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Controle de Qualidade de Aterros Hidráulicos Arenosos

Luiz Guilherme F.S. de Mello


Prof. Assist. POLI-EPUSP, Vecttor Projetos, São Paulo, Brasil, lgmello@vecttor.com.br

Werner Bilfinger
Vecttor Projetos, São Paulo, Brasil, werner@vecttor.com.br

Lucas Pereira Cammarota


EGB Escritorio Geotecnico Brasileiro, São Paulo, Brasil, lucas@escritoriogeotecnico.com.br

RESUMO: O presente trabalho aborda as particularidades dos aterros hidráulicos arenosos em


relação ao aterros compactados convencionais, incluindo suas diferentes metodologias executivas, e
com enfoque nos métodos de controle de qualidade dos aterros hidráulicos arenosos. São discutidos
os métodos de controle de qualidade usualmente empregados, exemplificados com alguns casos
reais de obra, e descritas as principais diretrizes de projeto e especificações técnicas
internacionalmente empregadas, além de apresentadas as considerações entre os diferentes
comportamentos dentre aterros hidráulicos arenosos executados com areias quartsozas e com areias
calcáreas.

PALAVRAS-CHAVE: Aterro hidráulico, controle de qualidade, areias calcáreas e areias


quartsozas.

1 INTRODUÇÃO necessárias com os parâmetros de controle


rotineiros da execução do aterro.
O controle de qualidade de aterros se faz Neste artigo se discutem diferenças
necessário para garantir que as propriedades conceituais entre a construção de aterros
geomecânicas e hidráulicas necessárias e convencionais e hidráulicos, com foco nas
utilizadas em projeto de um aterro qualquer metodologias de controle dos aterros
sejam atingidas pelo processo industrial de hidráulicos, considerando que este tipo de obra
execução da terraplenagem. vem sendo executada com mais frequência nos
Na grande maioria dos aterros o projeto últimos anos, por um lado e, por outro lado,
postula especificações de método executivo ao pela ausência / limitada experiência em
invés de especificações de comportamento metodologias de controle disponíveis e em
futuro – “method specifications x end product utilização em nosso meio.
specifications” - para vincular o andamento da Este artigo é dividido nos seguintes itens:
obra e seu controle com os requisitos diretos do - No item 2 se apresenta breve descrição de
projeto, em seus cálculos e seu desempenho aterros convencionais e suas metodologias de
futuro. Assim, indiretamente se busca em obra e controle;
através de grandezas de mais fácil obtenção, - no item 3 são apresentadas metodologias
densidade e umidade ao invés de construtivas e de controle de aterros
permeabilidade, módulo de deformabilidade e hidráulicos;
parâmetros de resistência ao cisalhamento, - no item 4 se apresentam metodologias e
obter atestação de que a execução do aterro leva dados de controle de aterros hidráulicos
à obtenção dos parâmetros antevistos e executados em terra;
requeridos pelo projeto. Idealmente, ensaios - no item 5 se apresentam metodologias e
prévios de laboratório e campo, ou experiência dados de controle de aterros hidráulicos
prévia acumulada, permitiram a vinculação das executados na água;
propriedades geomecânicas e hidráulicas - e no item 6 algumas conclusões relevantes.
quando determinar a densidade máxima (Wils
et al, 2013).
2 ATERROS CONVENCIONAIS Considerando a dificuldade/impossibilidade
de se obter amostras representativas e
2.1 Aterros de Argilo-Siltosos indeformadas destes materiais para a execução
de ensaios de laboratório para a documentação
No caso específico de aterros compactados da obtenção dos parâmetros de deformabilidade
argilo-siltosos, especificações técnicas de e de resistência ao cisalhamento requeridos pelo
execução dos aterros são postuladas pelo projeto, cria-se a necessidade de se trabalhar
projeto, definindo procedimentos que foram com amostras reconstituídas em laboratório na
estudados e/ou se demonstraram validos em mesma densidade, ou de execução de ensaios in
obras equivalentes (espessura de camada, situ.
numero de passadas de rolo compactador) e Marcuson & Franklin (1979) discute a
postulando controle do procedimento em função dificuldade / validade de se reconstituir
do desvio da umidade ótima e do grau de amostras realmente representativas.
compactação. A metodologia de Hilf-Proctor,
desenvolvida no USBR e utilizada no Brasil
desde a Barragem de Salto Osório (Franco & 3 ATERROS HIDRÁULICOS
Komesu, 1971) e (Franco & Komesu, 1972),
permite que tais controles sejam feitos com o 3.1 Introdução
rigor necessário e rapidamente, e atestam a
execução do aterro em conformidade com as O uso de técnica de aterros hidráulicos, ou seja,
especificações de projeto. Aterros de material granular transportado e depositado
experimentais prévios ao início da compactação por via úmida, em camadas de diferentes
e a retirada de blocos indeformados do corpo do espessuras em função do processo executivo
aterro possibilitam ao projeto a ratificação das empregado, mas substancialmente diferente
propriedades geomecânicas e hidráulicas sendo daqueles de espalhamento e compactação por
obtidas. equipamentos convencionais, é de especial
importância em obras costeiras, próximas a
2.1 Aterros Arenosos áreas de empréstimo subaquáticas. Neste caso,
cria-se a necessidade de discutir a problemática
No caso de aterros arenosos e granulares ditos da postulação dos requisitos de projeto, da
convencionais, como no sistema interno de metodologia de controle da execução destes
filtragem e transições de barragens, seu método aterros e do atendimento aos requisitos de
executivo também é aquele de lançamento de projeto.
camadas de, relativamente, pequena espessura, Valores de densidade, associados a valores
e o controle é feito pela avaliação da densidade de níveis de tensões, condicionam a
obtida no campo, e sua comparação com os deformabilidade dos aterros arenosos, e seus
valores máximo e mínimo determinados em recalques futuros. Os recalques de grandes
laboratório - Densidade Relativa (Dr). aterros hidráulicos arenosos são, em geral,
É importante lembrar que Densidade estimados a partir de módulos de
Relativa Dr depende da granulometria do deformabilidade confinado obtidos em ensaios
material granular e do método de determinação. edométricos, em função das grandes dimensões
A enorme experiência existente está relacionada das áreas de aterro. É reconhecido que em
com as dificuldades da determinação da Dr de aterros hidráulicos (arenosos) os recalques
areias quartsozas ou silíceas; no caso de areias gerados pelo peso próprio de construção do
calcáreas1 a experiência disponível é bastante aterro ocorrem praticamente durante o período
limitada; sabe-se que é fundamental ajustar a construtivo do aterro, se estendendo por, no
amplitude de vibração da mesa de ensaio máximo, algumas poucas semanas após seu
término.
Os valores de resistência de ponta de ensaios
1 Conforme definição apresentada em 3.3 a seguir.
de penetração estática CPT ou CPTU, qc, vertedouro seja concebida para o escoamento e
devem ser vistos como uma ferramenta para recolhimento adequado da água sobrenadante.
determinação indireta do Grau de Densidade As figuras abaixo ilustram este processo de
D2,3, ou da Densidade Relativa Dr de um aterro deposição.
arenoso, hidráulico ou convencional. Saída para o mar
É reconhecido que a densidade in situ de um
aterro arenoso depende da granulometria e do
teor de finos do material lançado, da espessura
da lâmina d’água no lançamento, da velocidade Progresso Flu o d’água
do aterro
d’água no lançamento, e do método de
lançamento.
Jamiolkowski (2001) propôs uma
formulação empírica de correlação entre a
densidade relativa Dr e a resistência de ponta de
ensaios de CPT (qc), para areias quartzosas ou
siliceas, a partir de uma grande série de ensaios
realizados em células de calibração.

ln [ ( vo )
] (1)

Onde:
C0 = 17,68; C1 = 0,5; C2 = 3,10; ’vo =
Tensão vertical efetiva em uma profundidade
específica.
Esta correlação, de validade restrita para
Área de aterro: água de retorno e
areias quatsozas ou siliceas, é de grande
assentamento dos tubos
utilidade por permitir uma primeira avaliação
indireta da densidade do aterro hidráulico Figura 1. Metodologia executiva - Deposição em terra.
arenoso em execução.

3.2 Método Executivo

Duas condições principais podem ocorrer


quando da execução de aterros hidráulicos: a
deposição do material transportado por via
úmida em terra, ou sua deposição em água.
Quando depositados em terra os aterros
hidráulicos necessitam que diques periféricos
para confinamento do material a ser lançado por
via úmida sejam construídos, por escavação ou
por aterro convencional, e que estrutura de Figura 2. Metodologia executiva - Deposição em terra.

2 Grau de Densidade D: Quando a deposição se dá em espessa lâmina


-
, onde é n porosidade (2) d’água usualmente se inicia o aterro com o uso
-
3Grau
de barcaças de descarga de fundo (“bottom
de densidade D se relaciona diretamente discharge”), e, quando a lâmina d’água se reduz
com Densidade Relativa Dr através da seguinte dificultando a navegabilidade e descarga do
equação: material, pela aspersão aérea da areia
má e - e
(3) fluidificada, no que é chamado “rainbowing”
má e – min e
Observação: EAU sugere uso de Dr = 1,1 D. Algumas situações levam ao uso de técnica de
descarga do aterro hidráulico diretamente de características geomecânicas postuladas para
tubulações de transporte do material (“pipeline areias quartsozas não podem ser utilizadas
discharge”) diretamente, sem introdução de fator correção.
As figuras abaixo ilustram a descarga de Esta correção é usualmente feita através de
fundo e a aspersão de areias. um fator de correção F, que relaciona o qc da
areia calcárea com um qc de areia quartsoza ou
silicea equivalente, ou seja F = qc quartsoza / qc
calcárea . Alguns autores (Wils et. al, 2013)
chamam este fator de correção de “shell factor”
Valores típicos do fator de correção F
encontrado na bibliografia estão apresentados
na Tabela 1.
Descarga de fundo
Tabela 1: Fatores de correção F para qc. Obervação: os
Leito
Marinho valores destes fatores são dependentes de Dr.
Draga de sucção descarregando aterro hidráulico no local F F
de deposição Areia Limite Limite
inferior superior
Figura 3. Metodologia executiva- Descarga de Fundo. Areia calcária de Quiou e areia
silicosa de Ticino (Bellotti &
1,3 2,2
Jamiolkowski, 1991)) e
(Jamiolkowski, 2010)
Areia calcária de Quiou e areia
silicosa de Ticino (M. Almeida et al 1,8 2,2
1991))
Areia calcária de Quiou e areia
quartzosa de Mol (Jamiolkowski, 2,0 4,0
2010)
Areia calcária de Palm Island e
areia quartzosa de Karlsruhe 1,5 1,7
Figura 4. Metodologia executiva - Aspersão de Areia. (Gudehus & Cudmani, 2004))
Areia calcária de Dogs Bay e areia
3.3 Origem das Areias quartzosa de Mol (Yasufuku & 4,0 8,0
Hyde, 1995))
Outra importante subdivisão dos aterros
hidráulicos que se faz necessária para a Os fatores de correção dependem da areia
discussão da metodologia de controle de sua silícea/quartoza utilizada como referência, e da
execução diz respeito à origem do depósito densidade relativa Dr dos ensaios (geralmente F
arenoso sendo utilizado como empréstimo: se as aumenta com o aumento de Dr).
areias são quartsozas ou silíceas, ou se são Cabe colocar que areias com porcentagens
oriundas da quebra/trituração de conchas e de de CaCO3 substancialmente inferiores a 50%,
fragmentos de esqueletos, ou seja, calcáreas. valor de referência para defini-las como
Areias ricas em conchas e fragmentos de calcáreas, podem levar areias a ter
esqueletos, com alto teor de carbonato de cálcio comportamento no qual a trituração dos grãos já
(CaCO3) são aquelas, segundo Fookes (1988) e afeta seu comportamento registrado em ensaios
Jewell (1993), que apresentam CaCO3 > 50%. penetrométricos, tipo CPT ou CPTU.
Os autores acima e outros ressaltam que cada O uso de células de calibração ou de ensaios
areia calcárea é diferente da outra, o que não em centrífugas permite correlacionar valores de
acontece com as areais quatsozas ou silíceas. qc de qualquer areia, as calcáreas ou as
Areias calcáreas apresentam comportamento quartsozas, a valores de D, ou Dr, e através
diferenciado em relação a areias quartsozas, em deste processo obter correlações entre qc e
função da trituração de seus grãos quando propriedades geomecânicas de deformabilidade
submetidos a tensões, do que resulta que, e de resistência ao cisalhamento específicas
geotecnicamente, correlações para obtenção de para um determinado local.
4 ATERROS HIDRÁULICOS COM
DEPOSIÇÃO EM TERRA

Aterros hidráulicos arenosos podem ser


depositados em terra quando da necessidade de
elevar a cota de uma região de terra
imediatamente contígua ao mar, em região
portuária ou situação equivalente, para atender a
critérios hidrológicos principalmente. Neste
caso são construídos diques periféricos
circundando uma área, o material transportado
por via úmida é lançado, sua água sobrenadante
escoada e retirada. Assim o espalhamento do
material arenoso, e sua compactação podem ser
feitos como em trabalhos de terraplenagem
convencional. Figura 5. Controle de qualidade por provas de carga em
Geralmente, a única diferenciação que tem placa.
sido observada diz respeito à espessura do Interpreta-se desta figura o atendimento de
aterro, que em geral é de poucos metros. todas as provas de carga ao critério de projeto
No caso de aterros de pequena espessura, 2 a especificado, com três ensaios mostrando uma
4 metros, tem-se utilizado, para a verificação da deformabilidade bastante mais pronunciada que
densidade, próximo da superfície os métodos as restantes, que por sua vez, mostraram um
rotineiros de determinação de densidades, assim comportamento praticamente elástico.
como provas de carga em placas, quando se Tratando-se de importante aterro, ensaios
conhece o critério de desempenho requerido. penetrométricos SPT e CPTU foram realizados
Quando os aterros são mais espessos e não lado a lado com as provas de carga em placa
há critérios de desempenho específicos, tem-se iniciais.
utilizado ensaios penetrométricos estáticos ou A comparação entre Módulo de Elasticidade
dinâmicos, como o CPT ou o SPT. Parâmetros obtido por correlação com o SPT, adotada a
de referência usuais são: Dr > 75%, NSPT > 10, partir de Clayton (1993) apud Schnaid (2009), e
ou qc > 6 a 8 MPa. com o CPTU, adotada a partir de Bellotti et. al
Dentre os métodos usualmente empregados (1989) apud Schnaid (2009), e, diretamente, na
está o fluxo livre a partir de tubulação em seco prova de carga em placa está apresentada nas
e a aspersão em seco; nestes casos a bibliografia figuras abaixo. Independente dos fatores de
indica valores de Dr entre 60 – 70%, e 60 – 80% correlação utilizados nota-se claramente uma
respectivamente (van’t Hoff and van der Kolff grande variabilidade de resultados bastante
(2012) apud Mengé (2012)). inferiores ao valor especificado, e,
Em obra recente na costa do norte consequentemente, uma maior dificuldade de
Fluminense foi executado um aterro hidráulico aceitar o aterro como atendendo às
arenoso de grandes dimensões, em terra, de especificações.
espessura de 2 a 2,5 metros. As Especificações
Técnicas de controle da execução regiam a
obtenção de um Módulo de Elasticidade em
prova de carga em placa de diâmetro de 80 cm
de 30 MPa no nível de tensões de 300kPa.
Várias provas de carga em placa, utilizando
equipamentos pesados de terraplenagem como
reação, foram realizadas, e a figura abaixo
algumas das curvas carga x recalque obtidas.
ou rio, e se necessita criar uma retroárea.
Diferentes métodos de transporte e lançamento
do material arenoso incluem a descarga de
fundo de embarcações de maior porte e maiores
lâminas d’água (“bottom dumping”), e a técnica
de aspersão para o ar e sedimentação em aguas
mais rasas (“rainbowing”) Tal fato gera aterros
hidráulicos em 2 camadas distintas, com
diferentes índices da vazio inicial, e0, e
densidade.
As densidades relativas Dr usualmente
obtidas em aterros hidráulicos depositados em
Figura 6. Estimativa de módulo de elasticidade por dados água em função do método construtivo
de ensaios tipo CPTU.
empregado são reportadas como (van’t Hoff
and van der Kolff (2012) apud Mengé (2012)):
• Jateamento em água (“pipeline discharge”):
20 – 40%;
• escarga de fundo em água (“bottom
discharge”): 30 – 50%;
• Aspersão em água (“rainbowing”):40 – 60%.

A postulação de especificações técnicas por


entidades tipo a EAU 1996/2004 para obras de
aterros hidráulicos são formuladas em termos
de resistência de ponta de ensaios de penetração
de cones, qc em CPTs, e grau de densidade, D.
São também diferenciadas em relação à
granulometria das areias em questão, conforme
Figura 7. Estimativa de módulo de elasticidade por dados abaixo reproduzido.
de ensaios tipo SPT.
Tabela 3: Grau de densidade requerido em áreas
Adicionalmente, ao lado de 2 das sondagens portuárias.
D - Areia
foram realizados ensaios de densidade in situ e
D - Areia fina média (d50
coletadas amostras para determinação dos Utilização
(d50<0,15mm) entre 0,25 e
valores de densidade máxima e mínima, e da 0,50mm)
Densidade Relativa Dr. A tabela abaixo resume Áreas de armazenamento 0,35 a 0,45 0,20 a 0,35
esta informação. Áreas de tráfego 0,45 a 0,55 0,25 a 0,45
Áreas com estruturas 0,55 a 0,75 0,45 a 0,65
Tabela 2: Resumo dos dados de compactação.
Sondagem  campo seca  máx  mín Densidade
Tabela 4: Correlação entre grau de densidade D e
adjacente (kN/m³) (kN/m³) (kN/m³) Dr (%)
resistência de ponta do CPTU qc (valores empíricos para
SP-01 1,670 1,743 1,456 77,8 areia fina não uniforme e areia média uniforme).
SP-02 1,703 1,776 1,497 77 Áreas de Áreas de Áreas com
Utilização
armazenamento tráfego estruturas
D - Areia 0,45 a
0,35 a 0,45 0,55 a 0,75
fina 0,55
5 ATERROS HIDRÁULICOS COM D - Areia 0,25 a
DEPOSIÇÃO EM ÁGUA 0,20 a 0,35 0,45 a 0,65
média 0,45
qc (MN/m²)
2a5 5 a 10 10 a 15
Aterros hidráulicos depositados em água são Areia fina
qc (MN/m²)
necessários sempre que se constrói uma Areia média
3a6 6 a 10 >15
estrutura de atracação ou de contenção em mar
Mas, e é fundamental ressaltar, as em conjunto com os ensaios de controle
correlações entre qc e D, Dr apresentadas em realizados, pode aumentar a confiabilidade das
EAU 1996/2004 são aplicáveis somente para metodologias de controle usuais.
areias quartzosas, e não para areias calcáreas,
tendo sido desenvolvidas a partir da experiência
local existente na Europa.
A figura seguinte exemplifica um perfil
típico de ensaio penetrométrico CPT
identificando, em profundidade, as distintas
metodologias executivas típicas utilizadas para
deposição de aterros hidráulicos em grandes
profundidades de lamina d’água

Média

Figura 9. Resistências de ponta de todos os ensaios


realizados ao longo da profundidade ensaiada.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Figura 8. Perfil típico de ensaios CPT com aterro O presente trabalho pretende resumir algumas
hidráulico realizado por metodo de aspersão e descarga das dificuldades que se pode enfrentar em
de fundo. situação de aterros hidráulicos, quando da
verificação do atendimento de sua execução às
Situação de obra com grande deposição de especificações de projeto.
aterros hidráulicos sob considerável espessura De maneira geral, a realização de ensaios
de lamina d’água levou à obtenção de perfil penetrométricos como ferramenta de controle
típico de ensaio CPT e de média entre 34 leva a uma dispersão de resultados importante.
resultados de CPTs, conforme figura abaixo. No caso de aterros hidráulicos construídos
Nota-se uma significativa variabilidade, que em terra, a realização de ensaios que verifiquem
pode levar a certa dificuldade de documentar os parâmetros de projeto de forma mais direta,
atendimento a especificações de projeto. Neste como, por exemplo, provas de carga em placa,
caso, a utilização de análise estatística dos pode ser complemento importante ao controle
dados, avaliando-se, por exemplo, valores de qualidade.
médios, máximos e mínimos em planta e em No caso de aterros hidráulicos construídos
profundidade, poderia se demonstrar válida. sob lâmina de água, a complementação com
Entretanto, somente a observação do ensaios simples, como provas de carga em
desempenho de uma série de aterros , avaliada
placa, não é possível. Nestes casos, o controle Army Eng. Waterways Experiment Station,
precisa ser baseado nos ensaios penetrométricos Vicksburg, Report No. GL-79-16.
Mengé, P. (2012), Recent Advances and Execution
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