas reações básicas que descrevem o processo de nitrificação biológica


são:
+ − +
2𝑁𝐻4 + 3𝑂2→2𝑁𝑂2 + 4𝐻 + 2𝐻2𝑂 (1)

− +
2𝑁𝑂2 + 2𝑂2→𝑁𝑂3 + 2𝐻 + 𝐻2𝑂 (2)

Com base nas reações estequiométricas apresentadas acima, o consumo


global de oxigênio para a transformação de N-NH3 à N-NO3, geralmente denominado
25

como demanda nitrogenada de oxigênio, é de 4,57 mgO2/mgN, sendo 3,43


mgO2/mgN consumidos na reação (1) e 1,14 mgO2/mgN na reação (2)
(Tchobanoglous et al. 2016). Segundo o mesmo autor, a partir dessa reação, são
consumidos 7,09g de alcalinidade como carbonato de Cálcio (CaCO3).

Nos reatores em que ocorrem os processos de nitrificação, a cinética do


processo é limitada à concentração de amônia, visto que o processo de nitraração
por meio das BON, ocorre de forma rápida, considerada em termos práticos como
instantânea (Van Hanndel e Marais, 1999, apud Fujii, 2011; Tchobanoglous et al.
2016). Dessa forma, por meio da equação do tipo saturação proposta por Monod,
pode-se determinar o crescimento das BOA, na oxidação de amônia para nitrito:

μ𝑚á𝑥, 𝐵𝑂𝐴×𝑆𝑁𝐻×𝑋𝐵𝑂𝐴
μ𝐵𝑂𝐴 = 𝑆𝑁𝐻+𝐾𝑁𝐻
(3)

μ𝐵𝑂𝐴 = Taxa de crescimento específico de BOA, gSSV/gSSV.dia


μ𝑚á𝑥, 𝐵𝑂𝐴 = Taxa de crescimento máximo de BOA, gSSV/gSSV.dia
𝑋 𝐵𝑂
= Concentração de BOA mgSSV/l
𝑆𝑁𝐻 = Concentração de N-NH4, mg/l
𝐾𝑁𝐻 = Coeficiente de meia-velocidade para N-NH4, mg/l

Com esta equação, verifica-se que o crescimento da BOA depende da


concentração do substrato N-NH4 (desprezando a influência do oxigênio), de modo
que μ𝐵𝑂𝐴 atinge um valor máximo com elevadas concentrações de substrato. A

constante 𝐾𝑁𝐻 é chamada de meia saturação, pois corresponde a concentração de

substrato quando a taxa de crescimento é a metade da máxima.

O crescimento das bactérias nitrificantes é muito lento, da ordem de 10 a 20


vezes menor que as bactérias heterotróficas. Dessa forma, o tratamento de
efluentes com objetivo de nitrificação biológica deve ter um tempo de detenção de
26

sólidos maior que aqueles onde se deseja somente remoção de matéria orgânica
carbonácea. Assim sendo, o tempo de retenção de sólidos (TRS), também chamado
de idade do lodo, torna-se o parâmetro chave na operação deste sistema. O TRS é
o tempo médio que os sólidos de lodo ativado permanecem no sistema, e pode ser
determinado pela razão entre a massa de sólidos presentes no reator e pelos sólidos
removidos diariamente.
A idade do lodo mínima para que ocorra a nitrificação biológica pode ser
estimada pela seguinte equação:

1
𝑇𝑅𝑆𝐵𝑂𝐴 = μ𝐵𝑂𝐴−𝑏𝐵𝑂𝐴
(4)

𝑇𝑅𝑆
= Tempo de retenção de sólidos mínimo para nitrificação biológica
μ𝐵𝑂𝐴 = Taxa de crescimento específico de BOA, gSSV/gSSV.dia
𝑏𝐵𝑂𝐴 = Coeficiente de decaimento endógeno de BOA, gSSV/gSSV.dia

No gráfico da Figura 1, a variação da concentração de nitrogênio amoniacal


no efluente do reator aeróbio, em função da idade do lodo.

Figura 1 - Influência da Idade do Lodo na Nitrificação


(Ferreira, 2000, apud Oliveira, 2008)
27

A nitrificação pode ser inibida por diversos fatores. A aplicação de carga


orgânica elevada, propicia o crescimento de microrganismos heterotróficos, que
competem por oxigênio e nutrientes com os microrganismos nitrificantes
autotróficos, com taxas de crescimento da ordem até cinco vezes maior (Schmidt et
al., 2003, apud Oliveira, 2008). De acordo com Tchobanoglous et al. (2016), por
meio da relação DBO5-20/NKT, pode-se estimar a fração de bactérias nitrificantes, e
valores acima 5 para esta relação, limitam a população microbiana nitrificante à 5%.

A nitrificação também é influenciada pelo potencial hidrogeniônico (pH).


Condições ótimas ocorrem com pH entre 7,5 e 8,0. A taxa de oxidação de amônia é
reduzida consideravelmente com valores de pH próximos à 7,0, e próximo à valores
entre 5,8 e 6,0, são 10% da taxa de oxidação com pH 7,0.

Agentes tóxicos como metais pesados e alguns compostos orgânicos podem


sensibilizar a nitrificação, em concentrações menores que as que afetariam os
microrganismos heterotróficos (Sperling, 1997; Tchobanoglous et al. (2016). Os
compostos orgânicos podem ser os cianetos, solventes químicos orgânicos, amína,
proteína, taninos, fenóis, álcoois, éteres, e benzeno. A presença de metais
tóxicos ao tratamento é representada principalmente pelo o níquel, o cromo e o
cobre, nas concentrações de 0,25, 0,25 e 0,10 mg/l, respectivamente.

5.2 Lodos Ativados e Biomassa em Suspensão

Dentro das alternativas disponíveis para o tratamento biológico de águas


residuárias, os sistemas de lodos ativados são um dos mais eficientes e
consolidados, foi desenvolvido no início do século XX. No Brasil, são implantados
principalmente em áreas urbanas, seja em grandes estados operadas por
concessionárias de saneamento básico, seja em estações descentralizadas de
menor porte encontradas em condomínios não contemplados pela rede de coleta e
afastamento de esgoto público. Trata-se de um processo com duas unidades
28

básicas: um reator aeróbio e um processo de separação sólido-líquido e recirculação


do lodo. No reator, os microrganismos responsáveis pela remoção dos poluentes
crescem livres, mantidos em suspenção no meio líquido e, através de sistema de
aeração mecanizada, recebem quantidade de oxigênio (O) suficiente para realizar a
suas funções de síntese e respiração. Após a oxidação biológica, é realizada a
separação entre a biomassa em suspenção e o efluente tratado, utilizando-se
processos de sedimentação gravitacional. O lodo retido nesta última unidade ainda
se encontra ativo, dessa forma, parte é recirculada ao reator aeróbio. A eficiência do
tratamento por lodos ativados tem como base a manutenção de elevadas
concentrações de biomassa no reator aeróbio, possibilitando o maior contato dos
microrganismos com o substrato, e da capacidade de separação sólido-líquido nas
unidades de sedimentação.

Este sistema é sensível à sobrecargas hidráulicas, ao passo que vazões


acima dos valores dimensionados podem ocasionar a indesejada perda de
microrganismo (biomassa).

5.3 Biofilmes

Biofilmes consistem em colônias de microrganismos que se desenvolvem


aderidos à uma superfície em ambiente aquoso ou úmido. O biofilme é composto por
bactérias incorporadas numa matriz de polímeros extracelulares, contendo
polissacarídeos, proteínas, ácido nucleico livres e água (Morgenroth, 2008). Pode-se
dizer que estes polímeros são a cola que mantém as bactérias aderidas.

O biofilme é encontrado em muitos lugares, e em muitos deles, sua


presença é considerado um empecilho. Como por exemplo, a placa dental é a
formação de biofilme nos dentes, que pode resultar em cáries. Mas o aparecimento
do biofilme é vantajoso no tratamento de efluentes.

Como citado acima, o uso do biofilme traz algumas vantagens ao


29

tratamento. A quantidade de microrganismos no biofilme é maior do que a do lodo


suspensão, onde a concentração de SSV pode variar de 40 a 100 g/l, dependendo
da espessura (Tchobanoglous et al., 2016). Devido a imobilização da biomassa no
meio suporte, o sistema torna-se menos suscetível a variação de carga, além evitar
a perda de microrganismos de crescimento lento pelo arraste de sólidos no efluente
do reator.

O ambiente local dos biofilmes é dividido em camadas, sendo a Superfície


do meio suporte (substratum), Camada de Biomassa Aderida (Biofilme), Camada
Estagnada (Camada Difusa) Massa Líquida. Na Figura 2 pode-se verificar a
distribuição das referidas camadas.

Figura 2 - Figura esquemática das camadas do biofilme


(Adaptado de Morgenroth, 2008)

Diferentemente da biomassa em suspenção, em que o crescimento e a


cinética de utilização de substrato dependem da concentração de substrato
dissolvido na massa líquida, a degradação de substrato ocorre no interior do
biofilme.

O transporte de substrato e nutrientes para o interior e de resíduos celulares


para o meio externo do biofilme, é realizado pelo mecanismo de difusão molecular,
que geralmente é mais lenta que a remoção de substrato, resultando em gradientes
de concentração ao longo da espessura do biofilme.
30

Conforme a variação do gradiente, diferentes ambientes podem ser


formados no biofilme, dependendo da concentração de substrato e de aceptores de
elétron. Dessa forma, podem existir uma zona aeróbia e outra anóxica ou aeróbia e
anaeróbia na mesma biomassa aderida. Quanto maior a espessura do biofilme mais
notável é sua estratificação, favorecendo a competição por substrato e espaço entre
as espécies presentes. A tendência é que as bactérias que possuem o crescimento
mais acelerado, como as heterotróficas, se distribuam nas camadas mais externas,
onde a concentração de substratos é maior. As bactérias autotróficas, por
apresentarem menores taxas de crescimento, permanecem no interior do biofilme.
(BOTROUS et al., 2004).

A Figura 3 exemplifica o gradiente de concentração de oxigênio através do


biofilme, onde zonas anaeróbias são criadas nas camadas mais internas, devido
difusão limitada do oxigênio.

Figura 3 - Exemplo de gradiente de oxigênio no biofilme


(Piculell, 2016)

Entretanto, a falta de substrato disponível pode causar zonas inativas no


interior do biofilme. Nestas zonas, caso não haja disponibilidade de substratos, os
microrganismos entrarão em respiração endógena, provocando e enfraquecimento
31

da capacidade de adesão e despendimento do biofilme (Oliveira, 2008).

A tensão de cisalhamento promovida pela massa líquida também um


importante fator na formação do biofilme. Quando formados em locais com baixas
tensões cisalhantes, a biomassa aderia tende a apresentar baixa resistência à
ruptura, quebrando facilmente, porém quando formados em locais com alta tensão
de cisalhamento, tornam-se consideravelmente mais resistentes (Donlan &
Costerton, 2002, apud Fonseca, 2016).

No dimensionamento de sistemas com biofilmes, costuma-se somente


considerar a massa de microrganismos aderida por área de meio suporte (gSSV/m²),
sem levar em conta o formato do meio suporte nem as características da estrutura
biofilme, uma vez que a determinação de tais é complexa.

5.4 Reator de Leito Móvel com Biofilme - MBBR

O processo MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor) foi desenvolvido na Noruega


com o intuito de compactar as dimensões e elevar a capacidade das Estações de
Tratamento de Esgotos. Após os primeiros experimentos utilizando o recente
sistema de tratamento, obteve-se resultados satisfatórios principalmente em função
da otimização da capacidade do reator com base no aproveitamento dos volumes
existentes.

Os reatores de leito móvel com biofilme consistem em tanques agitados


operando de forma contínua, onde são imersos pequenos suportes de composição
polimérica, nos quais cresce, em condições adequadas, um consórcio microbiano.
Essa biomassa concentrada favorecerá a degradação de poluentes mais
pronunciadamente quando comparada à biomassa existente em sistemas
suspensos (FERRAI et al., 2010).

O processo poder ser executado em novas ETE, e também pode ser


32

conciliado ao método de Lodos Ativados de ETE em funcionamento sendo


denominado de IFAS.

Os reatores MBBR podem ser utilizados para processos aeróbios, anóxicos


e anaeróbicos (Ødegaard 1999b; Rusten et al. 2006). Nos reatores aeróbios, o
movimento das biomídias é causado pela agitação do sistema de aeração, enquanto
que nos tanques anóxicos e anaebóbios, há a necessidade da introdução de um
misturador para manter os meios suporte em movimento. A Figura XX exemplifica os
tipos de sistema de aeração e mistura frequentemente utilizados nos tanques
MBBR.

Autores como SALVETTI et al. (2006), CHEN et al. (2008) e GAPES e


KELLER (2009) que se aprofundaram no assunto, citaram diversas vantagens aos
reatores MBBR das quais as tornam excelente opção no tratamento de efluentes.
Sendo as com maior relevância:

● Alta eficiência na remoção de poluentes mesmo com reatores de


menor volume;
● Alta resistência a choques na carga de alimentação;
● Baixa perda de carga quando comparado aos reatores de leito fixo;
● Grande área superficial para crescimento microbiano;
● Possibilidade de utilização de biomassa suspensa e aderida na
33

remoção de poluentes;
● Capacidade de adaptação a sistemas já existentes.

Para que um sistema de tratamento de efluentes seja usufruído de maneira


integra, se faz necessário dominar variantes ligadas diretamente ao funcionamento
do sistema.

● Agitação e Aeração

O sistema MBBR apresenta uma particularidade essencial que é o


deslocamento dos suportes plásticos no interior do reator devido ao sistema de
aeração empregado. A figura XX ilustra os tipos Agitação pneumática e Agitação
mecânica.

Em reatores aeróbios, a concentração de oxigênio dissolvido pode ser


controlada através da vazão de ar ou oxigênio injetado no tanque. Uma vazão ótima
é aquela que não exceda sobremaneira a demanda necessária do substrato para
degradação dos poluentes, de modo a não consumir energia e utilidades de forma
demasiada. Vazões elevadas, além de elevar o custo do processo, proporcionam um
excessivo desprendimento do biofilme, resultando em um maior teor de sólidos
suspensos no efluente tratado (SCHNEIDER, 2010).
34

Nos sistemas anóxico ou anaeróbio, o teor de oxigênio deve ser


regularizado no meio para este não venha a inibir as reações desejáveis. Um
procedimento utilizado em projetos de laboratórios, é a injeção de um gás inerte
como o nitrogênio no meio, pois além de dispersar o oxigênio dissolvido também
promove agitação ao meio.

● Suportes e Fração de preenchimento

As mídias depositadas nos reatores são fabricadas em plásticos, em sua


grande maioria de polímero, de maneira que a massa específica seja adequada para
suspensão no ato da agitação.

O números de mídias a serem depositador em um reator é informada pela


Fração de Enchimento ( ), consiste na razão entre o volume ocupado pelos suportes
( ) e o volume ocupado pelo líquido no sistema ( ). A norma brasileira NBR 12209
(ABNT, 2011), estabelece em um sistema MBBR que a fração de enchimento deve
estar entre30% até 70% do reator.

● Tempo de retenção hidráulica (TRH)

Parâmetro de suma importância em sistemas biológicos de tratamento


devido as diversas taxas de desenvolvimento das espécies microbianas, que atinge
diretamente a cinética do tratamento.

Os reatores voltados para remoção de matéria orgânica, em geral, podem


operar em períodos de retenção hidráulica relativamente baixo devido ao acelerado
crescimento das bactérias, e que ocasiona a degradação mais rápida da matéria
orgânica. Diferente dos reatores que ocorrem a nitrificação, que são adotados
períodos logos (3hrs a 5hrs).

Metcalf e Eddy (2003) destacam como vantagens do sistema MBBR o reduzido


35

tamanho das unidades operacionais, o aumento da capacidade de tratamento, a


completa remoção de sólidos, a melhora na decantabilidade do lodo, a operação do
sistema com altas concentrações de sólidos, (resultando em altos tempos de detenção
celular), a maior estabilidade do processo, a baixa perda de carga, a não necessidade
de retrolavagem e a redução no volume de lodo gerado.

5.5 Lodo Ativado com Filme Fixo Integrado – IFAS

O processo IFAS (Integrated Fixed Film Activated Sludge) ou híbridos,


associa o tratamento pelo MBBR ao Lodo Ativado, ondo há recirculação do lodo
biológico. Segundo Metycalf e Eddy (2016), a inclusão de suporte para crescimento
aderido ao reator de lodos ativado resulta de uma concentração equivalente de
sólidos em suspenção de 1,5 a 2,0 vezes aquela contida apenas no processo de
lodos ativados convencional.

A utilização do IFAS com a inclusão de meios suportes em suspensão nos


reatores biológicos do sistema de lodos ativados tem sido uma prática comum e são
confundidos com o processo MBBR, pois ambos utilizam meios suporte para a
formação de biofilme. Porém, no sistema MBBR não há retorno do lodo ativado do
decantador secundário para os reatores biológicos, mantido nos sistemas IFAS, que
também operam com a concentração dos sólidos em suspensão nos reatores
biológicos.

5.5.1 Vantagens e Desvantagens do Processo IFAS

Vantagens do uso de um sistema IFAS são apresentados a seguir (FUJI,


2011):

● Acréscimo de biomassa para o tratamento com mínima adição de carga de


sólidos para as unidades de separação de sólidos;
36

● Aumento da capacidade de tratamento por unidade de volume de reator;


● Melhoria das características de sedimentabilidade;
● Redução da produção de lodo;
● Eventuais nitrificação e desnitrificação simultânea;
● Operação semelhante à de um sistema de lodo ativado convencional;
● Aumento da resistência a cargas de choque e lavagem.

Desvantagens:

5.6 Biomídias

O primeiro suporte plástico inserido em um reator MBBR, o modelo K1 da


empresa norueguesa AnoxKaldness, ainda é muito utilizado, embora esta mesma
empresa tenha desenvolvidos outras formas de biomídia.

Atualmente, para o processo MBBR/IFAS, utiliza-se meio suportes fixos ou


suspensos. Os suportes fixos são compostos, em maioria, por cordas ou telas de
fibras têxtis, presos em estruturas de aço inoxidável, para imersão no reator. As
biomídias mantidas em suspensão podem ser carregadores plástico ou espumas de
poliuretano.

Quanto ao meio suporte tipo cordas (fixos), alguns autores citam o problema
da proliferação de larvas vermelhas (ou redworms, do inglês) que são larvas do
mosquito. Essas larvas, em sua fase aquática, têm preferência por locais sem
agitação. Reatores com meio suporte tipo corda com mistura deficiente são
propícios para o aparecimento deste inseto. Estas larvas alimentam-se do lodo,
prejudicando a remoção de N-NH4. (Tchobanoglous et al. 2016).

Uma desvantagem quanto aos suportes em suspenção, é a adaptação


37

reator para manter as biomídias em seu interior. Neste caso, há a necessidade de


instalação de peneiras, com espaçamento pouco menor que a dimensão das
biomídias.

The constant collision of media and shear


in the process prevents substantial biofilm growth on
the outside of the media, making the inner effective
specific surface an important design factor. The
varieties of size and shape provide various amounts
of effective specific surface area per volume of media. Barwal e Chaudhary, 2014).
One of the most important parameter in MBBR
designing and performance is the biofilm area and
hence the effective carrier specific area. The high
specific area of the carrier media allows very high
biofilm concentrations in a small reactor volume which
controls the system performance.
m²/m³ biomídia 1996 – principal parâmetro: m²/m³

A vida útil das biomídias disponíveis no mercado variam de 10 a 30 anos. As


mídias de material plástico provaram ter uma longa vida útil, com sistemas em
operação onde as biomídias não apresentam sinais de degradação (Ødegaard et al.
1998, apud Barwal e Chaudhary, 2014).

5.6.1 Modelos disponíveis

Abaixo, na Tabela 1, é apresentado alguns tipos principais tipos de biomídia


comercializadas no Brasil.
38

Tabela 1 - Modelos de Biomídia

Destaca-se o alto custo de aquisição destas biomídias, cujo opção de meio


suporte alternativo é objetivo deste trabalho.

5.6.2 Influências da Biomídia

Segundo Piculell (2016), embora a área superficial especifica das biomídias


tenha um impacto considerável no desempenho do MBBR/IFAS, outros aspectos
dos meio-suporte não devem ser negligenciados. Abaixo, segue um resumo de
alguns aspectos reportados na literatura, referente ao formato da biomídia.

5.6.2.1 Mistura e transferência de massa


39

Como citado anteriormente, os reatores com biofilme aderido em leito móvel


necessitam de uma agitação, seja por aeração ou por misturadores, para manter as
biomídia em suspensão. Além do formato do reator, da distribuição dos difusores de
ar e/ou misturadores e da fração de enchimento, a densidade das biomídias também
é fator determinístico do grau de agitação. Quanto mais próximo da densidade da
água, o meio suporte plástico tem menor tendência a boiar na superfície da água
(McQuarrie & Boltz, 2011, apud Piculell, 2016) e, ao passo que se distancia de
1,00g/cm³, se faz necessário o uso de outros equipamentos para promover a mistura
adequada.

O grau de agitação também está intimamente relacionado com a fluxo de


substrato entre a camada estagnada e a parte externa do biofilme. Conforme a
turbulência aumenta no reator, a espessura da camada estagnada é reduzida, dessa
forma, a transferência de massa entre a camada líquida e face externa do biofilme é
aumentada. A importância de efeito varia de acordo com o formato da biomídia,
onde os que possuem formato largo e aberto, possibilitam o fluxo de efluente em seu
interior, levando substrato a toda sua área protegida. A agitação elevada provoca
uma tensão cisalhante maior no biofilme, causando o desprendimento continuo de
micro-organismos.

Este item, assim como os aspectos descritos a seguir, têm grande influência
na espessura do biofilme.

5.6.2.2 Entupimento/colmatação da biomídia

Biomídias com espaços vazios internos (ou protegidos) muito pequenos


estão sujeitas a colmatação (ou entupimento). Quando isso ocorre, a área superficial
externa do biofilme é reduzida, limitam o contato da camada estagnada com o
substrato disponível do meio líquido.

Piculell (2016) descreve três impactos negativos do crescimento aderido em


40

excesso, quando não há difusão de substrato nas camadas inferiores, sendo eles a
redução da área superficial de biofilme, camadas internas potencialmente
anaeróbias causando a morte do biofilme ou mau cheiro e aumentando o peso da
biomídia.

Este problema está relacionado com o formado das biomídias. Aquelas com
espaços muito pequenos onde há pouca turbulência, estão sujeitos a colmatação. Já
aquelas com espaços mais abertos, que possibilitam a passagem de líquido pelo
seu interior, a espessura do biofilme é controlada pelo destacamento e pela tensão
de cisalhamento, dessa forma tendem a desenvolver um biofilme menos espesso.

Este problema é relatado principalmente com o uso meio suporte com


muitos poros pequenos, como as de espumas. Quando este material é utilizado,
costuma-se aplicar uma bomba do tipo air-lift ou tubulação de retorno de lodo com
biomídias, onde é posto um anteparo na saída da tubulação para forçar o
desprendimento do biofilme em excesso.

5.6.2.3 Biofilme e crescimento aderido

Biomídias cujo a área superficial protegida está mais exposta a tensão de


cisalhamento causada pelo meio líquido, o crescimento inicial de biofilme é mais
lento. Inversamente, as biomídias com muitos poros e cavidades pequenos, como o
caso das espumas plásticas, pode ser observado um rápido crescimento inicial
(Piculell, 2016).

A adesão de biofilme também é influenciada pela composição do material do


meio suporte. Segundo Anthony MA et al. (2014), a rugosidade e a hidrofilicidade da
superfície facilitam a aderência inicial dos micro-organismos. Existe a possibilidade
de melhorar estas características, Anthony MA et al. (2014) avaliou o efeito da
modificação das propriedades da superfície da biomídia. Para tanto, foi adicionado
espuma ou carbonato de cálcio no material base, visando o aumento da rugosidade;
41

e tratamento da com plasma para melhora da hidrofilicidade. Como resultado, foi


verificado que as biomídias com adição de espuma tiveram um crescimento de
biofilme mais rápido em 2 dias, entretanto, após 15 dias observações, a quantidade
total de biomassa aderida era praticamente a mesma.

5.6.2.4 Transferência de oxigênio

Foi observado que a adição de biomídias no reator aeróbio aumenta a


eficiência de transferência de oxigênio para a massa líquida. Embora os poucos
estudos tenham realizados, (Barwal & Chaudhary, 2015; Jing et al., 2009; apud
Piculell, 2016), verificou-se que o acréscimo de eficiência aumenta com a fração de
enchimento do volume do reator, até próximo a 40%, e, a partir desta porcentagem,
cessa o aumento ou é até reduzido.

Acredita-se que este efeito ocorre devido a três fatores: o tempo de


detenção das bolhas de ar no reator (aumento do caminho das bolhas no reator e
aprisionamento no espaço vazio das biomídias); aumento da turbulência e quebra
das bolhas grandes (aumentando a interface gás-líquido), sendo estes dois últimos
dependentes do formato do meio suporte.

Destaca-se também que quanto mais tridimensional for a biomídia, maior


será a eficiência da transferência de oxigênio. Observou-se que os meio suportes
com formato chato tendem a orientar-se paralelamente à direção do fluxo de subida
das bolhas no reator, sem que ocorra a aumento de turbulência. As biomídias mais
tridimensionais ficam em constante mudança de direção devido aos choques com as
bolhas de ar (Piculell, 2016).

5.7 Variáveis de controle

De acordo com Sperling (1997), nos processos de tratamento de efluentes,


estão envolvidas variáveis de entrada (aquelas que são impostas ao sistema, como
42

vazão e constituintes do esgoto afluente), de controle, de medida (proveem dados


sobre o sistema e servem como subsídio para definição de uma ação de controle) e
manipuladas (são aquelas que devem ser alteradas com o intuito de regular as
variáveis de controle).

No processo MBBR/IFAS as variáveis de controle são as mesmas que as


aplicadas em tratamento por lodos ativados convencionais. A seguir, são descritos
os principais parâmetros de controle adotados no processo MBBR/IFAS: carga
orgânica volumétrica (COV), carga orgânica superficial (COS) e oxigênio dissolvido
(OD).

5.7.1 Carga orgânica volumétrica (COV)

Este parâmetro expressa a relação entre a quantidade de matéria orgânica


aplicada reator e o volume do mesmo, dada por kgDBO ou kgDQO/m³.dia, e é
representado pela seguinte expressão:

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝐵𝑂 𝑜𝑢 𝐷𝑄𝑂 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎


𝐶𝑂𝑉 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟
(3)

5.7.2 Carga orgânica superficial (COS)

Este trata-se de um parâmetro particular do processo MBBR/IFAS (Oliveira,


2008). Pode ser determinado a partir da divisão entre a carga orgânica aplicada ao
reator e a área superficial total do meio suporte introduzido no mesmo, expresso em
kgDBO ou kgDQO/m².dia, como apresentado na equação XX:

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝐵𝑂 𝑜𝑢 𝐷𝑄𝑂 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎


𝐶𝑂𝑆 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒
(3)

Segundo Ødegaard, Gisvold e Strickland (2000), o dimensionamento e a


comparação e entre meio suporte diferentes deve tomar como base este parâmetro.
43

5.7.3 Oxigênio dissolvido (OD)

Como em qualquer processo de tratamento que utiliza microrganismos


aeróbios, deve-se manter disponibilidade suficiente de oxigênio dissolvido no reator
MBBR/IFAS para alcançar o nível de tratamento desejado.

No caso de reatores MBBR/IFAS com objetivo de remoção de DQO e


nitrificação, deve-se manter OD suficiente para que este não seja componente
limitante na cinética de nitrificação no interior do biofilme (Ødegaard, 1999). A Figura
4 demonstra a influência da concentração de OD e da COS na taxa de amônia.

Figura 4 - Influência da concentração de OD e COS na nitrificação


(Adaptado de Ødegaard, 1999)

5.7.4 Relação Alimento / Microrganismo (A/M)

A relação alimento / microrganismo é definida como quantidade de DBO ou


DQO aplicada à massa de lodo ativado no reator.
44

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝐵𝑂 𝑜𝑢 𝐷𝑄𝑂 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎


𝐴/𝑀 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 (𝑆𝑆𝑉)
(3)

5.7.5 Tempo de retenção dos sólidos (TRS)

O tempo de retenção sólidos, também conhecido como idade do lodo,


refere-se ao tempo médio em que sólidos permanecem no sistema, e pode ser
obtido através da relação entre a quantidade de sólidos presentes no reator e a
quantidade removida do mesmo, e dada em dias. A idade do lodo pode ser
determinada segunda a equação XX:

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 (𝑆𝑆𝑉)


𝑇𝑅𝑆 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
(3)

A remoção de sólidos se dá através do descarte do lodo e pela perda de biomassa


no efluente do reator.

Embora no processo MBBR/IFAS os parâmetros sejam os mesmos que os


adotados no tratamento com lodos ativados convencional, a literatura não faz
referência ao TRS e a relação A/M (Oliveira, 2008). Entretanto, tendo em vista os
objetivos deste trabalho, estas variáveis foram observadas no decorrer dos
experimentos.

5.8 Reciclagem de PET

5.8.1 Cenário da Reciclagem no Brasil

Descrever o crescimento da coleta seletiva e da reciclagem no brasil

5.8.2 Descrição sucinta do processo de reciclagem


45

- coleta
- separação / triagem
- trituração
- processamento

5.8.3 Pontos onde


46

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Caracterização do Esgoto Bruto


6.1.1 ETE Tigre – Sistema MBR
6.1.2 Ponto de coleta
6.1.3 Características do Esgoto Pré-tratado

6.2 Caracterização dos Meio Suporte - Tampas PET

No aparato experimental, foram utilizadas tampas PET de diversos tipos, no


intuito garantir a diversificação de modelos, o que corresponde à realidade da
aquisição das tampas através do meio proposto neste trabalho.

6.2.1 Determinação da área superficial específica

Para a determinação desta característica, houve dificuldade para quantificar


a área superficial específica, uma vez que as tampas PET têm formatos diferente, de
acordo com o fabricante. Dessa forma, foram selecionadas 6 diferentes modelos de
tampas para mensurar as medidas com auxílio de um paquímetro digital, como pode
ser observado na Figura 5.
47

Figura 5 - Determinação da área superficial específica


A) Tampas utilizadas
B) Tampas utilizadas cortadas
C) Medição com paquímetro digital

Os resultados são apresentados na Tabela 2.


Tabela 2 - Resultados obtidos – área superficial específica
Área Específica Área Específica
Modelo Interna Total
(m²/m³) (m²/m³))
1 144,28 303,52
2 128,52 287,95
3 132,99 292,79
4 184,29 326,63
5 194,16 346,67
6 191,86 344,13
48

Média 162,68 316,95

6.2.2 Determinação da massa específica

Na determinação da massa específica, foram utilizados uma balança de


precisão e uma proveta com capacidade de dois litros. Neste ensaio, uma
determinada quantidade de tampas foi previamente pesada e em sequência
inseridas na proveta com um litro de água, onde volume deslocado corresponde ao
volume ocupado pelas tampas PET.

Inicialmente, algumas unidades foram pesadas individualmente, e foi


constatado que entre determinados modelos, existe a diferença de 1,0g,
aproximadamente.

Para contornar este problema, realizou-se 6 determinações, onde foram


utilizadas 50, 75 e 100 tampas, duas vezes cada, escolhidas de forma aleatória.

Figura 6 – Determinação da massa específica


A) Pesagem de 100 Tampas
B) Volume de água deslocado na proveta
49

A partir da massa e volume de cada quantidade de tampas PET, pode-se


determinar a massa específica média, sendo esta igual a 0,91 g/ml. Percebe-se
aqui, que o resultado obtido é pouco inferior à massa específica da água, 1,00 g/ml,
ficando de acordo com o recomendado para meio suporte em suspenção.

Os resultados obtidos podem ser verificados na Tabela 3Tabela 3 abaixo:

Tabela 3 - Resultados obtidos – massa específica

Quantidade Massa Volume Peso Específico


(unid) (g) (ml) (g/ml)
93,50 110,00 0,85
50
88,70 100,00 0,89
155,10 180,00 0,86
75
143,20 160,00 0,90
202,10 210,00 0,96
100
210,20 213,00 0,99
Média 0,91

6.2.3 Determinação do índice de vazios

Neste ensaio, foram utilizados uma balança, uma caixa com o volume
conhecido de vinte litros e um galão de água de nove litros previamente graduado.

Foram realizadas três tentativas, duas com a caixa e uma com o galão.
Primeiramente a caixa e o galão foram pesados vazios, e em seguida preenchidos
com as tampas PET de forma aleatória e não ordenada. Os recipientes totalmente
cheios foram pesados novamente e logo após, todas as unidades de foram
devidamente contadas.

Na Figura 7 exposta a seguir, consta a caixa de vinte litros preenchida com


tampas PET.
50

Figura 7 – Determinação do índice de vazios

Conhecido o peso das tampas PET e o massa específica média,


determinada anteriormente, foi possível chegar ao volume sólido das tampas PET no
interior dos recipientes. O índice de vazios, relação entre o volume vazio ocupado
pelas tampas PET e o volume total, pode ser vista na equação XX

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙−𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜


Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜𝑠 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
(3)

A partir deste ensaio, também foi possível determinar a quantidade


aproximada de unidades em um determinado volume.

A seguir, o resultado deste ensaio é exposto através da Tabela 4:

Tabela 4 - Resultados obtidos – índice de vazios

Quantidade Massa Volume


Índice de Vazios
(unid) (kg) (l)
750 1,48 9,00 0,82
1.675 3,20 20,00 0,82
51

1660 3,40 20,00 0,81


Média 0,82

6.3 Concepção Reator

Para o desenvolvimento experimental, foi elaborado um reator MBBR/IFAS,


com fluxo em batelada, na escala laboratorial. O meio suporte introduzido no reator
é o proposto por esta pesquisa, as tampas PET. A metodologia utilizada para
definição dos processos em regime de batelada seguiu o proposto por
Tchobanoglous et al. (2016).

Este reator foi montado e operado no laboratório de análises químicas da


Catui Engenharia. O laboratório conta com as ferramentas necessárias tanto para a
montagem e operação de reatores de bancada quanto para a realização das
principais análises laboratoriais para água e efluentes.

6.3.1 Montagem

O reator possuía forma cilíndrica, feito em polipropileno, com diâmetro de


22,50cm e 23,50 de altura, volume total de 9,00l e útil de 6,00l.

A aeração é realizada por meio de um compressor da marca Boyu, modelo


U-3600, com vazão de ar de 4,00l/min. Vazão de ar fornecida foi regulada por uma
pinça rolete, colocada na mangueira de alimentação. A distribuição de ar no interior
do reator é feita com uma pedra porosa, fixa no fundo.

Uma torneira foi colocada à meia altura do reator para o realizar o


procedimento de descarte de efluente tratado e lodo excedente.

Um misturador da marca Ethiktechnology, modelo M 11OVER 4K3, foi


52

utilizado para garantir o movimento homogêneo das tampas PET no interior do


reator bem como promover a mistura adequada dos sólidos em suspensão. A
rotação é mantida ligeiramente superior à 10rpm para que não ocorra tensões de
cisalhamento elevada, causando a quebra do floco de lodo e o desprendimento
indesejado da biomassa aderida.

6.3.2 Procedimentos Operacionais

As etapas que compõe o ciclo de funcionamento do reator de batelada são


apresentadas na Figura 6.

Figura 8 - Etapas do reator

O esgoto bruto a ser tratado foi mantido sob refrigeração à temperatura


média de 4ºC. Antes de cada enchimento, o esgoto bruto era mantido à temperatura
ambiente por 3 horas, para atingir o equilíbrio térmico.

O enchimento do reator era efetuado de forma instantânea, e em seguida, o


misturador e sistema de aeração eram ligados. Ao fim do tempo de reação, o
compressor e misturador eram desligados para dar início à etapa de sedimentação.
Decorrido o tempo de sedimentação, começava o descarte do sobrenadante
(efluente tratado), através da válvula instalada no costado do reator. Em seguida, o
reator era preenchido iniciando novamente o ciclo.
53

A XXX Apresenta o reator em operação.

6.3.2.1 Testes Preliminares

Alguns testes preliminares foram realizados de modo a definir as melhores


condições, formas e materiais à serem utilizados para confeccionar e operacionalizar
o reator, analisando alguns dos fatores de influência descritos anteriormente. Dentre
os testes, os de maior relevância foram os seguintes:

● Geometria do reator: A princípio, testou-se uma caixa quadrada de acrílico,


com lado de 18,50cm e 30,00cm de altura, preenchido com água limpa, e
mistura realizada com o misturador adotado. Esta caixa foi submetida a
frações de enchimento variando de 0,10 a 0,30. Foi observado que mesmo
com pequena fração de enchimento, havia extrema dificuldade na mistura das
tampas, devido à geometria quadrada e à proporção entre o tamanho da
caixa com o diâmetro da tampa. Posteriormente, foi utilizado uma bacia de
vidro, com diâmetro de 40,00cm e 15,00cm de altura, houve perfeita mistura.

● Influência no formato das tampas: Durante o teste com a bacia de vidro


descrita acima, algumas das tampas foram furadas e outras cortadas, para
análise da hidrodinâmica. Não foram notados nenhuma influência relevante.

● Misturador adotado: Antes do uso do misturador adotado, 2 tipos foram


testados, sendo um deles com duas pás e diâmetro de 8,00 cm, e outro,
desenvolvido especificamente para este teste, com formato quadrado vazado.
O primeiro não proporcionou mistura suficiente. Com o segundo, obteve-se
uma melhora, no entanto, o movimento da água no reator foi circular,
somente. Optou-se então pelo teste com um misturador de argamassa, pois
54

suas pás possuem formato helicoidal, o que garantiu o movimento


descendente das tampas no reator.

● Fração de enchimento: Já com o reator confeccionado, antes do início do


acompanhamento experimental, foram testadas as frações de enchimento de
0,10, 0,20 e 0,30. Foi optado pela fração de enchimento de XXXX, para
facilitar o movimento das tampas PET no reator, em condições semelhantes
aquelas de um reator em escala real.

6.3.3 Regimes de operação propostos

As condições experimentais foram definidas com base em informações da


literatura, e em função de limitações operacionais a faixa de estudo para a razão de
enchimento (VS/VR) foi de 40 a 50%, pois além de 50% ocorria prejuízo na
movimentação dos suportes no interior do reator.

Lodo ativado somente | IFAS TRS baixo | IFAS TRS Avançado

6.4 Sistema de Monitoramento

A avaliação do desempenho do sistema experimental se deu pelo


monitoramento dos parâmetros de controle, nos pontos de amostragem
pré-estabelecidos, listado a seguir:

● Ponto 1 (P1) – Esgoto Bruto (afluente);


● Ponto 2 (P2) – Fase de Reação;
● Ponto 3 (P3) – Esgoto Tratado (efluente).

6.4.1 Parâmetros monitorados e frequências

Os parâmetros de controle monitorados e as frequências das análises são


55

apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 - Parâmetros monitorados e frequências

Parâmetro Frequência
Posição
de Análise Semanal
DBO5,20 1X P1 / P3
DQO 2X P1 / P3
SST 2X P2
SSV 2X P2
NTK 2X P1 / P3
pH diário P1 / P2 / P3
OD diário P2
Temperatura diário P2
Sedimentabilidade 2X P2
Alcalinidade 2X P2

6.5 Metodologia Analítica

As análises dos parâmetros foram realizadas no laboratório da Catui


Engenharia.

6.5.1 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5-20)

A demanda bioquímica de oxigênio é uma medida indireta da quantidade de


matéria orgânica carbonácea biodegradável presente numa amostra. O método
empregado para a determinação da DBO é o da diluição, incubação por um período
de 5 dias a 20ºC, com a determinação dos níveis iniciais e finais de oxigênio através
do método da Azida modificado.

6.5.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO)


56

A demanda química de oxigênio é usada como medida da quantidade de


matéria orgânica presente numa determinada amostra, e que é passível e oxidação
por um oxidante químico forte, neste caso o dicromato de potássio , sob condições
energéticas de temperatura e acidez.

A digestão das amostras para oxidação da matéria orgânica foi realizada em


bloco digestor modelo Thermo Digest e a leitura em espectrofotômetro Smart
Spectro, ambos aparelhos da fabricante PoliControl.

As condições para a elaboração desta análise seguiram o padrão descritos


pela “American Water Works Association”, método 522D (AWWA, 2008).

6.5.3 Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK)

O termo “nitrogênio total Kjeldahl” (NTK) consiste refere-se à somatória do


nitrogênio orgânico com nitrogênio amoniacal presente na amostra em análise.

Na determinação do NTK foi utilizado o método macro-Kjeldahl. Este método


de análise tem como princípio que, em presença de ácido Sulfúrico, sulfato de
Potássio e Sulfato de Cobre, ocorre a catálise de conversão das diversas formas de
Nitrogênio Orgânico em Nitrogênio Amoniacal. Após essa digestão, a amostra é
tratada igualmente como na determinação de Nitrogênio Amoniacal.

6.5.4 Sólidos

Quanto aos sólidos presentes nas amostras, foram realizadas as seguintes


determinações:

● Sólidos em Suspensão Totais (SST): A amostra retirada da massa líquida


do reator em mistura completa foi espelhada em membrana e filtrada em
sistema de filtração a vácuo. Após a drenagem do líquido, a membrana é
57

colocada em estufa à 103-105ºC, por 2h. Então a amostra é posta em um


dissecador, para então medir seu peso final.

● Sólidos em Suspensão Voláteis (SSV): O SSV representa a matéria


orgânica da biomassa. Os resíduos remanescentes do SST são
acondicionados em forno mufla à 550ºC, aproximadamente, por cerca de 20
minutos. A diferença entre o O peso final desta amostra corresponde ao peso
do SSV.

● Sólidos Fixos (Si): Estes sólidos são aqueles inertes ao sistema, ou seja,
não reagem com as demais substâncias do reator. Pode ser determinado a
partir da diferença entre SST e SSV.

6.5.5 Oxigênio Dissolvido (OD)

O oxigênio dissolvido foi medido com o auxílio do aparelho da marca Hanna


Instruments Brasil, modelo HI 9146.

6.5.6 Temperatura

A medição de temperatura foi realizada manualmente com um termômetro


de mercúrio. Em cada coleta de temperatura, após a introdução no reator, o
termômetro permanece em repouso no líquido por cerca de 3 minutos até atingir o
equilíbrio térmico com o esgoto em reação.

6.5.7 Alcalinidade

Alcalinidade de uma água é sua capacidade em neutralizar ácidos, em


outras palavras, é sua capacidade de tamponamento.

O método consiste na reação dos íons relacionados a alcalinidade presentes


58

na amostra resultantes da dissociação ou hidrólise de solutos, com a adição de um


ácido padrão. A alcalinidade, assim como a acidez, depende do valor do ponto final
de pH pré-fixado. Nesta análise, será empregado o método de titulação com ácido
sulfúrico (0,02N).

6.6 Caracterização da Biomassa Aderida


6.6.1 Caracterização quantitativa
6.6.2 Caracterização qualitativa
59

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES

7.1 Uso de Tampas PET como Meio Suporte


7.1.1 Aquisição
7.1.2 Desempenho no interior do reator
60

8. CONCLUSÕES
61

9. RECOMENDAÇÕES
62

10. REFERÊNCIAS
63

APÊNDICE A
64

Incluir no apêndice os elementos que fazem parte do trabalho, porém não é


conveniente inserir no meio do texto do TCC para não atrapalhar o leitor. Exemplos
que requer a inserção de Apêndice: explicações de estatística utilizada no
desenvolvimento do TCC; ou a descrição do método mais adequado para uso de um
software.
65

ANEXO A
66

O Anexo deve ser inserido quando houver a necessidade em apresentar os


dados utilizados, por exemplo: medidas, valores etc.
Separar os Anexos de acordo com o tipo de dado, por exemplo: Anexo A –
Valores de temperatura do ano de 1990 da cidade de São Paulo; Anexo B –
Precipitações (em mm) de 1º de dezembro de 1956 até 31 de janeiro de 2001.

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