Você está na página 1de 43

ENSAIOS DE CAMPO PARA DETERMINAÇÃO

DE PERMEABILIDADE DOS SOLOS

Disciplina: Percolação e Adensamento


Professor: J.F.T.Jucá

Discente: Bruno Diego de Morais


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO;
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS;
3. DEFINIÇÃO E EXECUÇÃO DOS ENSAIOS;
4. QUESTÕES;
5. REFERÊNCIAS;
2
1. INTRODUÇÃO

3
INTRODUÇÃO

Definição:

O ensaio de permeabilidade em furos de sondagens consiste na medida da


vazão, representada pelo volume de água absorvido ou retirado, durante um
intervalo de tempo, em função da aplicação de diferenciais de pressão
induzida por colunas d’água, resultante da injeção ou da retirada de água do
furo.

Manual de Sondagens 5ª Edição. ABGE (2013).

4
INTRODUÇÃO

Os ensaios, de permeabilidade em solos são correntemente realizados em


Geologia de Engenharia e Ambiental com a finalidade de se determinar os
coeficientes de permeabilidade dos terrenos objeto de estudos para
implantação ou consolidação de obras civis e/ou projetos ambientais. São
realizados com frequência em locais de projetos de barragens, de túneis,
para implantação de aterros sanitários, para investigação em áreas
contaminadas, etc.

ABGE. Ensaios de permeabilidade em solos: orientações para sua execução no campo. Boletim, n. 4, 2013.
5
INTRODUÇÃO

Porém, de acordo com Pinto (2000):

• Os ensaios de campo são menos precisos do que os de


laboratório;

• Entretanto, eles se realizam no solo em sua situação real;

• Os ensaios de laboratório são precisos no que se refere à


amostra ensaiada, mas muitas vezes as amostras não
representam bem o solo.
6
INTRODUÇÃO
Entretanto, segundo Massad (2010):

• Os ensaios in situ podem se tornar indispensáveis quando as


amostragens indeformadas são difíceis de obter, como é o caso das
areias e dos solos extremamente moles.

• Porém, antes de realizar um ensaio in situ o engenheiro deve ter uma


ideia do subsolo, tornando assim, necessário a execução de
Sondagens de Simples Reconhecimento.

• Para conhecer os tipos de solos que compõem as camadas, sua


compacidade ou consistência e a posição do lençol freático.
7
INTRODUÇÃO

De acordo com GEOLOGIA (20--), a interpretação dos


ensaios baseia-se em certas hipóteses simplificativas:
1. O escoamento é laminar (para aplicação da lei de
Darcy);
2. O meio é isotrópico e homogêneo;
3. O regime de escoamento é permanente.

8
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS

9
CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS

MANEIRA DE DENOMINAÇÃO DOS MÉTODO DE


PRESSÃO APLICADA RECOMENDAÇÃO
UTILIZAÇÃO ENSAIOS PROSPECÇÃO

Carga (positivo - Sondagens, poços e


Infiltração Solos permeáveis
injeção) cavas
NÍVEL CONSTANTE
Descarga (negativo - Sondagens
Bombeamento Solos permeáveis
retirada) e poços

Carga (positivo - Sondagens Solos de baixa


Rebaixamento
injeção) e poços permeabilidade
NÍVEL VARIÁVEL
Descarga (negativo - Ensaio de Sondagens Solos de baixa
retirada) Recuperação e poços permeabilidade

TABELA 1 - Adaptado
ABGE. Ensaios de permeabilidade em solos: orientações para sua execução no campo. Boletim, n. 4, 2013.
10
CARGA HIDRÁULICA CONSTANTE

Os ensaios a nível constante são realizados através da


manutenção do nível d’agua num furo de sondagem,
poço ou trincheira, numa posição constante ao longo de
toda duração do ensaio.

• Infiltração

NÍVEL CONSTANTE

• Bombeamento (abaixo do lençol freático)

11
CARGA HIDRÁULICA VARIÁVEL

Nos ensaios a nível variável, o nível d’água natural é alterado


para uma posição que se pode denominar nível d’água inicial
do ensaio. A tendência do nível d’água voltar à posição original
é acompanhada ao longo do tempo de realização do ensaio.

• Rebaixamento

NÍVEL VARIÁVEL

• Recuperação (abaixo do lençol freático)

12
3. DEFINIÇÃO E EXECUÇÃO DOS
ENSAIOS

13
PROGRAMAÇÃO DOS ENSAIOS

Permeabilidade dos solos: a estimativa prévia desta propriedade


pode ser de interesse à programação dos ensaios (escolha dos tipos
de ensaios, tamanho dos trechos a ensaiar, vazões esperadas, etc.).

• Pode ser efetuada com base na granulometria dos solos, através de


fórmulas, como a de Hazen.
• A experiência técnica pode ser traduzida por tabelas como a
apresentada a seguir (MELLO, TEIXEIRA, 1967):

14
TABELA 2
PROGRAMAÇÃO DOS ENSAIOS

Coesão do solo: esta propriedade pode ser condicionante na


programação dos ensaios, pois os problemas de desmoronamento
podem influir nos resultados dos ensaios, ou mesmo impedi-los.

• Tais problemas são facilmente constatados em poços e trincheiras.


O mesmo não acontece em furos de sondagem à percussão.

• A experiência tem mostrado que os maiores problemas têm ocorrido


somente com areias puras, aluviares, também conhecidas como
“areias lavadas”.

15
VALIDADE DOS ENSAIOS

É necessário que o regime de escoamento seja permanente,


isso é alcançado quando as vazões permanecem constantes ao
longo do tempo.

• Acima do nível d’água: o regime de escoamento permanente é


atingido mais lentamente, sendo necessário a prévia saturação
do solo.

• Abaixo do nível d’água: o regime de escoamento permanente é


atingido mais rapidamente, pois o solo já se encontra saturado.
16
VALIDADE DOS ENSAIOS

O “Manual de Sondagens” (ABGE, 2013) considera vazões


estabilizadas quando:

a) não é observada uma variação progressiva nos valores lidos;

b) a diferença entre leituras isoladas e seu valor médio não


supera 20%.

17
TRECHOS DE ENSAIO

É conveniente a escolha de
trechos tanto maiores quanto
menor for a permeabilidade
Trecho do ensaio:
estimada, de maneira a permitir intervalo entre o final do
revestimento e o fundo do furo.
uma medida mais fácil da
vazão.

18
O gráfico orientativo apresenta a grandeza
da vazão em função da permeabilidade (K)
esperada e da carga atuante (h), para
trecho de ensaio de 1 m em furos com
diâmetro de 6,35 cm (2 1/2”).

GRÁFICO 1
ABGE. Ensaios de permeabilidade em solos: orientações para sua execução no campo. Boletim, n. 4, 2013.
19
ESCOLHA DO TIPO DE ENSAIO

Dada a maior simplicidade de execução, a escolha


frequentemente recai no ensaio de infiltração ou rebaixamento.

O “Manual de Sondagens” (ABGE, 2013) sugere o seguinte


critério de opção: Será feito ensaio de rebaixamento quando:

• A carga hidráulica do trecho ensaiado for superior a 0,02 MPa


(> 2 metros);
• E quando, por avaliação, o rebaixamento da água no interior do
revestimento for inferior a 10 cm/min.
20
ESCOLHA DO TIPO DE ENSAIO

A execução dos ensaios de permeabilidade e de penetração


padronizados (SPT) num mesmo trecho deverá ser limitada aos
horizontes abaixo do nível d’água, ou onde o avanço da
sondagem for feito pelo método de lavagem.

Ensaios de infiltração acima do nível d’água deverão ser feitos


em um novo furo, deslocado de 3 m em relação ao primeiro.
21
EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS
• Bomba d’água: com capacidade mínima de 40 L/min;
• Hidrômetro: em boas condições, com divisões de escala em litros;
• Tambor: graduado em litros, com capacidade de aproximadamente 200 L;
• Provetas: graduadas a cada 50 mL, com capacidade mínima de 1 L;
• Funil: com rosca com orifício inferior de 2,54cm (1”) e diâmetro maior de, no
mínimo, 20cm;
• Escarificador: constituído por uma haste com ponteira decimétrica de
madeira ou de metal;
• Medidor de nível d’água;
• Bombas do tipo injetora, bomba de sucção ou bomba submersa, tubos do
PVC e tela (para os ensaios que requerem bombeamento). 22
INFILTRAÇÃO

Neste ensaio, aplica uma carga


(constante), medindo-se a vazão injetada
necessária para manutenção do nível
d’água constante;

23
ENSAIO DE INFILTRAÇÃO
Injeção d’água

Tempo zero Tempo final

tempo médio de 20 minutos 100 cm

Vazão - Y

Vazão estabilizada
Utilizada em cálculo

N.A

X - Tempo 24
REBAIXAMENTO

Neste caso, se estabelece uma coluna d’água


inicial, interrompe-se a introdução da água e
acompanha-se o rebaixamento do nível d’água
com o tempo.

25
ENSAIO DE REBAIXAMENTO
Injeção d’água por 10 min

Tempo zero

100 cm

Saturação do Solo
N.A

26
ENSAIO DE REBAIXAMENTO
Injeção d’água por 10 min

Tempo zero Tempo final

15” 30” 1’ 2’ 3’ 4’ 5’ 100 cm

O tempo de ensaio é 30 minutos ou quando


rebaixamento atingir 20% da carga inicial

Saturação do Solo
N.A

27
BOMBEAMENTO

Neste caso, o aquífero é descarregado,


medindo-se a vazão bombeada necessária
para manter constante o nível d’água
rebaixado, sempre na mesma posição.

28
ENSAIO DE BOMBEAMENTO
Retirada d’água

Tempo zero

100 cm

N.A

29
ENSAIO DE BOMBEAMENTO
Retirada d’água

Tempo zero Tempo final

100 cm

Vazão - Y

Vazão estabilizada N.A


Utilizada em cálculo

X - Tempo 30
RECUPERAÇÃO

Bombeia-se a água até que o seu nível esteja rebaixado o


suficiente em relação ao nível freático ou piezométrico, medindo-
se, em seguida, a velocidade de recuperação.

31
ENSAIO DE RECUPERAÇÃO
Retirada d’água

100 cm

N.A

32
ENSAIO DE RECUPERAÇÃO
Retirada d’água

Tempo zero

100 cm

N.A

1m

33
ENSAIO DE RECUPERAÇÃO
Retirada d’água

Tempo zero Tempo final

15” 30” 1’ 2’ 3’ 4’ 5’ 100 cm

N.A

O tempo de ensaio é 30 minutos ou quando


rebaixamento atingir 20% da carga inicial

34
4. QUESTÕES

35
QUESTÃO 1
•Através
  do ensaio de distribuição granulométrica, foi determinado que o
diâmetro efetivo de um solo é igual a D10 = 0,0012 cm. Pretende-se realizar
um ensaio de permeabilidade mais simples possível nesse solo, nas
seguintes condições:
• O trecho de ensaio é de 1 m em furos com diâmetro de 6,35 cm.
Qual ensaio deve ser realizado? Qual a vazão esperada e a carga
hidráulica necessária para a realização do ensaio?

36
QUESTÃO 1

MANEIRA DE DENOMINAÇÃO DOS MÉTODO DE


PRESSÃO APLICADA RECOMENDAÇÃO
UTILIZAÇÃO ENSAIOS PROSPECÇÃO

Carga (positivo - Sondagens, poços e


Infiltração Solos permeáveis
injeção) cavas
NÍVEL CONSTANTE
Descarga (negativo - Sondagens
Bombeamento Solos permeáveis
retirada) e poços

Carga (positivo - Sondagens Solos de baixa


Rebaixamento
injeção) e poços permeabilidade
NÍVEL VARIÁVEL
Descarga (negativo - Ensaio de Sondagens Solos de baixa
retirada) Recuperação e poços permeabilidade

R: Ensaio de Infiltração 37
QUESTÃO 1

R: A vazão esperada é de aproximadamente 45 (l/min) e a carga hidráulica necessária é de 2m.


38
QUESTÃO 2
Calcule o coeficiente de permeabilidade K, dada as condições
apresentadas na figura abaixo, sabendo que trata-se de um ensaio de
infiltração realizado acima do nível d’água:

Q= 40cm³/s;
ENSAIO DE INFILTRAÇÃO
Tu= 800cm;
K
 
h= 600cm;
L=100cm;
d=12cm;
r= 6cm.
Cu= coeficiente tabelado

39
 

COEFICIENTE DE CONDUTIVIDADE EM MEIOS NÃO SATURADOS


40 (Cu)
QUESTÃO 2
Calcule o coeficiente de permeabilidade K, dada as condições
apresentadas na figura abaixo, sabendo que trata-se de um ensaio de
infiltração realizado acima do nível d’água:

RESPOSTA:

41
5. REFERÊNCIAS

42
REFERÊNCIAS
ABGE-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL. Ensaios de permeabilidade
em solos: orientações para sua execução no campo. Boletim, n. 4, 2013.

ENSAIOS IN SITU . In: GEOLOGIA DE ENGENHARIA. Portugal: Faculdade de Engenharia da Universidade do


Porto, [20--]. cap. 7, p. 7.1-7.17. Disponível em: <https://paginas.fe.up.pt/~geng/ge/apontamentos/Cap_7_GE.pdf>.
Acesso em: 17 mar. 2018.

FANTINATTI, Patricia Helena Azevedo et al. Ensaios de Permeabilidade In Situ em Solos Saturados.

Manual de Sondagens 5ª Edição. Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), São Paulo, Brasil,
2013.

MASSAD, Faiçal. Obras de terra: curso básico de geotecnia. Oficina de textos, 2010.

MELLO, V., TEIXEIRA, A.M. (1967). Mecânica dos solos. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos - USP,
Publicação nº 137.

PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de mecânica dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
43

Você também pode gostar