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PERMEÂMETRO DE CARGA CONSTANTE CONSTRUÍDO EM TUBOS DE PVC

Adriano Ferreira de OLIVEIRA1


Marcio Henrique de OLIVEIRA2
Graziela Ribeiro QUEIROZ3
José Antônio de Lima VIEIRA4
Cleiton João MENDES5

RESUMO

O presente estudo analisou a possibilidade do uso e a eficácia de um permeâmetro de carga


constante em regime de escoamento laminar, construído a partir de tubos e conexões de
policloreto de vinila (PVC), para se obter o nível de condutividade hidráulica de solos
granulares. Desta forma buscou-se montar o equipamento com tubos e conectivos encontrados
facilmente em lojas de materiais para construção e empresas desse mesmo segmento, o que
possibilita um aparelho de valor acessível e de fácil montagem, pois o mesmo não requer mão
de obra especializada na sua confecção. Para verificar sua viabilidade de uso foram feitos alguns
ensaios de permeabilidade com solos arenosos onde se obteve valores bastante satisfatórios
estando dentro da faixa que serve de parâmetro para os índices de permeabilidade deste tipo de
solo. Conclui-se que o permeâmetro de carga constante de PVC seria uma alternativa viável e
de custo reduzido, se comparado aos convencionais.

Palavras-chave: Permeâmetro de carga constante. Solos granulares. Tubos de PVC.

CONSTANT LOAD PERMEAMETER BUILT IN PVC TUBES

ABSTRACT

This study analyzed the using and also the efficiency of a constant load permeameter in laminar
flow regime built from pvc tubes and connections (polyvinyl chloride) to obtain the hydraulic
conductivity level of granular soils. This way we tried to assemble the equipment with tubes
and connectives easily found at building materials stores and companies of this same
department what makes it possible to have an easy access and easy to assemble apparatus
because it doesn’t need or require specialized workforce to work on it and make it. To check
out its use viability some permeability rehearsals were done with sandy soils where very
satisfying results were got keeping within the track which serves as a pattern to the permeability
indexes of this kind of soil. This way we conclude that the PVC constant load permeameter
would be a suitable alternative and with a reduced price if compared to the ordinary ones.

1
Graduando em Engenharia Civil, Faculdade Aldete Maria Alves/FAMA, Iturama/MG.
fama.adrianof_oliveira@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil, Faculdade Aldete Maria Alves/FAMA, Iturama/MG.
marciohengenharia@gmail.com
3
Graduanda em Engenharia Civil, Faculdade Aldete Maria Alves/FAMA, Iturama/MG. grazirq91@hotmail.com
4
Engenheiro civil, Especialista em Análise de Estruturas e Sistemas Construtivos de Concreto e Aço, Docente da
Faculdade Aldete Maria Alves/FAMA, Iturama/MG. joseentonio10@gmail.com
5
Mestrado em Engenharia Civil (2015) pela UNESP. Docente da Faculdade Aldete Maria Alves/FAMA,
Iturama/MG. cleitonjoaomendes@hotmail.com
14
Rev. Eletrônica Organ. Soc., Iturama (MG), v. 7, n. 8, p. 14-29, jul./dez. 2018
DOI: 10.29031/ros.v7i8.389
Keywords: Constant load permeameter. Granular soils. PVC tubes.

1 INTRODUÇÃO

A permeabilidade é uma característica pertinente a praticamente todos os tipos de


solos, essa propriedade de permitir com maior ou menor facilidade a passagem da água através
de seus poros está diretamente ligada à sua granulometria. As análises de permeabilidade são
quase que totalmente realizadas por procedimentos feitos em laboratórios, que consistem na
coleta das amostras em seu estado natural, procurando mantê-las o mais próximo possível de
sua forma original para que se obtenha resultados confiáveis.
O conhecimento dessa característica do solo permite projetos geotécnicos mais
precisos e com custos mais baixos, possibilita ainda obter variáveis como a densidade, nível do
lençol freático e até mesmo prever o índice de recalque a qual estará sujeita determinada obra.
Acredita-se que o permeâmetro de carga constante confeccionado em tubos e conexões
em policloreto de vinila (PVC), para obtenção da permeabilidade de solos granulares seja uma
alternativa simples e barata na obtenção desta característica, pois os aparelhos convencionais
na sua grande maioria são importados e possuem valor consideravelmente maior, impedindo
assim o acesso a grande parte das pessoas.
Para responder as questões levantadas sobre a eficiência e viabilidade deste projeto
foram elaborados vários estudos e testes em laboratório.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Características dos Solos

No decorrer da história o homem foi adquirindo conhecimentos fundamentais para o


desenvolvimento das ciências geotécnicas, assim como tecnologias que permitem colocar em
prática essa sabedoria e com isso cada vez mais consegue desenvolver obras de proporções
gigantescas e com alto grau de complexidade na construção civil. Para Massad (2016), a
elaboração de projetos adequados e a realização de obras seguras e econômicas têm como
fundamento básico e indispensável o conhecimento do solo e suas características de
identificação e classificação e, em geral, as suas propriedades de engenharia.
Dentre as principais características dos solos, temos a condutividade hidráulica e a
permeabilidade, sendo que a primeira representa a capacidade do solo em facilitar o escoamento
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de água, enquanto que a segunda relaciona-se às características provenientes do meio, como
granulometria, índice de vazios, estrutura, composição mineralógica, fluído e temperatura.

2.2 Permeabilidade dos Solos

A permeabilidade de um determinado solo é a capacidade que este possui de transmitir


fluidos por seus poros.
Com isso, os valores da permeabilidade (k) têm como parâmetro uma temperatura
aproximada de 20º Celsius, e é dada pela relação da vazão (Q) dividida pelo produto do
coeficiente hidráulico (i) e a área do permeâmetro (A).
Um dos precursores no estudo da permeabilidade de solos foi o engenheiro francês
Henry Darcy, que por volta de 1850, correlacionou o coeficiente de permeabilidade com a vazão
num determinado intervalo de tempo, que foi expressa pela equação 1:

[Eq.1]
Q=K.i.A

Onde:
Q = vazão (cm³/s ou m³/s);
K = coeficiente de permeabilidade (cm/s ou m/s);
i = gradiente hidráulico (admensional);
A = área do permeâmetro (cm² ou m²).

O gradiente hidráulico ( i ) é calculo pela seguinte equação 2:


[Eq.2]
i = h/L
Onde:
h = carga hidráulica (cm);
L = Comprimento da amostra (cm).

O coeficiente de permeabilidade hidráulica K é representa por uma potência de base


10, geralmente elevado a um número negativo, pois se trata de um valor baixo expresso em m/s
ou em cm/s. No livro Mecânica dos Solos e suas Aplicações, Caputo (1988) explica que a
permeabilidade de um determinado tipo de solo é variável mesmo que ele tenha a mesma
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classificação geotécnica, pois existem dois fatores essenciais a serem analisados: a temperatura
e os índices de vazios. Quanto mais elevada a temperatura, menor será a viscosidade da água e
consequentemente maior será a facilidade de escoamento dentre os vazios deste solo, o que gera
um aumento do coeficiente de permeabilidade, K. Para ser considerado um solo de boa
drenagem este deverá ter coeficiente de permeabilidade K igual ou superior a 1 cm/s ou ainda
granulometria maior que dois 2 mm de diâmetro. Já solos com diâmetros menores que 0,002
mm são considerados solos impermeáveis.

2.3 Permeâmetro Alternativo de Baixo Custo

De acordo com Caputo (1988), o conhecimento da permeabilidade de um solo é de


importância em diversos problemas práticos de engenharia, tais corno drenagem, rebaixamento
do nível d'água, recalques, etc.
O presente trabalho se baseou nas orientações e parâmetros a serem seguidos na norma
NBR 13292/95 que prescreve o método para a determinação de permeabilidade à carga
constante de solos granulares, com a água percolando através do solo sob um regime de
escoamento laminar.
Segundo Lima (2016), o permeâmetro de PVC pode obter resultados tanto para
amostra deformada como indeformadas, sendo portátil e fácil de montar.
É de suma importância ressaltar que as amostras precisam ser analisadas de tal forma
que estejam o mais próximo possível de suas condições em campo.
O permeâmetro desenvolvido nesse projeto é do tipo 1 como consta na norma acima
citada, a ênfase do projeto foi buscar materiais facilmente encontrados e que tivessem custo
relativamente baixo, não comprometendo a sua eficácia, por isso o uso do PVC, material que
apresentou todas as prerrogativas anteriores e de uso extremamente difundido em todo território
brasileiro, fácil trabalhabilidade e custo acessível. O equipamento foi dividido em três itens que
formam o equipamento: torre de água, corpo do permeâmetro e leitor manométrico.

2.3.1 Torre de Água

A torre é a fonte de alimentação de água do sistema, ela foi estruturada com um tubo de
PVC de diâmetro de 100 mm, que possui dois caps de mesmo diâmetro em suas extremidades
e altura de 80 cm, e foi suspensa sobre um suporte com altura de 1,10 m. A entrada de
abastecimento do recipiente tem um joelho de 90º de ½ polegada ligado a um adaptador para
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caixa d’água de mesma medida. Como existe a necessidade do abastecimento constante de água
em regime laminar sobre a amostra, foi implantada uma torneira de ½ polegada na saída da
torre para que se possa controlar o fluxo de modo que se evite golpes de água danificando a
amostra. A torre foi ligada ao permeâmetro através de uma mangueira de 12 mm, como
ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Torre d’água.

Fonte: Autores, 2018

2.3.2 Corpo do Permeâmetro

Essa parte do equipamento composta por um tubo de PVC com diâmetro de 100 mm e
com 45 cm de altura possui em suas extremidades dois caps de mesmo diâmetro, na parte
superior do aparelho encontra-se a entrada de água similar a existente na parte superior da torre
de água toda confeccionada em PVC, no interior do permeâmetro se localiza a amostra de solo
a ser analisada com 25 cm de comprimento, ela é envolvida por duas camadas filtrantes de brita
0 com no mínimo 5 cm de altura estando posicionadas estrategicamente a fim de evitar um
possível entupimento das duas saídas de água, que terão sua altura manométrica verificada por
uma régua graduada em centímetros localizada no leitor manométrico, a primeira saída hi será
dado o nível da água ao entrar no aparelho, já o nível hf será o nível ao sair do aparelho após
passar pelo corpo de prova, que são medidas em intervalos de tempo de sessenta segundos, o
corpo do aparelho ainda possui uma terceira saída de água por percolação, como ilustrado na
Figura 2.
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Figura 2: Corpo permeâmetro.

Fonte: Autores, 2018.

2.3.3 Leitor Manométrico

Nessa última etapa foi desenvolvido um suporte metálico com 40 cm de altura no qual
foi fixado uma tábua de compensado com formato retangular com dimensões de 40 x 50 cm a
fim de receber duas réguas graduadas de 50 cm cada e nas mesmas estão apoiadas as mangueiras
nas quais serão feitas as leituras dos níveis de hi e hf, como ilustrado na Figura 3.

Figura 3: Leitor Manométrico.

Fonte: Autores, 2018.


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A norma NBR 13292/95 determina os parâmetros para a confecção de dois modelos de
permeâmetros à carga constante: o de tipo 1 e tipo 2. O presente estudo segue as recomendações
do aparelho do tipo 1 que, conforme parâmetros retirados da norma, diz que se na análise
granulométrica da amostra houver retenção menor que 35% na peneira de malha 10, que
equivale a 2 mm, o diâmetro interno mínimo do aparelho a ser adotado não poderá ser inferior
a 80 mm. Para o trabalho foi utilizado o diâmetro de 100 mm que obedece o que preconiza a
norma e também por ser um diâmetro comercial encontrado com maior facilidade nas lojas de
construção civil.

Quadro 1- Diâmetro interno de um permeâmetro NBR 13292/95.


Diâmetro interno mínimo do permeâmetro (mm)
Dimensões dos maiores
Menos que 35% retidos na Mais que 35% retidos na
grãos presentes na amostra
peneira de peneira de
(mm)
2 mm 9,5 mm 2 mm 9,5 mm
Inferior a 9,5 80 120
Entre 9,5 e 19 150 230
Fonte: NBR 13292/95.

O permeâmetro desenvolvido neste estudo é um aparelho muito simples, não


requerendo conhecimentos técnicos para sua confecção, todo o material utilizado é facilmente
encontrado nas lojas de construção civil, tubos e conectivos em PVC com diâmetro comercial
entre os mais utilizados, mangueiras de polietileno do tipo cristal. O equipamento é alimentado
por uma fonte externa de água que abastece sua torre, o qual por sua vez fornece água ao corpo
do permeâmetro através de uma torneira que mantém constante o fornecimento em regime
laminar, sem danificar a amostra a ser analisada, a água atravessa a amostra por percolação
possibilitando assim medir no nível de condutividade hidráulica da mesma.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Equipamentos e Acessórios

Para os testes em laboratório com o permeâmetro alternativo desenvolvido em PVC


foram utilizados os seguintes materiais:
• Permeâmetro;
• Estufa capaz de manter a temperatura entre 105º e 110º C;
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• Peneiras;
• Paquímetro;
• Cronômetro;
• Almofariz e pistilo;
• Balança de precisão 0,1g;
• Água potável da rede de abastecimento de Iturama-MG;
• Amostra de solo retirada do pátio da Faculdade Aldete Maria Alves (FAMA), Iturama-
MG.

3.2 Caracterização Física da Amostra

Para o estudo realizado foram coletadas quatro amostras de solo, todas retiradas de um
mesmo local e com massa aproximada de 5,0 kg cada, que foram submetidas aos ensaios de
caracterização física: granulometria e densidade das amostras.

3.2.1 Granulometria

O ensaio granulométrico é de suma importância nos estudos geotécnicos. Seguindo as


orientações da norma NBR 6457/86 foi feito o procedimento de preparação do solo. Após a
coleta das amostras, o solo sofreu um processo de descanso de no mínimo 24 horas, visando-se
atingir a sua umidade higroscópica. Da amostra coletada foi retirada uma fração de 1,0 kg de
massa para secagem em estufa à temperatura contida no intervalo de 105º a 110º Celsius. De
acordo com o item 14.7.7 da NBR 7181/84 deve-se passar o material na peneira de 2 mm,
tomando-se a precaução de desmanchar no almofariz os torrões eventualmente existentes, de
modo a assegurar a retenção na peneira somente dos grãos maiores que a abertura da malha.
Após esse processo, a amostra preparada foi encaminhada para o ensaio de peneiramento e
nessa etapa foram utilizadas as seguintes peneiras: malha 4 (4,75 mm), malha 8 (2,36 mm),
malha 10 (2 mm), malha 16 (1,18 mm), malha 40 (0,425 mm), malha 60 (0,25 mm), malha 100
(0,15 mm), malha 200 (0,075 mm).

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Figura 4: Ensaio de peneiramento

Fonte: Autores, 2018.

Após sobrepor as peneiras com a amostra, com ajuda de um agitador mecânico por cerca
de 60 segundos, obteve-se os seguintes resultados conforme descritos no Quadro 2.

Quadro 2- Ensaio granulométrico.


Dados do ensaio de granulometria do solo granular
Peneira (#) Abertura (mm) Massa retida (g) Fração retida (%) Fração passante (%)
04 4,750 0,0 0,00 100
08 2,360 0,0 0,00 100
10 2,000 5,60 0,55 99,45
16 1,180 59,70 5,99 93,46
40 0,425 191,80 19,18 74,28
60 0,250 492,50 49,22 25,06
100 0,150 182,90 18,29 6,77
200 0,075 54,30 5,43 1,33
Fundo - 13,30 1,34 0,0
Total - 1000 100 -
Fonte: Autores,2018.

Obtendo-se os valores demonstrados no Quadro 2, pôde-se traçar o gráfico da curva


granulométrica que correlaciona os valores do percentual passante com os respectivos
diâmetros das peneiras utilizadas no ensaio.

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Figura 5: Curva Granulométrica do Agregado.

Fonte: Autores, 2018.

3.2.2 Densidade

No ensaio para se obter a densidade aparente e real da amostra estudada, foi necessário
o uso de um cilindro, que possui volume de 3386,63689 cm³, com as seguintes dimensões
internas: altura de 22 cm e diâmetro de 14 cm. Após o processo de descanso da amostra por um
período não inferior a 24 horas, a mesma foi submetida a um processo da quebra dos torrões
para torná-la uma amostra mais homogênea, preenchendo por completo o cilindro escolhido e
fazendo o arrasamento. Deste modo foi encontrado o valor da densidade utilizando-se da
Equação 3.

[Eq.3]
d = mV

Onde:
m = massa (g ou kg);
v = volume (cm³ ou m³);
d = densidade (g/cm³ ou kg/m³).

O ensaio para a determinação da densidade aparente foi repetido por duas vezes
obtendo-se valores semelhantes para ambas as amostras, como demonstrado no Quadro 3.

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Quadro 3- Densidade aparente das amostras.
Densidade aparente do solo
Massa (kg) Densidade g/cm³
5,020 1,483
5,075 1,498
Valor Médio 1,490
Fonte: Autores, 2018.

É muito importante salientar que se tenha noção do quão é necessário usar de cautela
para executar ensaios de caracterização, pois requerem o máximo de cuidado de quem os
executa, para que se tenha resultados satisfatórios e verdadeiros. De acordo com Pinto (2006,
p. 15):

A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas que os


compõem. Numa primeira aproximação, pode-se identificar que alguns solos possuem
grãos perceptíveis a olho nu, como os grãos de um pedregulho ou da areia do mar,
que outros têm os grãos tão finos que, quando molhados, se transformam numa pasta
(barro), não se podendo visualizar as partículas individualmente.

Para a determinação da densidade real foi usado o frasco de Chapman, onde se colocou
água destilada até um ponto demarcado entre os dois balões do frasco totalizando 200 ml. Após
esse processo utilizou-se a amostra de solo seca e previamente pesada com um total de 500 g,
com auxílio de um funil despejou-se toda a amostra de solo agitando o frasco ligeiramente até
que se expulsasse todas as bolhas de ar. Por fim, após 15 minutos de repouso, fez-se a leitura,
depois com ajuda da equação da densidade real obteve-se essa característica.

[Eq.4]
d = m/Lf – Li
Onde:
m = massa (g ou kg);
Lf = volume final ( cm³ ou m³);
Li = volume inicial (cm³ ou m³).

A densidade de um solo é inversamente proporcional ao seu coeficiente de


permeabilidade k, quanto mais denso for esse solo menor será sua capacidade hidráulica e
consequentemente seu coeficiente de permeabilidade, solos arenosos possuem densidade

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relativamente baixa e permeabilidade alta. As amostras analisadas foram colhidas no pátio da
Faculdade Aldete Maria Alves (FAMA), no município de Iturama-MG.

Figura 6: Amostras de solo.

Fonte: Autores, 2018.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos no ensaio realizado com o permeâmetro alternativo à carga


constante, construído em sua grande maioria de tubos e conectivos de PVC, se mostrou positivo,
estando dentro de um padrão pertinente a solos de características granulares (arenosos). Serão
demonstrados a seguir, os resultados alcançados para algumas situações analisadas, como
ensaio com 12 e 26 golpes.

4.1 Resultado para ensaio com 12 golpes

Nessa etapa o corpo de prova foi submetido a energia de compactação com 12 golpes,
o comprimento L foi medido alcançando 23 cm a uma temperatura aproximada de 25º C, em
uma área de 78,54 cm². Todos os ensaios foram cronometrados com um intervalo de tempo de
60 segundos e os valores obtidos pelas alturas manométricas hi variaram entre 13,5 cm e 22 cm
já para a hf foram alcançados os valores entre 3,00 a 7,00 cm, os valores do coeficiente de
permeabilidade k estão demonstrados no Quadro 4.

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Quadro 4- Ensaio de permeabilidade 12 golpes.
Ensaio com permeâmetro de PVC à carga constante 12 Golpes

Item hi (cm) hf (cm) i.A (cm²) k (cm/s)


1 13,50 3,00 40,56 0,011834
2 19,00 5,00 48,78 0,008815
3 22,00 7,00 51,34 0,008959
4 16,50 4,50 45,90 0,012200
Média k 0,010452
Fonte: Autores, 2018.

4.2 Resultado para ensaio com 26 golpes

O corpo de prova submetido a energia de 26 golpes de compactação apresentou um


comprimento L com 21,5 cm com temperatura ambiente aproximada de 25º C, com área de
78,54 cm². Os valores da altura manométrica atingida nos ensaios para hi variaram de 14,5 cm
e 21cm, para hf os valores alcançados foram da ordem de 2,0 cm a 6,00 cm, igualmente
cronometrados com um tempo de 60 segundos. Os valores para o coeficiente de permeabilidade
k, estão ilustrados no Quadro 5.

Quadro 5- Ensaio de permeabilidade 26 golpes.


Ensaio com permeâmetro de PVC à carga constante 26 Golpes

Item hi (cm) hf (cm) i.A (cm²) k (cm/s)


1 14,50 2,00 47,33 0,012888
2 17,00 3,50 50,12 0,012569
3 21,00 6,00 54,82 0,010580
4 18,50 4,00 40,89 0,013450
Média k 0,012371
Fonte: Autores, 2018.

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4.3 Orçamento comparativo

O permeâmetro de carga constante convencional é um equipamento que possibilita


conhecer características imprescindíveis de solos do tipo granulares, para realização de projetos
e obras na construção civil e agricultura. Mas o acesso a esse tipo de equipamento pode ter um
custo um tanto quanto alto, visto que a maioria desses equipamentos são importados e
comercializados em dólares em um orçamento feito para confirmar esta afirmação. O modelo
do permeâmetro pesquisado foi de diâmetro interno 4 polegadas, as marcas pesquisadas foram:
Fortest, Karol Weber e Engetotus, o preço médio desses permeâmetros foi de aproximadamente
R$ 2450,00 tornando o produto pouco acessível a muitos interessados em fazer esse tipo de
análise como, por exemplo, estudantes de cursos ligados a construção civil ou agricultura.
O presente trabalho procurou estudar esse modelo de permeâmetro à carga constante
e confeccionar um equipamento eficiente com materiais acessíveis a praticamente todos os que
se fizerem interessados, de custo relativamente baixo, por isso o permeâmetro escolhido para
realizar os ensaios foi o modelo de PVC, que é um material que se encaixa nos quesitos
supracitados anteriormente. Fazendo uma comparação de valores usados na confecção do
permeâmetro de PVC com o convencional, nota-se uma economia considerável, o aparelho
convencional pesquisado com valor mais acessível tem valor de R$ 1980,00, o que representa
aproximadamente oito vezes o valor gasto no equipamento alternativo de PVC, que foi da
ordem de R$ 206,00 como demonstrado no Quadro 6.

Quadro 6 – Quadro orçamentário materiais do permeâmetro.


Orçamento dos matérias usados no permeâmetro de PVC
02 m Tubo PVC linha esgoto Amanco R$ 16,00
02 un. Joelho 90º com adaptador com rosca R$ 5,00
06 m Mangueira flexível cristal ½ polegada R$ 18,00
03 un. Adaptadores ½ PVC R$ 7,00
04 un. Caps 100 mm PVC Amanco R$ 19,60
01 un. Tábua de compensado 50x40 cm R$ 15,00
03 un. Suportes R$ 85,00
Demais acessórios (colas, lixa d’água, abraçadeiras etc...) R$ 40,00
Valor total do material R$ 205,60
Fonte: autores, 2018.

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O estudo realizado demonstrou resultados muito satisfatórios de viabilidade do
permeâmetro alternativo nos ensaios realizados em laboratório e também no que diz respeito
ao custo de sua fabricação.

5 CONCLUSÕES

Para se realizar ensaios de permeabilidade de solos precisa-se executar um processo


muito criterioso tendo o cuidado como princípio para se obter resultados satisfatórios, pois ao
menor deslize em qualquer uma das etapas pode-se comprometer todo o trabalho inviabilizando
o estudo. O projeto aqui apresentado trata-se de um permeâmetro de carga constante constituído
em sua maior parte de tubos e conexões de PVC, que o torna um equipamento muito mais barato
que os convencionais encontrados no mercado, lembrando que esse tipo de equipamento é
indicado para solos do tipo granulares. Com intuito de respaldar sua viabilidade e eficácia foram
realizados alguns ensaios em laboratório de mecânica dos solos da Faculdade Aldete Maria
Alves (FAMA), Iturama-MG.
Segundo as principais referências e bibliografias existentes no país solos arenosos
possuem coeficiente de permeabilidade k da ordem de 0,1 a 0,001 cm/s como da amostra
estudada. Tendo esses números como parâmetros nota-se que os resultados obtidos nos ensaios
de laboratórios estão plenamente de acordo, tendo em vista que para os ensaios de 12 e 26
golpes de compactação foram obtidos respectivamente os seguintes coeficientes de
permeabilidade k: 0,010452 e 0,012371 cm/s.
Apesar de necessitar de estudos mais aprofundados, o permeâmetro em estudo se
mostrou uma alternativa para situações onde falte recursos financeiros para se adquirir um
modelo convencional ou até mesmo tempo hábil para sua aquisição, ressaltando que são
encontrados somente em lojas especializadas.
Estruturalmente o permeâmetro alternativo de PVC precisa sofrer alguns ajustes, pois na
execução dos ensaios algumas falhas se mostraram presentes, como pequenos gotejamentos de
água nas junções foram detectadas, nada que comprometa o resultado do ensaio, mas que
precisa ser corrigido, outro pequeno problema é com o fluxo de água que passa pelo aparelho,
exercendo uma certa pressão ocasionando o levantamento do caps superior que serve para vedar
o permeâmetro.
Finalmente resolvendo-se essa questão construtiva do equipamento, é inegável que esse
sistema proposto é uma opção a ser considerada para que se possa democratizar o acesso a esse
tipo de tecnologia num futuro próximo.
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Rev. Eletrônica Organ. Soc., Iturama (MG), v. 7, n. 8, p. 14-29, jul./dez. 2018
DOI: 10.29031/ros.v7i8.389
REFERÊNCIAS

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Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares à carga constante. Rio de
Janeiro: ABNT, 1995. 8 p.

______. NBR 6457: Amostras de Solo – Preparação para ensaios de compactação e ensaios
de caracterização. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 9 p.

______. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. 13 p.

CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos Solos e suas aplicações fundamentos. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1988. (v. 1)

LIMA, Magayve dos Santos. Estudo da permeabilidade hidráulica de solos utilizando


permeâmetro convencional e permeâmetro de PVC. Unidade de Ensino Superior Dom
Bosco, São Luís, MA, 2016.

MASSAD, Faiçal. Mecânica dos Solos Experimental. São Paulo: Oficina de textos, 2016.
288 p.

PINTO, Carlos Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. São Paulo: Oficina de
textos, 2006.

Recebido em: 15 de junho de 2018


Aceito em: 25 de julho de 2018

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Rev. Eletrônica Organ. Soc., Iturama (MG), v. 7, n. 8, p. 14-29, jul./dez. 2018
DOI: 10.29031/ros.v7i8.389

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