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ADITIVAÇÃO DE POLÍMEROS

PIGMENTOS
PIGMENTOS: DEFINIÇÃO
São aditivos utilizados para conferir tonalidades de cor aos materiais poliméricos.
Colorante: qualquer substância sólida ou líquida aplicada para dar cor a determinado.
material.
• Pigmento (pigment): são insolúveis no veículo em que são aplicados (dispersão) →
mais utilizados em polímeros.
• Corante ou matiz (dye): são solúveis no veículo (solução) em que são aplicados.
Além de conferir cor, os pigmentos podem aumentar o brilho, opacidade e promover
outros efeitos como estabilidade à radiação ultravioleta (como o negro de fumo e o
dióxido de titânio). Podem ser subdivididos em 4 categorias:
• Pigmentos orgânicos: geralmente solúveis no polímero fundido.
• Pigmentos inorgânicos: geralmente insolúveis no polímeros fundido.
• Corantes.
• Pigmentos especiais (mistura de pigmentos que promovem efeitos especiais).
Os pigmentos são fornecidos comercialmente de várias formas:
Pigmentos puros: pós finos incorporados ao polímero em pó (Exemplo: pigmentos para
compostos de PVC, PEBDL micronizado para rotomoldagem e compostos de borracha).
Concentrados sólidos (masterbatches): pigmentos previamente dispersos em um
veículo. O concentrado possui geralmente de 30% a 70% de pigmento e, quando
adicionado ao material, dispersa-se uniformemente. O veículo pode ser o mesmo
material
a ser pigmentado ou outro de compatibilidade adequada e fácil dispersão no meio.
Representam quase 90% do consumo de pigmentos de polímeros.
PIGMENTOS: TIPOS PRINCIPAIS
• Concentrados líquidos: utilizados principalmente em termofixos e em plastissóis
de PVC. O veículo é um plastificante ou um solvente apropriado. Também neste caso,
os concentrados de pigmentos se apresentam em forma completamente dispersa.

• Misturas especiais: trata-se de combinações de pigmentos inorgânicos facilmente


dispersáveis com pigmentos orgânicos de baixa dispersabilidade. Os aglomerados orgânicos
se quebram e os agregados ou partículas formadas se unem às partículas inorgânicas. Desta
forma, a dispersão é mais fácil que a de pigmentos orgânicos.

Comparação entre pigmentos orgânicos e inorgânicos


Características Inorgânico Orgânico
Custo Baixo Elevado
Fonte: RABELLO, M.
Propriedades ópticas Opaco Translúcido Aditivação de Polímeros.
Brilho Fosco brilhoso São Paulo: Artliber Editora,
2000.
Dispersabilidade Fácil Difícil
Estabilidade à luz e ao calor Excelente Limitada
Resistência química Elevada Baixa
Poder de recobrimento Fraco Forte
Tendência à migração Reduzida Elevada
Peso específico (densidade) Elevado Baixo
PIGMENTOS: PRINCÍPIOS ÓTICOS DE COLORAÇÃO
A cor obtida depende da absorção e espalhamento (refletância) da luz incidente na amostra.
• Pigmentos orgânicos: absorvem mas não espalham a luz (tamanho mínimo de partícula não
existe na solução molecular). Produtos moldados com estes pigmentos são transparentes ou
translúcidos e as tonalidades dependem da absorção de luz pelo corante.
• Pigmentos inorgânicos: se um tamanho de partícula mínimo está presente, ocorre a refletância,
transformando o polímero em branco e opaco ou colorido e opaco, dependendo da absorção
seletiva de luz pelo pigmento. Tamanhos menores ou maiores que o tamanho de partícula
mínimo influem também na tonalidade da cor obtida.
• A absorção de determinados comprimentos de onda pelo pigmento está relacionada com as
transições eletrônicas entre os vários orbitais moleculares: a probabilidade destas transições é o
determina a intensidade da cor. O grupo químico que provoca a coloração se chama cromóforo.
Nos pigmentos orgânicos os principais grupos cromóforos são –NO, -N=N-, -C=C-, C=O.
• A avaliação e controle da tonalidade pode ser feita de forma visual (comparação com amostras
“padrão”) ou por meio de equipamentos como espectrofotômetros ou colorímetros.
PIGMENTOS: AVALIAÇÃO DA COR

A avaliação de uma cor em desenvolvimento em


relação a um padrão é comumente avaliado pelo
E. O E é o resultado obtido a partir da diferença
vetorial observada entre os 3 eixos (a, b, L):
PIGMENTOS: SELEÇÃO CORRETA DO PIGMENTO
• Ao se selecionar o tipo de pigmento, deve-se levar em conta o tipo de polímero ao que o
pigmento será incorporado, condições de processamento e uso final do produto a ser
fabricado.
• Outros aspectos como abrasão causada pelas partículas de pigmento nos equipamentos de
processamento, facilidade de dispersão e efeitos na cristalização de polímeros (ação
nucleante) devem também ser considerados.
Polímero Requisitos dos pigmentos
ABS Estabilidade térmica, resistência à luz, boa dispersabilidade.
Poliacetal Alta pureza e estabilidade térmica.
Moderada estabilidade térmica, resistência à luz e ao intemperismo, resistência à oxidação
Acrílicos
durante o processamento cast (polimerização de chapas a partir do monômero).
Fluorados Excelente estabilidade ao calor, a ácidos e álcalis. Pigmentos orgânicos devem ser evitados.
Excelente estabilidade ao calor, boa dispersabilidade. Dos polímeros orgânicos, apenas as
Poliamidas
Ftalocianinas podem ser utilizadas.
Resistência à luz e à migração. Pigmentos de zinco e manganês devem ser evitados pois
Polietilenos
aceleram a oxidação.
Boa resistência à luz e à migração. A maioria dos orgânicos e inorgânicos são adequados,
PVC
excetos os sensíveis à condições ácidas.
Poliéster Resistência aos inibidores (hidroquinonas) e aos agentes de reticulação (peróxidos).
insaturado

Fonte: RABELLO, M. - “Aditivação de Polímeros” – São Paulo: Artliber Editora, 2000.


PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Resistência ao Calor
• Altas temperaturas e taxas de cisalhamento na mistura e processamento podem afetar as
propriedades dos pigmentos. Além da temperatura, o tempo de exposição é importante.
• Resistência térmica: mais alta temperatura que um pigmento pode ser exposto por um tempo
de 5minutos sem que haja mudança significativa de cor.
– Pigmentos inorgânicos: podem resistir até 750ºC (caso dos pigmentos de cádmio). Exceções: laranjas
baseados em cromatos de chumbo e zinco, o quais escurecem por volta de 250ºC.
– Pigmentos orgânicos: com exceção do negro de fumo, os pigmentos orgânicos
resistem apenas por pouco minutos a 200ºC. Tempos prolongados levam à
decomposição, escurecimento e sublimação.
• Se ocorrer decomposição do pigmento durante o processamento, os
radicais livres gerados podem acelerar a degradação do polímero-base,
resultando em redução nas propriedades mecânicas.

Resistência à radiação ultravioleta


• Na maioria das aplicações não importa o pigmento possuir excelente poder de
recobrimento ao polímero se não for resistente aos efeitos da radiação UV e do
tempo, principalmente em aplicações externas. Alguns pigmentos absorvem
radiação UV, como azul ftalocianina e o dióxido de titânio.
• Temperatura a que o material está exposto é um dos fatores que mais acelera a
degradação foto-oxidativa: cores escuras tendem a absorver mais a radiação
infravermelho, elevando a temperatura.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Cor do Temperatura
produto (°C)
Resistência ao intemperismo
• Calor, umidade e impurezas na atmosfera, como dióxido de
Branco 33
enxofre, sulfeto de hidrogênio, ácidos, álcalis, etc, afetam a
Amarelo 38
estabilidade ao intemperismo de polímeros pigmentados,
Vermelho 40
provocando mudanças de tonalidade, escurecimento,
Azul 41 desbotamento, etc. Exemplos: laranjas de cromo que contém
Verde 43 cromatos de chumbo reagem com compostos de enxofre para
Cinza 47 formar sulfeto de chumbo (que é branco).
Marrom 49 • Avaliação deve ser feita por equipamentos de envelhecimento
Preto 50 acelerado em câmaras climáticas (Weather-O-Meter) e em
câmaras de UV (C-UV ou Q-UV), mas os resultados devem ser
Exemplo do efeito da cor na
temperatura superficial de peças de interpretados de forma comparativa.
PVC. Fonte: RABELLO, M. Aditivação
de Polímeros. São Paulo: Artliber
Editora, 2000.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Resistência à migração
Existem 4 tipos básicos de processo de migração e, em todos eles, a migração é mais acentuada
em polímeros com Tg abaixo da temperatura ambiente (exemplos: filmes de PEBD e mangueiras
de PVC flexível com elevadas dosagens de DOP). A migração também aumenta com a
temperatura.
1) Sangramento (Solvent bleeding): extração do pigmento por um solvente em contato com a
peça. Depende da solubilidade do pigmento no solvente, natureza química do polímero,
tamanho de partícula do pigmento e da temperatura. Consequência imediata: perda de
tonalidade.
2) Contact bleeding: migração do pigmento do polímero para o material que está em contato
com o mesmo. Comum em filmes e peças com corantes (devido maior mobilidade) e em
polímeros cristalizáveis como o PP e PE.
3) Eflorescência (Blooming): migração de partículas de pigmento para a superfície. Pode
ocorrer em dias ou meses e é devido à cristalização de pigmentos solúveis após o
processamento a quente. Em alguns casos, este efeito é desejável, pois se obtém uma
superfície texturizada.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Resistência à migração
4) Plate-out: deposição de polímeros pigmentados em superfícies das máquinas de
processamento (cilindros de calandras e matrizes de extrusoras), causando defeitos
superficiais, contaminações e variações nas dimensões. Pode ser devido a pouca
compatibilidade do pigmento com o polímero e/ou com os outros aditivos. Pode ser
minimizado pelos seguintes métodos:
• Melhoria nas condições de dispersão.
• Adição de substâncias ativadoras na superfície.
• Modificação na formulação (estabilizantes, lubrificantes, etc).
• Mudança do pigmento.
Em aplicações que tenham contato com produtos alimentícios e farmacêuticos, os requisitos
de não-migração são muito mais severos e o aditivo deve ser inerte ao organismo caso
contamine o produto.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Dispersão do pigmentos
• Partículas de pigmento possuem normalmente tamanho pequeno (0,01 a 1mm) para se obter
alto poder de recobrimento. Estas partículas tendem a se agregar e aglomerar durante a
manipulação e processamento.
• O poder de recobrimento (poder de cobertura) de um pigmento é o grau com que este impõe
uma cor a um pigmento branco padrão. Na relação desempenho/custo de um pigmento, o
poder de recobrimento é um dos fatores decisivos e está relacionado com a dispersabilidade
do pigmento.
• Facilidade de dispersão é a medida de tempo para o pigmento alcançar o máximo poder de
recobrimento sob determinadas condições de mistura: um pigmento de menor poder de
recobrimento mas com excelente dispersão pode oferecer melhores resultados que um
pigmento com maior poder de recobrimento e dispersão difícil.

Micrografia mostrado dispersão de pigmento em PEBDL produzido pelo processo de moldagem


rotacional, sendo: (a) dispersão deficiente (b) dispersão eficiente.
Fonte: RABELLO, M. Aditivação de Polímeros. São Paulo: Artliber Editora, 2000.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Etapas do processo de dispersão do pigmento:
1) Desagregação: contato da partícula com o equipamento de mistura a frio ou a quente, e
pelo contato partícula-partícula. Etapa crucial pois o pigmento não é fornecido no tamanho
de partícula adequado para o efetivo poder de recobrimento.
2) Molhamento: depende da tensão e energia superficiais do pigmento e do veículo fundido
(polímero, plastificante e/ou ceras), além da área específica e geometria da partícula. O
molhamento é mais eficiente com o aumento da temperatura.
3) Distribuição: a boa distribuição das partículas desagregadas e molhadas é alcançada em
altas temperaturas de processamento (visando atingir baixa viscosidade), tempos longos e
fluxo turbulento.
4) Estabilização: forças de atração entre as partículas devem ser superadas por energia
externa fornecida durante a dispersão. Partículas menores (de alta área específica)
tendem a se reaglomerar: em polímeros fundidos é mais difícil de ocorrer devido a maior
viscosidade, mas em plastissóis de PVC e termofixos a reaglomeração pode ocorrer
dependendo da polaridade do líquido.

O grau de dispersão de uma mistura polímero-pigmento depende de:


• Interações específicas entre moléculas do pigmento e grupos funcionais do polímero.
• Constituição química, tamanho de partícula e forma das partículas do pigmento.
• Viscosidade do polímero fundido (e, consequentemente, temperatura da mistura).
• Eficiência do equipamento de mistura e processamento.
• Presença de outros aditivos, especialmente, auxiliares de processamento.
PIGMENTOS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
POLÍMERO-PIGMENTO
Dispersão inadequada pode ter como consequências:
• Flutuações na intensidade da cor.
• Desvios de tonalidade.
• Obstrução da tela metálica da extrusora e depósitos nas matrizes de extrusão.
• Rasgamento do balão na extrusão de filmes tubulares.
• Rasgamento de monofilamentos, multifilamentos, ráfia e fitas durante a extrusão.
• Fragilização.
• Propriedades mecânicas de um polímero com
Retenção da Resistência ao Impacto (%)

pigmentos não dispersos se reduzem, uma vez


que as partículas não dispersas atuam como
concentradores de tensão, reduzindo a
resistência ao impacto.
• No rotomoldagem de PEBDL, o desempenho de
peças pigmentadas depende da dispersão obtida
no processo de mistura polímero em pó +
pigmento em pó.

Fonte: RABELLO, M. Aditivação de Polímeros. São Paulo: Artliber Editora, 2000.

Efeito do tempo de processamento na resistência ao impacto de


peças rotomoldadas de PEBDL contendo 0,2% de TiO2.
PIGMENTOS: EXEMPLO DA DISPERSÃO EM
ROTOMOLDAGEM DE PEBDL.

Sequência básica:
1) Micronização do PEBDL
(menor que 600 mm ou
0,6mm).
2) Preparação do composto em
pó (mistura seca ou mistura
à quente).
Mistura Seca Mistura à Quente:
(Dry Blend): Mistura PEBDL 3) Carregamento.
Mistura PEBDL
micronizado +
+ pigmentos em 4) Aquecimento.
extrusora e
pigmentos em posterior 5) Resfriamento.
misturador
intensivo.
micronização do 6) Desmoldagem da peça.
composto.

Incorporação PE micronizado
Incorporação completa e
apenas superficial. peças até 15%
mais resistentes.
PIGMENTOS ESPECIAIS
Pigmentos utilizados para se obter efeitos perolizados (ou perolados), fluorescência, efeito
metálico e efeitos texturizados.
• Efeito perolizado: utilização de finas partículas de mica (2-10mm) revestidas com dióxido de
titânio ou de ferro, produzindo um efeito de interferência ótica que se assemelha ao brilho de
pérola.
• Fluorescência: pigmentos solúveis no polímero especialmente usados em dispositivos visuais
(outdoors, painéis, etc).
• Pigmentos metálicos: pós metálicos (geralmente alumínio) à massa polimérica na forma de
• concentrados especiais (0,1% a 5% de concentração). Aspecto metálico também pode ser
obtido pela combinação de pigmento perolizado (à base de mica) com negro de fumo.
• Efeitos texturizados: incorporação de partículas aglomeradas de pigmentos, resultando em
aspectos amadeirados, marmorizados, etc). O sucesso da textura depende do tipo de
pigmento (carga) utilizado e das condições de processamento (baixo cisalhamento). Partículas
devem ser o mais esféricas possível para evitar marcas de fluxo e linha de soldas visíveis.
Como os aglomerados atuam como concentradores de tensão, as peças moldadas com estes
pigmentos devem ser utilizados apenas para fins decorativos devido resistência mecânica
inferior.

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