Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA- UEPB/CAMPUS VIII

CENTRO DE CIÊNCIAS, TÉCNOLOGIA E SAÚDE - CCTS


DEPARTAMENTO ENGENHARIA CÍVIL
CURSO DE ENGENHARIA CÍVIL (BACHARELADO)

ANNALÍCIA CAMILLI RODRIGUES SILVA


GISELY MARIA BEZERRA E SOUSA

DETERMINAÇÃO DOS LIMITES: LIQUIDEZ E PLASTICIDADE

ARARUNA
OUTUBRO, 2023.
ANNALÍCIA CAMILLI RODRIGUES SILVA
GISELY MARIA BEZERRA E SOUSA

DETERMINAÇÃO DOS LIMITES: LIQUIDEZ E PLASTICIDADE

Relatório de acordo com os experimentos


realizados em laboratório de determinação dos
Limites de Consistência, referente a disciplina
Mecânica dos solos Experimental I, Sob
orientação da Professora Maria das Vitórias do
Nascimento.

ARARUNA
OUTUBRO, 2023.
1. INTRODUÇÃO

A engenharia civil depende crucialmente da compreensão dos índices de consistência do


solo para analisar as propriedades e comportamento deste material terrestre. Esses índices são
parâmetros que desempenham um papel essencial na avaliação e classificação dos solos,
orientando uma ampla gama de projetos, desde construções e fundações até obras de
infraestrutura e pavimentação.
Dois dos índices mais proeminentes, o Limite de Liquidez e o Limite de Plasticidade, são
particularmente relevantes. O Limite de Liquidez representa o teor de umidade, que sinaliza o
ponto de transição entre um solo no estado plástico e um no estado líquido, enquanto o Limite
de Plasticidade é o teor de humidade que marca a mudança de um solo semiplástico para um
estado plástico.
Aprofundar o conhecimento desses índices permite que engenheiros e geotécnicos
antecipem o comportamento do solo em diversas circunstâncias. Isso abrange desde a
capacidade de suportar cargas e resistência ao cisalhamento até a garantia de compactação
adequada e eficiente drenagem. Portanto, esses índices são instrumentos cruciais para o
planejamento e execução bem-sucedidos de projetos de engenharia, assegurando a estabilidade
e segurança das estruturas construídas. Neste ensaio, os resultados são expressos em valores de
teor de umidade, proporcionando uma base sólida para a classificação do solo.

2. OBJETIVO

O objetivo deste relatório é demonstrar a aplicação dos conhecimentos obtidos em sala de


aula no ambiente laboratorial, com o intuito de determinar os valores do limite de liquidez e do
limite de plasticidade em uma amostra de solo, e assim poder classifica-lo.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Equipamentos e materiais utilizados
- Aparelho Casagrande
- Solo
- Balança de precisão
- Cápsulas de porcelana
- Recipiente
- Placa de vidro
- Cilindro de comparação
- Cinzel
- Cronômetro
- Esfera de aço
- Estufa
- Espátula

3.2. Preparação das amostras:


A fim de preparar as amostras, aderimos ao padrão estabelecido na norma NBR 6457,
especificamente no item 5.1.3, que fornece orientações sobre como proceder à preparação das
amostras destinadas aos ensaios de Limites de Plasticidade e Liquidez. O procedimento começa
com a coleta de uma quantidade determinada de solo, seguida da desagregação dos torrões, a
fim de garantir a uniformidade da amostra.

Após a coleta e homogeneização da amostra, realizamos a peneiração usando uma malha de


0,42 mm para isolar uma fração do material. A partir dessa fração peneirada, selecionamos 70
g de solo para serem utilizados nos ensaios subsequentes.

Figura 1: Material preparado para o ensaio

Fonte: próprio autor, 2023.


3.3.Ensaio de Determinação do Limite de liquidez

O limite de liquidez de um solo é o teor de umidade que separa o estado de consistência


líquido do plástico e para o qual o solo apresenta uma pequena resistência ao cisalhamento. O
ensaio utiliza o aparelho de Casagrande, onde tanto o equipamento quanto o procedimento são
normalizados (ABNT/NBR 6459/82).

O aparelho de Casagrande, mostrado na Figura 2 é formado por uma base dura (ebonite),
uma concha de latão, um sistema de fixação da concha à base e um parafuso excêntrico ligado
a uma manivela que elevará a concha a uma altura padronizada para a seguir deixá-la cair sobre
a base. O solo utilizado no ensaio é a fração que passa na peneira de 0,42mm (# 40) de abertura
e uma pasta homogênea deverá ser preparada e colocada na concha; utilizando o cinzel, deverá
ser aberta uma ranhura, conforme mostrado na Figura 3. Conforme a concha vai batendo na
base, os taludes tendem a escorregar e a abertura na base da ranhura começa a se fechar. O
ensaio continua até que os dois lados se juntem, longitudinalmente, por um comprimento igual
a 1 cm, interrompendo-se o ensaio nesse instante e anotando-se o número de golpes necessários
para o fechamento da ranhura.

Figura 2: Limite de liquidez pelo método de Casagrande.

Fonte: próprio autor, 2023.

Retirando-se uma amostra do local onde o solo se uniu determina-se o teor de umidade,
obtendo-se assim um par de valores, “teor de umidade x número de golpes”, que definirá um
ponto no gráfico de fluência. A repetição deste procedimento para teores de umidade diversos,
permitirá construir o gráfico apresentado na Figura 5. Convencionou-se, que no ensaio de
Casagrande, o teor de umidade correspondente a 25 golpes, necessários para fechar a ranhura,
é o limite de liquidez.

Figura 3: Ilustração do funcionamento do método de Casagrande

3.4. Ensaio de Determinação do Limite de Plasticidade

Para realizar o ensaio do Limite de Plasticidade, é fundamental aderir às diretrizes


estabelecidas na norma NBR 7180:2016. Neste contexto, primeiramente, é necessário separar
uma amostra de 10g do solo e moldá-la em uma pequena esfera. A seguir, role essa esfera sobre
uma superfície de vidro com a mão, com o objetivo de dar a ela um formato cilíndrico de 3 mm
de diâmetro. Caso a amostra comece a apresentar fissuras antes de atingir o diâmetro de 3 mm,
é preciso aumentar o teor de umidade da amostra de 10g e repetir o mesmo processo anterior.
No entanto, se a amostra atingir o diâmetro de 3 mm sem evidenciar fissuras, é necessário
recomeçar o teste, uma vez que a umidade está acima do nível desejado. Quando a amostra
atingir o diâmetro de 3 mm e, simultaneamente, começar a fissurar, é crucial isolar essa amostra
e determinar a umidade presente nela. É imperativo repetir o experimento no mínimo três vezes
para obter resultados confiáveis.
Figura 4: Moldagem do cilindro para o ensaio de limite de plasticidade

Fonte: próprio autor, 2023.

3.5. Índice de Plasticidade (IP)

É um dos índices utilizados para a caracterização de um solo argiloso ou com muita


presença de finos. Matematicamente, ele pode ser definido como a diferença entre o limite de
liquidez e o limite de plasticidade, logo, temos: IP = LL−LP

Pode-se entender índice de plasticidade como o “intervalo de plasticidade do solo”, ou seja,


quanto maior o valor de IP, mais plástico ele será, assim como também será mais compressível.

Jenkins classifica o solo, segundo seu índice de plasticidade da seguinte forma:

1<IP<7: solos fracamente plásticos;

7<IP<15: solos medianamente plásticos;

IP>15: solos altamente plásticos.

3.6. Índice de consistência

Segundo a norma ABNT/NBR 6502/80 quanto à consistência os solos finos podem ser
subdivididos em muito moles (vazas), moles, médias, rijas e duras. Busca situar o teor de
umidade do solo no intervalo de interesse para a utilização na prática, ou seja, entre o limite de
liquidez e o de plasticidade. As argilas moles, médias e rijas situam-se no estado plástico; as
muito moles no estado líquido e as duras no estado semissólido. Quantitativamente, cada um
dos tipos pode ser identificado quando se tratar de argilas saturadas, pelo seu índice de
𝐿𝐿−ℎ
consistência, IC = , do seguinte modo:
𝐼𝑃

- Muito moles IC < 0

- Moles 0 < IC < 0,50

- Médias 0,50 < IC < 0,75

- Rijas 0,75 < IC < 1,00

- Duras IC > 1,00

O índice de consistência é a relação entre a diferença do limite de liquidez para umidade


natural e o índice de plasticidade. Qualitativamente, cada um dos tipos pode ser identificado do
seguinte modo:

- Muito moles: as argilas que escorrem com facilidade entre os dedos, se apertadas nas mãos;

- Moles: as que são facilmente moldadas pelos dedos;

- Médias: as que podem ser moldadas pelos dedos;

- Rijas: as que requerem grande esforço para serem moldadas pelos dedos;

- Duras: as que não podem ser moldadas pelos dedos e que, ao serem submetidas o grande
esforço, desagregam-se ou perdem sua estrutura original.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Limite de Liquidez

Cálculo do teor de umidade para cada cápsula:

Cápsula Nº LL1:

16,24−14,28
w (%) = × 100 = 24,56%
7,98

Cápsula Nº LL2:

20,52−17,89
w (%) = × 100 = 22,91%
11,48

Cápsula Nº LL3:
23,63−20,7
w (%) = × 100 = 21,99%
13,32

Cápsula Nº LL4:

22,63−19,93
w (%) = × 100 = 20,52%
13,16

Cápsula Nº LL5:

20,71−18,39
w (%) = × 100 = 20,03%
11,58

Tabela 1. Dados do ensaio de limite de liquidez – LL

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5


Cápsula N° LL1 LL2 LL3 LL4 LL5
N° de golpes 6 10 12 25 30
Peso bruto úmido (g) 16,24 20,52 23,63 22,63 20,71
Peso bruto seco (g) 14,28 17,89 20,7 19,93 18,39
Tara da cápsula (g) 6,3 6,41 7,38 6,77 6,81
Peso da água (g) 1,96 2,63 2,93 2,7 2,32
Peso do solo seco (g) 7,98 11,48 13,32 13,16 11,58
Umidade (%) 24,56 22,91 21,99 20,52 20,03

Determinação do limite de liquidez: Seguindo o preconizado pela norma do DNER ME-


122/94, através do Gráfico 1, que correlaciona o teor de umidade da amostra e o número de
golpes empregados no aparelho de casa grande, determinou-se o limite de liquidez do solo, LL=
20,52 . Gráfico 1: Limite de liquidez
4.2. Limite de plasticidade

Determinação do limite de plasticidade:

O limite de plasticidade do solo foi estabelecido, como descrito pelo DNIT na norma
DNER- ME 122/94, por meio da média aritmética das umidades dispostas na Tabela 2, que
resultou em um limite de plasticidade de 15,15.

15,87+14,95+13,48+15,38+16,06
LP = = 15,15
5

Tabela 2. Dados do ensaio de limite de plasticidade - LP

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5


Cápsula N° LP1 LP2 LP3 LP4 LP5
Peso bruto úmido (g) 10,59 8,7 9,28 7,37 7,66
Peso bruto seco (g) 10,19 8,54 9,16 7,27 7,44
Tara da cápsula (g) 7,67 7,47 8,27 6,62 6,07
Peso da água (g) 0,4 0,16 0,12 0,1 0,22
Peso do solo seco (g) 2,52 1,07 0,89 0,65 1,37
Umidade (%) 15,87 14,95 13,48 15,38 16,06

4.3. Índice de plasticidade

Determinação do índice de plasticidade:

Faz-se a diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade.

IP = LL-LP

IP = (20,52%) – (15,15%) = 5,37%

Portanto, o solo é categorizado como tendo uma plasticidade leve, seguindo os critérios da
tabela 3.

Tabela 3. Classificação do solo de acordo com o índice de plasticidade.

Classe Índice de plasticidade (%) Termo


1 Menor que 1 Não plástico
2 1 até 7 Levemente plástico
3 7 até 17 Moderadamente plástico
4 17 até 35 Altamente plástico
5 Maior que 35 Extremamente plástico
Portanto, o solo é categorizado como tendo uma plasticidade leve, seguindo os critérios
da tabela 3.

4.4. Índice de consistência

O índice de consistência serve para determinar o grau de consistência de um solo, em


função do teor de umidade que o solo se encontra.

𝐿𝐿−ℎ
IC = 𝐿𝐿−𝐿𝑃

0,2052−0,2051
IC = 0,2052−0,1515 = 0,0019

Tabela 4. Relação existente entre o índice de consistência (IC), o grau de consistência das argilas, e a resistência
à compressão simples (RCS)
Índice de consistência
Grau de consistência da argila RCS (kgf/cm2)
do solo (IC)
IC < 0 Muito mole RCS < 0,25
0 < IC < 0,50 Mole 0,25 < RCS < 0,50
0,50 < IC < 0,75 Médias 0,50 < RCS < 1
0,75 < IC < 1,00 Rijidas 1 < RCS < 4
IC > 1,00 Duras RCS > 4

Com isso, é possível classificar a argila como mole.

5. CONCLUSÃO

Em conclusão, a realização do ensaio de Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade é de


extrema importância na geotecnia e na engenharia civil. Esses parâmetros são fundamentais
para a classificação e compreensão das propriedades dos solos, fornecendo informações
valiosas para projetos de construção, fundações, estabilidade de taludes, entre outros.

O Limite de Liquidez nos permite identificar a transição entre os estados plástico e líquido
do solo, sendo crucial na determinação da plasticidade e da resistência do solo à deformação.
Já o Limite de Plasticidade fornece informações sobre a capacidade de um solo de se comportar
de forma plástica e, portanto, influencia diretamente o processo de moldagem e compactação.

A correta execução dos ensaios e a interpretação dos resultados são essenciais para garantir
a segurança e eficiência de projetos geotécnicos. O conhecimento dos limites de liquidez e
plasticidade é um elemento-chave para tomar decisões informadas sobre o uso do solo em obras
de engenharia. Portanto, ao compreender e aplicar esses parâmetros, os engenheiros e
geotécnicos podem contribuir para a construção de estruturas mais seguras.

6. REFERÊNCIAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7180: Solo - determinação do limite
de plasticidade. Método de ensaio. Rio de Janeiro, RJ. 2016.
DNER- ME 082- Solos- Determinação do limite de plasticidade. Método de ensaio.
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Rio de Janeiro, RJ. 1994.
CAPUTO, Homero Pinto; CAPUTO, Armando Negreiros; RODRIGUES, J. Martinho de A. .
Mecânica dos solos e suas aplicações. 7ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 2015.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6459:2016 - Solo – Determinação do Limite
de Liquidez. Rio de Janeiro, ABNT, 2016.
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. DNER 122/1994 – ME – Determinação do
Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, DNER, 1994.
ABNT NBR 6457:1995. Solos - Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro: ABNT,
1995.

Você também pode gostar