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Solução:

1. Cálculo da quantidade de biomassa (M) em cada zona do reator:


Zona 1: Mj = CjxV;=50,2kSVImxs5mi= 276] kgSVT
Zona 2: My = Co x.V> = 42,5 kgSVT/m) x 52 m' = 2210 kgSVT
Zona 3: My; = Cyx V;= 25,1 keSVI/m' x 54 nº = 1355,4 kgSvVT
Zona 4: My = Cyx Vs = 10,5 kgSVT/m'x50m= 525 kgSVT
Zona 5: Ms= CoxV5= 70kgSVTm x60m) = 420 kgSVT

2: Cálculo da quantidade de biomassa no compartimento de digestão (Md):


Mis =M;+ Mo, + Ms + My + Ms = = ford ,4 kgSVT

3. Cálculo da concentração média de biomassa no compartimento de


digestão (Cd)
Ca = MuVa = 7271,4 kgSVT/ 271 mê = 26,8 kgSVT/mi, ou
26.800 mgSVT/L, ou 2,68%

4. Cálculo da concentração média de biomassa no reator (CE):


Assumindo-se que a quantidade de biomassa no compartimento de
decantação é desprezível, se comparado ao compartimento de digestão,
tem-se que M, = M,

Ci=MyV.= 7.271,4 kgSVI/(271 + 50) mº = 22,65 kgSVT/mê, ou


22.650 mgSVI/L, 0U 2,27%

Vi=55mº- C4=50,2 gSVT/L

Reatores anaeróbios

34 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MICROBIANA

3.4.1 Preliminares

Nos últimos anos. com o desenvolvimento dos processos anaeróbios de alta taxa,
& com o aumento do conhecimento da microbiologia e bioquímica do processo, tem-
se observado uma utilização crescente da digestão anaeróbia pára o tratamento de
uma diversidade de efluentes líquidos. No entanto, o sucesso de qualquer processo
anaeróbio, especialmente os de alta taxa, depende fundamentalmente da manuten-
cão, dentro dos reatores, de uma biomassa adaptada, com elevada atividade microbi-
ológica, e resistente a choques. Para que essa biomassa possa ser preservada e
moni-
torada, tornou-se imperativo o desenvolvimento de técnicas para a avaliação da ati-
vidade microbiana de reatores anaeróbios, notadamente das bactérias metanogêni-
cas.

Nesse sentido, foram propostos diversos métodos para avaliar a atividade micro-
biana anaeróbia, a partir da caracterização da atividade metanogênica específica

(AME). No entanto, a precisão de várias metodologias foi considerada duvidosa ou


demasiadamente sofisticada para a reprodução em laboratórios. Outro problema iden-
tificado refere-se à dificuldade, ou mesmo impossibilidade, na obtenção de lodo
anaeróbio em quantidade suficiente, a partir de reatores em escala de laboratório.
para o desenvolvimento de testes convencionais.

Uma análise preliminar dos trabalhos já desenvolvidos na área indica que alguns
métodos utilizados para a avaliação da AME são grosseiros ou imprecisos, enquanto
outros são caros ou sofisticados em demasia. O método simplificado desenvolvido
por James et al. (1990), a partir de uma adaptação de funcionamento do respirôme-
tro Warburg, foi sem dúvida uma contribuição valiosa, mas como os próprios auto-
res atestaram, um sucesso maior dependia da automação do sistema de medição de
gases e da otimização do sistema'de monitoramento do teste como um todo. Nesse
sentido, o trabalho desenvolvido por Monteggia (1991), incorporando manômetros.
com sensores elétricos para o monitoramento contínuo da produção de biogás, cons-
tituiu-se num aprimoramento importante para o teste de AME.

Recentemente, foram apresentadas algumas inovações em relação ao sistema de


medição de gases, substituindo os manômetros convencionais por transdutores de
pressão. À incorporação destes dispositivos facilitou sobremaneira a detecção dos
diferenciais de pressão no interior dos frascos de reação e de controle,
permitindo,
ainda, o envio de impulsos elétricos para um terminal de computador (Cohen, 1992).

3.4.2 Importância do teste de AME

A avaliação da atividade metanogênica específica de lodos anaeróbios tem se


mostrado importante no sentido de classificar o potencial da biomassa na conversão
de substratos solúveis em metano e gás carbônico. O teste de atividade microbiana

Biomassa nos sistemas anaeróbios 85


pode ser utilizado, como uma análise de rotina, para quantificar a atividade
metano-
gênica de lodos anaeróbios ou, ainda, numa série de outras aplicações, conforme |
referenciado a seguir:

* para avaliar o comportamento de biomassas sob o efeito de compostos potencial-


mente inibidores;

para determinar a Ra relativa de compostos químicos presentes em.


efluentes líquidos e resíduos sólidos: 2

rejeitos industriais;

para monitorar as mudanças de atividade do lodo, devido a uma possível acumula-


ção de materiais inertes, após longos períodos de operação de reatores;

para determinar a carga orgânica máxima que pode ser aplicada a um determinado

tipo de lodo, proporcionando uma aceleração do processo de partida de sistemas


de tratamento;

para avaliar parâmetros cinéticos. Hi

3.4.3 Descrição sucinta do teste de AME

Na prática, o teste de AME consiste em se avaliar a capacidade das bactérias


metanogênicas em converter substrato orgânico em metano e gás carbônico, Dessa
forma, a partir de quantidades conhecidas de biomassa (2SVT) e de substrato (SDQO),
e sob condições estabelecidas, pode-se avaliar a produção dé metano ao longo do
período de teste. A AME é então calculada a partir das taxas de produtividade máxi-
ma de metano (mLCH,/gSVT.h ou gDQOcwy'gSV Td). A conversão mLCH, em
gDQOcus é feita de acordo com as Equações 2.15 e 2.16, apresentadas no capítulo 2.

Para o desenvolvimento do teste, são necessários:

lodo anaeróbio que se deseja avaliar a AME;

substrato orgânico (usualmente se utiliza o acetato de sódio);

solução tampão e de Mbludisa des per Quadro 3.1);

frascos de reação;

dispositivo controlador de temperatura (banho-maria, estufa, sala aclimatizada


etc):
dispositivo de mistura (agitação) da amostra de lodo;

dispositivo de medição da produção de gases, ao longo de um período de tempo


determinado. A medição da produção de gases pode ser avaliada de diferentes
maneiras, cada uma com suas vantagens e desvantagens:

- através de deslocamento de água (ver Fig. 3.4);

- através de mini-manômetros (leitura visual ou com sensores elétricos);

- através de transdutores de pressão etc.

36 Reatores anaeróbios
1

para estabelecer o grau de degradabilidade de diversos substratos, notadamente de

Quadro 3.1 Solução tampão e de nutrientes

! Concentraçã
: KH,PO, 1500 mg/L Tampão
1 KHPO, 1500 mg/L
/ NH,Cl 500 mg/L | Macronutriente
Na,S.7H,0 50 mg/L
FeCl,.6H,0 2000 mg/L
ZnCl, 50 mg/L
j CuCl,.4H,0 30 mg/L
, 2 MnCl,.2H,0 500 mg/L Micronutriente
(NHg)s.M0;0,,4H,0 50 mg/L
AICls ' 50 mg/L
CoCl,.6H,0 2000 mg/L
HCI (concentrado) tmL

Nota: No momento de zação das soluções, adicionar Iml. da solução 2 por litro da
solução 1, perfa-
zendo uma solução única que deverá ser adicionada ao frasco de reação.

'

Embora existam diferentes formas de se proceder o desenvolvimento dos testes


de AME, foi estabelecido recentemente no âmbito do PROSAB (Programa de Pes-
quisa em Saneamento Básico - Tema 2), o seguinte protocolo para o teste:

determinar a quantidade de sólidos voláteis presentes no lodo a ser analisado


(gSV'T/L);
colocar às quantidades pré-estabelecidas de lodo nos frascos de reação, prefereh-
cialmente 12 a 24 horas antes do início do teste, visando a adaptação do mesmo às
condições do teste. Usualmente tem-se utilizado frascos de reação de 250 a 500
mL e temperatura de 30ºC para:o desenvolvimento do teste;

adicionar aos frascos de reação quantidades determinadas da solução tampão e de


nutrientes, a fim de se obter concentrações finais da mistura (lodo Sp solução +
substrato) em torno de 2,5 eSV'T/L. O volume final da mistura deverá ocupar entre
70 e 90% do volume do frasco de reação;

antes de se adicionar o substrato, deve-se proceder a purga do oxigênio presente:


no head space do frasco, utilizando-se nitrogênio gasoso (pressão de 5 psi,
duran- .
te 5 minutos);

adicionar o substrato aos frascos de reação, nas concentrações desejadas (usual-


mente tem-se trabalhado com concentrações variando de 1,0 a 2,5 sDQO/L);
ligar o dispositivo de mistura dos frascos de reação;

registrar os volumes de biogás produzido, em cada intervalo de tempo, ao longo do


período de teste (mlL/h). A determinação da concentração de metano no biogás po-
derá ser feita por cromatografia ou, eventualmente, pode-se absorver o gás carbônio
presente no biogás, através de sua passagem em solução alcalina (ex.: NaOH a 5%).

Biomassa nos sistemas anaeróbios 87


Garrafa com
solução de NaOH

Biogás

Frasco de
Reação

Proveta
Graduada

Fig3.4 Aparato para medição de biogás


(Adaptado de van Haandel & Lettinga, 1984)

88

Exemplo 3.2

Determinar os principais parâmetros necessários ao desenvolvimento de um


teste de AME de um lodo anaeróbio, considerando-se:

número de frascos de reação: 4;

temperaiura de desenvolvimento do teste: 30ºC;

volume de cada frasco de reação: 250 mL;

volume total da mistura ( lodo+solução+ substrato): 200 mL

(20% de head-space);

concentração do lodo anaeróbio a ser testado: 3% (30 gS VEL);


concentração de lodo na mistura (lodo+solução+ substrato o 2,5 PSTV/L;
concentrações de DOO testadas (gDQO/L): L,O (frasco 1),

1,5 (frasco 2), 2,0 (frasco 3) e 2,5 (frasco 4),

Solução:
* Determinação do volume de lodo a ser adicionado em cada frasco, a fim

de se obter a concentração final na mistura (lodo+solução+ substrato)


igual a 2,5 gSVT/L:

Viodo = (Vis. X Conc. mistura)/Conc. lodo = (200mL x 2,5gSVT/L)Y


30gSVT/L = 16,7 mL

Reatores anaeróbios

º Determinação da massa de microrganismos em cada frasco:


Miodo = Viodo X Conc. lodo = 16,7mL x 0,030gSVT/mL = 0,50] gSVT

* Determinação do volume de substrato a ser adicionado em cada frasco,


a fim de se obter as concentrações finais de 1,0, 1,5, 2,0 e 2,5 gDQO/L
Considerando a aplicação de solução de acetato de sódio com concen-
tração de 100 gDQOO/L, tem-se:

- frasco 1 (1,0 gDQOO/L):


Voubst = (Conc.mistura x Vis: )/ Conc. DQO solução
= (1,0 mgDO0/mL x 200 mL) / 100 mgDQO/mL = 2 mL
- frasco 2 (1,5 gDOO/L):
Voubse = (1,5 mgDOO/mL x 200 mL) / 100 mgDOO/mL = 3 mL
- frasco 3 (2,0 gDQO/L):
Voubss = (2,0 mgDOO/mL x 200 mL) / 100 mgDQ0O/mL = 4 mL
- frasco 4 (2,5 gDQO/L):
Voubsr = (2,5 mgDOO/mL x 200 mL) / 100 mgDQO/mL = 5 mL

Determinação do volume de solução tampão e de nutrientes:


Sabendo-se que o volume total da mistura foi estabelecido em 200 mL, o
volume de solução tampão e de nutrientes pode ser obtido subtraindo-se
do volume total os volumes de lodo e de substrato, já calculados (vide
quadro a seguir).

1 30 16,7 2 181,3 200 0,501 25 10


2 30 18,7 3 180,3 200 0,501 25 15
3 so 16,7 4 179,3 200 0,501 25 2,0
4 30 16,7 5 178,3 200 0,501 25 25

Uma vez definidos os parâmetros preparatórios para o teste, conforme qua-


dro acima, deve-se proceder de acordo com o protocolo de desenvolvimento
do teste, descrito no item 3.4.3. O monitoramento contínuo da produção de
metano nos frascos de reação possibilita a obtenção de dados que correlaci-
onam tempo x produção cumulativa de CH A representação gráfica desses
dados permitem a obtenção de curvas semelhantes às apresentadas na Figu-
ra 3.5, abaixo, uma para cada um dos frascos de reação (1 a 4).

Biomassa nos sistemas anaeróbios 89


Determinação da produção teórica de metano, a partir da quantidade de
substrato (gDQO) adicionada em cada frasco:
De acordo com as Equações 2.15 e 2.16 (capítulo 2) tem-se:
K(t) = (PKR (273+1)) = (1 .64)(0,08206 .(273+30)) = 2,57gDO0/L
Vem = DOO cma /K(1) =
- frasco 1: 2mL x100 mgDOO/mL = 200 mgDOO =
Vcns = 200mgDQO /2,57mgDQO/mL=77,8mL
- frasco 2: 3mL x100 mgDQO0O/mL = 300 mgD0OO &
Vera = 300mgDOO /2,57mgDQO/mL=116,7mL
- frasco 3: 4mL x100 mgDQOO/mL = 400 mgDQo
Vem = 400mgDOO /2,57mgDOO/mL=155,6mL
- frasco 4: 5mL x100 mgDOO/mL = 500 mgDOO >
Vcs = 500mgDOO /2,57mgDQO/mL=194,6mL

A determinação da atividade metanogênica específica é feita a partir da ava-


liação da inclinação do trecho reto da curva de produção de metano (trecho
de inclinação máxima). A inclinação fornece então a taxa de produção de
metano (ex.: mLCH 4h) que, dividida pela quantidade inicial de biomassa
presente no frasco de reação (no exemplo, Mjdo = 0,501 gSVT), leva à atividade
metanogênica específica do lodo (mLCH /gSVT h). Usualmente faz-se a cor-
respondência do volume de metano em massa de DOO convertida em CH
(DQOcrs), conforme detalhado no capítulo 2 (Equações 2.15 e 2.16), de
forma a possibilitar que aAME seja expressa em termos de gDOOcpd'gSVT d.

Na Figura 3.6 são mostradas as curvas de atividade metanogênica em cada


um dos frascos, obtidas fazendo-se o cálculo da atividade para cada interva-
lo de tempo, e não apenas para os trechos onde a taxa de produção de meta-

no é máxima.
º Determinação do percentual de substrato convertido em metano:

- frasco 1: 75 mL/77,8mL =96%

- frasco 2: HOmL/116,7mL = 94%


- frasco 3: 150 ml/155,6mL = 96%
- frasco 4: 185 ml/194,6mL = 95%

De acordo com a Figura 3.6, as atividades máximas foram de aproximada-


mente 0,8, 1,0, 1,1 e 1,2 gD0O cnygSVTd, para os frascos 1, 2,4€e 3, respec-
tivamente. No exemplo em questão, o lodo anaeróbio mostrou sua maior ativi-
dade para uma concentração de substrato igual à 2,0 gDOOY/L (frasco 3), Esta
deve então ser considerada a atividade metanogênica específica do lodo em
questão. O cálculo mais preciso das atividades deve ser feito a partir dos tre-
chos de inclinação máxima (Figura 3.5), conforme explicado anteriormente.

3.4.4 Avaliação automatizada da AME

Recentemente foi desenvolvido no DESA/UFMG uma instrumentação que con-

Fim E siste de um respirômetro automatizado destinado à avaliação da atividade


microbia-
= 160 a ao + . . a
Es E se 3 E) na anaeróbia (Chernicharo et al., 1997). Na sua implementação foram
observados os
É É rs É | É seguintes aspectos principais, conforme representação esquemática
apresentada na
E Ds a à
Em a ce Figura 3.7:
54 E E E g Do) o Eai
É ol ssa DO Ê ' * incorporação das vantagens e da simplicidade das metodologias de
avaliação da
Ê À E à Ê Ê A :
po E CORO o E Ã CEE PE atividade microbiana através da produção de gases;
Tempo (horas) Tempo (horas) utilização de dispositivos automatizados para a
medição, armazenagem e libera-
Fiz 3 50 este de AME ip 3.6 Teste de AME ção de gases; o ;
Resultados de produção cumulativa de CH; Resultados de atividade metanogênica *
utilização de um microcomputador para controle dos equipamentos de medição,

bem como para avaliação e reprodução, na tela do vídeo, das curvas de evolução

* Determinação da quantidade de substrato convertida em metano: da atividade


microbiana.

De acordo com as curvas da Figura 3.5, foram as seguintes as produções


totais de CH, ao término do teste, em cada um dos frascos:

- frasco 1: Vems = 75 mL

- frasco 2: Vens = 10 mL :

- frasco 3: Vcns = 150 mL


- frasco 4: Vcns = 185 mL

Reatores anaeróbios Biomassa nos sistemas anaeróbios 91


LEGEN

1 Frasco de controle

2 Frasco de reação

3 Banho-maria com placa


agitadora

4 Controlador de
temperatura

5 Motor para acionamento


da placa agitadora

6 Transdutor diferencial de
pressão

7 Válvulas solenóides

8 Recipiente de coleta de
biogás

9 Interface de controle

10 Microcomputador

Fig. 3.7 Representação esquemática da instrumentação

No respirômetro automatizado, cada frasco de reação (2) é conectado a um reser-


vatório para acumulação de gases (8) e a um transdutor diferencial de pressão (6).
Com o início do processo de degradação do substrato, a pressão positiva provocada
pela produção de gases no interior de cada um dos frascos de reação é comparada,
continuamente, com a pressão no interior do frasco de controle (1). Quando esse
diferencial de pressão, em quaisquer dos frascos de reação, atinge um valor pré-
estabelecido, o software de controle instrui a interface do computador (9) para
des-
ligar o motor da placa agitadora (5) e, em seguida, fazer a leitura das pressões
dife-
renciais em cada um dos frascos. Essa pressão diferencial corresponde à produção
efetiva de biogás, descontados os efeitos das mudanças externas de temperatura e
pressão.

Após a leitura das pressões diferenciais, a interface de controle emite um sinal


elétrico para a abertura da válvula solenóide (7) do frasco de controle, proporcio-
nando que a pressão atmosférica seja reestabelecida no interior do mesmo. Em se-
guida, são enviados sinais elétricos para a abertura das válvulas solenóides dos
fras-
cos de reação, visando o reestabelecimento da pressão atmosférica também no inte-
rior dos mesmos. O fechamento automático das válvulas solenóides é efetuado quando
o transdutor diferencial de pressão acusa o equilíbrio entre as pressões dos
frascos
de reação e de controle. Terminado o ciclo de registro de pressões, abertura e
fecha-
mento de válvulas, o motor da placa agitadora é novamento acionado, reiniciando-se
o processo.
A pressão no interior dos reservatórios de gases é mantida abaixo da pressão
atmosférica, a fim de permitir o esvasiamento dos gases dos frascos de reação.

Com o resgistro da produção do biogás através dos transdutores diferenciaiais de

92 Reatores anaeróbios

pressão, em intervalos regulares de tempo, faz-se então a conversão em volume de


biogás produzido, através da seguinte expressão:

V = apl (3.1)

onde:

V = volume de biogás produzido (mL):


K = constante do frasco (mL/psi);

P = pressão diferencial (psi).

Constante do frasco: consiste, basicamente, de um fator de calibração que pos-


síbilita a determinação do volume de gás produzido, a partir dos diferenciais de
pressão registrados. O enfoque teórico para a avaliação da constante do frasco é
bem documentado em Umbreit et al. (1964) e James et al. (1990).

O gás acumulado nos reservatórios (8) é então analisado para determinação do


teor de metano e gás carbônico, possibilitando assim a avaliação da taxa de produ-
ção de metano (através do trecho de inclinação máxima da curva de produção de
metano - Figura 3.5) e, consequentemente, da atividade metanogênica específica,
conforme detalhado no exemplo 3.2.

3.4.5 Considerações finais sobre o teste de AME

Embora o teste se constitua num instrumento bastante útil, seus resultados de-
vem ser utilizados ainda com reservas, uma vez que inexiste uma padronização in-
ternacionalmente aceita para o mesmo. Dessa forma, as diferentes metodologias e
condições de experimentação podem conduzir a resultados de AME também dife-
rentes, difíceis de serem comparados entre si. Nesse sentido, entende-se que os re-
sultados obtidos com o teste representam muito mais as atividades metanogênicas
específicas relativas, e não as absolutas. Todavia, ainda que os resultados sejam
rela-
tivos, para determinadas condições de teste, estes são muito importantes para o
acom-
panhamento e avaliação dos reatores anaeróbios.

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