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11 . CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA -
TESTE DE FURO DE TRADO EM
PRESENÇA DE LENÇOL FREÁTICO
O teste mede a condutividade hidráulica foi de fundamental importância, tendo em vista que
horizontal de camadas de solo situadas em os testes de laboratório não fornecem valores
presença de lençol freático, cujos valores são apropriados para fins de projetos de drenagem
empregados principalmente no cálculo de subsuperficial por que as amostras medidas são
espaçamento entre drenos. pequenas e em geral fragmentadas, sendo assim
alteradas características importantes como
Um furo de trado é feito até penetrar em profun- estrutura e consistência, que exercem grande
didade suficiente na camada da qual se quer medir influência na permeabilidade do meio poroso.
a condutividade hidráulica. Durante o preparo do
furo é feita uma descrição sucinta do perfil do solo. O método de teste de furo de trado em presença
de lençol freático foi idealizado por Diserens (6),
A condução do teste, após a estabilização do em 1934, tendo sido posteriormente aperfeiçoado
lençol freático e remoção da água é rápida, por pesquisadores como Hooghoudt, Kirkhan, Van
podendo ter duração mínima de cerce de 30 Bavel, Ernst e Jonson.
segundos, para solos de textura leve e muito
permeáveis e de um máximo de 36 horas para solos Valores de condutividade hidráulica obtidos por
argilosos e muito consistentes. meio deste método (2) são em geral aproximados
dos valores computados a partir de medidas de
É um teste prático, rápido e de baixo custo, sendo vazões de drenos, o que indica que o método é
necessário no máximo duas pessoas para a sua bastante confiável, sendo uma das maneiras mais
condução. simples e práticas de se medir a condutividade
hidráulica de uma camada de solo "in loco". Muita
O equipamento utilizado na sua condução é experiência já foi acumulada por meio da
simples e de fácil preparo e transporte. condução de milhares deste tipo de teste.
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Os valores de condutividade hidráulica obtidos por caso, inclui (7) o perfil abrangendo a zona das
meio deste método são utilizados principalmente raízes e as diversas camadas ou formações
no cálculo de espaçamento entre drenos, podendo geológicas.
também ser utilizados em estudos de perdas de
água provenientes dos canais de irrigação. Geralmente a escolha dos locais de testes é feita
"a priori" após a análise dos dados de perfis do solo
O equipamento utilizado na condução do teste é da área e o conhecimento do posicionamento do
muito simples de preparar e de baixo custo. Para a lençol freático.
sua condução são geralmente necessários dois
homens. O período de duração de um teste vai Praticamente não existem limitações no que se
depender das características da camada testada, refere ao acesso de materiais á área do teste, tendo
podendo em casos de camadas bastante permeá- em vista que este é bastante simples, podendo ser
veis ser de um mínimo de 60 segundos e de um todo transportado por um só homem.
máximo de 36 horas em solos muito adensados
(consistentes) ou solos muito argilosos, principal-
mente naqueles com predominância de argila 2:1, 3.Profundidade,espessura
como é o caso dos vertissolos. da camada e número de testes
Para a condução do teste basta fazer um furo até a Profundidade total do furo
profundidade desejada com o uso de trado manual,
perfurando na zona do lençol freático e na camada A profundidade do furo vai depender das caracterís-
da qual se deseja obter o valor da condutividade ticas das camadas do perfil do solo que se deseja
hidráulica. testar, como espessura, profundidade e distribuição
destas. Se o solo for homogêneo em todo o perfil,
Após a estabilização do lençol freático, a altura como é geralmente o caso de latossolos, basta
da lâmina de água é medida e a quase totalidade tradar aproximadamente 70 cm em zona de lençol.
desta é removida do furo. A ascensão do nível de Para solos heterogêneos, é necessário fazer furos
água no furo de trado é medida utilizando-se uma a diferentes profundidades para se determinar a
bóia fixada a um suporte (trena de aço, fita lisa, condutividade hidráulica de cada camada.
etc) onde as distâncias entre leituras em função
do tempo são lidas ou marcadas. Com base nas Para o cálculo de espaçamento entre drenos, os
leituras e empregando fórmulas e nomógrafos testes são comumente conduzidos em camadas
calcula-se o valor da condutividade hidráulica. situadas entre 0,80 e 2,0m de profundidade.
No presente trabalho inclui-se desenho com Para profundidades superiores a 6,0m, a condução
detalhamento de um novo equipamento para a deste tipo de teste é muito trabalhosa, devendo
condução deste tipo de teste. então ser substituído pelo teste de piezômetro.
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Fig. 1 - Esquema do sistema utilizado pelo U.S.Bureau of Reclamation em corte e vista de cima.
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Fig. 2 - Vista esquemática do sistema de medição de ascensão do lençol onde é utilizada trena de aço.
No seu preparo podem ser utilizados dois pedaços tratar-se de variável importante na computação
de escova presos a um suporte que se adapte à da condutividade hidráulica.
haste do trado.
Um medidor de diâmetro pode ser improvisado
Pode-se também utilizar um cilindro de madeira utilizando-se o princípio de abertura empregado
confinado dentro de um pedaço de tubo de metal em compassos. Para isso, pode-se utilizar duas
com perfurações (Figura 3), com aproximadamente chapas que deverão ter as extremidades de contato
9cm de diâmetro e 7,5cm de comprimento (1). com o solo achatadas para aumentar a sua base
de contato, evitando assim a penetração destas
Em seguida, prendem-se cabeças de pregos nº 18, pontas no solo e conseqüentemente a obtenção
com folga entre o cilindro de madeira e as paredes de informações errôneas.
internas do tubo, com as pontas projetando-se para
fora. O conjunto é preso a um suporte adaptável à
haste de trado; 5. Preparo do furo
de trado e descrição do perfil de solo
• medidor de diâmetro de furo de trado - o uso do
medidor é dispensável quando se utilizam trados Em uma primeira etapa faz-se um furo de trado
cujos diâmetros dos furos produzidos são conheci- para descrever o perfil do solo e anotar as
dos. Geralmente, isto ocorre quando se trabalha profundidades da barreira e do lençol, após a sua
com os mesmos trados. Deve-se observar o fato de estabilização. A seguir é feito outro furo para a
que com o uso prolongado do trado, as lâminas se realização do teste, utilizando-se preferencial-
desgastam, reduzindo o diâmetro dos furos por eles mente trados de 3 polegadas de diâmetro nominal,
feitos. Quando não se sabe previamente qual o que podem ser do tipo holandês ou Riverside. Em
diâmetro do furo feito, este deve ser medido, por solos argilosos ou material mais consistente, é
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Fig. 4 - Desenho esquemático mostrando que o valor da condutividade hidráulica diminui a medida que o teste se
prolonga. Neste caso Σ∆
Σ∆Y = ¼ Yo.
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massa para provocar a sua queda no furo sempre inclusive ser feitas as leituras e anotações, por
em posição vertical. Na outra extremidade da fita um único operador. Para maior conveniência o
prende-se um contra-peso que pode ser idêntico intervalo de leitura é previamente fixado, o que é
ao que serve de bóia, devendo no entanto ser feito em função do conhecimento da camada a
ligeiramente mais leve que este. Desta forma a ser testada. No fim de cada intervalo são feitas
fita se mantém esticada durante todo o teste e ao marcas na trena ou fita, dependendo do sistema
mesmo tempo fica sensível a qualquer movimento de registro utilizado, até se observar que o intervalo
da água no furo de trado. entre estas vão se tornando menores.
As marcações na fita são feitas em relação a um Em função deste encurtamento, que representa uma
ponto fixo, situado na direção do suporte do eixo redução da vazão de entrada de água no furo,
da roda. (Figura 4) suspende-se a tomada de leituras, dando
esta fase por encerrada. O inicio de redução do
Vantagens: intervalo entre as marcas coincide em geral com
• os resultados são bastante precisos; uma altura de recuperação de água no furo
• pode ser utilizado para testes em camadas correspondente a aproximadamente 25% da altura
profundas. total da lâmina d'água removida, ou seja, se for
Desvantagens: retirada uma lâmina de 40cm (Yo = 40), 25% da
• o material é mais difícil de ser transportado; altura total retirada corresponderá 10cm. As
• é afetado por ventos, o que pode ser superado anotações que vão até este ponto são consideradas
com a instalação de quebra-ventos. confiáveis. Esta faixa varia em função do diâmetro
efetivo do trado usado, sendo que para furos de
A Figura 5 mostra desenho esquemático do sistema. 8cm de diâmetro esse valor pode ir a 30%,
enquanto que para diâmetros maiores que l2cm
Em ambos os métodos é, em geral, necessária a essa altura deve ser menor que 25%. Na Figura 5
atuação de dois homens experientes. é apresentado desenho esquemático da zona de
teste.
A confiabilidade dos resultados é maior quando
são utilizados, na computação da condutividade Observa-se que geralmente há uma discrepância
hidráulica, resultados de leituras provenientes da do primeiro intervalo em relação aos demais após
recuperação da altura da lâmina de água do poço a retirada da água do furo, sendo praticamente
até a metade da altura original da água ou valor inevitável porque a bóia ao cair provoca agitação
H. Os intervalos de leituras dependem da permea- da água por certo período de tempo.
bilidade da camada testada, geralmente variando
de 5 a 30 segundos. Caso sejam observados espaços irregulares durante
o período de leituras ou após o seu término, o teste
Imediatamente após a retirada da água por uma deve ser repetido, bastando para isso esperar que
pessoa, a outra desloca rapidamente em movi- o lençol freático se estabilize.
mento horizontal a parte móvel do sistema medidor
para a direção do eixo do furo. Instantaneamente 7. Cálculo da condutividade hidráulica
a bóia é liberada, caindo no seu interior. Nesse
momento é feita a primeira leitura ao mesmo Tendo-se a profundidade total do furo (D) e a pro-
tempo que se inicia a cronometragem. Em fundidade da barreira em relação à superfície do
camadas de baixa condutividade hidráulica estas terreno, obtém-se a profundidade da barreira em
operações podem ser mais demoradas, podendo relação ao fundo do furo (S), conforme Figura 6.
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Para o caso específico de estudos de camadas intervalos de tempo entre as leituras. (ver Fig. 6)
ou horizontes de solo, barreira é toda camada que
restringe o movimento vertical da água no solo. A próxima etapa consiste em calcular os valores
de Y, Y/r e H/r. De posse destes valores e
De acordo com o U.S.Bureau of Reclamation conhecendo-se a distância do fundo do furo à
(5),"barreira é toda camada cuja condutividade barreira, obtém-se diretamente a condutividade
hidráulica é igual ou inferior a 1/5 da condutivi- hidráulica em metros por dia, empregando-se a
dade hidráulica média das camadas superiores." fórmula onde o valor da constante "C" é obtido
utilizando-se um dos nomogramas de Ernst
O U.S.Soil Conservation Service (4) assume que, apresentado por Millar (3), para as condições S=0
para que uma camada se constitua em barreira, a ou S>1/2 H conforme Figuras 7 e 8. O valor de C
sua condutividade hidráulica deve ser inferior a 1/ é uma função de Y, H, r e S.
10 da condutividade hidráulica do material que
sobre esta se assenta. Van Beers (6) assume que Existem gráficos específicos preparados por Ernst
barreira é toda camada cuja permeabilidade se para furos de raio igual a 4 e 6cm e também para
situa em torno de 1/10 da permeabilidade das as condições de S = O e S>1/2H (6). Estes não são
camadas que a ela se sobrepõe. apresentados porque dificilmente trabalha-se com
trados que perfurem exatamente nesse diâmetro e
Quando a seleção dos locais de condução de tes- também porque os nomogramas apresentados
tes, feita com base nos estudos pedológicos e satisfazem plenamente.
geológicos da área, em geral a barreira já é
conhecida antes do teste. É no entanto necessário O manual de drenagem do U.S.Bureau of Reclama-
fazer um furo de trado com fins de checagem, tion (5) também apresenta nomogramas para
quando houver indicação de que esta camada obtenção do valor C, que são 100 vezes maiores
encontra-se próxima daquela a ser testada. Quando que aqueles apresentados nos nomogramas de Ernst.
não se tem informações que possibilitem uma Dessa forma, a condutividade hidráulica é obtida
estimativa da possível presença de barreira, deve- diretamente em pés/dia, quando o valor "C" é
se fazer um furo de trado que ultrapasse a multiplicado por , sendo y em pés e t em
profundidade da camada a ser testada até no segundos.
mínimo de 0,5H.
Apresenta-se, a título de ilustração, (Figura 9) um
Da condução do teste obtém-se os valores de altura modelo de ficha de computação utilizado pelo U.S.
total da lâmina de água removida do furo (Yo) bem Bureau of Reclamation. Nela são anotadas as
como os valores das distâncias entre leituras, em distâncias entre leituras e os tempos correspon-
função de um tempo prefixado, que são anotados dentes, ficando assim registradas todas as
na ficha de computação do teste. informações.
Estima-se então o valor de ∆Y, que em geral, A primeira leitura neste caso foi desprezada por
corresponde a 1/4 de Yo. Este valor é indicativo problemas de precisão de medição, devendo-se
do ponto onde os espaços entre as leituras evitar que isto aconteça.
começam a se tornar mais próximos um do outro.
Toma-se um determinado número de espaços a Apresenta-se também ficha de computação da
partir da primeira leitura ou marcação, que somados condutividade hidráulica (Figura 6) contendo
resultem em um valor próximo do valor de ∆Y valores obtidos em um teste realizado em material
estimado. Assim obtém-se o ∆Y medido e, como de alta permeabilidade. A mesma ficha contém
conseqüência o valor de ∆t que é a soma dos desenho esquemático do teste.
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Quando não existem nomogramas disponíveis, A condutividade hidráulica é calculada para cada
podem ser usadas fórmulas para a computação camada em ordem de condução dos testes. A
da condutividade hidráulica; entretanto, o emprego condutividade hidráulica calculada para cada teste
dos nomogramas apresentados é mais prático do consecutivo representaria um valor médio de con-
que o cálculo feito através de fórmulas. Os dutividade hidráulica de toda a camada, desde a
resultados obtidos com uso dos nomogramas são superfície estática do lençol até a profundidade
também mais precisos, com uma margem de erro total do furo em cada teste. A permeabilidade de
de no máximo 5% enquanto que, com o uso de cada camada individual ou de diferentes trechos de
fórmulas, este pode ser de até 20%, razão pela uma mesma camada é obtida através da fórmula:
qual a apresentação das fórmulas torna-se
dispensável.
Kn.x= condutividade hidráulica a ser obtida - m/
Nas medições da altura da lâmina d'água (H) e do dia;
raio do furo (r) devem ser tomados cuidados Kn= condutividade hidráulica obtida na seqüência
especiais. Erros de 1 cm, no valor de H, quando de teste - m/dia;
este for de 50cm (6) podem causar diferenças de dn= espessura da camada em ordem de condução
2% no valor da condutividade hidráulica (K). Para do teste - m;
o caso do raio do furo de trado, qualquer erro pode Dn= profundidade total do teste em ordem de
ser bastante significativo, tendo em vista que dife- condução, tomando como referência o nível
rença de apenas 1 cm na medição pode causar estático do lençol freático - m;
erros na obtenção do valor da condutividade n = número do teste;
hidráulica da ordem de 20%. x = ordem de seqüência de testes.
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Fig.7 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático.
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Fig. 8 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático
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TEMPO ∆t Yn ∆y
SEGUNDOS ÿ = = 2,82 pés
0 - - -
13 13 3,15 Yo ∆Y = = 0,11 pés
23 10 3,04 0,11
33 10 2,93 0,11 ∆t = 10 segundos
43 10 2,82 0,11 ÿ
= = 25,15
53 10 2,70 0,12
63 10 2,59 0,11 ÿ
0,8Yo 73 10 2,49 0,10 = = 16,89
83 10 2.40 0,09 C = 390 ( do nomograma )
93 10 2,31 0,09
K=C = 4,3 pés/dia
Fig. 9 - Dados e computação de condutividade hidráulica em teste de furo de trado em presença de lençol
freático, segundo o U.S.Bureau.
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Fig. 10 - Exemplo de cálculo da condutividade hidráulica de camadas específicas de solo, segundo o U.S.Bureau
of Reclamation. Os valores são apresentados nas unidades originais.
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Bibliografia
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