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Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

FUNDAÇÕES
Concepção, dimensionamento e
detalhamento
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

Eng. Felipe G. Rodrigues

Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 8
1- Introdução a mecânica dos solos .......................................................................................... 9
1.1- Rochas ......................................................................................................................... 10
2- Formação dos diferentes tipos de solo ............................................................................... 11
2.1- Intemperismo químico ..................................................................................................... 12
2.2- Intemperismo físico: ........................................................................................................ 12
2.3- Pedogênese (Formação do solo) ...................................................................................... 12
2.4- Tamanho e forma das partículas...................................................................................... 13
3- Ensaio de sedimentação...................................................................................................... 15
4- Coeficiente de não uniformidade........................................................................................ 16
5- Coeficiente de curvatura ..................................................................................................... 17
6- Índices de físicos dos solos .................................................................................................. 18
7- Índices de consistência ........................................................................................................ 20
7.1- Ensaios ............................................................................................................................. 20
7.1.1- Limite de liquidez ...................................................................................................... 21
7.1.2- Limite de plasticidade ............................................................................................... 22
7.2- Índices de consistência .................................................................................................... 22
8- Classificação dos solos......................................................................................................... 23
9- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS ............................................................................................... 27
9.1- Ensaio de Proctor ............................................................................................................. 27
9.2- Índice de suporte Califórnia – (CBR) ................................................................................ 33
10- Diferenças entre os solos ................................................................................................ 34
10.1- Argilas e suas particularidades....................................................................................... 34
10.2- Areia e suas particularidades ......................................................................................... 34
10.3- Água no solo ................................................................................................................... 34
11- Tensões no solo ............................................................................................................... 35
11.1- Tensões efetivas ............................................................................................................. 35
12- Propagação das tensões no solo ..................................................................................... 38
12.1- Acréscimo de tensões no solo........................................................................................ 38
12.2- Carga concentrada na superfície do terreno ................................................................. 39
12.3- Carregamento para áreas retangulares ......................................................................... 40
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12.4- Método aproximado para cargas retangulares ............................................................. 45


12.5- Exemplo cálculo de acréscimo de tensão ...................................................................... 46
12.6- Carregamento uniformemente distribuído sobre área circular .................................... 48
12.7- Exemplo acréscimo de tensão área circular .................................................................. 51
12.8- Gráfico de Newmark ...................................................................................................... 52
12.9- Exemplo pelo gráfico de Newmark ................................................................................ 53
13- Coeficiente de Tensão horizontal efetiva........................................................................ 55
13.1- Empuxo no repouso ....................................................................................................... 56
13.2- Determinação do coeficiente de empuxo K em função dos parâmetros de deformação
(parâmetros elásticos) do solo. ............................................................................................... 56
13.3- Exemplo empuxo de solo ............................................................................................... 59
14- Teoria do Adensamento .................................................................................................. 59
14.1- Graus de adensamento (Uz) .......................................................................................... 61
14.2- Coeficiente de adensamento (Cv) .................................................................................. 62
14.3- Grau de adensamento médio ........................................................................................ 62
14.4- Obtenção dos coeficiente de adensamento a partir do ensaio de deformabilidade dos
solos ........................................................................................................................................ 63
14.4.1- Método de Casagrande (Logaritmo do tempo) ...................................................... 63
14.4.2- Método de Taylor (Raiz do tempo) ......................................................................... 63
14.5- Deformação devido a carregamentos verticais ............................................................. 64
14.6- Cálculo de recalques pela teoria da elasticidade: .......................................................... 64
14.6.1- Parâmetros dos solos .............................................................................................. 65
14.7- Adensamento das argilas saturadas .............................................................................. 66
14.7.1- Tensão de pré adensamento (σad’) ........................................................................ 66
14.8- Determinação da tensão de pré adensamento ............................................................. 68
14.8.1- Método de Casagrande ........................................................................................... 70
14.8.2- Método de Pacheco e Silva ..................................................................................... 70
15- Estudo da água nos solos ................................................................................................ 71
15.1- Lei de Darcy .................................................................................................................... 72
15.2- Lei de Bernoulli .............................................................................................................. 73
15.3- Determinação do coeficiente de permeabilidade ......................................................... 73
15.3.1- Permeâmetro de carga constante .......................................................................... 74
15.3.2- Carga variável (solos finos) ..................................................................................... 74
15.3.3- Métodos indiretos................................................................................................... 75
15.3.4- Variação do coeficiente de permeabilidade de cada solo ...................................... 75
16- Fluxo através das camadas de solo ................................................................................. 75
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17- Resistência ao cisalhamento ........................................................................................... 76


17.1- Ensaio de resistência ao cisalhamento .......................................................................... 79
17.1.2- Ensaio de compressão triaxial................................................................................. 80
17.2- Exemplo cálculo de tensão de cisalhamento por círculo de Mohr ................................ 83
18- Investigação geotécnica – ensaios in situ para obtenção de parâmetros ...................... 85
18.1- Ensaio de Simples Reconhecimento (SPT) NBR 6484 .................................................... 86
18.2- Ensaio de Simples Reconhecimento com torque (SPTT) NBR 6484 ............................... 89
Variação de N (SPT) ............................................................................................................. 90
18.3- Ensaio de penetração de cone (CPT) Cone Penetration Test ........................................ 92
18.4- Ensaio (CPTu) Piezocone ................................................................................................ 95
18.5- Ensaio de penetração leve modificado por Nilsson (2001) (DPL) Dynamic Probe Pight 96
18.6- Ensaio dilatômetro de plano (DMT) ............................................................................... 97
18.7- Ensaio pressiômetro ...................................................................................................... 99
19- Tipos de fundações e suas características - NBR 6122/2010 ........................................ 101
19.1- Bloco............................................................................................................................. 101
19.2- Sapata........................................................................................................................... 101
19.3- Sapata corrida .............................................................................................................. 101
19.4- Sapata associada .......................................................................................................... 101
19.5- Radier ........................................................................................................................... 101
19.6- Grelha ........................................................................................................................... 101
19.7- Estaca ........................................................................................................................... 102
19.8- Tubulão ........................................................................................................................ 102
19.9- Caixão ........................................................................................................................... 102
19.10- Bloco sobre estacas (Bloco de coroamento e estacas) .............................................. 103
19.11- Radier estaqueado ..................................................................................................... 103
19.12- Termos ....................................................................................................................... 104
20- Informações importantes em um projeto de fundações .............................................. 105
20.1- Topografia .................................................................................................................... 105
20.2- Dados geológicos ......................................................................................................... 105
20.3- Dados das construções vizinhas ................................................................................... 105
20.4- Dados da nova edificação ............................................................................................ 106
21- Ações nas fundações ..................................................................................................... 106
21.1- Ações permanentes ..................................................................................................... 106
21.2- Ações variáveis ............................................................................................................. 106
21.3- Ações excepcionais ...................................................................................................... 106
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22- Requisitos essenciais em um projeto de fundações ..................................................... 107


22.1- Coeficientes de segurança e características de projeto de fundação ......................... 108
22.1.1- Uso dos coeficiente de segurança (Fator de segurança FS) .................................. 108
22.1.2- Fatores de segurança globais mínimos: ................................................................ 108
22.2- Estado limite último – Análise de ruptura ................................................................... 109
22.3- Estado limite de serviço – Analise de deformação ...................................................... 110
23- Correlações para parâmetros do solo pelo SPT ............................................................ 111
24- Fundações superficiais .................................................................................................. 115
24.1- Pressão admissível ....................................................................................................... 115
24.2- Metodologia para determinação da pressão admissível ............................................. 115
24.3- Pressão admissível em solos compressíveis ................................................................ 116
24.4- Solos expansivos .......................................................................................................... 116
24.5- Solos colapsíveis........................................................................................................... 116
25- Dimensionamento de fundações superficiais ............................................................... 116
25.1- Dimensionamento geométrico .................................................................................... 116
25.2- Dimensionamento estruturais ..................................................................................... 117
25.3- Disposições construtivas .............................................................................................. 118
26- DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO SUPERFICIAIS – SAPATA .......... 119
26.1- Tipos de sapata ............................................................................................................ 119
26.1.2- Sapata Corrida ....................................................................................................... 121
26.1.3- Sapata associada ................................................................................................... 122
26.1.4- Sapata com viga alavanca ou de Equilíbrio ........................................................... 122
27- Rigidez dos elementos de fundação superficiais – sapatas .......................................... 123
28- Distribuição de tensão no solo ...................................................................................... 125
29- Comportamento Estrutural ........................................................................................... 127
29.1- Sapata Rígida ................................................................................................................ 127
29.2- Sapata Flexível.............................................................................................................. 128
30- Definição das dimensões da sapata .............................................................................. 130
31- Verificação à punção ..................................................................................................... 131
31.1- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar centrado com carregamento simétrico 132
31.2- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar interno com momento fletor aplicado. 132
31.3- Verificação de tensão resistente de compressão diagonal do concreto na seção crítica
C............................................................................................................................................. 133
31.4- Tensão resistente na seção crítica C’ em elementos estruturais ou trechos sem
armadura de punção. ............................................................................................................ 134
32- Considerações de projeto segundo CEB-70 (Comitê Europeu de Concreto) ................ 136
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32.1- Dimensionamento e disposição das armaduras de flexão .......................................... 137


32.2- Verificação da força cortante ....................................................................................... 142
32.3- Exemplo – Sapata isolada rígida sob carga concentrada ............................................. 142
32.3.1- Determinação dos momentos fletores solicitantes .............................................. 145
32.3.2- Ancoragem da armadura de flexão da sapata ...................................................... 148
32.3.3- Detalhamento da armadura da sapata ................................................................. 148
33- Dimensionamento pelo método das Bielas .................................................................. 149
33.1- Resolução do exemplo anterior pelo método das bielas............................................. 153
34- Sapatas sob ações excêntricas ...................................................................................... 154
34.1- Excentricidade em uma só direção .............................................................................. 154
34.2- Excentricidade nas duas direções ................................................................................ 156
34.3- Exemplo 3 – Sapata isolada sob força normal e um momento fletor ......................... 160
34.4- Exemplo 4 – Sapata isolada sob flexão oblíqua ........................................................... 167
35- Sapata flexível sob carga centrada ................................................................................ 173
35.1- Exemplo Sapata flexível ............................................................................................... 177
36- Sapata Corrida ............................................................................................................... 184
36.1- Sapata corrida rígida .................................................................................................... 186
36.2- Sapata corrida flexível .................................................................................................. 187
36.3- Exemplo 6 – Sapata corrida rígida ............................................................................... 188
37- Viga alavanca em sapatas de divisa .............................................................................. 195
37.1- Roteiro de cálculo ........................................................................................................ 197
37.2- Exemplo 8 – Sapata de divisa com viga alavanca ........................................................ 203
38- Bloco de fundação sobre estacas .................................................................................. 213
38.1- Comportamento estrutural .......................................................................................... 213
38.2- Modelos de cálculo ...................................................................................................... 214
38.2.1- Método das bielas ................................................................................................. 214
38.3- Bloco sobre uma estaca ............................................................................................... 215
38.4- Bloco sobre duas estacas – Método das bielas............................................................ 216
38.5- Bloco sobre três estacas – Método das bielas ............................................................. 221
38.6- Bloco sobre quatro estacas – Método das bielas ........................................................ 226
38.7- Exemplo 1 - Cálculo de bloco sobre duas estacas ........................................................ 232
39- Capacidade de carga em estacas .................................................................................. 250
Estaca de madeira ................................................................................................................. 250
Estaca metálica...................................................................................................................... 250
Estaca pré-moldada............................................................................................................... 250
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Estaca moldada in-loco ......................................................................................................... 250


39.1- Dentre as estacas moldadas in-loco temos: ................................................................ 251
39.1.2- Estaca Strauss........................................................................................................ 251
39.1.3- Estaca Franki ......................................................................................................... 251
39.1.4- Estaca Escavada .................................................................................................... 251
40- Método Aoki-Velloso..................................................................................................... 252
41- Método Décourt-Quaresma .......................................................................................... 253
42- Dimensionamento de estaca em compressão .............................................................. 259
42.1- Armadura mínima ........................................................................................................ 260
42.2- Armadura transversal .................................................................................................. 260
43- Nega em estacas cravadas ............................................................................................ 263
44- Efeito de perda de capacidade de carga em grupo de estacas ..................................... 264
45- Capacidade de carga em tubulões ................................................................................ 266
45.1- Capacidade de carga .................................................................................................... 267
45.2- Armadura longitudinal ................................................................................................. 270
45.3- Armadura mínima ........................................................................................................ 271
45.4- Armadura transversais (Estribos) ................................................................................. 271
45.5- Área de aço ao longo do fuste ..................................................................................... 272
46- RADIER ........................................................................................................................... 275
46.1- Dimensionamento de radiers ...................................................................................... 275
46.2- Carregamento das barras............................................................................................. 279
46.3- Propriedade geométricas e físicas das barras discretizadas ........................................ 279
46.4- Esforços nas barras ...................................................................................................... 281
47- Projeto de fundações de um edifício de 5 pavimentos (Curso do edifício completo) .. 282
47.1- Estudos preliminares do terreno – Curvas de nível e corte aterro .............................. 284
47.2- Pontos de sondagem de acordo com a planta de cargas ............................................ 286
47.3- Analise dos laudos de sondagem Laudos de sondagem .............................................. 287
47.4- Planta de cargas ........................................................................................................... 293
47.5 - Memoriais de cálculo de todos os elementos de fundação ....................................... 295
48- Referências bibliográficas ............................................................................................. 346
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INTRODUÇÃO

É com enorme prazer que nós do CANAL DA ENGENHARIA trazemos mais um conteúdo
elaborado com todo o carinho para os nossos queridos alunos, o curso de Fundações
tem o principal objetivo, com técnicas simples e diretas transpassar os conhecimentos
necessários para o real entendimento dos processos de dimensionamento de elementos
de fundações, trazendo todas as informações necessárias desde a análise de solo com
técnicas laboratoriais até as maneiras mais indiretas de se obter parâmetros
importantes para esses trabalhos. Com intuito de embasar os conhecimentos essenciais,
partiremos do estudo de solo, dentro da geotécnica veremos algumas questões sobre
as principais características que devem ser observadas para compreendermos o
comportamento dos elementos de fundação, diferentemente de outros cursos,
entraremos mais fundo nessas questões, até porque os elementos de fundação sem
uma base de apoio (solo) não nos servirá de nada, os estudos dentro deste conteúdo
veremos: formação dos solos, tipos de solos, granulometria, Índices de consistência,
índices físicos, compactação de solo, principio das tensões efetivas, adensamento,
deformações, estudo da água nos solos, percolação, resistência ao cisalhamento. Com
esses conhecimentos adquiridos podemos então, de uma forma mais completa,
aprender todos os aspectos de um bom elemento de fundação. Veremos neste trabalho
os principais elementos de fundação, tais como para as fundações superficiais ou rasas:
Sapata, Sapata corrida, sapata associada, bloco, bloco de coroamento, radier. Dentre as
fundações profunda temos: Estacas, tubulões e caixão.
Todos os processos de dimensionamento terão como de costumes, todos os memoriais
de cálculos detalhados para que se possa entender todos os principais pontos destes
processos, com ilustrações para facilitar a interpretação dos conceitos relativos aos
elementos de fundação e geotecnia.
Aprendendo o passo a passo do dimensionamento, com auxílio das vídeo aulas, o aluno
será capaz no final do curso de analisar, dimensionar e detalhar um projeto completo
de fundações, com total critério e completa analogia sobre o assunto, tendo com eximia
competência a capacidade de analisar qualquer projeto de fundações de terceiros, e
executá-los com total segurança.

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1- Introdução a mecânica dos solos

A geotécnica é parte integrante da engenharia civil, sendo de fundamental importância


para diversos trabalhos derivados dentro da construção civil, tais como fundações,
barragens, túneis e pavimentação por exemplo, onde é necessário conhecer as
características e comportamentos dos solos para a efetiva funcionalidade dos elementos
estruturais empregados nesses tipos de obras.
A mecânica dos solos surgiu como ciência no primeiro quarto do século passado por Karl
Terzaghi, que viu a necessidade de estudos mais aprofundados nestes assuntos uma vez
que foi o início da era dos grandes edifícios, com estudos teóricos e práticos conseguiu
entender o comportamento dos diferentes tipos de solo, solos submetidos a
carregamento, solos com diferentes níveis de umidade, solos saturados dentre outros.
Terzaghi conseguiu chegar a diversas teorias que são utilizadas até os dias de hoje, se
mostrando bem funcionais, como os solos não tem um comportamento, tensão
deformação linear é necessário algumas técnicas para conseguir prever esse
comportamento, logicamente que de forma aproximada.
As dificuldades de se trabalhar com solos:
- Comportamento não linear, diferente do aço, que é uma material extremamente
previsível os solos dependem de diversos parâmetros que além de diferirem entre um
solo e outro podem variar com o teor de umidade, grau de saturação, número de vazios
etc.
- O comportamento depende da solicitação, tempo de aplicação e meio ambiente onde
se encontra
- Os solos são componentes totalmente heterogêneo podendo variar a sua composição
química e granulométrica em uma mesma região.
- Os solos além de mudar o seu comportamento em uma mesma região de forma
superficial, varia de acordo com a profundidade, sendo separado em diversas camadas
com composição e comportamentos distintos, onde muitas vezes em estudos
geotécnicos para aplicação na construção civil devemos buscar um perfil de solo em
horizontes mais profundos.
-Muitos solos são sensíveis a perturbações, podendo mudar suas características físicas
de maneira súbita antes de serem feitas as análises em laboratório distorcendo os
resultados obtidos.

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1.1- Rochas
Dentro da mecânica dos solos temos de analisar as principais formações rochosas para
entendermos mais a frente como são efetivamente formados os diferentes tipos de
solos. As rochas são formados por minerais, que por sua vez são constituídos por
substâncias químicas que se cristalizam em condições especiais e tem propriedades
químicas e físicas bem definidas, o estudo dos minerais que compõe a rocha pode
determinar onde e como foi formada.
Tendo em vista a composição química dos minerais que formam as rochas, Caputo
(1983) os classifica em:

• Óxidos: Hematita, magnetita, limonita.

• Carbonatos: Calcita, Dolomita.

• Sulfatos: Gesso, anidrita.


As rochas são de três tipos principais: Ígneas ou magmáticas, sedimentares e
metamórficas

Ígnea Sedimentar Metamórfica

Granito
Folhelho Gnaisse

Rochas Ígneas (ou Magmática): São formadas a partir do resfriamento e solidificação


do magma oriundo da fusão do material do manto e da crosta. As rochas ígneas que se
consolidam no interior da terra, onde o resfriamento é mais lento, gerando minerais de
grande granulação, chamam-se intrusivas ou plutônicas, o granito é um excelente

exemplo. As rochas formadas nas camadas mais superficiais da terra são chamadas de
extrusivas ou vulcânicas, exemplos típicos e o basalto e diabásio.

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Rochas sedimentares: Como o próprio nome já diz são formadas a partir da


sedimentação erodidos de outras rochas que se acumulam e se aglomeram em
depressões ou bacias sedimentares, demandam tempo para se acumularem e se
compactarem, transformando-se no final desse processo em rochas compostas de
outras diferentes rochas, os exemplos desse tipos de rochas são: Arenitos, folhetos,
calcários, argilitos, etc.

Basalto Diabásio

Arenito Calcário

Rochas metamórficas: São formadas a partir dos agentes do intemperismos, variação


da temperatura e pressão em rochas ígneas, sedimentares ou de outras rochas
metamórficas, os exemplos mais comuns são os gnaisses, xisto, quartzitos, etc.

Xisto
Quartzito

2- Formação dos diferentes tipos de solo


A formação dos solos se dá a partir das ações do intemperismo, que nada mais é que a
transformações das rochas são presentes na superfície do planeta desde o princípio.
Com as alterações atmosféricas essas rochas foram sofrendo uma espécie de
decomposição e degradação, de forma extremamente lenta formando os diferentes
tipos de solos que vemos hoje, o intemperismo pode ser dividido da seguinte maneira:

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2.1- Intemperismo químico: É a quebra da estrutura química dos minerais que compõe a
rocha ou sedimento (material de origem). As rochas, então, sofrem um processo de
decomposição. A intensidade deste intemperismo é relacionada com a temperatura,
pluviosidade e vegetação, ocorrendo principalmente nas regiões intertropicais. Podem
ser causados pela oxidação de rochas ricas em metais, hidrólise e por fungos e bactérias
que de alguma forma mudam as características originais da rocha de origem.
2.2- Intemperismo físico: Desagregação ou desintegração do material de origem (rocha
ou sedimento) sem que haja alteração química dos minerais constituintes. Ele, portanto,
causa uma desagregação de fragmentos cada vez menores, conservando as
características de seus minerais, aumentando a superfície de contato dos fragmentos, o
que colabora com o intemperismo químico. Em regiões desérticas e de clima semiárido
esse processo é mais intenso. Podem ser causadas pela expansão do solo da cristalização
do gelo em regiões glaciais, a quebra das rochas por raízes de plantas, degradação pelas
ações do vento e da água em atrito constante com as rochas.

2.3- Pedogênese (Formação do solo)


A formação do solo é um processo relativamente lento, pra dizer o mínimo, já que para
se formar 1 cm de camada de solo pode ser necessário quase 1000 anos de
intemperismo, logicamente que isso depende diretamente do ambiente em que se
encontram as rochas de origem, por exemplo em regiões de frio constante o solo e
basicamente constituído do horizonte C, ou seja
uma derivação direta da rocha de origem, pois com
uma temperatura constante, sendo protegido
quase que permanentemente pela camada de gelo
superficial tem um processo de decomposição
muito mais lento que em regiões tropicais por
exemplo, onde a variação constante de
temperatura, umidade e pressão tornam esses
processos relativamente mais rápidos, passando de
milhares de anos para algumas centenas, que é
exatamente o caso do hemisfério sul, as américas
central e do sul tem um solo muito característico,
em geral os solos tem um perfil mais maduro.
Cada tipo de solo, ou seja suas características
dependem diretamente da sua origem, as rochas de Figura 1-Perfil do solo (imagem da internet)
origem ditam como será a composição,
granulometria e comportamento deste solo, tendo isso em mente podemos dividir os
principais tipos de solos por sua rocha mãe.

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Tabela 1-Composição das rochas

TIPOS DE ROCHA COMPOSIÇÃO TIPO DE SOLO COMPOSIÇÃO


MINERAL
Basalto Plagioclásio Argiloso (pouca Argila
Piroxênios areia)
Quartzo (pedra Quartzo Arenoso Quartzo
mineira)
Filitos (Sorocaba , Mica Argiloso Argila
Itu)
Granito (areia de Quartzo Areno-argiloso Quartzo
praia, Itatiba, Feldspato (micáceo) Areia
Bragança Paulista) Mica Mica
Calcário Calcita Argiloso Argila
(Fabricação do
cimento)

2.4- Tamanho e forma das partículas


Uma das principais características que diferem os solos é o tamanho e formato das
suas partículas, pois essas singularidade pode ditar como será o comportamento do
solo para diversas finalidades, por isso existe o estudo da granulometria, que visa
dividir os solos em categorias:

Segundo ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho


(mm) 0,005 0,05 0,42 2,0 4,8 7,6

MIT (Massachussets Institute of Technology)

Argila Silte fino Silte médio Silte grosso Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho
(mm) 0,002 0,006 0,02 0,06 0,2 0,6 2,0
0,06

Logicamente que a identificação dos solos não é tão


simples como mostra acima, pois em um mesmo solo
encontramos diversas granulometrias, o que pode
dificultar a classificação desse solo, tendo de usar de
uma composição de dois ou mais solos
predominantes no solo estudado, para essa
classificação e nomenclatura de cada tipo de solo é Figura 2-Peneiras (imagem da
feita a través da curva granulométrica desse solo, que internet)

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é obtida pelo ensaio granulométrico que nada mais é que uma série de peneiras com
diversas aberturas variando de 0,076mm até 4,76mm, essa curva é o resultado na
análise da percentagem de retenção da massa de solo inicial em cada peneira, podendo
traçar um perfil desse solo e consequentemente ver qual o solo é predominante na
mistura, que em geral, dará nome ao solo em questão, vale ressaltar que nem sempre a
granulometria predominante dita o comportamento do solo, pois podemos ter um solo
arenoso com comportamento de um solo argiloso, por exemplo, para entender melhor
como funciona este processo de análise granulométrica vemos abaixo uma imagem de
como funciona as peneiras de separação:
Tabela 2-Abertura das peneiras

N° da Abertura São colocadas as peneiras de


Peneira (mm) maior abertura na parte superior
Tampa - da torre, diminuindo essas
4 4,76 aberturas consecutivamente,
10 2,0 utilizando um oscilador e feita a
20 0,840 peneiração desse material,
40 0,420 posteriormente é analisado cada
60 0,250 uma das peneiras para avaliar a
100 0,149 percentagem de retenção em
200 0,076 cada uma delas. Com esse
Prato -
processo é possível separar os
solos mais grosseiros, porém há uma parcela que é impossível Figura 3- Mesa
de separar pelo sistema de peneiras, deste modo as partículas vibratória
que passam pela peneira de n° 200 sofrem outro processo de
separação, esse processo é chamado de sedimentação, e consiste basicamente em
medir indiretamente a velocidade de queda das partículas em água. O cálculo das
partículas é feito através da Lei de Stokes.
𝛾𝑠 − 𝛾𝑤
𝑣= ∅²
18. 𝜇
v= Velocidade de queda da partícula, 𝛾𝑠 = Peso específico dos sólidos , 𝜇 = Viscosidade
da água (Pa.s), ∅ = Diâmetro das partículas
Obs.: Lembrando que as partículas finas tem forma bastante diferente de esferas,
então calcula-se o diâmetro equivalente das partículas.

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3- Ensaio de sedimentação
O ensaio de sedimentação, obtém-se a velocidade de queda das partículas suspensas
na água, de forma indireta, através da determinação da densidade da suspensão em
determinados intervalos de tempo, a leitura da densidade é feita com auxílio do
densímetro (γi) que é correlacionada com a queda da partícula (z)

Figura 4-Curva de sedimentação

Desta forma podemos considerar que a equação da Lei de Stokes pode ser
interpretada como:
𝛾𝑠 − 𝛾𝑤 2 𝑧
𝑣= ∅ =
18. 𝜇 𝑡
Colocando o diâmetro das partículas em evidência temos:

18. 𝜇 𝑧
∅=√ .
(𝜌𝑠 − 𝜌𝑤). 𝑔 𝑡

Para encontrar a viscosidade da água:


17,756. 10−4
𝜇=
1 + 0,0337𝑇 + 0,000221𝑇²
Partículas com diâmetros inferior a ∅, chamadas de N, a porcentagem pode ser
encontrada com:
𝛾𝑠 𝑉
𝑁= . (𝛾𝑖 − 𝛾𝑤)
𝛾𝑠 − 𝛾𝑤 𝑀
Sendo:

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V= Volume da suspensão (1000cm³); M=Massa total dos sólidos , 𝛾𝑖=Leitura do


densímetro

4- Coeficiente de não uniformidade


A curva de distribuição granulométrica é frequentemente representado por três
parâmetros (D10, CNU e CC).
O CNU (Coeficiente de não uniformidade) dá uma idéia da inclinação da curva
granulométrica:
𝐷60
𝐶𝑁𝑈 =
𝐷10
Tabela 3-Descrição dos solos

D60= é o diâmetro que na curva granulométrica, Solo Descrição


corresponde à porcentagem que passa igual a 60% A Argila orgânica de Santos
B Argila porosa laterítica
D10= é o diâmetro que na curva granulométrica, C Solo Residual de basalto
D Solo Residual de granito
corresponde à porcentagem que passa igual a 10%
E Areia variegada de São Paulo
Ou seja, quanto maior o coeficiente de não uniformidade F Solo residual de arenito
G Solo residual de migmatito
mais bem graduado é o solo, menos uniforme será. Areia H Solo estabilizado para
com CNU menores que 2 são chamadas de areias pavimentação
uniformes, solos residuais apresentam CNU entre 300 e I Areia fluvial fina
400 J Areia fluvial média
k Areia fluvial média

Figura 5-Exemplo de curvas de retenção de solo

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5- Coeficiente de curvatura
O CC (Coeficiente de curvatura), Não tão empregado é definido como:

(𝐷30)²
𝐶𝐶 =
𝐷10. 𝐷60
O Coeficiente de curvatura detecta o melhor formato da curva granulométrica e permite
identificar eventuais descontinuidades ou concentrações muito elevadas de grãos mais
grossos no conjunto.
Considera-se que o material é bem graduado (não uniforme), quando CC está entre 1 e
3 (curva 1 - suave). Quando CC é menor que 1, a curva tende a ser descontínua (curva 2
– descontinua), há falta de grãos de determinado diâmetro. Quando CC é maior que 3,
a curva tende a ser muito uniforme na sua parte central (curva 3 – uniforme)

100

CNU=7
CC=2,2
% PASSA

50

0,001 0,01 0,1 1,0

Φ DAS PARTICULAS

CURVA 1 - SUAVE

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100

CNU=7
CC=0,5
% PASSA

50

0,001 0,01 0,1 1,0

Φ DAS PARTICULAS
CURVA 2 – DESCONTINUA

100

CNU=7
CC=5
% PASSA

50

0,001 0,01 0,1 1,0

Φ DAS PARTICULAS

CURVA 3 – CURVA UNIFORME

6- Índices de físicos dos solos


O solo por ter uma composição variada e comportamentos diretamente ligados a esses
fatores, podemos observar alguns índices para nos auxiliar quanto a sua classificação,

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determinando por consequência seu comportamento, capacidade de carga,


estabilidade e permeabilidade.

• Peso ou massa especifica dos sólidos – É a relação entre o peso ou massa das
partículas e o volume por elas ocupado na porção de solo. Esse valor varia de
2.600 e 2.700 kgf/m³. Valores menores podem significar a presença de matéria
orgânica, o que pode exigir alguns cuidados.
𝑚𝑠
𝜌𝑠 =
𝑉𝑠
• Peso ou massa especifica do solo – Relação do peso total do solo e seu volume,
considerando por tanto vazios e a presença de água entre os vazios das
partículas, essa informação leva em consideração as características do solo em
seu estado natural.

𝑚
𝜌=
𝑉
• Umidade – Relação entre o peso ou massa da água e o peso ou massa dos sólidos.
𝑚𝑤
𝑤=
𝑚𝑠
• Índice de vazios – Relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos.
𝑉𝑣
𝑒=
𝑉𝑠
• Porosidade – Relação do volume, vazios e o volume total do solo
𝑉𝑣
𝑛=
𝑉
• Grau de saturação – Relação entre o volume de água e o volume de vazios, sendo
esse valor igual a 1 (100%) o solo e chamado de saturado.
𝑉𝑤
𝑆𝑟 =
𝑉𝑣
• Peso especifico seco – Relação entre o peso das partículas sólidas e o volume total
do solo
𝑚𝑠
𝜌𝑑 =
𝑣
• Peso especifico saturado – Peso específico do solo quando todos os vazios estão
preenchidos por água.

• Peso especifico submerso – Peso específico saturado menos o peso especifico da


água.

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Diagrama de fase

Vg FASE GASOSA mg
Vv
V FASE LIQUIDA mw m
Vw

Vs FASE SOLOIDA ms

Figura 6-Diagrama de fases

7- Índices de consistência

• Limite de liquidez (LL) – Limite entre o estado plástico e líquido, nada mais é que
o teor de umidade para que no teste de Casa Grande, feche a ranhura com cinco
golpes, onde o solo tem um comportamento parecido com um fluido, tendo uma
grande concentração de agora o que altera o seu comportamento.

• Limite de plasticidade (LP) – Limite entre o estado semissólido ou quebradiço e o


limite líquido, o estado plástico é aquele onde é possível moldar o solo com uma
certa facilidade, assim como acontece com um escultor com argila, sendo capaz
de se deformar sem romper ao cisalhamento. Enquanto estado de liquidez é um
solo incapaz de ser moldado devido à grande quantidade de água na sua
composição.

• Limite de concentração (LC) – Limite entre o estado semissólido ou quebradiço


com volume variável e o estado solido ou quebradiço com volume constante. O
limite de concentração indica, fisicamente, o volume de água necessário para
preencher os vazios do solo quando seco ao ar.

• Índice de plasticidade – Diferença entre o limite de liquidez e o limite de


plasticidade. Esse índice indica o intervalo em que o solo encontra-se plástico.

7.1- Ensaios

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7.1.1- Limite de liquidez


Os ensaios de limite de liquidez é
padronizado pala ABNT (NBR 6459).
Empregando umidades, geralmente,
coloca-se uma quantidade de solo na
concha do aparelho de Casagrande.
Com um cinzel padronizado, se faz
uma ranhura na pasta de solo, Então
conta-se o número de golpes
necessários para que a ranhura se
feche numa extensão em torno de 1
cm. Com os valores de umidade (no
eixo das ordenadas) versos o número
de golpes obtidos (eixo das
abscissas), traça-se uma reta em um
gráfico semilog. O valor do LL será
aquele que corresponde a 25 goles.
Figura 7 - Aparelho de Casagrande (imagens da internet)

Figura 8 - Esquema do aparelho de Casagrande (Imagens da internet)

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7.1.2- Limite de plasticidade

O ensaio de limite de
plasticidade é padronizado
pela ABNT (NBR 7180). Esse
ensaio é relativamente simples
uma vez que determina o teor
de umidade (LP) para o qual
um cilindro de 3 mm começa a
fissurar após ser rolado com a
palma da mão sobre uma placa
de vidro jateada.

Figura 9 - Ensaio de plasticidade (imagens Dr. Roger - FEB-Unesp Bauru)

Obs.: O ensaio apesar de extremamente simples é relativamente longo e maçante, uma vez que
é necessário realizado repetidas vezes variando a umidade para se obter o resultado ideal, as
variáveis são muitas, pois o calor das mãos e o movimento constante fazem com que a umidade
caia distorcendo o resultado, sendo necessário uma nova checagem de umidade ao final do
ensaio para encontrar uma fator de correção!

7.2- Índices de consistência

𝑰𝑷 = 𝑳𝑳 − 𝑳𝑷
𝐼𝑃 = 0 → 𝑁ã𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜
1 < 𝐼𝑃 < 7 → 𝑃𝑜𝑢𝑐𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜
7 < 𝐼𝑃 < 15 → 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝐼𝑃 > 15 → 𝑀𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜

𝐿𝐿−𝑊
Índice de consistência (Ic): 𝐼𝑐 = 𝐼𝑃

Índice de concentração (IC): 𝐼𝐶 = 𝐿𝑃 − 𝐿𝐶


𝑤−𝐿𝑃
Índice de liquidez (IL): 𝐼𝐿 = 𝐼𝑃

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8- Classificação dos solos


Para a classificação dos solos temos diferentes sistemas que tem basicamente a mesma
finalidade, todavia neste curso vamos trabalhar com dois deles, que são, SUCS (Sistema
Unificado de Classificação dos solos) e o AASHTO (American Association Highway and
Transportation Officials), os dois sistemas de classificação funcionam basicamente da
mesma forma, classificando os solos de acordo com as características de granulometria
de consistência.
Sistema Unificado de Classificação dos solos (SUCS)
Proposta por Arthur Casagrande em 1942, inicialmente destinado para construções de
aeroporto e posteriormente para utilizado para barragens e obras geotécnicas, separa
os solos da seguinte maneira:
SOLOS GROSSO (+50% RETIDO NA #200)
G (Gravel) – Pedregulho
S (Sand) – Areia
W (Well) - Material praticamente limpo de finos, bem graduado
P (poorly) – Material praticamente limpo de finos, mal graduado
M – Material com quantidades apreciáveis de finos não plásticos
C – Material com quantidades apreciáveis de finos plásticos

SOLOS FINOS (+50% PASSADO NA #200)


M (Provem do Suéco “mjäla”) – Silte
C (Clay) – Argila
O (Organic) – Orgânico
H (High) – Solos comalta compressibilidade
apresentando LL>50%
L (Low) – Solos com baixa compressibilidade apresentando LL<50%
Pt (Peat) – Turfa

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Fluxograma do sistema SUCS

Figura 10 - Fluxograma sistema SUCS

Figura 11 - Fluxograma AASHTO

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Figura 12 - Fluxograma AASHTO finos

- São considerados solos de granulação grosseira os que têm menos de 35% passando
na peneira nº 200. Estes são os solos:
A-1a – Menos de 15% passa na peneira #200, Menos de 30% passa na peneira #40 e
menos de 50% passa na peneira #10 tendo IP<6
A-1b - Menos de 25% passa na peneira #200, Menos de 50% passa na peneira #40 tendo
IP<6
A-2
A-3 – Menos de 10% passa na peneira #200

- Os solos com mais de 35% passando na peneira nº 200 formam os grupos:


A-4 – Silte com IP<10 e LL<40
A-5 - Silte com IP<10 e LL>41
A-6 – Argila IP>11 e LL<40
A-7

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TRABALHABILIDADE RESISTENCIA COMPRESSIBILIDADE VALOR
PERMEABILIDADE γαmáx (proctor CARACTERISTICA
DIVISÕES PRICIPAIS SUBGRUPOS SIMBOLO COMO MATERIAL DE COMPACTADA E COMPACTADA E COMO
QUANDO COMPACTADO normal) g/cm³ S DE DRENAGEM
CONSTRUÇÃO SATURADA SATURADA FUNDAÇÃO
PEDREGULHOS: MISTURA AREIA;
PEDREGULHO BEM GRADUADO POUCO GW EXCELENTE PERMEÁVEL EXCELENTE DESPREZÍVEL DE 2,00 A 2,20 EXCELENTE
OU NENHUM FINO
PEDREGULHOS: MISTURA AREIA;
PEDREGULHO MAL GRADUADO POUCO GP BOA MUITO PERMEÁVEL BOA DESPREZÍVEL DE 1,80 A 2,00 EXCELENTE
OU NENHUM FINO

PEDREGULHOS SILTOSOS: MISTURA SEMIPERMEÁVEL A BOA A


GM BOA BOA DESPREZÍVEL DE 1,92 A 2,20
AREIA; PEDREGULHO - AREIA - SILTE IMPERMEÁVEL EXCELENTE REGULAR A MÁ

PEDREGULHOSOS
PEDREGULHOS ARGILOSOS: MISTURA

PEDREGULHOS E SOLOS
GC BOA IMPERMEÁVEL REGULAR A BOA MUITO PEQUENA DE 1,84 A 2,10 MÁ
AREIA; PEDREGULHO - AREIA - ARGILA
AREIAS OU AREIAS PEDREGULHOSAS
BEM GRADUADAS; POUCO OU NENHUM SW EXCELENTE PERMEÁVEL EXCELENTE DESPREZÍVEL DE 1,76 A 2,10 EXCELENTE
FINO
MÁ A BOA -

SOLOS GRANULARES
DEPENDE DO
AREIAS OU AREIAS PEDREGULHOSAS SP REGULAR PERMEÁVEL BOA MUITO PEQUENA DE 1,60 A 1,92 EXCELENTE
MAL GRADUADAS; POUCO OU NENHUM PESO
FINO ESPECÍFICO
AREIAS SILTOSAS; MISTURAS AREIAS - SEMIPERMEÁVEL A
SM REGULAR BOA PEQUENA DE 1,76 A 2,00
SILTES IMPERMEÁVEL REGULAR A MÁ
AREIAS ARGILOSAS; MISTURAS AREIAS -

AREIAS E SOLOS ARENOSOS


ARGILAS SC BOA IMPERMEÁVEL REGULAR A BOA PEQUENA DE 1,68 A 2,00 MÁ A BOA MÁ
MUITO MÁ;
SILTES ORGANICOS, PÓ DE PEDRA,
SEMIPERMEÁVEL A SUSCEPTIVEL
AREIAS FINAS SILTOSAS OU ARGILOSAS; ML REGULAR REGULAR MÉDIA DE 1,52 A 1,92
SILTES ARGILOSOS DE BAIXA IMPERMEÁVEL DE
PLASTICIDADE LIQUEFAÇÃO REGULAR A MÁ
ARGILAS INORGÂNICAS BAIXA - MÉDIA

<50%
PLASTICIDADE; ARGILAS ARENOSAS; CL REGULAR A BOA IMPERMEÁVEL REGULAR MÉDIA DE 1,52 A 1,92 MÁ A BOA MÁ
SILTES ARGILOSOS; ARGILAS MAGRAS

SILTES ORGÂNICOS; ARGILAS SILTOSAS SEMIPERMEÁVEL A


OL REGULAR BAIXA MÉDIA DE 1,28 A 1,60 MÁ MÁ

SILTES E ARGILAS COM LL


DE BAIXA PLASTICIDADE IMPERMEÁVEL
SILTES INORGÂNICOS; SOLOS MÍCÁCEOS

SOLOS FINOS
OU DISTOMÂCEOS DE ALTA
SEMIPERMEÁVEL A
MH MÁ BAIXA REGULAR ALTA DE 1,12 A 1,62 MÁ
COMPRESSIBILIDADE IMPERMEÁVEL REGULAR A MÁ
ARGILAS INORGÂNICA DE ALTA REGULAR A
CH MÁ IMPERMEÁVEL BAIXA ALTA DE 1,20 A 1,68 MÁ
PLASTICIDADE; ARGILAS GORDAS MÁ

COM LL >50%
ARGILAS ORGÂNICAS DE MÉDIA A ALTA

SILTES E ARGILAS
PLASTICIDADE; SILTES ORGÂNICOS OH MÁ IMPERMEÁVEL BAIXA ALTA DE 1,10 A 1,60 MUITO MÁ MÁ
TURFA E OUTROS SOLOS ALTAMENTE
ORGÂNICOS ORGANICOS Pt NÃO DEVE SER UTILIZADA EM NENHUMA HIPOTESE, DEVEM SER REMOVIDAS ANTES DO INICIO DE QUALQUER ATIVIDADE
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9- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS


Aprendendo como são classificados os diferentes tipos de solo, para chegarmos a esse
momento, onde iremos aplicar todos os conhecimentos adquirido dentro de uma
disciplina especifica dentro da mecânica dos solos, a compactação talvez seja um dos
tipos de obras onde mais se necessita conhecer as características do solo, pois
necessitamos não somente conhecer o tipo de solo, mas também como se comporta,
qual seu nível de saturação, índices de vazios e saber como alterar esses índices a nosso
favor, encontrando a umidade ótima para atingirmos a plasticidade ideal para uma
compactação mecânica! Mas chega de papo e vamos ao que interessa, compactação de
solo!
A compactação é empregada em:

• Aterros para diversas finalidades

• Camadas construtivas para pavimentação

• Construção de barragens

• Muros de arrimo e taludes


A compactação é feita com a distribuição de camadas alteradas de solo natural da
própria obra ou até mesmo de fontes externas, chamadas de empréstimo, caso o solo
natural não seja ideal para o tipo específico de obra em quesitos de resistência, ou
outras funções mecânicas importantes para as diferentes finalidades. Essas camadas são
disposta em geral com espessuras de 20 a 30 cm, com posterior passagem de
equipamento mecânico de compactação.
Em 1933, o engenheiro Norte Americano, Ralph Proctor publicou um estudo referente
a energia de compactação, um certo número de passadas de um dado tipo de
equipamento, baseado em uma análise feita em laboratório, onde se aplica um número
de golpes com um soquete padronizado, extraído desta análise, informações sobre a
umidade ideal (umidade ótima), para que o solo seja compactado sem que haja uma
reação excessiva de ricochete por parte do solo ou da água presente no solo, o que causa
perdas de energia nos equipamentos de compactação!
O princípio básico da compactação e a mudança do volume do solo mantendo o mesmo
número de partículas, ou seja a diminuição de volume se deve a diminuição de vazios
antes presente do solo, onde a quantidade de partículas e de água permanecem
constante, com a diminuição do espaço entre as partículas, mais materiais poderão
ocupar um mesmo espaço, resultando em um aumento na capacidade de carga desse
solo.
9.1- Ensaio de Proctor
Para a realização do ensaio de Proctor, uma amostra de solo é retirada da obra e
previamente seco em uma estufa, depois variando a umidade, são feitas várias amostras
de solos para que as mesmas possam ser compactadas contidas no cilindro e golpeadas

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pelo soquete padronizado, com três tipos diferentes de energia, Proctor normal,
intermediária e modificada, onde é possível analisar qual das umidades resulta em uma
melhor compactação, ou seja, qual das amostras com sua devida umidade tem um
menor número de vazios, um maior peso especifico seco (Densidade seca) o que indica
uma maior e melhor compactação!

Tabela 4-Tabela ensaio de Proctor

Caracteristicas inerentes a cada energia de ENERGIA


Cilindro
compactação
Normal Intermediária Modificada
Soquete Pequeno Grande Grande
Pequeno Número de camadas 3 3 5
Número de golpes por camadas 26 21 27
Soquete Grande Grande Grande
Número de camadas 5 5 5
Grande
Número de golpes por camadas 12 26 55
Altura do disco espaçador 63,5 63,5 63,5

*O cilindro pequeno deve ser usado quando a amostra, após a preparação passa
integralmente na peneira de #4

A energia de compactação pode ser calculada pela seguinte equação:

𝑀. 𝐿. 𝑛. 𝑁. 𝑔
𝐸=
𝑉
Onde:
M= massa do Soquete
L=Altura de queda (m)
n= Número de camadas
N=Número de golpes
g=10m/s² (gravidade)
V=Volume (m³)
E=Energia (Joules)
Figura 13-Esquema cilindro e soquete
padronizado (Imagem da internet)

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Determinando a massa específica e a umidade do corpo de prova. Com estes valores


calculamos a densidade da amostra.

Curva de Saturação
Sr=100%

Ρd máx

Ramo
Seco
Ramo
úmido

Curva de compactação

W ótima
Figura 14-Curva típica de compactação

2.1 a) Pedregulho bem-


graduado pouco argiloso
2 (base estabilizada)
b) Solo Arensos laterítico
(a) fino
1.9 c) Areia Siltosa
Densidade seca (Kg/dm³)

d) Areia silto-argilosa
(residual de granito)
1.8 e) Silte pouco argiloso
(residual de gnaisse)
(b) f) Argila siltosa
1.7 (c) g) Argila residual de
basalto (terra roxa)
1.6 (d)

1.5
(e)
(b)
1.4
(f)
1.3
(g)
1.2 30 40
0 5 10 15 20 25 35
Umidade (%)

Figura 15-Curvas de compactação tipos de solo (PINTO 2000)

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1,8
Linha das máximas

1,7
Modificado
Densidade seca (Kg/dm³)

1,6

1,5
Intermediário

1,4 Normal

1,3
14 16 18 20 22 24 26
Umidade (%)

Figura 16- Curvas de compactação em função da energia (PINTO


2000)
Quando o solo se encontra com a umidade abaixo da ótima, a aplicação de maior energia
de compactação provoca aumento da densidade seca, mas quando a umidade é maior
do que a ótima, maior esforço de compactação para obter pouco ou nada no aumento
da densidade, pois não se consegue expelir o ar dos vazios por estarem aprisionados
pela pressão hidráulica que rebate a energia de compactação antes que os esforços
sejam transferidos para as partículas, o já falado efeito ricochete. A passagem do
equipamento de compactação quando o solo se encontra muito úmido faz com que
ocorra o fenômeno conhecido pelos engenheiros como solo borrachudo, por conta da
sua alta capacidade de absorver a impactos sem se deformar, tendo a capacidade de
voltar a seu estado original de forma imediata.
A compactação no campo deve seguir as seguintes operações:

• Escolha da área de empréstimo;

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• Transporte e espalhamento do solo

• Acerto da umidade

• Compactação, com os seguintes equipamentos


▪ Rolos lisos – Maioria dos solos, exceto areias uniforme e areias siltosas
▪ Rolos pé de carneiro – Solos finos ou solos grossos com mais de 20% de
solos finos
▪ Rolos pneumáticos – Grande variedade de solos exceto material de
graduação uniforme;
▪ Rolos vibratórios – Solos granulares
▪ Soquete mecânicos (Sapo) – Para pequenas área de difícil acesso;

Figura 17-Rolo liso simples (imagem da internet)

Figura 18-Rolo pé de carneiro (imagem da internet)

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Figura 19- Rolo pneumático (imagem da internet)

Figura 20-Rolo vibratório (imagem da internet)

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Figura 21-Soquete mecânico manual (Sapo)


(Imagem internet)

9.2- Índice de suporte Califórnia – (CBR)


Desenvolvido pela Califórnia Division of Highways em 1929 e é utilizado para analisar a
compactação das bases e sub-bases de pavimentos rodoviários como para o projeto de
pavimentos flexíveis. Mede a resistência ao cisalhamento do solo sob condições
controladas de umidade e peso especifico.

• Compacta-se uma amostra de solo num cilindro na umidade ótima até atingir a
massa específica aparente seca que deseja. Inunda-se a amostra durante 96
horas no intuito de atingir a saturação e através de uma sobrecarga aplicada
simula-se a resistência que o peso do pavimento impõe e observa-se a sua
expansão. Após deve-se levar o cilindro a uma prensa e proceder a ruptura
anotando os valores de penetração e carregamento.
O Valor CBR é definido como a relação entre uma carga unitária necessária para a
penetração de um pistão. O resultado é apresentado em uma curva resistência x
penetração.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎
𝐶𝐵𝑅 = 𝑥100
𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜

As forças padrão para cálculos usuais de CBR são correspondente a penetrações 2,5mm
e 5,0mm e valem respectivamente 13,2kN e 20,0kN, onde essas penetrações foram
realizadas em amostras de pedra britada compactada que por definição possuem CBR =
100%

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Tabela 5-Correlação CBR x Sistema de classificação (BARROS, 1997)

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO
CBR N° QUALIDADE UTILIZAÇÃO
UNIFICADO AASHTO
0-3 Péssimo Sub-base OH, CH, MH, OL A-5, A-6, A-7
3-7 Ruim a regular Sub-base OH, CH, MH, OL A-4, A-5, A-6, A-7
7-20 Regular Sub-base OL, CL, ML, SC, SM, SP A-2, A-4, A-6, A-7
20-50 Bom Base e sub-base GM, GC, SW, SM, SP, GP Alb, A-2-5, A-3, A-2-6
>50 Excelente Base GW, GM Ala, A-2-4, A-3

10- Diferenças entre os solos


Como dito anteriormente, temos 3 principais diferentes tipos de solo, que são, argilas,
siltes e areias, porém além da granulometria podemos citar algumas diferenças desses
solos quanto a seu comportamento, a seguir decorrerei com as principais características
comportamentais desses solos.
10.1- Argilas e suas particularidades
Por conta da sua composição, com partículas extremamente pequenas, com partículas
tendo incríveis 10 angstron (0,000001 mm) quase 15 mil vezes menor que um fio de
cabelo tem um tipo de ligação conhecida como ligação atômica com as partículas ao
redor, as ligações podem se dar por hidrogênio ou oxigênio, sendo, por conta dessa
ligação molecular, denominadas como solos coesivos, ou seja um solo com relativa
atração entre as partículas. Por ser um solo bem característico pode ir desde o estado
líquido, ou seja muito úmido, como uma sopa, assim como o estado plástico, semissólido
e sólido, tudo isso variando a umidade presente no solo.
10.2- Areia e suas particularidades
Diferente das argilas, as areias não sofrem nenhum tipo de ligação atômica, sendo um
solo não coeso, ou com coesão zero, tudo isso pelo tamanho das suas partículas, é
considerado um solo granular. Para as areias é importante conhecer o grau de
compacidade, ou seja o quão compacta é essa areia, com uma alta taxa de deformação
é necessário alguns cuidados na hora de se dimensionar uma elemento de fundação
para esses solos. Usa-se nesses casos a capacidade relativa, nada mais é que a relação o
índice de vazios máximo (solo mais fofo possível) menos o índice real dividido pelo índice
máximo menos o índice de vazios mínimo (solo muito compacto).
𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒
𝐷𝑅 =
𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛

10.3- Água no solo


A água é um fator extremamente importante quando tratamos de solo, pois ela está
presente na grande maioria dos solos tropicais, que é o nosso caso, tendo variados

34
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comportamentos e encontrada de diversas maneiras, deve ser estudada caso a caso


para as considerações de deformação e comportamento dos elementos de fundação,
falaremos mais a frente desse assunto com mais detalhes com isso vamos entender
como são encontradas comumente nos solos:

11- Tensões no solo


As tensões atuantes no solo são de fundamental importância para o estudo do
comportamento dentro da geotecnia, nos solo atuam-se basicamente 3 tipos de
tensões, decorrente ao seu peso próprio (Tensões geostáticas), de escavação (Alivio de
tensão) e de cargas externas (Acréscimo de tensão)
O comportamento do solo é melhor compreendido quando visto da forma disposta
anteriormente, nas 3 fases físicas (Solida, líquida e gasosa).

11.1- Tensões efetivas


Como comentado acima, a água presente no solo dita grande parte do seu
comportamento, dentro do princípio das tensões efetivas talvez seja a maior prova
deste poder exercido pela água presente no solo. O princípio das tensões efetivas
postulada por Terzaghi nada mais é que a consideração da água em contato com as

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partículas do solo, que apesar de ser responsável por absorver parte das tensões
aplicadas no solo não exerce nenhuma tensão a ser somada ao peso próprio do solo,
denominada como pressão neutra (u). A pressão que atua nos contatos interarticulares
e que responde a todas as características de resistência e de deformabilidade do solo é
chamada de tensão efetiva (σ’). Com isso, Terzaghi notou que a tensão normal total num
plano deve ser somado da parcela de pressão neutra e da tensão efetiva.

𝜎 = 𝜎 ′ + 𝑢 Por consequência 𝜎 ′ = 𝜎 − 𝑢

Para entendermos melhor esse conceito, imagine que temos um perfil de solo, assim
como descrito abaixo:

Areia γ=17 kN/m³

Areia fina γ= 18,5 kN/m³

Silte argiloso γ= 20,8 kN/m³

𝑢𝑤 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑎
𝜎𝑣 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙
𝜎’ = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎
𝛾 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜
𝛾𝑤 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑜 á𝑔𝑢𝑎

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Profundidade de -1m
𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 0 . 1 = 0 𝑘𝑃𝑎
𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 17 . 1 = 17 𝑘𝑃𝑎
𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 → 17 − 0 = 17 𝑘𝑃𝑎

Profundidade de -1,50m
𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 0 . 0,5 = 0 𝑘𝑃𝑎
𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 18,5 . 0,5 = 9,25 𝑘𝑃𝑎
𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣 ′ → 9,25 − 0 + 17 = 26,25 𝑘𝑃𝑎

Profundidade de -4m
𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 10 . 2,5 = 25 𝑘𝑃𝑎
𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 18,5 . 2,5 = 46,25 𝑘𝑃𝑎
𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣 ′ → 46,25 − 25 + 26,25 = 47,5 𝑘𝑃𝑎

Profundidade de -6m
𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 10 . 2,0 = 20 𝑘𝑃𝑎
𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 20,8 . 2,0 = 41,60 𝑘𝑃𝑎
𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣 ′ → 41,60 − 20 + 47,5 = 69,1 𝑘𝑃𝑎

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12- Propagação das tensões no solo


12.1- Acréscimo de tensões no solo
O Acréscimo de tensão dentro maciço de solo
ocorrem quando estes recebem cargas p
externas, ou seja, carregamentos em sua
superfície. A teoria da elasticidade é empregada
para a estimativa de tensões. O emprego dessa
teoria é questionável uma vez que 0,8p
comportamento dos solos não satisfaz aos
requisitos do comportamento elástico, mas
ainda é a melhor alternativa pois apresenta 0,6p
resultados satisfatórios em relação as tensões
atuantes no solo, ficando próximos dos valores
reais. 0,4p
Com o acréscimo das tensões, a propagação
pelo maciço de solo ocorrem através das
0,2p
isóbaras, que em conjunto formam os
conhecidos como bulbos de tensão. Figura 22-bulbos de
tensão

Dentro da propagação de tensões podemos segregar em 3 tipos de aplicação de carga,


todas com distinções quanto ao comportamento, sendo:

• Carregamento Pontual

• Carregamentos em áreas retangulares

• Carregamentos em áreas circulares

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12.2- Carga concentrada na superfície do terreno


As hipóteses assumidas por Boussinesq (1885) (Solução de Boussinesq) para a obtenção
da solução das tensões provocadas por uma carga concentrada são as seguintes:
Superfície horizontal de um espaço semi-infinito, homogêneo, isotrópico e elástico
linear.

x
A'
P
r

θ
A

σr
z
Figura 23-Carregamento pontual (BUENO & VILAR,
1984)

Tendo a carga P atuando no ponto O (origem do sistema cartesiano) e o ponto A em que


se deseja calcular as tensões, sendo:
“r” a distância radial AO
“R” Vetor posição de A
“θ” o Ângulo entre R e z
A tensão no dado ponto calcula-se

3 . 𝑃 . 𝑧³
𝜎𝑧 =
2 . 𝜋 . 𝑅5

Ou

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3 .𝑃 𝑟 2 −5
𝜎𝑧 = [1 + ( ) ] 2
2 . 𝜋 . 𝑧2 𝑧

Na vertical a aplicação da carga z/r=0, as pressões serão:


0,48 . 𝑃
𝜎𝑧 =
𝑧²
Exemplo: Para aplicarmos os aprendizados adquiridos acima, podemos fazer a analogia
com um poste de linha de energia, aplicando uma carga de 13 kN, pontualmente
distribuída na superfície de um terreno ao lado de uma estrada, onde será construída
uma estrutura de contenção para a ampliação de uma faixa de serviço, sendo assim é
necessário a avaliação das tensões em um dado ponto previamente conhecido,
conforme indica a figura abaixo!
20

3 . 13 .2,01³
𝜎𝑧 = == 0,486kPa
2 . 𝜋 . 2,535

P=13 kN

3 . 13 1,53 2 −5
𝜎𝑧 = [1 + ( ) ] 2 == 0,49kPa
2 . 𝜋 . 2,012 2,01
1.53

0,48 . 13
R=2,53m
𝜎𝑧 = = 1,545𝑘𝑃𝑎
2.01 2,01²
37°
A

Figura 24- Exemplo carregamento pontual

12.3- Carregamento para áreas retangulares

Para esta condição, Newmark desenvolveu uma integração de equação, tomando como
referência o trabalho de Boussinesq. Determinou as tensões num ponto abaixo da
vertical passando pela aresta da área retangular, ou seja, esse método encontra as
tensões tomando como referência sempre o vértice (Canto) de uma superfície com
carga distribuída em uma área, no caso de estudos em pontos distintos do vértice real
de uma dada estrutura de carga distribuída em uma área é possível subdividir essa área

40
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real em várias outras áreas, onde todos os vértices se encontram no ponto onde se
deseja calcular as tensões, desta forma, o fator de influência (lσ) final será obtido com a
soma algébrica dos fatores de influência parciais de cada subparte da estrutura
anteriormente dividida.
x
carga P
A M B

L
T N
P

B
y

C
D S

Δσv
z

Figura 25-Carregamento distribuído em uma área


(PINTO 2000)

O cálculo do fator de influência é uma relação entre as dimensões dos lados do painel
de distribuição de carga (m e n) com a profundidade do ponto onde se pretende obter
as tensões atuantes
𝐿 𝐵
𝑚= 𝑒 𝑛=
𝑧 𝑧

1 1
1 (2𝑚𝑛(𝑚2 + 𝑛2 + 1)2 )(𝑚2 + 𝑛2 + 2) 2𝑚𝑛(𝑚2 + 𝑛2 + 1)2
𝜎𝑣 = 𝜎0 . [ 2 + 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ]
4 . 𝜋 (𝑚 + 𝑛2 + 1 + 𝑚2 𝑛2 )(𝑚2 + 𝑛2 + 1) 𝑚 2 + 𝑛 2 + 1 + 𝑚 2 𝑛2

Sendo:
▪ O ângulo da segunda parte deve ser em radianos
▪ Caso o denominador da segunda parte da equação for ≤zero, deve-se somar
𝜋 ao ângulo

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Figura 26- Ábaco fator de influência acréscimo de tensão vertical sob o canto do retângulo
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Tabela 6- Valores de I em função de m e n para equação Newmark (PINTO 2000) – PARTE 1

m= L/Z e n=B/Z
n ou m 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
0,1 0,005 0,009 0,013 0,017 0,02 0,022 0,024 0,026 0,027
0,2 0,009 0,018 0,026 0,033 0,039 0,043 0,047 0,05 0,053
0,3 0,013 0,026 0,037 0,047 0,056 0,063 0,069 0,073 0,077
0,4 0,017 0,033 0,047 0,06 0,071 0,08 0,087 0,093 0,098
0,5 0,02 0,039 0,056 0,071 0,084 0,095 0,103 0,11 0,116
0,6 0,022 0,043 0,063 0,08 0,095 0,107 0,117 0,125 0,131
0,7 0,024 0,047 0,069 0,087 0,103 0,117 0,128 0,137 0,144
0,8 0,026 0,05 0,073 0,093 0,11 0,125 0,137 0,146 0,154
0,9 0,027 0,053 0,077 0,098 0,116 0,131 0,144 0,154 0,162
1 0,028 0,055 0,079 0,101 0,12 0,136 0,149 0,16 0,168
1,2 0,029 0,057 0,083 0,106 0,126 0,143 0,157 0,168 0,178
1,5 0,03 0,059 0,086 0,11 0,131 0,149 0,164 0,176 0,186
2 0,031 0,061 0,089 0,113 0,135 0,153 0,169 0,181 0,192
2,5 0,031 0,062 0,09 0,115 0,137 0,155 0,17 0,183 0,194
3 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,171 0,184 0,195
5 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196
10 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196
ꝏ 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196

Tabela 7-Valores de I em função de m e n para equação Newmark (PINTO 2000) – PARTE 2

m= L/Z e n=B/Z
n ou m 1 1,2 1,5 2 2,5 3 5 10 ꝏ
0,1 0,028 0,029 0,03 0,031 0,031 0,032 0,032 0,032 0,032
0,2 0,055 0,057 0,059 0,061 0,062 0,062 0,062 0,062 0,062
0,3 0,079 0,083 0,086 0,089 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09
0,4 0,101 0,106 0,11 0,113 0,115 0,115 0,115 0,115 0,115
0,5 0,12 0,126 0,131 0,135 0,137 0,137 0,137 0,137 0,137
0,6 0,136 0,143 0,149 0,153 0,155 0,156 0,156 0,156 0,156
0,7 0,149 0,157 0,164 0,169 0,17 0,171 0,172 0,172 0,172
0,8 0,16 0,168 0,176 0,181 0,183 0,184 0,185 0,185 0,185
0,9 0,168 0,178 0,186 0,192 0,194 0,195 0,196 0,196 0,196
1 0,175 0,185 0,193 0,2 0,202 0,203 0,204 0,205 0,205
1,2 0,185 0,196 0,205 0,212 0,215 0,216 0,217 0,218 0,218
1,5 0,193 0,205 0,215 0,223 0,226 0,228 0,229 0,23 0,23
2 0,2 0,212 0,223 0,232 0,236 0,238 0,239 0,24 0,24
2,5 0,202 0,215 0,226 0,236 0,24 0,242 0,244 0,244 0,244
3 0,203 0,216 0,228 0,238 0,242 0,244 0,246 0,247 0,247
5 0,204 0,217 0,229 0,39 0,244 0,246 0,249 0,249 0,249
10 0,205 0,218 0,23 0,24 0,244 0,247 0,249 0,25 0,25
ꝏ 0,205 0,218 0,23 0,24 0,244 0,247 0,249 0,25 0,25

43
Tabela 8-Fatores de influência para tensões l σ (Velloso & Lopes 1997)
L/B
1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 3 4 5 10 100
z/B

0,1 0,2498 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499 0,2499
0,2 0,2486 0,2489 0,2491 0,2491 0,2491 0,2491 0,2492 0,2492 0,2492 0,2492 0,2492
0,3 0,2455 0,2464 0,2468 0,247 0,2472 0,2472 0,2474 0,2474 0,2474 0,2474 0,2474
0,4 0,2401 0,242 0,2429 0,2434 0,2437 0,2439 0,2442 0,2443 0,2443 0,2443 0,2443
0,5 0,2325 0,2356 0,2373 0,2382 0,2388 0,2391 0,2397 0,2398 0,2398 0,2399 0,2399

0,6 0,2229 0,2275 0,2301 0,2315 0,2324 0,233 0,2339 0,2341 0,2342 0,2342 0,2342
0,7 0,2119 0,218 0,2215 0,2236 0,2249 0,2257 0,2771 0,2274 0,2275 0,2276 0,2276
0,8 0,1999 0,2075 0,212 0,2147 0,2162 0,2176 0,2196 0,22 0,2202 0,2202 0,2202
0,9 0,1876 0,1964 0,2018 0,2053 0,2075 0,2089 0,2116 0,2122 0,2124 0,2125 0,2125
1 0,1752 0,1851 0,1914 0,1955 0,1981 0,1999 0,2034 0,2042 0,2044 0,2046 0,2046

1,2 0,1516 0,1628 0,1705 0,1757 0,1793 0,1818 0,187 0,1882 0,1885 0,1888 0,1888
1,4 0,1305 0,1423 0,1508 0,1569 0,1613 0,1644 0,1712 0,173 0,1735 0,174 0,174
1,6 0,1123 0,1241 0,1329 0,1396 0,1445 0,1482 0,1566 0,159 0,1598 0,1604 0,1604
1,8 0,0969 0,1083 0,1172 0,124 0,1294 0,1334 0,1434 0,1463 0,1474 0,1482 0,1483
2 0,084 0,0947 0,1034 0,1103 0,1158 0,1202 0,1314 0,135 0,1363 0,1374 0,1375

2,5 0,0602 0,0691 0,0767 0,0832 0,0886 0,0931 0,1063 0,1114 0,1134 0,1153 0,1154
3 0,0447 0,0519 0,0583 0,064 0,0689 0,0732 0,087 0,0931 0,0959 0,0987 0,099
3,5 0,0343 0,0401 0,0454 0,0503 0,0546 0,0585 0,072 0,0788 0,0822 0,0859 0,0863
4 0,027 0,0318 0,0362 0,0403 0,0441 0,0475 0,0603 0,0674 0,0712 0,0758 0,0764
5 0,0179 0,0212 0,0243 0,0273 0,0301 0,0328 0,0435 0,0504 0,0547 0,061 0,062

6 0,127 0,0151 0,0174 0,0196 0,0217 0,0238 0,0325 0,0388 0,0431 0,0506 0,0521
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8 0,0073 0,0087 0,0101 0,0114 0,0127 0,014 0,0198 0,0246 0,0283 0,0367 0,0394

44
10 0,0047 0,0056 0,0065 0,0074 0,0083 0,0092 0,0132 0,0168 0,0198 0,0279 0,0316
20 0,0012 0,00146 0,0017 0,0019 0,0021 0,0024 0,0035 0,0046 0,0057 0,0099 0,0159
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12.4- Método aproximado para cargas retangulares


Para uma análise preliminar, não é incomum a utilização do método simplificado,
chamado de método aproximado (também chamado de método 2:1). O método
consiste na relação das dimensões do elemento ou distribuição de carga e a
profundidade onde se deseja saber as tensões acrescidas devido ao carregamento, com
o carregamento distribuído em uma área maior a tensão tende logicamente, usando a
soma entre as dimensões e a profundidade como indica a figura, o acréscimo de tensão
nesse caso se dá por:
𝑞𝑧𝐵𝐿
∆𝜎𝑧 =
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧)
Obs.: O método aproximado se mostra razoavelmente preciso se comparado ao método
de Boussinesq) quando z>B

Figura 27-Dissipação da carga pelo método simplificado

Figura 28 - Dissipação da carga pelo método simplificado

45
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12.5- Exemplo cálculo de acréscimo de tensão: Cálculo de acréscimo de tensão em uma


sapata de 4,50 x 3,00 (m) apoiada na superfície de uma massa de solo, a carga aplicada
nesse elemento de fundação é de 2025 kN (202,5 tf), de modo a apurar as tensões a
uma profundida conhecida (3m), para dois casos distintos, no meio do elemento de
fundação e na extremidade direita como indica
a figura

Obs.: A carga aplicada na sapata é pontual, porém a principal função de um elemento


de fundação é dissipar as cargas para o solo, cada um à sua maneira, a sapata recebe a
carga de um pilar (pontual, ou distribuído em uma área muito menor) e distribui em uma
área maior, conseguindo diminuir a tensão aplicada (tensão=carga/área), desta forma
como primeiro passo na resolução é justamente encontrar a carga por área de superfície
de contato (sapata/solo).
Ponto A
2025
𝑞𝑠 = = 150 𝑘𝑁/𝑚²
4,50𝑥3,0

𝐵 1,50
𝑛= 𝑚= = 0,50
𝑧 3,0

𝐿 2,25
𝑚= 𝑛= = 0,75
𝑧 3,0

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𝑙𝑧 = 0,11 (Figura 21)

∆𝝈𝒛 = 𝟒 . 𝟏𝟓𝟎 . 𝟎, 𝟏𝟏 = 𝟔𝟔 𝒌𝑵/𝒎²

Ponto B
2025
𝑞𝑠 = = 150 𝑘𝑁/𝑚²
4,50𝑥3,0

𝐵 3,0
𝑚= 𝑚= = 1,0
𝑧 3,0

𝐿 2,25
𝑛= 𝑛= = 0,75
𝑧 3,0

𝑙𝑧 = 0,158 (Figura 21)

∆𝝈𝒛 = 𝟐 . 𝟏𝟓𝟎 . 𝟎, 𝟏𝟓𝟖 = 𝟒𝟕, 𝟒 𝒌𝑵/𝒎²

Pelo método simplificado (ponto A)

𝑞𝑠𝐵𝐿
∆𝜎𝑧 =
(𝐵 + 𝑧). (𝐿 + 𝑧)

2025
= 45 𝑘𝑁/𝑚²
(4,50 + 3,0). (3,0 + 3,0)

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12.6- Carregamento uniformemente distribuído sobre área circular


Para elementos circulares, os tubulões e estação, por exemplo, podem ter suas tensões
calculadas por meio da integração da equação de Boussenesq, elaborado por Love, para
toda a área circular, tendo como referência o centro do elemento.

r r

𝝈𝒛

Figura 29- Placa circular uniformemente carregada - Carga no eixo


(BUENO & VILAR)

Calcula-se então, as tensões no ponto A, através da equação abaixo:

3
2
1
𝜎𝑧 = 𝑃 1 − [ ]
𝑟 2
1 + (𝑧)
{ }

48
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R x/R
1 2 3
0

0.90

0.80
0.70
1 0.60

0.50

0.40

0.30
z/R 2

0.20

0.15
3

∆𝑞𝑣
∆𝑞𝑠

0.10

0.05
4

Figura 30- Ábaco tensão circular deslocada

49
Tabela 9-Fatores de influência elementos circulares com pontos de tensões deslocados

x/r 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,5 2 3 4 5 6


z/r
0 1 1 1 1 1 0,5 - - - - - - -
0,1 0,999 0,999 0,998 0,996 0,976 0,484 0,017 0,001 - - - - -
0,2 0,992 0,991 0,87 0,97 0,89 0,468 0,077 0,008 0,001 - - - -
0,3 0,976 0,973 0,963 0,922 0,793 0,451 0,136 0,022 0,003 - - - -
0,4 0,949 0,943 0,92 0,86 0,713 0,435 0,179 0,041 0,006 - - - -
0,5 0,911 0,902 0,869 0,796 0,646 0,417 0,207 0,06 0,011 - - - -
- - - -
0,6 0,864 0,852 0,814 0,732 0,591 0,4 0,224 0,079 0,022 - - - -
0,7 0,811 0,798 0,756 0,674 0,545 0,367 0,233 0,095 - - - - -
0,8 0,756 0,742 0,699 0,619 0,504 0,66 0,237 0,109 - - - - -
0,9 0,701 0,688 0,644 0,57 0,467 0,349 0,238 0,119 - - - - -
1 0,646 0,633 0,591 0,525 0,434 0,332 0,235 0,127 0,042 0,006 0,002 - -

1,2 0,547 0,535 0,501 0,447 0,377 0,3 0,226 0,136 0,053 0,009 0,002 0,001 -
1,5 0,424 0,416 0,392 0,355 0,308 0,265 0,205 0,138 0,065 0,015 0,004 0,001 0,001
2 0,284 0,286 0,268 0,248 0,224 0,196 0,167 0,126 0,073 0,022 0,008 0,003 0,001
2,5 0,2 0,197 0,191 0,18 0,167 0,151 0,134 0,109 0,072 0,028 0,011 0,005 0,002
3 0,146 0,145 0,141 0,135 0,127 0,118 0,108 0,092 0,067 0,031 0,014 0,006 0,003

4 0,087 0,086 0,085 0,082 0,08 0,075 0,0072 0,065 0,053 0,031 0,017 0,009 0,005
5 0,57 0,057 - - - 0,052 - - 0,04 0,028 0,018 0,011 0,007
6 0,04 - - - - 0,038 - - 0,031 0,024 0,017 0,01 0,007
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12.7- Exemplo acréscimo de tensão área circular: Cálculo das tensões causadas por um
elemento de fundação do tipo tubulão carregado com uma carga de 3000 kN, há uma
profundidade de 3,50 m, considere que 50% dessa carga é absorvido pelo atrito lateral
do fuste do tubulão, qual a tensão causada pelo acréscimo de carga nesse solo, a 3,50
m a partir da base desse elemento, considere a carga no centro geométrico na base
alargada do tubulão.

3
2
3,0
1500 1
𝜎𝑧 = 1−[ ] = 47,42 𝑘𝑁/𝑚²
𝜋. 1,50² 1,50 2
1+( )
{ 3,50 }

3,5

𝝈𝒛

Considerando o mesmo exemplo acima, vamos calcular a tensão causada pela mesma
carga, todavia com o ponto de tensões deslocado 3m do
centro de gravidade da base alargada do tubulão e a 3m de
profundidade.

3,0
𝑥 1,50
= = 1,0
𝑟 1,50

𝑧 3,0
= = 2,0
𝑟 1,50

Tomando o ábaco (pág. Xx), encontramos o valor Iσ (0,20)


3,0
1500
𝜎𝑧 = . 0,20 = 42,44 𝑘𝑁/𝑚
𝜋. 1,50²

𝝈𝒛 1,50

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12.8- Gráfico de Newmark


A metodologia foi desenvolvida baseada na equação de Love, que fornece o acréscimo
de tensão ocasionada por uma placa circular uniformemente carregada. É utilizado
quando a configuração da área carregada é muito irregular ou quando se tem várias
placas. A equação de Love pode ser escrita da seguinte forma:
3
2
𝜎𝑧 −1
=1−[ ] = 𝑙𝜎
𝑃 𝑟 2
1 + (𝑧)

O gráfico se baseia no princípio que quando sobre uma superfície do terreno se aplica
uma pressão em toda sua extensão; em qualquer ponto, a qualquer profundida, o
acréscimo de tensão provocado é exatamente o mesmo à pressão aplicada na superfície.
Pode-se dizer que esta tensão é igual a somatória dos efeitos provocados por
carregamentos em áreas parciais que cubram toda a superfície. Para construir o gráfico
atribuem-se valores de 𝑙𝜎, e calcula-se o raio da placa necessário para produzir o
acréscimo de tensões a profundidade z.

Tabela 10 - Valores da relação r/z em função de lσ

lσ 0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
r/z 0 0,27 0,40 0,52 0,64 0,77 0,92 1,11 1,39 1,91 ꝏ

Colocando estes valores em um gráfico fornece um ábaco de círculos divididos em


partes iguais. Cada uma das área contribui com uma parcela do acréscimo de superfície.
A superfície do terreno pode ser dividida em diversas áreas parciais que cubram toda a
superfície. O mais prático é dividir a superfície do terreno em pequenas áreas, de tal
forma que todas contribuam igualmente para a tensão provocada no ponto
considerado. Dividindo a superfície do terreno em 200 pequenas áreas de igual
influência de tensão cada área equivale a
0,50%, ou seja (0,5% x 200=100%) O
acréscimo de tensão valerá:
𝜎𝑧 = 𝑃. 𝑁. 𝐼
Apresenta-se na figura: um gráfico de
Newmark, com a respectiva escala “z” a
partir do qual foi construído.

z
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12.9- Exemplo pelo gráfico de Newmark: Utilizando as técnicas aprendidas acima, iremos
encontrar as tensões provenientes de um elemento de fundação com um geometria
“diferentona” para isso temos que seguir alguns passos para o bom entendimento dos
processos envolvidos!
O elemento de fundação tem as dimensões abaixo, a determinação da tensão será
realizada no centro de gravidade do elemento (CG, Centroide). A fundação exerce uma
tensão vertical de 250 kPa, na superfície do solo.
Encontrando o centro de gravidade do elemento:
Obs.: Para isso vamos considerar 3 geometrias distintas, dois retângulos e um triangulo,
assim como mostra a divisão abaixo, encontraremos o CG nos dois eixos (x e y) sendo:
𝐴(1). 𝑚(1) + 𝐴(2). 𝑚(2) + 𝐴(3). 𝑚(3)
𝑥 𝑜𝑢 𝑦 =
𝐴(1) + 𝐴(2) + 𝐴(3)

Sendo:
A: Área da figura
m: Ponto médio da figura do referido eixo, a partir do ponto 0,0

10.0m

0,0

(1) 1.0m

2.50m

(2) (3)

2.0m

1 1,50
1,0 𝑥 10,0 𝑥 5,0 + 1,50 𝑥 2,0 𝑥 1,0 + 𝑥 8,0 𝑥 𝑥1,50 𝑥 (1,0 + )
𝑥 = 2 3 = 4,26𝑚
1
(1,0𝑥10,0) + (1,50 𝑥 2,0) + ( 𝑥8,0𝑥1,50)
2

1,50 1 1,50
1,0 𝑥 10,0 𝑥 0,50 + 1,50 𝑥 2,0 𝑥 (1 + ( 2 ) + 2 𝑥 8,0 𝑥 1,50 𝑥 (1,0 + 3 )
𝑦= = 1,013𝑚
1
(1,0 𝑥 10,0) + (1,50 𝑥 2,0) + ( 𝑥 8,0 𝑥 1,50
2

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4,26m

1.013m

4m

O Próximo passo é contar as pequenas áreas de influência, para isso contamos todas as
áreas que ficam dentro do perímetro da figura, e fazemos uma aproximação das área
que são cortadas por esse perímetro, ou seja as figuras que estão um pouco dentro e
um pouco fora!
Contando essa áreas chegamos a um valor próximo de N=61
Então o cálculo do acréscimo de tensão vertical se dá por:
𝜎𝑧 = 𝑃. 𝑁. 𝐼
𝜎𝑧 = 250 . 61 . 0,005 = 76,25 𝑘𝑃𝑎

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13- Coeficiente de Tensão horizontal efetiva


Obras executadas abaixo da superfície do solo são submetidas a tensões horizontais do
solo, conhecida como empuxo de solo, são de fundamental importância o conhecimento
desses valores para o real entendimento do comportamento desse solo para que
possamos dimensionar os elementos de contenção de forma correta! Apesar de não
falar diretamente sobre estruturas de contenção neste curso, vamos entender como
encontrar as tensões horizontais geradas por consequência de acréscimo de tensão
vertical. Em função da elasticidade do material, podemos associar a tensão horizontal
efetiva com a tensão vertical, chamado de coeficiente de empuxo K, prevê qual será a
porcentagem da carga vertical transmitida no sentido horizontal, seguindo esse
princípio toda tensão horizontal será calculada em função da tensão vertical, que será
diretamente proporcional.
𝜎𝐻 = 𝜎𝑉. 𝐾
Considerando uma camada de solo homogêneo e único, sem N.A, podemos entender o
diagrama de tensões causadas pelo solo devido a seu peso próprio

O’ N.T

𝜎𝑉 E H

H/3

O 𝜎𝐻 = 𝜎𝑉. 𝐾
Figura 31-Diagrama de tensão em uma camada unida de solo

1 1
𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 = 𝐾. 𝛾. . ℎ2 → 𝐸 = 𝐾. 𝛾. . ℎ2
2 2
Empuxo com pressão neutra, nível d’água igual a nível do terreno
N.T=N.A

𝜎𝑉 H
E

H/3

𝐾0. 𝛾𝑠𝑎𝑡. ℎ 𝛾𝑤. ℎ

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13.1- Empuxo no repouso


Condição em que o plano de contenção não se movimenta.
Consideramos, neste tipo de empuxo, um equilíbrio perfeito em que a massa de solo se
mantem absolutamente estável, sem nenhuma deformação na estrutura do solo, isto é,
está num equilíbrio elástico.
Consideramos a massa semi-infinita de solo homogêneo, em uma só camada permeável,
sem ocorrência de lençol freático e com o terrapleno horizontal. Estando o solo num
equilíbrio elástico, os esforços na direção horizontal podem ser calculados baseados nas
constantes elásticas do material, isto é, dentro dos parâmetros de elasticidade (E e ν).
Suponhamos que uma massa de solo onde, na profundidade h destacamos um
determinado elemento que pode, verticalmente, se deformar pelo efeito do peso do
material ocorrente acima; mas, essa deformação é equilibrada lateralmente devido à
continuidade da massa em todas as direções. A massa confina o elemento com as
tensões laterais, proporcionais à sobrecarga de peso. Esta situação, do elemento
destacado, pode ser representada por uma situação equivalente onde o solo tenha sido
deslocado, e um plano considerado imóvel, indeformável e sem atrito de contato
substitui essa ausência, conforme representado na figura 27.
N.T

𝜎𝑣
𝜎′ℎ 𝜎ℎ

𝜎′𝑣

Figura 32- Tensões em solo confinado

13.2- Determinação do coeficiente de empuxo K em função dos parâmetros de


deformação (parâmetros elásticos) do solo.
Condição de deformação unitária horizontal nula
Considerando um ponto no interior de uma massa de solo homogêneo representado
pelo cubo da Figura 33, onde agem as tensões:

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σV = no sentido da gravidade, vertical, que no caso do simples


𝜎𝑣
peso próprio dos solos, é a pressão efetiva, (quando não há
pressão neutra);
2
σH e σ’H = nos sentidos laterais, agindo nas outras faces do
1 3
𝜎′ℎ 𝜎𝐻 cubo e correspondentes a continuidade da massa e a
elasticidade do material do cubo.
Figura 33-Cubo de solo confinado

Admitindo um solo perfeitamente elástico para estas solicitações, o que já vimos que
não é de todo correto, e na condição de repouso absoluto, temos:

• Em relação a face 3, temos as ocorrência:


1. Deformação horizontal devida a ação da tensão σh
𝜎𝑣
𝜈. = 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒
𝐸
2. Deformação horizontal, no sentido ortogonal, devido a ação da tensão σ’ h
𝜎′ℎ
𝜈. = 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒
𝐸
As parcelas de deformação 1 e 2 tem sentidos contrários à deformação corrente devido
a σh, na face 3, ou seja:
Deformação horizontal devido a essa ação da tensão σh, na face considerada, é:
𝜎𝐻
𝜀= = 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çõ𝑒𝑠 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 σv e σ′ h.
𝐸
Desta forma para satisfazer a condição de deformação horizontal unitária nula (na face
considerada), termos a seguinte equação:
𝜎𝑣 𝜎 ′ ℎ 𝜎𝐻 𝜎𝑣 𝜎 ′ ℎ 𝜎𝐻
𝜈. + 𝜈. = 𝑜𝑢 𝜈. + 𝜈. − =0
𝐸 𝐸 𝐸 𝐸 𝐸 𝐸
• Sendo o maciço de material homogêneo e considerado “elástico”, para os
valores das tensões, teremos que a tensão horizontal σH e proporcional a tensão
σv, tendo a relação:
σH = K. σv
No caso da consideração de repouso absoluto chamaremos de K0 de coeficiente de
empuxo no repouso (coeficiente de cálculo de σH). Assim: 𝜎𝐻 = 𝐾0. 𝜎𝑣
A tensão horizontal será proporcional a tensão vertical de um valor K0 correspondente
ao coeficiente no repouso absoluto.
Considerando o solo homogêneo e contínuo e substituindo na equação anterior, temos:

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𝜎𝑣 𝐾0. 𝜎𝑣 𝐾0. 𝜎𝑣
𝜈. + 𝜈. − =0
𝐸 𝐸 𝐸
Simplificando e colocando o K0 em evidencia temos:
𝜈
𝜈 + 𝜈. 𝐾0 − 𝐾0 = 0 ∴ 𝐾0 =
1−𝜈

Valores de K0
Quando é considerado o repouso absoluto, esta condição será satisfeita em função das
constantes elásticas do material, coeficiente de proporcionalidade entre σH e σv
(Pressão no ponto), deduzido, é função, apenas, do coeficiente de Poisson
No caso dos solos, o coeficiente de Poisson é variável em função do material do qual é
composto e da situação de estar drenado ou não. Assim, do livro SORVERS, temos uma
tabela com valores característicos de K0 devidamente calculados.
O professor CAPUTO (1987) sugere, de uma forma genérica, os seguintes valores para
K0 apresentados na tabela abaixo.
Tabela 11-Coeficiente de Poisson, para solos 0,25< ν <0,5

Solo K0 efetivo drenado K0 total sem drenagem


Argila média (mole) 0,60 1,0
Argila dura 0,50 0,80
Areia solta 0,60 -
Areia compacta 0,40 -

Tabela 12-Valores genéricos de K0

Solo K0
Argila 0,70 a 0,75
Areia solta 0,45 a 0,50
Areia compacta 0,40 a 0,45

A dedução de Jaky indica K0≅1-senϕ (sendo ϕ, ângulo de atrito interno no solo) para
solos normalmente adensados. Quanto mais resistente o solo, mais rígido, portanto
menos elástico. Logo, maior a sua capacidade de absorver as tensões internas, e assim,
menores as deformações possíveis e a suas transmissões laterais
Obs.: Neste material, falaremos apenas do empuxo em repouso do solo, que é o que nos
interessa para elementos de fundação, caso queira mais informações (CAPUTO 1987)

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13.3- Exemplo empuxo de solo: Para uma estrutura de contenção provisória H=3m,
calcularemos o empuxo de solo atuante na parede em contato direto com o solo, com
os dados abaixo, faremos as considerações simplificadas da tabela de K0 (efetivo
drenado) e pela dedução de Jaky.

1
𝐸𝑚𝑝. = 0,60. 𝛾. 2 . 32 = 43,2kN
Areia Solta
1
γ=16 kN/m³ 𝐸𝑚𝑝. = 1 − 𝑠𝑒𝑛φ𝛾. . 32 = 38,2kN
2
ϕ=28°
Obs.: O valor do empuxo deve ser
aplicado para cada “metro” de muro,
pois no cálculo consideremos uma
parcela unitária de solo.

14- Teoria do Adensamento


O adensamento é o fenômeno pelo qual a deformação dos solos (recalques) ocorrem
através da expulsão de água ou ar que preenchem os vazios do solo. Seguindo a analogia
de Terzaghi, o solo pode ser considerado como uma mola cuja a deformação é
proporcional à carga que nele se aplica. O módulo de deformação de cada tipo de solo
depende diretamente da sua permeabilidade, quanto mais baixa essa permeabilidade
menos deformável é essa mola, tomando como exemplo os solos saturados, que é
representado por uma mola confinada dentro de um pistão cheio de água, com um
orifício por onde a água é expulsa muito lentamente o que representa a baixa
permeabilidade do solo, característica dos solos saturados, pois grande parte, ou todos
os seus vazios já estão preenchidos por água!

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Sem carga 5N 10 N 15 N

Figura 34-Mola livre

Sem carga 15 N 15 N 15 N 15 N

Figura 35-Mola confinada (solo saturado)

Tabela 13-tabela de exemplo adensamento


Carga 0 15 10 5 0
resistida pela
água
Carga 0 0 5 10 15
resistida pela
mola (solo)
Porcentagem 0 33 67 100
de
adensamento

Hipóteses da teoria de adensamento

• Solo homogêneo e saturado

• Água e sólidos incompressíveis

• Adensamento unidirecional

• Válida a Lei de Darcy

• O fluxo d’água é unidirecional

• O solo pode ser estudado como elementos infinitesimais

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14.1- Graus de adensamento (Uz)

Pode-se dizer que o grau de adensamento é equivalente ao grau de acréscimo de


tensão efetiva.
𝑢𝑖 − 𝑢
𝑈𝑧 = 𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜: 𝑢𝑖 = 𝑢0 + ∆𝑢
𝑢𝑖 − 𝑢0
Ou seja, o grau de adensamento é igual ao grau de dissipação de pressão neutra, que é
a relação entre a pressão neutra dissipada até o instante t e a pressão total provocada
pelo carregamento e que vai dissipar durante o adensamento

𝑧
𝐻𝑑

Grau de adensamento Uz

Figura 36- Ábaco isócronas (Adensamento) (PINTO 2000).

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14.2- Coeficiente de adensamento (Cv)

𝑘(1 + 𝑒)
𝐶𝑣 = (𝑐𝑚²/𝑠)
𝑎𝑣. 𝛾𝑤

Onde:
k: Coeficiente de permeabilidade
e: Índice de vazios
γw: Peso especifico da água
av: Coeficiente de compressibilidade

𝐶𝑣. 𝑡
𝑇=
𝐻𝑑²

O símbolo T é denominado fator de tempo, e adimensional


As condições de drenagem são relacionadas através de Hd.

• Drenagem nas duas extremidade: Hd=H/2

• Drenagem em uma fase: Hd=H

14.3- Grau de adensamento médio

O grau de adensamento médio denominado porcentagem de recalque, indica a relação


entre o recalque sofrido até o instante considerado e o recalque total correspondente
ao carregamento.
𝜌
𝑈=
𝜌𝑡
Através da porcentagem de recalque pode-se determinar o fator tempo T ou vice versa.

T=(𝜋.U²)/4 para U≤60%


T=-0,933.log(1-U)-0,085 para U≤60%
T=1,78-0,933log(100-U)

62
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14.4- Obtenção dos coeficiente de adensamento a partir do ensaio de deformabilidade


dos solos

14.4.1- Método de Casagrande (Logaritmo do tempo)


𝐸𝑥𝑡𝑒𝑛𝑠ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 (𝑚𝑚)

d
d

𝑙50

𝑙 100

t50 t100 Log t (min)


Figura 37-Gráfico método de Casagrande

𝐻𝑑² 𝐻𝑑²
𝐶𝑣 = 𝑇𝑣50. → 𝐶𝑣 = 0,197
𝑡50 𝑡50

14.4.2- Método de Taylor (Raiz do tempo)


𝐸𝑥𝑡𝑒𝑛𝑠ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 (𝑚𝑚)

x 0,15x

𝑙 90

𝑡90 √𝑡(min.)
Figura 38-Gráfico do método de Taylor

𝐻𝑑² 𝐻𝑑²
𝐶𝑣 = 𝑇𝑣90. → 𝐶𝑣 = 0,848
𝑡90 𝑡90

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14.5- Deformação devido a carregamentos verticais


Os recalques devidos a carregamentos na superfície podem ser dois tipos:

• Que ocorrem rapidamente após a construção (Recalque imediato), Solos


arenosos ou argilosos não saturados

• Que se desenvolvem lentamente após a aplicação das cargas (Recalque no


tempo) normalmente comuns em solos argilosos saturados

14.6- Cálculo de recalques pela teoria da elasticidade:


O princípio dessa teoria é, o módulo cresce com a profundidade, pois o confinamento
também cresce com a profundidade, ou seja quanto mais profundo maior a dificuldade
das partículas de moverem dentro do maciço de solo. A relação entre a espessura da
camada é constante. Se um certo carregamento Δσ provoca um determinado ρ
(recalque) no CP (corpo de prova), este carregamento provocará na camada
deformável ao terreno um recalque tantas vezes maior quanto maior a espessura da
camada.
Exemplo:
CP: H=2 cm → ρ=0,10cm
CP: H=2 m → ρ=10cm

Pela teoria da elasticidade tem-se que os recalques devido um área carregada:


𝜎0. 𝐵
𝜌 = I. . (1 − 𝑣 2 )
𝐸
σ0: Pressão uniformemente distribuída na superfície
E:Módulo de elasticidade do solo
v: Coeficiente de Poisson
B: É a largura ou diâmetro da área carregada (em caso de sapata retangular é a menor
dimensão)
I: Fator de influência da forma carregada

1 1 + √𝑚12 + 1
𝐼: [𝑚1. ln ( ) + ln (𝑚1 + √𝑚12 + 1)]
𝜋 𝑚1

Sendo m1=L/B

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14.6.1- Parâmetros dos solos


Tabela 14-Parâmetros do solo

14.6.2- Exemplo cálculo de recalque para sapata isolada: Colocando em prática tudo o
que vimos até o momento, vamos calcular o recalque de uma sapata apoiada sobre uma
camada de solo arenoso (areia fofa), com módulo de elasticidade E=5000 kPa e
coeficiente de Poisson v=0,3, para um tensão de 200 kPa.

Areia fofa γ 1,6 t/m³

𝑚1: 𝐿/𝐵 = 2/1 = 2

1 1 + √2² + 1
𝐼: [2. ln ( ) + ln (2 + √2² + 1)] = 0,766
𝜋 2

200.1
𝜌 = 0,766. . (1 − 0,42 ) = 0,026 𝑚 𝑜𝑢 2,6 𝑐𝑚
5000

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Solos são mesmo materiais elásticos? Não, materiais elásticos são aqueles que tem a
capacidade de retomar sua forma original quando retirado as forças que acarretaram
na sua deformação, o solo não possui essa capacidade, uma vez deformado, podemos
retirar a carga que ele não retornará 100% a sua forma inicial. A utilização da teoria da
elasticidade é aplicada no solo, assim como em outras disciplinas dentro da engenharia,
como no concreto, por exemplo, porém seus resultados são imprecisos. Contudo a
utilização desse conceito é aceito para obter parâmetros de deformação!

14.7- Adensamento das argilas saturadas


As argilas, dentro da mecânica dos solos, é a mais complexa dentre os 3 tipos
fundamentais de solo, por conta de suas minúsculas partículas que tem um tipo singular
de ligação com as demais matrículas, causando uma capacidade superior quando o
assunto é a impermeabilidade, a comunicação entre os micro-vasos entre partículas.
Desta forma, a maneira que tratamos a sua deformação também é diferenciada, onde
analisamos alguns fatores desses solos antes do cálculo de recalque.

14.7.1- Tensão de pré adensamento (σad’)

É a máxima tensão efetiva que o solo já sofreu naturalmente e a partir da qual começam
a ocorrer deformações significativas. O solo tem a capacidade de “armazenar” a
informação de quanta carga ele é capaz de sustentar sem que sofra uma deformação,
essa informação é derivada do histórico do solo, por exemplo, no decorrer de milhares
de anos um dado solo sustentou uma camada de 50 metros de solo acima, e por uma
ação do homem ou da natureza essa camada acima é retirada, ainda assim o solo terá
armazenado a informação que ele foi capaz um dia de absorver uma carga equivalente
a uma camada de 50 metros de um solo com “n” peso especifico.

Comparando-se σad’ com a tensão efetiva atuante σ0’, três situações podem ocorrer:

1. σ0’ < σad’ → Solo pré-adensado

2. σ0’ = σad’ → Solo normalmente adensado

3. σ0’ < σad’< σf’ → Solo parcialmente adensado

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1- Solo pré adensado


A tensão atuante ou acréscimo de tensão é menor que a tensão que o solo já foi capaz
de suportar. “Manda mais que o pai aguenta!”

σ0’ e σf’ < σad’


𝐶𝑟. 𝐻0 σad’
𝜌= . 𝑙𝑜𝑔
1 + 𝑒0 σ0’
Onde:
Cr – Índice de recompressão
H0 – Espessura da camada estudada
2- Solo normalmente adensado
Tensão ou acréscimo de tensão é igual a capacidade de carga natural do solo. “As perna
tá bamba já em colega”

σ0’ = σad’
𝐶𝑐. 𝐻0 σf’
𝜌= . 𝑙𝑜𝑔
1 + 𝑒0 σ0’
Onde:
Cc= Índice de compressão

3- Solo parcialmente adensado


Tensão ou acréscimo de tensão é maior que a capacidade do solo suportar e o solo
ainda não terminou de adensar com seu próprio peso. “Tô arregando antes mesmo de
você me usar!”

σ0’ < σad’< σf’

𝐻0 σad’ σf’
𝜌= . (𝐶𝑟. 𝑙𝑜𝑔 + 𝐶𝑐. 𝑙𝑜𝑔
1 + 𝑒0 σ0’ σad’

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14.8- Determinação da tensão de pré adensamento

A determinação da tensão de pré-adensamento e feita através da análise gráfica por


dois métodos distintos, Casagrande, Pacheco e Silva, o gráfico é a relação da tensão
aplicada no solo e o seu índice de vazios, de forma muito lógica, quando aumentamos a
tensão aplicada no solo, pelo fenômeno do adensamento o índice de vazios tende a cair,
devido a expulsão da água e ar que antes preenchiam os espaços entre as partículas, no
gráfico feito com o ensaio de adensamento, no caso das argilas o ensaio endométrico
/compressão confinada.

Figura 39-Aparelhos ensaio de adensamento de argilas saturadas

A realização do ensaio é feito aplicando uma carga


em um solo confinado em uma câmara com uma
pedra porosa na base e sobre o solo, fazendo com
que somente o ar e a água possam passar, de
maneira muito lenta logicamente, aumentando
gradativamente a carga e registrando os dados de
carga e índice de vazios equivalente, com isso
preenchendo os valores em um gráfico com dois
eixo Figura 40-Câmara de adensamento
controlado

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O gráfico da figura-33 mostra o comportamento do solo quando submetido a cargas


gradativas, o primeiro trecho “recompressão” indica que o solo ainda não atingiu o seu
estado de maior capacidade de carga, ou seja nessa reta, durante algum período da vida
útil desse solo já foi submetido as mesmas cargas, não há recalque! Mais à frente
encontramos a tensão de pré adensamento (σad’), que é a divisão da interface das
tensões já sofridas pelo solo e das tensões nunca antes atingidas, superando a
capacidade de carga desse solo, descendendo para o que é conhecido como “reta
virgem”, onde o solo sofre por tensões que são incapazes de ser absorvidas pelo solo
sem que haja uma deformação (recalque).

Figura 41-Gráfico Ensaio de adensamento

Como já dito anteriormente, os solos não tem comportamento elástico, porém isso não
quer dizer que ele não tenha nenhuma capacidade de recuperar parte da forma perdida
pelo excesso de carga aplicado sobre ele, deste modo, outro fator que podemos analisar
no ensaio de adensamento é a reta de descompressão, onde, apesar de não recuperar
100% do seu “volume” inicial, deformação residual, é capaz de recuperar parte dos
vazios antes perdidos pelo adensamento

Figura 42-Reta de descompressão

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14.8.1- Método de Casagrande

• Por observação visual,


estabeleça o ponto a, no qual o
gráfico e-log σ ’ tenha um raio
mínimo de curvatura ou
(pontos de maior curvatura)

• Desenhe uma linha horizontal


ab

• Desenhe a linha ac tangente em


a

• Desenhe a linha ad, bissetriz do


ângulo bac

• Projete a reta virgem gh para


trás para interceptar a linha ad em f. A abscissa do ponto f é a tensão de pré-
adensamento

14.8.2- Método de Pacheco e Silva

• Desenhe uma linha horizontal


ab que passe pelo índice de
vazios natural do solo

• Projete a reta virgem gh para


trás para interceptar a linha ab
em c

• Desenhe uma linha vertical por


c que encontre a curva e-log σ ’
em d

• Desenhe uma linha horizontal


por d até a projeção da reta
virgem cg em f. A abscissa do ponto f é a tensão de pré-adensamento

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15- Estudo da água nos solos


O engenheiro se defronta rotineiramente com situações em que é necessário controlar
o movimento da água através do solo e evidentemente proporcionar uma proteção
contra os efeitos nocivos desse movimento.
Como exemplos disso temos:

• Evitar que o fluxo de água provoque a liquefação do solo do fundo da vale em


uma escavação

• Quantificar a água que percola através da barragem e da fundação

• Análise de recalque que ocorre pela expulsão da água (diminuição do índice de


vazios, já visto anteriormente)
Desenvolvendo o estudo do fluxo de água em um permeâmetro, considerando que a
permeabilidade é a maior ou menor facilidade que as partículas de água encontram para
fluir entre os vazios do solo.

σ'
σ

Figura 43-Permeâmetro sem fluxo

𝑢 = (𝑧 + 𝐿)𝛾𝑤
𝜎 = 𝑧. 𝛾𝑤 + 𝐿. 𝛾𝑠𝑎𝑡
𝜎 ′ = 𝐿. 𝛾𝑠𝑎𝑡 → Essa é a tensão que o solo transmite à superfície porosa sobre a qual se
apoia
Obs.: Como o nível d´água da bureta é o mesmo do permeâmetro, não há fluxo.

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Considerando-se que o nível da bureta seja elevado e se mantenha na nova cota, como
na figura abaixo. A água percolará pela areia e verterá pela borda livremente do
permeâmetro.

Figura 44-Permeâmetro com


fluxo

15.1- Lei de Darcy


𝑄 = 𝑘. 𝑖. 𝐴 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐷𝑎𝑟𝑐𝑦)
Sendo:
Q=Vazão
K=Coeficiente de permeabilidade
i=Gradiente hidráulico
A=Área do permeâmetro
O gradiente hidráulico (i) e relação entre h (a carga que se dissipa na percolação) e L
(distancia ao longo da qual a carga se dissipa).
ℎ ℎ
𝑖= ∴ 𝑄 = 𝑘. . 𝐴
𝐿 𝐿

A velocidade de percolação é:
𝑚3
𝑄( 𝑠 ) 𝑚
𝑣= 𝑣 = 𝑘. 𝑖( )
𝐴(𝑚2 ) 𝑠

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15.2- Lei de Bernoulli


Aplicação do princípio de conservação de energia:
Pressão piezométrica

𝑢1 𝑣2 𝑢2 𝑣2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2
𝛾𝑤 2. 𝑔 𝛾𝑤 2. 𝑔

Cinética Altimétrica

Sendo:
u= Pressão neutra
𝛾=Peso especifico da água
g=Aceleração da gravidade
v=Velocidade

Como a velocidade de percolação nos solos é muito pequena, podemos desprezar a


parcela cinética da equação.
Mas a percolação provoca uma perda de carga total divido ao atrito viscoso entre as
partículas do solo.

𝑢1 𝑢2
𝛥ℎ𝑡 = ( + 𝑧1) − ( + 𝑧2)
𝛾𝑤 𝛾𝑤

Tabela 15-Valores típicos de coeficiente de permeabilidade

15.3- Determinação do coeficiente de SOLO K (m/s)


permeabilidade Argilas < 10−9
• Permeâmetro de carga constante Siltes 10−6 𝑎 10−9
Areias argilosas 10−7
• Permeâmetro de carga variável
Areias finas 10−5
• Ensaio e métodos indiretos
Areia média 10−4
Areias grossas 10−3
Pedregulhos > 10−3

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15.3.1- Permeâmetro de carga constante


h - mantido constante num determinado tempo
Volume é médio.
𝑄
𝑘=
𝑖. 𝐴

Figura 45-Ensaio de permeabilidade com carga constante (DAS 2007)

15.3.2- Carga variável (solos finos)


Verifica-se o tempo que a água na bureta leva para baixar da altura inicial.

Figura 46-Ensaio de permeabilidade com carga variável

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15.3.3- Métodos indiretos


A correlação estatística de Hazen é uma fórmula aproximada, mas que oferece uma
boa indicação para areias com CNU<5 (Coeficiente de não uniformidade).

𝑘 = 100. 𝐷2 𝑒𝑓𝑒𝑡 𝑒𝑚 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝐷10 (𝑐𝑚)

15.3.4- Variação do coeficiente de permeabilidade de cada solo


Para um solo com os valores de “k” e “e” conhecidos, pode-se estimar através da
equação de Taylor, o “k” para outro “e”, pois quanto mais fofo o solo, mais permeável
ele é.
𝑒 31
𝑘1 (1 + 𝑒1)
=
𝑘2 𝑒 32
(1 + 𝑒2)

16- Fluxo através das camadas de solo


Para o fluxo que atravessa várias camadas de solo convenciona-se um coeficiente de
permeabilidade k’ igual as médias geométricas de k correspondentes as componentes
de fluxo em duas componentes ortogonais
qv

qh

l1 K1
h1

Kh
l2 K2
h2
Kv

l3 K3
h3

A
Figura 47-Fluxo horizontal

Fluxo vertical: 𝑄𝑣 = 𝑞𝑣1 = 𝑞𝑣2 = 𝑞𝑣3 ; ∆ℎ = ∆ℎ1 + ∆ℎ2 + ∆ℎ3


𝑙
𝑘𝑣 =
∆𝑙1 ∆𝑙2 ∆𝑙3
+ +
𝑘1 𝑘2 𝑘3
Fluxo horizontal: 𝑄ℎ = 𝑞ℎ1 = 𝑞ℎ2 = 𝑞ℎ3 ; ∆ℎ = ∆ℎ1 = ∆ℎ2 = ∆ℎ3
1
𝑘ℎ = . (𝑘1. ∆𝑙1 + 𝑘2. ∆𝑙2 + 𝑘3. ∆𝑙3
𝑙
Fluxo que atravessa várias camadas é 𝑘 ′ = √𝑘𝑣. 𝑘ℎ

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17- Resistência ao cisalhamento

A resistência ao cisalhamento é um parâmetro fundamental para projetos onde o solo


está submetido a tensões onde se tem um plano de ruptura na seção de solo, exemplos
de obra que podem sofrer por cisalhamento:

• Taludes

• Muros de arrimo

• Blocos e sapatas de fundação

• Estacas

• Tubulões

• Túneis
Havendo tensão de cisalhamento devemos estabelecer critérios de segurança de modo
a evitar a ruptura do solo.
Temos várias maneira de representar a resistência de um solo. A utilização de
envoltórias, como a de Mohr, é uma das mais comuns e a que melhor retrata o
comportamento dos solos. Podemos representar então, por exemplo, num sistema
cartesiano ortogonal, em que nas abscissas temos as tensões normais (σ) e nas
ordenadas a tensão de cisalhamento (τ), valores obtidos experimentalmente no plano
de ruptura conforme na figura abaixo.

τ
Faixa de interesse de valores de σ

σ2

S=f(σ)
σ1

σA σB
σ
Figura 48-Plano de ruptura

A Adequação de uma reta (critério de Coulomb) aos pontos situados no diagrama σ x τ,


dentro de uma determinada faixa de tensões de interesse ao problema em estudo
permite obter uma envoltória que segue a expressão geral:

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𝑆 = 𝑟1 + 𝜎. 𝑟2
S - Resistência ao cisalhamento
r1 – Coesão
r2 – tanϕ (coeficiente de atrito)
ϕ – Ângulo de atrito
σ – Tensão normal
Obs.: c e ϕ dependem de uma série de fatores, não são constantes para um dado solo!

Equação de resistência ao cisalhamento assume a forma:


𝑠 = 𝑐 + 𝜎. 𝑡𝑎𝑛φ
Onde as tensões consideradas podem ser totais ou efetivas.
Definir a resistência para um solo não é tão simples, devido, sobretudo à dificuldade de
definir ruptura. A ruptura em um solo é um conceito complexo, pois evolve ruptura
propriamente dita e deformação excessiva.

σz
Z
τzx

σx
α
τxz

Figura 49 - Parcela de solo submetido a um estadox


de tensões

Conhecidas as tensões atuantes nas faces do elemento é possível conhecer as tensões


geradas em um plano com inclinação α em relação ao eixo x: σα e τα.
Aplicamos então as equações de equilíbrio, na direção horizontal e vertical podemos
obter as seguintes relações entre tensões:
σx + σz σz − σx
σα = + . 𝑐𝑜𝑠2𝛼 + 𝜏. 𝑠𝑒𝑛2𝛼
2 2

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σz − σx
τα = . 𝑐𝑜𝑠2𝛼 + 𝜏. 𝑠𝑒𝑛2𝛼
2
Elevando as duas expressões ao quadrado e somando obtemos:

σx + σz 2 σz − σx 2
(𝜎𝛼 − ) + 𝜏𝛼 2 = ( ) + 𝜏²
2 2

Obs.: Essa equação corresponde a equação de um círculo cuja a representação está na


Figura 50-Círculo de Mohr.

τ
σ (+)
(σx; τ)
τ
(-)
M (σα; τα)
α
(+)
σ τ σ (-)
P (σz; τ)

𝜎𝑥 + 𝜎𝑧
2
Figura 50-Círculo de Mohr

P - Polo ou origem dos planos


Desejando conhecer as tensões num plano de inclinação conhecida, basta traçar uma
paralela ao citado plano, pelo polo (ponto P. A intersecção desta paralela com o círculo
fornecerá as tensões no plano, como por exemplo o ponto M que representa as tensões
num plano de inclinação “α” com a horizontal.
Existem dois planos perpendiculares entre si, nos quais as tensões de cisalhamento são
nulas. Esses planos são chamados de principais bem como as tensões normais que neles
atuam.
σ1 – tensão principal maior

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σ3 – tensão principal menor


As expressões que fornecem σ1 e σ3 são:

σz + σx σz − σx 2 σz + σx σz − σx 2
σ1 = + √( ) + 𝜏𝑧𝑥² 𝑒 σ3 = − √( ) + 𝜏𝑧𝑥²
2 2 2 2

O ângulo entre o plano de maior tensão principal e o plano horizontal (Ψ) é:


𝜏𝑧𝑥
𝑡𝑔Ψ =
𝜎1 − 𝜎𝑥

A tensão de cisalhamento máxima


σ1 − σ3
𝝉𝒎á𝒙 =
2

17.1- Ensaio de resistência ao cisalhamento


Depois de aprender sobre tensão de cisalhamento vamos aprender como obter esses
parâmetros para a realizar toda essa teoria.
O ensaio em solos para esses parâmetros podem ser realizado de várias maneiras, os
mais comuns são por cisalhamento direto, através do ensaio de compressão simples
ou triaxial.
17.1.1- Ensaio de Cisalhamento direto

Figura 51-Ensaio de cisalhamento direto

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17.1.2- Ensaio de compressão triaxial.

Figura 52- Ensaio triaxial

FASES DO ENSAIO:
1) Aplicação da pressão confinante
2) Aplicação da diferença de tensões principais (cisalhamento)

• Lento (CD)
– Consolidado, drenado (1 a e 2 a fases)
– Medidas de variação de volume (ΔV)
𝛥𝑢w = 0

Figura 53- Círculo de Mohr com dados ensaio Triaxial

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Resultados típicos

Figura 54-Resultados típicos

• Adensado rápido (CU)


– Consolidado (1 a fase)
– Não drenado (2 a fase)
– Medidas de variação de volume (ΔV) na primeira fase
– Medidas da pressão na água (𝑢w) na segunda fase

Figura 55-Círculo de Mohr para adensamento rápido (CU)

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• Adensado rápido (CU)

Figura 56-Círculo de Mohr para adensamento rápido (CU)

• Rápido (UU)
– Não consolidado, não drenado
– Medidas da pressão na água (𝑢w)

Figura 57-Círculo de Mohr (UU)

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Caso particular do Ensaio Rápido (UU), onde σ 3 = 𝑃𝑎𝑡𝑚


– Não adensado, não drenado

Figura 58-Circulo (UU) Pressão atmosférica

5 kN

17.2- Exemplo cálculo de tensão de cisalhamento por círculo de


1 kN
Mohr: Uma amostra de solo de 100mm x 100mm, está 1 kN
submetida a forças, conforme apresentadas na fig.54.
Determine σ1, σ3 e Ψ, a tensão máxima de cisalhamento, as 3 kN
tensões em plano inclinado a 30° no sentido anti-horário em
relação ao plano de maior tensão principal
Resolução: Solucionaremos esses problemas de duas formas, com a utilização do círculo
de Mohr e com as equações. Figura 59

Cálculo da área

𝐴 = 100𝑥100 = 104 𝑚𝑚2 = 10−2 𝑚²


Cálculo das tensões
𝐹𝑜𝑟ç𝑎 5
𝜎𝑧 = = = 500 𝑘𝑃𝑎
Á𝑟𝑒𝑎 10−2

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 3
𝜎𝑥 = = = 300 𝑘𝑃𝑎
Á𝑟𝑒𝑎 10−2

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𝐹𝑜𝑟ç𝑎 1
𝜏𝑧𝑥 = = = 100 𝑘𝑃𝑎; 𝜏𝑧𝑥 = −𝜏𝑧𝑧 = 100 𝑘𝑃𝑎
Á𝑟𝑒𝑎 10−2
𝜏𝑧𝑥 É positiva, pois faz com que o elemento de solo gire no sentido horário em relação
ao seu centro. De modo similar, 𝜏𝑧𝑧 é negativa, pois gira no sentido anti-horário no
elemento.
Cálculo da tensão principal maior

500 + 300 500 − 300 2


σ1 = √
+ ( ) + 100² = 541,42 𝑘𝑃𝑎
2 2

Cálculo da tensão principal menor

500 + 300 500 − 300 2


σ3 = √
− ( ) + 1002 = 258,58 𝑘𝑃𝑎
2 2

Cálculo do ângulo entre o plano de maior tensão principal e o plano horizontal (Ψ)
100
𝑡𝑔Ψ = = 0,414
541,42 − 300

Ψ = 22,489°

Cálculo de cisalhamento máxima (τmáx)

σ1 − σ3 541,42 − 258,6
𝝉𝒎á𝒙 = = = 141,4 𝑘𝑃𝑎
2 2

Cálculo das tensões em um plano orientado em um ângulo 0 em relação ao plano de


maior tensão principal:
541,4 + 258,6 541,4 − 258,6
σ0 = + cos(2𝑥30°) = 470,7 𝑘𝑃𝑎
2 2

541,4 − 258,6
τ0 = sen(2𝑥30°) = 122,5 𝑘𝑃𝑎
2

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300 kPa

30,0°
22,5°
141,421
122,474

100 kPa 600 kPa

470,711

-300 kPa

Figura 60-Resolução exemplo círculo de Mohr

18- Investigação geotécnica – ensaios in situ para obtenção de


parâmetros
Dentro dos conhecimentos necessários está toda a esfera geotécnica, onde por meio de
ensaios de laboratório e de campo podemos obter parâmetros importantes para o
desenvolvimento de nosso projetos. Nos temas acima vimos diversos aspectos teóricos
onde já tínhamos grande parte das informações necessárias para realizar todos os
processos dentro da mecânica dos solos, porém esses parâmetros podem se mostrar
não muito fáceis quanto a sua obtenção, de tal maneira que necessitamos desenvolver
diversos ensaios, para os que mais se adequam ao projeto que está sendo executado,
deste modo vamos discutir nesse capitulo uma gama de ensaios de campo com detalhes,
para que se tenha o real entendimento de todos esses processos e quando e onde
aplicar esses ensaios dentro de obras de engenharia.

85
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Dentro dos principais ensaios executados dentro da geotécnica podemos citar os mais
usuais, que grande parte infelizmente são pouco utilizados em território nacional,
ficando refém do bom e velho SPT, esses ensaios são:

• Ensaios de simples reconhecimento (SPT) Standard Penetration Test

• Ensaio de simples reconhecimento com torque (SPTT)

• Ensaio de penetração de cone (CPT) Cone Penetration Test

• Ensaio de Piezocone (CPTu)

• Ensaio de penetração leve (DPL) Dynamic Probe Light

• Ensaio de dilatômetro de plano (DMT)

• Ensaio de palheta (Vane Test)

• Ensaio pressiômetro
18.1- Ensaio de Simples Reconhecimento (SPT) NBR 6484
Como de costume, vamos iniciar pelo qual nos é mais familiar, o ensaio de campo SPT
talvez seja o mais conhecido teste de campo executado hoje no Brasil, por ser muito
fácil de se executar não demandando uma mão de obra muito especializada para sua
realização. Esse ensaio consiste na cravação de um sonda (amostrador) metálica no solo,
cravação feita através de um martelo com peso padrão (65 kg) solto também de uma
altura padrão (75 cm), o processo para a realização do ensaio é:

• Montagem do tripé, posicionado com o ponto se deseja fazer a sondagem no


centro de queda do martelo

• Posicionamento da guia do martelo para marcação do ponto do furo

• Escavar a primeira cama (1m) com uma cavadeira (trado) apropriada de


(D=100mm), ou no caso de já ter atingido o nível d’água, quando a utilização do
trado se tornar ineficaz é necessário utilizar o sistema de lavagem para a retirada
do solo liquefeito.

• Posicionar a guia do amostrador

• Marcar na haste auxiliar do amostrador, 45cm dividida em três partes de 15cm

• Batendo com o martelo padrão (65 kg) a uma altura padrão (75 cm), é marcado
o número de golpes para descer cada trecho de 15cm, completando os 45cm
totais, o valo do Nspt e a soma dos dois últimos trechos de 15cm, ou seja,
despreza-se o primeiro trecho, que pode ter sido alterado pelo trecho acima.

• Ao final retira-se o amostrador com o solo na sonda bipartida pré-classificando


o solo por categoria, dentre as 3 principais (Areia, Silte e Argila) juntamente com
as informações de cota da profundidade de onde foi coletada essa amostra, solo
este que será classificado de forma definitiva no laboratório.
86
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• Repetindo o processo até que alcance a profundidade estabelecida em projeto


ou o mais comum, até que o solo se torne impenetrável pelo método a
percussão, um solo impenetrável ou de acordo com os critérios de paralização
na NBR 6484
▪ 3 metros sucessivos com N maior que 45/15;
▪ 4 metros sucessivos com N entre 45/15 e 45/30;
▪ 5 metros sucessivos com N entre 45/30 e 45/45;
▪ Penetração nula na sequência de 5 impactos do martelo;

Tripé

Martelo (65 kg)

Haste guia (75cm)

Haste do amostrador

Guia de amostrado com


bocal de lavagem

Figura 61-Tripe ensaio SPT

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Ferramentas para realização do ensaio de campo SPT

Trado cavadeira Trado torcido Trado helicoidais


Figura 62-Trados ensaio de SPT

Obs.: Após a realização do SPT, é feito o referenciamento de níveis da cota


inicial de cada furo até a conta final, com o tempo de espera de 24 horas é
feita a verificação do nível d’água, com uma ferramenta chamada Apito,
que como o próprio nome pressupõe uma ferramenta que emite um som
quando em contato com a água!
O plano de furos de sondagens deve seguir as seguintes regras:

• Um furo de sondagem para cada 200m² em planta para edifícios de até 1200m²
• Obras entre 1200m² a 2400m² um furo para cada 400m² em planta
• Obras acima de 2400m² deve seguir plano de cargas da estrutura que será
edificada
A. Obras em qualquer circunstâncias, deverá conter pelo menos 2 furos
para uma área de até 200m² e três furos para áreas de 200m² a 400m²
10 10 20 20 20 20
20

30

30

30

40

40

Figura 63-Locação padrão para obras de pequeno porte (m)

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18.2- Ensaio de Simples Reconhecimento com torque (SPTT) NBR 6484


O ensaio de SPT com torque consiste no mesmo princípio e método de execução do SPT
simples, todavia, com a inclusão da verificação do torque resistente do solo em relação
a haste metálica, aplicando um braço de alavanca, é simulado um momento torçor na
haste, que é medido por meio de um torquímetro analógico ou digital, analisando qual
o torque máximo obtido para que haja a rotação do amostrador em meio ao solo,
obtendo assim um parâmetro de resistência lateral do furo.
Na rotação que se aplica ao amostrador por meio de um torquímetro pode-se medir um
torque máximo, que define a tensão de atrito lateral (fs máxima) e o torque residual,
que define a tensão de atrito lateral mínima (fs residual) após o remodelamento da
película de solo na interface com o amostrador.
Segundo Alonso (1994) o ensaio SPT-T, não está sujeito aos erros cometidos no ensaio
SPT, tais como:

• Massa cadente; é a energia obtida pela queda do peso de 65 Kg a uma altura de


75 cm onde a energia gravitacional é transferida para o trado (amostrador).

• Altura de queda; ocorre principalmente quando o levantamento do peso é


realizado manualmente, onde o operador eleva de mais ou de menos o mesmo,
fazendo com que a altura de queda não corresponda ao da norma.

• Atritos múltiplos; é observado principalmente em equipamentos mal


conservados onde a falta de manutenção faz com que o atrito na roldana de
movimentação do peso, seja elevado a ponto de interferir na velocidade de
queda.

• Peso e rigidez das hastes; ocorre devido aos diferentes metais empregados na
fabricação dos equipamentos, proporcionando ferramentas mais pesadas ou
mais rígidas, que interfere na transferência de energia do martelo (peso) para o
trado.

• Restando apenas os erros relativos ao estado da parede lateral do amostrador;


o trado é um equipamento que por estar em contato direto com solo e eventuais
pedras acaba por desenvolver ranhuras em sua face lateral, podendo vir a
interferir nos resultados de torque.

• À velocidade de aplicação do torque; uma mão de obra mal qualificada pode


executar os movimentos de torsão de forma inapropriada, girando-se o
torquímetro rapidamente, dificultando a leitura da medida de torque.

• Erros de leitura; ocorrem principalmente com torquímetro analógico, onde a


precisão varia entre mais ou menos 3%.

• Sistemáticos e acidentais comuns a todas as medidas de grandeza; são erros que


podem ou não ser corrigidos, estão ligados a escala inadequada ou deficiente

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calibração do aparelho ou ainda podem ser por fatores externos (ambientais ou


não), mas que perturbam o ato de medir.
As principais informações obtidas com o ensaio de SPT-T são:

• Índice de torque (TR); é a relação entre o torque medido em kgf/m pelo valor N
do SPT, descrito pela seguinte equação:
𝑇
𝑇𝑅 =
𝑁𝑠𝑝𝑡

Figura 64-Aplicação do torque na haste do amostrador (CREA-MG)

Variação de N (SPT) Capacidade máxima do torquímetro


0 - 10 270 N.m
11 - 30 480 N.m
30 - 45 800 N.m

O ensaio de SPT e SPTT são relativamente preciso em alguns aspectos da investigação


geotécnica, por ser um método razoavelmente barato e de simples execução seu nível
de popularidade excede aos outros métodos, porém sua utilização se torna limitada em
relação a métodos mais sofisticados, o SPT não mudou em nada desde a sua criação no
início dos anos 1900.
Com o ensaio SPT e SPTT é possível obter alguns parâmetros do solo diretamente, tais
como, tensão admissível, camadas do solo, nível d’água e a resistência por atrito lateral,
porém outros parâmetros relativos ao solo só são obtidos com um estudo mais
aprofundado em laboratório ou por correlações com referência ao ensaio de SPT, para
obras de pequeno e médio porte não se faz necessário o uso de técnicas mais avançadas
de investigação, portanto devemos nos ater no limite de capacidade que o ensaio de
sondagem a percussão nos propõe e avaliar em casos mais específicos se o mesmo é a
melhor escolha para certos parâmetros que se fazem necessários para estudos
específicos.

90
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18.2.1- Exemplo de laudo de sondagem a percussão

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP1

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,5 1,2 3/15 4/15 3/15 7 1
2,00 MÉDIA AMARELA 1,7 1,1 4/15 4/15 4/15 8 2
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,4 1,2 4/15 4/15 5/15 9 3
4,00 MÉDIA VERMELHA ESCURA 1,2 1 5/15 5/15 5/15 10 4
RIJA ARGILA SILTOSA 1,1 1 5/15 5/15 6/15 11 5
6,20 RIJA VERMELHA ESCURA 1,2 1,1 6/15 6/15 6/15 12 6
RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 13 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 15 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
ARGILA VERDE
MÉDIA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21

Figura 65-Modelo de relatório de sondagem a percussão

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Tabela 16-Designação do solo em função no Nspt

Solo Índice de resistência à Designação¹


penetração N

Areias e siltes <4 Fofa(o)


arenosos 5a8 Pouco Compacta(o)
9 a 18 Medianamente compacta(o)
19 a 40 Compacta(o)
> 40 Muito compacta(o)
Argila e siltes <2 Muito mole
argilosos 3a5 Mole
6 a 10 Média
11 a 19 Rija(o)
> 19 Dura(o)
¹ As expressões empregadas para a classificação da compacidade das areias (fofa, compacta, etc.), referem-se à
deformabilidade e resistência destes solos, sob o ponto de vista de fundações, e não devem ser confundidas com as
mesmas denominações empregadas para a designação da compacidade relativa das areias ou para a situação perante o
índice de vazios críticos, definidos na Mecânica dos Solos.

18.3- Ensaio de penetração de cone (CPT) Cone Penetration Test


O ensaio CPT consiste na penetração de uma
ponteira cônica (ângulo da ponto 60°) a uma
velocidade constante de 20 mm/s com auxílio de
um equipamento mecânico de cravação, para
que seja garantida a velocidade sempre
constante de cravação.
A ponteira de cravação tem diversos sensores
que obtém vários parâmetros do solo em quanto
é cravada, as principais são:
Resistência de ponta qc
Resistência lateral fs
𝑓𝑠
Razão de atrito 𝑅𝑓 = 𝑞𝑐

Figura 66-Ilustração esquemática CPT e CPTu (piezocone

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Por ser hoje em dia um tipo de teste quase que 100% computadorizado todos seus
resultados em relação as características do solo são obtidas indiretamente por
correlação de acordo com os três principais citados acima (qc, fs e Rf), onde o software
decide qual o tipo de solo e demais informações, diferentemente do SPT o CPT não nos
fornece um perfil físico do solo, todavia por conta de sua tecnologia mais avançada é
possível obter diversos parâmetros que o SPT não oferece.
Classificação do solo e estratigrafia

400

200

100

60
qc x 100 (kPa)

40

20

10
6
4

1
0 1 2 3 4 5 6
Rf (%)
Figura 67-Relação de razão de atrito e resistência de ponta
do cone e tipo de solo (Robertson e Campanella, 1983)

Tabela 17 - Tipo de solo em função de Rf

Tipo de solo Rf
Areia fina a grossa 1,2 – 1,6
Areia siltosa 1,6 – 2,2
Areia silto-argilosa 2,2 – 4,0
Argila >4,0

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O equipamento para realização do ensaio tem uma sofisticação relativamente maior que
o ensaio de SPT, como é um ensaio eletrônico depende inteiramente de um computador
para extrair os dados obtidos no ensaio, com isso existem alguns equipamentos
específicos para este fim, equipamentos de pequeno, médio e grande porte, o mais
comum é encontrar um caminhão do tipo baú, com todos os aparelhos necessários
adaptados a ele para a realização do ensaio, fazendo o registros dos dados conforme a
ponteira com sensores eletrônicos avança no solo, o software traça um perfil do solo
baseado no gráfico a cima, assim com indica a figura abaixo!

0 Argila
-1

-2

-3

-4

-5

-6

-7

-8
-9
-10
-11
-12
-13
-14
-15
-16
-17
-18
-19

Figura 68-Estratigrafia ensaio CPT

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18.4- Ensaio (CPTu) Piezocone


O ensaio de CPTu, Piezocone, consiste na acoplagem de uma ponteira com transdutores
de poro-pressão (pressão neutra), com esse equipamento é possível medir a pressão
neutra presente no solo, devido a água que ocupam os vazios do solo, como já visto
anteriormente!
O resultado do ensaio de Piezocone apresenta uma estratigrafia como a figura abaixo!

qt [kPa] qc, u, ua [kPa] Bq [kPa] Rf [kPa]

1000 2000 3000 4000 5000 200 400 600 800 10000 2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 2 6 10
0
1
2 Aterro
u
3
4 Argila
5
6
Areia
7 qt
8
9
10
11
12 Argila
13
14
15
ua
16
17 Areia
18
19
20

Figura 69- Estratigrafia Piezocone

Tabela 18 - Compacidade e angulo de atrito por qc

Resistência de ponta qc Ângulo de


Compacidade Relativa (Mpa) a partir do ensaio Resistência ao corte
CPT φ' (ângulo de atrito)
Muito baixa 0-2,5 29-32
Baixa 2,5-5,0 32-35
Média 5-10 35-37
Elevado 10-20 37-40
Muito elevado >20 40-42

Módulo de elasticidade: E= 3,5 . qc


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18.5- Ensaio de penetração leve modificado por Nilsson (2001) (DPL) Dynamic Probe Pight

O ensaio DPL é pouco difundido no Brasil, onde grande parte do material que se
encontra desse método está ainda em fase de pesquisa, porém é um método bem
utilizado na Europa, regulamentada pela norma Alemã DIN 4094-3:1990 e ES ISSO
22476-2:2005, o método consiste na penetração de uma ponteira cônica, assim como
CPT e CPTu, porém com um equipamento mais leve e simples, para se obter parâmetros
de resistência de ponta, atrito lateral e ângulo de atrito.
No entanto o método se mostra limitado em relação aos demais, em 2001 Nilsson
desenvolveu a partir do DPL europeu uma variação que se mostrou mais eficaz em
alguns aspectos, trata-se de um penetrômetro com uma altura de queda de 50cm e
martelo com peso de 10kg introduzindo no solo uma ponteira de 35,7mm através de
hastes.
O DPL de Nilsson, detecta estratigrafia, nível d’agua, resistência de ponta e resistência
lateral. O solo é identificado por três meios; análise visual do solo levado nas ranhuras
da ponteira, auscultação e cálculo do coeficiente entre o atrito lateral e a resistência de
ponta, assim como acontece no CPT. Análises da morfologia do gráfico completam a
identificação. A execução atende as normas da ISSMFE (International Society for Soil
Mechanics and Foundation Engineering ) e da DIM.
O equipamento inteiro pesa aproximadamente 100kg possibilitando seu transporte sem
a necessidade um carro especial, sua utilização é simples e segue os passos abaixo:

• Escolha do local onde se deseja fazer o ensaio

• Retira-se a primeira camada de solo vegetal Limitador sup.


(1m) se necessário com trado manual

• Posiciona-se o DPL no local do ensaio Haste guia (50cm)

• Com um auxílio de marcações nas hastes ou Martelo (10kg)


uma régua, anota-se quantos golpes são
Cabeça de bater
necessários para penetrar 10cm no solo, com
o peso de 10kg, solto a uma altura de 50cm.
Haste metálica

Obs.: O ensaio DPL simples tem uma profundidade


máxima de 8m de profundida, o DPL de Nilsson,
segundo o criador (Nilsson) pode chegar até 12m de Base de apoio
profundidade com coleta de dados confiáveis!
Ponteira cônica
Segundo a DIN esse ensaio é recomendado para solos
do tipo SW (areia bem graduada) e SM (areia siltosa) Figura 70 - Equipamento DPL
pela classificação SUCS.

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18.6- Ensaio dilatômetro de plano (DMT)


O Ensaio DMT foi desenvolvido em 1975 por Silvano Marchetti e patenteada em 1977
no EUA. Com esse ensaio é possível obter diversos parâmetros do solo, tais como:
➢ Coeficiente de empuxo em repouso (K0)
➢ Módulo de elasticidade (E)
➢ Resistência ao cisalhamento não drenadas em argilas (Su)
➢ Ângulo de atrito interno em areias
➢ Classificação granulométrica
➢ Razão sobre adensamento (OCR)

Procedimento para o ensaio


O ensaio consiste da introdução de uma
haste metálica com uma ponteira
expansível com interrupções a cada
20cm, nessas interrupções é injetado
gás nitrogênio que expande a
membrana contra o terreno obtendo
resultados das pressões através de um
manômetro, o ensaio DMT pode ser
aplicado desde argilas moles á solos
rígidos!

Figura 71 - Equipamento DMT

Ensaio de palheta (Vane test)


Desenvolvido por John Olsson, em 1919, foi aperfeiçoado em 1940 assumindo a forma
que é empregado até hoje, em 1949 chegou ao Brasil pelo instituto de pesquisas de São
Paulo o IPT e Geotécnica A.S.
O Vane test é normalmente empregado para determinação da resistência ao
cisalhamento de depósitos de argilas moles saturadas, submetidas à condição de
carregamento não-drenado (Su ao Cu). Normatizado pela NBR 10905/89 Ensaio de
palheta in situ e pela ASTM D2573-08 (Standard test method for field vane sher test in
cohesive soil).

97
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Procedimento do ensaio (Vane test)


O ensaio consiste na cravação estática de
palheta de aço, com seção transversal em
formato de cruz com dimensões
padronizadas, inserida até a profundidade
onde se deseja executar o teste. A palheta
tem quatro aletas com diâmetro de 65mm e
altura de 130mm, mas admite-se palheta
retangular de 50mm e altura de 100mm em
argilas rijas (Su>50kPa), a haste conduz a
palheta até a profundidade desejada,
protegida por um tubo externo de 20mm,
para que a haste interna não sofra por atrito
deturbando o ensaio de rotação da palheta. O equipamento de medição do torque deve
possuir um mecanismo de coroa e pinhão acionado por manivela, sendo feitas as
leituras de rotação a cada 2°, para determinar a curva torque x rotação

25
Tmax

20

15
Torque
Ensaio indeformado
(Nm) 10

Amolgado
5

0 20 40 60 80 100 120
Rotação (graus)

Figura 72 - Curva torque x rotação – Giacheti UNESP

98
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18.7- Ensaio pressiômetro


Desenvolvido por Kogler em 1933 na Alemanha, porém foi aperfeiçoado em (1955-1959)
por Louis Ménard e Michel Gambin (1963), hoje em dia existem 3 diferente tipos de
equipamentos pressiômetros, todavia falaremos do conceito básico do ensaio. O Brasil
por não possuir uma normativa própria relativa ao ensaio, recomenda-se a utilização
das normal americana (ASTM D-4.719/87) e francesa (P94-110/91 – AFNOR).

Procedimento ensaio pressiometro


O ensaio consiste na introdução de uma sonda
em um furo pré-executado ou executado pelo
próprio equipamento, depende do tipo do
equipamento, onde se tem uma membrana
expansível, um “balão”, que se expande com o
bombeamento de gás nitrogênio medindo a
tensão x deformação do solo de forma radial.
Considerando o solo como um meio elástico,
pode-se utilizar a teoria de MALÉ (1852) para
calcular o módulo de Young. No caso de meio
apresentar comportamento elastoplástico,
pode ser adotada a formulação elastoplástica
tipo Tresca, proposta por BISHOP et al. (1945) e
geralmente utilizada para determinação da
resistência ao cisalhamento num material sem
atrito.

Os três diferentes tipos de pressiômetro de Ménard

• Tipo E: foi o primeiro a ser criado e não é fabricado nem


vendido atualmente

• Tipo GC: O mais utilizado e tem seu uso destinado a


ensaios em solos

• Tipo GB: Existem poucos em utilização no mundo e são


utilizados para ensaios em rochas

99
Figura 73-Comparação entre os métodos Robertsson e Powell (1997)

Parâmetros geotécnicos Tipo de solo


GRUPO Teste In-situ Tipo de Matéria
Perfil U0 OCR DR-Ψ φ Su Go-E σ-E M-Cc K Cv Rocha Pedregulho cascalho Areia Silte/Argila
solo orgânica

DPL C B - C C C C C - - - - - C B A B B
SPT B B - C B C C C - - - - - C B A B B
CPT B A - B B B B B C C C - - B B A A A
CPTu A A A B A B A B C B A A - B B A A A
Penetrõmetro/Pen
A A A A A B A A B B A A - B B A A A
etração direta SCPTu
DMT B B B B C B B B C B C B - C C A A A
SDMT B B B A B B B A B B C B - C C A A A
Full-flow (T/ball) C B B B C C A C C C C C - - - C B A
Palheta (Vane test) B C - B - - A - - - - - - - - - A B
Pré-bored B B - C C C B B C C - C A A B B B B
Pressiômetro Self-bored B B A B B B B A A B B A - C - B A B
Full Displacement B B B C C C B A A B B A - C - B A A
Carga de placa de parafuso C - - B C C B B B B C C C A B B B B
Cisalhamento de furo C - - - - B C - - - - - C B C C C -
Permeametro C - A - - - - - - - A B A A A A A B
Outros
Furo sísismico C C - B C - - A C - - - A A A A A B
superficie sísismica - C - B C - - A C - - - A A A A A A
Fratura hidraulica - - B - - - - - - - C C B B - - B C

A- Excelente B- Regular/bom C- Ruim (-) Inexistente


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19- Tipos de fundações e suas características - NBR 6122/2010


Dentro de uma mesma obra, não é incomum encontrarmos diferentes soluções nas
estruturas de fundação, dependendo quase que diretamente do tipo de solo, as
fundações podem ser divididas em alguns grupos com diferentes finalidade e
comportamentos. Inicialmente podemos dividir as fundações em dois grandes grupos:

• Fundações superficiais, também conhecidas como diretas ou rasas

• Fundações profundas
A definição desses dois grupos é feita de forma arbitrária, uma vez que sua
caracterização em um grupo ou outro pode ser subjetiva, mas a NBR 6122, determina,
que são consideradas fundações superficiais aquelas cuja a profundidade de apoio não
ultrapasse duas vezes sua menor dimensão, e inferiores a 3m, consequentemente as
fundações profundas seguem o inverso das regras para as fundações superficiais, ou
seja, são consideradas fundações profundas aquelas cuja a profundidade seja maior que
duas vezes sua menor e não inferiores a 3m.
Dentro desses dois grandes grupos podemos dividir, para fundações superficiais:
19.1- Bloco – São elementos em concreto não armado, cuja todas as tensões aplicadas
sobre ele podem ser absorvidas e resistidas pelo próprio concreto, para que isso seja
possível, os blocos em geral, tem um volume maior de concreto, para que com aumento
da rigidez possa compensar a ausência de uma armadura complementar.
19.2- Sapata – São elementos em concreto armado, dimensionadas de tal maneira que
as tensões nela aplicadas sejam divididas em suas frentes, compressão, que será
resistida pelo concreto e tração que será resistida pelas armaduras, esse
dimensionamento em geral é feito através da técnica de bielas e tirantes, assim como
ocorre nas armaduras transversais em vigas de concreto armado.
19.3- Sapata corrida – É um tipo de sapata que recebe uma carga linear, ou uma
sequência de pilares em uma mesma linha de execução.
19.4- Sapata associada – Muitas vezes confundida com uma sapata corrida, a sapata
associada é aquela que recebe de mais de um pilar, são executas muitas vezes quando
não há espaçado físico entre dois ou mais pilares para a execução de uma sapata isolada,
mas diferente de uma sapata corrida, esses pilares não precisam necessariamente estar
em uma mesma linha.
19.5- Radier – Tipo de fundação superficial que recebe pilares, paredes de concreto ou
alvenaria em cargas concentradas, linearmente distribuídas ou cargas superficiais, nada
mais é que uma laje apoiada diretamente no solo.
19.6- Grelha – Um tipo de fundação rasa, relativamente incomum, é um conjunto de
vigas que se cruzam de pomo a receber e distribuir as cargas provenientes dos pilares.

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Entre as fundações profundas podemos dividir basicamente em 3 grupos:


19.7- Estaca – Um tipo de fundação profunda que utiliza de atrito lateral e resistência de
ponta para resistir aos esforços, uma espécie de pilar confinado sob o solo, pode ser
executada com equipamentos de perfuração, quando executadas in-loco com trado
manual ou mecânico, como também ser cravada, para o caso de estacas pré-moldadas.
19.8- Tubulão – Um tipo de fundação profunda fadada ao desuso pelo seu alto grau de
periculosidade na execução pois demanda a descida de pessoas para sua execução em
muitas ocasiões, assim como as estacas utiliza do atrito lateral como responsável por
parte da carga, porém diferente das estacas tem um diâmetro consideravelmente maior
além da possibilidade do alargamento da base para o aumento da capacidade de carga.
Com diversas forma de execução, o tubulão ar comprimido, executado com auxílio de
uma câmara de alta pressão para evitar a entrada de água durante a execução é uma
das técnicas mais perigosas e insalubres para trabalhadores dentro da construção civil,
sendo abolida em vários países do mundo.
19.9- Caixão – Fundação profunda com forma de prisma, concreto na superfície e
escavado internamente, esse tipo de fundação não tem nenhum tipo de citação na NBR
6122/2010, desta forma não falaremos com muitos detalhes deste tipo de estruturas
neste trabalho.

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Fundações mistas
Em alguns casos é comum usar uma composição de duas ou mais técnicas diferente de
fundação de modo a se transformar em um tipo híbrido de estrutura, dentre esses casos
podemos encontrar:
19.10- Bloco sobre estacas (Bloco de coroamento e estacas) – Como o nome já pressupõe
é um bloco que faz a interface pilar e estaca, considerado como um elemento de
transição entre os elementos da superestrutura e a fundação, esses elementos são
armados em geral, pois dependendo de suas dimensões pode receber cargas pontuais
causando um efeito de flexão no bloco
19.11- Radier estaqueado – Uma solução composta de radier sobre estacas pré-
moldadas ou executadas in-loco, essa técnica tem a finalidade de utilizar o máximo da
capacidade do solo, pois utiliza além das tensões admissíveis superficiais aproveita as
resistências em um perfil mais profundo. Em geral utilizado em edificações de grande
porte ou em solos com resistências substancialmente baixas, como em argilas marinhas
em regiões costeiras, esse tipo de fundação aumenta significativamente a estabilidade
de edifícios de grandes alturas, pois é possível trabalhar com as estacas tracionadas,
desde que dimensionadas para tal finalidade.

103
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19.12- Termos
19.12.1- Cota de arrasamento – Nível em que se deve deixar o topo da estaca ou fuste
do tubulão, demolindo-se o excesso ou completando-o, se for o caso. Deve ser definido
de modo a deixar que a estaca e sua armadura penetrem no bloco com comprimento
que garanta a perfeita ligação tal como as transferências de esforços do bloco para a
estaca.
19.12.2- Nega – penetração permanente de uma estaca, causada pela aplicação de um
golpe do martelo. Em geral é medida por série de 10 golpes. As ser fixada ou fornecida,
deve ser acompanhada do peso do martelo e da altura de queda ou da energia de
cravação (martelo automático).
19.12.3- Repique – Parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca,
decorrente da aplicação de um golpe do martelo.
19.12.4- Pressão admissível de uma fundação superficial – Tensão aplicada por uma
fundação superficial ao terreno, provocando apenas recalques que a construção pode
suportar sem inconvenientes e oferecendo, simultaneamente segurança satisfatória
contra a ruptura ou o escoamento do solo ou elemento estrutural da fundação.
19.12.5- Carga admissível sobre a estaca ou tubulão isolado – Força aplicada sobre a
estaca ou tubulão isolado, provocando apenas recalques que a construção pode
suportar sem inconvenientes e oferecendo, simultaneamente segurança satisfatória
contra a ruptura ou o escoamento do solo ou elemento estrutural da fundação.
19.12.6- Efeito de grupo de estacas e/ou tubulões – Processo de interação das diversas
estacas ou tubulões que constituem uma fundação, ao transmitirem ao solo as cargas
que lhe são aplicadas.

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19.12.7- Recalque – Movimento vertical descendente de um elemento estrutural.


Quando o movimento for ascendente, denomina-se levantamento.
19.12.8- Recalque diferencial específico – Relação entre as diferenças dos recalques de
dois apoios e a distâncias entre eles.
19.12.9- Viga de equilíbrio ou alavanca – Elemento estrutural que recebe as cargas de
um ou dois pilares, quando há uma excentricidade no ponto de aplicação da carga no
elemento de fundação, como por exemplo elementos de fundação com aproveitamento
total da divisa (fundação de divisa) que há essa excentricidade, a viga de equilíbrio tem
a função de receber e redistribuir essas tensões oriundas dos momentos para o pilar
mais próximo ou até mesmo um elemento especial de contra peso específico.

20- Informações importantes em um projeto de fundações


Em todo projeto de fundações há diversas informações importantes para o seu bom
desenvolvimento, porém alguns aspectos são de extrema importância, as análises do
local da edificação vai além do tipo de solo, então podemos separar essas informações
abaixo por ordem de importância!
20.1- Topografia – A topografia do local da edificação é muito importante pois nos dá
informações valiosas, nos ajudando a adotar soluções de execução, quanto as estruturas
de contenção, como muros de arrimo, encostas que poderão interferir direta ou
indiretamente, movimentação de terra, corte/aterro, afinal esses trabalhos muitas
vezes tem de ser executados antes mesmo que possamos iniciar os trabalhos de
infraestrutura.
20.2- Dados geológicos – Devem ser coletados ainda na primeira etapa da obra,
geralmente realizadas em duas etapas, preliminar e complementar, tem o intuito de
verificar e analisar o tipo predominante de solo presente no perfil que será base da
futura edificação, a primeira etapa, preliminar, pode ser executada através de uma
sondagem a percussão juntamente com o teste SPT (realizada simultaneamente pelo
mesmo equipamento), com esse teste podemos obter o perfil do solo ao mesmo tempo
que um parâmetro de resistência, como já falado anteriormente, posterior a esses testes
preliminares, podemos fazer uma análise complementar em laboratório para entender
o real comportamento desse solo ao receber uma sobre carga.
20.3- Dados das construções vizinhas - Muitos acabam não se preocupando com as
edificações vizinhas a área de implantação de um novo empreendimento, porém é
necessário não só um olhar mais crítico a esses pontos como uma análise mais
aprofundada dessas edificações, como, número de pavimento, carga média, tipo de
estrutura e fundação utilizadas, se há subsolo, dentre outros fatores importante. Essas
informações são importantes para que possamos encontrar uma solução estrutural para
infraestrutura com o mínimo de impacto as edificações vizinha, tanto no período de
execução como durante a vida útil da edificação.

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20.4- Dados da nova edificação – Na futura edificação temos que nos atentar a
informações como o tipo de estrutura que será edificada, sistema construtivo, assim
como as cargas de peso próprio, utilização e todas as demais ações envolvidas no
projeto direta ou indiretamente, essas informações em geral é o primeiro passo para a
avaliação da técnica de execução dos elementos de fundação.

21- Ações nas fundações


As cargas presentes nos elementos de fundação podem ser divididas em dois grupos,
cargas “vivas” e cargas “mortas”, esses dois grupos podem ser interpretados do mesmo
modo as cargas permanente e sobrecargas nas estruturas usuais de concreto, com
algumas diferenças quanto as suas causas:

-Ocupação por pessoas e móveis


-Passagem de veículos e pessoas
Operacionais -Operação de equipamentos móveis
-Armazenamento
-Atracação de navios, pouso de helicópteros

-Vento
Cargas Ambientais -Ondas e correntes
vivas -Temperatura
-Sismos
-Solicitações especiais de construção e instalação
Acidentais -Colisão de veículos
-Explosão, fogo
-Peso próprio da estrutura e equipamentos permanentes
Cargas mortas
-Empuxo de água
ou permanentes -Empuxo de terra

Segundo a NBR 8681


21.1- Ações permanentes: Ações que ocorrem com valores constantes ou de pequena
variação em torno de sua média, durante praticamente toda a vida da construção. A
variabilidade das ações permanentes é medida num conjunto de construções análogas.
21.2- Ações variáveis: Ações que ocorrem com valores que apresentam variações
significativas em torno de sua média, durante a vida da construção.
21.3- Ações excepcionais: Ações excepcionais são as que têm duração extremamente
curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, mas que
devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas.

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22- Requisitos essenciais em um projeto de fundações


Nos projetos de fundações assim como em qualquer outro projeto de estruturas é
necessário observar alguns aspectos importantes na inter-relação entre os elementos
estruturais, os principais pontos a serem obedecidos são:
- Deformações dos elementos de fundação (estabilidade interna)
- Deformação do solo, evitando um possível colapso ou instabilidade (Estabilidade
externa)
Para a verificação desses limites de deformação, são correspondente as verificações do
Estado limite de serviço (ELS) de acordo com NBR 8681. Os elementos são
dimensionados de acordo com Estado limite último (ELU) assim como nas
superestruturas.

Figura 75 - Deformação excessivas Figura 76- Tombamento

Figura 77-Deslizamento
Figura 74-Colapso do solo

Figura 78-Colapso estrutural


(puncionamento)

Figura 79-Colapso estrutural

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Outros requisitos importante a serem observados são:

• Segurança adequada ao tombamento e deslizamento, verificações feitas no solo


quanto as resistência ao cisalhamento quando submetidas a carregamentos
externos, no caso de execução de edificações, aterros e taludes, essas
verificações devem ser feitas também nos elementos de fundação.

• Segurança a flambagem.

• Níveis de vibração compatíveis com uso da obra ou edificação, sendo feitas as


verificações de casos de ações dinâmicas.

22.1- Coeficientes de segurança e características de projeto de fundação


Em projeto de fundações, diferentemente dos projetos de superestruturas, não temos
um comportamento bem definido dos elementos de fundação, uma vez que dependem
diretamente do solo, que é bem imprevisível por conta da sua composição heterogênea,
por tanto é importante a utilização de certos coeficientes capazes de absorver qualquer
comportamento inesperado. Com a impossibilidade da investigação completa de todas
as características necessárias do solo para obter um nível menor de incertezas, até por
que as principais análises feitas em um dado solo é tomado por dados estatísticos em
análises indiretas com amostras de algumas regiões do local da obra, o que dependendo
do tipo de solo pode variar consideravelmente.
22.1.1- Uso dos coeficiente de segurança (Fator de segurança FS)
A maior preocupação dos elementos de fundação são a tensões admissíveis do solo, é
justamente nele que aplicamos os fatores de segurança, para a utilização desses fatores
podemos seguir as tabelas abaixo:
22.1.2- Fatores de segurança globais mínimos:
CONDIÇÃO FS
Capacidade de carga de fundações superficiais 3,0
Capacidade de carga de estacas ou tubulões sem prova de carga 2,0
Capacidade de carga de estacas ou tubulões com prova de carga 1,6
Aplicação do FS para as tensões admissíveis
𝜎𝑟𝑢𝑝
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝐹𝑆

Aplicação do FS também pode ser aplicado para as cargas, nesse caso não é necessário
aplicar também nas tensões do solo
𝑄𝑢𝑙𝑡 𝑄𝑢𝑙𝑡
𝑄𝑡𝑟𝑎𝑏 = Ou 𝐹𝑆 = 𝑄𝑡𝑟𝑎𝑏
𝐹𝑆

Onde, Qtrab é a carga de trabalho ou solicitação característica admissível (Qk) e Qult é


a carga de ruptura ou resistência característica.
Aplicação do FS para tensões na base

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𝑞𝑢𝑙𝑡 𝑞𝑢𝑙𝑡
𝑞𝑡𝑟𝑎𝑏 = ou 𝐹𝑆 = 𝑞𝑡𝑟𝑎𝑏
𝐹𝑆

Onde, Qtrab é a tensão de trabalho ou solicitação característica admissível (Qk) e Qult é


a tensão de ruptura ou resistência característica.
No caso de fundações profundas só é possível reduzir o FS quando se dispõe do resultado
de um número adequado de provas de carga e quando os elementos ensaiados são
representativos do conjunto da fundação ou a critério do projetista.
CARGA ADMISSÍVEL EM RELAÇÃO AOS DESLOCAMENTOS MÁXIMOS – As cargas
admissíveis são, neste caso obtidos por cálculo ou experimentalmente, com a aplicação
de FS ao inferior a 1,5.
Cálculo empregando-se fatores de segurança parciais:
A segurança nas fundações deve ser estudada por meio de análises correspondentes aos
estados limites últimos (ELU - perda de capacidade de carga e instabilidade elástica ou
flambagem) e estado limite de serviço (ELS – limites estabelecidos pela NBR 8681).
Entretanto em obras de fundação, estas análises em geral se reduzem à verificação de
estado limite último de ruptura ou deformação plástica excessiva (análise de ruptura)
ou à verificação de estado limite de serviço caracterizado por deformações excessivas
(análise de deformações).
22.2- Estado limite último – Análise de ruptura
Nesta análise, os valores de cálculo das ações na estrutura no estado limite último são
comparados aos valores de cálculo da resistência do solo ou do elemento da fundação.
Os esforços na estrutura devem ser calculados de acordo com a NBR 8681.
Os valores de cálculo da resistência do solo determinados dividindo-se os valores
característicos dos parâmetros de resistência da coesão (c) e do ângulo de atrito (φ)
pelos coeficientes de ponderação da tabela 19.
Tabela 19-Coeficiente de ponderação de capacidade de carga de fundações

PARÂMETRO In situ ¹ Laboratório Correlações ²


Tangente do ângulo de atrito interno 1,2 1,3 1,4
Coesão (estabilidade e empuxo de terra 1,3 1,4 1,5
Coesão (capacidade de carga de 1,4 1,5 1,6
fundações)

¹ -Ensaios CPT, palheta (Vane, pressiômetro, conforme NBR 10905)


²-Ensaios SPT, Dilatômetro

O valor de cálculo da resistência (ou capacidade de carga) de um elemento de fundação


pode ser determinado das seguintes maneiras:

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• A partir de provas de carga, quando se determina inicialmente sua resistência


(ou capacidade de carga) característica Pk, neste caso deve-se aplicar o terceiro
coeficiente de ponderação da Tabela 19.

• A partir de método semi-empírico ou empírico, quando se determina


inicialmente sua resistência (ou capacidade de carga) característica nominal,
deve-se aplicar um dos primeiros coeficientes de ponderação conforme Tabela
19 dependendo do tipo de fundação; quando se empregam métodos teóricos,
não se aplica os coeficientes, pois os resultados obtidos já foram reduzidos pelos
coeficientes do quadro 19.

Condição Coeficiente
Fundação superficial (sem prova de carga) ¹ 2,2
Fundação profunda (sem prova de carga) ¹ 1,5
Fundação com prova de carga 1,2

¹ Capacidade de carga obtida por método empírico ou semi empírico.

22.3- Estado limite de serviço – Analise de deformação


A análise de deformações é feita calculando-se os deslocamentos da fundação
submetidas aos valores dos esforços da estrutura no estado limite de serviço. Os
deslocamentos devem ser suportados pela estrutura sem danos que prejudiquem sua
utilização. Os deslocamento admissíveis máximos suportados pela estrutura sem que
haja prejuízo ao estado limite de serviço, devem atender ás prescrições da NBR 8681.
Estes deslocamentos, tanto em termos absolutos (ex.: recalques totais) quanto relativos
(ex.: recalques diferenciais), devem ser definidos pelos projetistas envolvidos.

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23- Correlações para parâmetros do solo pelo SPT


Como o intuito do curso é ser o mais objetivo possível e demonstrar de forma pratica as
disciplinas relacionadas a fundações, vamos apresentar a seguir as correlações mais
usuais para os parâmetros do solo com auxílio do resultado de ensaios de SPT. (CINTRA
et al. 2003)
▪ Coesão (solos argilosos) (KPa)
Para a estimativa do valor de coesão não drenada (cu), quando se dispõem de resultados
de ensaios de laboratório, Teixeira & Godoy (1996) sugerem a seguinte correlação com
o índice de resistência à penetração (N) do SPT:
𝐶𝑢 = 10𝑁 (𝐾𝑃𝑎)

▪ Ângulo de atrito (graus)


Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode-se utilizar o que foi descrito
em (Mello, 1967), que mostra correlações estatísticas entre os pares de valores (σv, N)
e os prováveis valores de φ, em que σv é a tensão vertical efetiva à cota de obtenção de
N.
Ainda para a estimativa de φ, Godoy (1983) menciona a seguinte correlação empírica
com o índice de resistência à penetração (N) do SPT:
𝜙 = 28° + 0,4𝑁
Enquanto Teixeira (1996) utiliza

𝜙 = √20𝑁 + 15°
▪ Peso especifico (kN/m³)
Se não houver ensaios de laboratório, pode-se adotar o peso específico efetivo do solo
a partir dos valores aproximados das Tabelas 20 e 21 (Godoy, 1972), em função da
consistência da argila e da compacidade da areia, respectivamente. Os estados de
consistência de solos finos e de compacidade de solos grossos, por sua vez, são dados
em função do índice de resistência à penetração (N) do SPT, de acordo com a NBR
7250/82.
Tabela 20 - Peso específico de solos argilosos - Godoy (1972)

N (golpes) Consistência Peso específico (kN/m³)


≤2 Muito mole 13
3–5 Mole 15
6 – 10 Média 17
11 – 19 Rija 19
≥20 Dura 21

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Tabela 21 - Peso específico de solos arenosos - Godoy (1972)

N (golpes) Consistência Peso específico (kN/m³)


Areia seca Úmida Saturada
<5 Fofa 16 18 19
5-8 Pouco compacta
9 – 18 Medianamente 17 19 20
compacta
19 – 40 Compacta 18 20 21
>40 Muito compacta

▪ Tensão admissível – Solos coesivos (kgf/cm²)

Para o cálculo da tensão admissível, sem a necessidade de aplicar nenhum fator de


segurança (FS) são utilizadas as seguintes equações:
- Argila pura
𝑁
𝜎𝑎𝑑𝑚 =
4
- Argila siltosa
𝑁
𝜎𝑎𝑑𝑚 =
5
- Argila Arenosa siltosa
𝑁
𝜎𝑎𝑑𝑚 =
7,5
▪ Módulo de deformabilidade (Kgf/cm²)
Módulo de Deformabilidade Não se dispondo de ensaios de laboratório nem de prova
de cargas sobre placa para a determinação do módulo de deformabilidade do solo (Es),
podem ser utilizadas correlações com a resistência de ponta com do cone (qc) ou com
índice de resistência à penetração (N) da sondagem SPT, como, por exemplo, as
apresentadas por Teixeira & Godoy (1996):

𝐸𝑠 = 𝛼. 𝑞𝑐

𝑞𝑐 = 𝐾. 𝑁 → 𝐸𝑠 = 𝛼. 𝐾. 𝑁

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Em que α e K são coeficientes empíricos dados pelas tabelas 22 e 23, em função do tipo
de solo. Esse coeficiente α correlaciona qc com Es e, portanto, não deve ser confundido
com o coeficiente α de Aoki & Velloso (1995), que transforma qc em atrito lateral
unitário do próprio cone. Já o coeficiente K tem o mesmo significado para Aoki & Velloso
e, por isso, valores da tabela 4 têm a mesma ordem de grandeza dos valores de Aoki &
Velloso (1995).

Tabela 22 - Coeficiente α (Teixeira & Godoy, 1996)

Solo 𝜶
Areia 3
Silte 5
Argila 7

Tabela 23- Coeficiente K (Teixeira & Godoy, 1996)

Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,10
Areia 0,90
Areia siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20

Observa-se que para areias (𝛼 = 3), a correlação Es com qc resulta em:

𝐸𝑠 = 3. 𝑞𝑐
Que é compatível às relações de Schmertmann (1978).

De acordo com D’Appolonia et al. (1970), a presença do lençol freático pode ser
ignorada porque seu efeito no módulo de deformabilidade é refletido na obtenção de
N, ratificado Meyerhof (1965). Posteriormente, essa assertiva foi confirmada por
Terzaghi et al. (1996), com base nos resultados de Burland-Burbidge, de 1985. No caso
de saturação de uma areia que não estava saturada no momento da sondagem, por
exemplo, por ascensão do N.A., o recalque aumenta de um valor que, dependendo do
autor, pode ser de 1/3 (Bolognesi, 1969) até 100% (Terzaghi & Peck, 1948; Terzaghi &
Peck, 1967; Terzaghi et al., 1996).

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▪ Coeficiente de Poisson

Teixeira & Godoy (1996) também apresentam valores típicos para o coeficiente de
Poisson do solo (ν), reproduzidos na tabela 5.

Tabela 24 - Coeficiente de Poisson (Teixeira & e Godoy, 1996)

Solo ν
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3 – 0,5
Argila saturada 0,4 – 0,5
Argila não saturada 0,1 – 0,3

Simons & Menzies (1981) observam que ν não é constante, variando desde o valor não
drenado no momento do carregamento (νu – 0,5 para o caso ideal não-drenado) até os
valores drenados no fim da dissipação do excesso de pressões neutras. De acordo com
Mayne & Poulos (1999), pesquisas mais recentes mostram que os valores drenados de
ν são bem menores do que se acreditava. Para carregamento drenado em todos tipos
de solo, incluindo areia e argilas, tem-se:
𝜈 ′ = 0,15 ± 0,05
Esses autores confirmam ν = 0,5 para condições não-drenadas envolvendo
carregamentos rápidos em argilas saturadas.

Obs.: Essas correlações são obtidas de forma empírica, tendo a sua utilização limitada a
estudos mais preliminares, porém em obras de responsabilidade é sempre necessário
executar ensaios mais aprofundados para se obter os parâmetros de maneira mais
direta, trabalhando com uma margem de segurança relativamente maior, neste
trabalho utilizaremos essas correlações como padrão para todas as nossas atividades de
maneira a exemplificar cada tópico de maneira pratica para estudos preliminares de
fundação.

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24- Fundações superficiais


O dimensionamento de fundações superficiais pode ser feito de duas maneiras:

• Conceito de pressão admissível

• Conceito de coeficientes de segurança parciais

24.1- Pressão admissível


Devem ser considerados os seguintes fatores na sua determinação:
➢ Profundidade da fundação;
➢ Dimensões e forma dos elementos de fundação;
➢ Características das camadas do terreno abaixo do nível da fundação;
➢ Nível d’água;
➢ Modificação das características do terreno por efeito de alivio de pressões,
alteração do teor de umidade ou ambos;
➢ Características da obra, em especial a rigidez da estrutura;
➢ Recalque admissíveis, definidos pelo projetista da estrutura

24.2- Metodologia para determinação da pressão admissível


A pressão admissível pode ser determinada por um dos seguintes critérios:

• Por métodos teóricos – Uma vez conhecidas às características de


compressibilidade e resistência ao cisalhamento do solo e outros parâmetros
eventualmente necessários, a pressão admissível pode ser determinada por
meio de teoria desenvolvida na mecânica dos solos, levando em conta eventuais
inclinações da carga no terreno e excentricidades. Faz-se o cálculo da carga de
ruptura a carga admissível é obtida com aplicação do fator FS recomendado pelo
autor da teoria, nunca inferior a 3,0. Devendo ser feita a verificação de recalques
para esta pressão.

• Por meio de prova de carga sobre placa – ensaio realizado de acordo com a NBR
6489.

• Por métodos semi-empírico – São considerados métodos semi-empíricos


aqueles em que as propriedades dos matérias são obtidas com base em
correlações e são usadas em teoria de mecânica dos solos, adaptadas para incluir
a natureza semi-empírica do método. Quando os métodos semi-empíricos são
utilizados devem-se apresentar justificativa, indicando a origem das correlações
(inclusive referenciais bibliográficas)

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• Por métodos empíricos – São considerados empíricos aqueles pelos quais se


chega a uma pressão admissível com base na descrição do terreno (classificação
e determinação de compacidade ou consistência através de investigação de
campo e laboratoriais). Estes modelos apresentam-se sob forma de tabelas de
pressões básicas conforme anteriormente.
24.3- Pressão admissível em solos compressíveis
A implantação de fundação em solos constituídos por areias fofas, argilas moles,
siltes fofos ou moles, aterros e outros materiais só podem ser feita após cuidados
estudo com base em ensaios de laboratório e campo, compreendendo o cálculo de
capacidade de carga (ruptura) e a análise de repercussão dos recalques sobre o
comportamento da estrutura.
24.4- Solos expansivos
Solos expansivos são aqueles que, por sua composição mineralógica, aumentam de
volume quando há um aumento no teor de umidade. Nestes solos não se pode
deixar de levar em conta o fato de que, quando a pressão de expansão ultrapassa a
pressão atuante, podem ocorrer deslocamentos pra cima. Por isso, em cada caso é
indispensável determinar experimentalmente a pressão de expansão, considerando
que a expansão depende das condições de confinamento.
24.5- Solos colapsíveis
Para o caso de fundações apoiadas em solos de elevada porosidade, não saturados,
deve ser analisada a possibilidade de colapso por encharcamento, pois estes são
potencialmente colapsíveis. Em princípio devem ser evitadas fundações superficiais
apoiadas nesse tipo de solo, a não ser que sejam feitos estudos considerando-se as
tensões a serem aplicadas pelas fundações e a possibilidade de encharcamento do
solo.

25- Dimensionamento de fundações superficiais


As fundações superficiais devem ser definidas por meio de dimensionamento
geométrico e cálculo estrutural.

25.1- Dimensionamento geométrico


Devem-se considerar as seguintes solicitações:
✓ Cargas centradas – a área de fundação solicitada por cargas centradas deve
ser tal que a pressão transmitida ao terreno, admitida uniformemente
distribuída, seja menor ou igual a pressão admissível.
✓ Carga excêntricas – São aquelas em que a força vertical cujo o eixo não passa
pelo centro de gravidade da superfície de contato da fundação com o solo;
forças horizontais situadas fora do plano da base de fundação; qualquer
outra composição de forças que gerem momentos de fundação.

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✓ Cargas horizontais
25.2- Dimensionamento estruturais
Deve ser feito de maneira a atender as NBR 6118; NBR 7190 e NBR 8800. Para o
dimensionamento de blocos de fundação devem ser tal que o ângulo β, expresso em
radianos, satisfaça a seguinte equação:
𝑡𝑎𝑛𝛽 𝜎𝑎𝑑𝑚
≥ +1
𝛽 𝜎𝑐𝑡
Onde:
𝜎𝑎𝑑𝑚 = tensão admissível do terreno (Mpa).
𝜎𝑐𝑡 = tensão de tração do concreto (𝜎𝑐𝑡 = 0,4. 𝑓𝑡𝑘 ≤ 0,8𝑀𝑃𝑎)

𝑓𝑡𝑘 = Resistência característica à tração do concreto, cujo valor pode ser obtido a partir
da resistência característica a compressão (𝑓𝑐𝑘) pelas equações:

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑡𝑘 = 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘 ≤ 18 𝑀𝑃𝑎
10

𝑓𝑡𝑘 = 0,06 . 𝑓𝑐𝑘 + 0,7 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘 > 18 𝑀𝑃𝑎

Obs.: Com respeito à distribuição das pressões sob a base do bloco, aplica-se o já
disposto para as sapatas.

Figura 80-Ângulo β nos blocos.

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25.3- Disposições construtivas


A dimensão mínima em planta, para as sapatas ou blocos não deve ser inferior a 60cm.
A base de uma fundação deve ser executada a uma profundidade tal que o solo não
seja influenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água.
Em fundações que não se apoiam sobre rocha, deve-se executar anteriormente à sua
execução um lastro de concreto não estrutural de regularização de no mínimo 5cm de
espessura, ocupando toda a área da cava da fundação.
No caso de fundações próximas, porém em níveis diferentes, à reta de maior declive
que passa pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo α como mostrado
na Figura 81, com os seguintes valores:
✓ Solos pouco resistentes 𝛼 ≥ 60°
✓ Solos resistentes 𝛼 = 45°
✓ Rochas 𝛼 = 30°

Figura 81-Fundações próximas em cotas diferentes

Obs.: A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a
não ser que se tomem cuidados especiais para garantir essa condição.

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26- DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO


SUPERFICIAIS – SAPATA
26.1- Tipos de sapata
Dentre todos os elementos de fundação a sapata talvez seja o mais comum, sendo
subdividida em diferentes tipos de elementos, tais como sapata isolada, associada,
corrida, de divisa etc. Sendo assim vamos entender qual a diferença entre os tipos de
sapata e como dimensionar cada uma delas!
26.1.1-Sapata isolada - A sapata isolada é a mais comum nas edificações, sendo aquela
que transmite ao solo as ações de um único pilar. As formas que a sapata isolada pode
ter, em planta, são muito variadas, mas a retangular é a mais comum, devido aos pilares
retangulares.

Figura 82 - Sapata isolada

As ações que comumente ocorrem nesses elementos são a força normal (N),
momentos fletores em uma ou duas direções (Mx e My), e a força horizontal (H).

Figura 83 - Reações na sapata

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Um limite para a sapata retangular é a dimensão maior da base não supere cinco vezes
a largura (A≤5B). Quando A>5B essa é chamada sapata corrida.
Para sapata sob pilar de edifícios de múltiplos pavimentos existe a recomendação de
que a dimensão mínima em planta seja de 80cm. Para NBR 6122, a menor dimensão não
deve ser inferior a 60cm. O centro de gravidade (CG) do pilar deve coincidir com o centro
de gravidade da base da sapata para qualquer forma do pilar.

Figura 84 - Centro de gravidade em sapatas isoladas

Para o dimensionamento econômico é indicado que os balanços da sapata nas duas


direções, as dimensões cA e cB, sejam iguais ou aproximadamente iguais.

Figura 85 - Sapata com balanços iguais

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No caso de sapata isolada sob pilar de divisa, e quando não se faz a ligação da sapata
com um pilar interno, com viga de equilíbrio por exemplo, a flexão devido a
excentricidade do pilar deve ser combatida pela própria sapata em conjunto com o solo.
São encontradas em muros de arrimo, pontes, pontes rolantes, etc.

Figura 86 - Sapata de divisa sem viga de equilíbrio

26.1.2- Sapata Corrida


Conforme a NBR 6122, sapata corrida é aquela “sujeita à ação de uma carga distribuída
linearmente ou de pilares ao longo de um mesmo alinhamento”
As sapatas corridas são comuns em construções de pequeno porte, como casas e
edificações de baixa altura, galpões, muros de divisa e de arrimo, em paredes de
reservatórios e piscinas, etc. Constituem uma solução economicamente viável quando
o solo apresenta a necessária capacidade de suporte em baixa profundidade.

Figura 87 - Sapata corrida

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26.1.3- Sapata associada


Aquela que recebe mais de um pilar, ocorre geralmente quando há uma proximidade
muito grande entre dois ou mais pilares que inviabilize a execução de uma sapata isolada
para cada pilar, então se projeta uma única sapata de modo a receber a carga de dois
ou mais pilares.

Figura 88- Sapata Associada

26.1.4- Sapata com viga alavanca ou de Equilíbrio


Segundo a NBR 6122, viga alavanca ou viga de equilíbrio é o “elemento estrutural que
recebe as cargas de um ou dois pilares (ou pontos de carga) e é dimensionado de modo
a transmiti-las centradas ás fundações. Da utilização de viga de equilíbrio resultam
cargas nas fundações diferentes das cargas dos pilares atuantes.”
A viga alavanca é de aplicação comum no caso de pilar posicionado na divisa de terreno,
onde ocorre uma excentricidade (e) entre o ponto de aplicação de carga do pilar (N) e o
centro geométrico da sapata. O momento fletor resultante da excentricidade é
equilibrado e resistido pela viga alavanca, que na outra extremidade é geralmente
vinculada a um pilar interno da edificação, ou no caso de ausência deste, vinculada a um
elemento que fixe a extremidade da viga no solo.

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Figura 89 - Viga alavanca

27- Rigidez dos elementos de fundação superficiais – sapatas


A classificação das sapatas relativamente à rigidez é muito importante, porque direciona
a forma como a distribuição de tensões na interface base da sapata/solo deve ser
considerada, bem como o procedimento ou método adotado no dimensionamento
estrutural.
A NBR 6118 (item 22.6.1) classifica as sapatas como rígidas ou flexíveis, sendo rígida a
que atende a equação:
𝐴 − 𝑎𝑝
ℎ≥
3
Sendo:
h=Altura da sapata
A=dimensão da sapata em uma determinada direção
ap=dimensão do pilar na mesma direção

É necessário a verificação relativa ás duas dimensões da sapata, sendo que para ser
classificada como rígida a equação deve ser atendida em ambas as direções. No caso da
equação não ser verificada para as duas direções, a sapata será considerada flexível!

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Figura 90-Sapata rígida

Em projetos as sapatas rígidas são mais comuns, por serem menos suscetíveis a
deformações e a ruptura por punção e consequentemente mais seguras, as sapatas
flexíveis são caracterizadas pela altura relativamente pequena, e segundo a NBR 6118
(item 22.6.2.3) “Embora de uso mais raro, essas sapatas são utilizadas para fundação
de cargas pequenas e solos relativamente fracos”
Segundo Montoya, é difícil estabelecer um limite para classificação das sapatas, e de
qual método deve-se empregar no projeto. Ele por exemplo, classifica como sapata
rígida aquela onde o ângulo β é igual ou superior a 45°. Em caso contrário a sapata é
tratada como flexível. Uma norma que pode ser considerada no projeto de sapatas é o
do CEB de 1970 (CEB-70), que utiliza um critério diferente e considera como sapata
rígida quando o ângulo β (tgβ = h/c) fica compreendido entre os limites:
0,5 ≤ 𝑡𝑔 𝛽 ≤ 1,5 (26,6° ≤ 𝛽 ≤ 56,3°)

Se tg 𝛽 < 0,5 a sapata é considerada


flexível, e se tg 𝛽 > 1,5 não sapata, e sim
bloco de fundação direta (aquele que
dispensa armadura de flexão porque o
concreto resiste à tensão de tração
máxima existente na base do bloco).

Figura 91- Ângulo β e balanço c

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28- Distribuição de tensão no solo


A tensão ou pressão de apoio que a área da base de uma sapata exerce no solo é o fator
mais importante relativo à interface base-solo. Diversos estudos analíticos e de campo
indicaram que a pressão exercida no solo não é necessariamente distribuída
uniformemente, e depende de vários fatores, como:

• Existência de excentricidade do carregamento aplicado;


• Intensidade de possíveis momentos fletores aplicados;
• Rigidez da fundação;
• Propriedades do solo;
• Rugosidade da base da fundação.
A Figura 92 e Figura 93 mostram a distribuição de pressão no solo aplicada na base de uma
sapata, carregada concentricamente, em função do tipo de solo e da rigidez, se rígida
ou flexível. Sapatas perfeitamente flexíveis curvam-se e mantém a pressão uniforme no
solo. Sapatas perfeitamente rígidas não se curvam, e o recalque, se ocorrer, é uniforme,
porém, a pressão no solo não é uniforme.
Devido à complexidade da análise ao se considerar a pressão como não uniforme, é
comum assumir- se a uniformidade sob carregamentos concêntricos, como mostrado
na Figura 92, e adicionalmente porque o erro cometido com a simplificação não é
significativo.
Sapatas apoiadas sobre solos granulares, como areia, a pressão é maior no centro e
decresce em direção às bordas da sapata. No caso de solos argilosos, ao contrário, a
pressão é maior nas proximidades das bordas e menor no centro. Essas características
de não uniformidade da pressão no solo são comumente ignoradas porque sua
consideração numérica é incerta e muito variável, dependendo do tipo de solo, e porque
a influência sobre a intensidade dos momentos fletores e forças cortantes na sapata é
relativamente pequena.
No caso de radier, que é comumente flexível quando comparado às sapatas, devem ter
uma avaliação das tensões de flexão e da distribuição da pressão no solo de maneira
mais cuidadosa.
A NBR 6118 (item 22.6.1) permite que, no caso de sapata rígida, se possa “admitir plana
a distribuição de tensões normais no contato sapata-terreno, caso não se disponha de
informações mais detalhadas a respeito. Para sapatas flexíveis ou em casos extremos de
fundação em rocha, mesmo com sapata rígida, essa hipótese deve ser revista.” E no item
22.6.2.3 relativo às sapatas flexíveis: “A distribuição plana de tensões no contato sapata-
solo deve ser verificada.”
A NBR 6122 (7.6.1) recomenda que a “área da fundação solicitada por cargas centradas
deve ser tal que as tensões transmitidas ao terreno, admitidas uniformemente
distribuídas, sejam menores ou iguais à tensão admissível ou tensão resistente de
projeto do solo de apoio.” No item 7.8.1: “As sapatas devem ser calculadas

125
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considerando-se diagramas de tensão na base representativos e que são função das


características do solo (ou rocha).”

(a) (b)

(c) (d)

(e)
Figura 92 - Distribuição de pressão no solo em sapata sob carga centrada: a) sapata flexível sobre argila; b) sapata
flexível sobre areia; c) sapata rígida sobre argila; d) sapata flexível sobre areia; e) distribuição simplificada

RÍGIDA RÍGIDA

(AREIA) (ARGILA)

FLEXÍVEL FLEXÍVEL

(AREIA) (ARGILA)
Figura 93-Reações sapata rígida e flexível

126
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29- Comportamento Estrutural


Sapatas tem como objetivo receber uma carga pontual de uma seção significativamente
menor do que sua área em planta, que se projeta para ambas as direções do pilar,
distribuindo a carga pontual em uma área maior, com isso diminuindo a tensão
(força/área) até uma tensão que o solo consiga suportar sem que haja deformações
excessivas, dessa forma o dimensionamento das sapatas devem garantir a estabilidade
da interface solo estrutura.
As Sapata tem comportamento parecido com as lajes lisas, porém de forma inversa,
onde a pressões são recebidas de baixo para cima, o que pode causar, assim como nas
lajes um efeito de puncionamento causados pelos esforços cortantes gerador pelo pilar
na sapata, esse efeito é mais comum em lajes flexíveis, onde deve se ter uma
preocupação maior em relação aos esforços corantes e o efeito de puncionamento,
seguindo orientações da NBR 6118, segundo o item 22.6.2, se “elimina a complexidade
da interação solo-estrutura, o comportamento estrutural pode ser analisado segundo a
rigidez da sapata, se rígida ou flexível”.
29.1- Sapata Rígida
Segundo a NBR 6118, item 22.6.2.2, o comportamento estrutural das sapatas rígidas
pode ser descrito como:
“A) trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se que, para cada uma delas, a tração
na flexão seja uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. Essa
hipótese não se aplica à compressão ao caso de sapatas muito alongadas em relação à
forma do pilar;
“B) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por
tração diagonal, e sim por compressão diagonal verificada conforme 19.5.3.1. Isso
ocorre porque a sapata rígida fica inteiramente dentro do cone hipotético de punção,
não havendo, portanto, possibilidade física de punção.”
A admissão da uniformidade da tensão de
tração ao longo da largura da sapata, em cada
direção, faz com que a armadura de flexão As,B
, por exemplo, paralela à dimensão B da sapata,
seja disposta constante ao longo de toda a
dimensão A da sapata, e de modo semelhante
quanto à armadura As,A na outra direção. As
duas armaduras são perpendiculares e formam
uma malha, posicionadas próximas à superfície
da base da sapata.

Figura 94-Malha de armadura sapata


127
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As,B

As,A

Tensão de tração
σct,f
ao longo de A

As,A As,B

Figura 95-Amaduras positivas sapata isolada

29.2- Sapata Flexível


Segundo a NBR 6118, item 22.6.2.3, o comportamento das sapatas flexíveis pode ser
descrito como:
“a) trabalho à flexão nas duas direções, não sendo possível admitir tração na flexão
uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. A concentração de
flexão junto ao pilar deve ser, em princípio, avaliada;
“b) trabalho ao cisalhamento que pode ser descrito pelo fenômeno da punção (ver
19.5).”
“A distribuição plana de tensões no contato sapata-solo deve ser verificada.”

Como o próprio nome já pressupõe a sapata flexível tem a tendência a sofrer por
momentos devido a menor rigidez, sendo mais suscetível a efeito de punção quase
inexistente nas sapata rígidas.

128
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Figura 96-Sapata flexível

Detalhe construtivo
A NBR 6122, item 7.7.3, estabelece que: “Todas as partes da fundação superficial (rasa
ou direta) em contato com o solo (sapatas, vigas de equilíbrio, etc.) devem ser
concretadas sobre um lastro de concreto não estrutural com no mínimo 5 cm de
espessura, a ser lançado sobre toda a superfície de contato solo- fundação. No caso de
rocha, esse lastro deve servir para regularização da superfície e, portanto, pode ter
espessura variável, no entanto observado um mínimo de 5 cm.”
Também segundo a NBR 6122, item 7.7.2, “Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo
quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve ser inferior a 1,5
m. Em casos de obras cujas sapatas ou blocos estejam majoritariamente previstas com
dimensões inferiores a 1,0 m, essa profundidade mínima pode ser reduzida.”
As sapatas devem sempre ser executadas de tal maneira a facilitar a montagem e
desmontagem das formas durante o período de execução, assim recomenda-se algumas
dimensões mínimas, tais como as indicadas na imagem abaixo:

ℎ0 = 𝑜𝑢 15𝑐𝑚
3

Figura 97-Detalhes construtivos sapatas – BASTOS (2016)

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30- Definição das dimensões da sapata


A área da sapata é definida através da carga e tensão admissível do solo, fazendo a
relação entre essas grandezas é possível obter uma área para onde a carga do pilar será
distribuída dentro dos limites de tensão da qual o solo é capaz de absorver, assim
podemos utilizar a seguinte equação:
𝐾𝑚𝑎𝑗. 𝑁𝑔𝑘 + 𝑁𝑞𝑘 1,05. 𝑁𝑔𝑘 + 𝑁𝑞𝑘
𝐴𝑠𝑎𝑝 = 𝑜𝑢 𝐴𝑠𝑎𝑝 =
𝜎𝑎𝑑𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚
Sendo:
𝐾𝑚𝑎𝑗=Parcela equivalente ao peso próprio da sapata (de 5 a 10% da carga permanente)
𝑁𝑔𝑘=Parcela da carga permanente, valor característico
𝑁𝑞𝑘= Parcela da carga variável, valor característico
𝜎𝑎𝑑𝑚= Tensão admissível

Para a definição das dimensões é importante observar os balanços equivalentes de


ambos lados da sapata, de modo que tenham aproximadamente o mesmo tamanho,
para que se mantenha um comportamento estrutural adequado quanto aos momentos
solicitantes da sapata.

Figura 98-Balanços equivalentes

Devemos adotar cA=cB, então:


𝐴 − 𝑎𝑝 = 𝐵 − 𝑏𝑝 𝑒 𝐴 − 𝐵 = 𝑎𝑝 − 𝑏𝑝
Obs.: Em caso de balanços não iguais recomenda-se usar a relação A/B≤3,0

130
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31- Verificação à punção


Para verificação da punção nas sapatas devemos seguir as recomendações do item 19.5
da NBR 6118, apesar de se tratar de laje é totalmente aplicável para sapatas.

Figura 99 - Punção em lajes (adaptável a sapatas) - BASTOS (2016)

𝑑
𝑡𝑔𝛼 = 𝑡𝑟𝑎𝑣𝑎𝑛𝑑𝑜 𝛼 = 27°
𝑥
𝑑 𝑑
𝑡𝑔27° = → 𝑥= ≅ 2𝑑
𝑥 0,51

C’
C’

C C

Figura 100- Planta superfície de punção - BASTOS (2016)

“Na segunda superfície crítica (contorno C’) afastada 2d do pilar ou da carga concentrada, deve
ser verificada a capacidade da ligação à punção, associada à resistência à tração diagonal. Essa
verificação também é feita através de uma tensão de cisalhamento, no contorno C’. Caso haja
necessidade, a ligação deve ser reforçada por armadura transversal. A terceira superfície crítica

131
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(contorno C”) apenas deve ser verificada quando for necessário colocar armadura transversal.”
(NBR 6118, 19.5.1).

31.1- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar centrado com carregamento simétrico


Segundo a NBR 6118, 19.5.2.1, a tensão e cisalhamento se tem por:
𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 =
𝑢. 𝑑
Sendo
(𝑑𝑥+𝑑𝑦)
𝑑= 2
= Altura útil da laje ao longo do contorno crítico C’, externo ao contorno C da área
de aplicação da força e distante 2d no plano da laje;

dx e dy = são as alturas úteis nas duas direções ortogonais

u= perímetro do contorno crítico C’

u.d= área da superfície critica

Fsd= força ou reação concentrada de cálculo

No caso da superfície crítica C, u deve ser trocado por u 0 (perímetro do contorno C). “A força
de punção Fsd pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face oposta da laje, dentro do
contorno considerado na verificação, C ou C’.”

31.2- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar interno com momento fletor aplicado
“No caso em que, além da força vertical, existe transferência de momento da laje para o pilar, o
efeito de assimetria deve ser considerado,” e a tensão de cisalhamento solicitante é:
𝐹𝑠𝑑 𝐾. 𝑀𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 = +
𝑢. 𝑑 𝑊𝑝. 𝑑
Sendo:

K= Coeficiente que fornece a parcela do momento fletor Msd transmitida ao pilar por
cisalhamento depende da relação C1/C2 (ver Tabela 25)

C1= Dimensão do pilar paralela à excentricidade da força, indicado na Figura 101101

C2=Dimensão do pilar paralela à excentricidade da força

Wp= Módulo de resistência plástica do contorno C’. Pode “Ser calculado desprezando a
curvatura dos contornos do perímetro crítico”
𝑢
𝑊𝑝 = ∫ |𝑒|𝑑𝑙
0

e= Distância de 𝑑𝑙 ao eixo que passa pelo centro do pilar sobre o qual atua o momento fletor
Msd.
𝐶1²
𝑊𝑝 = 2
+ 𝐶1. 𝐶2 + 4𝐶2 + 𝑑 + 16𝑑2 + 2𝜋𝑑𝐶1 (Para pilar retangular)

132
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𝑊𝑝 = (𝐷 + 4𝑑)² (Para pilar circular, D=diâmetro)

Tabela 26- Valores de K em função de C1 e C2

C1/C2 0,5 1,0 2,0 3,0


K 0,45 0,60 0,70 0,80

Nota: Para pilares de borda e de canto, ver a NBR 6118 (item 19.5.2.3 e 19.5.2.4)
e1

e1 Msd Msd
Fsd
Fsd

C’

C2
Fsd
e
dI

C1 2d

Figura 101- Sapata submetida a esforço normal e momento fletor - BASTOS (2016)

31.3- Verificação de tensão resistente de compressão diagonal do concreto na seção


crítica C.

(NBR 6118, 19.5.3.1), “Esta verificação deve ser feita no contorno C, em lajes submetidas à
punção com ou sem armadura. Deve-se ter:”

𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑2

𝜏𝑅𝑑2 = 0,27. 𝛼𝑣. 𝑓𝑐𝑑


Sendo:
𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣 = (1 − ) , 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑐𝑘 𝑒𝑚 𝑀𝑃𝑎
250

“O valor de τRd2 pode ser ampliado de 20% por efeito de estado múltiplo de tensões junto a pilar
interno, quando os vãos que chegam a esse pilar não diferem mais de 50% e não existem
aberturas junto ao pilar”

133
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A seção crítica C corresponde ao contorno do pilar ou da carga concentrada, e por meio da


tensão de cisalhamento nela atuante verifica-se indiretamente a tensão de compressão diagonal
do concreto Figura 97. A tensão de cisalhamento solicitante é:
𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 =
𝑢𝑜. 𝑑
Onde:

Fsd= Força solicitante de cálculo;

uo= Perímetro de contorno crítico C;

uo= 2.(ap+bp);

uo.d= Área da seção crítica C;

d= Altura útil ao longo do contorno crítico C.

ap
bp C

Fsd

d
τsd

Figura 102-Tensão de cisalhamento na sapata -


BASTOS (2016)

31.4- Tensão resistente na seção crítica C’ em elementos estruturais ou trechos sem


armadura de punção.
“A verificação de tensões na seção crítica C” deve ser efetuada como a seguir (NBR 6118,
19.5.3.2)

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𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑1

20 1
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 (1 + √ ) (100𝜌. 𝑓𝑐𝑘)3 + 0,10𝜎𝑐𝑝
𝑑

Onde:

𝜌 = √𝜌𝑥. 𝜌𝑦;
(𝑑𝑥−𝑑𝑦)
𝑑= 2
=Altura útil da laje ao longo do contorno crítico C da área de aplicação da força
(cm);

𝜌 = Taxa geométrica de armadura de flexão aderente (armadura não aderente deve ser
desprezada);

𝜌𝑥 𝑒 𝜌𝑦 = “Taxa de armadura nas duas direções ortogonais assim calculadas;

-Na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar acrescida de 3d para cada um dos
lados;

-No caso de proximidade da borda, prevalece a distância até a borda, quando menor que 3d”

Fck em MPa.

No caso de sapatas de fundação, a tensão de cisalhamento resistente é:

20 3 2𝑑
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 (1 + √ ) √(100𝜌. 𝑓𝑐𝑘) ∗ ≤ 0,5𝑓𝑐𝑑2
𝑑 𝑎

135
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Superfície C’
fcd2= Resistência de cálculo do concreto à (perímetro=u*)
compressão para regiões não fissuradas.
a*

𝑎∗ ≤ 2𝑑

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑2 = 0,6 (1 − ) 𝑓𝑐𝑑 , 𝑓𝑐𝑘 𝑒𝑚 𝑀𝑃𝑎
250

𝑢∗ = 2𝑎𝑝 + 2𝑏𝑝 + 2𝜋𝑎∗ ap

Figura 103 - Distancia a*

Para pilares com momento fletor solicitante, τsd é:


Fsd 𝐾. 𝑀𝑠𝑑
τsd = +
𝑢∗ 𝑑 𝑊𝑝. 𝑑

32- Considerações de projeto segundo CEB-70 (Comitê Europeu de


Concreto)
O método propõe as seguintes condições de cálculo para sapatas;
ℎ 1 𝑐
≤ 𝑐 ≤ 2ℎ ; (𝑜𝑢 ≤ ≤ 2)
2 2 ℎ

Se c.2h a sapata pode ser considerada como viga ou como placa, e calculada de acordo com a
teoria correspondente, se o balanço (aba) for pequeno (c<h/2) em qualquer direção, é admitido
que trata de bloco de fundação, e o método apresentado não é aplicável.

C C

Figura 104-Balanço c na sapata isolada.

136
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“Admite-se que o comportamento do solo seja elástico e que a estabilidade seja assegurada
unicamente pelas forças elásticas que ele transmite à sapata através da superfície de apoio.”
Portanto, a distribuição das tensões devidas às reações do solo sobre a superfície de apoio da
sapata é plana (Figura 1.48). Forças horizontais que atuem na sapata são equilibradas
unicamente por forças de atrito desenvolvidas entre a superfície de apoio da sapata e o solo, e
as forças de atrito não podem ser consideradas para reduzir a armadura principal.

Figura 105 - Distribuição da reação do solo na base da sapata.

32.1- Dimensionamento e disposição das armaduras de flexão

As metodologias para projeto de sapatas diferem quanto à seção para consideração dos
momentos fletores. No caso do CEB-70, os momentos fletores são calculados, para cada direção,
em relação a uma seção de referência (S1A ou S1B) plana, perpendicular à superfície de apoio,
ao longo da sapata e situada internamente ao pilar, distante da face do pilar de 0,15ap , onde a
p é a dimensão do pilar normal à seção de referência (Figura 101).

A altura útil d da seção de referência é tomada na seção paralela à S1 e situada na face do pilar
e não deve exceder 1,5c. Para a sapata da Figura 101, d ≤ 1,5c A

CA
ap
0,15.ap

d
S1A
As,A

A
Figura 106 - Seção de referência S1A, relativa à dimensão A da sapata

O momento fletor relativo a uma seção de referência S1 é calculado considerando a reação do


solo que age na área da base da sapata, limitada pela seção S1 e a extremidade da sapata mais

137
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próxima de S1 (Figura 102). As duas direções devem ser consideradas, e o menor momento fletor
deve ser pelo menos 1/5 do maior momento fletor, isto é, a relação entre a armadura de flexão
menor e a maior na direção ortogonal deve ser ≥ 1/5.

O cálculo da armadura de flexão que atravessa perpendicularmente a seção S1 é feito como nas
vigas à flexão simples, considerando as características geométricas da seção de referência S1.

S1

σ2
σ1

Figura 107 - Diagrama para cálculo do momento fletor na seção de referência S1


- BASTOS (2016)

Na avaliação dos momentos fletores não devem ser considerados o peso da sapata e do solo
acima dela, porque não causam flexão na sapata. Se o momento fletor que resultar for negativo,
deverá existir uma armadura negativa na parte superior da sapata.

Os momentos fletores são calculados nas seções de referência S1A e S1B, relativas
respectivamente aos lados A e B da sapata. Os balanços cA e cb , como indicados na Figura 103,
são:
𝐴 − 𝑎𝑝 𝐵 − 𝑏𝑝
𝑐𝐴 = ; 𝑐𝐵 =
2 2
A pressão que a sapata exerce sobre o solo, e que corresponde à reação do solo, é:
𝑁𝑘
𝑃=
𝐴. 𝐵

138
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Não sendo necessário como já comentado a consideração do peso próprio da sapata e do solo
sobre a sapata. ap
As distancias xA e xB são:

XA=CA+0,15ap XB
0,15bp
S1B
XB=CB+0,15bp
B bp

CB 0,15ap
S1A
CA XA
A

S1A

Figura 108 - Seções de referência S1A e S1B.

As área da base da sapata (figura 104), a serem consideradas no cálculo dos momentos
fletores são:

A1A=XA B

A1B=XB A

Figura 109 - Áreas de referência no cálculo dos momentos


fletores.

139
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Considerando a pressão do Solo, atuante em cada área de influência, pode-se determinar a


força resultante (Figura 110);

R1A=p.A1A=p.XA.B
XA
R1B=p.A1B=p.XB.A

Os momentos fletores relativos às seções de


referência S1A e S1B são:
𝑋𝐴 S1A
𝑀1𝐴 = 𝑅1𝐴.
2
𝑋𝐵
𝑀1𝐵 = 𝑅1𝐵. p
2
R1A

Figura 110-Resultante da pressão do solo

Portanto:
𝑋𝐴²
𝑀1𝐴 = 𝑝. 𝐵
2
𝑋𝐵²
𝑀1𝐵 = 𝑝. 𝐴
2

Nas sapatas com superfícies superiores inclinadas, a seção comprimida de concreto (A’c ) tem a
forma de um trapézio (Figura 106), e o cálculo exato das armaduras de flexão deve ter essa
consideração. Como uma alternativa simplificada, Machado considera o cálculo admitindo uma
seção retangular com braço de alavanca z = 0,85d, e que neste caso o erro cometido não
ultrapassa 10 %, e a área de armadura é:
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
0,85. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑

A’C

LN

AS
Figura 111 - Área comprimida pela flexão (A'c)

140
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Obs.: De forma a evitar possíveis problemas no preenchimento do concreto na fôrma e entre as


barras, e diminuir a possibilidade de fissuração, recomenda-se que o espaçamento entre as
barras da armadura de flexão esteja entre o intervalo de: 10 cm ≤ e ≤ 20 cm.

A armadura deve se estender, sem redução de seção, sobre toda a extensão da sapata, ou seja,
de face a face e deve terminar com gancho na extremidades obrigatoriamente. A NBR 6118
(22.6.4.1.1) diz: “A armadura de flexão deve ser uniformemente distribuída ao longo da sapata,
estendendo-se integralmente de face a face da sapata terminando em gancho nas duas
extremidades”

Nas sapatas de base quadrada, a armadura de flexão pode ser uniformemente distribuída,
paralelamente aos lados da sapata. Nas sapatas de base retangular, a armadura paralela ao lado
maior, de comprimento A, dever ser uniformemente distribuída sobre a largura B da sapata. No
caso da armadura na outra direção, aquela paralela ao lado menor (B), são dois os critérios de
distribuição da armadura:

a) Quando B≥ap+2h (Figura 107):

Deve-se concentrar uma parcela da armadura total As na extensão B sob o pilar, segundo a
fração:
2𝐵
. 𝐴𝑠
𝐴+𝐵

Onde h é a altura da sapata. O restante da armadura deve ser distribuída nas duas faixas além
da dimensão B.

B ARMADURA
B

141
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b) Se B<ap+2h (Figura 108)

Deve-se concentrar uma parcela da armadura total As, na extensão ap+2h sob o pilar,
segundo a fração:
2(𝑎𝑝 + 2ℎ)
. 𝐴𝑠
𝐴 + 𝑎𝑝 + 2ℎ

Do mesmo modo que o caso anterior, o restante da armadura deve ser distribuído nas duas
faixas além da dimensão ap+2h

ap+2h ARMADURA

ap
bp
B

32.2- Verificação da força cortante


O método do CEB-70, considera que a força cortante deve ser verificada nas duas direções da
sapata, atuantes em uma seção de referência (S2) distante d/2 da face do pilar, e que a força
cortante atuante deve ser menor que uma força cortante limite (máxima). Segundo Machado, a
força cortante limite preconizada pelo CEB-70 é muito baixa e, portanto, muito conservadora,
de modo que não deve ser considerada no projeto de sapatas rígidas. Nessas sapatas, a NBR
6118 (item 22.6.2.2) preconiza que não ocorre ruptura por tração diagonal, e sim a possibilidade
de ruptura da diagonal comprimida, de modo que apenas a superfície crítica C necessita ser
verificada (conforme 19.5.3.1). Portanto, a força cortante atuante na sapata rígida não será
verificada. No caso das sapatas flexíveis, tanto as forças cortantes atuantes quanto a punção
devem ser verificadas.

32.3- Exemplo – Sapata isolada rígida sob carga concentrada


Dimensionar uma sapata de fundação para um pilar com seção transversal 20x80 cm, que
transfere à sapata uma carga vertical centrada total de 1.250 kN (Nk=valor característico), com
armadura vertical no pilar composta por barras de 16mm (Φ,pil), tensão admissível do solo
(σadm) encontrado no perfil abaixo e:

▪ Momentos fletores solicitantes externos inexistentes (Mx=My=0);

142
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▪ Coeficiente de ponderação da segurança γc=γf=1,4; γs=1,15;

▪ Materiais concreto C25, aço CA-50 (fyd=43,5 kN/cm²)

▪ Cobrimento de concreto c=4cm

𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑁𝑠𝑝𝑡/50 (𝑀𝑃𝑎)


(12 + 13 + 14)
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 3 = 0,026 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
500

Dimensões da sapata

Encontrado a σadm, é possível estimar as dimensões da sapata


em planta, na equação abaixo, vamos considerar o fator de
majoração de carga (Kmaj) de 1,1 de modo a considerar o peso
próprio da sapata sobre o solo:
𝐾𝑚𝑎𝑗. 𝑁𝑘 1,1.1250
𝑆𝑠𝑎𝑝 = = = 52.884 𝑐𝑚2 (𝑜𝑢 5,28 𝑚2 )
𝜎𝑎𝑑𝑚 0,026

1 1
𝐵 = (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝) + √ . (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝)2 + 𝑆𝑠𝑎𝑝
2 4

20
1 1
𝐵 = (20 − 80) + √ . (20 − 80)2 + 52885 = 201.9 𝑐𝑚
80 2 4

B ≅ 205 cm

𝐴 − 𝐵 = 𝑎𝑝 − 𝑏𝑝 → 𝐴 − 205 = 80 − 20 → 𝐴 = 265 𝑐𝑚
A área corrigida da base da sapata é:

𝑆𝑠𝑎𝑝 = 265.205 = 54.325 𝑐𝑚2 > 52.885 𝑐𝑚2 → 𝑜𝑘!

143
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Balanços iguais nas duas direções, resultam


𝐴 − 𝑎𝑝 265 − 80
𝑐𝑎 = 𝑐𝑏 = = = 92,5 𝑐𝑚
2 2
Altura da sapata, considerando um sapata rígida conforme a NBR 6118 deve atender a
condição:
𝐴 − 𝑎𝑝 265 − 80
ℎ≥ ≥ ≥ 61,7 𝑐𝑚
3 3
Obs.: A altura da sapata deve ser maior do que o comprimento de ancoragem
estabelecida em projeto ou em acordo com a tabela a seguir:

Tabela 27 - Comprimento de ancoragem para CA-50 nervurado

144
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Neste caso considerado a ancoragem na região de boa aderência e concreto C25 e


ancoragem com gancho, lb= 42 cm. Sendo assim adotando h=70, a sapata é classificada
como rígida (>61,7 cm), fazendo as considerações da altura útil “d” podemos considerar:
𝑑 = ℎ − (𝑐 + 1) = ℎ − (4,0 + 1,0) = ℎ = 5 𝑐𝑚 = 70 – 5 = 65 𝑐𝑚

𝑑 = 65 𝑐𝑚 > 𝑙𝑏 = 42 𝑐𝑚 → 𝑜𝑘!

Para a altura da “saia” (h0) da sapata temos:


ℎ 70
= = 23,3 𝑐𝑚
ℎ0 ≥ {3 3 → ℎ0 = 25 𝑐𝑚
15 𝑐𝑚
O ângulo da superfície inclinada da sapata é:

As.pil
C

α d>lb
lb
h

h0

Figura 112 - Altura útil mínima para a sapata

ℎ − ℎ0 70 − 25
𝑡𝑔𝛼 = → 𝛼 = 25,9°
𝑐 95,5

32.3.1- Determinação dos momentos fletores solicitantes

Pressão no solo:
𝑁𝑑 1,4 . 1250
𝑃𝑑 = = = 0.03221 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴. 𝐵 265.205

Limites estabelecidos pela CEB-70 são atendidos:

145
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ℎ 70
≤ 𝑐 ≤ 2ℎ → ≤ 𝑐 ≤ 2 . 70 → 35 < 𝑐 = 92.5 𝑐𝑚 < 140 𝑐𝑚 → 𝑜𝑘!
2 2

As distâncias das seções de referência S1 as extremidades da sapata são:


𝑥𝐴 = 𝑐𝑎 + 0,15𝑎𝑝 = 92,5 + 0,15 . 80 = 104,5 𝑐𝑚
𝑥𝐵 = 𝑐𝑏 + 0,15𝑏𝑝 = 92,5 + 19 . 20 = 95,5 𝑐𝑚

Cálculo dos momentos fletores de referência S1A e S1B:

𝑥𝐴² 104,5²
𝑀1𝐴, 𝑑 = 𝑃𝑑 . 𝐵 = 0,03221 205 = 36.053 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
𝑥𝐵² 95,5²
𝑀1𝐵, 𝑑 = 𝑃𝑏 . 𝐴 = 0,03221 265 = 38.924 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2

A=265

M1B.d=38924
M1A.d 36053

M1B.d
B=205

38924

S1A

M1A.d=36053

146
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As armaduras de flexão segundo os lados A e B da sapata, considerando γs=1,15


e fyd=50/1,15 = 43,5 kN/cm² para o aço CA-50:

𝑀1𝐴, 𝑑 36053
𝐴𝑠, 𝐴 = = = 15,01 𝑐𝑚²
0,85𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,85.65.43,5

𝑀1𝐵, 𝑑 38924
𝐴𝑠, 𝐵 = = = 16,20 𝑐𝑚²
0,85𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,85.65.43,5

Para a escolha das bitolas da armadura podemos seguir o mesmo conceito de lajes,
assim como indicado abaixo:

15,01 𝑐𝑚2
Da dimensão 𝐴: = 7,32 → 𝜙10𝑚𝑚 𝑐/10 (8,00 𝑐𝑚2 /𝑚)
2,05 𝑚

16,20 𝑐𝑚2
Da dimensão 𝐵: = 6,11 → 𝜙10𝑚𝑚 𝑐/13 (6,15 𝑐𝑚2 /𝑚)
2,65 𝑚

Verificação da diagonal comprimida

Obs.: Como a sapata é rígida não ocorre a ruptura por punção, por isso basta verificar a
tensão na diagonal de compressão, na superfície critica C.

𝑢0 = 2(20 + 80) = 200 𝑐𝑚 (Perímetro da superfície critica C=perímetro do pilar)

𝐹𝑠𝑑 = 𝑁𝑠𝑑 = 𝛾𝑓𝑁 = 1,4 . 1250 = 1.750 𝑘𝑁

Tensão de cisalhamento atuante


𝐹𝑠𝑑 1750 𝑘𝑁
𝜏𝑠𝑑 = = = 0,135 = 1,35 𝑀𝑝𝑎
𝑢0 𝑑 200.65 𝑐𝑚2

Tensão de cisalhamento resistente


25 2,5 𝑘𝑁
𝜏𝑠𝑑 = 0,27𝛼𝑉. 𝑓𝑐𝑑 = 0,27 (1 − ). = 0,43 = 4,3 𝑀𝑝𝑎 > 1,35 ∴ 𝑂𝑘!
250 1,4 𝑐𝑚2

147
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32.3.2- Ancoragem da armadura de flexão da sapata


Considerando Φ10mm e concreto C25, na zona de má aderência (já que trata-se de uma
armadura na face superior da sapata, junto ao final da face inclinada) o comprimento de
ancoragem segundo a (Tabela 27) é de 38 cm, então podemos considerar:

ℎ0’ = ℎ0 – (𝑐 + 1) = 25 – (4 – 1) = 15 𝑐𝑚

𝑙 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜. 𝑖𝑛𝑐 = 38 − 15 = 23 𝑐𝑚 ≅ 25 𝑐𝑚

32.3.3- Detalhamento da armadura da sapata

A =265

15
25

N2 - 20Ø 10mm C=227 cm


As,B N2 - 20 c/13

(205-8)/10=19,7
N1 - 20 c/10
(265-8)/13=19,8
B
205
As,A

25
25 15
25
15 257 15
N1 - 20Ø 10mm C=337 cm

Øl,Pil
92,5

>2
3
65

25

20 N1
20 N2

148
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33- Dimensionamento pelo método das Bielas


O método foi desenvolvido baseado nos resultados de inúmeros ensaios elaborados por
Lebelle (1936) e aplica-se para sapatas corridas ou isoladas, seguindo o seguinte limite
em relação a sua altura útil:
𝐴 − 𝑎𝑝
𝑑≥
4

𝐴−𝑎𝑝
Segundo a NBR 6118, que classifica a sapata rígida conforme a relação h≥ , nota-se
3
que o limite estabelecido por Lebelle corresponde à sapata flexível para NBR 6118, de
modo que existe uma faixa de valores de d que, de adotados, resultarão na sapata
flexível segundo a NBR 6118.

O método considera as tensões distribuídas em bielas de compressão que tendem a


tracionar a armadura da base como indica a figura abaixo:

Biela de
compressão

Armadura necessária para


resistir à força de tração

Figura 113 - Bielas de compressão e armadura de tração

149
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P
0
dN
x dy
y
Ty

d0
d
dT
x dx
dT

x dy
pd
B A

Figura 114 - Esquema de forças segundo método das bielas

Considerando somente a direção x, como se fosse uma sapata corrida, tem-se as


equações para definição de tração na base da sapata (Tx).

𝑑𝑇 = 𝑑𝑁. 𝑐𝑜𝑠𝛼 ; 𝑑𝑃 = 𝑑𝑁. 𝑠𝑒𝑛𝛼

𝑑𝑃 𝑑𝑃 𝑥
𝑑𝑇 = cos 𝛼 = = 𝑝. 𝑑𝑥.
𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑡𝑔 𝛼 𝑑0

𝐴/2
𝑝 1 𝑝 𝐴2
𝑇𝑥 = ∫ 𝑥. 𝑑𝑥 = . ( − 𝑥 2 )
𝑥 𝑑0 2 𝑑0 4

1 𝑝(𝐴 − 𝑎𝑝) 𝐴2
𝑇𝑥 = . ( − 𝑥2)
2 𝐴. 𝑑 4

1 𝑃 (𝐴 − 𝑎𝑝) 𝐴2 𝑃 (𝐴 − 𝑎𝑝)
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑥 = 0, 𝑇𝑥 = 𝑇𝑚á𝑥 → 𝑇𝑥 = . . . → 𝑇𝑥 = .
2 𝐴 𝐴. 𝑑 4 8 𝑑

150
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Da mesma forma podemos desenvolver para direção y

𝑃 (𝐵 − 𝑏𝑝)
𝑇𝑦 = .
8 𝑑
ap

d0=(A.d)/(A-ap)
ds

d
β α

As dx

A/2 A/2
2dP
0

A
d0
d

dN
α α

dT dT
p dx=dP
dP

A tensão máxima na biela de compressão é defina nas relações:


dN 𝑑𝑥
σc = 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜, 𝑑𝑠 =
ds 𝑠𝑒𝑛 𝛼

A máxima compressão ocorre nas bielas mais inclinadas (α= α0) e a tensão ocorre no
ponto A, onde a seção da biela é a mínima. A tensão máxima resulta:

151
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𝑃 (𝐴 − 𝑎𝑝)2 𝐴. 𝑑
𝜎𝑐 = . [1 + ] 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑑0 = (𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑒 𝑘𝑁)
𝑎𝑝 4 − 𝑑02 (𝐴 − 𝑎𝑝)
1
A d>4(B-bp)

ap

bp
x
B

Asy ou AsB

d>4(A-ap)
h

Asx ou AsA
Figura 115 - Armaduras de flexão da sapata

As armaduras são:
𝑇𝑥𝑑
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠, 𝐴 =
𝑓𝑦𝑑

𝑇𝑦𝑑
𝐴𝑠𝑦 = 𝐴𝑠, 𝐵 =
𝑓𝑦𝑑

Levando em consideração as duas direções, a tensão máxima na biela é:

𝑝 (𝐴 − 𝑎𝑝)2 + (𝐵 − 𝑏𝑝)²
𝜎𝑐, 𝑚á𝑥 = [1 + ]
𝜆. 𝑎𝑝. 𝑏𝑝 1 2
4( ) 𝑑0²
1−𝜆

No caso de pilares e sapatas quadradas:


2
𝑝 1 𝐴 − 𝑎𝑝 𝑎𝑝 𝑏𝑝
𝜎𝑐, 𝑚á𝑥 = [1 + ( ) ] 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝜆 = = (á𝑟𝑒𝑎𝑠 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑡é𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠)
𝜆. 𝐴. 𝑎𝑝 2 1 𝐴 𝐵
. 𝑑0
1−𝜆

152
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33.1- Resolução do exemplo anterior pelo método das bielas


Obs.: no exemplo anterior o h=70 cm, vamos manter o mesmo critério de sapata rígida
segundo a NBR 6118, já que sempre atenderá o método das bielas que tende a ter uma
altura útil relativamente menor do que estabelecido em Norma!

𝐴 − 𝑎𝑝 265 − 80
ℎ≥ ≥ ≥ 61,7 𝑐𝑚
3 3

𝑑 65
𝑡𝑔𝛽 = = = 0,7027 → 𝛽 = 35,1°
1 1
2 (𝐴 − 𝑎𝑝) 2 (265 − 80)

Forças de tração na base da sapata:


𝑃 (𝐴 − 𝑎𝑝) 1250 (265 − 80)
𝑇𝑥 = . = . = 444,7 𝑘𝑁
8 𝑑 8 65

𝑃 (𝐵 − 𝑏𝑝) 1250 (205 − 20)


𝑇𝑦 = . = . = 444,7 𝑘𝑁
8 𝑑 8 65

Obs.: Como a sapata tem balanços iguais aos valores de Tx=Ty, sendo as armadura
consequentemente iguais!

As armaduras são:
𝑇𝑥𝑑 1,4 . 444,7
𝐴𝑠, 𝐴 = 𝐴𝑠, 𝐵 = = = 14,32 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 50
1,15

Obs.: Com o “Método das Bielas” a armadura de flexão resultou um pouco inferior à
calculada no Exemplo 1 (A s,A = 15,01 e A s,B = 16,20 cm 2 ), conforme o método do CEB-
70. A NBR 6118 recomenda verificar a tensão na diagonal comprimida (item 19.5.3.1),
como demonstrado no Exemplo anterior.
As sapatas devem ter o equilíbrio verificado, quanto à possibilidade de tombamento e
escorregamento, conforme apresentado mais à frente.

153
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34- Sapatas sob ações excêntricas


As ações excêntricas ocorrem nas sapatas quando há a presença de momentos iniciais
ou quando a carga vertical está aplicada fora do centro de gravidade da base da sapata,
em caso de sapatas de divisa por exemplo:

N e
H
N
divisa

A/2 A/2

Figura 116 - Sapata com ações excêntricas

34.1- Excentricidade em uma só direção


𝐴
a) Ponto de aplicação da força dentro do núcleo central de inércia (𝑒 < 6)

Ocorre quando e<A/6, tem-se:

𝑁 𝑀 .𝑦
𝜎= ±
𝐴 .𝐵 𝐼
e
N

σmin
σmáx
A
B/6
B

núcleo N
A/6

154
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𝑁 6𝑒 𝑁 6𝑒
𝜎𝑚á𝑥 = . (1 + ) ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = . (1 − )
𝐴 .𝐵 𝐴 𝐴 .𝐵 𝐴

𝐴
b) Ponto de aplicação da força no limite do núcleo central (𝑒 = 6 )

A
𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = 2
𝐴 .𝐵 A/6

σmáx

𝐴
c) Ponto de aplicação da força fora do núcleo central (𝑒 > 6 )
A
Nesse caso parte da base da sapata e do solo ficam
sob tensão de tração, ou seja (σmin<0). Neste caso
A/6
um diagrama com tensão acima da linha neutra é
formado, porém a zona tracionada é desconsiderada!
B

N
e
2𝑁
𝜎𝑚á𝑥 =
𝐴
3𝐵 ( 2 − 𝑒)
L.N
σmin
σmáx,1
3(A/2 - e)
A0

σmáx
L.N

A0/6

155
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34.2- Excentricidade nas duas direções


Na figura abaixo se mostra em planta uma sapata com excentricidade na duas direções,
neste caso o equilíbrio é obtido com a pressões atuando em apenas uma parte da área
da base da sapata:

𝑁 𝑀𝐵. 𝑦 𝑀𝐴. 𝑥
𝜎= ± ±
𝐴. 𝐵 𝐼 𝐼
A
y

N
eB
x
B

eA

MB
MA
HB HA
N N

B A

𝑀𝐴, 𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑀𝐴 + 𝐻𝐴. ℎ ; 𝑀𝐵, 𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑀𝐵 + 𝐻𝐵. ℎ

𝑀𝐴 𝑀𝐵
𝑒𝐴 = ; 𝑒𝐵 =
𝑁 𝑁

156
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𝑒𝐴 𝑒𝐵 1
a) Quando + ≤
𝐴 𝐵 6

A
y

eB
B
x CG
eA

𝑁 6𝑒𝐴 6𝑒𝐵 𝑁 6𝑒𝐴 6𝑒𝐵


𝜎𝑚á𝑥 = [1 + + ] ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = [1 − − ]
𝐴. 𝐵 𝐴 𝐵 𝐴. 𝐵 𝐴 𝐵

𝑒𝐴 𝑒𝐵 1
b) Quando + >
𝐴 𝐵 6

Seção
comprimida
3 y 1
eB
B

eA

x
4 2
A

157
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𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = 𝜎1 =
𝜆1. 𝐴. 𝐵

𝜎𝑚𝑖𝑛 = 𝜎4 = 𝜆4. 𝜎1 (Fictício, não considerado)

𝜎𝑚𝑖𝑛 = 𝜎4 < 0

Sendo λ1 e λ4, definido no ábaco da figura, Num ponto qualquer de coordenadas (x,y)
a tensão é:
𝑥 𝑦 𝐵
+ 𝐵 [𝐴 𝑡𝑔 𝛼]
𝜎𝑚𝑖𝑛 = 𝜎4 + (𝜎1 − 𝜎4). 𝐴
𝐵
1 + 𝐴 𝑡𝑔 𝛼

Obs.: Em todos os casos analisados deve-se ter, para a combinação de carregamento


mais desfavorável.
𝜎𝑚á𝑥 = 1,3𝜎𝑎𝑑𝑚
Para as cargas permanentes atuantes sobre a sapata, a base da sapata deve estar
inteiramente comprimida, isto é:
𝑒𝐴, 𝑔 𝑒𝐵, 𝑔 1
+ ≤
𝐴 𝐵 6
(g=peso próprio e solo sobre a sapata)

Gs1 Gs2

Gb1 Gb2

Para garantir a segurança contra o tombamento, na condição mais desfavorável, pelo


menos a metade da base da sapata deve estar comprimida, o que se consegue
garantindo a condição:
2 2
𝑒𝐴 𝑒𝐵 1
( ) +( ) ≤
𝐴 𝐵 9

158
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𝜂𝑦
0,400
y ex ZONA A-B-C
3 Fv
1
TENSÃO NOS CANTOS
ey x ZONA A
b 𝑒𝑥 𝐹𝑣 4
𝜂𝑥 = 𝜎1 = ≤ 𝜎𝑎𝑑𝑚
𝑎
𝜂𝑥 ≥ 𝜂𝑦 𝜆1. 𝑎𝑏 3
2 𝑒𝑦
4 𝜂𝑦 = 𝜎1 = 𝜆4. 𝜎1 (𝑓𝑖𝑐𝑡𝑖𝑐𝑖𝑜)
a 𝑏

Informação
0,300

adicional
σ1 𝑠𝑒𝑛 𝛼
ZONA B 𝜎2 = 𝜎1 − (𝜎1 − 𝜎4)
𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼
σ4 σ3 σ2 𝑐𝑜𝑠 𝛼
𝜎3 = 𝜎1 − (𝜎1 − 𝜎4)
𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼

ZONA D
ZONA C TENSÃO NO PONTO INTERNO 5
0,200
𝐹𝑣
𝜎5 = ≤ 𝜎𝑎𝑑𝑚
𝜆5. 𝑎𝑏

ZONA D

0,100

𝜂𝑥
0 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500
159
Figura 117 - Ábaco de tensões máximas para sapatas sob dupla excentricidade – MONTOYA (1973)
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34.3- Exemplo 3 – Sapata isolada sob força normal e um momento fletor


Para um pilar de 20x100 cm submetido a uma força de compressão (Nk) de 1.600 kN e
um momento fletor (Mk) de 10.000 kN.cm, atuando em torno do eixo paralelo ao menor
lado, dimensionar a fundação em sapata isolada, sendo conhecidos: concreto C25, aço
CA-50 (fyd=43,5 kN/cm²), σadm=0,030 kN/cm² (0,30 MPa), armadura longitudinal do
pilar composto por barras de Φ=20mm.

20 Mk
bp
B

100
ap

A
Figura 118 - Descrição sapata Ex.3

Resolução:
1. Cálculo das dimensões da sapata, considerando Kmaj-1,05 como estimativa
do peso próprio da sapata e do solo sobre a mesma:

𝐾𝑚𝑎𝑗. 𝑁 1,05.1600
𝑆𝑠𝑎𝑝 = = = 56.000 𝑐𝑚²
𝜎𝑎𝑑𝑚 0,030

1 1
𝐵 = (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝) + √ . (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝)2 + 𝑆𝑠𝑎𝑝
2 4

1 1
𝐵 = (20 − 100) + √ . (20 − 100)2 + 56000 = 200,0 𝑐𝑚
2 4

𝐴 − 𝑎𝑝 = 𝐵 − 𝑏𝑝
𝐴 = 𝐵 − 𝑏𝑝 + 𝑎𝑝 = 200 − 20 + 100 = 280 𝑐𝑚

160
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ap=100

B=200

bp=20
A=280

Figura 119 - Dimensões sapata Ex.3

2. Verificações das tensões na base da sapata


O cálculo da tensão no solo será feito considerando a estimativa do peso próprio da
sapata e do solo sobre a sapata, pelo fator Kmaj de 1,05. Tensões na base da sapata.
𝑁 𝑀. 𝑦
𝜎= ±
𝐴. 𝐵 𝐼

𝐴 𝐵. 𝐴3
𝑦= ; 𝐼=
2 12

𝑀 10000 𝐴 280
𝑒= = = 5,95 𝑐𝑚 ; = = 46,7 𝑐𝑚
𝐾𝑚𝑎𝑗. 𝑁 1,05.1600 6 6

𝐴
𝑒 = 5,95 < = 46,7 𝑐𝑚
6
− 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑁 𝑒𝑠𝑡á 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑛𝑜 𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
A tensão máxima é
𝑁 6𝑒
𝜎𝑚á𝑥 = (1 + )
𝐴. 𝐵 𝐴
1,05.1600 6 . 5,95 𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = (1 + ) = 0,0338 > 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 0,03 𝑁ã𝑜 𝑜𝑘!
280.200 280 𝑐𝑚2 𝑐𝑚2

161
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Neste caso devemos aumentar a seção da base da sapata, adotando A=300 cm e


recalcular a dimensão do lado B para se manter as proporções:
𝐵 = 𝐴 − 𝑎𝑝 + 𝑏𝑝 = 300 − 100 + 20 = 220 𝑐𝑚
𝑆𝑠𝑎𝑝 = 𝐴. 𝐵 = 300 . 220 = 66.000 𝑐𝑚²
A excentricidade (e) não se altera, por conta da manutenção das proporções, de modo
com as novas dimensões a tensão máxima é:
1,05.1600 6 . 5,95 𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = (1 + ) = 0,0285 2
< 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 0,03 𝑜𝑘!
300 . 220 300 𝑐𝑚 𝑐𝑚2

3. Altura da sapata
Fazendo como sapata rígida, conforme critério da NBR 6118
𝐴 − 𝑎𝑝 300 − 100
ℎ≥ ≥ ≥ 66,7 𝑐𝑚
3 3
Obs.: É importante definir a altura da sapata também em função do comprimento de
ancoragem de armadura assim como visto anteriormente, Φpil (20mm), considerando
situação de boa aderência, C25, CA-50 (nervurado) tem-se o comprimento de ancoragem
lb=53 cm na Tabela 27.
Adotando h=80 cm tem-se a altura útil em:
𝑑 = ℎ − 5 𝑐𝑚 = 80 – 5 = 75 𝑐𝑚 > 𝑙𝑏 = 53 𝑐𝑚 𝑂𝑘!

Altura da saia
ℎ 80
= = 26,7 𝑐𝑚
ℎ0 ≥ {3 3 → ℎ0 = 30 𝑐𝑚
15 𝑐𝑚

O balanço c da sapata, com balanços iguais


𝐴 − 𝑎𝑝 300 − 100
𝐶𝑎 = 𝑐𝑏 = 𝑐 = = = 100 𝑐𝑚
2 2

O Ângulo da superfície inclinada da sapata é:


ℎ − ℎ0 80 − 30
𝑡𝑔 𝛼 = = = 0,5 ; 𝛼 = 26.6°
𝑐 100

162
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cA=100 ap=100 cA=100

cB=100
B=220

bp=20
cB=100
A=300
Figura 120 - Dimensões finais sapata Ex.3

4. Cálculo momentos fletores segundo CEB-70


Verificação se o processo CEB-70 pode ser aplicado
ℎ 80
≤ 𝑐 ≤ 2ℎ → ≤ 𝑐 ≤ 2 . 80 → 40 < 𝑐 = 10 < 160 𝑂𝑘!
2 2

Obs.: Para o cálculo dos esforços atuantes na sapata (V e M) não é necessário considerar
o peso próprio da sapata e do solo sobre a sapata, pois não influenciam nesses esforços,
de modo que o cálculo será feito desconsiderando esse fator

𝑀𝑑 1,4 + 10000
𝑒= = = 6,25 𝑐𝑚
𝑁𝑑 1,4 . 1600

Tensão máxima teórica é:


𝑁 6𝑒
𝜎𝑚á𝑥 = . (1 + )
𝐴 .𝐵 𝐴

1,4 . 1600 6 . 6,25


𝜎𝑚á𝑥 = . (1 + ) = 0,03818 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
300 . 220 300

1,4 . 1600 6 . 6,25


𝜎𝑚𝑖𝑛 = . (1 − ) = 0,02970 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
300 . 220 300

163
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Conforme o CEB-70, o momento fletor M1A,d deve ser calculado na seção de referência
S1A. O cálculo deve compreender o diagrama de reações no solo compreendido entre a
seção de referência e a extremidade da sapata, onde ocorre a tensão máxima (0,03818
kN/cm²)
M
A distância entre a extremidade da sapata e a

220

20
seção de referência S 1A é: 100

300

M
𝑥𝐴 = 𝑐𝑎 + 0,15𝑎𝑝 = 100 + 0,15.100 = 115 𝑐𝑚
N

Nd
A.B
A tensão no solo na posição da seção S1A é:
0,03818 − 0,02970 Md.y
𝑝1, 𝐴 = 0,03818 − . 115 I
300
= 0,03493 𝑘𝑁/𝑐𝑚² 0,02970
0,03818

Figura 121 - Reações sapata Ex.3


As forças resultantes das tensões, para o diagrama de
tensões mostrado na figura abaixo são:
𝑃1 = 0,03493.115 = 4,02 𝑘𝑁
115
𝑃2 = (0,03818 − 0,03493). = 0,19 𝑘𝑁
2
cA=100 ap=100 cA=100
cB=100
B=220

bp=20

115
cB=100

P1
A=300

P2
4,02

0,19

xA=115 76,7 38,3

57,5 57,5
S1A
d=75
h=80

0,02970
0,03818

Figura 122 - Reações S1A sapata Ex.3

164
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115 2
𝑀1𝐴, 𝑑 = (4,02. + 0,19. (115. )) . 220 = 54.058 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 3

Na dimensão B o momento fletor M1b,d, deve ser calculado na seção de referência S1B,
considerando a tensão média entre as tensões mínimas e máximas tem-se:

0,03818 + 0,02970
𝑝𝑚é𝑑 = = 0,03394 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
2
Distância entre a extremidade da sapata e a seção de referência S1B é:
𝑥𝐵 = 𝑐𝑏 + 0,15𝑏𝑝 = 100 + 0,15.20 = 103 𝑐𝑚

𝑥𝑏 2 1032
𝑀1𝐵, 𝑑 = 𝑝𝑚é𝑑 𝐴 = 0,03394 300 = 54.010 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2

0,02970

0,02970 0,03394
S1B (valor médio)

A
0,02970 S1 0,03818

p1
A=
0,0
34
93

0,03818

Armaduras de flexão
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
0,85. 𝑑. 𝑓𝑑𝑦
54059
𝐴𝑠, 𝐴 = = 19,50 𝑐𝑚2 → Φ 10mm c/9 cm (8,89 cm²/m)
0,85.75.43,5
54010
𝐴𝑠, 𝐵 = = 19,49 𝑐𝑚2 → Φ 10mm c/12 cm (6,67 cm²/m)
0,85.75.43,5

165
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5. Verificação da diagonal comprimida na superfície critica C


Perímetro do pilar:
𝑢0 = 2(𝑎𝑝 + 𝑏𝑝) = 2(20 + 100) = 240 𝑐𝑚

A força aplicada pelo pilar, sem considerar a possível redução devida a reação de baixo
pra cima da base da sapata, proveniente do solo é:
𝐹𝑠𝑑 = 𝑁𝑠𝑑 = 𝛾𝑓. 𝑁 = 1,4 . 1600 = 2.240 𝑘𝑁
Tensão de cisalhamento atuante
𝐹𝑠𝑑 2240 𝑘𝑁
𝜏𝑠𝑑 = = = 0,124 = 1,24 𝑀𝑃𝑎
𝑢0. 𝑑 240 . 75 𝑐𝑚2
Tensão de cisalhamento resistente
25 2,5 𝑘𝑁
𝜏𝑅𝑑, 2 = 0,27. 𝛼𝑣. 𝑓𝑐𝑑 = 0,27 (1 − ). = 0,43 = 4,3 𝑀𝑃𝑎 > 1,24 𝑀𝑃𝑎
250 1,4 𝑐𝑚2
∴ 𝑂𝑘!
Portanto não ocorre esmagamento das bielas comprimidas de concreto
Comprimento de ancoragem lb=38 cm para barras de 10mm, C25, boa aderência

20
N2 - 24Ø 10mm C=292 cm
20

N2 - 24 c/12
N1 - 24 c/9

20

20

20 20
20 20
N1 - 24Ø 10mm C=372 cm

100
80
30

24Ø 10
24Ø 10

166
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34.4- Exemplo 4 – Sapata isolada sob flexão oblíqua


Dados:
Dimensionar a sapata isolada de um pilar considerando:
▪ Seção transversal do pilar: 40x60 cm; Φpilar =22Φ 20mm (parte tracionada)
▪ Força normal característica Nk=N=1.040 kN
▪ Concreto C20; aço CA-50; c= 4,5 cm
▪ Tensão admissível do solo σadm=500 kN/m²
▪ Momentos fletores solicitantes característicos Mx=280 kN.m ; My= 190 kN.m
Resolução
a) Estimativa das dimensões da base da sapata
Considerando fator Kmaj=1,1 para estimar o peso próprio da laje e do solo sobre ela,
bem como eventuais cargas sobre o pavimento acima da sapata, tem –se:
1,1. 𝑁 1,1 . 1040
𝑆𝑠𝑎𝑝 = = = 2.288 𝑚2 = 22.880 𝑐𝑚²
𝜎𝑎𝑑𝑚 500
Fazendo balanços iguais (ca=cb=c)

1 1
𝐵= (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝) + √ (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝)2 + 𝑆𝑠𝑎𝑝
2 4

1 1
𝐵= (0,4 − 0,6) + √ (0,4 + 0,6)2 + 2,288 = 1,42
2 4

Adotando B=145 cm
𝐴 − 𝑎𝑝 = 𝐵 − 𝑏𝑝 → 𝐴 = 𝐵 − 𝑏𝑝 + 𝑎𝑝 = 140 − 40 + 60 = 165 𝑐𝑚
A área da base da sapata é: A=165

𝑆𝑠𝑎𝑝 = 𝐴 . 𝐵 = 165 . 145 = 23.925 𝑐𝑚² 60


N My
> 22.880 𝑐𝑚² 𝑂𝑘!
B=145

N
40

Mx

167
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b) Verificação das tensões na base da sapata


Em função da força normal e dos momentos fletores solicitantes:
𝑁 = 1.040 𝑘𝑁 ; 𝑀𝑥 = 280 𝑘𝑁. 𝑚 ; 𝑀𝑦 = 190 𝑘𝑁. 𝑚
As excentricidades da força vertical são:
280 190
𝑒𝑥 = = 0,270 𝑚 = 27 𝑐𝑚 ; 𝑒𝑦 = = 0,183 𝑚 = 18,3 𝑐𝑚
1040 1040

Cálculo da tensão σ1 com auxílio do ábaco da Figura 117


𝑒𝑥 27
𝜂𝑥 = = = 0,164
𝐴 165
→ á𝑏𝑎𝑐𝑜 Figuraa117 → 𝜆1 = 0,35, 𝑧𝑜𝑛𝑎 𝐶
𝑒𝑦 18,3
𝜂𝑦 = = = 0,13
𝐵 145

𝐹𝑣
𝜎1 = ≤ 1,3𝜎𝑎𝑑𝑚 ≤ 1,3 . 500 = 650 𝑘𝑁/𝑚²
𝜆. 𝐴. 𝐵

1,1 . 1040 𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎1 = = 1.366,2 2 ≫ 650 2 ∴ 𝑛ã𝑜 𝑜𝑘!
0,35.1,65.1,45 𝑚 𝑚

Obs.: Será necessário aumentar a seção da base da sapata para a diminuição da tensão
no solo, desta forma vamos modificar as dimensões para: A=220 cm e B=200 cm e
ca=cb=c=80cm

𝑒𝑥 27
𝜂𝑥 = = = 0,12
𝐴 220

𝑒𝑦 18,3
𝜂𝑦 = = = 0,09
𝐵 200

→ á𝑏𝑎𝑐𝑜 Figuraa117 → 𝜆1 = 0,44, 𝑧𝑜𝑛𝑎 𝐶, 𝛼 = 36°; 𝜆4 = 0,10

168
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Tensões nos vértices da sapata


1,1 . 1040 𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎1 = = 591 2 ≫ 650 2 ∴ 𝑜𝑘!
0,44 . 2,2 . 2,0 𝑚 𝑚

𝑘𝑁
𝜎4 = −𝜆4. 𝜎1 = −0,10 . 591 = −59,1 (𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑎)
𝑚2

𝑠𝑒𝑛 𝛼
𝜎2 = 𝜎1 − (𝜎1 − 𝜎4)
𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼

𝑠𝑒𝑛 36°
𝜎2 = 591 − (591 − (−59,1)) = 317,43 𝑘𝑁/𝑚²
𝑠𝑒𝑛 36° + 𝑐𝑜𝑠 36°

𝑐𝑜𝑠 𝛼
𝜎3 = 𝜎1 − (𝜎1 − 𝜎4)
𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼

𝑐𝑜𝑠 36°
𝜎3 = 591 − (591 − (−59,1)) = 214,46 𝑘𝑁/𝑚²
𝑠𝑒𝑛 36° + 𝑐𝑜𝑠 36°

214
,46

591

-5 9
,1
L.N

317
,43

Figura 123 - Tensões Ex. 4

169
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c) Verificação de tombamento da sapata


𝑒𝑥 2 𝑒𝑦 2 1 1
( ) +( ) ≤ → 𝜂𝑥 2 + 𝜂𝑦² ≤ ≤ 0,111
𝐴 𝐵 9 9

0,122 + 0,0092 = 0,023 < 0,11 ∴ 𝑜𝑘!

d) Determinação da altura da sapata


Pelo critério da NBR 6118
𝐴 − 𝑎𝑝 220 − 60
ℎ≥ ≥ ≥ 53,3 𝑐𝑚
3 3

Obs.: Para a armadura do pilar (22 Φ 20mm) será utilizado o gancho a fim de diminuir o
comprimento de ancoragem e a altura necessária para a sapata. Para Φ20mm, C20, boa
aderência, com gancho, resulta lb=61 cm
Como d>lb=61 cm
Será adotado h=75 cm e d=75-5=70 cm > lb=61 cm Ok!
ℎ 75
= = 25 𝑐𝑚
ℎ0 ≥ {3 3 → ℎ0 = 35 𝑐𝑚
15 𝑐𝑚

e) Determinação dos momentos fletores conforme CEB-70


Verificação:
ℎ 75
≤ 𝑐 ≤ 2ℎ → ≤ 80 ≤ 2 . 75 → 𝑜𝑘!
2 2

Seções de referência:
𝑥𝐴 = 𝑐𝑎 + 0,15𝑎𝑝 = 80 + 0,15.60 = 89 𝑐𝑚
𝑥𝐴 = 𝑐𝑏 + 0,15𝑏𝑝 = 80 + 0,15.40 = 86 𝑐𝑚

170
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Obs.: Para simplificação podemos admitir um tensão uniforme de referência como:


2
𝜎𝑟𝑒𝑓 ≥ {3 𝜎𝑚á𝑥
𝜎𝑚é𝑑
Como simplificação a favor da segurança vamos considerar a maior tensão entre aquelas
na metade dos lados A e B
591 + 317 𝑘𝑁 591 + 215
𝑝𝐴 = = 454 2 ; 𝑝𝐵 = = 403 𝑘𝑁/𝑚²
2 𝑚 2

Dimensão A (S1A):

𝑥𝐴² 0,892
𝑀𝐴 = 𝑝 𝐵 = 454 . . 2,0 = 359,61 𝑘𝑁. 𝑚 = 35.961 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
𝑀𝐴, 𝑑 = 1,4 . 35961 = 50.346 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

Dimensão B (S1B):
𝑥𝐵² 0,862
𝑀𝐵 = 𝑝 𝐴 = 403 . . 2,2 = 327,86 𝑘𝑁. 𝑚 = 32.786 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
𝑀𝐵, 𝑑 = 1,4 . 32.786 = 45.901 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

214
,46
403
439
97 E 591
S 1B G F

H
473
- 59
,1 302 = 89
S1
A
xB
165 4
45 2 00
A= xA = B=
2 20
89 3 1
7,4
3

171
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50346
𝐴𝑠, 𝐴 = = 19,45 𝑐𝑚2 → Φ 12,5mm c/12 cm ( 10,42cm²/m)
0,85.70.43,5
45901
𝐴𝑠, 𝐵 = = 17,73 𝑐𝑚2 → Φ 12,5mm c/15 cm (8,33 cm²/m)
0,85.70.43,5

f) Verificação da diagonal comprimida na superfície critica C


Perímetro do pilar:
𝑢0 = 2(𝑎𝑝 + 𝑏𝑝) = 2(40 + 60) = 200 𝑐𝑚
Força aplicada pelo pilar
𝐹𝑠𝑑 = 𝑁𝑠𝑑 = 𝛾𝑓. 𝑁 = 1.4 . 1040 = 1456 𝑘𝑁
Tensão de cisalhamento atuante
𝐹𝑠𝑑 1456 𝑘𝑁
𝜏𝑠𝑑 = 𝑢0.𝑑 = 200 .70 = 0,104 𝑐𝑚2 = 1,04 𝑀𝑃𝑎

Tensão de cisalhamento resistente


20 2 𝑘𝑁
𝜏𝑅𝑑, 2 = 0,27. 𝛼𝑣. 𝑓𝑐𝑑 = 0,27 (1 − ). = 0,35 = 3,5 𝑀𝑃𝑎 > 1,04 𝑀𝑃𝑎
250 1,4 𝑐𝑚2
Obs.: Não irá ocorrer esmagamento das bielas comprimidas de concreto!
20
N2 - 16Ø 12,5mm C=270 cm
20

N2 - 16 c/15
N1 - 18 c/12

190
20

20

20
20 210
N1 - 18Ø 12,5mm C=290 cm

ØPil

80
50
35

16Ø 12,5
18Ø 12,5

172
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35- Sapata flexível sob carga centrada


Segundo o critério da NBR 6118, sapatas flexíveis aquelas que:
𝐴 − 𝑎𝑝
ℎ<
3
Sapatas flexíveis são relativamente menos utilizadas que sapatas rígidas, em geral são
utilizadas em solo com baixa resistência, onde se demanda de uma maior área de
contato para a reduzir a tensão superficial no solo, sendo por tanto a verificação de
punção obrigatória, pois o cone de punção pode ficar dentro da sapata.
Segundo Andrade, os momentos fletores e forças cortantes podem ser calculadas de
acordo com os critérios:
a) “Independentes” segundo cada direção, desprezando a inter-relação entre os
vão, ou seja não se considera a solidariedade entre as armadura e o efeito painel

b) Segundo cada direção com um determinado quinhão de carga, determinados


geometricamente e empiricamente, dividindo a área da sapata em “áreas de
influência”, que podem ser retangulares, triangulares ou trapezoidais.

Os momentos fletores são calculados segundo duas direções da sapata, nas seções
correspondentes ao seu centro. As forças cortantes são calculadas nas seções de
referência 1 e 2, nas faces do pilar, conforme a figura.
Os momentos fletores são calculados com área triangular e trapezoidal são
praticamente idênticos, e com área retangular são mais elevados.
A1
1 1 1

N2 A4 A4
N4 N4

2 2 2 2 2 2

N2 N4 N4

A3 A3
1 1 1

A2 A2 A2

a) Primeiro critério: áreas a) Segundo critério: áreas c) Segundo critério: áreas


compostas por retângulos compostas por triângulos compostas por trapézios
Figura 124 - Áreas relativas aos quinhões de carga - BASTOS (2016)

A tensão aplicada pela sapata no solo é:


𝑁
𝑝=
𝐴

173
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A tensão atuante na área do pilar devida a força vertical centrada é:


𝑁
𝑃𝑝𝑖𝑙 =
𝑎𝑝. 𝑏𝑝
a) Áreas composta por retângulos
O momento fletor máximo relativo ao lado A (maior lado) da sapata é:

1 𝐴 2 1 𝑎𝑝 2
𝑀𝐴 = 𝑝 ( ) 𝐵 − 𝑃𝑝𝑖𝑙 ( ) 𝑏𝑝
2 2 2 2

𝑁
𝑀𝐴 = (𝐴 − 𝑎𝑝)
8

Analogamente para o lado B da sapata:


𝑁
𝑀𝐵 = (𝐵 − 𝑏𝑝)
8
1

N2

2 2

N2

Figura 125 - Quinhão de carga por área retangular –


BASTOS (2016)

A força cortante para o lado A da sapata é:


1
𝑉𝐴 = 𝑝(𝐴 − 𝑎𝑝)
2

𝑁 𝑎𝑝
𝑉𝐴 = (1 − )
2 𝐴

Analogamente para o lado B

174
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𝑁 𝑏𝑝
𝑉𝐵 = (1 − )
2 𝐵
b) Áreas compostas por triângulos
Momento fletor máximo relativo ao lado A:
𝑁 2𝐴 𝑁 2 𝑎𝑝
𝑀𝐴 = ( )− ( )
4 32 4 3 2

𝑁
𝑀𝐴 = (𝐴 − 𝑎𝑝) A1
12
1

N4 A4

2 2

N4

A3
1

Figura 126 - Quinhões de carga para área triangular –


BASTOS (2016)

Força cortante reativo ao lado A:


1 1
𝑉𝐴 = 𝑃 (𝑁 = 𝑏𝑝) (𝐴 − 𝑎𝑝)
2 2

𝑁 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑉𝐴 = (1 − ) (1 − )
4 𝐵 𝐴

Analogamente para o lado B:


𝑁
𝑀𝐵 = (𝐵 − 𝑏𝑝)
12

𝑁 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑉𝐵 = (1 − ) (1 − )
4 𝐵 𝐴

175
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c) Áreas compostas por trapézios


A carga N/4 é aplicada no centro de gravidade do trapézio, com:
𝐴 − 𝑎𝑝 2𝐵 + 𝑏𝑝
𝑋𝐶𝐺 = ( )( ) A1
6 𝐵 − 𝑏𝑝 1

N4 A4

2 2

N4

A3
1

A2

Figura 127 - Quinhões de carga por área trapezoidal -


BASTOS (2016)

O momento fletor no centro da sapata relativo ao lado A é:


𝑁 𝐴 − 𝑎𝑝 2𝐵 + 𝑏𝑝 𝑎𝑝 𝑁 2 𝑎𝑝
𝑀𝐴 = [( )( )+ ]−
4 6 𝐵 + 𝑏𝑝 2 43 2
Para ambos os lados:
𝑁 𝐴 − 𝑎𝑝 2𝐵 + 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑀𝐴 = [( )( )+ ]
4 6 𝐵 + 𝑏𝑝 6

𝑁 𝐵 − 𝑏𝑝 2𝐴 + 𝑎𝑝 𝑏𝑝
𝑀𝐵 = [( )( )+ ]
4 6 𝐴 + 𝑎𝑝 6

A força cortante na seção 1 relativo ao lado A é:


1 1
𝑉𝐴 = 𝑃 (𝐵 + 𝑏𝑝) (𝐴 − 𝑎𝑝)
2 2

Para os dois lados temos:


𝑁 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑉𝐴 = (1 − ) (1 − )
4 𝐵 𝐴

176
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𝑁 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑉𝐵 = (1 − ) (1 − )
4 𝐵 𝐴

Verificação da sapata flexível à força cortante quando bw≤5d


A força cortante nas sapata pode ser verificada como na lajes quando bw≤5d (NBR 6118,
item 19.4), onde bw é a largura da sapata na direção considerada. As lajes necessitam
de armadura transversal à força cortante quando:
𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
Sendo:
𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑. 𝐾(1,2 + 1,4𝜌1) + 0,15𝜎𝑐𝑝]𝑏𝑤. 𝑑
Onde:
τRd= Tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento
K= Coeficiente igual a 1 para elementos onde 50% da armadura inferior não chega até o
apoio, para os demais casos K=|1,6-d|>1, com d em metros.
𝐴𝑠1
𝜌1 = ≤ 0,02
𝑏𝑤. 𝑑

𝑁𝑠𝑑
𝜎𝑐𝑝 =
𝐴𝑐

Nsd= Força longitudinal na seção derivada à pretensão ou carregamento (Compressão


passiva);
As1=Área da armadura de flexão que se estende pelo menos d+lb,nec além da seção
considerada.

35.1- Exemplo Sapata flexível


Para um pilar de 20x100 cm submetido a uma força de compressão (Nk) de 1.600 kN e
um momento fletor (Mk) de 10.000 kN.cm, atuando em torno do eixo paralelo ao menor
lado, dimensionar a fundação em sapata isolada, sendo conhecidos: concreto C25, aço
CA-50 (fyd=43,5 kN/cm²), σadm=0,030 kN/cm² (0,30 MPa), armadura longitudinal do
pilar composto por barras de Φ=20mm.

Obs.: Essa é a mesma sapata do exemplo 3.

Esse exemplo foi resolvido como sapata rígida e tem suas dimensões apresentadas na
figura abaixo, para que seja considerada como sapata flexível, pelo critério da NBR 6118

177
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a sapata deve ter h<66,7cm. Como a armadura do pilar tem lb=53, deve-se atender esse
valor, sendo assim a sapata será flexível adotando h=60 cm, pois:

𝑑 = ℎ − 5 𝑐𝑚 = 60 − 5 = 55 𝑐𝑚 > 𝑙𝑏 = 53 𝑐𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

cA=100 ap=100 cA=100

cB=100
B=220

bp=20
cB=100
A=300

Figura 128 - Dimensões da sapata Ex. 5

a) Momentos fletores e forças cortantes


As formulas desenvolvidas são para sapata com carga centrada. Para aplicação neste
exemplo, onde ocorre momento fletor e a tensão no solo na base da sapata não é
uniforme, é necessário adotar um critério de modo a uniformizar a tensão. Um critério
simples é:
0,8. 𝜎𝑚á𝑥 = 0,8 . 0,03818 = 0,03054
𝑃𝑑 = 𝜎𝑏𝑎𝑠𝑒, 𝑑 ≥ {𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎min 0,02970 + 0,03818
= = 0,03394
2 2
𝑃𝑑 = 0,03394 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

178
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220

20
100

300

Nd
A.B

Md.y
I

0,02970
0,03818

2
3A/2
100
B=220

bp=20

ap=100

A=300

0,02970
0,03818

pd=0,03394

Com Pd pode-se determinar Nd:


𝑁𝑑
𝑃𝑑 = → 𝑁𝑑 = 𝑃𝑑. 𝐴. 𝐵 = 0,03394.300.220 = 2.240 𝑘𝑁
𝐴. 𝐵

Os momentos fletores são:

179
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𝑁𝑑 2240
𝑀𝐴, 𝑑 = (𝐴 − 𝑎𝑝) = (300 − 100) = 37.333 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
12 12

𝑁𝑑 2240
𝑀𝐵, 𝑑 = (𝐵 − 𝑏𝑝) = (220 − 20) = 37.333 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
12 12

As forças cortantes atuantes são:


𝑁𝑑 𝑏𝑝 𝑎𝑝 2240 20 100
𝑉𝐴, 𝑑 = 𝑉𝑏, 𝑑 = (1 − ) . (1 − ) = (1 − ) . (1 − ) = 339,4 𝑘𝑁
4 𝐵 𝐴 4 220 300

A verificação da sapata a força cortante pode ser feita conforme:


𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
Sendo:
𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑. 𝐾(1,2 + 1,4𝜌1) + 0,15𝜎𝑐𝑝]𝑏𝑤. 𝑑

b) Área por trapézio


Os momentos fletores são:
𝑁𝑑 𝐴 − 𝑎𝑝 2𝐵 + 𝑏𝑝 𝑎𝑝
𝑀𝐴, 𝑑 = [( )( )+ ]
4 6 𝐵 + 𝑏𝑝 6

2240 300 − 100 2.220 + 20 100


𝑀𝐴, 𝑑 = [( )( )+ ] = 45.111 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
4 6 220 + 20 6

2240 220 − 20 2.300 + 100 20


𝑀𝐵, 𝑑 = [( )( ) + ] = 34.533 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
4 6 300 + 100 6

180
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B=220

bp=20
ap=100
N/4

300

pd=0,03394

Obs.: As forças cortantes são as mesmas para áreas em triângulos

𝑁𝑑 𝑏𝑑 𝑎𝑝 2240 20 100
𝑉𝐴, 𝑑 = 𝑉𝑏, 𝑑 = (1 − ) . (𝑎 − ) = (1 − ) . (1 − ) = 339,4 𝑘𝑁
4 𝐵 𝐴 4 220 300

c) Amadura de flexão
Adotando os momentos fletores calculados para área de trapézios, por serem maiores,
tem-se:
𝑀𝑑 45111
𝐴𝑠, 𝐴 = = = 22,19 𝑐𝑚2
0,85. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,85 . 55 . 43,5

22,18 𝑐𝑚2
. 100 = 10,08 ≅ ᴓ12.5𝑚𝑚 𝑐/ 12𝑐𝑚
220 𝑚

𝑀𝑑 34533
𝐴𝑠, 𝐵 = = = 16,99 𝑐𝑚2
0,85. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,85 . 55 . 43,5

16,98 𝑐𝑚2 𝑐𝑚2


. 100 = 5,66 ≅ ᴓ10𝑚𝑚 𝑐/ 14𝑐𝑚(5,71 )
300 𝑚 𝑚

181
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Taxas de armadura, considerando as armadura efetivas:


𝐴𝑠 10,00
𝜌𝐴 = = = 0,001818 𝑐𝑚2 /𝑚³
100𝑑 100 . 55

𝐴𝑠 5,71
𝜌𝐵 = = = 0,001038 𝑐𝑚2 /𝑚³
100𝑑 100 . 55

d) Verificação da punção
Verificação da superfície critica C’ a*

C'
Os balanços da sapata são iguais,
𝑐𝐵 = 𝑐𝐴 = 100 𝑐𝑚 B=220

2𝑑 = 2.55 = 110 > 𝑐𝐴 = 𝐶𝑏 = 100 Se


2𝑑 > 𝑐𝐴 𝑜𝑢 2𝑑 > 𝑐𝐵, deve-se adotar para
a* o menor valor entre cA e cB, neste caso C

a*
então será: 𝑎 ∗= 𝑐𝐵 = 𝑐𝐴 = 100 𝑐𝑚

A=300

Tensão de cisalhamento solicitante (τsd) para sapata com um momento fletor


solicitante:
𝐹𝑠𝑑 𝐾. 𝑀𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 = +
𝑢𝑑 𝑊𝑝. 𝑑
Área limitada pelo contorno C’:
𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡, 𝐶 ′ = 𝑎𝑝. 𝑏𝑝 + 2𝑎∗ 𝑎𝑝 + 2𝑎∗ 𝑏𝑝 + 𝜋(𝑎∗ )²

𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡, 𝐶 ′ = 100 . 20 + 2 . 100 . 100 + 2 . 100 . 20 + 𝜋(100)2 = 57.415 𝑐𝑚²

Com a tensão média na base da sapata de Pd=0,03394 kN/cm², a força na área 𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡, 𝐶’
devida a tensão (reação) do solo é:
∆𝐹𝑠𝑑 = 𝑃𝑑 . 𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡, 𝐶 ′ = 0,03394 . 57415 = 1.948,7 𝑘𝑁

182
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Força sobre a sapata reduzida da reação do solo:


𝐹𝑠𝑑, 𝑟𝑠 = 𝐹𝑠𝑑 − ∆𝐹𝑠𝑑 = (1,4 . 1600) − 1948,7 = 291,3 𝑘𝑁

Perímetro u* do contorno C’
𝑢∗ = 2𝑎𝑝 + 2𝑏𝑝 + 2𝜋𝑎∗ → 𝑢∗ = 2 . 100 + 2 . 20 + 2𝜋 . 100 = 868,32 𝑐𝑚

Parâmetro K, depende de C1 e C2:

Msd
e1
N
C2
bp

C1
ap
𝐶2 100
𝐶1 = 𝑎𝑝 = 100𝑐𝑚 ; 𝐶2 = 𝑏𝑝 = 20 𝑐𝑚 → = =5 Tabelaa26
𝐶1 20

𝐶12
𝑊𝑝 = + 𝐶1. 𝐶2 + 4𝐶2. 𝑑 + 16. 𝑑 2 + 2𝜋. 𝑑. 𝐶1 (𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟)
2

Com d=a*=100 cm

100²
𝑊𝑝 = + 100.20 + 4 . 20 . 100 + 16 . 1002 + 2𝜋 . 100 . 100 = 237.832 𝑐𝑚²
2

𝐹𝑠𝑑 𝐾. 𝑀𝑠𝑑 291,3 0,8(1,4.10000) 𝑘𝑁


𝜏𝑠𝑑 = ∗
+ = + = 0,01531 = 0,153 𝑀𝑃𝑎
𝑢 𝑑 𝑊𝑝. 𝑑 (868,3 . 25) 237832 . 25 𝑐𝑚2

Onde d=h0-5=30-5=25 cm (d é altura útil em C’)


Tensão de cisalhamento resistente (τRd1) na superfície C’, com d=25 cm (h0-5):

183
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20 3 2𝑑
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 (1 + √ ) √100𝜌 𝑓𝑐𝑘 ∗ ≤ 0,5 𝑓𝑐𝑑2
𝑑 𝑎

𝑓𝑐𝑘 25 2,5 𝑘𝑁
0,5 𝑓𝑐𝑑2 = 0,5 [0,6 (1 − )] 𝑓𝑐𝑑 = 0,5 [0,6 (1 − )] = 0,482
250 250 1,4 𝑐𝑚2
0,5 𝑓𝑐𝑑2 = 4,82 𝑀𝑃𝑎

20 3 2 . 25
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 (1 + √ ) √100 . 0,00104 . 25 = 0,1693 𝑀𝑃𝑎 < 4,82 𝑀𝑃𝑎 𝑂𝑘!
25 100

Não é necessário colocar armadura de punção, pois:

𝜏𝑠𝑑 = 0,153 𝑀𝑃𝑎 < 𝜏𝑅𝑑1 = 0,1693 𝑀𝑃𝑎

Obs.: Quando houver essa necessidade geralmente aumenta-se a altura da sapata para
evitar tal necessidade, uma vez que essa armadura especifica é relativamente difícil de
se executar no canteiro de obras.

36- Sapata Corrida


Sapata corrida são aquelas que recebem cargas linearmente distribuídas, onde uma das
suas dimensões é consideravelmente maior que as demais dimensões, um exemplo da
utilização desse tipo de sapata é para receber cargas de um muro de concreto,
estruturas de contenção, alvenaria estrutural, etc.
Assim como as sapatas isoladas também são divididas em rígidas e flexíveis, seguindo o
mesmo critério da NBR 6118. Como as bielas de compressão são íngremes, surgem
tensões de aderência elevadas na armadura principal As. Que provocam riscos de
ruptura da aderência e ruptura do concreto de cobrimento por fendilhamento, nesses
casos é interessante trabalhar com bitolas de diâmetro menores e consequentemente
espaçamentos menores.
Nas sapatas corridas flexíveis, se faz obrigatória verificação da ruptura por punção!

184
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Fissura
Armadura
secundária °
45

Biela
comprimida As (principal)
Figura 129 - Fissuras na sapata corrida e biela de
compressão

Para as alturas recomenda-se adotar:

ℎ ≥ 15 𝑐𝑚 (𝑛𝑎𝑠 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠)

h
ℎ0 ≥ 10 𝑜𝑢 15 𝑐𝑚

h0
h

São considerados diagramas simplificados quanto a distribuição de pressões no solo,


para tornar o cálculo mais prático assim como indica as figura abaixo.

A) B) C)
N N N

A indicação de Guerrin é:
a) Solos rochosos
- Sapata rígida: diagrama bi triangular (a);

185
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-Sapata flexível: diagrama retangular (b);


b) Solos coesivos: diagrama retangular;
-(b) em todos os casos;

c) Solos arenosos;
-Sapata rígida: diagrama retangular (b);
-Sapata flexível: diagrama triangular (c).

36.1- Sapata corrida rígida


As sapatas corridas em geral, como dito anteriormente são utilizadas para cargas de
muros e paredes com cargas relativamente altas sobre solo com boa capacidade de
suporte.
Assim como as sapatas isoladas, os momentos fletores são calculados na seção de
referência S1, conforme o CEB-70. As verificações e o dimensionamento das armaduras
podem ser feitos da mesma forma das sapatas isoladas, com a diferença de considerar
uma das dimensões com um tamanho unitário (B=1m) assim como acontece no
dimensionamento de lajes!
O método das bielas, também pode ser
ap
utilizado, desde que obedecido o limite para a
altura útil
𝐴 − 𝑎𝑝

h
𝑑≥ β
4

A
Figura 130 - Seção transversal esquemática sapata
corrida
Dimensionamos as armaduras principais
para a força Tx
𝑁 𝐴 − 𝑎𝑝
𝑇𝑥 = ( ) → 𝑇𝑥𝑑 = 𝛾𝑓. 𝑇𝑥
8 𝑑

𝑇𝑥𝑑
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠, 𝐴 =
𝑓𝑦𝑑

186
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Obs.: Em sapatas corridas não ocorre o fenômeno de punção, porém é necessário a


verificação na tensão de compressão na diagonal.

ap

d0
d
β Tx

Figura 131 - Esquema de tensões internas em


sapata corrida

36.2- Sapata corrida flexível ap


Com duas armaduras, uma principal e outra
secundária, a sapata corrida flexível é
N
dimensionada de modo a resistir aos
As sec
momentos fletores máximos, solicitados no
eixo da parede e para os esforços cortantes

d
h0

atuando da seção correspondente a face da


parede que se apoia na sapata, assim como a As principal
sapata corrida rígida, todos esses esforços são A

calculados considerando uma seção unitária


(B=1 m). p

Pressão no solo:
M

𝑁
𝑝=
𝐴
V

Pressão sob a parede:


𝑁 Figura 132 - Esquema sapata corrida flexível
𝑃𝑝𝑎𝑟 =
𝑎𝑝

Força cortante (máxima) na seção correspondente a parede:


1
𝑉= (𝐴 − 𝑎𝑝)𝑝
2

187
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𝑁 𝑎𝑝
𝑉= (1 − )
2 𝐴

Momento fletor (máximo) no centro da sapata

1 𝐴 2 1 𝑎𝑝 2 𝑝𝐴2 𝑃𝑝𝑎𝑟 − 𝑎𝑝2


𝑀 = 𝑝 ( ) − 𝑃𝑝𝑎𝑟 ( ) = −
2 2 2 2 8 8
𝑁
𝑀= (𝐴 − 𝑎𝑝)
8

A armadura secundária (As,sec), também chamada de armadura de distribuição, deve


ter área:
1
𝐴𝑠, 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐
𝐴𝑠, 𝑠𝑒𝑐 ≥ {5
0,9 𝑐𝑚2 /𝑚

As bordas da sapata (balanço) podem ser reforçado com barras construtivas, como
indicado na figura

Øl
Figura 133 - Reforço das bordas sapata corrida flexível

36.3- Exemplo 6 – Sapata corrida rígida


Dimensionar a sapata rígida pelo método das bielas, sob uma parede corrida de
concreto de 20cm de largura com carga vertical N=200 kN/m (20 tonf/m), com os dados:
▪ σadm= 1,1 kgf/cm² = 11 tonf/m² = 0,011 kN/cm² = 0,11 MPa
▪ Concreto C20; aço CA-50; c= 4,5 cm
▪ C=4,5 cm
▪ Kmaj=1,05

188
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c=90 ap=20

h
h0

a) Largura da sapata
Para o dimensionamento das dimensões devemos considerar a seção unitária, devido
a carga linearmente distribuída, desta forma podemos considerar que a dimensão A
será:
𝐾𝑚𝑎𝑗. 𝑁 1,05 . 2,0
𝐴. 1 = = = 190,9 𝑐𝑚 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑛𝑑𝑜 𝐴 = 190 𝑐𝑚
𝜎𝑎𝑑𝑚 0,011
Para os balanços temos
𝐴 − 𝑎𝑝 190 − 20
𝑐= = = 85 𝑐𝑚
2 2

b) Altura da sapata
-Pelo critério da NBR 6118:
𝐴 − 𝑎𝑝 190 − 20
ℎ≥ ≥ ≥ 56,7 𝑐𝑚
3 3

-Pelo método das bielas:


𝐴 − 𝑎𝑝 190 − 20
𝑑≥ ≥ ≥ 42,5 𝑐𝑚
4 4

Adotando h=60 cm e d=h-(c+1)=54,5 cm, verifica-se que o método das bielas, pode ser
aplicado e a sapata é classificada como rígida conforme a NBR 6118, e considerando
também que a altura da sapata possibilite a ancoragem da armadura principal da parede
c) Armadura
Força de tração na armadura principal

189
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𝑁 𝐴 − 𝑎𝑝 200 190 − 20
𝑇𝑥 = ( )= ( ) = 77,98 𝑘𝑁/𝑚
8 𝑑 8 54.5

𝑇𝑥𝑑 1,4 . 77,98 𝑐𝑚2


𝐴𝑠, 𝑥 = 𝐴𝑠, 𝐴 = = = 2,51 = 0,0251 𝑐𝑚2 /𝑐𝑚
𝑓𝑦𝑑 43,5 𝑚

Para Φ8mm (área = 0,50 cm²) temos:


0,5
𝑠= = 20,08 𝑐𝑚
0,0251
Obs.: É conveniente que o espaçamento seja menor que 20 ou 25 cm, para tal vamos
diminuir a bitola para diminuir o espaçamento e atender essa condição!
Considerando Φ6,3mm (área=0,31 cm²) temos:
0,31
𝑠= = 12,45 𝑐𝑚 < 20 𝑐𝑚 ∴ 𝑂𝑘!
0,0249

Para a armadura de distribuição temos:


1 2,49
𝐴𝑠, 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐 = 0,50 𝑐𝑚2
5 5
𝐴𝑠, 𝑠𝑒𝑐 ≥ { ≥{ ∴ 𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 0,9 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑐𝑚2 𝑐𝑚2
0,9 0,9
𝑚 𝑚
Considerando Φ5mm (área=0,20 cm²) temos:
0,2
𝑠= = 22,22 𝑐𝑚 > 20 𝑐𝑚 ∴ 𝑁ã𝑜 𝑂𝑘, 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝑠 = 20𝑐𝑚
0,009

d) Detalhamento da sapata
Assim como nos outros exemplos temos que garantir a ancoragem das armaduras
principais, para isso podemos fazer um gancho vertical com dimensões de h0-10cm,
sendo:
ℎ 60
ℎ0 ≥ {3 = 3 = 20𝑐𝑚 ∴ ℎ0 = 20𝑐𝑚
15 𝑐𝑚

190
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d=55

h=60
h0=20

Ø5 c/20
Ø6,3 c/12

Exemplo 7 – Sapata Corrida flexível


Dimensionar a sapata rígida pelo método das bielas, sob uma parede corrida de
concreto de 20cm de largura com carga vertical N=200 kN/m (20 tonf/m), com os dados:
Obs.: Considerar sapata flexível
▪ σadm= 1,1 kgf/cm² = 11 tonf/m² = 0,011 kN/cm² = 0,11 MPa
▪ Concreto C20; aço CA-50; c= 4,5 cm
▪ C=4,5 cm
▪ Kmaj=1,05

a) Altura da sapata flexível


Critério da NBR 6118 para sapata flexível:
𝐴 − 𝑎𝑝 190 − 20
ℎ< < < 56,7 𝑐𝑚
3 3

Adotando h=50 cm
b) Esforços solicitantes e armadura de flexão
𝑁 𝑎𝑝 200 20 𝑘𝑁
𝑉= (1 − ) = (1 − ) = 89,5 (𝑉 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒)
2 𝐴 2 190 𝑚

𝑁 200
𝑀= (𝐴 − 𝑎𝑝) = (190 − 20) = 4.250 𝑘𝑁. 𝑐𝑚/𝑚
8 8

Dimensionamento da flexão

191
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𝑀𝑑 1,4.4250
𝐴𝑠 = = = 3,58 𝑐𝑚2 /𝑚
0,85. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,85 . 45 . 43,5

Considerando Φ6,3mm (área=0,31 cm²) temos:


0,31
𝑠= = 8 𝑐𝑚 < 20 𝑐𝑚 ∴ 𝑂𝑘!
0,0358

Ou considerando Φ8mm (área=0,5 cm²) temos:


0,5
𝑠= = 14 𝑐𝑚 < 20 𝑐𝑚 ∴ 𝑂𝑘!
0,0358

c=85 ap=20
Para a armadura de distribuição temos:
1 3,58
𝐴𝑠, 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐 = 0,72 𝑐𝑚2
5 5
𝐴𝑠, 𝑠𝑒𝑐 ≥ { ≥{
𝑐𝑚2 𝑐𝑚2

d=45
h=50
0,9 0,9
𝑚 𝑚
h0=20

∴ 𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 0,9 𝑐𝑚2 /𝑚

A=190

Considerando Φ5mm (área=0,20 cm²) temos:


M
0,2
𝑠= = 22,22 𝑐𝑚 > 20 𝑐𝑚
0,009
∴ 𝑁ã𝑜 𝑂𝑘, 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝑠
= 20𝑐𝑚 V

100

20

Figura 134 - Diagrama e dimensões


sapata ex. 7

192
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c) Verificação da diagonal comprimida


Verificação da superfície critica C, considerando 1m de comprimento da sapata:
𝑢0 = 2(20 + 100) = 240 𝑐𝑚
𝑘𝑁
𝐹𝑠𝑑 = 𝑁𝑠𝑑 = 1,4 . 200 = 280
𝑚
Tensão de cisalhamento atuante:
𝐹𝑠𝑑 280
𝜏𝑠𝑑 = = = 0,0259 𝑘𝑁/𝑐𝑚²/𝑚
𝑢0. 𝑑 240 . 45

Tensão de cisalhamento resistente:


20 2,0
𝜏𝑅𝑑2 = 0,27𝛼𝑣. 𝑓𝑐𝑑 = 0,27. (1 − ) = 0,355 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
250 1,4

𝜏𝑠𝑑 = 0,259 𝑀𝑃𝑎 < 𝜏𝑅𝑑2 = 3,55 𝑀𝑃𝑎 ∴ 𝑜𝑘!

d) Verificação da força cortante


Assim como nas lajes maciças, devemos seguir o seguinte procedimento:
𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑. 𝐾. (1,2 + 40𝜌) + 0,15𝜎𝑐𝑝]𝑏𝑤. 𝑑

3,58
𝜌1 = = 0,000796
100.45

𝐾 = |1,6 − 𝑑| > 1 = |1,6 − 0,45| = 1,15 > 1

3
0,7 . 0,3 . √202
𝜏𝑅𝑑 = 0,25. 𝑓𝑐𝑑 = 0,25. = 0,276 𝑀𝑃𝑎
1,4

𝑉𝑅𝑑1 = [0,0276 . 1,15 (1,2 + 40 . 0,0008)]100 . 45 = 175,03 𝑘𝑁/𝑚


𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝑉𝑠𝑑 = 1,4 . 89,5 = 125,3 < 𝑉𝑅𝑑1 = 175,03
𝑚 𝑚
Obs.: Desta forma não é necessário colocar armadura transversal

193
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e) Detalhamento da sapata

d=45
h=50
h0=20

Ø6,3 c/8 Ø5 c/20

Verificação da estabilidade de sapatas


Quando as sapata são submetidas a forças horizontais é preciso garantir a estabilidade
ao escorregamento e ao tombamento, para isso podemos seguir o procedimento
abaixo:
a) Segurança ao tombamento
A verificação ao tombamento deve ser feita comparando os momentos fletores em
torno de um dado ponto
Momento de tombamento:
𝑀𝑡𝑜𝑚𝑏 = 𝑀 + 𝐹ℎ. ℎ
Momento estabilizador:
𝐴
𝑀𝑒𝑠𝑡𝑎𝑏 = (𝑁 + 𝑃).
2
Obs.: Neste caso o solo sobre a sapata pode ser considerado no momento
estabilizador, o coeficiente de segurança deve ser de no mínimo ≥1,5;
𝑀𝑒𝑠𝑡𝑎𝑏
𝛾𝑡𝑜𝑚𝑏 = ≥ 1,5
𝑀𝑡𝑜𝑚𝑏

b) Segurança ao escorregamento
A segurança de escorregamento é garantida quando a força de atrito entre a base da
sapata e o solo supera a ação das forças horizontais aplicadas.

Obs.: O efeito favorável do empuxo passivo pode ser desprezado, por não se ter
garantia de sua atuação permanente.

194
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(𝑁 + 𝑃)𝑡𝑔𝜙 = 𝐹ℎ. 𝛾𝑒𝑠𝑐


Sendo:
𝑡𝑔𝜑 = µ = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
𝜑 = Ângulo de atrito entre os dois materiais (concreto x solo), não maior que o ângulo
de atrito interno do solo

Outro modelo também aceito é:


𝐹𝑒𝑠𝑡𝑎𝑏 = 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 + 𝑐𝑜𝑒𝑠ã𝑜
2 2
𝐹𝑒𝑠𝑡𝑎𝑏 = (𝑁 + 𝑃)𝑡𝑔 ( 𝜙) + 𝐴 ( 𝑐)
3 3
𝜙 = Ângulo de atrito interno do solo;
c= Coesão
A=Dimensão da base em contato com o solo

𝐹𝑒𝑠𝑡𝑎𝑏
𝛾𝑒𝑠𝑐 = ≥ 1,5
𝐹𝐻
Obs.: No caso de armaduras com diâmetro igual ou superior a 20mm (25mm segundo a
NBR), e de feixes de barras é importantes verificar a aderência com o concreto, de modo
a evitar o escorregamento da armadura junto a interface de concreto.

37- Viga alavanca em sapatas de divisa


Viga alavanca também conhecida como viga de equilíbrio tem a função de redistribuir
os esforços de momentos oriundos de uma excentricidade gerada por um pilar fora do
centro de gravidade do elemento de fundação, isso geralmente ocorre em sapatas de
divisa onde o bloco tem uma das suas faces alinhadas com a face do pilar, gerando assim
uma excentricidade, e como sabemos excentricidades estão diretamente ligadas a
momentos, momentos esses que costumam ter valores bem elevados resultando em
uma alta taxa de armadura desses elementos para conseguir absorver todas essas
tensões.

195
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Figura 135 - Notações de sapata com viga alavanca

196
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Área da sapata de divisa sob o pilar P1


𝑆1 = 𝐴1 . 𝐵1

Considerando o fator Kmaj para estima o peso próprio da sapata:


𝑅1
𝑆1 = 𝐾𝑚𝑎𝑗
𝜎𝑎𝑑𝑚

Excentricidade e1 e reação R1
𝛴𝑀(𝑁2) = 0 → 𝑁1. 𝑧 = 𝑅1(𝑧 − 𝑒1)

𝑁1. 𝑧
𝑅1 =
𝑧 − 𝑒1

Da geometria da sapata de divisa:


𝐵1 𝑏𝑝𝑙
𝑒1 = −
2 2

37.1- Roteiro de cálculo


O principal objetivo do roteiro é estimar as dimensões da sapata de divisa (A1 e B1)
1) Assumir um valor para reação preliminar na sapata de divisa R1’;
𝑅1’ = 1,2𝑁1
2) Calcular a área de apoio da sapata de divisa
𝑅1′
𝑆1′ = 𝐾𝑚𝑎𝑗.
𝜎𝑎𝑑𝑚
3) Escolher as dimensões da sapata de divisa;
𝐴1
≤3
𝐵1
Adotando A1=2B1 com S1’=A1’.B1’, temos:

′ ′ ′ ′
𝑆1′
𝑆1 = 2𝐵1 . 𝐵1 → 𝐵1 = √ → 𝐴𝑑𝑜𝑡𝑎𝑟 𝐵1′ 𝑐𝑜𝑚 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜
2

197
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4) Cálculo da excentricidade e1:


𝐵1′ 𝑏𝑝𝑙
𝑒1′ = −
2 2
5) Cálculo de R1’’:
𝑧
𝑅1′′ = 𝑁1
𝑧 − 𝑒1′
6) Comparar R1’ e R1’’
𝑆1′
• 𝑆𝑒 𝑅1’ = 𝑅1’’, 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟 𝑅1 = 𝑅1’ → 𝐵1 = 𝐵1′ 𝑒 𝐴1 = 𝐵1

• 𝑆𝑒 0,95𝑅1′′ ≤ 𝑅1′ ≤ 1,05𝑅1′′



𝑅1′′ 𝑆1
𝐵1 = 𝐵1 → 𝑆1 = 𝐾𝑚𝑎𝑗 → 𝐴1 =
𝜎𝑎𝑑𝑚 𝐵1

• 𝑆𝑒 𝑅1′ ≠ 𝑅1′′ 𝑒 𝑛ã𝑜 𝑎𝑡𝑒𝑛𝑑𝑒𝑟 𝑎 𝑡𝑜𝑙𝑒𝑟â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑡𝑒𝑚 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟


𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑎𝑟 𝑎 𝑖𝑡𝑒𝑚 2 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑅1’ = 𝑅1’’
Esforços solicitantes na viga de equilíbrio
A figura abaixo mostra o esquema estático e os diagramas de esforços solicitantes (V e
M) na viga de equilíbrio

bp1

q1 (pilar 1) N2
(2)
(1) p1 (3)
R2

B1 V2L

V1L x M2L

M1L Vmáx

Figura 136 - Esforços viga de equilíbrio

198
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A carga q1 aplicada pelo pilar de divisa, na sua largura, é:


𝑁1
𝑞1 =
𝑏𝑝1

A reação da base da sapata de divisa é:


𝑅1 𝑁1𝑧
𝑃1 = 𝑐𝑜𝑚 𝑅1 =
𝐵1 𝑧 − 𝑒1

a) Para o trecho (0 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏𝑝𝑙) e considerando a seção 1

q1x

q1

V1 M1

p1x

Figura 137 - Trecho (0 ≤ x ≤ bp1) e


seção 1
Somatório de forças verticais:
𝛴𝐹𝑣 = 0
𝑞1. 𝑋 + 𝑉1 − 𝑝1. 𝑋 = 0 → 𝑉1 = 𝑋(𝑝1 − 𝑞1)
Somatório de momentos fletores em torno da seção 1:
𝑋2 𝑋2
𝛴𝑀 = 0 → 𝑀1 = 𝑞1 − 𝑝1 =0
2 2

𝑋2
𝑀1 = (𝑝1 − 𝑞1)
2
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑥 = 𝑏𝑝1 (𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜)
𝑉1𝐿 = 𝑏𝑝1(𝑝1 − 𝑞1)
𝑏𝑝𝑙 2
𝑀1𝐿 = (𝑝1 − 𝑞1)
2

199
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b) Trecho considerando a seção 2 (𝑏𝑝1 ≤ 𝑥 ≤ 𝐵1)

q1bp1

Seção 2

q1

V2
M2
p1

p1.x

Figura 138 - Trecho (bp1≤x≤B1) e seção 2

𝛴𝐹𝑣 = 0
𝑉2 + 𝑞1. 𝑏𝑝1 − 𝑝1. 𝑋 = 0 → 𝑉2 = 𝑝1. 𝑋 − 𝑞1. 𝑏𝑝1
Para
𝑞1. 𝑏𝑝1
𝑉2 = 0 → 𝑋𝑚á𝑥 = , 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑜 𝑀𝑚á𝑥
𝑝1

Somatório de momentos fletores em torno da seção 2:


𝑏𝑝1 𝑋
𝑀2 + 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝑋 − ) − 𝑝1 = 0
2 2
𝑋2 𝑏𝑝1
𝑀2 = 𝑝1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝑋 − )
2 2

No limite do trecho, com Xmáx=X:


𝑋𝑚á𝑥 2 𝑏𝑝1
𝑀𝑚á𝑥 = 𝑝1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝑥 − )
2 2

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑋 = 𝐵1 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 → 𝑉2𝐿 = 𝑝1. 𝐵1 − 𝑞1 − 𝑏𝑝1


𝐵12 𝑏𝑝1
𝑀2𝐿 = 𝑝1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝐵1 − )
2 2

200
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𝑏𝑝1
c) Trecho (𝐵1 ≤ 𝑋 ≤ 𝑧 + ) e considerando a seção 3
2

q1bp1

q1

V3
M3
p1

p1.x

Figura 139 - Trecho (B1≤X≤z+bp1/2) e seção 3

𝛴𝐹𝑣 = 0
𝑉3 + 𝑞1. 𝑏𝑝1 − 𝑝1. 𝐵1 = 0 → 𝑉3 = 𝑝1. 𝐵1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 = 𝛥𝑁 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

Somatório de momentos fletores em torno da seção 3:


𝑏𝑝1 𝐵1
𝑀3 + 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝑋 − ) − 𝑝1. 𝐵1 (𝑥 − ) = 0
2 2

𝐵1 𝑏𝑝1
𝑀3 = 𝑝1. 𝐵1 (𝑋 − ) − 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝑥 − )
2 2

Recomendações para o pré-dimensionamento de viga de equilíbrio


a) Largura: 𝑏𝑤 ≥ 𝑎𝑝1 + 5𝑐𝑚
b) Altura: ℎ𝑣 ≥ ℎ1(ℎ1 = 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠𝑎 − 1)
𝑑𝑣 > 𝑙𝑏 (𝑙𝑏 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟)
Podem também ser deduzidas as equações para bw em função de V1L e Mmáx
Dimensionamento da sapata de divisa
Um modelo para cálculo dos esforços solicitantes na sapata de divisa é aquele proposto
pelo CEB-70, já mostrado anteriormente.

201
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a) Momento fletor na seção de referência S1A

bw
A ap1

0,15bw
0,15bw
ap1
A1

bw

hv

d1
h1
bp1

h0
A
xA
CORTE AA A1
B1

Figura 140 - Sapata sob o pilar de divisa e seção de referência S1 e S2

Resultante da reação do solo na base da sapata (F1A)


𝐹1𝐴 = 𝑝1. 𝐵1. 𝑋𝐴
Sendo
𝑅1
𝑝1 =
𝐴1. 𝐵1

𝐴1 − 𝑏𝑤
𝑋𝐴 = + 0,15𝑏𝑤
2

Momento fletor:

𝑋𝐴 𝑋𝐴2
𝑀1𝐴 = 𝐹1𝐴 → 𝑀1𝐴 = 𝑝1. 𝐵1.
2 2
b) Altura da sapata
Pode ser definida em função do critério da NBR 6118:
𝐴1 − 𝑏𝑤
ℎ1 ≥ → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑟í𝑔𝑖𝑑𝑎;
3
𝑑1 = ℎ1 − 5𝑐𝑚

202
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c) Armadura de flexão
Armadura principal:
𝑀1𝐴, 𝑑
𝐴𝑠, 1𝐴 =
0,85. 𝑑1. 𝑓𝑦𝑑
Obs.: Armadura é disposta uniformemente ao longo da dimensão B1

Armadura de distribuição (Paralela à dimensão B1)


1
𝐴𝑠, 1𝐴
𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑟 { 5 , 𝐶𝑜𝑚 𝑠 ≤ 33𝑐𝑚
0,9𝑐𝑚2 /𝑚

37.2- Exemplo 8 – Sapata de divisa com viga alavanca


Dimensionamento de uma sapata para pilar de divisa, com viga alavanca, dados:
C20; CA-50; N1=550 kN; N2=850 kN; σadm=0,02 kN/cm²; c=4cm; γc= γf=1,4 ; γf=1,15
Armadura do pilar= 10φ 12,5mm

400 CM
20

30
2,5 30 30

DIVISA

Resolução:
1) Dimensionamento das dimensões em planta da sapata de divisa
1.1) Assumir um valor para R1’

𝑅1′ = 1,2𝑁1 = 1,2 . 550 = 660 𝑘𝑁

203
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1.2) Área de apoio da sapata

Estimando em 10% o peso da sapata e do solo sobre a sapata (Kmaj=1,1)

𝑅1′ 660
𝑆1′ = 𝐾𝑚𝑎𝑗. = 1,1. = 36.300 𝑐𝑚²
𝜎𝑎𝑑𝑚 0,02

1.3) Largura da sapata

𝑆1′ 36300
𝐵1′ = √ = √ = 134,7 𝑐𝑚
2 2

Adotando B1’=135 cm

1.4) Excentricidade e1


𝐵1′ 𝑏𝑝1 135 30
𝑒1 = − −𝑓 = − − 2,5 = 50𝑐𝑚
2 2 2 2
f=Distância da face do pilar à linha de divisa, em geral é em torno de 2,5 ou 3cm

1.5) Cálculo de R1’’


𝑧 400
𝑅1′′ = 𝑁1 = 550 = 628,6 𝑘𝑁
𝑧 − 𝑒1′ 400 + 50

1.6) Comparação entre R1’ e R1’’

𝑅1′ = 600 ≠ 𝑅1′′ = 628,6 𝑘𝑁


Verificação da tolerância: 0,95𝑅1′′ ≤ 𝑅1′ ≤ 1,05𝑅1′′
0,95.628,6 ≤ 𝑅1′ ≤ 1,05.628,6 → 597,1 ≤ 𝑅1′ ≤ 660 → 𝑂𝑘!
Obs.: Caso não atenda refazer com R1’=R1’’
Calcula-se a área da base da sapata de divisa com R1’’

204
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𝑅1′′ 628,6
𝑆1 = 𝐾𝑚𝑎𝑗 = 1,1 = 34.573 𝑐𝑚²
𝜎𝑎𝑑𝑚 0,02

Fazendo B1=B1’=135 cm temos o comprimento da base da sapata


𝑆1 34573
𝐴1 = = = 256,1 𝑐𝑚 → 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐴1 = 260 𝑐𝑚
𝐵1 135
Verifica-se que:
𝐴1 260
= = 1,93 ≅ 2
𝐵1 135

2) Esforços máximos na viga alavanca


2.1) Esforços solicitantes na seção X=bp1

𝑏𝑝12
𝑉1𝐿 = 𝑏𝑝1(𝑝1 − 𝑞1) ; 𝑀1𝐿 = (𝑝1 − 𝑞1) ; 𝑏𝑝1 = 30𝑐𝑚
2
𝑅1 628,6 𝑘𝑁
𝑝1 = = = 4,656
𝐵1 135 𝑐𝑚

𝑁1 550 𝑘𝑁
𝑞1 = = = 18,33
𝑏𝑝1 30 𝑐𝑚

302
𝑀1𝐿 = (4,656 − 18,33) = −6154, 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2
𝑉1𝐿 = 30. (4,656 − 18,33) = −410,3 𝑘𝑁

2.2) V2L e M2L (Seção X=B1) e momento fletor máximo


𝑉2𝐿 = 𝑝1. 𝐵1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 = 4,656 . 135 − 18,33 . 30 = 78,6 𝑘𝑁
𝑞1. 𝑏𝑝1 18,33 . 30
𝑋𝑚á𝑥 = = = 118,1 𝑐𝑚
𝑝1 4,656

𝑋𝑚á𝑥 2 𝑏𝑝1
𝑀𝑚á𝑥 = 𝑝1 = 𝑞1 . 𝑏𝑝1 (𝑋𝑚á𝑥 − )
2 2

205
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118,12 30
𝑀𝑚á𝑥 = 4,656 − 18,33 . 30 (118,1 − ) = −24.234 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
𝐵12 𝑏𝑝1
𝑀2𝐿 = 𝑝1 − 𝑞1. 𝑏𝑝1 (𝐵1 − )
2 2
1352 30
𝑀2𝐿 = 4,656 − 18,33 . 30 (135 − ) = −23.571 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
Diagrama de esforços solicitantes na viga alavanca:

bp1=30

q1 =18,33 N2

p1=4,656 (3)
R2

B1=135 78,6

410 (V)

xmáx=118,1

(M)
6,155
23.571
24.234

Figura 141 - Diagrama de esforços solicitantes na viga alavanca Ex. 8


3) Largura da viga alavanca
𝑏𝑤 = 𝑎𝑝1 + 5 𝑐𝑚 = 20 + 5 = 25 𝑐𝑚 → 𝑠𝑒𝑟á 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑏𝑤 = 35 𝑐𝑚

4) Altura da sapata de divisa


Para sapata Rígida:
NBR 6118 → ℎ1 ≥ (𝐴1 − 𝑏𝑤)/3 ≥ 260.35/3 ≥ 75 𝑐𝑚 → 𝐴𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 ℎ1 = 75 𝑐𝑚
𝐴1 − 𝑏𝑤 260 − 35
𝑐= = = 112,5𝑐𝑚
2 2
A Altura da viga alavanca será igual à da sapata: ℎ𝑣 = ℎ1 = 75 𝑐𝑚
𝑑1 = 𝑑𝑣 = 75 − 5 = 70 𝑐𝑚

206
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O pilar é composto por armadura de 12,5mm e concreto C20, região de boa


aderência, com gancho, na Tabela 27, temos o comprimento de ancoragem lb=38cm:
𝑑1 = 70 > 𝑙𝑏 = 38 𝑐𝑚 → 𝑜𝑘!
sapata 1

sapata 2

C=112,5
A1=260

bw=35
P1 P2

C=112,5

B1=135

VE
h1=hv
h0

5) Dimensionamento da viga alavanca


A armadura longitudinal superior da viga alavanca na região da sapata de divisa pode
Figura 142 - Dimensões da sapata de divisa

ser calculada fazendo a analogia da viga com consolo curto, ou segundo a teoria de
viga fletida.
5.1) Armadura de flexão no trecho da sapata de divisa (B1)
São conhecidos os valores: bw=35 cm, hv=h1=75 cm, dv=d1=70 cm e Md,máx=1,4 .
24234 =33.928 kN.cm
𝑏. 𝑑 2 35 . 702
𝐾𝑐 = = = 5,1 → 𝛽 = 0,22 < 0,45 (𝑜𝑘!), 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑛𝑖𝑜 2 𝑒 𝐾𝑠 = 0,025
𝑀𝑑 33928
33928
𝐴𝑠 = 0,025 = 12,12 𝑐𝑚2 → 6𝜙 16𝑚𝑚 (12 𝑐𝑚2 )
70
Obs.: Como esta armadura não é muito alta pode ser estendida até o pilar P2 sem
corte!

Armadura mínima: 𝐴𝑠, 𝑚𝑖𝑛 = 0,15%𝑏𝑤. ℎ𝑣 = 0,0015 . 35 . 75 = 3,94 𝑐𝑚²

207
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Para a armadura longitudinal inferior pode-se adotar a armadura mínima:

2𝜙 16 𝑜𝑢 5𝜙 10 → 4,00 𝑐𝑚²
Tabela 28 - Kc e Ks TABELA DO TIPO K
Dimensionamento de seções retangulares submetidas a flexão simples armadura simples

𝑏𝑤 . 𝑑² 𝐴𝑠 . 𝑑
𝐾𝑐 = [𝑐𝑚2 /𝑘𝑁] 𝐾𝑠 = [𝑐𝑚2 /𝑘𝑁] Domínio
βx=x/d 𝑀𝑠𝑑 𝑀𝑠𝑑
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-25 CA-50 CA-60
0,02 51,9 41,5 34,6 29,6 25,9 23,1 20,8 0,046 0,023 0,019
0,04 26,2 20,9 17,4 14,9 13,1 11,6 10,5 0,047 0,023 0,019
0,06 17,6 14,1 11,7 10 8,8 7,8 7 0,047 0,024 0,019
0,08 13,3 10,6 8,9 7,6 6,6 5,9 5,3 0,048 0,024 0,020
0,1 10,7 8,6 7,1 6,1 5,4 4,8 4,3 0,048 0,024 0,020
0,12 9 7,2 6 5,1 4,5 4 3,6 0,048 0,024 0,020
0,14 7,8 6,2 5,2 4,5 3,9 3,5 3,1 0,049 0,024 0,020
2
0,16 6,9 5,5 4,6 3,9 3,4 3,1 2,7 0,049 0,025 0,020
0,18 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 2,7 2,5 0,05 0,025 0,021
0,2 5,6 4,5 3,7 3,2 2,8 2,5 2,2 0,05 0,025 0,021
0,22 5,1 4,1 3,4 2,9 2,6 2,3 2,1 0,051 0,025 0,021
0,4 4,7 3,8 3,2 2,7 2,4 2,1 1,9 0,051 0,025 0,021
0,259 4,4 3,6 3 2,5 2,2 2 1,8 0,051 0,026 0,021
0,28 4,1 3,3 2,8 2,4 2,1 1,8 1,7 0,052 0,026 0,022
0,3 3,9 3,1 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 0,052 0,026 0,022
0,32 3,7 3 2,5 2,1 1,8 1,6 1,5 0,053 0,026 0,022
0,34 3,5 2,8 2,3 2 1,8 1,6 1,4 0,053 0,027 0,022
0,36 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 1,5 1,3 0,054 0,027 0,022
0,38 3,2 2,6 2,1 1,8 1,6 1,4 1,3 0,054 0,027 0,023
0,4 3,1 2,5 2 1,8 1,5 1,4 1,2 0,055 0,028 0,023
0,42 2,9 2,4 2 1,7 1,5 1,3 1,2 0,055 0,028 0,023
0,44 2,8 2,3 1,9 1,6 1,4 1,3 1,1 0,056 0,028 0,023
3
0,46 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,2 1,1 0,056 0,028 0,023
0,48 2,7 2,1 1,8 1,5 1,3 1,2 1,1 0,057 0,028 0,024
0,5 2,6 2,1 1,7 1,5 1,3 1,1 1 0,058 0,029 0,024
0,52 2,5 2 1,7 1,4 1,2 1,1 1 0,058 0,029 0,024
0,54 2,4 2 1,6 1,4 1,2 1,1 1 0,059 0,029 0,024
0,56 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 1 0,059 0,030 0,025
0,585 2,3 1,8 1,5 1,3 1,2 1 0,9 0,06 0,030 0,025
0,6 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 1 0,9 0,061 0,030
0,628 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1 0,9 0,062 0,031
0,64 2,2 1,7 1,4 1,2 1,1 1 0,9 0,062
0,66 2,1 1,7 1,4 1,2 1,1 0,9 0,8 0,063
0,68 2,1 1,7 1,4 1,2 1,1 0,9 0,8 0,063
0,7 2 1,6 1,4 1,2 1 0,9 0,8 0,064
4
0,72 2 1,6 1,3 1,2 1 0,9 0,8 0,065
0,74 2 1,6 1,3 1,1 1 0,9 0,8 0,065
0,76 2 1,6 1,3 1,1 1 0,9 0,8 0,066
0,772 1,9 1,5 1,3 1,1 1 0,9 0,8 0,067

Valores de Kc e Ks para os aços CA-25, CA-50 e CA-60 (para concretos do Grupo I de


resistência – fck ≤ 50 MPa, γc = 1,4, γs = 1,15) 208
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Tabela 29 - Equações simplificadas segundo Modelo de cálculo I para concreto do grupo I

Modelo de cálculo I
(Estribo vertical, γc=1,4, γs=1,15, aços CA50 e CA60, flexão simples).
Concreto VRd2 Vsd,min Asw
(kN) (kN) (cm²/m)
C20 0,35𝑏𝑤. 𝑑 0,101𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,17𝑏𝑤
𝑑
C25 0,43𝑏𝑤. 𝑑 0,117𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,20𝑏𝑤
𝑑
C30 0,51𝑏𝑤. 𝑑 0,132𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,22𝑏𝑤
𝑑
C35 0,58𝑏𝑤. 𝑑 0,147𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,25𝑏𝑤
𝑑
C40 0,65𝑏𝑤. 𝑑 0,160𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,27𝑏𝑤
𝑑
C45 0,71𝑏𝑤. 𝑑 0,173𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,29𝑏𝑤
𝑑
C50 0,77𝑏𝑤. 𝑑 0,186𝑏𝑤. 𝑑 𝑉𝑠𝑑
2,55 − −0,31𝑏𝑤
𝑑
bw=Largura da viga, cm; Vsd=Força cortante de cálculo, kN;
d=Altura útil, cm;

Tabela 30 - Equações simplificadas segundo Modelo de cálculo II para concreto do grupo I

Modelo de cálculo II
(Estribo vertical, γc=1,4, γs=1,15, aços CA50 e CA60, flexão simples).

Conc. VRd2 Vsd,min Asw


(kN) (kN) (cm²/m)
C20 0,71𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,035. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1
C25 0,87𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,040. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1
C30 1,02𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,045. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1 𝑉𝑠𝑑 − 𝑉𝑐1
2,55𝑡𝑔𝜃
C35 1,16𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,050. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1 𝑑
C40 1,30𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,055. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1
C45 1,42𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,059. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1
C50 1,54𝑏𝑤. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 0,064. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑐𝑜𝑡𝑔 + 𝑉𝑐1
bw=Largura da viga, cm; Vsd=Força cortante de cálculo, kN;
d=Altura útil, cm; θ=ângulo de inclinação das bielas de compressão (°)
Vc1=Força cortante proporcionada pelos mecanismos complementares (treliça)

209
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5.2) Armadura transversal


No trecho da sapata de divisa (B1): 𝑉𝑘 = 𝑉1𝐿 = 410,3 𝑘𝑁
𝑉𝑠𝑑 = 1,4 . 410,3 = 574,4 𝑘𝑁
𝑉𝑅𝑑2 = 0,35𝑏𝑤. 𝑑 = 0,35 . 35 . 70 = 857,5 𝑘𝑁 > 𝑉𝑠𝑑 → 𝑜𝑘!
𝑉𝑠𝑑, 𝑚𝑖𝑛 = 0,101𝑏𝑤. 𝑑 = 0,101 . 35 . 70 = 247,5 𝑘𝑁 < 𝑉𝑠𝑑
𝑉𝑠𝑑 574,4 𝑐𝑚2
𝐴𝑠𝑤 = 2,55 = −0,17𝑏𝑤 = 2,55 − 0,17 . 35 = 14,97
𝑑 70 𝑚
3
20𝑓𝑐𝑡, 𝑚 20. (0,3. √202 )
𝐴𝑠𝑤, 𝑚𝑖𝑛 = 𝑏𝑤 = 35 = 3,09 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑤𝑘 10.50
Obs.: com Asw=14,97 cm2/m, fazendo estribo com quatro ramos temos
Asw,1,ramo=14,97/4=3,74 cm²/m, temos ϕ8mm c/13 cm (3,85 cm²/m).
Espaçamento máximo: 0,67VRd2=0,67. 857,5 =574,5 kN
𝑠 ≤ 0,6. 𝑑 ≤ 30 𝑐𝑚 → 𝑠 ≤ 0,6 . 70 = 42 𝑐𝑚 ≤ 30 𝑐𝑚
∴ 𝑠 ≤ 30 𝑐𝑚
0,2. 𝑉𝑅𝑑2 = 171,5 𝑘𝑁 < 𝑉𝑠𝑑 → 𝑠𝑡 ≤ 0,6𝑑 ≤ 35 𝑐𝑚
𝑠𝑡 ≤ 0,6 . 70 ≤ 42 𝑐𝑚 ≤ 35 𝑐𝑚 → 𝑜𝑘!

Obs.: No trecho da viga coincidente com a sapata de divisa (B1) convém colocar a
armadura calculada para a força cortante máxima. No trecho além da sapata, a
armadura deve ser calculada para a menor seção transversal, 35 x 40 na união com a
sapata 2 (pilar interno):
𝑉𝑠𝑑 = 1,4 . 78,6 = 110,0 𝑘𝑁
𝑉𝑅𝑑2 = 0,35𝑏𝑤. 𝑑 = 0,35 . 35 . 35 = 428,8 𝑘𝑁 > 𝑉𝑠𝑑 → 𝑜𝑘!
𝑉𝑠𝑑, 𝑚𝑖𝑛 = 0,101. 𝑏𝑤. 𝑑 = 0,101 . 35 . 35 = 123,7 𝑘𝑁 > 𝑉𝑠𝑑 → 𝐴𝑠𝑤, 𝑚𝑖𝑛
0.20𝑓𝑐𝑡, 𝑚 0.20 . 0.221
𝐴𝑠𝑤, 𝑚𝑖𝑛 = 𝑏𝑤 = 35 = 3,09 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑤𝑘 10.50
Estribo com dois ramos ϕ6,3 mm c/20 cm

0,67𝑉𝑅𝑑2 = 287,3 𝑘𝑁 > 𝑉𝑠𝑑 → 𝑠 ≤ 0,6 ≤ 30𝑐𝑚

𝑠 = 0,6 . 35 = 21 𝑐𝑚 ≤ 30 𝑐𝑚 → ∴ 𝑠𝑚á𝑥 = 21 𝑐𝑚

210
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0,2𝑉𝑅𝑑2 = 85,8 𝑘𝑁 < 𝑉𝑠𝑑 → 𝑠𝑡 ≤ 0,6𝑑 ≤ 35 𝑐𝑚 → ∴ 𝑠𝑡, 𝑚á𝑥 = 21 𝑐𝑚

Obs.: Para a viga com b w = 35 cm a largura do estribo com dois ramos resulta 26,4 cm
(35-4,3-4,3), maior que o valor s t = 21 cm. Portanto, o estribo deve ter mais de dois
ramos. Por exemplo, estribo com quatro ramos ϕ 5 mm

4 . 0,20
= 0,0309 → 𝑠 = 25,9 𝑐𝑚 > 𝑠𝑚á𝑥 = 21 𝑐𝑚
𝑠
Então: Estribo ϕ 5 mm c/21 cm 4 ramos (3,81 cm²/m)
5.3) Armadura de pele
De acordo com a NBR 6118, é obrigatório a armadura de pele quando a altura da viga
supera 60 cm:
𝐴𝑠𝑝 = 0,10%𝑏𝑤. ℎ = 0,0010 . 35 . 75 = 2,63 𝑐𝑚2 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑐𝑒

5𝜙 8𝑚𝑚 (2,5 𝑐𝑚2 )𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎, 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜.

5.4) Armadura de costura


A armadura de costura é colocada na extensão da largura da sapata de divisa (B1),
abaixo da armadura negativa e ao longo da altura da viga a finalidade é aumentar a
resistência a ductilidade da viga alavanca.
Pode ser adotada como: 𝐴𝑠, 𝑐𝑜𝑠𝑡 = 0,4. 𝐴𝑠

𝐴𝑠, 𝑐𝑜𝑠𝑡 = 0,4 . 12,12 = 4,85 𝑐𝑚2 → 10𝜙 8𝑚𝑚 (5,00 𝑐𝑚2 )

Tabela com valores de calculo (Vco)


fck (Mpa) fctm (Mpa) fctk,inf (Mpa) fctd (Mpa) fctm (kN/m²) fctk,inf (kN/m²) fctd (kN/m²) fctm (kN/cm²) fctk,inf (kN/cm²) fctd (kN/cm²)
20 2,210 1,547 1,105 2210 1547 1105 0,221 0,155 0,111
25 2,565 1,795 1,282 2565 1795 1282 0,256 0,180 0,128
30 2,896 2,028 1,448 2896 2028 1448 0,290 0,203 0,145
35 3,210 2,247 1,605 3210 2247 1605 0,321 0,225 0,160
40 3,509 2,456 1,754 3509 2456 1754 0,351 0,246 0,175
45 3,795 2,657 1,898 3795 2657 1898 0,380 0,266 0,190
50 4,072 2,850 2,036 4072 2850 2036 0,407 0,285 0,204
55 4,339 3,037 2,169 4339 3037 2169 0,434 0,304 0,217
60 4,598 3,218 2,299 4598 3218 2299 0,460 0,322 0,230
70 5,095 3,567 2,548 5095 3567 2548 0,510 0,357 0,255
80 5,570 3,899 2,785 5570 3899 2785 0,557 0,390 0,278
90 6,025 4,217 3,012 6025 4217 3012 0,602 0,422 0,301
Tabela 31 - Tabela valores de cálculo Vco.

211
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6) Detalhamento das armaduras da viga de equilíbrio

Figura 143 - Detalhamento sapata de divisa com viga alavanca

212
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38- Bloco de fundação sobre estacas


Blocos de fundação, são um dos elementos de fundação mais utilizados, com uma
versatilidade muito grande é adaptável a qualquer tipo de obra, desde uma pequena de
um ou dois pavimentos até pontes e grandes estruturas com cargas extremamente
elevadas.
Conforme a NBR 6118, item 22.7 “Blocos são estruturas de volume usadas para
transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação, podendo ser considerados
rígidos ou flexíveis por critério análogo ao definido para sapatas.
Os blocos sobre estacas podem ser dimensionados para 1 á n estacas, dependendo
diretamente da carga e da capacidade de suporte do solo, esses elementos são
dimensionados de maneira a ser um elemento de transferência, entre a superestrutura
(Pilar) e as estacas ou tubulões, que efetivamente irão absorver as tensões oriundas da
estrutura, falaremos desses elementos mais à frente!

Figura 144 - Bloco sobre e estaca e tubulão

38.1- Comportamento estrutural


Segundo a NBR 6118, item 22.2.2.1, o comportamento estrutural dos blocos pode ser
definido por:
a) “trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente concentradas
nas linhas sobre as estacas (reticulado definido pelo eixo das estacas, com faixas de
largura igual a 1,2 vez seu diâmetro);
b) forças transmitidas do pilar para as estacas essencialmente por bielas de compressão,
de forma e dimensões complexas;
c) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruínas por
tração diagonal, e sim por compressão das bielas, analogamente às sapatas.”

213
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Obs.: A NBR 6118, também apresenta o bloco flexível: “Para esse tipo de bloco deve ser
realizada uma análise mais completa, desde a distribuição dos esforços nas estacas, dos
tirantes de tração, até a necessidade da verificação da punção.”

38.2- Modelos de cálculo


De acordo com a NBR 6118, item 22.7.3, para o dimensionamento são aceitos: “Para
cálculo e dimensionamento dos blocos, são aceitos modelos tridimensionais lineares ou
não lineares e modelos biela-tirante tridimensionais.” E que na “região de contato entre
o pilar e o bloco, os efeitos de fendilhamento devem ser considerados, conforme
requerido em 21.2, permitindo-se a adoção de um modelo de bielas e tirantes para a
determinação das armaduras.
No modelo de bielas, assim como nas sapatas, as bielas são representadas pelo concreto
comprimido e o tirante são as armaduras tracionadas, o método mais utilizado hoje no
país são os métodos das “Bielas” e CEB-70 e nos últimos anos o modelo tridimensional
de bielas e tirantes. Os métodos das bielas e do CEB-70, devem ser aplicados
exclusivamente em blocos rígidos. No caso de blocos flexíveis, são aplicados os métodos
aplicáveis a vigas e lajes.
38.2.1- Método das bielas
O método das bielas para blocos rígidos admite no seu interior uma espécie de treliça
espacial, contemplando blocos de duas ou mais estacas, sendo esta treliça, resistida
pelos dois materiais que compõe o bloco, concreto para as “barras” comprimidas
(Bielas) e o aço para as barras tracionadas (Tirantes). A principal incógnita é a
determinação das dimensões das bielas comprimidas, resolvida com as propostas de
Blévot (1967).

214
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Este método (Bielas) é recomendado quando:


a) O carregamento é quase centrado, comum em edifícios. O método pode ser
empregado para carregamentos não centrados, todavia admitindo sempre a
maior carga para as estacas, o que pode tornar o dimensionamento
antieconômico.
b) As estacas devem estar igualmente espaçadas do centro do pilar.
O método das bielas é o mais empregado devido ao seu amplo suporte experimental,
desenvolvido por Blévot e outros, pela ampla tradição no Brasil e Europa e por ser
intuitivo se comparados aos demais métodos.
38.3- Bloco sobre uma estaca
Para pilares com dimensões próximas as dimensões da
estaca, bloco tem a função exclusiva de transferência de
carga, necessário construtivamente para se garantir o
posicionamento ideal do pilar para com a estaca, podendo-
se fazer pequenas correções de excentricidade durante a
execução da estaca por exemplo.
Sua armadura é composta por estribos horizontais para os
esforços de fendilhamento e estribos verticais construtivos,
para facilitar o posicionamento das demais armaduras,
formando realmente um “cubo” ou “gaiola” de armadura.
1 𝜙𝑒 − 𝑎𝑝 1
𝑇= 𝑃 ≅ 𝑃
4 𝜙𝑒 4
Valor de cálculo da força de tração:
𝑇𝑑 = 0,25𝑃𝑑
A armadura, na forma de estribos horizontais, para resistir a força de tração Td é:
𝑇𝑑
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑
As dimensões do bloco podem seguir:

• Para obras de pequeno porte: 𝐴 = 𝜙𝑒 + 2 . 5 𝑐𝑚

• Para obras de médio porte: 𝐴 = 𝜙𝑒 + 2 . 10 𝑐𝑚


Obs.: As armaduras dos estribos do bloco em geral devem ter a mesma bitola das
armaduras principais!

215
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38.4- Bloco sobre duas estacas – Método das bielas

Figura 145 - Esquema de forças atuantes no bloco de duas


estacas
Do polígono de forças

𝑁
𝑑
𝑡𝑔 𝛼 = 2 𝑒 𝑡𝑔 𝛼 = 𝑒 𝑎𝑝
𝑅𝑠
2− 4
Figura 146 - Polígono de forças
no bloco sobre estaca - BASTOS
(2016)
𝑁 2𝑒 − 𝑎𝑝
𝑅𝑠 = (𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙, 𝐴𝑠)
8 𝑑

𝑁
𝑁
𝑠𝑒𝑛 𝛼 = 2 → 𝑅𝑐 =
𝑅𝑐 2 . 𝑠𝑒𝑛 𝛼
Altura útil
Para que as bielas de concreto não representem risco quanto a ruptura por punção
temos:

216
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40° ≤ 𝛼 ≤ 55°
Onde 𝛼 pode ser calculado como:
𝑑
𝑡𝑔 𝛼 = 𝑒 𝑎𝑝
2− 4
Substituindo 𝛼 pelos ângulos 40° e 55° temos o intervalo de variação para d:
𝑎𝑝 𝑎𝑝
0,419 (𝑒 − ) ≤ 𝑑 ≤ 0,714 (𝑒 − )
2 2
Segundo Machado (1985), deve-se ter 45° ≤ 𝛼 ≤ 55° que resulta:
𝑎𝑝 𝑎𝑝
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0,5 (𝑒 − ) ; 𝑑𝑚á𝑥 = 0,71 (𝑒 − )
2 2

Obs.: Assim como nas sapatas, a altura do bloco deve ser suficiente para garantir a
ancoragem das armaduras, desta forma temos:
𝑑 > 𝑙𝑏, 𝜙, 𝑝𝑖𝑙 , onde 𝑙𝑏, 𝜙, 𝑝𝑖𝑙 é o comprimento de ancoragem da armadura do pilar
A altura h do bloco desta forma é:
5 𝑐𝑚
ℎ = 𝑑 + 𝑑′ 𝑐𝑜𝑚 𝑑 ′ ≥ { 𝑎𝑒𝑠𝑡
5
Sendo 𝑎𝑒𝑠𝑡 =Lado de uma estaca de seção quadrada, com mesma área da estaca de
seção retangular, ou seja:

√𝜋
𝑎𝑒𝑠𝑡 = 𝜙𝑒
2

Verificação das bielas


A seção ou área das bielas varia ao longo da altura do bloco, desta forma é verificada na
seção junto ao pilar e junto as estacas.

No pilar:

217
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𝐴𝑏 𝐴𝑝
𝑠𝑒𝑛 𝛼 = → 𝑎𝑏 = 𝑠𝑒𝑛 𝛼
𝐴𝑝 2
2
Na estaca:
𝐴𝑏
𝑠𝑒𝑛 𝛼 = → 𝐴𝑏 = 𝐴𝑒. 𝑠𝑒𝑛 𝛼
𝐴𝑒

Sendo:
Ab=Área da biela
Ap=Área do pilar
Ae=Área da estaca
Considerando a equação básica de tensão (𝜎𝑐𝑑 = 𝑅𝑐𝑑/𝐴𝑏), a tensão de compressão na
biela relativa ao pilar e à estaca é:
No pilar:
𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = =
𝐴𝑝 2
2 𝑠𝑒𝑛 𝛼 2 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛 𝛼

Na estaca
𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = =
2 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛2 𝛼

Para evitar o esmagamento do concreto, as tensões atuantes devem ser menores que
as tensões resistentes, desta forma considera-se:
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 = 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡 = 1,4. 𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑
Sendo:
KR=0,9 a 0,95 = coeficiente que leva em consideração a perda de resistência do concreto
ao longo do tempo devido as cargas permanentes (efeito Rüsch)
Armadura principal
Obs.: Blévot verificou através de ensaios, que a força medida na armadura principal foi
de 15% superior à indicada pelos cálculos teóricos, desta forma considera-se então Rs
acrescida de 15%
1,15𝑁 2𝑒 − 𝑎𝑝
𝑅𝑠 =
8 𝑑
A armadura principal disposta sobre o topo das estacas, é:

218
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𝑅𝑠𝑑 1,15𝑁𝑑
𝐴𝑠 = = (2𝑒 − 𝑎𝑝)
𝜎𝑠𝑑 8𝑑. 𝑓𝑦𝑑
Armaduras complementares (superior e de pele)
Segundo a NBR 6118, item 22.7.4.1.5, “Em blocos com duas ou mais estacas em uma
única linha, é obrigatória a colocação de armaduras laterais e superior. Em blocos de
fundação de grandes volumes, é conveniente a análise da necessidade de armaduras
complementares.” A armadura superior pode ser tomada como uma pequena parcela
da armadura principal:
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑝 = 0,2𝐴𝑠
A armadura de pele e estribos verticais em cada face lateral:
𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤 𝑐𝑚2
( ) 𝑚í𝑛, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = ( ) 𝑚í𝑛, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = 0,075𝐵 ( )
𝑠 𝑠 𝑚

Sendo B=Largura do bloco em cm, podendo ser tomado, para cargas elevadas (edifícios
de grande porte) como:
𝐵 ≥ 𝜙𝑒 = 2 . 15 𝑐𝑚
Espaçamento da armadura de pele:
𝑑
𝑠{ 3 𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑠 ≥ 8 𝑐𝑚 (𝑟𝑒𝑐𝑜𝑚𝑒𝑛𝑑𝑎çã𝑜 𝑝𝑟á𝑡𝑖𝑐𝑎)
20 𝑐𝑚

Espaçamento dos estribos verticais:


15 𝑐𝑚
𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎𝑠: 𝑠 ≤ { √𝜋
0,5 𝑎𝑒𝑠𝑡 = 0,5 𝜙𝑒
2
Nas outras posições além das estacas: 𝑠 ≤ 20 𝑐𝑚

Øe
Øe

Øe
2Øe

2,5Øe á 3Øe
=15cm

Figura 147 - Espaçamento estacas - bloco com duas estacas (3e – para estacas in-loco e 2,5e para estacas pré-moldadas.)

219
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Ancoragem da armadura principal e comprimento do bloco


A NBR 6118, item (22.7.4.1.1) estacas para os blocos rígidos que a armadura de flexão
“Deve ser disposta essencialmente (mais de 85 %) nas faixas definidas pelas estacas,
considerando o equilíbrio com as respectivas bielas. As barras devem se estender de face
a face do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. Deve ser garantida a
ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as estacas, medida a partir
das faces internas das estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da compressão
transversal às barras, decorrente da compressão das bielas.
𝐴𝑠, 𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏, 𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏
𝐴𝑠, 𝑒𝑓
Obs.: A distância da face externa da estaca à borda
extrema do bloco deve ser suficiente para garantir
a ancoragem da armadura, de modo que o
comprimento do bloco sobre duas estacas pode ser
estimado como:

𝑙 = 𝑒 + 𝜙𝑒 + 2 . 15 𝑐𝑚 (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑞𝑢𝑒 15 𝑐𝑚 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜𝑠)


Ou como opção: 𝑙 = 𝑒 + 2𝜙𝑒 + Figura 148 - Ancoragem da armadura
2𝑐 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑐 = 𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎

220
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38.5- Bloco sobre três estacas – Método das bielas

Figura 149 - Bloco sobre três estacas

Polígono de forças
𝑁
𝑑
𝑡𝑔 𝛼 = 3 =
𝑅𝑠 √3
𝑒 3 − 0,3𝑎𝑝

𝑁 𝑒√3 − 0,9𝑎𝑝 𝑁
𝑅𝑠 = ( ) ; 𝑅𝑐 =
9 𝑑 3𝑠𝑒𝑛 𝛼

Na direção das medianas do triângulo formado tomando os centros das estacas como
vértice, para pilares retangulares (ap.bp) pode-se adotar o pilar de seção quadrada
equivalente:

𝑎𝑝, 𝑒𝑞 = √𝑎𝑝 . 𝑏𝑝

221
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Altura útil
40° ≤ 𝛼 ≤ 55° → 0,485(𝑒 − 0,52𝑎𝑝) ≤ 𝑑 ≤ 0,825(𝑒 − 0,52𝑎𝑝)

Com 𝛼 assumindo os valores de 45° e 55° resulta:


𝑎𝑝 𝑎𝑝
0,58 (𝑒 − ) ≤ 𝑑 ≤ 0,825 (𝑒 − ) ; 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜
2 2

𝑎𝑝 𝑎𝑝
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0,58 (𝑒 − ) 𝑒 𝑑𝑚á𝑥 = 0,825 (𝑒 − )
2 2

Altura: ℎ = 𝑑 = 𝑑′
Sendo:
5 𝑐𝑚 √𝜋

𝑑 ≥{ 𝑎𝑒𝑠𝑡 𝑎𝑒𝑠𝑡 = 𝜙𝑒
2
5

Verificação das bielas


Como a seção das bielas varia ao longo da altura do bloco, por isso são verificadas junto
ao pilar e junto as estacas, assim como já visto anteriormente, analogamente é indicado
no bloco sobre duas estacas, todavia considerando agora Ap/3 ao invés de Ap/2, temos:
𝐴𝑝
𝐴𝑏 = 𝑠𝑒𝑛 𝛼 (á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 𝑛𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟)
3
𝐴𝑏 = 𝐴𝑒 𝑠𝑒𝑛 𝛼 (á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 𝑛𝑜 𝑡𝑜𝑏𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎)

Sendo:
Ab=Área da biela
Ap=Área do pilar
Ae=Área da estaca
Considerando a equação básica de tensão (𝜎𝑐𝑑 = 𝑅𝑐𝑑/𝐴𝑏), a tensão de compressão na
biela relativa ao pilar e à estaca é:

222
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No pilar:
𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = =
𝐴𝑝 2
3 𝑠𝑒𝑛 𝛼 3 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛 𝛼

Na estaca
𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = =
3 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝛼 3𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛2 𝛼

A tensão última, ou máxima, pode ser adotada com o seguinte valor empírico
(experimental), adotado por Blévot:
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 = 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡 = 1,75 . 𝐾𝑅 . 𝑓𝑐𝑑
A condição de segurança será atendida se:
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡
𝐶𝑜𝑚 0,9 ≤ 𝐾𝑅 ≤ 0,95

Armadura principal
Existem diversas maneiras de disposição das armaduras e detalhamento,
principalmente em blocos de 3 estacas, como descrito na sequência:
Armadura paralelas aos lados (sobre as estacas) e malha ortogonal.
Esta é a configuração mais usada no Brasil, pois apresenta a maior economia e a menor
fissuração.

Figura 150 - Armadura paralela aos lados e malha ortogonal para


bloco de 3 estacas

223
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A força Rs atua na direção das medianas do


triângulo, cujo vértices são os centros das
três estacas, e deve ter componente R’s
determinado segundo os eixos das
estacas. Considerando o seguinte
esquema de forças, pela lei dos senos
temos:
Figura 151-Decomposição da força de tração Rs
𝑅𝑠 𝑅′𝑠 √3 na direção dos eixos das estacas – BASTOS (2016)
= → 𝑅 ′ 𝑠 = 𝑅𝑠
𝑠𝑒𝑛120° 𝑠𝑒𝑛30° 3

Sendo a armadura para resistir a R’s, que é a força paralela aos lados do bloco, é:
𝑅 ′ 𝑠𝑑
𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 =
𝑓𝑦𝑑

√3𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 = (𝑒√3 − 0,9𝑎𝑝)
27 . 𝑑 . 𝑓𝑦𝑑

Obs.: Segundo a NBR 6118 (22.7.4.1.2) “Para controlar a fissuração, deve ser prevista
armadura positiva adicional, independente da armadura principal de flexão, em malha
uniformemente distribuída em duas direções para 20 % dos esforços totais.” A armadura
em malha, de barras finas em duas direções, podem ser:
𝐴𝑠, 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 1/5 𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 ≥ 𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝/𝑓𝑎𝑐𝑒 (𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜)

Onde 𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝/𝑓𝑎𝑐𝑒 é a armadura de suspensão por face, apresentada a seguir:


Armadura de suspensão
As armaduras de suspensão tem a função de evitar o surgimento de fissuras nas regiões
das estacas, que podem ocorrer devido ao fato da formação de bielas de compressão
que transferem parte da carga para as regiões inferiores do bloco, entre as estacas, e
que apoiam nas armaduras paralelas aos lados, disso surgem tensões de tração para a
região do bloco, e que caminha para as estacas.
Segundo a NBR 6118 (22.7.4.1.3) “Se for prevista armadura de distribuição para mais de
25 % dos esforços totais, ou se o espaçamento entre estacas for maior que 3 vezes o
diâmetro da estaca, deve ser prevista armadura de suspensão para a parcela de carga a
ser equilibrada.” Ou seja, independentemente da quantidade de armadura de
distribuição e a distância entre as estacas, é necessário a prescrição de uma armadura
de suspensão, com valor de:

224
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𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝, 𝑡𝑜𝑡 = ; 𝑛𝑒 = 𝑛° 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎𝑠
1,5 . 𝑛𝑒 . 𝑓𝑦𝑑
Para blocos sobre três estacas:
𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝, 𝑡𝑜𝑡 =
4,5 . 𝑓𝑦𝑑

Sendo então a armadura de suspensão para cada


face do bloco:
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝, 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝, 𝑓𝑎𝑐 =
3

Armadura superior e de pele


A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser considerada como uma
parcela da armadura principal:
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑝 = 0,2. 𝐴𝑠

A armadura de pele deve ser colocada em cada face lateral do bloco, na forma de
estribos ou simplesmente barras horizontais, com a finalidade de reduzir a abertura de
possíveis fissuras nessas faces, sendo:
1
𝐴𝑠𝑝, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = 𝐴𝑠, 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
8

Com 𝐴𝑠, 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 3. 𝐴𝑠, 𝑚𝑒𝑑 = 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙.

Figura 152 - Armadura de pelo bloco de 3 estacas

225
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𝑑
𝑠≤{ 3 , 𝑠 ≥ 8 𝑐𝑚
20 𝑐𝑚
38.6- Bloco sobre quatro estacas – Método das bielas
Pilar de seção quadrada, como centro coincidente com o centro geométrico do bloco e
das estacas.

Figura 153 - Bloco sobre quatro estacas

O ângulo de inclinação das bielas é:


𝑁
𝑑
𝑡𝑔 𝛼 = 4 =
𝑅𝑠 √2 √2
𝑒 2 − 𝑎𝑝 4

Do diagrama de forças temos a força de tração na direção das diagonais:

(𝑁√2) 2𝑒 − 𝑎𝑝 𝑁
𝑅𝑠 = ; 𝑅𝑐 =
16 𝑑 4𝑠𝑒𝑛 𝛼
P
Caso seja um pilar retangular devemos substituir “ap” por “ap,eq”

𝑎𝑝, 𝑒𝑞 = √𝑎𝑝 . 𝑏𝑝

226
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Altura útil
Deve ter: 45° ≤ 𝛼 ≤ 55°, e:

𝑎𝑝 𝑎𝑝
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0,71 (𝑒 − ) ; 𝑑𝑚á𝑥 = 𝑒 −
2 2

5 𝑐𝑚 √𝜋
ℎ = 𝑑 + 𝑑’ 𝑑 ≥ { 𝑎𝑒𝑠𝑡

; 𝑎𝑒𝑠𝑡 = 𝜙𝑒
2
5
Verificação das bielas
Da mesma forma que os demais blocos, contudo desta vez considerando Ap/4 ao invés
de Ap/2, no caso de duas estacas, temos então:
𝐴𝑝
𝐴𝑏 = 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ; á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟
4
𝐴𝑏 = 𝐴𝑒 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ; á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑎𝑜 𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎

Considerando a equação básica de tensão:


𝑅𝑐𝑑
𝜎𝑐𝑑 =
𝐴𝑏
A tensão de compressão na biela, relativa ao pilar e à estaca, é:
𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = =
𝐴𝑝
4𝑠𝑒𝑛 𝛼 4 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛²𝛼

𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = =
4𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝐴𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝛼 4 𝐴𝑒 𝑠𝑒𝑛2 𝛼

𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 = 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡 = 2,1𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 ; 𝑐𝑜𝑚 0,9 ≤ 𝐾𝑅 ≤ 0,95

Condição de segurança:
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 ; 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡

227
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Armadura principal
Existem quatro diferentes tipos de composição de armadura principal, como indicado
abaixo:

a) Segundo a direção das diagonais b) Paralela aso lados

c) Segundo a direção das d) Em malha única


diagonais e paralela aos
Figuralados
154 - Tipos de configuração de armadura para blocos de quatro
estacas

Obs.: O tipo de detalhamento mais utilizado é o b), sendo um dos mais eficientes, já a
configuração a) apresentou fissuração lateral excessivas ainda com cargas reduzidas, a
armadura do tipo malha d), apresentou carga de ruptura inferior aos dos outro casos e
uma eficiência 80% e o melhor desempenho quanto a fissuração, nos detalhamentos a),
b) e c) deve ser acrescentada uma armadura inferior em malha, a fim de evitar fissuras
na parte inferior do bloco devido à falta de armadura.

Tipo “a” na direção das diagonais

𝑁√2 2𝑒 − 𝑎𝑝
𝑅𝑠 = .
16 𝑑

A área de armadura na direção de cada diagonal

𝑁𝑑√2
𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑎𝑔 = (2𝑒 − 𝑎𝑝)
16. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑

228
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Tipo b) e d) paralela aos lados e em malha


Obs.: O detalhamento da armadura principal paralela aos lados, e com adição de
armadura em malha é o mais usual na prática.

Figura 155 - Configuração armadura paralela aos lados e em


malha

A força de tração
paralela aos lados e R’s, e a armadura paralela a cada lado é:
𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 = (2𝑒 − 𝑎𝑝)
16𝑑. 𝑓𝑦𝑑

A armadura de distribuição em malha, em cada direção, pode ser adotada como:


𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝
𝐴𝑠, 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 0,25𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 ≥
4
Armadura de suspensão total:
𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝 =
6𝑓𝑦𝑑
Armadura complementares
Além da armadura de suspensão deve ser colocada uma armadura de pele, em forma
de barras horizontais nas faces, com área por face de:
1
𝐴𝑠𝑝, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = 𝐴𝑠, 𝑡𝑜𝑡
8
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𝐴𝑠, 𝑡𝑜𝑡 = 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 4𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑜𝑢 4𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑎𝑔

𝑑
𝑠≤{ 3 ; 𝑠 ≥ 8 𝑐𝑚
20 𝑐𝑚

A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser tomada como uma parcela
da armadura principal:
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑝 = 0,2𝐴𝑠

Bloco cobre cinco estacas (com uma no centro) – Método das bielas
Obs.: O procedimento para dedução de Rs é semelhante ao bloco sobre quatro estacas,
substituindo-se N por 4/5N

3. ∅𝑒√2 + 2. ∅𝑒
3. ∅𝑒√2

∅𝑒
≤ 15𝑐𝑚
3. ∅𝑒√2
3. ∅𝑒√2 + 2. ∅𝑒

Figura 156 - Bloco sobre cinco estacas sendo


uma central

4 𝑁√2 (2𝑒 − 𝑎𝑝)


𝑅𝑠 =
5 16 𝑑

Altura útil
Considerando 45° ≤ 𝛼 ≤ 55°
𝑎𝑝 𝑎𝑝
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0,71 (𝑒 − ) ; 𝑑𝑚á𝑥 = 𝑒 −
2 2

230
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5 𝑐𝑚
′ ′
ℎ =𝑑+𝑑 ; 𝑑 ≥ {𝑎𝑒𝑠𝑡 1 √𝜋
= 𝜙𝑒
5 5 2
Verificação das bielas
De forma análoga ao descrito para os blocos sobre duas, três e quatro estacas, a
tensão na biela junto ao pilar e à estaca é:

𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = ; 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 =
𝐴𝑝 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 5𝐴𝑒 𝑠𝑒𝑛2 𝛼

Tensão limite junto ao pilar e à estaca:


𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 = 2,6𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 ; 𝑐𝑜𝑚 0,9 ≤ 𝐾𝑅 ≤ 0,95
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡 = 2,1𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑

Condição de segurança:
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑝𝑖𝑙 ; 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 ≤ 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚, 𝑒𝑠𝑡

Armadura principal
Como já dito anteriormente os blocos sobre Nd deve ser substituído por 4/5Nd, sendo
o detalhamento análogos. Para armadura principal paralela aos lados e malha:
A armadura paralela a cada lado é:
4 𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 = (2𝑒 − 𝑎𝑝) = (2𝑒 − 𝑎𝑝)
5 16𝑑. 𝑓𝑐𝑑 20𝑑 . 𝑓𝑦𝑑

Armadura de distribuição em malha em cada lado é:


𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝
𝐴𝑠, 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 0,25𝐴𝑠, 𝑙𝑎𝑑𝑜 ≥ (4 = 𝑛° 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜)
4

Armadura de suspensão total:


𝑁𝑑
𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑝 =
6. 𝑓𝑦𝑑

231
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Obs.: O detalhamento é o mesmo mostrado para bloco sobre quatro estacas!

Reação das estacas


Para o dimensionamento dos blocos sobre estacas temos que ter a informação de
capacidade de carga das estacas, desta maneira é necessária a verificação das estacas
logo no início dos trabalhos, para isso podemos verificar para a carga do pilar N e o
momento M.
𝑁𝑘 𝑀
𝑅𝑒, 𝑚á𝑥 = 1,02. +
2 𝑒
Obs.: 1,02 constante adotado de consideração do peso próprio do bloco e do solo sobre
ele.
Obs.: É comum adotar 𝑅𝑒, 𝑚á𝑥 . 𝑛𝑒 = 𝑁𝑘, ou seja a reação das estacas vezes o número
de estacas é a nova carga aplicada no bloco, considerando que o número de estacas deve
obrigatoriamente resistir aos esforços oriundos do pilar, essa consideração, serve como
um tipo de verificação da capacidade de carga do bloco além de trabalhar a favor da
qualidade.

38.7- Exemplo 1 - Cálculo de bloco sobre duas estacas


Dimensionar e detalhar as armaduras de um bloco para pilar com seção transversal
20x40 cm, sobre duas estacas com capacidade nominal de 400 kN (40 tonf) e diâmetro
(φe) de 30 cm. Os momentos fletores solicitantes no pilar estão indicados na figura,
dados:

• C=3 cm

• Concreto C20; aço CA-50

• As,pil=28,65 cm² (10φ 20mm = 31,50 cm²)

• Nk=716,8 kN

• Mx=440 kN.cm

• My=450 kN.cm

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Resolução
a) Dimensões do bloco em planta
Em função da capacidade da estaca e dos esforços
solicitantes no pilar, o bloco terá duas estacas, na direção
do eixo y do pilar (maior lado). O momento fletor My será
absorvido ou resistido por uma viga transversal, para
travamento do bloco na direção x do pilar

0.15 0.30 0.15 0.30 0.15 0.30 0.15

0.15
0.30

0.30
0.30

0.15
0.30 0.90 0.30

1.50

My

Re.nom Re.nom

Figura 157 - Dimensões (cm) do bloco sobre


duas estacas
Reação na estaca
𝑁𝑘 𝑀𝑦 716,8 450
𝑅𝑒, 𝑚á𝑥 = 1,02. + = 1,02. + = 370,6 𝑘𝑁 < 𝑅𝑒, 𝑛𝑜𝑚 = 400𝑘𝑁
2 𝑒 2 80
Considerando a favor da segurança a maior carga nas estacas, a força normal sobre o
bloco passa a ser:
𝑁𝑘 = 370,6 . 2 = 741,2 𝑘𝑁

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𝑁𝑑 = 𝛾𝑓 . 𝑁𝑘 = 1,4 . 741,2 = 1.037,6 𝑘𝑁

b) Altura do bloco
𝑎𝑝 30
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝛼 = 45° → 𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0,5 (𝑒 − ) = 0,5 (90 − ) = 37,5 𝑐𝑚
2 2

𝑎𝑝 30
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝛼 = 55° → 𝑑𝑚á𝑥 = 0,71 (𝑒 − ) = 0,71 (90 − ) = 53,25 𝑐𝑚
2 2

5 𝑐𝑚

𝑑 ≥ {𝑎𝑒𝑠𝑡 1 √𝜋 1 √𝜋 ∴ 𝑑 ′ = 6 𝑐𝑚
= 𝜙𝑒 = 30 = 5,3 𝑐𝑚
5 5 2 5 2

𝐴𝑑𝑜𝑡𝑎𝑛𝑑𝑜 ℎ = 50 𝑐𝑚 → 𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ = 50 − 6 = 44 𝑐𝑚
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 37,5 < 𝑑 = 44 𝑐𝑚 < 𝑑𝑚á𝑥 = 53,25 𝑐𝑚 → 𝑜𝑘!

Verificação da ancoragem da armadura longitudinal do pilar no bloco: considerando


concreto C20, φ,pil= 20mm, boa aderência e com gancho, segundo Tabela 27, o
comprimento de ancoragem básico (lb) resulta 61 cm e:
𝑑 = 44 𝑐𝑚 < 𝑙𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = 61 𝑐𝑚 → 𝑛ã𝑜 𝑜𝑘!
Soluções:

• Aumentar a altura do bloco para atender a necessidade de ancoragem do bloco

• Diminuir o comprimento de ancoragem básico da armadura do pilar

• Fazer um” colarinho”, que é um alargamento da seção do pilar sobre o bloco, de


modo a aumentar a altura somente da região da ancoragem do pilar
Adotando a solução do “colarinho”, que neste caso se mostra a ser a mais econômica
30+40
será feito com seção 30 x 40 cm e altura = 35 𝑐𝑚
2

Considerando o colarinho o ângulo α é:


𝑑 44
𝑡𝑔 𝛼 = 𝑒 𝑎𝑝 = = 1,467 → 𝛼 = 51,5° < 55° → 𝑜𝑘!
− 90 40
2 4 −
2 4

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Figura 158 - Bloco sobre duas estaca com "colarinho"

c) Verificação das bielas


Tensão limite
2,0 𝑘𝑁
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚 = 1,4𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 = 1,4 . 0,95 = 1,9 = 19 𝑀𝑃𝑎
1,4 𝑐𝑚2
Tensão atuante junto ás estacas:
𝑁𝑑 1037,6
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = = = 1,267𝑘𝑁/𝑐𝑚²
2𝐴𝑒 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 𝜋 . 302 2
2 ( 4 ) 𝑠𝑒𝑛 (49,5)

𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = 10.77 𝑀𝑃𝑎 < 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚 = 19,0 𝑀𝑃𝑎 → 𝑜𝑘!

Tensão atuante junto ao pilar considerando a seção 30x40 cm do colarinho:


𝑁𝑑 1039,4
𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑝𝑖𝑙 = = = 1,198 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴, 𝑐𝑜𝑙 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 (30.40)𝑠𝑒𝑛2 51,5

𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑒𝑠𝑡 = 12,69 𝑀𝑃𝑎 < 𝜎𝑐𝑑, 𝑏, 𝑙𝑖𝑚 = 19,0 𝑀𝑃𝑎 → 𝑜𝑘!

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d) Armaduras
Armadura principal:
1,15𝑁𝑑 1,15 . 1037,6
𝐴𝑠 = (2𝑒 − 𝑎𝑝) = (2 . 90 − 30) = 11,69𝑐𝑚2
8𝑑. 𝑓𝑦𝑑 8 . 44 . 43,5

𝐴𝑠 = 11,69 𝑐𝑚2 (6𝜙 16𝑚𝑚 → 12 𝑐𝑚2 )

Armadura superior (negativa na direção das duas estacas)


𝐴𝑠, 𝑠𝑢𝑝 = 0,2𝐴𝑠 = 0,2 . 11,69 = 2,33 𝑐𝑚2 (3 𝜙 10𝑚𝑚 → 2,4 𝑐𝑚2 )

Armadura de pele e estribos verticais por face:


𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤 𝑐𝑚2
( ) 𝑚𝑖𝑛, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = ( ) 𝑚𝑖𝑛, 𝑓𝑎𝑐𝑒 = 0,075. 𝐵 = 4,5 (𝜙8𝑚𝑚 𝑐/11 𝑐𝑚)
𝑠 𝑠 𝑚

Comprimento de ancoragem básico pode ser determinado na Tabela 27. Na coluna sem
gancho, considerando concreto C20, aço CA-50, diâmetro de 16mm e região de boa
aderência, encontra-se o comprimento de ancoragem básico de (lb) 49 cm, com α=0,7

𝐴𝑠, 𝑐𝑎𝑙𝑐 11,69


𝑙𝑏, 𝑛𝑒𝑐 = 𝛼𝑙𝑏 = 0,7 .49 = 33,43 𝑐𝑚
𝐴𝑠, 𝑒𝑓 12

Como o cobrimento da armadura de 3 cm, o comprimento de ancoragem efetivo ou útil


é: 𝑙𝑏, 𝑒𝑓 = 50 − 3 = 47 𝑐𝑚, o que permite a ancoragem, pois, 𝑙𝑏, 𝑛𝑒𝑐 = 33,43 <
𝑙𝑒, 𝑒𝑓 = 47 𝑐𝑚. Caso não fosse suficiente, a solução mais simples seria aumentar a
distância entre a extremidade externa da estaca e a face do bloco.

O comprimento do gancho vertical deve ser no mínimo 8φ=8. 1,6= 12,8 cm. O gancho
pode ser estendido até a face superior (obedecendo o cobrimento), a fim de reforçar a
superfície vertical extrema do bloco:

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Figura 159 - detalhamento bloco de duas estacas Ex. 1

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Exemplo 2 – Bloco sobre três fustes de tubulão

• Diâmetro do fuste: φf=70 cm;


• Seção transversal do pilar: 65x65 cm;
• Diâmetro da armadura vertical do pilar: φpil:20mm;
• Carga vertical do pilar Nk: 4.500 kN;
• Coeficiente de ponderação: γf=1,4 γs=1,15
• Concreto C25; aço CA-50
• Cobrimento: c=4cm

Resolução – método das bielas


Determinando a altura do bloco:
𝑎𝑝 65
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0.58. (𝑒 − ) → 0.58. (210 − ) = 102.95 𝑐𝑚 → 45°
2 2
𝑎𝑝 65
𝑑𝑚á𝑥 = 0.825. (𝑒 − ) → 0.825. (210 − ) = 146,44 𝑐𝑚 → 55°
2 2

Embutimento da estaca (fuste)


5 𝑐𝑚
𝑑′ {1 √𝜋
. . φf = 12,4 cm
5 2

𝑑 ′ = 12 𝑐𝑚

Adotando um h
ℎ = 145 𝑐𝑚
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ → 145 − 12 = 133 𝑐𝑚

Ancoragem do pilar - Tabela 27


𝑙𝑏 = 53 𝑐𝑚

238
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Ângulo α

d d
α = cotan ( ) → cotan ( ) = 52,58°
√3 √3
e + 3 − 0.3. 𝑎𝑝 210 + 3 − 0.3. 𝑎𝑝

Verificação das bielas de compressão:


Coeficiente de Rusch
KR=0,95
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 = 1.75. 𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 → 1.75 . 0.95 . 1.786 = 2,969 𝑘𝑁/𝑐𝑚2

Tensão junto ao pilar:


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 4500
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 = → = 2,364 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴𝑝. (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 4225. (𝑠𝑒𝑛(52,58))²
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 ∴ 𝑜𝑘!

Tensão junto ao fuste


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 4500
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 = → = 0.865 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝜋. 𝜙𝑓 2 𝜋. 702
3. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 3. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(52,58))²

𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 ∴ 𝑜𝑘!

Cálculo do peso próprio do bloco


𝑝𝑝 = 𝐴𝑏. ℎ. 25 → 7.9 . 1.45 . 25 ≅ 300 𝑘𝑁

𝑁𝑑 = 1.4 . (𝑁𝑘 + 𝑝𝑝) → 1.4. (4500 + 300) = 6720 𝑘𝑁

Cálculo das armaduras


√3 . 𝑁𝑑 √3 . 6720
𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 = . (𝑒. √3 − 0.9. 𝑎𝑝) → . (210. √3 − 0.9. 65) = 22,75 𝑐𝑚²
27 . 𝑑 . 𝑓𝑦𝑑 27 . 133 .43,5

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8φ de 20mm

Armadura da malha
1 1
𝐴𝑠. 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 → . 22,75 = 4,551 𝑐𝑚²
5 5

Armadura de suspensão total e por face


𝑁𝑑 6720
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = → = 34,35 𝑐𝑚²
4,5 . 𝑓𝑦𝑑 4,5 . 43,5
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = = 11,45 𝑐𝑚²
3

Obs.: Como o gancho da armadura de malha pode ser usado como armadura de
suspensão é conveniente que se igualem no detalhamento!

𝐴𝑠. 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = 𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = 11,45 𝑐𝑚²

10 barras de 12,5 mm

Armadura superior

𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = 0,20 . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 3 → 0,20 . 22,75 . 3 = 13,65 𝑐𝑚²
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑑𝑖𝑟 = = 6,83 𝑐𝑚²
2
14 barras de 8mm

Armadura de pele
1 1
𝐴𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 3 → . 22,75 . 3 = 8,53 𝑐𝑚2
8 8

11 barras de 10mm

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Figura 160 - Detalhamento bloco de três estacas

241
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Exemplo 4 – Bloco sobre quatro estacas

• Diâmetro da estaca: φf=30 cm;


• Seção transversal do pilar: 20x70 cm;
• Diâmetro da armadura vertical do pilar: φpil:16mm;
• Carga vertical do pilar Nk: 1300 kN;
• Coeficiente de ponderação: γf=1,4 γs=1,15
• Concreto C20; aço CA-50
• Cobrimento: c=3cm

Resolução
Seção equivalente do pilar

𝑎𝑝. 𝑒𝑞 = √𝑎𝑝. 𝑏𝑝 → √70.20 = 37,42 𝑐𝑚

𝐴𝑝 = 𝑎𝑝. 𝑒𝑞 2 → 37,422 = 1400 𝑐𝑚²

Dimensões do elemento de fundação


𝐵 = 5 . 𝜙𝑒 → 5 . 30 = 150 𝑐𝑚
𝐴 = 5 . 𝜙𝑒 → 5 . 30 = 150 𝑐𝑚

Cálculo da altura do bloco


𝑎𝑝. 𝑒𝑞 37,42
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0.71. (𝑒 − ) → 0.71. (90 − ) → 50,62 𝑐𝑚
2 2
𝑎𝑝. 𝑒𝑞 37,42
𝑑𝑚á𝑥 = 𝑒 − → 90 − = 71,3 𝑐𝑚
2 2

Embutimento das estacas

5 𝑐𝑚
𝑑′ {1 √𝜋
. . ϕe = 5,32 cm
5 2

𝑑 ′ = 6 𝑐𝑚
242
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Adotando uma altura


ℎ = 60 𝑐𝑚
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ → 60 − 6 = 54 𝑐𝑚

Ancoragem do pilar - Tabela 27


𝑙𝑏 = 49 𝑐𝑚
𝑑 < 𝑙𝑏 ∴ 𝑜𝑘!

Calculo do ângulo α

d 54
α = cotan ( ) → cotan ( ) = 46,9°
√2 √2 √2 √2
(𝑒. 2 − 𝑎𝑝. 𝑒𝑞. 4 (90. 2 − 37,42. 4

Verificação das bielas de compressão


KR=0,95

𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚. 𝑒𝑠𝑡 = 2,1. 𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 → 2,1 . 0.95 . 1.43 = 2,85 𝑘𝑁/𝑐𝑚2

Tensão junto ao pilar:


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 1300
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 = → = 2,433 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴𝑝. (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 1400. (𝑠𝑒𝑛(46,9))²
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 ∴ 𝑜𝑘!

Tensão junto ao fuste


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 1300
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 = → = 1,205 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝜋. 𝜙𝑓 2 𝜋. 302
4. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 4. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(46,9))²

𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 ∴ 𝑜𝑘!

243
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Cálculo do peso próprio do bloco


𝑝𝑝 = 𝐴. 𝐵. ℎ. 25 → 1,50 . 1,50 . 0,60 .25 = 33,75 𝑘𝑁

𝑁𝑑 = 1.4 . (𝑁𝑘 + 𝑝𝑝) → 1.4. (1300 + 33,75) = 1867,25 𝑘𝑁

Cálculo das armaduras


𝑁𝑑 1867,25
𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 = . (2. 𝑒 − 𝑎𝑝. 𝑒𝑞) → . (2 . 90 − 37,42) = 7,087 𝑐𝑚²
16 . 𝑑 . 𝑓𝑦𝑑 16 . 54 .43,5

6φ de 12,5mm

Armadura da malha
1 1
𝐴𝑠. 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 → . 7,087 = 1,772 𝑐𝑚²
5 5

Armadura de suspensão total e por face


𝑁𝑑 1867,25
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = → = 6,97 𝑐𝑚²
6 . 𝑓𝑦𝑑 6 . 43,5
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = = 1,74 𝑐𝑚²
4
6 barras de 6,3 mm em cada face

Armadura superior

𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = 0,20 . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 4 → 0,20 . 7,087 . 4 = 5,67 𝑐𝑚²
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑑𝑖𝑟 = = 2,835 𝑐𝑚²
2
9 barras de 6,3mm e cada direção

Armadura de pele
1 1
𝐴𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 4 → . 7,087 . 4 = 3,54 𝑐𝑚2
8 8

244
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7 barras de 8mm

Figura 161 - Detalhamento bloco sobre quatro estacas

245
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Exemplo 4 – Bloco sobre quatro estacas

• Diâmetro da estaca: φf=30 cm;


• Seção transversal do pilar: 30x30 cm; 60
• Diâmetro da armadura vertical do pilar:
φpil:16mm;

30
• Carga vertical do pilar Nk: 2100 kN;
30
• Coeficiente de ponderação: γf=1,4 γs=1,15
• Concreto C25; aço CA-50
• Cobrimento: c=3cm

Resolução
Seção equivalente do pilar

𝑎𝑝. 𝑒𝑞 = √𝑎𝑝. 𝑏𝑝 → √60.30 = 42,43 𝑐𝑚

𝐴𝑝 = 𝑎𝑝. 𝑒𝑞 2 → 42,432 = 1800 𝑐𝑚²

Dimensões do elemento de fundação

𝐵 = 3 . 𝜙𝑒. √2 + 2. 𝜙𝑒 → 3 . 30. √2 + 2.30 = 187,23 𝑐𝑚

𝐴 = 3 . 𝜙𝑒. √2 + 2. 𝜙𝑒 → 3 . 30. √2 + 2.30 = 187,23 𝑐𝑚

Cálculo da altura do bloco


𝑎𝑝. 𝑒𝑞 42,43
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 0.71. (𝑒 − ) → 0.71. (90 − ) → 48,84 𝑐𝑚
2 2
𝑎𝑝. 𝑒𝑞 42,43
𝑑𝑚á𝑥 = 𝑒 − → 90 − = 68,78 𝑐𝑚
2 2

Embutimento das estacas

5 𝑐𝑚
𝑑′ {1 √𝜋
. . ϕe = 5,32 cm
5 2

246
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𝑑 ′ = 6 𝑐𝑚

Adotando uma altura


ℎ = 60 𝑐𝑚
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ → 60 − 6 = 54 𝑐𝑚

Ancoragem do pilar - Tabela 27


𝑙𝑏 = 42 𝑐𝑚
𝑑 < 𝑙𝑏 ∴ 𝑜𝑘!

Cálculo do ângulo α

d 54
α = cotan ( ) → cotan ( ) = 47,99°
√2 √2 √2 √2
(𝑒. 2 − 𝑎𝑝. 𝑒𝑞. 4 (90. 2 − 42,43. 4

Verificação das bielas de compressão


KR=0,95

𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚. 𝑒𝑠𝑡 = 2,1. 𝐾𝑅. 𝑓𝑐𝑑 → 2,1 . 0.95 . 1.786 = 3,563 𝑘𝑁/𝑐𝑚2

Tensão junto ao pilar:


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 2100
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 = → = 2,958 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴𝑝. (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 1800. (𝑠𝑒𝑛(47,99))²
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑝𝑖𝑙 ∴ 𝑜𝑘!

Tensão junto ao fuste


1.4. 𝑁𝑘 1.4 . 2100
𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 = → = 1,507 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝜋. 𝜙𝑓 2 𝜋. 302
5. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(𝛼))² 5. ( 4 ) . (𝑠𝑒𝑛(47,99))²

𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑙𝑖𝑚 > 𝜎𝑐𝑑. 𝑑. 𝑓 ∴ 𝑜𝑘!

247
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Cálculo do peso próprio do bloco


𝑝𝑝 = 𝐴. 𝐵. ℎ. 25 → 1,88 . 1,88 . 0,60 .25 = 52,61 𝑘𝑁

𝑁𝑑 = 1.4 . (𝑁𝑘 + 𝑝𝑝) → 1.4. (2100 + 52,61) = 3013,65 𝑘𝑁

Cálculo das armaduras


𝑁𝑑 1867,25
𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 = . (2. 𝑒 − 𝑎𝑝. 𝑒𝑞) → . (2 . 90 − 42,43) = 8,83 𝑐𝑚²
20 . 𝑑 . 𝑓𝑦𝑑 20 . 54 .43,5

8φ de 12,5mm

Armadura da malha
1 1
𝐴𝑠. 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜 → . 8,83 = 2,207 𝑐𝑚²
5 5

Armadura de suspensão total e por face


𝑁𝑑 3013,65
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = → = 11,27 𝑐𝑚²
6 . 𝑓𝑦𝑑 6 . 43,5
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = = 2,81 𝑐𝑚²
4
6 barras de 8 mm em cada face

Armadura superior

𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡 = 0,20 . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 4 → 0,20 . 8,83 . 4 = 7,064 𝑐𝑚²
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑡𝑜𝑡
𝐴𝑠. 𝑠𝑢𝑝. 𝑑𝑖𝑟 = = 3,53 𝑐𝑚²
2
8 barras de 8mm e cada direção

Armadura de pele

248
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1 1
𝐴𝑠𝑝. 𝑓𝑎𝑐𝑒 = . 𝐴𝑠. 𝑙𝑎𝑑𝑜. 4 → . 8,83 . 4 = 4,415 𝑐𝑚2
8 8
6 barras de 10 mm

Figura 162 -Detalhamento bloco sobre cinco estacas

249
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39- Capacidade de carga em estacas


A capacidade nas estacas é uma informação imprescindível para o dimensionamento de
fundações profundas, neste material vamos analisar as estacas com dois métodos, Aoki-
Velloso e Décourt-Quaresma, ambos métodos semi-empíricos utilizando como
parâmetros de solo resultados obtidos do ensaio de SPT.
Principais tipos de estacas
Estaca de madeira
Constituídas de troncos de árvores que tenham certa retilineidade, com uma
preparação superficial como a retirada das camadas mais externas (cascas), preparação
quanto a sua durabilidade e a execução de ponta para facilitar a cravação no solo.
Estaca metálica
Constituída por perfis metálicos de diversas seções (H, I, duplo I, Tubo, trilhos), podendo
ser em perfil laminado ou soldado. Deve-se observar as questões quanto a corrosão do
material, analisando a agressividade do meio para que se avalie a viabilidade da
utilização desse material como elemento de fundação.
Estaca pré-moldada
Estacas de concreto estão entre as mais utilizadas, por conta do seu bom
comportamento químico e mecânico torna mais fácil seu manuseio dispensando muitas
vezes uma manufatura mais especializada, as estacas pré-moldadas, como seu nome
pressupõe, são fabricadas anteriormente a execução da obra, geralmente em um local
diferente do canteiro. Composta por concreto e aço passivo ou ativo (protendido) nas
formas: quadrada, circular, hexagonal, octogonal, maciças ou com alvéolo central, com
anéis de emenda para facilitar a continuidade da cravação, as estacas pré-moldadas são
relativamente fáceis de manejar.
Estaca moldada in-loco
As estacas moldadas in-loco, são as mais comuns entre todas as citadas, onde o furo é
previamente executado para uma posterior concretagem o que acarreta em uma
economia uma vez que o concreto utilizado contempla exatamente o comprimento da
estaca não havendo perdas, ou perdas mínimas se comparado à estaca pré-moldada
onde há perdas de parte do material quando não é mais possível a cravação. Sua
desvantagem é a própria execução, que não tem a segurança quanto a qualidade da
concretagem, pois pode haver falhas em trechos da estaca causando perdas de
resistência. Para execução dessas estacas recomenda-se a utilização de concreto com
resistência mínima de 20 MPa, com consumo mínimo de cimento de 300 kg/m² que
apresente um abatimento (slump) de 8 cm para estacas não armadas e de 12 cm para
estacas armadas.

250
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39.1- Dentre as estacas moldadas in-loco temos:


39.1.2- Estaca Strauss
Utilizada quando o nível d’água está muito próximo da cota inicial da estaca, é
executada com um tripé semelhante ao do ensaio de SPT, que crava um tubo
metálico, chamado de camisa, com diâmetro que determina o diâmetro da estaca,
que evita a entrada de água no interior do furo, com o auxílio de uma sonda oca
retira o solo com água do interior do furo. Atingindo a profundidade desejada é feita
a concretagem ao mesmo tempo que se retira as camisas metálicas que impediam a
água de adentrar ao furo, assim o espaço que antes era preenchido por um vazio vai
sendo preenchido por concreto que também tem a capacidade de conter a água.
39.1.3- Estaca Franki
Assim como a estaca Strauss, também utiliza um tubo metálico para cravação, é
constituída por um tripé, relativamente maior do que o de Strauss uma vez que
utiliza de um pilão de 1 a 4 toneladas (depende do diâmetro da estaca), sobre os
golpes do pilão está uma mistura de brita e areia, que forma uma “bucha” estanque,
que ao mesmo tempo causa o afundamento do tubo para posterior concretagem, a
principal vantagem desse método é a base alargada causada pelos golpes do pilão,
que aumenta significativamente a capacidade de carga da estaca diminuindo
consequentemente a necessidade de um comprimento maior, entretanto, é pouco
utilizada em centros urbanos por conta da grande vibração causada por sua
execução.
39.1.4- Estaca Escavada
As estacas escavadas sem ou com estabilização do furo são executadas com o auxílio
de um trado manual ou mecânico que após atingido a profundidade desejada é
concretada diretamente. Estacas sem estabilização só é permitida quando em solo
argiloso e acima do nível d’água, caso contrário, é necessário a utilização de suporte
removível, perdido ou por fluido estabilizador, como lama bentonítica, que pode ser
aplicada não somente para estaca escavada como para qualquer elemento de
fundação profunda que se deseje estabilizar.

251
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40- Método Aoki-Velloso


O método Aoki-Velloso, foi desenvolvido em 1975, a partir de estudo comparativo entre
resultados de prova de carga em estacas e de SPT.

A primeira expressão da capacidade de carga da estaca pode ser escrita relacionando a


resistência de ponta com a resistência por atrito lateral da estaca com resultados do
SPT:
𝑄𝑢 = 𝑄𝑝 + 𝑄𝑎
Sendo:
𝐾𝑁
𝑄𝑝 = 𝐴𝑝 ; 𝐴𝑝 = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑒 𝑁 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎
𝐹1
𝛼𝐾𝑁
𝑄𝑎 = 𝛴 . 𝐴𝑙 ; 𝐴𝑙 = 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑛𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑒 𝑁 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎
𝐹2

Sendo os valores de 𝑘 e 𝛼 adotados por Aoki e Velloso como na tabela abaixo:

Tabela 32 - Valores de k e α (Aoki-Velloso)

Tipo de Solo 𝒌 (kgf/cm²) 𝜶(%)


Areia 10 1,4
Areia Siltosa 8 2
Areia siltoargilosa 7 2,4
Areia argilosiltosa 5 2,8
Areia argilosa 6 3
Silte arenoso 5,5 2,2
Silte arenoargiloso 4,5 2,8
Silte 4 3
Silte argiloarenoso 2,5 3
Silte Argiloso 2,3 3,4
Argila arenosa 3,5 2,4
Argila arenosiltosa 3 2,8
Argila siltoarenosa 3,3 3
Argila siltosa 2,2 4
Argila 2 6

Os valores F1 e F2 foram obtidos a partir da retro-análise de resultados de prova de


carga em estacas (cerca de 100 provas de carga entre os vários tipos) a partir de
resultados de ensaio de SPT, esses valores se encontram na tabela abaixo:

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Tabela 33 - Valores F1 e F2 (Aoki-Velloso, modificado por Monteiro)

Tipo de estaca F1 F2
Franki de fuste apiloado 2,3 3,0
Franki de fuste vibrado 2,3 3,2
Metálica 1,75 3,5
Pré-moldada de concreto cravada a percussão 2,5 3,5
Pré-moldada de concreto cravada por prensagem 1,2 2,3
Escavada com lama bentonítica 3,5 4,5
Raiz 2,2 2,4
Strauss 4,2 3,9
Hélice contínua 3,0 3,8

41- Método Décourt-Quaresma


O método apresentado por Luciano Décourt e Arthur Quaresma em 1978, apresenta
uma solução um pouco diferente do método anterior, no entanto, da mesma forma é
muito difundido hoje no Brasil, contudo, o método não leva em consideração o processo
executivo, o que pode trazer algumas diferenças de resultados se comparado ao método
anterior
O método considera a capacidade de carga, assim como Aoki-Velloso, como a soma da
resistência de ponta e do atrito lateral, sendo essas equações apresentadas a seguir:
𝑞𝑝 = 𝐶. 𝑁 ; 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎

Resistencia Lateral:
𝑁𝑚é𝑑
𝜏𝑙, 𝑢𝑙𝑡 = +1 ; 𝑁𝑚é𝑑 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒
3
Sendo os valores de C indicados na tabela abaixo:

Tipo de solo C (tf/m²)


Argilas 10
Siltes argilosos (alteração de rocha) 12
Silte Arenoso (alteração da rocha) 14
Areias 20

253
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A expressão do atrito lateral independe do tipo de solo, na determinação de Nméd, os


valores de N menores que 3 devem ser considerados iguais a 3, e maiores que 50 devem
ser considerados iguais a 50.

Em relação aos coeficiente de segurança, sugerem que o coeficiente global F seja


expresso como:
𝐹 = 𝐹𝑝. 𝐹𝑓. 𝐹𝑑. 𝐹𝑤
Sendo:
Fp = Coeficiente de segurança relativo aos parâmetros do solo (1,1 para atrito lateral e
1,35 para resistência de ponta)
Ff = Coeficiente de segurança relativo à formulação adotada (igual a 1)
Fd = Coeficiente de segurança para evitar recalques excessivos (igual a 1 para atrito
lateral e 2,5 para resistência de ponta)
Fw = Coeficiente de segurança relativo à carga de trabalho da estaca (igual a 1,2)

Com isso temos:

• Para a resistência lateral:


𝐹𝑙 = 1,1 . 1,0 . 1,0 . 1,2 = 1,32 ≅ 1,3

• Para a resistência de ponta:


𝐹𝑝 = 1,35 . 1,0 . 2,5 . 1,2 = 4,05 ≅ 4,0
A carga admissível para a estaca será então:
𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡 𝑄𝑝, 𝑢𝑙𝑡
𝑄𝑎𝑑𝑚 = +
1,3 4,0

Exemplo 1 - Duas sondagens foram executadas no mesmo local em uma cidade do


interior do Estado de São Paulo em duas datas diferentes. A primeira delas foi realizada
em 2 de Julho de 2012 e a segunda em 20 de Janeiro de 2013.
Considerando como soluções uma fundação em estaca pré-moldada de concreto
cravada a percussão, com diâmetro de 20 cm e comprimento de 8 m, pergunta-se:
- Qual a variação da carga admissível do sistema estaca-solo para essa solução?

254
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Obs.: A cabeça das estacas pré-moldadas situa-se na cota -1,0 m e as cargas de catálogo
da estaca pré-moldada é de 280 kN. Nos cálculos, use a média dos valores do N SPT sem
aproximação ou arredondamento.

Resolução:
Coeficientes por parâmetros da obra
𝐹1 = 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑃𝑟é 𝑐𝑜𝑛𝑐. 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑢𝑠𝑠 = 2,5
𝐹2 = 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑃𝑟é 𝑐𝑜𝑛𝑐. 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑢𝑠𝑠 = 3,5
𝑘𝑔𝑓 𝑘𝑁
𝑘 = 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝐴𝑟𝑔𝑖𝑙𝑜𝑠𝑎 = 6 = 600 ; 𝛼 = 3%
𝑐𝑚2 𝑚2
𝑘𝑔𝑓 𝑘𝑁
𝑘 ′ = 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑆𝑖𝑙𝑡𝑜𝑠𝑎 = 8 = 800 ; 𝛼′ = 2%
𝑐𝑚2 𝑚2
𝐴𝑝 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 = 𝜋. 𝑟 2 = 𝜋. 0,102 = 0,0314 𝑚²
𝐴𝑙 = 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑛𝑓𝑒𝑟ê𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 = 2. 𝜋. 𝑟 = 2. 𝜋. 0,10 = 0,628 𝑚
𝑁𝑠𝑝𝑡, 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 12
𝑁𝑠𝑝𝑡 ′ , 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 12
𝐹𝑆 = 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 = 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑠𝑒𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 2,0

255
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Cálculo da capacidade de carga da estaca para a sondagem do mês de julho/2012


𝐾 𝑁𝑠𝑝𝑡 800 . 12
𝑄𝑝 = 𝐴𝑝 = 0,0314 = 120,61 𝑘𝑁
𝐹1 2,5
𝛼𝐾𝑁
𝑄𝑎 = 𝛴 . 𝐴𝑙
𝐹2
0,03 . 600 . 5
𝑄𝑎1 = . 0,628 = 16,15 𝑘𝑁 16,15 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 4
𝑄𝑎2 = . 0,628 + 𝑄𝑎1 = 29,07 𝑘𝑁 29,07 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 6
𝑄𝑎3 = . 0,628 + 𝑄𝑎2 = 48,45 𝑘𝑁 48,45 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 8
𝑄𝑎4 = . 0,628 + 𝑄𝑎3 = 74,28 𝑘𝑁 74,28 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 7
𝑄𝑎5 = . 0,628 + 𝑄𝑎4 = 94,38 𝑘𝑁
3,5 94,38 𝑘𝑁
0,02 . 800 . 9
𝑄𝑎6 = . 0,628 + 𝑄𝑎5 = 120,21 𝑘𝑁
3,5
120,21 𝑘𝑁
0,02 . 800 . 8
𝑄𝑎7 = . 0,628 + 𝑄𝑎6 = 143,18 𝑘𝑁
3,5
143,18 𝑘𝑁
0,02 . 800 . 12
𝑄𝑎8 = . 0,628 + 𝑄𝑎7 = 177,63 𝑘𝑁
3,5
177,63 𝑘𝑁

𝑄𝑢1 = 𝑄𝑝 + 𝑄𝑎 = 120,61 + 177,63 = 298,24 𝑘𝑁 298,24 𝑘𝑁

𝑄𝑢1 298,24
𝑄𝑎𝑑𝑚1 = = = 149,11 𝑘𝑁
𝐹𝑠 2

256
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Cálculo da capacidade de carga da estaca para a sondagem do mês de Janeiro/2013


𝐾 𝑁𝑠𝑝𝑡 800 . 12
𝑄𝑝 = 𝐴𝑝 = 0,0314 = 120,61 𝑘𝑁
𝐹1 2,5
𝛼𝐾𝑁
𝑄𝑎 = 𝛴 . 𝐴𝑙
𝐹2
0,03 . 600 . 1 3,23 𝑘𝑁
𝑄𝑎1 = . 0,628 = 3,23 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 2 6,69 𝑘𝑁
𝑄𝑎2 = . 0,628 + 𝑄𝑎1 = 6,69 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 3 19,38 𝑘𝑁
𝑄𝑎3 = . 0,628 + 𝑄𝑎2 = 19,38 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 4
𝑄𝑎4 = . 0,628 + 𝑄𝑎3 = 32,29 𝑘𝑁 32,29 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 6
𝑄𝑎5 = . 0,628 + 𝑄𝑎4 = 49,52 𝑘𝑁 49,52 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 9
𝑄𝑎6 = . 0,628 + 𝑄𝑎5 = 75,36 𝑘𝑁 75,36 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 8
𝑄𝑎7 = . 0,628 + 𝑄𝑎6 = 98,33 𝑘𝑁 98,33 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 12
𝑄𝑎8 = . 0,628 + 𝑄𝑎7 = 132,78 𝑘𝑁 132,78 𝑘𝑁
3,5

𝑄𝑢2 = 𝑄𝑝 + 𝑄𝑎 = 120,61 + 132,78 = 253,39 𝑘𝑁 253,39 𝑘𝑁


𝑄𝑢2 253,39
𝑄𝑎𝑑𝑚2 = = = 126,7 𝑘𝑁 Figura 163 - Diagrama de tensão
𝐹𝑠 2 no solo

Cálculo da taxa de variação entre os dois períodos


𝑄𝑎𝑑𝑚2 126,7
1− =1− = 0,15 ≅ 15 %
𝑄𝑎𝑑𝑚1 149,11
Obs.: Isso prova que o período que se realiza os ensaios de sondagem (SPT) podem
influenciar diretamente na capacidade de carga dos elementos de fundação, por isso
para obras de grande porte é recomendado se fazer o SPT em dois períodos, períodos de
alta precipitação e período de estiagem, para que possa ser aferido a taxa de variação e
o dimensionamento dos elementos levem em conta essa variação!

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Pelo método Décourt-Quaresma para a sondagem do mês de julho/2012

𝑞𝑝1 = 𝐶. 𝑁 = 20 . 12 = 240 𝑡𝑓/𝑚²


𝑄𝑝, 𝑢𝑙𝑡1 = 240 . 0,0314 = 7,536 𝑡𝑓 ≅ 75,4 𝑘𝑁

5 + 4 + 6 + 8 + 7 + 9 + 8 + 12
𝑁𝑚é𝑑1 = = 7,375
8
𝑁𝑚é𝑑 7,375
𝜏𝑙, 𝑢𝑙𝑡1 = +1= + 1 = 3,46 𝑡𝑓/𝑚²
3 3
𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡1 = 3,46 . (0,628 . 8) = 17,38 𝑡𝑓 ≅ 174 𝑘𝑁

𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡 𝑄𝑝, 𝑢𝑙𝑡 174 75,4


𝑄𝑎𝑑𝑚1 = + = + = 152,69
1,3 4,0 1,3 4,0

Para a sondagem do mês de janeiro/2013

𝑞𝑝2 = 𝐶. 𝑁 = 20 . 12 = 240 𝑡𝑓/𝑚²


𝑄𝑝, 𝑢𝑙𝑡2 = 240 . 0,0314 = 7,536 𝑡𝑓 ≅ 75,4 𝑘𝑁

1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 9 + 8 + 12
𝑁𝑚é𝑑2 = = 5,625
8
𝑁𝑚é𝑑 5,625
𝜏𝑙, 𝑢𝑙𝑡2 = +1= + 1 = 2,875 𝑡𝑓/𝑚²
3 3
𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡2 = 2,875 . (0,628 . 8) = 14,44 𝑡𝑓 ≅ 144,4 𝑘𝑁

𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡 𝑄𝑝, 𝑢𝑙𝑡 144,4 75,4


𝑄𝑎𝑑𝑚2 = + = + = 129,92 𝑘𝑁
1,3 4,0 1,3 4,0
Cálculo da taxa de variação entre os dois períodos
𝑄𝑎𝑑𝑚2 129,96
1− =1− = 0,148 ≅ 14,8 %
𝑄𝑎𝑑𝑚1 152,69

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42- Dimensionamento de estaca em compressão


Para a grande maioria das obras de pequeno e médio porte as estacas em elementos de
fundação trabalham em compressão simples, uma espécie de pilar de concreto
confinado. O dimensionamento das estacas deve ser feito quando a tensão do solo
ultrapassa a tensão admissível do concreto, considerando as más condições de
concretagem para as estaca executadas in-loco, essa tensão deve ser adota pela
seguinte expressão:
0,85 . 𝑓𝑐𝑘
𝜎𝑐𝑜𝑛𝑐 =
𝛾𝑐. 𝛾𝑓
Onde:

Tipos de estaca Fck 𝜸𝒇 𝜸𝒔 𝜸𝒄


MPa
Estacas moldadas in loco
Tipo broca 15 1,4 - 1,8
Tipo Strauss 15 1,4 1,15 1,8
Tipo Franki 20 1,4 1,15 1,5
Escavada com lama 20 1,4 1,15 1,9
Escavada com injeção 20 1,4 1,15 1,6
Estacas pré-moldadas
Sem controle tecnológico 25 1,4 1,15 1,4
Com controle tecnológico 35 1,4 1,15 1,3
Tubulões
Não revestidos 14 1,4 1,15 1,6
Revestidos 20 1,4 1,15 1,5
Na prática não podemos considerar a tensão do concreto maior do que 5 ou 6 MPa para
o dimensionamento das estacas executadas in loco, o mesmo é válido para tubulões.
O dimensionamento das armaduras longitudinais e transversais nesse material serão
elaborado apenas para carga vertical de compressão centrada, não avaliando casos
específicos de flexo-compressão ou flexo-tração no caso de estacas não confinadas. O
dimensionamento para compressão simples é nada mais do que a soma da capacidade
de resistência do concreto com a resistência do aço, e segue a equação abaixo:
𝜔. 𝑁𝑑 = 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴𝑠 ′ 𝑓𝑦𝑑
6
𝛾𝑓 . 𝑁𝑘 . (1 + ) − 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = ℎ
𝑓𝑦𝑑
Sendo:
𝑓𝑐𝑘
𝑁𝑑 = 𝛾𝑓. 𝑁𝑘 ; 𝑓𝑐𝑑 = ; 𝑓𝑐𝑘 > 20𝑀𝑃𝑎 ; 𝛾𝑓 = 1,4 𝛾𝑐 = 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑜
𝛾𝑐
6
𝜔 =1+ ≥ 1,1 ℎ = 𝜙𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑜𝑢 𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 (𝑐𝑚)

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𝜔 → Fator de majoração simplificado do efeito de segunda ordem em pilares curto

𝐴𝑠 ′ = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑎ç𝑜 𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎 𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛!
42.1- Armadura mínima
Carga vertical centrada
0,8% 𝐴𝑐𝑛
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 { 𝐴𝑐𝑛 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑐. 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 ; 𝐴𝑐 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛. 𝑟𝑒𝑎𝑙
0,5%𝐴𝑐

Prescrição de norma

• Espaçamento máximo = 20 cm
2𝑐𝑚
• Espaçamento mínimo≥ {1,2𝜙
𝜙𝑙
• Bitola mínima = 10 mm

• Cobrimento mínimo = 3 cm

42.2- Armadura transversal


Para cargas verticais em estacas é possível adotar a armadura mínima para os estribos,
são efetivamente dimensionados quanto houver esforços horizontais, causando flexão
e cisalhamento da seção transversal de concreto.
5,0 𝑚𝑚
𝜙𝑚í𝑛 {
𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔/4
30 𝑐𝑚
12. 𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≤ 190. 𝜙𝑡 2
𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔
{
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 = 5 𝑐𝑚
Exemplo 1
Como exemplo prático podemos usar a estaca do mês de julho/2012 para calcular a
necessidade de armadura para a carga admissível calculada em relação ao seu diâmetro
Dados:
𝑓𝑐𝑘 = 20 𝑀𝑃𝑎 ; 𝑓𝑦𝑑 = 435 𝑀𝑃𝑎
𝑁𝑘 = 149,11 𝑘𝑁
𝐴 = 0,0314 𝑚2

260
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Como vimos acima, para essa estaca, com a capacidade total na tensão admissível, não
é necessário uma armadura complementar, entretanto, como o intuito é o cálculo da
armadura a compressão vamos simular uma carga maior, vamos utilizar a carga de
ruptura.

Considerando o diagrama de
tensões no solo como uma reta
inclina constante, iniciada em
zero, podemos utilizar da regra
de 3 para encontrar até qual
profundidade teremos que
armar nossa estaca.

143,18 𝑘𝑁

8
𝑧= . 141,24 = 6,36𝑚
298,24 − (120,61)

Caso tenha o diagrama de tensão assim como temos acima, é só retirar pelo próprio
desenho, caso contrário, utilize a regra como uma equação constante assim como
fizemos.
Cálculo da armadura de compressão
Para simplificar os cálculos, vamos adotar uma armadura constante que corresponderá
a tensão máxima de compressão, com comprimento de flambagem 𝜆 ≤ 40, pois a
estaca está totalmente enterrada, um “pilar confinado”

261
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6
𝛾𝑓 . 𝑁𝑘 . (1 + ) = 0,85 . 𝐴𝑐 . 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴𝑠 ′ 𝑓𝑦𝑑

6
𝛾𝑓 . 𝑁𝑘 . (1 + ) − 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = ℎ
𝑓𝑦𝑑
Sendo;
𝛾𝑓 = 1,4
6 6
1+ =1+ = 1,3
ℎ 20
20 𝑘𝑁
𝑓𝑐𝑑 = = 14,286𝑀𝑃𝑎 = 14.286 2 → 1,43 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
1,4 𝑚

1,4 . 298,24 . 1,3 = 0,85 . 314,16 . 1,43 + 𝐴𝑠 ′ 43,5


𝐴𝑠 ′ = 3,71 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 ′ 𝑚𝑖𝑛 = 0,005 . 𝐴𝑐 → 0,005 . 314,16 = 1,57 𝑐𝑚2 < 𝐴𝑠 ′ = 3,71
𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑎 → 3𝜙 12,5𝑚𝑚
Armadura transversal

5,0 𝑚𝑚
𝜙𝑚í𝑛 {𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔 ∴ 5 𝑚𝑚
= 3,125 𝑚𝑚
4
30 𝑐𝑚
12. 𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔 = 15 𝑐𝑚
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≤ 190. 𝜙𝑡 2 ∴ 15 𝑐𝑚
= 38 𝑐𝑚
𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔
{
3

20
14

3φ 12,5mm
φ5mm c/15cm

262
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43- Nega em estacas cravadas


Para estacas cravadas é utilizado um artifício de checagem de resistência individual,
chamado de “NEGA”, que é basicamente o insucesso na cravação da estaca com
determinada energia aplicado sobre a mesma, a “NEGA” consiste em fazer um risco na
estaca enquanto cravada e aplicar 10 golpes e dividir a distância gerada pela cravação
por 10, obtendo assim uma média de cravação para cada golpe, com esse dado é
possível calcular a tensão admissível da estaca com fórmulas dinâmicas que se baseiam
no princípio da conservação de energia, que igualam a energia potencial do martelo ao
trabalho realizado na cravação da estaca (Produto de resistência vencida pela estaca
pela penetração da mesma), a menos de eventuais perdas de energia, sendo:
𝑤. ℎ = 𝑅. 𝑠 + 𝑋
Onde:
w= Peso do martelo
h= Altura de queda
R= Resistência a cravação
s= Penetração ou NEGA
X= Perdas de energia

As principais perdas de energia são os chamados “repiques” do martelo, que é uma


deformação do cepo e do coxim, atrito do martelo e guias

Deformação elástica
(estaca+solo)

Nega (s)

Figura 164 - Gráfico de cravação

Algumas equações dinâmicas para tensão admissível são:

• Fórmula dos Holandeses


𝑃2 . ℎ 1
𝑄𝑎𝑑𝑚 = . ; 𝜂≥6
𝑠. (𝑃 + 𝑄) 𝜂

263
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• Fórmula de Brix
𝑃2 . 𝑄. ℎ 1
𝑄𝑎𝑑𝑚 = . ; 𝜂≥5
𝑠. (𝑃 + 𝑄)² 𝜂

• Fórmula do Engineering News


𝑃. ℎ 1
𝑄𝑎𝑑𝑚 = . ; 𝜂≥6
𝑠+𝑐 𝜂

Sendo:
Qadm= Carga admissível na estaca (kN)
P= Peso do martelo (kN)
Q= Peso próprio da estaca (kN)
h= Altura de queda do martelo (cm)
s= Nega para 1 golpe (cm)
c= 2,5 cm (bate-estaca tipo queda livre)
c= 0,25 cm (bate-estaca tipo dupla ação)
𝜂= Fator de segurança (FS)

Obs.: Fórmulas dinâmicas, apesar de altos coeficientes de segurança recomendados


pelos próprios autores, apresentam resultados mais confiáveis quando utilizadas em
terrenos de solos não coesivos (arenoso).

44- Efeito de perda de capacidade de carga em grupo de estacas


Se tratando de solo, o maciço deve ser o menos perturbado possível para que se
mantenha por exemplo, as características convencionalmente encontradas em ensaios
de SPT por exemplo, quando se dimensiona a capacidade de carga de uma estaca isolada
em relação ao solo temos um valor considerando 100% de eficiente de resistência do
solo interagindo com a estaca, no entanto quando é executado em uma obra um
conjunto de estacas essa eficiência tende a ser reduzida pelo efeito de grupo, pois o solo
confinado entre as estacas foram relativamente mais perturbados que o solo externo
do conjunto de estacas por exemplo, dessa maneira é necessário calcular a perda de
capacidade de carga, ou seja perda de eficiente levando em consideração o efeito grupo.

264
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Alguns trabalhos como de Withaker (1957) e Sowers et al. (1961), indicam que a
capacidade de carga começa e ser reduzida quando o espaçamento entre as estacas é
menor que duas vezes o seu diâmetro (2φ), e quanto mais próximo desse valor mais
próximo de 100% de eficiência terá, portanto vamos utilizar nesse trabalho o método de
Feld, que considera uma perda de eficiência baseado no número de estacas que compõe
o conjunto, essa redução é por volta de 1/16 para cada estaca vizinha à estaca em
questão.
Exemplo:
Grupo de duas estaca
16 1 15 16 1 15
1→ − = = 0,94 𝑜𝑢 94% 𝑒 1 → − = = 0,94
16 16 16 16 16 16
2 . 94
𝑒= ≅ 94%
2
Grupo de três estacas
16 2 14
3→ − = = 0,87 𝑜𝑢 87%
16 16 16
3 . 87
𝑒= ≅ 87%
3
Grupo de quatro estacas
16 3 13
4→ − = = 0,82 𝑜𝑢 82%
16 16 16
4 . 82
𝑒= ≅ 82%
4
Grupo de cinco estacas
16 3 13 16 4 12
4→ − = = 0,82 𝑜𝑢 82% 𝑒 1 → − = = 0,75
16 16 16 16 16 16
4 . 82 + 1 . 75
𝑒= ≅ 80%
5
Grupo de seis estacas
16 3 13 16 5 11
4→ − = = 0,82 𝑜𝑢 82% 𝑒 2 → − = = 0,69
16 16 16 16 16 16
4 . 82 + 2 . 69
𝑒= ≅ 77%
5
Para Facilitar ainda mais essa teoria considere a seguinte equação:
Capacidade de carga:

𝑄𝑒𝑞 = 1 − (0.0625. (𝑛 − 1)) 𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑛 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎𝑠

265
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45- Capacidade de carga em tubulões


Os tubulões assim como as estacas trabalham com atrito lateral ao longo do seu
desenvolvimento interno no solo, todavia o principal diferencial é seu diâmetro e a
possibilidade do alargamento da base (ponta), conseguindo aumentar
significativamente a capacidade de carga do elemento.
Seu dimensionamento e sua capacidade de carga é feita de forma idêntica as estacas,
conforme definição de norma, os tubulões têm em sua fase de execução, a necessidade
da descida de um operário em seu interior. O operário pode participar desde o processo
de escavação do fuste ou apenas do alargamento da base.
O alargamento da base do tubulão é executado de maneira que dispense a necessidade
de uma armadura, adotando um ângulo de 60° com a horizontal, aumentando a
robustez e por consequência rigidez do elemento trabalhando com apenas as
capacidades mecânicas do concreto simples.
A forma do alargamento da base dos tubulões pode seguir o formato circular ou falsa-
elipce (dois semicírculos e um retângulo), a definição do formato é tomado por duas
diretrizes:
1- Tipo de solo:
Para solos coesivos se torna mais fácil a execução do alargamento da base,
possibilitando essa escolha até os limites, no entanto, em solos arenosos essa tarefa
se forma mais complicada, não sendo permitido um alargamento maior do que 30
cm além do perímetro do fuste, chamada de disparo da base, limitando os tubulões
nesses tipos de solos.
2- Altura da base:
Como os tubulões são executados em profundidades elevadas e executados por
homens, a preocupação com a segurança desses profissionais devem sempre ser
levadas em conta. A altura da base não deve ultrapassar mais de 2m, se for acima
disso poderia impossibilitar a execução além de demandar o escoramento adequado
das paredes a fim de evitar desmoronamentos.
Existem dois tipos de tubulões executados hoje no país:

• Tubulão a céu aberto:


Quando a execução do tubulão não atinge o nível do lençol freático, os tubulões podem
ser executados de forma simplificada, com a escavação do fuste de forma manual ou
mecanizada, respeitando sempre as dimensões mínima para a passagem (Dmin=70 cm),
pode ser ou não revestidas, dependendo do tipo de solo e sua estabilidade, esse
revestimento pode ser com tubos metálicos ou anéis em concreto que podem ou não
ser retirados posteriormente.

266
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Dependendo do tipo de solo, ainda é possível a execução mesmo atingindo o nível


d’água, que é caso de solos muito argilosos onde o fluxo d´água é muito baixo e não
compromete a execução da obra.

• Tubulão ar comprimido:
Quando é atingido o lençol freático, tem-se de revestir a escavação e utilizar o ar
comprimido. Nesse caso usa-se uma campânula, que nada mais é que um equipamento
hermeticamente vedado, que posteriormente a entrada de um operário é preenchido
por ar comprimido, de modo a evitar a percolação de água no interior do furo do
tubulão.
A escavação do fuste pode ser executado manualmente e de forma mecânica assim
como no céu aberto, a escavação mecânica é feita com auxílio de um revestimento
metálico recuperável que é cravado até que se alcance o nível d’água para que ai se
possa instalar a campânula, permitindo que os operários desçam para finalizar o
alargamento da base.
45.1- Capacidade de carga
A capacidade de carga em tubulões é retirado sobre as mesmas condições das estacas,
o atrito lateral pode ser obtido pela formulação Clássica de Terzaghi ou até mesmo no
nosso caso através das teorias de Aoki-Velloso e Decourt-Quaresma, na capacidade de
carga da base podemos usar a formulação proposta por Cintra et. Al.
𝑄𝑢 = 𝑄𝑏 + 𝑄𝑎
Sendo
𝑄𝑏 → 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎)
𝑄𝑎 → 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙

Capacidade da base:
𝑁𝑠𝑝𝑡
𝑞𝑏 = (𝑀𝑃𝑎) → 𝐴𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 𝑝𝑢𝑟𝑎
40

𝑁𝑠𝑝𝑡
𝑞𝑏 = (𝑀𝑃𝑎) → 𝐴𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 𝑠𝑖𝑙𝑡𝑜𝑠𝑎
50

𝑁𝑠𝑝𝑡
𝑞𝑏 = (𝑀𝑃𝑎) → 𝐴𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑛𝑜𝑠𝑎 𝑠𝑖𝑙𝑡𝑜𝑠𝑎
75

267
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Capacidade por atrito lateral Aoki-Velloso:


𝛼𝐾𝑁
𝑄𝑎 = 𝛴 . 𝐴𝑙 ; 𝐹2 = 4,5
𝐹2

Capacidade por atrito lateral Decourt-Quaresma:


𝑁𝑚é𝑑
𝜏𝑙, 𝑢𝑙𝑡 = +1
3

Exemplo 1
Utilizando o mesmo perfil de solo do exemplo de estaca, vamos calcular a capacidade
de um tubulão com:
Dados:

• D= 70 cm

• L= 8 m

• Base circular D’=1,80 m

268
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Método Aoki-Velloso

𝑁𝑠𝑝𝑡 12 1,80 2
𝑄𝑏 = 𝐴𝑏 = 𝜋. ( ) = 0,611 𝑜𝑢 610,71 𝑘𝑁
5 50 2
𝛼𝐾𝑁
𝑄𝑎 = 𝛴 . 𝐴𝑙
𝐹2
0,03 . 600 . 5
𝑄𝑎1 = . 2,199 = 56,546 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 4
𝑄𝑎2 = . 2,199 + 𝑄𝑎1 = 101,782 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 6
𝑄𝑎3 = . 2,199 + 𝑄𝑎2 = 169,64 𝑘𝑁
3,5
0,03 . 600 . 8
𝑄𝑎4 = . 2,199 + 𝑄𝑎3 = 260,11 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 7
𝑄𝑎5 = . 2,199 + 𝑄𝑎4 = 330,48 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 9
𝑄𝑎6 = . 2,199 + 𝑄𝑎5 = 420,95 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 8
𝑄𝑎7 = . 2,199 + 𝑄𝑎6 = 501,37 𝑘𝑁
3,5
0,02 . 800 . 12
𝑄𝑎7 = . 2,199 + 𝑄𝑎7 = 622,0 𝑘𝑁
3,5

𝑄𝑢 = 𝑄𝑏 + 𝑄𝑎 = 610,71 + 622,0 = 1232,71 𝑘𝑁

𝑄𝑢1 1232,71
𝑄𝑎𝑑𝑚 = = = 616,36 𝑘𝑁
𝐹𝑠 2

269
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Método Décourt-Quaresma
5 + 4 + 6 + 8 + 7 + 9 + 8 + 12
𝑁𝑚é𝑑1 = = 7,375
8
𝑁𝑚é𝑑 7,375
𝜏𝑙, 𝑢𝑙𝑡1 = +1= + 1 = 3,46 𝑡𝑓/𝑚²
3 3
𝑄𝑙, 𝑢𝑙𝑡 = 3,46 . (2,199. 8) = 60,86 𝑡𝑓 ≅ 608,68 𝑘𝑁

Obs.: Neste caso vamos utilizar o fator de segurança (FS) de 2, assim como no método
Aoki-Velloso

𝑄𝑙 + 𝑄𝑏 608,68 + 610,71
𝑄𝑎𝑑𝑚 = = = 609,95 𝑘𝑁
2 2

45.2- Armadura longitudinal


O dimensionamento das armaduras longitudinais seguem o mesmo processo de
dimensionamento das estacas, sendo dimensionado como um pilar curto, seguindo os
passos abaixo:
𝜔. 𝑁𝑑 = 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴𝑠 ′ 𝑓𝑦𝑑
Sendo:
𝑓𝑐𝑘
𝑁𝑑 = 𝛾𝑓. 𝑁𝑘 ; 𝑓𝑐𝑑 = ; 𝑓𝑐𝑘 > 20𝑀𝑃𝑎 ; 𝛾𝑓 = 1,4 𝛾𝑐 = 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑜
𝛾𝑐
6
𝜔 =1+ ≥ 1,1 ℎ = 𝜙𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑜𝑢 𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 (𝑐𝑚)

𝜔 → Fator de majoração simplificado do efeito de segunda ordem em pilares curto

𝐴𝑠 ′ = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑎ç𝑜 𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜

6
𝛾𝑓 . 𝑁 . (1 + ) − 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = ℎ
𝑓𝑦𝑑

270
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45.3- Armadura mínima


Carga vertical centrada
0,8% 𝐴𝑐𝑛
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 { 𝐴𝑐𝑛 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑐. 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 ; 𝐴𝑐 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛. 𝑟𝑒𝑎𝑙
0,5%𝐴𝑐

Prescrição de norma

• Espaçamento máximo = 20 cm
2𝑐𝑚
• Espaçamento mínimo≥ {1,2𝜙𝑎𝑔𝑟
𝜙𝑙
• Bitola mínima = 10 mm

• Cobrimento mínimo = 3 cm
45.4- Armadura transversais (Estribos)
Os estribos em tubulões podem ser
dimensionados de forma análoga ao já
visto em blocos de fundação, pelo esforço
de tração (Morsh)

Zona de
transição

271
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𝑃 𝐿−𝑏
𝑇= . ; ℎ ≥ 0,75. (𝐿 − 𝑏)
4 ℎ

Aplicando a mesma teoria para tubulões temos:


𝑃 (𝜙𝑓 − 𝑏)
𝑇= .
4 𝜙𝑓

Seção dupla de aço:

T/2

T/2

45.5- Área de aço ao longo do fuste


𝑇
𝛾𝑓. ( 2 ) 1,4. 𝑁. (𝜙𝑓 − 𝑏) 1,61. 𝑁. (𝜙𝑓 − 𝑏)
𝐴𝑠𝑤 = → 𝐴𝑠𝑤 = → 𝐴𝑠𝑤 =
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑘 8. 𝑓𝑦𝑘. 𝜙𝑓
2. . 4. 𝜙𝑓
1.15

Armadura transversal mínima


5,0 𝑚𝑚
𝜙𝑚í𝑛 {
𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔/4
30 𝑐𝑚
12. 𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≤ 190. 𝜙𝑡 2
𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔
{
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 = 5 𝑐𝑚

272
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Exemplo 1
Dimensionamento do tubulão do exemplo anterior (capacidade de carga), para a carga
máxima aplicada sem FS.
Dados:
𝜙𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 = 70 𝑐𝑚
𝐴𝑐 = 𝜋. 0,352 = 0,3848 𝑚² 𝑜𝑢 3848,45 𝑐𝑚²

𝐴𝑐𝑣 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 =


𝑏 = 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑎 = 40 𝑐𝑚

Resolução:
6
𝛾𝑓 . 𝑁 . (1 + ) − 0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = ℎ
𝑓𝑦𝑑
Sendo;
𝛾𝑓 = 1,4
6 6
1+ =1+ = 1,08 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑟 1,1
ℎ 70
𝑓𝑐𝑘 20 𝑘𝑁
𝑓𝑐𝑑 = = = 12,5𝑀𝑃𝑎 = 12.500 2 → 1,25 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝛾𝑐 1,6 𝑚

1,4 . 1232.71 . 1,1 = 0,85 . 3848,45 . 1,25 + 𝐴𝑠 ′ 43,5


𝐴𝑠 ′ = −50,35 𝑐𝑚2 (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛)
𝐴𝑠 ′ 𝑚𝑖𝑛 = 0,005 . 𝐴𝑐 → 0,005 . 3848,45 = 19,24 𝑐𝑚2
𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑎 → 10𝜙 16𝑚𝑚
Armadura transversal

1,61. 𝑁. (𝜙𝑓 − 𝑏) 1,61 . 1232,71 . (70 − 40) 𝑐𝑚2


𝐴𝑠𝑤 = = = 2,44
8. 𝑓𝑦𝑑. 𝜙𝑓 8 . 43,5 . 70 𝑚
Para bitola de 5mm
2,44 100 100
𝑛= = 12,2 ; 𝑠= = = 8,2 𝑐𝑚
0,20 𝑛 12,2
Para bitola de 6,3 mm

273
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2,44 100 100


𝑛= = 7,75 ; 𝑠= = = 12,9 𝑐𝑚
0,315 𝑛 7,75
Para bitola de 8mm
2,44 100 100
𝑛= = 4,9 ; 𝑠= = = 20 𝑐𝑚
0,50 𝑛 4,9
Armadura transversal mínima
5,0 𝑚𝑚
𝜙𝑚í𝑛 {𝜙𝑙𝑜𝑛𝑔 1,6
→ = 4,0 𝑚𝑚
4 4
30 𝑐𝑚
12.1,6 = 19,2 𝑐𝑚
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≤ 190.0,5²
= 29,7 𝑐𝑚
1,6
{
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 = 5 𝑐𝑚

Detalhamento
5

70
60

10φ 16mm Φ6,3mm c/14cm

274
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46- RADIER
Os radier são elementos estruturais que se assemelham muito as sapatas e lajes, sua
escolha pode ser baseada na possibilidade antieconômica na utilização de sapatas,
quando a área de base das sapatas é maior do que 50% da área total da base da
edificação, tornando a escolha do radier mais viável economicamente.
Dentro das estruturas o radier pode ser usado em diversas variantes: radier lisos, radier
com pedestais ou cogumelos, radiers nervurados, radiers em caixão, na ordem de maior
rigidez relativa.

a) b)

c) d)
Figura 165 - Tipos de radiers - a) Radier liso b) Radier com pedestais c) Radier nervurado d)
Radier em caixão

46.1- Dimensionamento de radiers


Os radiers podem ser dimensionados de diversas maneiras, desde os mais simplificados
até os mais complexos, alguns desses métodos são: método estático; sistema de vigas
sobre base elástica; método de placa sobre solo de Winkler; método das diferenças
finitas; método dos elementos finitos. Apesar de alguns métodos serem mais simples
que outros, todos se mostram complexos para o dimensionamento sem o auxílio de
ferramentas computacionais para facilitar os trabalhos, portanto, neste curso iremos
apresentar o método de grelhas, contudo, não iremos dimensionar nenhum elemento
de forma manual, para não estender o curso além do necessário.
A analogia de radier pelo sistema de grelhas é o mesmo sistema utilizado pela grande
maioria dos softwares específicos de dimensionamento de elementos de concreto.
Esses sistema basicamente mede os deslocamento de uma malha de pontos que são
apoiados diretamente sobre um meio elástico, que simula o comportamento do solo,

275
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

com esses deslocamentos é possível analisar os esforços gerados no painel do radier e


então dimensiona-lo posteriormente.
A maneira mais simples de quantificar o efeito da deformidade do solo é através de
molas discretizadas, proposto por Scarlat (1993), estas molas são representadas por
coeficiente de apoio elásticos Ks (kN/m), que é diretamente proporcional ao módulo de
reação Ki (kN/m³) e a área carregada Af (m²), assim se apresenta uma abordagem
simplificada para a determinação do módulo de reação como mostra a equação abaixo:
𝐾𝑠
𝐾𝑖 =
𝐴𝑓
Esse procedimento simplificado é baseado na hipóteses de Winkler e não considera a
interação das molas adjacentes, portanto, os tendem a crescer significativamente para
o caso de solos pouco rígidos. Para o caso de deformação vertical a hipótese de Winkler
é dada pela equação:
𝜎(𝑥, 𝑦) = 𝐾𝑠𝑣 . 𝑤(𝑥, 𝑦)

Sendo:
𝜎(𝑥, 𝑦)= Tensão de contato média na base da fundação
𝑤(𝑥, 𝑦)= Deslocamento vertical
𝐾𝑠𝑣 = Módulo de reação vertical, sendo este valor definido em função do tipo de solo que
compões o maciço de fundação

Assumindo a base da fundação como permanente rígida após a deformação elástica do


solo é possível admitir, de maneira aproximada, uma variação linear de tensões.
Consequentemente, o conjunto de molas pode ser substituído por um conjunto de três
molas globais no centro da fundação, com as seguintes características:
𝑘𝑁
𝐾𝑣 ( 𝑚 ) Coeficiente de mola para os deslocamentos verticais, w;
𝑘𝑁
𝐾ℎ ( 𝑚 ) Coeficiente de mola para os deslocamentos horizontais, x,y;
𝑘𝑁.𝑚
𝐾𝜃 ( 𝑟𝑎𝑑 ) Coeficiente de mola para rotações, (ϕ, ω)

Os coeficientes de apoio elásticos apresentados permitem calcular os deslocamentos a


partir da hipótese de Winkler, conforme as equações abaixo:
𝑁 𝐹
𝑤= = 𝑣
𝐾𝑣 𝐾𝑠 . 𝐴𝑓
𝑁 𝐹
𝑣= = ℎ
𝑘ℎ 𝐾𝑠 . 𝐴𝑓
276
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

𝑀 𝑀
𝜑= = 𝜑
𝐾𝜃 𝐾𝑠 𝐼𝑓
𝜑
Normalmente assume-se 𝐾𝑠 = 𝐾𝑠𝑣 = 𝐾𝑠ℎ = 𝐾𝑠 , portanto, vários ensaios tem
demonstrado que tais valores são diferentes. Isso ocorre devido ao módulo de reação
Ks não é uma constante do solo e depende de uma série de outros fatores tais como:
forma, dimensões da fundação e tipo de construção.
Para o bom dimensionamento de um radier com uma grelha sobre base elástica, ou seja
admitindo um sistema de molas, é necessário conhecer a constante elástica (k) da mola,
que depende diretamente do tipo de solo. Essa constante pode ser determinada através
de ensaios de placa, através de tabelas (geradas a partir de ensaios de placa) e cálculo
de recalque da fundação real.
É possível obter esses valores na literatura, como os valores sugeridos por Terzaghi
(1955) para a constante elástica de solos argilosos e arenosos, obtidos através de ensaio
de placa:
Tabela 34-Módulo de reação do solo Ks1 em Kgf/cm³ (Terzaghi, 1955)

Argila Rija Muito Rija Dura


Qu (kgf/cm²) 1-2 2-4 >4
Faixa de valores 1,6 - 3,2 3,2 – 6,4 >6,4
Valor proposto 2,4 4,8 9,6
Areias Fofa Méd. compacta Compacta
Faixa de valores 0,6 – 1,9 1,9 – 9,6 9,6 – 32
Areia acima N.A 1,3 4,2 16
Areia submersa 0,8 2,6 9,6

Os valores obtidos na literatura clássica, assim como os obtidos por ensaio de placa
precisam ser corrigidos de acordo com a forma e a dimensão da placa. O coeficiente
corresponde a uma resposta do solo a um carregamento aplicado por uma determinada
estrutura e não uma propriedade do solo.
De acordo com o American Concrete Institute (1988), a transformação do Ks1 obtido no
ensaio de placa para o Kv, que é utilizado no cálculo de fundação pode ser feita
utilizando a equação abaixo:

𝑏 𝑛
𝐾𝑣 = 𝐾𝑠1. ( )
𝐵
Onde 𝑛 é um coeficiente que varia entre 0,5 e 0,7. No caso do radier o valor de B é muito
grande resultando em um 𝐾𝑣 pequeno.

De acordo com Hambly (1976), a rigidez a torção em toda a região do radier é assumida
pela superposição de análises concentrando-se em barras de grelha equivalente. A

277
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rigidez longitudinal do radier é concentrada nas barras longitudinais e a rigidez


transversais é concentrada nas barras transversais, de forma que a rigidez da barras será
semelhado quando dado o protótipo do radier e a grelha equivalente submetidos aos
mesmos esforços, as duas estruturas apresentarão deslocamentos idênticos e esforços
internos equivalentes. Ou seja, os momentos fletores, forças de cisalhamento e
momentos torçores nas barras da grelha terão resultantes de tensão iguais na seção
transversal correspondentes do radier à barra representada.

Figura 166 - Grelha em meio elástico

Na grelha não há princípio matemático ou físico que faça com que os momentos
torçores sejam automaticamente iguais na direções ortogonais em um só nó. Se a
discretização da malha for muito grande, a grelha se deformará e apresentará distorções
aproximadamente iguais nas direções ortogonais, assim como momentos torçores
relativamente parecidos se a rigidez à torção forem os mesmos nas duas direções.
O momento fletor em qualquer barra da grelha só é proporcional a sua curvatura, em
um elemento de laje, o momento em qualquer direção depende tanto da curvatura
naquela direção, quanto da curvatura da direção ortogonal.
A vinculação das barras permitem a interação de forças ortogonais ao plano da grelha e
de dois momentos em torno dos eixos pertencentes a esse plano por nó da barra. Cada
nó apresenta três graus de liberdade, sendo a translação ortogonal e duas rotações no
plano do radier.
Não há como definir uma malha ideal para os radiers, uma vez que é executado em
variadas geometrias e diferentes carregamentos. No entanto, é possível definir critérios
para radiers retangulares por exemplo, que devem ser adequados a cada projeto.
Critérios que devem ser levados em consideração na discretização das malhas para
obtenção dos esforços no radier:
➢ Quanto mais discretizada for a malha, melhores serão os resultados obtidos.
Estes resultados deixam de ser satisfatórios quando a largura da barra for maior
que duas ou três vezes a espessura do radier.

278
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

➢ Nas regiões onde se tem concentrações de carga, recomenda-se adotar uma


malha menos espaçada para obter um melhor resultado quanto aos esforços.
➢ Os espaçamentos das barras da grelha em cada direção não devem ser muito
diferentes para que haja uma uniformidade na distribuição dos carregamentos
➢ É necessário colocar uma linha de barras no contorno do radier, diminuindo a
largura para o cálculo do momento de inércia a torção de 0,3h, por se tratar do
ponto onde passa a resultante das tensões de cisalhamento devida á torção.
46.2- Carregamento das barras
O carregamento no radier, oriundo dos pilares, alvenaria, peso próprio e cargas
acidentais, pode ser representado através de cargas uniformemente distribuídas ou
concentradas. As cargas aplicadas no radier são distribuídas entre os elementos da
grelha equivalente, de acordo com a área de influência de cada uma. Podem ser
consideradas uniformemente distribuídas ao longo dos elementos, ou dentro de um
certo grau de aproximação, concentradas nos nós, quando há um grande
refinamento na discretização da malha. Neste caso, pode-se utilizada o processo de
área de influência, onde a carga a uma distância menor ou igual a metade do
comprimento da barra, em ambas as direções, e levada diretamente ao nó mais
próximo. A carga aplicada é calculada utilizando a equação:
𝑄𝑖 = (𝑔 + 𝑞). 𝐴𝑓

Sendo:
𝑔= Carga permanente aplicada no radier por unidade de área;
𝑞= Carga acidental aplicada no radier por unidade de área;
𝐴𝑓= Área de influência do nó i;
𝑄𝑖= Carga aplicada no nó i da grelha

Obs.: As cargas concentradas são


aplicadas diretamente nos nós

46.3- Propriedade geométricas e físicas das barras discretizadas


As propriedade são de extrema importância pois influenciam diretamente nos
resultados. Cada faixa da grelha irá representar uma faixa da placa, similar ao que
acontece em lajes, apresentando a espessura da laje e a largura, a qual é dependente

279
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

da malha da grelha. Portanto as barras devem apresentar propriedades que


representem geometricamente e fisicamente a placa em estudo.
É necessário definir alguns parâmetros dos materiais, como o módulo de elasticidade E,
e o módulo de deformação ao cisalhamento G. O valor de G é obtido diretamente
através de relação definida pela resistência dos materiais, dependendo unicamente do
valor do coeficiente de Poisson e do módulo de elasticidade E. O módulo de elasticidade
adotado para o concreto armado é módulo secante Ecs. Segundo a norma brasileira NBR
6118/2014, o módulo de elasticidade longitudinal do concreto pode ser calculado com:
𝐸𝑐𝑠 = 0,85. 𝐸𝑐𝑖
Sendo 𝐸𝑐𝑖 o módulo tangente, dado pela equação:

𝐸𝑐𝑖 = 5600√𝑓𝑐𝑘

A relação que define o valor do módulo de deformação ao cisalhamento G, de acordo


com o valor de 𝑣 e E adotados, para materiais isotrópicos e em estado plano de tensões
é dado por:
𝐸
𝐺=
2(1 + 𝑣)

As propriedade geométricas dos


elementos da grelha podem ser
considerados a partir de uma faixa de
largura b, igual a soma da metade das
distâncias entre os elementos vizinhos, e
de espessura h

Figura 167 - Representação de um elemento isolado da


grelha
Os momentos de inércia á flexão (I) e
torção (J) são portanto, calculados para uma seção retangular de dimensões b x h, pelas
equações abaixo:
𝑏. ℎ2
𝐼=
12
3. 𝑏 3 . ℎ³
𝐽=
10. (𝑏 2 + ℎ2 )

280
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

46.4- Esforços nas barras


O carregamento atuante nas barras provoca rotações e deslocamentos verticais, bem
como esforços nodais. Os esforços nodais que surgem nas barras são três e estão
representados na figura abaixo:

t2

m2

v2

v1

m1

t1

Figura 168 - Esforços atuantes na


barra

281
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

47- Projeto de fundações de um edifício de 5 pavimentos (Curso do


edifício completo)
Para exemplificar como é a concepção de um projeto de fundações, vamos desenvolver
neste curso o dimensionamento dos elementos de fundação de um edifício de 5
pavimentos, préviamente calculado no nosso curso do edifício completo, como já
obtivemos todas as cargas que serão aplicada na fundação, temos apenas de utilizar os
mesmo roteiros de cálculo já desenvolvidos nos exemplos genéricos utilizados neste
curso para desenvolver o dimensionamento para este projeto, vamos dimensionar
todos os elementos, com sapatas e todos os elementos com blocos sobre estacas, que
são os tipos de fundação mais usuais para este tipo de edificação, o projeto consistem
na planta abaixo:
P2

P30
P10

P24
P18
V229 V229

V227
L204

L220
V212

V216
V209
V205
V202

L211

L218

P28
P6

P17

V226
P9

P23
L208

L217
L202

L222
V214
P16

V225
L207

L216
P20
P5

V224
P27
P12
V206

V210
L212
V207
V203

V223
L210

P11

P26
P19
P4

V222
L206

L215
P15

V221
V213
L205

L214
L201

L221
P22
P8

P14
P3

P25

V220
L209

L213
V201

V204

V208

V211

V215
L203

L219
P13

P21

V219
P7

P29
P1

V218 V217

282
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

P3=P6=P25= P7=P10=P P8=P9=P22


PILARES\NÍVEIS P1=P2=P29=P30 P28 P4=P5 21=P24 =P23 P11 P12 P13=P18 P14=P17 P15=P16 P19=P20 P26=P27
COBERTURA\RESERVATÓRIO - - 0 - - 0 0 - - - 0 -
BARRILETE - - 100 - - 100 100 - - - 100 -
COBERTURA 49,87 155,67 135,87 92,91 47,27 142,47 139,57 59,67 115,87 168,27 72,27 82,37
4º PAVIMENTO 49,87 155,67 135,87 92,91 47,27 142,47 139,57 59,67 115,87 168,27 72,27 82,37
3º PAVIMENTO 49,87 155,67 135,87 92,91 47,27 142,47 139,57 59,67 115,87 168,27 72,27 82,37
2º PAVIMENTO 49,87 155,67 135,87 92,91 47,27 142,47 139,57 59,67 115,87 168,27 72,27 82,37
1º PAVIMENTO 49,87 155,67 135,87 92,91 47,27 142,47 139,57 59,67 115,87 168,27 72,27 82,37
TÉRREO 44,4 150,2 130,4 78 41,8 137 134,1 54,2 110,4 162,8 66,8 76,9
Σ 293,75 928,55 909,75 542,55 278,15 949,35 931,95 352,55 689,75 1004,15 528,15 488,75
FUNDAÇÃO 352,5 1114,26 1091,7 651,06 333,78 1139,2 1118,3 423,06 827,7 1204,98 633,78 586,5
Momento em X (kN.cm) 1129 0 1129 1129 0 0 0 1129 0 0 1129 1129
Momento em y (kN.cm) 1129 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1580

PILAR MAIS SOLICITADO P15=P16 1204,98

Tabela 35 - Cargas na fundação projeto edifício completo

283
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

47.1- Estudos preliminares do terreno – Curvas de nível e corte aterro


O Empreendimento será inserido em um terreno de 1600 m² (40x40) em aclive, onde
será executado um trabalho de corte aterro com compensação, conforme indicado nas
figuras abaixo:

608
607

606

605

Corte
604

603

602

601

600
Aterro

Figura 169 - Curvas de nível

Figura 170 - Curvas de nível 3D

284
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

P2

P30
P10

P24
P18

P28
P6

P17
P9

P23
P16

P20
P12
P5

P27
P26
P11

P19
P4

P15

P22
P8

P14
P3

P25
P13

P21
P7

P29
P1

Figura 171 - Implantação dentro do terreno

285
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

47.2- Pontos de sondagem de acordo com a planta de cargas

SP6
SP1

SP4
SP3

SP5
SP2

Figura 172 - Locação dos pontos de sondagem

286
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

47.3- Analise dos laudos de sondagem Laudos de sondagem

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP1

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,5 1,2 3/15 4/15 3/15 7 1
2,00 MÉDIA AMARELA 1,7 1,1 4/15 4/15 4/15 8 2
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,4 1,2 4/15 4/15 5/15 9 3
4,00 MÉDIA VERMELHA ESCURA 1,2 1 5/15 5/15 5/15 10 4
RIJA ARGILA SILTOSA 1,1 1 5/15 5/15 6/15 11 5
6,20 RIJA VERMELHA ESCURA 1,2 1,1 6/15 6/15 6/15 12 6
RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 13 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 15 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
ARGILA VERDE
MÉDIA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21
Figura 173 - Sondagem SP1 – região do corte

287
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP2

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,5 1,2 3/15 4/15 5/15 9 1
2,00 MÉDIA AMARELA 1,7 1,1 3/15 4/15 5/15 9 2
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,4 1,2 3/15 4/15 6/15 10 3
4,00 MÉDIA VERMELHA ESCURA 1,2 1 5/15 5/15 5/15 10 4
RIJA ARGILA SILTOSA 1,1 1 5/15 5/15 6/15 11 5
6,20 RIJA VERMELHA ESCURA 1,2 1,1 6/15 6/15 6/15 12 6
RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 13 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 15 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
ARGILA VERDE
MÉDIA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21
Figura 174 - Sondagem SP2 - região de corte

288
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP3

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MÉDIA 1,5 1,2 3/15 3/15 3/15 6 1
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,7 1,1 4/15 3/15 4/15 7 2
2,00 MÉDIA 1,4 1,2 5/15 3/15 4/15 7 3
MÉDIA 1,2 1 5/15 4/15 4/15 8 4
ARGILA SILTOSA
RIJA 1,1 1 4/15 4/15 5/15 9 5
VERMELHA
6,20 RIJA 1,2 1,1 4/15 4/15 4/15 8 6
RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 13 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 15 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
ARGILA VERDE
MÉDIA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21

Figura 175 - Sondagem SP3 - região de corte

289
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP4

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MOLE ARGILA SILTOSA 1,5 1,2 1/15 1/15 2/15 3 1
2,00 MOLE AVERMELHADA 1,7 1,1 3/15 1/15 2/15 3 2
MOLE 1,4 1,2 3/15 2/15 2/15 4 3
MOLE 1,2 1 2/15 2/15 3/15 5 4
ARGILA SILTOSA
MOLE 1,1 1 3/15 3/15 3/15 6 5
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 3/15 5/15 8 6
RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 13 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 15 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
ARGILA VERDE
MÉDIA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21

Figura 176 - Sondagem SP4 - região de aterro

290
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP5

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
1,20 MOLE ARGILA SILTOSA AV 1,5 1,2 1/15 1/15 2/15 2 1
MOLE 1,7 1,1 3/15 1/15 2/15 3 2
MOLE 1,4 1,2 3/15 2/15 2/15 3 3
MOLE 1,2 1 2/15 2/15 3/15 4 4
ARGILA SILTOSA
MOLE 1,1 1 3/15 3/15 3/15 5 5
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 3/15 5/15 7 6
7,00 RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 8 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 13 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21

Figura 177 - Sondagem SP5 - região de aterro

291
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

EMPRESA SONDAGEM DE SOLO

SONDAGEM A PERCUSÃO CLIENTE SP6

N. D´ÁGUA

Amostra
Profundi Perfil Torque SPT

Metro
dade do Consistência Descrição do solo N° de Golpes SPT
(m) solo
mx mn 10 20 30 40
MOLE 1,5 1,2 1/15 1/15 2/15 2 1
MOLE 1,7 1,1 3/15 1/15 2/15 2 2
MOLE 1,4 1,2 3/15 2/15 2/15 4 3
ARGILA SILTOSA
4,10 MOLE 1,2 1 2/15 2/15 3/15 4 4
AVERMELHADA
MOLE 1,1 1 3/15 3/15 3/15 5 5
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 3/15 5/15 7 6
7,05 RIJA 1,1 7/15 6/15 7/15 8 7
RIJA 1,2 1,1 5/15 8/15 7/15 13 8
MÉDIA 1,2 1,1 4/15 4/15 5/15 9 9
MÉDIA ARGILA SILTOSA 1,2 1,1 5/15 5/15 3/15 8 10
MOLE 1,2 1 4/15 3/15 2/15 5 11
12,2 MOLE 1,2 1,1 2/15 2/15 2/15 4 12
(-)COMPACTA 1,2 1 3/15 3/15 5/15 8 13
(/)COMPACTA 1,2 1 5/15 5/15 7/15 12 14
AREIA BEM
(/)COMPACTA 1,2 1 7/15 8/15 8/15 16 15
GRADUADA
(/)COMPACTA 1,3 1,1 8/15 8/15 8/15 16 16
17,1 COMPACTA 1,2 1 8/15 12/15 15/15 27 17
(+)COMPACTA 1,1 1 45/15 46/15 45/15 91 18
(+)COMPACTA AREIA MUITO 1,2 1,1 45/15 48/15 45/15 93 19
(+)COMPACTA COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/15 95 20
21,2 (+)COMPACTA 1,2 1,1 48/15 48/15 47/16 95 21
Figura 178 - Sondagem SP6 - região aterro

292
P1
353 kN P2
353 kN

P3 P6
P4 P5
1115 kN 1092 kN 1092 kN 1115 kN
47.4- Planta de cargas

Figura 179 - Planta de cargas


P7 P8 P9 P10
652 kN 334 kN 334 kN 652 kN

P11 P12
1140 kN 1118 kN

P13 P18
423 kN P14 P15 P16 P17 423 kN
828 kN 1205 kN 1205 kN 828 kN
P19 P20
634 kN 634 kN
652 kN 652 kN
P21 P24

P22 P23
334 kN 334 kN

1115 kN 1115 kN
P25 P28
P26 P27
587 kN 587 kN
P29 P30
353 kN 353 kN
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

293
P1
353 kN P2
353 kN

P3 P6
P4 P5
1115 kN 1092 kN 1092 kN 1115 kN

P7 P8 P9 P10
334 kN 334 kN 652 kN
652 kN

Figura 180 - Planta dos elementos de fundação


P11 P12
1140 kN 1118 kN

P13 P18
423 kN P14 P15 P16 P17 423 kN
828 kN 1205 kN 1205 kN 828 kN
P19 P20
634 kN 634 kN
652 kN 652 kN
P21 P24

P22 P23
334 kN 334 kN

1115 kN 1115 kN
P25 P28
P26 P27
587 kN 587 kN
P29 P30
353 kN 353 kN
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

294
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

47.5 - Memoriais de cálculo de todos os elementos de fundação

295
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

296
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

297
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

298
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

299
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

300
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

301
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

302
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

303
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

304
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

305
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

306
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

307
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

308
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

309
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

310
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

311
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

312
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILA 11 E 12

313
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

314
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

315
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

316
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

317
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

318
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

319
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

320
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

321
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

322
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

323
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

324
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

325
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

326
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

327
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

328
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

329
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

330
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

331
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

332
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

333
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

334
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

335
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

336
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 1 E 2
.09

.15

N2 - 9 Ø8mm c=1.90
1.42
.15
.09
.15
.15
1.22
.09

.09
N1 - 10 Ø8mm c=1.70

PILAR 3 E 6

.18
.20

N2 - 20 Ø10mm c=323
2.47
.20

.18

.20
.20
.18

.18

2.27
N1 - 20 Ø10mm c=3.03

337
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 4 E 5
.19

.20

N2 - 19 Ø10mm c=3.20
2.42
.20
.19

. 20
.20
.19

.19
2.22
N1 - 20 Ø10mm c=3.0

PILAR 7 E 21

.14
.20

N2 - 17 Ø8mm c=2.30
1.62
.20

.14

.20
.20
.14

.14

2.52
N1 - 10 Ø10mm c=3.20

338
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 8 E 9
.09

.15

N2 - 12 Ø8mm c=2.0
1.52
.15
.09
.15
.15
.09

.09
1.32
N1 - 10 Ø10mm c=1.80

PILAR 10 E 24
c=2.62

.15 .60 .60


1.42 c=2.62

N1 - 4 Ø6.3mm c=1.42
N1 - 3 Ø8mm c=2.02

N2 - 2x3 Ø6,3mm

N1 - 2x6 Ø8mm
1.42

1.42

.15 .60 .60

N1 - 4 Ø6.3mm c=1.42
.60

.60

1.42
N1 - 2x6 Ø8mm c=2.62
.60

.60

1.42
N2 - 2x3 Ø6,3mm c=2.62
.15

.15

1.42
N1 - 3 Ø8mm c=2.02

339
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 11 E 12

c=2.62

.15 .60 .60


c=2.62

N1 - 7 Ø6.3mm c=1.42
N1 - 6 Ø8mm c=2.02

N2 - 2x6 Ø6,3mm

N1 - 2x7 Ø10mm
1.42

1.42

1.42

.15 .60 .60

N1 - 7 Ø6.3mm c=1.42
.60

.60

1.42
N1 - 2x7 Ø10mm c=2.62
.60

.60

1.42
N2 - 2x6 Ø6,3mm c=2.62
.15

.15

1.42
N1 - 6 Ø8mm c=2.02

PILAR 13
.13
.15

N2 - 12 Ø8mm c=2.28
1.72
.15

.13
.15
.15
.13

.13

1.52
N1 - 12 Ø8mm c=2.08

340
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

r
va
c=
m

N4
r
va
.55
.3 m

PILAR 14 E 17

c=

-7
N3
Ø6

m
.55

Ø6
.3 m

-9
r
-7

. 55

va

.3 m
N2
Ø6

c=

Ø6
N4

. 55

mc
-7
m

.3m
-9

0m

Ø1

=va
N3

mc
.55 Ø1

0m
N2 - 5 Ø6.3mm c=var

r
=va
-7

mc
N2

r
. 55 . 55

=va
r
. 55

N1 - 5 Ø6.3mm c=var
.55

.55

N2 - 7 Ø10mm c=var
.55

.55

N3 - 9 Ø6.3mm c=var

N4 - 7 Ø6.3mm c=var

341
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 15, 16, 25 E 28

c=2.62

.15 .60 c=2.62 .60

N1 - 7 Ø6.3mm c=1.42
N1 - 6 Ø8mm c=2.02

N2 - 2x6 Ø6,3mm

N1 - 2x7 Ø10mm
1.42

1.42

1.42

.15 .60 .60

N1 - 7 Ø6.3mm c=1.42
.60

1.42 .60
N1 - 2x7 Ø10mm c=2.62
.60

.60

1.42
N2 - 2x6 Ø6,3mm c=2.62
.15

.15

1.42
N1 - 6 Ø8mm c=2.02

342
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 18

N1 - 9 Ø 8mm c=2.38
N1 - 4 Ø6.3mm c=1.42

N1 - 8Ø 10mm c=2.32

N1 - 9 Ø 8mm c=4.28

343
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

N4
r
va

-6
c=

N3

Ø6
PILAR 19 E 20 .55

r
m

va

-7
.55

. 3m
. 3m

c=

Ø6

m
N2
Ø6

m
.55

. 3m

c=
. 3m

r
.55

va

-6
-6

va
m
c=
Ø6

r
Ø1
N4

c=
m
-7

0m

va
0m

N2 - 5 Ø6.3mm c=var

r
m
N3

.55
Ø1
.55

c=
-6

va
r
.55
N2

.55

N1 - 5 Ø6.3mm c=var
.55

.55

N2 - 6 Ø10mm c=var
.55

.55

N3 - 7 Ø6.3mm c=var

N4 - 6 Ø6.3mm c=var

344
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

PILAR 22, 23, 29 E 30

N1 - 4 Ø6.3mm c=1.42

N2 - 7Ø 10mm c=2.32

N3 - 9 Ø 8mm c=3.88
N4 - 9 Ø 8mm c=1.98

PILAR 26 E 27
N2 - 11Ø 10mm c=2.32
N1 - 6 Ø6.3mm c=1.42

N3 - 9 Ø 8mm c=3.88

N4 - 9 Ø 8mm c=1.98

345
Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________

48- Referências bibliográficas


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execuções de fundação –, NBR 6122.


Rio de Janeiro, ABNT, 2010, 33p.

VELLOSO, A. D E LOPES, R. F. Fundações – Critérios de projeto, investigação geotécnica, Fundações


superficiais e profundas

BASTOS, P.S.S. Blocos de fundação. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), abr/2016, 79p. Disponível em (30/07/2016):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

BASTOS, P.S.S. Sapatas. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2016,
119p. Disponível em (30/07/2016):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

HACHICH, W.; FALCONI, F.F. ; SAES, J.L. ; FROTA, R.G.Q. ; CARVALHO, C.S. ; NIYAMA, S.
Fundações – Teoria e prática. São Paulo, Ed. Pini, ABMS/ABEF, 2ª. ed., 2000, 751p.

MONTOYA, J. Hormigon armado, v.1-2. Barcelona, Ed. Gustavo Gili, 5 a. ed., 1971.

MUNI BUDHU. Fundações e estruturas de contenções, Ed. LTC. Rio de Janeiro 2015

ALBUQUERQUE, R. J. P e MELO, N.B; Fundações – Notas de aula, São Paulo 2013 152p

MELO, N.B; Mecânica dos solos – Notas de aula, São Paulo 2012 97p

MARANGON, M; Geotecnia e fundações – Parâmetros do solo para cálculo de fundações, 16p

DELALIBERA, G. R; Tópicos de especiais em concreto armado – São Carlos 2006, 47p

GONÇALVES, S. H. H.; Mecânica dos solos e fundações – 2014, 143p

GIACHETTI, H; Ensaio Piezocone para analises estratigráficas – FEB/Unesp, departamento de


engenharia civil e ambiental Bauru, 6p

NILSSON, T; DPL Para taludes – CCR Engelog; Jundiaí-SP; 6p

DÓRIA, S, E, L e LIMA, B, L – Analises de fundação do tipo radier empregando o modelo de analogia


de grelha; IBRACON Alagoas 2008; 15p

346

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