Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

FELIPE FRANÇA SITONIO

Qualificação: Análise de densidade das emulsões explosivas confinadas em


furos de desmonte de rocha

Porto Alegre
2021
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................3
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................4

3.1 EMULSÕES EXPLOSIVAS EM DESMONTE DE ROCHA ...................................................5


3.2 MODELAGEM NUMÉRICA EM DESMONTE DE ROCHA COM O FEM...............................6
3.3 APLICAÇÃO DO FEM UTILIZANDO LINGUAGEM COMPUTACIONAL PYTHON................7

4 METODOLOGIA PROPOSTA E RESULTADOS PRELIMINARES.........................7

4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DO SENSOR DCD .......................................................7


4.2 PRODUÇÃO DOS CORPOS DE PROVA.........................................................................8
4.3 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE DE DADOS E ANÁLISE.........................................9
4.4 VALIDAÇÃO DO ACESSÓRIO EM TESTES EXPERIMENTAIS EM LABORATÓRIO................9
4.5 AQUISIÇÃO DE DADOS EM DESMONTES DE ROCHA DE BANCADAS A CÉU ABERTO ......11
4.6 PROCESSAMENTO , MANIPULAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...........................12
4.7 AVALIAÇÃO DAS DETONAÇÕES UTILIZANDO O FEM ..............................................14

5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ..........................................................................14


REFERÊNCIAS ..............................................................................................................15
3

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento nos processos de desmonte de rocha com o uso de explosivos


vem trazendo evoluções significativas no que diz respeito ao controle dos parâmetros em
detonações de bancadas a céu aberto. Especificamente em relação às propriedades das emulsões
explosivas existe um entendimento da importância do controle de sua densidade , que por sua
vez reflete diretamente na sensibilidade do material, velocidade de detonação (VOD), entre
outras variantes.
Ainda que as operações dos caminhões de bombeamento utilizados no carregamento
explosivo nos furos de desmonte estejam em plena evolução tecnológica, o controle de aferição
da densidade utilizado em campo costuma negligenciar as condições de confinamento do
explosivo dentro dos furos já tamponados, seja em relação à pressão hidrostática ao longo do
furo e até mesmo questões geomecânicas e de temperatura.
Em consonância com alguns trabalhos pioneiros desenvolvidos ao longo das duas
últimas décadas, como os projetos de Zeman e Trzciński (2002) e Canto (2018), e com o intuito
de desenvolver uma evolução nos controles de desmonte de rocha no âmbito profissional e
acadêmico, o presente projeto baseia-se na criação de um dispositivo eletrônico para medição
da densidade do explosivo emulsionado confinado nos furos de desmonte de rochas em
bancadas a céu aberto.
Além da tomada de dados já adquiridos em duas minerações, a saber: a Pe dreira
Guarany, localizada em Jaboatão dos Guararapes - PE; e Mina Tucano (Great Panther Mining),
localizada em Pedra Branca do Amapari - AP, faz-se necessário a ampliação do raio de atuação,
para validação e análise do protótipo em desmontes de rocha com diferentes situações
geológicas, de temperatura e também variações nos parâmetros do plano de fogo , bem como a
realização de testes experimentais em laboratórios de desmonte.
Adicionalmente, os resultados de densidade das emulsões explosivas calculadas in situ
serão incorporados a uma modelagem numérica utilizando o Método dos Elementos Finitos
(FEM) por intermédio de programação computacional em linguagem Python, para que seja
gerada uma análise de distribuição energética das cargas detonantes em toda a extensão das
bancadas, por intermédio de seus parâmetros de controle. Os resultados serão então discutidos
para elucidar o comportamento das emulsões explosivas em confinamento e propor novas
diretrizes para análise dos desmontes de rocha a céu aberto.
4

2 OBJETIVOS

A partir da identificação de internalidades operacionais causadas pela aferição defasada


da densidade final das emulsões explosivas bombeadas em detonações nas minerações a céu
aberto, o presente estudo estabeleceu algumas metas, visando como objetivo geral propor
instrumentos e metodologias de análise criteriosa para a variação da densidade dos explosivos.
Para tanto, contará com os seguintes objetivos específicos, a saber:

(i) Levantar junto à literatura nacional e internacional os principais trabalhos que levaram
em consideração o controle da densidade das emulsões explosivas como parâmetro
operacional primordial na efetividade das detonações;
(ii) Disponibilizar uma literatura atualizada que comprove a eficiência de um controle
operacional realizado na variação de densidade das emulsões ao longo dos furos de
desmonte, em consonância com a sua real importância;
(iii)Determinar com precisão os condicionantes desta variação de densidade ao longo dos
furos, para melhor tomadas de decisão na composição das emulsões explosivas;
(iv)Criação de dispositivos de alto impacto nas operações de mina dentro do ambiente
acadêmico, podendo o mesmo desenvolver-se amplamente no âmbito profissional num
futuro;
(v) Utilização de sensores eletrônicos para aquisição de dados em tempo real, linguagens
de programação e modelagem numérica para tomadas de decisão no desmonte de rocha
com o uso de explosivos, em consonância com as novas diretrizes da mineração.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Uma pesquisa do estado da arte relativa a análises de comportamento das emulsões


explosivas foi realizada, sobretudo no que concerne a sua densidade. Por se tratar de um
ambiente confinado e das mais variadas profundidades, a construção de um equipamento que
atue dentro de um furo de desmonte de rocha confinado pode ser considerado como um projeto
inovador nesta modalidade. Ainda sim, diversos trabalhos vêm sendo elaborados ao longo dos
anos a fim de verificar as consequências na variação da densidade das emulsões explosivas,
seja teoricamente ou em ensaios de laboratório.
5

3.1 Emulsões explosivas em desmonte de rocha

As emulsões explosivas foram desenvolvidas há pouco mais de 50 anos (Egly e Neckar,


1964). De forma geral, o produto é obtido por adição de uma solução sensibilizante a uma
matriz emulsionada, contendo uma quantidade substancial de oxidantes dissolvidos e envoltos
por um combustível imiscível (Bandhari, 1997).
Por conta de sua reologia, o explosivo emulsionado necessita de um tempo de reação
dentro do furo para que o mesmo expanda volumetricamente e obtenha a densidade ideal antes
de ser tamponado. Medina (2014) menciona que o produto explosivo é afetado pela pressão
hidrostática, uma vez que a mistura contém bolhas de nitrogênio. Portanto, um aumento na
densidade é gerado no fundo do furo à medida que o volume das bolhas de gás diminui.
Conforme citado por Campbell (2018), variações nas misturas de explosivos
emulsionados podem fazê-los ter uma maior densidade final, e assim maior razão de carga; ou
uma menor densidade, reduzindo o custo unitário direto do desmonte. A avaliação de um plano
de fogo é realizada assumindo que os explosivos terão uma performance consonante às suas
especificações, o que pode não ser verdade em todos os casos (Agrawal e Mishra, 2017). Uma
vez que a redução na VOD acarretará numa redução da pressão de detonação e disponibilidade
de energia nas ondas de choque do explosivo, e este parâmetro é intrinsicamente ligado à
densidade final do explosivo no ato da detonação, experimentos que evidenciem o seu valor
final é completamente necessário para a análise da qualidade das emulsões (Yunoshev et al,
2012).
Cudzilo et al (2002) estudaram a performance de cinco emulsões explosivas contendo
microesferas de vidro e com matriz emulsionante preparada utilizando soluções aquosas de
nitrato de amônia, bem como combinado com outros nitratos. Os testes de expansão em cilindro
e com morteiro balístico observaram uma redução da performance explosiva quando
adicionados nitritos metálicos à solução aquosa, além de observar uma grande influência na
sensibilização da emulsão com a variação dos diâmetros nos furos de detonação. Em
contrapartida, Cheng et al (2017) observou um aumento no poder de detonação dos explosivos
emulsionados quando sensibilizados com certa dose de TiH 2.
Um estudo com o intuito de relacionar a VOD e a variação dos agentes gasificantes e
a densidade das emulsões foi realizado por Mishra et al (2017). O nitrito de sódio (NaNO2) foi
utilizado como agente gerador dos gases em diferentes concentrações e em diferentes
temperaturas. Como conclusão, observou-se um aumento linear no VOD do explosivo em
densidades entre 0,95 a 1,15 g/cc e falhas de detonação em valores acima de 1,27 g/cc. Contudo,
6

grande parte dos estudos levam em consideração apenas os valores de densidade encontrados
em aferições onde não há confinamento, como a medição em copo, comumente utilizada nas
operações de campo. Além disto, o fenômeno de compressão hidrostática dentro dos furos de
desmonte de rocha é negligenciado, mesmo que tenha papel fundamental no valor real da
densidade do explosivo. Conforme citado por Cavanough e Onederra (2011), um melhor
entendimento da performance de uma detonação de uma carga explosiva pode ser alcançada
por medições diretas de pressão, temperatura e VOD, levando em consideração seu grau de
confinamento e propriedades do maciço rochoso de entorno dos furos.

3.2 Modelagem numérica em desmonte de rocha com o FEM

Individualmente ou em paralelo a outros métodos, o FEM tem sido amplamente


utilizado na simulação das propriedades de emulsões explosivas e estimativa energética em
desmonte de rochas por explosivos. A abordagem numérica via FEM permite acompanhar, no
tempo e no espaço, a propagação das ondas sísmicas pelo maciço rochoso, facilitando a
análise da sua resposta aos esforços dinâmicos gerados. O método apresenta eficiência para
lidar com geometrias complexas e numerosas heterogeneidades no meio geológico (Zorzal,
2019), adotando a discretização espacial usando uma malha de elementos finitos,
interconectados por pontos nodais.
Conforme citado por Hansson (2009), a utilização de teorias de detonação para
prever as propriedades dos explosivos, aliadas à aquisição de dados em tempo real pode ser
considerado um método efetivo para prever a performance das emulsões em um desmonte de
rocha. Uma das teorias mais utilizadas para tal é a equação de estado de Jones-Wilkins-Lee
(JWL), que pode ser utilizada tanto para um explosivo não detonado como para os produtos
da detonação, contanto que os parâmetros apropriados sejam selecionados (Lee et al, 1973).
Abaixo, uma representação da equação JWL:

Na equação, P representa a pressão, V o volume relativo, T a temperatura, w o


coeficiente de Gruneisen, Cv é o calor específico a volume constante, A, B, C, R1, R2 e w são
constantes características do explosivo de caráter empírico. O valor w.Cv é expresso em
(GPa/K) e A (GPa), B (GPa), R1 e R2 são constantes empíricas.
7

3.3 Aplicação do FEM utilizando linguagem computacional Python

Python é um linguagem de programação em script, imperativa, orientada a objetos, o


que significa que o código de resultado é interpretado assim que executado e não compilado
como em linguagens C e Fortran, por exemplo. Este fato traz algumas vantagens como
também situações desfavoráveis. De acordo com Neto et al (2013), o alto nível de abstração
do Python torna a programação mais conveniente e amigável, já que permite conectar
diferentes aplicações, como pacotes para cálculo de FEM, por exemplo.
Por outro lado, existe uma preocupação com a performance em aplicações de cálculo
numérico. Contudo, a existência de uma grande variedade de bibliotecas de suporte numérico
como NumPy, SciPy e Matplotlib, a linguagem Python pode ser utilizada para desenvolver
aplicações numéricas com bastante eficiência.
Particularmente utilizado para soluções de FEM, o SfePy é um software de código
aberto utilizado para implementar o cálculo numérico diretamente na plataforma Python, com
solução a partir de uma equação diferencial parcial (EDP) em duas ou três dimensões e alta
confiabilidade (Cimrman et al, 2018).

4 METODOLOGIA PROPOSTA E RESULTADOS PRELIMINARES

Levando em consideração que durante os dois primeiros anos do doutorado no


Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais (PPGE3M)
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além da realização de boa parte dos
créditos obrigatórios do curso, o Dispositivo de Cálculo de Densidade (DCD) já foi
materializado e utilizado em diferentes situações de desmonte de rocha. Desta forma, os
próximos passos da pesquisa se baseiam neste fato.
Para obtenção de resultados satisfatórios, uma metodologia técnico-científica foi
criada para o presente projeto. Abaixo, uma síntese dos pontos que já foram concluídos e os
projetados para os anos de 2021 e 2022 é discriminada, com seu respectivo cronograma de
atividades futuras.

4.1 Construção do protótipo do Sensor DCD

O sensor de pressão MPX5700AP, capaz de medir a pressão absoluta de gases entre


15kPa a 700 kPa e temperaturas entre 0 o C e 85 o C, foi definido como peça principal do
8

equipamento. Com o estudo de técnicas de soldagem eletrônica e auxílio do manual do produto


(FREESCALE SEMICONDUCTOR, 2009), o Sensor DCD foi desenvolvido em um esquema
de placas eletrônicas vazadas contendo um Arduino Nano V3.0 como interface entre o
dispositivo e o computador utilizado para aferição. Um conjunto de dois sensores foi construído
(Imagem 01), com a idéia de obter-se dados no fundo e no topo dos furos de desmonte, levando
em consideração que a densidade do explosivo emulsionado varia ao longo da coluna por
questões hidrostáticas.

Imagem 01 – Placa interna do equipamento DCD, contendo os dois sensores MPX5700AP,


seus respectivos capacitores e o Arduino V3.0. Ao lado, um modelo do corpo de prova.

4.2 Produção dos corpos de prova

Após várias tentativas de definição relativas ao esquema de construção dos corpos de


prova, os materiais e dimensões do mesmo foram definidos, conforme Imagem 02. O mesmo
demonstrou grande eficácia quando atuando em situações de pressão similares às encontradas
nos furos de desmonte de rocha (Imagem 02). Para os testes experimentais iniciais, um total de
32 (trinta e dois) corpos de prova foram produzidos.

Imagem 02 – Corpo de prova do DCD inflado, simulando os ensaios a serem realizados nos
desmontes de rocha.
9

4.3 Desenvolvimento do software de dados e análise

Com a consultoria da Delion Software possibilitada pelo aporte financeiro da


Fundação Luiz Englert (FLE), uma programação computacional foi ajustada ao dispositivo e
um software desenvolvido para captação (Figura 01) e posterior processamento das pressões
aferidas pelos corpos de prova, realizando o cálculo da densidade das emulsões explosivas no
entorno dos corpos de prova.

Figura 01 – Tomada de dados de pressão dos corpos de prova, adquiridos em desmonte de


rocha realizado na Mina Tucano – Great Panther Mining, no dia 30/10/2020.

4.4 Validação do acessório em testes experimentais em laboratório

O protótipo foi então testado nos testes de laboratório, em colunas de tubo de PVC
com diâmetros e altura compatíveis às dimensões encontradas em desmontes de rocha, ainda
que utilizando água e óleo de soja como meio externo. Os valores de densidade encontrados
estiveram em conformidade com o esperado, validando assim o Sensor DCD para ser utilizado
na aferição da densidade de emulsões explosivas. Mangueiras hidráulicas, infladores
pneumáticos e válvulas de retenção foram utilizados para controle de entrada e saída de ar,
manipulando a pressão no corpo de prova para aquisição dos dados no Sensor DCD, conforme
Figura 02.
10

Figura 02 – Metodologia elaborada para testes de laboratório do Sensor DCD.

A aquisição de dados no software é realizada conforme passo -a-passo:

→ O peso da coluna explosiva pressiona o corpo de prova;


→ O sinal é transmitido pelo conjunto de mangueiras hidráulicas;
→ O sensor MPX5700AP converte o sinal em diferença de potencial (DDP);
→ A voltagem é transformada em unidades de pressão (kPa), conforme Figura 03;
→ O valor de pressão em kPa é enviada à porta USB selecionada no computador;
→ Os dados são coletados em tempo real pelo software.

Figura 03 – Conversão de dados de DDP, em V para valores de pressão, em kPa


Fonte: FREESCALE SEMICONDUCTOR, 2009.
11

4.5 Aquisição de dados em desmontes de rocha de bancadas a céu aberto

Um procedimento foi criado para instalação do sensor, controle de carregamento do


explosivo no furo, medições e tempo de espera para posterior aquisição dos dados no
computador. O processo se provou eficaz quando utilizado nos desmonte de rocha avaliados na
Pedreira Guarany e Mina Tucano, realizados nos meses de Outubro e Novembro de 2020.
Os testes da Pedreira Guarany tiveram o objetivo de avaliar a metodologia em um
ambiente de desmonte de rocha a céu aberto, a fim de que o processo não tivesse impacto
negativo na operação mineira, e ainda sim a aquisição pudesse ser realizada com máxima
precisão. Após definidos os procedimentos, três desmontes na Mina Tucano (Imagem 03) foram
monitorados.

Imagem 03 – Operação de carregamento da bancada a ser desmotada, realizada pela empresa


Orica e equipe de desmonte da Mina Tucano (Great Panther Mining).

No último desmonte, realizado no dia 30/10/2020, corpos de prova foram adicionados


em sete furos durante o carregamento, com o objetivo gerar dados em vários setores do
desmonte. Furos com diferentes diâmetros (levando em consideração que os parâmetros do
plano de fogo variam entre estéril e minério), com presença ou não de água e de diferentes
alturas foram escolhidos sistematicamente para que houvesse uma representatividade de toda a
bancada. A Imagem 04 demonstra o procedimento da tomada de dados na bancada a ser
detonada.
12

Imagem 04 – Aquisição dos dados de pressão absoluta no desmonte com o sensor DCD.

4.6 Processamento, manipulação e interpretação dos dados

Uma vez que os dados foram coletados entre 24/10/2020 e 03/11/2020, os mesmos
foram então processados e interpretados, gerando uma análise minunciosa dos processos de
carregamento explosivo na Mina Tucano, e seus reflexos na densidade final do explosivo ao
longo da coluna de detonação, conforme exemplo da Figura 04.

Figura 04 – Exemplar de relatório de densidade no Furo 178, em desmonte realizado na Mina


Tucano (Great Panther Mining) no dia 30/10/2020.
13

Os resultados gerados fizeram parte de um relatório de consultoria de desmonte


denominada FRAGCOM, onde o resumo pode ser visualizado na Tabela 01.

Tabela 01 – Parâmetros dos furos do desmonte de rocha em 30/10/2020.


Furo A0 A2 h (m) Ø W T (m) di df dA0 dA2
(m) (m) (pol) (g/cc) (g/cc) (g/cc) (g/cc)
54 1,7 6,2 8,4 4 Sim 1,6 1,207 1,154
125 1,8 5,8 7,8 5,5 Sim 1,6 1,32 1,13 1,219 1,154
176 1,8 6,5 8,5 4 Não 0,9 1,219 1,165
249 2,3 6 8,2 4 Não/b 1,7 1,189 1,141
82 1,7 6,6 8,6 5,5 Sim 1,8 1,31 1,15 1,213 1,167
117 1,1 5,4 7,3 5,5 Sm 1,4 1,201 1,155
194 2 6,5 7,9 4 Não 1 1,212 1,157

Sendo:
A0 - altura do sensor de fundo, tendo como referência a cota mais baixa do furo

A2 - altura do sensor de topo, tendo como referência a cota mais baixa do furo

h - comprimento do furo

Ø - diâmetro de perfuração

W - presença de água, com 'b' indicando o sopro da mangueira de carregamento no furo

T - altura da coluna de tampão

di - densidade inicial do explosivo carregado no furo, medido em copo pela operação da Orica

df - densidade final do explosivo após gasificação, medido em copo pela operação da Orica

dA0 - densidade calculada pelo sensor de fundo

dA2 - densidade calculada pelo sensor de topo.

Os resultados demonstraram-se promissores e em conformidade com a base teórica


utilizada. Conforme citado anteriormente, o efeito de pressão hidrostática (que aumenta
conforme a profundidade) pôde ser observado, tendo em vista que os corpos de prova alocados
no fundo dos furos de desmonte de rocha obtiveram valores de densidade maiores, quando
comparados com os corpos de prova instalados no topo do mesmo furo. Os próximos passos se
fazem essenciais para uma melhor conclusão acerca da atuação das emulsões explosivas nos
furos de desmonte de rocha e as implicações da variação de sua densidade no processo.
14

4.7 Avaliação das detonações utilizando o FEM

Neste trabalho, os dados aferidos em campo serão utilizados em conjunto com alguns
coeficientes calculados pela equação de estado JWL, a fim de criar um modelo numérico para
o explosivo utilizando o FEM. A análise será realizada por intermédio d e programação em
linguagem Python, com a utilização da biblioteca de código aberto SfePy.

5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Tabela 01 – Cronograma de atividades com as etapas já realizadas e as necessárias para


conclusão do projeto de tese.
2018 2019 2020 2021 2022
3o 1o 3o 4o 1o 2o 3o 4o 1o 2o 3o 4o 1o
Trim. Sem.. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim.

Obtenção de créditos
X X X X
em disciplinas

Proficiência em
X X
línguas estrangeiras

Revisão bibliográfica X X X X X X X X X X X

Construção do DCD e
X X X X
corpos de prova

Testes experimentais e
X X X
Trabalho de campo

Processamento dos
X X X X
dados

Modelagem numérica
X X X
em linguagem Python

Produção de artigo
X X
científico

Qualificação X

Produção da tese X X X X X X

Apresentação da tese X
15

REFERÊNCIAS

AGRAWAL, H.; MISHRA, A. K. A study on influence of density and viscosity of emulsion


explosive on its detonation velocity: Model Meas Control C78(03):316-336, 2018.

BHANDARI, S. Engineering rock blasting operations. AA Balkema, Rotterdam, pp 388,


1997.

CAMPBELL, A. Effect of explosive density and ring burden of recovery on fragmentation


and ore recovery in sublevel cave mines. Caving Conference, Queensland, 2018.

CANTO, V. H. P. Medicíon de la densidad de explosivos gasificables en el fondo de taladro


através de um dispositivo de monitoreo de presíon hidrostática em minería superficial.
Universidade Nacional de Trujillo, Departamento de Ingienaría de Minas – Peru. Trujillo, 2018.

CAVANAUGH, G.; ONEDERRA, I. Development of pressure and temperature gauges to


monitor in situ performance of commercial explosives. Transactions of the Institution of
Mining and Metallurgy, Section A: Mining Technology 120(2):74-79, 2011.

CHENG, Y.; MENG, X.; FENG, C.; WANG, Q.; WU, S.; MA, H.; SHEN, Z. The effect of
hydrogen containing material TiH 2 on the detonation characteristics of emulsion
explosives. Propellants, Explosive, Pyrotechnics, 2017.

CIMRMAN, R.; LUKES, V.; ROHAN, E. Multiscale _nite element calculations in Python
using SfePy. Advances in Computational Mathematics, 2018.

CUDZILO, S.; KOHLICEK, P.; TRZCINSKI, V.A.; ZEMAN, S. Performance of emulsion


explosives. Combustion, Explosion and Shock Waves, Vol. 38, No. 4, pp 463-469, 2002.

EGLY, R.S.; NECKAR A.E. Water-resistant sentisizers for blasting agents. US Patent.
(31):615, 1964.

FREESCALE SEMICONDUCTOR, Integrated silicon pressure sensor on-chip signal


conditioned, temperature compensated and calibrated. MPX5700 Series Manual, 2009.

GOUVEIA, V.; LEITE, F.; BRITO, P.; SOBRAL, R.; LEITE, A. Controle de desvio de furos
através do uso de sensores eletrônicos: uma aproximação de Euler. Boletim Informativo
Detónica, Vol. XIX, N. 52, Universidade do Porto, 2019.

HANSSON, H. Determination of properties for emulsion explosives using cylinder


expansion tests and FEM simulation. Swedish Blasting Research Centre (SWEBREC), 2009.

LEE, E.; FINGER, M.; COLLINS, W. JWL Equation of state coefficients for high explosives.
Lawrence Livermore Laboratory, C.A, 1973.

MEDINA, R. O. Evaluación técnico-econonómica-ecológica de los resultados de las


pruebas realizadas usando emulsiones gasificadas em Cuajone – Southern Perú. Tese da
Universidade Nacional de Ingienaría - Peru, 2014.
16

MISHRA, A.V.; ROUT, M.; SINGH, D.R.; JANA, S.P. Influence of gassing agent and
density on detonation velocity of bulk emulsion explosive. Geotech Geol Eng, 2017.

NETO, D.P.; FERREIRA, M.D.C.; PROENÇA, S.P.B. An Object-Oriented class design for
the Generalized Finite Element Method programming. Latin America Journal of Solid
Structures, 2013.

YUNOSHEV, A.S.; PLASTININ, A.V.; SILVESTROV, V.V. Effect of the Density of an


Emulsion Explosive on the Reaction Zone Width. Combustion, Explosion and Shockwaves,
Vol. 48, No.3, pp. 319-327, 2012.

ZEMAN, S.; TRZCINSKI, W. A. Performance of emulsion explosives. Combustion


Explosion and Shockwaves, Vol. 38, No. 4, pp. 463-469, 2002.

ZORZAL, C. S. Análise dinâmica via MEF das vibrações induzidas pelo desmonte de
rochas. Universidade Federal de Ouro Preto - PPGEM, 2019.

Você também pode gostar