Você está na página 1de 42

CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA QUÍMICA

LAÍS SANTOS GONÇALVES

AVALIAÇÃO DA MELHORIA DE LAVABILIDADE, COBERTURA ÚMIDA E


COBERTURA SECA EM TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS À BASE DE ÁGUA
COM A UTILIZAÇÃO DE BLENDAS DE CARGAS MINERAIS E MOINHO DE
ESFERAS

RECIFE
2021
LAIS SANTOS GONÇALVES

AVALIAÇÃO DA MELHORIA DE LAVABILIDADE, COBERTURA ÚMIDA E


COBERTURA SECA EM TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS À BASE DE ÁGUA
COM A UTILIZAÇÃO DE BLENDAS DE CARGAS MINERAIS E MOINHO DE
ESFERAS

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação de Engenharia Química do Centro
Universitário Maurício de Nassau do estado de
Pernambuco, como pré-requisito para obtenção
de nota da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso, sob orientação do Professor doutor
Isaías Barbosa Soares.

RECIFE
2021
Dedico esta monografia a todos os meus professores,
inclusive aos meus primeiros, os meus pais, que desde a
minha infância tem dado grande incentivo ao meu
desenvolvimento intelectual. Sem vocês eu não teria
compreendido a importância do SABER.
AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Soneide Santos Gonçalves da Silva, que contribuiu com o


pronunciamento de palavras que me fizeram ter mais perseverança e vontade de
continuar.
Agradeço também a minha companheira Erika Marques da Silva, por
entender minhas as angustias, por estar sempre me apoiando e me ajudando nas
tarefas árduas da casa, para que eu pudesse realizar minhas pesquisas e escrever
esse imenso trabalho.
RESUMO

O mercado de tintas no Brasil é bastante concorrido, com isso a busca incessante


por diminuição de custo e aumento de performance vem revolucionando os
desenvolvimentos em tintas acrílicas imobiliárias à base de água. Desta forma, o
trabalho contém tópicos explicativos do que é a tinta em estudo, seus tipos, seus
principais testes, seus parâmetros conforme órgão regulamentador (ABNT) e o
desenvolvimento inovador de blendas de cargas minerais moídas em moinhos de
esfera. Inicialmente faremos testes pilotos em laboratório com dispersor que tem
camisa de resfriamento e com esferas de 1,0 mm a 1,2 mm de zircônio estabilizadas
com cério. Havendo melhoria em algum dos parâmetros essenciais do âmbito das
tintas como, lavabilidade, cobertura úmida e cobertura seca, partiremos para a
possível compra de um equipamento para escala industrial. É sabido que o teste em
escala industrial pode garantir melhor desempenho na questão granulométrica do
slurry que irá se formar nessa moagem. Depois do slurry pronto, faremos uma tinta
em laboratório comparando a tinta padrão apenas com dispersão e a tinta produzida
com as mesmas cargas, porém advindos de outro processo que é o de moagem
com esferas. Verificaremos todos os testes de controle de qualidade e os testes das
normas da ABNT. Com esse trabalho avalia-se melhoria em lavabilidade e cobertura
seca. Com esses ganhos a empresa conseguirá reformular suas ordens de
produção afim de garantir a redução de custo e manter a qualidade do produto ou
até mesmo melhorar esse produto e outros do portifólio.

Palavras-chave: Slurry. Cobertura Seca. Moinho. lavabilidade


ABSTRACT

The paint market in Brazil is very competitive, resulting in an incessant search for
cost reduction and performance increase, which has been revolutionizing the
developments in water-based acrylic outdoor paints. This paper, therefore, contains
topics explaining the paint under study, its types, its main tests, its parameters
according to the regulatory agency (ABNT) and the innovative development of blends
of mineral fillers ground in ball mills. Initially we will perform pilot tests in the
laboratory with a disperser that has a cooling jacket and with 1.0 mm to 1.2 mm
zirconium spheres stabilized with cerium. If there is improvement in any of the
essential parameters of the paints, such as washability and wet and dry coverage,
we will move on to the possible purchase of industrial scale equipment. It is known
that the industrial scale test may result in better granulometric performance of the
slurry that is formed during this grinding. Once the slurry is ready, we will develop a
paint in the laboratory comparing the standard paint only with the dispersion and the
paint produced with the same loads, but coming from another process, namely the
ball milling process. We will verify all the quality control tests and the ABNT
standards tests. Through this work, we expect to obtain an improvement in
washability and dry coverage. With these gains, the company will be able to
reformulate its production orders in order to ensure cost reductions and maintain
product quality or even improve this product and others in the portfolio.

Key-word: Slurry and paints


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Formato das partículas das cargas minerais 18

Figura 2- Viscosímetro de Krebs- Stormer. 22

Figura 3- Picnômetro mais utilizado em tintas 23

Figura 4- Extensor 23

Figura 5- Leneta 24

Figura 6- Cartela de Cobertura Seca 26

Figura 7- Máquina de Lavabilidade 27

Figura 8- Leneta de PVC 28

Figura 9- Parâmetro do teste 28

Figura 10- Cuba com resfriamento 31

Figura 11- Extensão do slurry dispersão x slurry moagem 32


LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Parâmetros de Cobertura Úmida de acordo com ABNT NBR 25

11702:2021

Tabela 2- Parâmetros de Cobertura Seca de acordo com ABNT NBR 27

11702:2021

Tabela 3- Parâmetros de resistência a abrasão úmido de acordo com 28

ABNT NBR 11702:2021

Tabela 4- Fórmula Slurry 31

Tabela 5- Fórmula Tinta Acrílica processo padrão dispersão 33

Tabela 6- Fórmula Tinta Acrílica processo com slurry 34

Tabela 7- Resultados comparativos 35

Tabela 8- Resultado estabilidade 15 dias 36

Tabela 9- Resultado estabilidade 30 dias 36


LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASE- alkali-swellable and alkali-soluble emulsions

cP- centiPoise

CPVC- Concentração Crítica de Pigmentos em Volume

HASE- Hydrophobically modified alkali-swellable emulsion

HBL – Balanço Hidrófilo-Lipófilo

HEUR- Hydrophobically modified ethoxylated urethanes

KU - Krebs

PSQ – Programa Setorial da Qualidade

PVC- Concentração de Pigmentos em Volume

SI- Sistema Internacional

Tg- Temperatura de Transição Vítrea

TMFF-Temperatura Mínima de Formação de Filme


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 12
2. OBJETIVOS 13
2.1. OBJETIVO GERAL 13
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 13
3. TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS À BASE DE ÁGUA 14
3.1. HISTÓRICO DAS TINTAS 14
3.2 MERCADO BRASILEIRO DE TINTAS IMOBILIÁRIAS 14
3.3 COMPOSIÇÃO BÁSICA 15
3.3.1. Aditivos 15
3.3.1.1 Dispersantes e umectantes 15
3.3.1.2 Surfactantes 16
3.3.1.3 Antiespumantes 16
3.3.1.4 Espessantes 17
3.3.1.5 Aditivos de preservação 17
3.3.2 CARGAS MINERAIS E PIGMENTOS 18
3.3.2.1 Dióxido de Titânio 18
3.3.2.2 Algamatolito 19
3.3.2.3 Caulim 19
3.3.2.4 Dolomítica/Calcítica 19
3.3.2.5 Carbonato de Cálcio Precipitado 19
3.3.3 Emulsão Acrílica – Estirenada 20
3.4 NOÇÕES BÁSICAS DE FORMULAÇÃO 20
3.4.1 Análises da qualidade para tintas acrílicas imobiliárias a base de 21
água
3.4.2 Viscosidade 21
3.4.3 pH 22
3.4.4 Massa específica 22
3.4.5 Poder de cobertura em película de tinta seca 23
3.5 CÁLCULO DE PVC E CPVC EM FÓRMULAÇÃO DE TINTA 24
3.6 NORMAS TÉCNICAS DE TINTAS ACRÍLICAS À BASE DE ÁGUA 25
FOSCAS
3.6.1 Cobertura Úmida 25
3.6.2 Rendimento e cobertura seca 25
3.6.3 Resistência a abrasão úmida 27
3.7 Slurry 28
3.7.1 Processo 29
3.7.2 Formulação slurry 29
3.7.3 Dispersão 29
3.7.4 Moagem 29
4. METODOLOGIA 31
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 35
6. CONCLUSÃO 38
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 39
12

___________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO

O mercado de tintas imobiliárias é bastante vasto e competitivo, onde há sempre


inovações de produtos, desenvolvimento de novos aditivos, novos equipamentos e
novos processos que visam diminuir o custo da tinta. O uso de cargas minerais
sempre foi primordial na formulação de tintas acrílicas imobiliárias a base de água,
porém, hoje sabe-se que cargas minerais podem atuar como importantes aditivos,
visto que, conferem características bastante significativas em questão de
performance e melhoria de custo em todo o sistema.
Diante do cenário econômico do país muitos formuladores de tintas buscam
alternativa para melhoria dos produtos sem aumentar significativamente o seu custo.
Logo, a busca por alternativas vem alertando o mercado de mineração, fazendo com
que desenvolvam produtos de melhores durezas, melhorando a lavabilidade, e
produtos com granulometrias cada vez menores, melhorando a cobertura. Existem
também aqueles fabricantes que apostam em tratamentos químicos modificando a
composição ou estrutura da partícula, porém cada tratamento tem seu custo. Mas, o
mais novo desenvolvimento do mercado é a moagem de diferentes cargas minerais
em moinhos de esferas.
No presente trabalho verificou-se a eficiência de formação de blenda de cargas
minerais moídas em moinhos de bolas. Os testes comportaram todas as análises
cabíveis e requeridas pela ABNT, ou seja, todas de acordo com as normas técnicas
exigidas para a avaliação de tintas látex.
13

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o benefício das análises de cobertura seca, cobertura úmida e lavabilidade


com o uso de blendas de cargas minerais para fabricação de um slurry utilizando
moinhos de esferas de zircônio estabilizadas com cério.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Realizar ensaio laboratorial de formulação de Slurry;


 Produzir em escala de laboratório tintas com e sem Slurry.
 Avaliar o desempenho das tintas realizadas em laboratório através de
análises requeridas pelas normas da ABNT;
 Verificar parâmetros da qualidade das tintas após estabilidade em estufa por
15 dias e 30 dias;
 Aplicar as tintas em parede de alvenaria devidamente emassadas e seladas;
14

3. TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS À BASE DE ÁGUA

3.1 HISTÓRICO DAS TINTAS

A história da tinta começa ainda na pré-história, quando os nossos ancestrais


usavam o sangue para marcar e registrar informações nas pedras. Com o tempo, foi
se constatando a necessidade de aumentar a durabilidade desse material. Para a
diversidade de cores começou -se a usar óxidos naturais que ficavam na superfície
do solo, para a fixação usavam sebo ou seiva vegetal. Com o aprimoramento das
técnicas de pintura no mundo todo, foram surgindo com o passar dos anos cores de
origens orgânicas e sintéticas. Essas eram derivadas de compostos como cálcio,
alumínio, silício e cobre. Os aglutinantes também foram se desenvolvendo,
passando a usar goma arábica, albumina de ovo, cera de abelha entre outros
(MELO, 2012).
A pintura na idade média já era observada de forma essencial, usada para
beleza, registros e proteção. Nesse período, surgiu a utilização de vernizes
preparados pelo cozimento de óleos naturais e inserção de alguns ligantes.
A revolução industrial potencializou as indústrias de tintas, colocando a
tecnologia mais acessível e fazendo com que o setor passasse por uma grande
evolução tecnológica no século XX, avançando para produtos mais resistentes,
aditivos modificadores, mais tipos de pigmentos, surgimento de emulsões aquosas,
entre outros adventos que possibilitaram ao consumidor final inúmeros tipos de
revestimentos (LEAL,2011).

3.2 MERCADO BRASILEIRO DE TINTAS IMOBILIÁRIAS

As tintas na sua amplitude tornaram-se os produtos industrializados com mais


benefícios, pois com uma fina espessura consegue-se proteger um carro contra a
corrosão e melhorar a sua estética, com apenas 0,8% do valor do veículo. Também
protege a fachada das casas com um custo menos oneroso do que cerâmica e que
ainda possibilita a renovação de cor. Ou seja, melhor custo benefício em questão de
revestimentos. (CARRILHO F.; FERREIRA D, 2017)
O mercado de tintas imobiliárias atualmente, comporta inúmeras marcas, que
15

competem a grande concorrência, sendo pois o grande desafio dos investidores.


Aliada à tecnologia a indústria de tinta sempre vem tentando promover novos
produtos e equipamentos mais sofisticados que garantam melhor custo e benefício
(SOUZA, 2014).
Desde de o início de 2020, ano de maior intensidade pandemia da COVID-19 no
Brasil, houve o aumento do consumo de tintas imobiliárias, pois o isolamento social
permitiu que as pessoas fizessem obras de reforma em suas casas. Outro
movimento que impulsionou esse crescimento foi o movimento DIY (Do It Yourself),
que significa: faça você mesmo. Estima -se que no ano de 2020 o Brasil atingiu a
marca de 5% de crescimento em relação aos últimos 7 anos de mercado. (EQUIPE
ABRAFATI, 2020).

3.3 COMPOSIÇÃO BÁSICA DAS TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS A BASE DE


ÁGUA.

Tinta é uma composição complexa advinda de vários insumos que vão garantir
diversos aspectos no seu desempenho. Neste trabalho foram abordados aspectos
da composição de tintas mais utilizadas no mercado brasileiro, que são as tintas
acrílicas usadas para pinturas de parede, interna ou externa. Esse tipo de tinta tem
como componentes básicos os aditivos, os pigmentos, as cargas e a resina.
(FAZENDA, 2009).

3.3.1 Aditivos

Os aditivos na tinta não vão exceder mais que 5% da formulação, mas eles vão
garantir propriedades impares, como: aplicabilidade, estabilidade, dispersão,
reologia e preservação úmida e seca.

3.3.1.1 Dispersantes e umectantes

Os dispersantes atuam para gerar uma repulsão eletrostática, um impedimento


estérico ou as duas situações ao mesmo tempo, isso dependerá do grupo afínico do
pigmento no sistema. Existem dois tipos: de baixo peso molecular e de alto peso
16

molecular. Em sistemas aquosos utilizam-se dispersantes poliméricos e de alto peso


molecular aniônicos, como por exemplo os poliacrilatos (SALVATO, 2017).
Para transformar os pigmentos do estágio de aglomerados para células unitárias,
é utilizada força de cisalhamento e aditivos que ajudam a umectar e estabilizar o
sistema. Junto com solvente principal do sistema, os dispersantes/umectantes agem
como um agente de repulsão eletrostática e diminuidor de tensão superficial.
Quando os pigmentos e cargas são submetidos a uma força mecânica, o ar que
estava presente no sistema tende a ser trocado por resina e água (FAZENDA,
2009).
A ação do dispersante se baseia prioritariamente em se ligar ao pigmento na
parte polar, e pela interação da área polimérica compatível com a resina parte não
apolar. Dessa forma acontece a estabilização, fazendo com que os pigmentos não
se aglomerem novamente e também incide na umectação das partículas, na qual
estarão ao seu redor repletas de veículos. Todo esse processo garante a melhoria
da sedimentação, da cobertura, da floculação e da sinérese da tinta (FRANCO,
2014).

3.3.1.2 Surfactantes

São chamados também de tensoativos que agem como umectantes na tinta,


ajudando na umectação das cargas e pigmentos, conferindo também estabilidade de
cor, emulsificação, adesão e estabilidade do sistema. Existem inúmeros tipos de
surfactantes, como: aniônicos, catiônicos, anfóteros e não iônicos. A designação do
surfactante a ser usado dependerá do método HBL, o qual propõe uma escala de
zero a vinte, em que, zero é hidrofóbico e vinte hidrofílico. Em tintas à base de água
são comumente usados os não iônicos e de peso molecular baixo, possuindo parte
da molécula hidrofílica e parte lipofílica (ou hidrofóbica). Isso fará com que diminua a
grande energia de tensão superficial da água, ajudando fielmente na dispersão.
Geralmente são os alquil-fenol e o oxido de etileno condensado (FAZENDA, 2009).

3.3.1.3 Antiespumante

Chamados também de desaerantes, são utilizados para evitar a presença de


17

bolhas tanto no sistema úmido quanto na aplicação da tinta. São líquidos de baixa
tensão superficial, que devem ter compatibilidade seletiva com o meio e devem finas
dispersões hidrofóbicas. Existem vários tipos, porém geralmente em tintas acrílicas a
base de água é utilizada óleos minerais (SALVATO, 2017).

3.3.1.4 Espessantes

Os espessantes são substâncias ´que modificam a reologia do sistema, ou seja,


promovem viscosidade a tinta, ajudam na sedimentação e aplicação. Eles podem
ser do tipo orgânico ou inorgânico, sintético ou celulósico e associativo ou não
associativo. Os inorgânicos são as chamadas cargas lamelares, que quando em
repouso se posicionam de forma tridimensional favorecendo sedimentação e
escorrimento nas aplicações. Os orgânicos se dividem em sintéticos ou celulósicos,
sendo que esse último interage com a água em um mecanismo hidrodinâmico. Já os
sintéticos se dividem em associativos e não associativos. Os associativos interagem
com todas as partículas e são hidrofóbicos. São eles o HEUR
(Espessante associativo Uretanico Hidrofobicamente modificado), uretânicos e não
iônicos;e os HASE (espessante associativo alcali solúvel hidrofobicamente
modificado), a base de acrilato e aniônicos. Esses espessantes têm um mecanismo
de adsorção nas partículas que faz com que diminua o fenômeno de floculação e
sejam melhores para tintas brilhantes. Os não associativos são também hidrofílicos,
ou seja, hidrodinâmicos. Desse tipo, temos o ASE (emulsões dilatáveis em álcali e
não solúveis em álcali) que são copolímeros carboxilados e atuam em pH alcalinos
(FRANCO, 2014).

3.3.1.5 Aditivos de Preservação

As contaminações biológicas podem ser na tinta úmida, ainda na embalagem, ou


no filme seco. As tintas podem ser contaminadas por bactérias, fungos e algas,
porém os dois últimos apenas depois da tinta aplicada e seca. Para prevenir a ação
desses agentes é necessário a adição de bactericidas e fungicidas, além de
higienização da fabrica periodicamente. Os aditivos biocidas usados podem ser a
base de formaldeído, izotiazolonas, benzotiazolonas e entre outros (MAASS, 2009).
18

3.3.2 CARGAS MINERAIS E PIGMENTOS

Esses são os insumos que dão o corpo da tinta, ou seja, a cobertura úmida, no
caso dos pigmentos, e cobertura seca, no caso das cargas minerais. Existem
inúmeros tipos de pigmentos, orgânicos e inorgânicos que vão conferir cor as tintas.
A escolha das cargas e do seu tratamento irá influenciar diretamente na
performance da tinta. Cada tipo de carga tem geometria, tamanho e absorção de
óleo únicos que irão fornecer características importantes para a tinta. Elas chegam
em aglomerados e o processo de dispersão as transforma em partículas menores,
chamadas de partículas unitárias tal como pode ser visto na Figura 1 (FAZENDA,
2009).

Figura 1 – Formato das partículas das cargas minerais.

Fonte: Fazenda (2009).

3.3.2.1 Dióxido de Titânio

É um dos mais importantes pigmentos brancos produzido para vários segmentos,


no âmbito de tintas usa-se o dióxido de titânio rutilo, que se caracteriza por um
sólido cristalino de alto índice de refração, maior estabilidade e alta densidade. Ele
irá conferir brancura e alta cobertura úmida para a tinta. Pode ser produzido por
processo via sulfato, onde o titânio é reagido com ácido sulfúrico, depois o produto
dessa reação é hidrolisado e calcinado a 900ºC. Esse processo fará com que seja
19

um produto pigmentado e mais mole para ser moído. O outro processo é via cloreto
consiste em uma reação com cloro gasoso formando o tetracloreto de titânio líquido.
Depois de destilado o material é oxidado e forma o pigmento moído (FAZENDA,
1992).

3.3.2.2 Agalmatólito

O mineral principal em sua composição é a pirofilita, tem estrutura lamelar,


funciona como antisedimentante, e tem fácil dispersão e boa resistência
(DAROS,2017).

3.3.2.3 Caulim

O mineral principal é o silicato de alumínio hidratado, tem estrutura lamelar, é


macio, melhora a aplicabilidade da tinta e tem boa resistência (CARVALHO, 2012).

3.3.2.4 Dolomita/ Calcita

Dolomita é o carbonato que tem em sua composição cálcio e magnésio,


enquanto a calcita é o carbonato de cálcio natural, os dois têm funções semelhantes.
São boas opções pois têm baixo custo, são usados em texturas, massas e tintas, e
dependerá do tamanho de partícula. Essas possuem tamanhos milimétricos a
nanométricos. Quanto menor a partícula unitária, melhor o empacotamento,
cobertura e resistência da tinta. Tem estrutura nodular, pouca resistência em
sistemas ácido e aumenta a resistência aos fungos na tinta (GONÇALVES, 2015).

3.3.2.5 Carbonato de Cálcio Precipitado

Carga obtida industrialmente por meio da calcita, na qual, é calcinada e forma o


oxido de cálcio, depois é diluída em água e carbonatado com o gás carbônico
gerado na calcinação. Durante esse processo as impurezas como o grafite da calcita
são eliminados. Isso irá garantir um carbonato de cálcio com menor partícula, mais
puro, com mais alvura, com mais cobertura e com partículas nodulares acirculares.
Por causa do processo tem-se um produto mais caro, com maior absorção de óleo e
20

pode causar manchamento, se usado em grandes quantidades em tintas coloridas


(FAZENDA, 2009).

3.3.3 EMULSÃO ESTIRENO – ACRÍLICA

É o insumo responsável pela formação de filme, ou seja, vai conferir a


plastificação da tinta. As dispersões poliméricas são obtidas a partir da
polimerização de monômeros acrílicos em emulsão com água. Cada emulsão terá a
temperatura de transição vítrea (Tg), na qual é temperatura que as moléculas têm a
capacidade de sair do estado quebradiço para o borrachudo.
A formação do filme se concretiza com a evaporação da água e a atuação do
coalescente no processo final de formação de filme. A TMFF (temperatura mínima
para formação de filme) rege a temperatura inicial que o filme está se formando,
sendo mais comumente utilizada do que a Tg, por se tratar do sistema todo, ou seja,
leva em conta todos os outros aditivos dentro do sistema. Por nosso clima ser bem
adverso em questão de temperatura, é necessário a utilização de coalescentes, que
ajudam as emulsões a formarem filmes mais homogêneos e menos quebradiços.
Eles agem diminuindo a Tg e favorecendo a deformação das partículas a fim de se
acomodarem de forma que obtenha um filme mais homogêneo (SALVATO, 2017).

3.4 NOÇÕES BÁSICAS DE FORMULAÇÃO

O processo de formação da tinta acrílica imobiliária fosca a base de água é


dividido em três etapas: pré- dispersão, dispersão, completação e envase.
Na pré dispersão adicionam - se a água e os aditivos primordiais para uma boa
dispersão, os surfactantes e os dispersantes/umectantes. É adicionado também um
antiespumante para ajudar a desaerar os espaços vazios para melhor cisalhamento
e melhor estabilidade da dispersão. Em seguida, adicionam-se o espessante e o
alcalinizante para melhorar a viscosidade no cisalhamento da dispersão. Os aditivos
preservantes também entram nessa etapa.
A dispersão é a etapa onde entram o dióxido de titânio e as cargas minerais. Na
nossa composição as cargas minerais utilizadas são carbonato de cálcio precipitado,
caulim e carbonato de cálcio natural (PEIFER, 2006).
21

Na completação entram emulsão estireno-acrílica e o coalescente, a parte que


irá conferir o filme da tinta. Nessa etapa também se adicionam mais espessantes e
alcalinizantes para finalizar a tinta na reologia desejada. (SALVATO, 2017).

3.4.1 Análises da Qualidade para tinta acrílica imobiliária a base de água.

Antes do envase depois que se finaliza o processo de fabricação tem-se uma das
partes mais importantes: o controle de qualidade dentro das especificações técnicas
sugeridas pelo formulador. Cada fabrica terá o seu modo e equipamentos para
avaliação e liberação da tinta, sempre com o intuído de garantir a qualidade e
agilidade do processo (FAZENDA, 1992).

3.4.2 Viscosidade

Viscosidade é o quanto o fluxo consegue resistir a deformação, verificando toda


a parte físico-quimica e a temperatura. A unidade de viscosidade no SI é
cP(centipoise). Muitos equipamentos podem medir esse parâmetro, sendo um deles o
que usa o do método de Krebs-Stormer (Figura 2). Ele consiste em rotacionar uma
haste em um copo com tinta, onde a rotação é cronometrada até chegar em 100
ciclos. Ao final da medição avalia-se na tabela a viscosidade em KU encontrada. A
tabela faz uma relação entre peso e segundos. A viscosidade é um aspecto muito
importante pois com ela nos parâmetros ideais teremos várias situações controladas
como: sedimentação, problemas de desinerese, nivelamento ruim e baixo
rendimento (FAZANO, 1992).
22

Figura 2 – Viscosímetro de Krebs- Stormer.

Fonte: FAZANO (1992).

3.4.3 pH

É o logaritmo da concentração molar de íons liberados em uma solução. Ele é o


que indica a alcalinidade e acidez da solução. Tintas acrílicas devem ser liberadas
em pH altos, pois isso irá garantir o do consumo total do espessante, que no caso
dos acrílicos, são reagidos em ambientes bem alcalinos e também a ação
bacteriológica. (CARVALHO, 2012)

3.4.4 Massa Específica

É a relação massa e volume que uma substância tem, e é obtida com um


picnômetro. Ele tem um volume exato de 100 mL (Figura 3), que enchido de tinta
mostrará uma massa referente a esse volume. Com esse ensaio é possível verificar
possíveis erros de formulação na relação água e pó da tinta. Também é uma
ferramenta necessária para envasar o produto no volume correto para não haver
perdas e nem reclamação no produto final (GONÇALVES, 2015)
23

Figura 3- Picnômetro mais utilizado em tintas

Fonte: Site da loja YNTH1.

3.4.5 Poder de cobertura em película de tinta seca

De acordo com a Norma de Código NBR 15314:2005, o teste consiste em


determinar a razão de contraste entre o preto e o branco da extensão de tinta. A
análise é feita fazendo uma extensão em cartela de cobertura (Figura 4) com um
extensor de 75 micras (Figura 5), a aplicação é feita no aplicador eletrônico (Figura
5).

Figura 4- Extensor

Fonte: FAZANO (1992).

1
Disponível em: https://www.lojasynth.com/inox/picnometros/picnometro-em-aco-inox-polido> Acesso 25
novembro. 2021.
24

Figura 5- Leneta

Fonte: FAZANO (1992).

Depois a extensão é colocada em estufa por 20 min a 55 ºC para a secagem.


Após esse procedimento faz -se a leitura da razão de contraste. O objetivo do teste
é garantir que a cobertura da tinta se encontre no padrão estipulado pela
especificação da empresa conforme parâmetros da norma, afirmando ao cliente
final, que ele tem uma tinta com cobertura ideal em referência a norma.

3.5 CÁLCULO DE PVC E CPVC EM FORMULAÇÕES DE TINTA

Esses cálculos de PVC (Concentração de Pigmentos em Volume) e de CPVC


(Concentração Crítica de Pigmentos em Volume) ajudarão no momento de formular
uma tinta, pois eles dirão se a tinta ficará fosca, acetinada ou brilhante. Também é
indispensável para a avaliação teórica da resistência da tinta. O cálculo do PVC é a
relação da porcentagem de pigmentos e cargas em comparação aos sólidos totais,
ou seja, sólidos dos pigmentos e cargas mais os sólidos de resinas e aditivos que
forma no filme curado da tinta, por unidade de volume. Já o CPVC (Concentração
Crítica de Pigmento em Volume), é a relação entre a quantidade de resina que é
suficiente para cobrir os espaços vazios entre as partículas do filme. E esse aspecto
irá influenciar diretamente na característica do filme, como: resistência a corrosão,
porosidade, brilho e entre outras (FAZENDA, 1992).
A razão entre esses dois aspectos é o parâmetro que chamamos de lambda. O
valor de lambida proporciona definir o tipo de acabamento da tinta, ou seja, se é
brilhante, fosco ou acetinado (SALVATO, 2017).
25

3.6 NORMAS TÉCNICAS DE TINTAS ACRÍLICAS IMOBILIÁRIAS À BASE DE


ÁGUA FOSCAS.

As as tintas imobiliárias são regidas por normas técnicas, ou seja, pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), isso garante a qualidade das tintas e
um padrão para a confiabilidade dos clientes. O Programa Setorial da Qualidade
(PSQ) visa averiguar se os fabricantes de tintas do mercado estão de acordo com as
normas técnicas, o programa é referência para o governo federal, e atua com sigilo
no processo de defesa do consumidor. A norma ABNT NBR 11702 garante que cada
tipo de tinta tenham os parâmetros mínimos. (ENTIDADE GESTORA TÉCNICA
TESIS, 2010).

3.6.1 Cobertura Úmida

De acordo com a ABNT NBR 14943:2018, o teste refere-se quanto ao poder


de cobertura de uma tinta ainda úmida. A análise consiste em uma razão de
contraste entre o branco e o preto em uma extensão com o extensor de 75 micra
ainda com a tinta úmida. Após extender a tinta, fazer a leitura em espectrofotometro,
lê-se o preto e depois o branco, o programa realiza a razão de contraste e fornece o
valor em porcentagem. Para a realização da extensão usa-se um aplicador
eletrônico acoplado em uma bomba de vácuo para segurar a cartela. A norma faz
os seguintes indicativos mínimos para cada tinta. Conforme Tabela 1, ver-se os
parâmetros das principais tintas consumidas no mercado.

Tabela 1 - Parâmetros Cobertura Úmida de acordo com a ABNT NBR 11702:2021

Análise Econômica Standard Premium


Cobertura úmida 55% 85% 90%
Fonte: do autor.

3.6.2 Rendimento e Cobertura seca

De acordo com a ABNT NBR 14942:2019, o teste refere-se ao poder que uma
tinta consegue cobrir garantindo uma razão de contraste entre a leitura do preto em
26

relação ao branco de no mínimo 98,5%. A análise é feita através da pintura de uma


leneta (Figura 6), a cada pintura pesa-se a quantidade de tinta que foi depositada,
coloca a cartela em sala com temperatura e umidade controlada por 15 minutos,
depois coloca-se na estufa a 55ºC. Depois de transcorrido o tempo, faz-se a leitura
da razão de contraste. Esse procedimento se repete até o valor da razão de
contraste chegar a 98,5%. Esse procedimento se repete em triplicata. Aplicando os
valores encontrados na planilha com a interpolação da norma obtemos o resultado
da cobertura seca.

Figura 6 – Cartela de cobertura seca

Fonte: do autor.

Já o rendimento calcula-se considerando o volume total de tinta aplicada para


conseguir a cobertura com razão de contrate mínima de 97,5% e o volume total da
embalagem utilizada da tinta ensaiada. O resultado é expresso em m²/(volume do
recipiente). Os parâmetros mínimos classificado na norma pode ser visto na Tabela
2.
27

Tabela 2 – Parâmetros Cobertura Seca e Rendimento de acordo com a ABNT


NBR 11702:2021

Parâmetros Econômica Standard Premium

Cobertura Seca 4,0 m²/L 5,0 m²/L 6,0 m²/L


Rendimento 70 m²/18L 90 m²/18L 110 m²/18L
Fonte: do autor.

3.6.3 Resistência a brasão úmida

De acordo com a ABNT NBR 14940:2018 é o teste que garante verificar um nível
de qualidade referente a durabilidade da tinta. A análise é realizada com uma
máquina para lavabilidade (Figura 7).

Figura 7 – Máquina para lavabilidade

Fonte: do autor

O método consiste em fazer uma escovação em uma leneta (Figura 8) com uma
extensão de tinta de tina. Essa extensão é feita com um extensor de 175 micras e
leva 7 dias para a cura total em sala com temperatura e umidade controlada.
28

Figura 8 – Leneta de PVC preta

Fonte: Do Autor

Ao ligar a máquina, faz-se escovação até aparecer uma linha de canto a canto
como mostra a figura 9. Nesse movimento a máquina faz uma contagem de ciclos, e
esse clico é justamente o parâmetro da norma, como mostra a Tabela 3.

Figura 9 – Padrão do teste

Fonte: Do autor

Tabela 3 – Parâmetros de resistência a abrasão úmido de acordo com a ABNT NBR 11702:2021

Análise Econômica Standard Premium

Lavabilidade 10 ciclos 40 ciclos 100clos

3.7 SLURRY

O slurry é o conjunto de cargas minerais dispersas em moinhos que visam


garantir o menor tamanho de partícula. Esse processo confere melhor cobertura e
lavabilidade a tinta, ou seja, há uma melhoria de performance sem onerar o custo da
tinta, logo é um investimento que traz melhor custo-benefício. Tem como objetivo
29

produzir slurrys com partículas nanométricas com maior porcentagem de cargas


com baixo custo, como por exemplo a calcita (DAROS, 2016).

3.7.1 Processo

A parte principal para a formação do slurry é a dispersão, ou seja, a força


mecânica a que ele será submetido. A outra parte é a sua estabilização, ou seja,
depois do slurry pronto, ele não poderá gelatinar, apodrecer ou sedimentar muito. A
terceira e última utilidade dele será a aplicação na tinta. Depois da tinta formulada
com o slurry, ela deverá ter um desempenho de cobertura e lavabilidade melhor,
sem perder as propriedades de aplicabilidade e estabilidade que tinha antes
(MASS,2009).

3.7.2 Formulação Slurry

A formulação é simples. Consiste em dar estabilidade e poder de dispersão. A


concentração de cargas consiste em 70 a 60% de sólidos, ou seja, de pigmentos e
cargas minerais, que irá depender exclusivamente do formulador, ou seja, da
performance que deseja. Os outros aditivos serão, dispersante, preservador,
alcalinizante, espessante e antisedimentante (DAROS, 2016).

3.7.3 Dispersão

Antes de moer as cargas é necessário fazer a dispersão, ela servirá para


desaglomerar o pó e incorpora-lo no líquido, isso gerará uma mistura bem
homogênea com partículas primarias (GONÇALVES, 2015).

3.7.4 Moagem

O dispersor tem limitações, pois quando se tem a presença de aglomerados


duros ou cargas contaminantes no meio, não consegue dispersar, então precisa-se
fazer a moagem. Na moagem consegue-se transformar em partículas primárias
pigmentos e cargas bastante resistentes. Existem diversos tipos de moinhos, mas os
30

mais comuns em moagens para tintas são o moinho de bolas, que pode ser vertical
ou horizontal. Eles trabalham com agentes de moagem, que podem ser de forma
esférica, nodular ou cilíndrica e têm capacidade de moagem crescente na ordem
citada. Porém por serem irregulares, eles têm a capacidade de quebrar muito e
deixar muito impureza, e isso fica inviável a separação do meio.
Então, a escolha das esferas será sempre primordial. Experimentos relatam
que quanto maior a densidade e menor o tamanho, melhor é a eficiência da
moagem, sendo que as menores desgastam mais rápido. Existem de vários
materiais e preços, a escolha irá depender do custo-benefício. O moinho consiste
em uma câmera cilíndrica de onde tem o compartimento que passa a água para
resfriar os produtos. Dentro dessa câmera tem a parte giratória onde encontram – se
o eixo com os discos, as esferas e o produto (FAZENDA, 2009).

4 METODOLOGIA
31

O estudo foi realizado em uma empresa de tintas, situada na cidade de


Jaboatão dos Guararapes. Iniciou-se os testes da formulação do slurry no
laboratório com a utilização das seguintes cargas minerais: caulim, carbonato de
cálcio e carbonato de cálcio precipitado. Foi utilizado uma cuba com camisa
confeccionada na própria empresa, na qual, passa água na temperatura ambiente
para resfriar a moagem. Como é mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Cuba com resfriamento

Fonte: do Autor.

Na formulação, foi usada em maior quantidade a carga com menor custo, e com
isso, foi obtido um custo baixo para o slurry. A primeira fórmula teste está descrita na
Tabela 4.
Tabela 4 – Fórmula Slurry

Água 24,60%
Dispersante 0,30%
Carbonato Natural 60%
Bactericida 0,15%

Fonte: do autor.
O processo foi realizado seguindo a sequencia da formulação, primeiro foi feita a
32

dispersão, que durou por volta de 10 minutos na rotação de 800 rpm. Essa
dispersão serve para umectar as cargas e desfazer alguns aglomerados. No final da
dispersão obtive - se um produto homogêneo com temperatura igual a 30ºC. Nesse
momento do processo foi retirada uma pequena amostra da dispersão para ser
comparada posteriormente com a moagem.
Depois da dispersão, foram colocadas as esferas de zircônio revestida por cério
com tamanho de aproximadamente 1,2mm de diâmetro dentro da cuba. O cálculo do
volume de esferas é dado por 80% do volume do produto. O processo de moagem
iniciou com 1430 rpm, depois de 60 minutos obteve-se uma temperatura de 32ºC,
um pH de 7,5 e viscosidade de 82 KU (Krebs). Em seguida, tomou-se uma amostra
nessa fase do processo para comparação posterior. Para o teste comparativo entre
as fases acima. Preparou-se uma mistura da dispersão e dos slurrys com 30% de
resina acrílica estirenada, ou seja, foi misturado 30 g de resina para 50 g dos
produtos obtidos. Depois foi puxada uma extensão com extensor de 75 microns,
colocada em estufa com secagem de 55ºC. Como mostra a Figura 11.

Figura 11 – Extensão do slurry dispersão x slurry moagem

Fonte: do autor.

Dessa forma, obteve - se um ganho entre o processo de dispersão e de


33

moagem de aproximadamente 4,2%. Os números mostram que tivemos uma


melhoria. Porém para a avaliação correta da eficiência do slurry, é necessário
elaborar uma tinta acrílica branca a base de água em laboratório e avaliar o custo e
benefício contra tinta Padrão. A fórmula padrão realizada encontra-se na Tabela 5.

Tabela 5 – Fórmula de Tinta Acrílica processo padrão de dispersão

Água 61,46%
Dispersante 0,15%
Espessante 0,20%
Alcalinizante 0,35%
Tensoativo 0,20%

Titânio 0,95%
PCC 16%
Caulim 12%

Resina Acrílica 7%
Coalescente 0,13%
Espessante 1,10%
Bactericida 0,21%
Fungicida 0,15%
Fonte: do autor.

Essa fórmula foi feita através de um disco dispersor a 1430 rpm com 20 minutos
de dispersão seguindo o processo com todas as etapas, ou seja, pré-dispersão,
dispersão e completação. No final da tinta obteve-se de viscosidade 90 KU, de pH
9,3 e de massa específica 1,22 g/cm³. Preparou-se uma tinta utilizando o slurry
moído, com o intuito de termos uma tinta mais branca, ou seja, tirando o caulim,
porém com igual ou melhor desempenho, como mostra a Tabela 6.

Tabela 6 – Fórmula de Tinta Acrílica processo com Slurry


34

Água 61,46%
Dispersante 0,15%
Espessante 0,20%
Alcalinizante 0,35%
Tensoativo 0,20%

Titânio 0,95%
PCC 16%
Slurry 12%

Resina Acrílica 7%
Coalescente 0,13%
Espessante 1,10%
Bactericida 0,21%
Fungicida 0,15%
Fonte: do autor.

No final da tinta com o slurry obtivemos de viscosidade 91 KU, de pH 9,5 e de


massa específica 1,17 g/cm³. Depois das tintas produzidas, iniciou – se o teste de
estabilidade em estufa a 55ºC +/- 5ºC, inicialmente foi analisada depois de 15 dias e
depois com 30 dias de estufa. Durante a espera desse tempo foram realizados
testes comparativos de aplicação, cobertura úmida, cobertura seca e lavabilidade.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
35

Os resultados obtidos apontam que, o slurry apresentou grande melhora de


cobertura e lavabilidade, isso apenas do processo de dispersão para o processo de
moagem com esferas de zircônio estabilizadas com cério. Além das análises já
citadas, também foi feito a aplicabilidade em uma parede com massa corrida e
selador. No final do processo, os testes apresentaram os dados como mostra a
Tabela 7.

Tabela 7 – Resultados comparativos.

Constantes Tinta Acrílica Padrão Tinta Acrílica com Slurry

Viscosidade 90KU 91KU


pH 9,5 9,3
Opacidade 87,40% 89,30%
Cobertura Úmida 55,65% 55,30%
Cobertura Seca 4,5 m²/L 4,8 m²/L
Lavabilidade 13 ciclos 20 ciclos
Rendimento 75m²/18L 83m²/18L

Boa cobertura e bom Melhor cobertura e melhor


Aplicabilidade
nivelamento nivelamento que o padrão

Fonte: do autor.

Como mostram os resultados a tinta obtida com slurry aprovou resultados


melhores do que a tinta padrão. O custo do produto com o slurry ficou igual ao da
tinta padrão, porém a qualidade do produto apresentou melhora nos quesitos de
cobertura seca e lavabilidade, além de deixar a tinta mais branca com a remoção do
caulim da formulação. Com o tamanho de partículas menores tem-se maior
eficiência em várias análises.
Na cobertura seca tem-se um bom efeito, pois um intervalo de 0,3 m²/L é um
ganho significativo quando se fala de cobertura, e com isso ganha maior rendimento,
pois se a tinta cobre o substrato com menos demãos, possivelmente conseguirá
usar a tinta para aumentar a área aplicada e não para cobrir o substrato já pintado.
Também pelo motivo do menor tamanho de partícula, tem -se um melhor
36

nivelamento, que consequentemente interfere no ganho de cobertura e rendimento.


No quesito lavabilidade há um ganho mais significativo, já que pode diminuir
emulsão de resina acrílica estirenada que tem um custo elevado na formulação. O
fenômeno acontece porque as partículas menores conseguem se empacotar melhor
com a emulsão acrílica.
Já no quesito cobertura úmida não se teve muitos ganhos, visto que, o que
confere essa característica é o titânio, que no trabalho em questão, não foi mudado.
Caso o formulador queira deixar a tinta no mesmo padrão de qualidade da tinta
padrão, poderá reformular afim de baratear diminuindo o percentual de resina
acrílica ou rendimento, na Tabela 8, tem-se o resultado da estabilidade de 15 dias.

Tabela 8- Resultados estabilidade 15 dias

Tinta Acrílica Tinta Acrílica com


Estabilidade
Padrão Slurry
Viscosidade 92 KU 93 KU
pH 8,7 8,6
Sinérese Não apresentou Não apresentou
Sedimentação Não apresentou Não apresentou
Fonte: do autor.

Esses dias em estufa a 55ºC representam por volta de um ano em prateleira.


As tintas apresentaram parâmetros normais de viscosidade e pH. Não houve
separação líquida, ou seja, sinérese e nem sedimentação de cargas. Depois as
amostras voltaram para estufa e ficaram mais 15 dias, pode-se ver os parâmetros na
tabela 9.
Tabela 9- Resultados estabilidade 30 dias

Tinta Acrílica Tinta Acrílica com


Estabilidade
Padrão Slurry
Viscosidade 95KU 96 KU
pH 8,7 8,6
Sinérese Sinérese de 3 cm Sinérese de 4 cm
Sedimentação Não apresentou Não apresentou
Fonte: do autor.

Depois de 30 dias de estabilidade, que significa aproximadamente 2 anos de


37

validade, verifica-se que a tinta acrílica padrão e a tinta acrílica com slurry ainda
mantêm a qualidade, apenas apresentando um pouco de separação líquida, que
pelo tempo em estufa a 55 ºC é esperado nesses tipos análises com tintas acrílicas
imobiliárias à base de água.
38

6. CONCLUSÃO

Falar do mercado hoje da busca de estar na norma como também a


concorrência, então esse tipo de projeto é muito eficaz para a qualidade e
sobrevivência da fabrica no mercado. É notório que há um grande investimento, mas
sempre se faz necessário avaliar todo o custo e benefício ao longo da cadeia
produtiva e do tempo.
O processo que micronização das cargas a úmido garantiu melhor
empacotamento das partículas, fazendo com que se conseguisse melhoria da
cobertura seca, lavabilidade, rendimento e nivelamento. Garantir um produto de
qualidade e com menor custo é a corrida para o sucesso nas indústrias.
Nesse trabalho foi constatado que o projeto para a compra de um equipamento
que produza slurry será muito importante, visto que, o ganho de desempenho da
tinta poderá garantir uma redução de custo, que com tempo pode-se tirar o
investimento feito para potencializar a fábrica para a produção de tinta acrílica a
base de água com slurry.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
39

CARVALHO, Pedro M. Optimização da opacidade de tintas aquosas. 2012. 131 f.


Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Instituto Superior Técnico,
Universidade de Lisboa, 2012.

SOUZA, Ana G. R. Panorama do setor de tintas no brasil: condições e


perspectivas no semento de tintas imobiliárias. 2014. 38 f. Monografia –
Universidade do Extremo Sul Catarinense -UNESC, 2014.

ATKINS, P. & JONES, L. Princípios de Química. Questionando a vida moderna e


o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2012

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15314:2005:

Tintas para construção civil – Método para avaliação de desempenho de


tintas para edificações não industriais - Determinação do poder de

cobertura em película de tinta seca. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14943: 2018,


Tintas para construção civil – Método para avaliação de desempenho de

tintas para edificações não industriais – Determinação do poder de


cobertura de tinta úmida. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14942:2019,

Tintas para construção civil – Método para avaliação de desempenho de


tintas para edificações não industriais – Determinação do poder de

cobertura de tinta seca. ABNT, 2019.


40

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14940:2018,

Tintas para construção civil – Método para avaliação de desempenho de


tintas para edificações não industriais – Determinação da resistência à

abrasão úmida. ABNT, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11702:2021,


Tintas para construção civil – Tintas, vernizes, texturas e complementos

para edificações não industriais – Classificação e requesitos. ABNT, 2021.

ENTIDADE GESTORA TÉCNICA TESIS. Programa setorial da qualidade de


tintas imobiliárias. São Paulo, 2010.

FAZENDA, J.M.R.; Tintas e Vernizes: Ciência e Tecnologia. 2a ed. São Paulo,


ABRAFATI, volume I, 1995.

FAZANO, C A. Métodos de controle de pinturas e superfícies, 3 ed, São Paulo,


Hermes, 1992.

FAZENDA, J.M.R.; Tintas e Vernizes: Ciência e Tecnologia, 4a ed. São Paulo,


ABRAFATI, volume I, 2009.

CARRILHO F.; FERREIRA D. Tintas de qualidade: livro de rótulos da


ABRAFATI: linha imobiliária, 4a ed. São Paulo, ABRAFATI, 2017.

SALVATO, R.C.J.P.S; Manual descomplicado de tecnologia de tintas: um guia


rápido e prático para formulação de tintas e emulsões, 1ª ed. São Paulo,
OXITENO, 2017.
41

LEAL, T.A.; AUXILIADORA, M.M.L.B.; CONCEIÇÃO, M.S.M.L. et al. Pigmentos de


pinturas rupestres pré – históricas do sítio letreiro do quinto, Pedro II, Piauí,
Brasil, Quim. Nova v. 34, n. 2, pp. 181-185, Jan. 2011

FRANCO, R.A.B; Estudo da Influência de Vários Espessantes em Dispersões


Aquosas, 2014, f. 106, Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Química e Bioquímica, Faculdade de Ciência e Tecnologia Universidade
Nova de Lisboa, 2014.

JESUS, C; Reologia em tintas aquosas, 2000, f. 110, Estudo realizado no âmbito


do PRODEP,2000.

DAROS, R.G; Estabilização de cargas minerais para a produção de slurries


utilizados em tintas acrílicas arquitetônicas base água, 2016, f. Universidade do
Extremo Sul Catarinense, UNESC, Criciúma, 2016.

EQUPE ABRAFATI, Relatório de gestão ABRAFATI, 2020, São Paulo.

PEIFER, Maria T. Estudo da influência de formulações de espessantes acrílicos


em sistemas pegmentados de alto PVC,2006. f. 135. Dissertação (Mestrado em
Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

GARBELOTTO, P.; Solventes industriais: seleção, formulação e aplicação, 1ª


ed., São Paulo, 2007.

TA INSTRUMENTS, Paints and Coatings.

MELLO, V.M.; SUAREZ, P.A.Z.As Formulações de Tintas Expressivas Através


da História, Rev. Virtual Quim. 4 (1), pp. 2-12, Mar. 2012.

NATÁLIA M. Perez, Fábio G. Melchiades, Anselmo O. Boschi. Avaliação


42

Comparativa e Caracterização de Tripolifosfatos de Sódio Comerciais,


Cerâmica Industrial, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, p. 14,
Julho/Agosto, 2009.

MAASS, D. Produção de tinta acrílica PVA branca para revestimentos.


f.92.2009. Monografia (Graduação em Engenharia Química) – Centro de Ciencias
Tecnologicas –CCT, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2009.

GONÇALVES, L.; Uma visão sobre a produção das tintas imobiliárias acrílicas
de alto rendimento, 2015, f. 55, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Recife- PE, 2015.
.

Você também pode gostar