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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Química
Departamento de Operações e Projetos Industriais
Laboratório de Engenharia Química I

RELATÓRIO 7:
PENEIRAMENTO

JULIANA MIRANDA SAAVEDRA DE PAULA


LARISSA DE ALCANTARA LIMA

Rio de Janeiro
Agosto de 2022

1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................3
2. OBJETIVO ............................................................................................................................................4
3. METODOLOGIA ...................................................................................................................................4
3.1 Descrição sucinta do equipamento .................................................................................................7
3.2 Procedimento Operacional .............................................................................................................8
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..........................................................................................................7
5. CONCLUSÃO .....................................................................................................................................16
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................17

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1. INTRODUÇÃO

Existem vários métodos de medição do tamanho de partículas ou


determinação da granulometria. A opção mais apropriada para cada caso depende
do tipo de medida desejada, densidade e tamanho das partículas, sem mencionar
nos aspectos práticos como qualidade de amostra, frequência de análise e grau de
automatização[1].
Dentre os diversos tipos de determinação granulométrica, o peneiramento é
o mais utilizado[1]. O peneiramento é a separação, considerando apenas o tamanho de
um material com tamanhos diferentes em dois ou mais agrupamentos, sendo estes
limitados superiormente e inferiormente [2].
Na indústria, com o progresso no processo de qualidade dos produtos surgiu a
necessidade de padrão de referência para o peneiramento, surgindo então os padrões
de comparação como a Tyler. Desse modo, favoreceu não apenas o controle das
operações de fragmentação, assim como os produtos finais provenientes das mesmas [3].
A utilidade na separação de sólidos está associada a duas finalidades: decompor
o sólido granular em frações homogêneas e adquirir frações com partículas de mesma
dimensão. Contudo, não é fácil obter os dois intuitos concomitantemente [4].
No peneiramento, o sólido alimentado é deslocado acima da peneira que
possui determinado tamanho de abertura, as partículas menores (undersize ou finas)
atravessam as aberturas, que podem ser constituídas por fios de malhas, e as partículas
maiores (grossas ou oversize) ficam retidas. O alvo é retirar os finos, separação dos
grossos ou "corte" da alimentação pretendendo sua concentração. No peneiramento
ideal existe um diâmetro de corte que restringe o tamanho máximo das partículas da
fração fina e o mínimo da fração grossa [4].

Figura 1: Regimes de escoamento de acordo com o aumento da velocidade do fluido

3
No funcionamento, a amostra é inserida sobre a peneira com a malha de abertura
maior e ocorre a movimentação em ensaio padronizado do conjunto de peneiras
alocadas uma sobre as outras em ordem decrescente da abertura das malhas.
Embaixo da última peneira possui uma panela que coleta a fração mais fina que se
[5]
deslocou por entre todas as peneiras em série . O uso de uma peneira proporciona a
separação apenas de duas frações que são denominadas não classificadas, pois se
identifica apenas as medidas extremas de cada fração, ou seja, a maior partícula do
fragmento fino e a menor do fragmento grosso. Com maior quantidade de peneiras é
possível adquirir frações classificadas, já que se torna uma classificação
granulométrica[4]. No processo pode ocorrer a retenção das partículas finas nas grossas
devido ao incorporamento do pó às partículas maiores, agrupamento dos finos (coesão
ou outras forças), anomalia nas malhas e procedimento de operação. Além disso, a
passagem dos grossos pelas malhas pode ser explicada pela anomalia das malhas,
caso as partículas grossas possuem tamanho aproximado do diâmetro de corte e
carga exagerada na peneira que pode impor a passagem pelas malhas [4]. As
peneiras podem funcionar a úmido ou a seco (sólidos com pouca umidade). Na
classificação a úmido, adiciona-se água ao material, aplica-se geralmente a
grupamentos de partículas muito finas par a favorecer a passagem das partículas finas
onde o peneiramento a seco não opera de modo competente, além disso, pode o
[2 ] [ 4]
correr o entupimento da peneira . Contudo, no peneiramento a seco as partículas
percorrem a superfície da malha e são submetidas às aberturas em uma disputa
probabilística na busca da abertura da tela, sendo necessário para favorecer o processo
uso de telas mais longas que as usadas para o processo a úmido [3].

2. OBJETIVO
Determinar a distribuição cumulativa experimental de uma amostra de areia,
comparando os dados obtidos com os modelos de Gates-Gaudin-Shaumann (GGS),
Rosin-Rammler-Bennet (RRB) e Sigmóide. Adicionalmente, calcular o diâmetro médio de
Sauter.

4
3. METODOLOGIA
Diâmetro médio de Sauter
O diâmetro médio em superfície, Ds, também conhecido como diâmetro médio
de Sauter, é um dos diâmetros médios mais importantes, pois é diretamente relacionado
com a área superficial por unidade de volume e com a fração volumétrica da fase
dispersa, φ, podendo ser escrito como:

1
d=
∑ xi /di

Onde d é representado pela expresão do modelo de distribuição GGS, conforme a


equação:
1
m
d= k y

O diâmetro médio de Sauter é uma medida mais precisa do que somente se


fosse realizada a média ponderada para se encontrar o diâmetro médio da amostra,
pois o mesmo leva em consideração os parâmetros que caracterizam a mesma. Com o
intuito de ajustar os dados obtidos, faz-se necessário a utilização de modelos de
distribuição acumulada. Para a execução dos cálculos, serão utilizados três modelos
distintos. Para que os modelos de distribuição sejam compreendidos, faz -se necessária
a elucidação do significado de alguns parâmetros:
Y - fração mássica de partículas menores que um determinado diâmetro;
X - fração mássica de partículas de um determinado diâmetro;
d - diâmetro de referência.

Modelo de Gates-Gaudin-Shaumann (GGS)

Este modelo é relativamente simples, do ponto de vista da sua aplicação. Ele


é representado pela equação:

5
m
d
y= ()
k

Os termos k e m representam parâmetros a serem ajustados aos dados do


peneiramento. Desta equação pode extrair-se que, quando y=1, todas as partículas da
amostra são menores que um diâmetro d, que é chamado de diâmetro máximo que,
neste modelo, é representado pelo k.
Neste experimento será utilizada a técnica da regressão linear, de forma a se
obterem resultados mais precisos. Este modelo é pouco utilizado, pois ele possui um
erro associado. Se fizermos d tender a infinito, y também tenderá, mas este não é o
comportamento que se observa.

Modelo Sigmóide
Esse modelo é representado pela equação:

1
y= m
k
1+()d

Analogamente ao modelo GGS, os parâmetros k e m serão ajustados aos dados


de peneiramento. Estes parâmetros serão encontrados através da técnica de regressão
linear. É possível observar que, este modelo corrige o erro associado ao GGS, pois se
fizermos d tender a infinito, k tenderá a zero. Consequentemente, y tenderá a um e este
comportamento pode ser observado.

Modelo Rosin-Rammler-Bennet (RRB)


É representado pela seguinte equação:

[ ( )]
m
d
y= 1− exp −
k

Analogamente aos modelos GGS e Sigmóide, os parâmetros k e m serão


ajustados aos dados de peneiramento e a técnica de regressão linear será utilizada de
forma a se obterem os parâmetros m e k.
De posse dos parâmetros m e k, encontrados a partir dos mínimos quadrados

6
aplicados a cada modelo, será possível dizer qual o melhor modelo, sendo este o que
apresentar a menor soma dos quadrados.

3.1 Descrição sucinta do equipamento

O Conjunto Didático Experimental “Peneiramento” consiste basicamente de uma


série de peneiras (com tampa e fundo), um agitador mecânico e uma balança analítica.

3.2 Procedimento Operacional

 Deve-se pesar entre 200 e 300 g de areia na balança.


 Pesam-se as peneiras e os fundos.
 Constrói-se a metade da série no agitador, com a amostra na peneira de topo, e
se deixa vibrar por aprox. 30 min.
 Pesa-se o conteúdo do fundo e de uma peneira do meio.
 Continua-se o peneiramento por períodos de 10-15 min, até que o peso do
conteúdo do fundo e da peneira do meio seja constante. Posteriormente, se pesa
o conteúdo de todas as peneiras.
 Repete-se este mesmo procedimento para a segunda metade da série, mas
esta vez, usando o conteúdo do fundo da série anterior.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados coletados pelo procedimento experimental obtidos pelo grupo estão
descritos na tabela abaixo:
Massa da peneira Massa peneira + Massa fração
Peneira Mesh
vazia (g) fração (g) (g)
1 16 441,66 441,67 0,01
2 20 441,84 441,86 0,02
3 28 342,08 355,52 13,44
4 35 354,24 400,4 46,16
5 42 355,81 401,56 45,75
6 50 398,49 449,18 50,69
7 60 334,69 390,13 55,44
8 65 337,31 370,78 33,47
9 80 344,30 356,25 11,95

7
10 100 381,61 392,9 11,29
Fundo Fundo 360,90 361,07 0,17
massa total de areia 268,22
Tabela 1: Dados experimentais

A partir desses dados foram realizados os cálculos da fração mássica (xi) e fração mássica
cumulativa (Xi), sendo:
1
d=
∑ xi /di
10

∑ mi
i= 1
Xi =
∑ mi

A fração mássica indica o percentual da amostra total que ficou retido em determinada
faixa. Já a fração mássica cumulativa representa a fração mássica menor ou igual a abertura
da faixa em questão. Por exemplo, sabemos através da fração mássica cumulativa que 100%
das partículas da amostra de areia passaram pela abertura de 16 mesh, logo são menores
ou iguais a 1,190 mm.

Massa
Faixa de da Massa Massa
Abertur
Mesh
a ( μ m)
diâmetro peneira peneira + fração xi (%) Xi (%)
( μ m) vazia fração (g) (g)
(g)
16 1000 >1000 441,66 441,67 0,01 0,003 100
20 841 84 -1000 441,84 441,86 0,02 0,007 99,996
28 595 595-841 342,08 355,52 13,44 5,01 99,988
35 420 420-595 354,24 400,4 46,16 17,21 94,978
42 354 354-420 355,81 401,56 45,75 17,06 81,496
50 297 297-354 398,49 449,18 50,69 18,89 60,711
60 250 250-297 334,69 390,13 55,44 20,67 41,813
65 210 210-250 337,31 370,78 33,47 12,48 21,143
80 177 177-210 344,30 356,25 11,95 4,45 8,664
100 149 149-177 381,61 392,9 11,29 4,21 4,212
massa total
Fundo 0-149 268,22
de areia
Tabela 2: Faixa de diâmetro, fração mássica distributiva e cumulativa.

Plotou-se, então, os resultados experimentais resultando no histograma de distribuição


de partículas. Tal gráfico segue representado na figura abaixo:

8
Figura 2: Histograma

Com a faixa de diâmetros determinada, realizou-se a média aritmética entre os limites da


faixa, definindo o diâmetro médio das partículas nas determinadas peneiras.

Tabela 3: Valores dos diâmetros médios de cada faixa

9
Através do diâmetro médio e da fração mássica, obteve-se o diâmetro médio de Sauter, por
meio da seguinte equação:

1
y= m
k
1+ ()
d

Portanto, teremos que

[ ( )]
m
d
y= 1− exp −
k

4.1 Modelos de distribuição a dois parâmetros

Existem muitos modelos empíricos disponíveis na literatura para determinar o que


melhor descreve os dados do experimento, devendo ajustar os modelos com os dados
experimentais. Os modelos a dois parâmetros foram escolhidos baseado por serem aplicados
na maioria dos casos de interesse tecnológicos, sendo esses: Gates-Gaudin-Shaumann (GGS),
Rosin-Rammler-Bennet (RRB) e Sigmoide. Para o ajuste dos modelos pode ser realizado
regressão não linear utilizando métodos numéricos, como também, com as expressões
matematicamente reorganizadas, o uso de regressão linear para estimação dos parâmetros.
Cabe ressaltar, que o último procedimento não é o melhor para realizar estimações de
parâmetros, porém foi o aplicado devido à simplicidade.

Tabela 4: Modelos empíricos para o ajuste de X em função de Dp.

10
Tabela 5: Regressão linear para estimação de parâmetros

Tabela 6: Modelos com os dados ajustados

Com os resultados obtidos para abscissa e ordenada de cada modelo, plotou-se


o gráfico para cada um deles, sendo possível realizar a regressão linear e calcular com os
coeficientes angulares (2) e lineares(1) os respectivos parâmetros:

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Figura 3: Gráfico do modelo Gates-Gaudin-Shaumann

12
Figura 4: Gráfico do modelo Rosin-Rammler-Bennet

Figura 5: Gráfico do modelo Sigmoide

Tabela 5: Parâmetros dos modelos GGS, RRB, Sigmoide.

Como já exposto, a linearização para obtenção dos parâmetros não é a melhor


escolha, isso pode ser observado pelas figuras 3, 4 e 5, sendo o pior ajuste linear
no modelo de Gates-Gaudin-Shaumann (GGS).
A partir dos dados dos coeficientes C1 e n pode-se construir um gráfico
comparativo entre os dados experimentais de distribuição cumulativa e os ajustes para
cada modelo:
13
Figura 6: Comparação modelo sigmoide e experimental

Figura 7: Comparação modelo GGS e experimental

14
F
i
g
u
Figura 8: Comparação modelo RRB e experimental

Nas figuras 8 e 6, os dados experimentais, no geral, seguem os modelos de Rosin-


Rammler-Bennet (RRB) e Sigmoide, respectivamente, ressaltando-se três pontos entre
osdiâmetros de 300 -500 µm cujos valores de fração mássica cumulativa encontram -se acima
da referência para o modelo RRB e abaixo da referência para o modelo Sigmoide. Dentre os
gráficos gerados, os modelos que melhor se adequam aos dados experimentais obtidos são
o RRB e Sigmoide.

5. CONCLUSÃO
Nesse experimento foi possível observar a distribuição das partículas através do
peneiramento. Com os dados experimentais obti os na prática foi feita a linearização para
cada modelo empírico de distribuição para assim, determinar os parâmetros de c ada equ
ação. Os modelos de RRB e Sigmoide apresentaram maiores coeficientes de correlação (R²),
entretanto o modelo GGS obteve um coeficiente de correlação considerado baixo, o que
indica que não foi fornecido um bom ajuste aos dados experimentais. Assim, na comparação
das curvas de cada model o com a curva experimental observou-se um mesmo padrão, em
que a distribuição de RRB e Sigmoide indicaram ser modelos que descrevem bem os dados
experimentais, ao contrário da distribuição de GGS em que os dados não seguiam o seu
modelo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] COSTA, E. N. Peneiramento de partículas finas e ultrafinas com adição de


dispersantes. UFG, 2014. Disponível em
<https://cetm_engminas.catalao.ufg.br/up/596/o/Evair_Nunes_da_Costa.pdf>. Acesso em
01/11/2018.

[2] LUZ, A. B.; SAMPAIO, J. A.; FRANÇA, S. C. A. Tratamento de minérios.


Editora CETEM/ MCT - 5a edição - 2010 - 965p.

[3] Tratamento de Minérios: Práticas Laboratoriais – CETEM/MCT . Parte II


classificação: Capítulo 3- Análise granulométrica por peneiramento. Disponível em
<http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/1020/1/Cap%203%20Peneiramento.pdf>.
Acesso em 02/11/2018.

[4] Departamento de Engenharia Química e de Engenharia de Alimentos - Operações


Unitárias de Quantidade de Movi mento. SEPARAÇÃO SÓLIDO - SÓLIDO. Disponível
em
<https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/772366/mod_resource/content/0/OPERACOES/Peneir
amento07.pdf>. Acesso em 01/11/2018.

[5] OPERAÇÕES UNITÁRIAS I. Aula 15- Sólidos Particulados. Disponível em


<http://www.unicamp.br/fea/ortega/aulas/aula15_sistemasParticulados.ppt>. Acesso em
02/11/2018.

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