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Redação para

vestibular medicina
4ª edição
Belo Horizonte 2019

L C
LINGUAGENS, CÓDIGOS

2
e suas tecnologias
Estudo da escrita - Redação
ENTRE FRASES Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.

Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves

Colaboradora - Aula 6
Thaiane dos Santos Guerra

Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Claudio Guilherme da Silva
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-148-6

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais
vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enri-
quecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.
Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos
principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química,
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE FRASES
ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO
Aula 6: Principais faculdades particulares de medicina em Minas Gerais 7
Aula 7: Parágrafo padrão e tópico frasal 19
Aula 8: Estratégias Argumentativas I 37
Aula 9: Estratégias Argumentativas II 55
Redações extras 73
Prontuário 87
0 6 Principais faculdades
particulares de medicina
em Minas Gerais

L C
ENTRE
FRASES
Principais faculdades particulares de medicina em MG
Entre as principais instituições que serão priorizadas neste estudo estão: CCMG, PUC-MG, UNIFENAS, FA-
SEH, FAMINAS, UIT, FAME e SUPREMA.
De modo geral, elas possuem algumas particularidades na prova de redação. Apesar disso, essas
bancas avaliam os mesmos elementos que devem ser dominados pelos candidatos no Enem. Ou seja, os critérios
observados no texto que você escreverá são similares aos exigidos pelo Inep. Por esse motivo, a redação que você
fará para as provas de instituições particulares de MG não é nenhuma grande novidade.
Apesar disso, se você está à procura de informações específicas sobre cada prova, pode buscar o Edital do
vestibular ou Manual do Candidato, documentos elaborados pelas instituições para dar clareza sobre as especifi-
cidades da prova, incluindo distribuição de pontos, conteúdo previsto e detalhes sobre a redação. Por isso, sempre
que seu objetivo for o de saber como é a prova em uma determinada faculdade, são esses os documentos que você
deve ler atentamente.

As bases do texto nas particulares de MG


Ao analisar os editais e provas anteriores das principais particulares de Medicina de Minas Gerais, observa-
-se uma exigência comum: a escrita de um texto dissertativo-argumentativo em que você discuta e se
posicione diante de um tema. Portanto, nada disso se diferencia do que você estudou em aulas passadas (com
exceção da faculdade CCMG e PUC-MG, que são mais distintas).
Via de regra será solicitado um texto em que a banca apresenta um tema de relevância social que é
apoiado por textos motivadores para direcionar a escrita.
A seguir são apresentados os critérios básicos que serão examinados em redações que você produ-
za para qualquer vestibular, incluindo aqueles de instituições particulares em Minas:

1. Compreensão do tema

2. Domínio do gênero textual exigido

3. Seleção e organização das ideias e consistência da argumentação

4. Domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa

5. Emprego de recursos coesivos

Ao compreender que esses cinco elementos são a base do texto de todo vestibular, estará seguro
de que, embora cada prova seja diferente e dê foco a este ou aquele aspecto, os conhecimentos básicos sobre como
escrever adequadamente já são dominados por você.

As especificidades do texto nas particulares de MG


As faculdades particulares de Minas Gerais possuem algumas características bem típicas em relação à
redação. A mais expressiva delas é o tipo de tema mais frequente em provas. A dificuldade sentida pela maioria
dos candidatos diante desses vestibulares é que algumas das instituições não divulgam publicamente as provas
aplicadas, o que gera uma dificuldade em conhecer as características do exame. Este é o caso da UNI-BH, UIT e
FAME, por exemplo.

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Assunto generalista versus assunto da saúde
Em relação ao tipo de assunto que pode ser cobrado na redação das particulares de medicina de MG, clas-
sificamos em dois tipos:
§§ Assunto generalista: é aquele que pode pertencer a qualquer área ou assunto, abrangendo discussões do
âmbito da cidadania, minorias, cultura, ciência, tecnologia, comportamento, educação, meio ambiente etc.
§§ Assunto da saúde: é aquele que está restrito a essa área, incluindo discussões sobre bem-estar físico e
psíquico, postura médica, políticas públicas de saúde, relação médico-paciente, entre outros.

Tema-problema versus tema dualístico


O ponto de vista a ser defendido em uma redação irá ser definido também pelo tipo de tema exposto ou
até mesmo pela forma como ele é apresentado. A partir da análise geral de como um candidato pode se posicionar,
classificamos os temas em:
§§ Tema-problema: aponta para um único ponto de vista possível: a identificação de uma situação-proble-
ma. Exemplo: Violência doméstica contra crianças no Brasil.
§§ Tema dualístico: evidencia a possibilidade de o candidato defender um ponto de vista x ou y. Exemplo: A
reforma da previdência é necessária?

Tema objetivo versus tema subjetivo


Como cada banca de vestibular possui suas características específicas, também é possível classificar o tema
como objetivo ou subjetivo tendo em vista as seguintes características:
§§ Tema objetivo: relacionado a questões sociais comumente noticiados e discutidos na sociedade. Não
exigem uma interpretação profunda do tema, pois são apresentados de maneira direta e clara. Exem-
plo: Os problemas trazidos pela urbanização no contexto brasileiro.
§§ Tema subjetivo/abstrato: relacionado a questões de natureza filosófica, psíquica ou artística
que são mais incomuns em discussões na mídia e sociedade. Exigem um maior cuidado e atenção para ser
interpretado e redigido. Exemplo: Individualismo e solidão nas grandes cidades.

Para abordagem do tema subjetivo, é comum alguma insegurança que pode ser vencida com boas estraté-
gias como:
§§ Transformar o subjetivo em objetivo: selecionar situações, exemplos e dados concretos relacionadas ao tema
§§ Apresentar e discutir ideias filosóficas, sociológicas sem vagueza e exagero
§§ Evidenciar capacidade reflexiva e análise crítica ao argumentar
§§ Liberdade maior de utilizar uma linguagem mais figurada

Conclusão simples versus conclusão com proposta de intervenção


Questionar-se sobre o tipo de conclusão mais adequado para a redação de faculdades particulares de MG é
um ponto importante para elaborar um bom texto. O básico a se saber é que o Enem sempre exige uma proposta de
intervenção justamente porque os temas elaborados se vinculam necessariamente a um problema cuja resolução
está ao alcance de diferentes setores da sociedade.
Entretanto, apresentar soluções não é uma obrigatoriedade em todo vestibular. Por isso, o importante é ler o
comando e as instruções com atenção pois, se a proposta de intervenção for obrigatória, a indicação será
feita pela banca de forma clara e explícita. Caso não seja obrigatória, vale avaliar se será possível
ou benéfico apresentar soluções.

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Quando se trata de um tema-problema, o encaminhamento para propostas de intervenção é um movimento
natural da escrita. Por outro lado, caso o tema seja do tipo dualístico, o candidato pode sentir dificuldade de propor
soluções porque não necessariamente problematizou o tema ao longo do desenvolvimento. Por esse motivo, pode-
-se pensar na escolha mais adequada tendo em vista que:
§§ Conclusão simples: é aquela realizada normalmente diante da percepção de um tema dualístico, que
permite que o texto seja finalizado com uma simples retomada de ideias e um fechamento geral.
§§ Conclusão com proposta de intervenção: é aquela que pode surgir da discussão de um problema
central verificado diante de um tema e caracteriza-se pela apresentação de soluções para resolução do que
foi problematizado.

Redação sem título versus redação com título


Você já deve saber que o Enem não exige que o texto tenha um título obrigatório. Porém, alguma insegu-
rança pode surgir diante de outros vestibulares. Neste caso, o recomendado é:
§§ Se as instruções da redação indicam que o candidato deve dar um título, esse elemento é obrigatório.
§§ Se as instruções não citam a obrigatoriedade do título, o elemento é facultativo e, dessa maneira, o candi-
dato pode apresenta-lo ou não.

Quadro-resumo: a redação nas particulares de MG


Para que você tenha uma visão geral de como cada uma das faculdades particulares de medicina de Minas
Gerais se comporta em relação à redação, veja mais detalhes no quadro-resumo a seguir.

Faculdade Gênero textual Tipo de tema Temas já cobrados OBS.


§§ o papel da mídia na
§§ Textos mais opinati-
nossa sociedade
PUC-MG Artigo de Opinião ou Assunto generalista vos, com maior carga de
BH Carta Argumentativa Tema dualístico §§ A Demarcação das
subjetividade
Terras Indígenas no Brasil
§§ O hipocondríaco tem
medo de viver ou medo
CCMG Texto dissertativo-argu- Assunto da saúde e de morrer?
BH mentativo e Texto argu- Assunto arte/literatura §§ Máximo de 10 linhas
§§ A necessidade de
mentativo
gritar quando o mundo
é surdo
§§ Necessidade huma-

UNIFENAS Texto dissertativo-argu- Assunto generalista na de desvendar o uni- §§ Título obrigatório


BH mentativo Tema-problema ou dua- verso §§ Tema não é apresen-
*posicionando-se sobre lístico §§ Êxodo de brasileiros tado em uma sentença
para o exterior
§§ As manifestações de
§§ Texto estilo Enem
UNI-BH Texto dissertativo-argu- Assunto generalista julho de 2013 no Brasil
mentativo Tema-problema §§ Proposta de inter-
§§ Soluções de mobili-
venção obrigatória
dade urbana para o Brasil

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Faculdade Gênero textual Tipo de tema Temas já cobrados OBS.
§§ A destruição das últi-
mas amostras do vírus da
Texto dissertativo-argu-
FASEH mentativo Assunto da saúde varíola no mundo §§ Não exige título nem
BH - Vespasiano *posicionando-se sobre Tema dualístico §§ A decisão do gover- proposta de intervenção
no de incluir terapias al-
ternativas no SUS
§§ A influência da tec-
nologia no século XXI:
Assunto da saúde
FAMINAS Texto dissertativo-argu- Tema-problema ou dua- imposição ou escolha? §§ Não exige título nem
BH mentativo lístico §§ Reflexos da imigra- proposta de intervenção
ção para a saúde no terri-
tório brasileiro
§§ Episódios de racismo
e posição assumida pela
Texto dissertativo-argu-
UIT mentativo Assunto generalista população
§§ Título obrigatório
Itaúna * posicionando-se sobre Tema dualístico §§ Estamos virando
uma sociedade em que
tudo se compra?
§§ A jornada de traba-
Texto dissertativo-argu- lho deve ser alterada?
FAME mentativo + posicionan- Assunto generalista §§ Proposta de inter-
§§ O Congresso Na-
Barbacena do-se Tema dualístico venção obrigatória
cional deveria aprovar a
volta da CPMF?
§§ Prevenção das doen-
ças H1N1, Zica Chikun-
SUPREMA Texto dissertativo-argu- Assunto da saúde gunya e dengue
Juiz de Fora mentativo Tema-problema §§ Título obrigatório
§§ A importância do
agente comunitário de
saúde

O aumento da HIV entre idosos no Brasil


ACERVO

TEXTO I

Costureira de 67 anos relata angústia ao descobrir HIV: 'não pensei na camisinha'

Incidência do vírus da Aids entre idosos aumentou 60% no Estado de São Paulo entre 2009 e 2015. Uso de preservativos

é tabu entre os mais velhos, afirma coordenadora de Saúde.

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Até pouco tempo atrás, a costureira Maria Rita Alves Lemes, de Ribeirão Preto (SP), considerava ter chegado à fase mais
tranquila de sua vida. Mas, aos 67 anos, com três filhos e divorciada, o que ela menos imaginou foi ser diagnosticada com HIV na
terceira idade. "Não tive cuidado, porque não pensei na camisinha. (...)", conta.
O alerta de Maria Rita traduz os números da transmissão do vírus da Aids entre idosos. Os casos subiram 60,6% em São
Paulo entre 2007 e 2015. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a incidência subiu de 3,3 para 5,3 casos para cada cem mil
habitantes nesse período.
Uma estatística que encontra explicação num traço de comportamento comum entre os mais velhos - o que exaustivamente
gera alerta entre as autoridades médicas – é a falta do preservativo na relação sexual, de acordo com a coordenadora do Programa
DST/Aids de Ribeirão Preto, Lis Neves.
“Observamos que os idosos estão saindo mais, aproveitando a vida um pouco mais, estão se divertindo mais. Isso asso-
ciado aos estimulantes sexuais, e os idosos de um modo geral não têm o hábito da prevenção em relação ao HIV", afirma. (...)

https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/costureira-de-67-anos-relata-angustia-
-ao-descobrir-hiv-nao-pensei-na-camisinha.ghtml (15.10.2017)

TEXTO II
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, médico do Ambulatório de Aids do Idoso do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e
autor do livro “Sexo e Aids depois dos 50”, ignorar a sexualidade dos idosos chegou a atrapalhar a sociedade médica em diagnós-
ticos. "Não é só um preconceito da população. Quando os casos começaram a aparecer, em 1996, a sexualidade dessa população
não era nem considerada". Doenças do próprio envelhecimento acabavam escondendo o HIV. A avaliação de pneumonias entre
idosos e jovens pode ser usada como um exemplo, explica o profissional. Nos mais experientes, a doença seria justificada pela saúde
frágil e mudança climática. Já nos mais novos, o quadro causa estranheza e é investigado.
“A doença não é mais exclusiva aos profissionais do sexo, homossexuais e viciados. Aqui tratamos donas de casa que por
falta de informação acabaram se contaminando”, explica a enfermeira-chefe Thalita Silveira, de 25 anos. Ela explica que todas as
pacientes enfrentam período de descrença já que não é uma doença da geração delas. “Acreditam que são imunes”, diz. A paciente
mais velha da casa é uma mulher de 77 anos, que contraiu a doença em 1999. Com os cabelos cuidadosamente penteados e exi-
bindo as unhas pintadas, a idosa culpa seu vizinho, “um homem casado e com filhos”, pela doença.
Descobrir ser portador de um vírus incurável é devastador. Entre pessoas acima de 60 anos, ainda pode provocar a ruptura
de laços familiares. O infectologista Gorinchteyn explica que é comum a não aceitação dos filhos pela carga de promiscuidade que
a Aids carrega. “Muitos contraíram em uma aventura fora do casamento ou durante relações bissexuais. Não é fácil imaginar que o
vovô traiu a vovó”. O nível de revolta aumenta entre famílias tradicionais.

https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-12-22/com-aumento-de-80-dos-casos-idosos-lutam-contra-aids-e-rejeicao-familiar.html (22.12.2013)

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TEXTO III

http://blogjornaldamulher.blogspot.com/2018/03/hiv-em-idosos-aumenta-em-103-os-casos.html (21.03.2018)

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É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2017, foram registrados 2.217 casos de aids no Brasil, em 2016, entre
pessoas com 60 anos de idade ou mais. Em 2015, houve 2.152 casos. A taxa de detecção manteve-se estável com 9,3 casos
para cada 100 mil habitantes em 2016; em 2015, a taxa era de 9 casos. Já nos casos de HIV, o Brasil apresentou 1.294 ocor-
rências em pessoas a partir dos 60 anos, em 2016, e 1.125, em 2015.

www.aids.gov.br/noticias (18.05.2018)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

A deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) propôs o debate, na Câmara dos Deputados, sobre o aumento dos índices de
infecção pelo vírus HIV estão entre a população idosa. Ela é enfermeira e se preocupa em saber como os idosos estão sendo
recebidos nas unidades de saúde.
"Quando se olha para um idoso sexualmente ativo como promíscuo, está se cometendo um grave equívoco. A gente
precisa trabalhar muito os profissionais de todas as áreas, em especial a equipe multiprofissional da saúde, para o acolhimento
diferenciado em qualquer que seja dos ambientes", disse ela.

www.camara.leg.br (16.05.2018)

III. DADO HISTÓRICO RELEVANTE

A Sindrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um nú-
mero elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma
de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune. Todos estes fatos convergiram para a inferência de que
se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível.

www.bvsms.saude.gov.br (Acessado em 11.08.2019)

IV. LEGISLAÇÃO

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o
acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.

Estatuto do Idoso - 2003

15
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo HIV e AIDS: DEPOIMENTOS REAIS

Fonte: Youtube

Filme As Horas

O filme aborda a AIDS de maneira secundaria, mas nem por isso


irrelevante. Como o filme é dividido em três épocas distintas, a
questão da aids é abordada no momento mais presente. Nesse
período Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que
vive em Nova York dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor
que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo.
Ou seja, o longa mostra que independente do “problema” com
a doença, o amor dos próximos (amigos, família etc) existe e não
pode nunca ser esquecido nesse período tão difícil.

ACESSAR

Sites UNAIDS

unaids.org.br/

16
Proposta 6
TEXTO 1
Em 10 anos, o número de idosos com HIV no Brasil cresceu 103%, segundo dados do Ministério da Saúde.
A falta de políticas públicas, o tabu que envolve a vida sexual de pessoas acima de 60 anos e o comércio de me-
dicamentos para disfunção erétil são os principais fatores que se articulam para gerar o alarmante dado, segundo
especialistas.
Dados recentes do Boletim Epidemiológico de 2017 apontam que, em 2016, quando foram registrados
1.294 casos, houve o crescimento de 15% no índice de pessoas acima de 60 anos com o vírus. Em 2015, por sua
vez, aumentou 51,16%, com 1.125 pessoas infectadas, em relação aos números de 2014, quando 856 foram
diagnosticados. O pior ano foi 2016, com 2.217 casos.
O aumento constante segue uma tendência mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)
apontam que, se o ritmo de infecções nessa faixa etária prosseguir como está, em 2030, 70% da população mun-
dial com mais de 60 anos terá o vírus causador da Aids.

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2018/03/25/interna_ciencia_saude,668253/
numero-de-idosos-com-hiv-no-brasil-cresce-103-na-ultima-decada.shtml (25.03.2018)

TEXTO II
Hoje, vivemos uma terceira onda de como a Aids é apresentada no Brasil. As últimas políticas anunciadas
indicam que o caminho governamental para o enfrentamento passa por duas ordens claras: descubra o mais rápido
possível, e não transmita a ninguém.
Alheio à realidade das pessoas que vivem com HIV, principalmente nas questões apontadas pela sociedade
civil organizada, o governo federal investe cada vez mais em ações fáceis, desprezando anos de avanços na con-
cepção de saúde aliada a direitos humanos.
Assistimos a propostas curiosas, como o fim do aconselhamento na testagem e a venda de kits de autotes-
tagem em farmácias e outros locais. Um resultado que impacta fortemente a vida de uma pessoa acaba ao lado
de sabonetes e cotonetes.
Vivemos um tempo de banalização da própria vida com aumento da violência e dos crimes institucionais,
com a ampliação do descaso do Estado e com a queda da intersetorialidade como preceito de saúde pública mais
ampla.
Vivemos também um tempo de banalização da Aids. Se antes o medo se destacava, e depois venderam a
ideia do controle, hoje nota-se a estratégia de tornar banal um resultado positivo.
A resposta do momento é totalmente medicamentosa. Saúde pública sem direitos humanos respeitados é
mero higienismo disfarçado, que gera banalização de coisas sérias e respostas meramente artificiais e limitadas.

https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2014/03/30/brasil-vive-tempo-de-banalizacao-da-aids.htm (30.03.2014)

A reflexão suscitada por esses textos é muito importante. Com base nessas discussões, elabore uma redação
dissertativo-argumentativa apresentando sua opinião sobre O aumento da HIV entre idosos no Brasil.

Dê um título ao seu texto.

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0 7 Parágrafo padrão e tópico
frasal

L C
ENTRE
FRASES
Parágrafo padrão e tópico frasal
PARÁGRAFO PADRÃO
Na dissertação argumentativa, parágrafo padrão é a unidade composta por vários períodos na qual
se desenvolve uma ideia central. Ele deve conter apenas um assunto, pois é justamente a centralidade da
ideia que garante sua unidade. A maior parte dos parágrafos confusos são aqueles que se propõem a discutir –
num mesmo espaço – dois ou três assuntos diferentes, prejudicando compreensão geral do texto, sobretudo por
apresentarem grandes saltos temáticos.
O parágrafo-padrão também possui uma estrutura fixa que deve ser respeitada, com uma espécie de intro-
dução, desenvolvimento e conclusão, conforme o parágrafo abaixo.

Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator prepon-
derante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo re-
cente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo
jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na
ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à co-
munidade, como é o caso dos surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas
de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso
à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho.

No exemplo, podemos perceber que que o primeiro período configura a abertura de uma ideia (vermelho);
os seguintes, o desenvolvimento (azul); e o último, a conclusão (verde), apresentada como uma consequência do
problema discutido. De modo geral, a organização escolhida deixou o trecho perfeitamente compreensível.
Assim, é importante que o parágrafo padrão preze sempre por uma lógica sequencial, isto é, as informações
precisam estar apresentadas de acordo com o raciocínio que o autor deseja mostrar. Muitas vezes, seja pelo nervo-
sismo ou pela falta de experiência com a escrita, muitos alunos acumulam informações no parágrafo, tornando-o
incoerente e até mesmo incompreensível. Nesses casos, uma boa dica é escrever períodos curtos e realizar uma
leitura atenta do parágrafo após terminar de redigi-lo.
A forma mais segura para a construção do parágrafo padrão chama-se tópico frasal. Ela é utilizada com
frequência por garantir organização e unidade na redação. No entanto, ela não é a única forma de estruturá-lo:
alguns temas mais filosóficos ou sociológicos, como os da FUVEST, podem ser estruturados de outro modo.

TÓPICO FRASAL
Chama-se tópico frasal o período-síntese que anuncia a ideia a ser desenvolvida no parágrafo. Ele deve
ser curto e conciso, e deve sempre pressupor explicações. Outro detalhe importante: em boa parte dos empregos
eles estão acompanhados de conjunções que fazem a conexão com o parágrafo anterior. Abaixo seguem alguns
exemplos extraídos das melhores redações do ENEM e da FUVEST.
O uso da afirmação/declaração é o principal modo de empregar tópico frasal. Trata-se de uma ideia
do autor que orientará o parágrafo. Por se tratar de uma declaração geral, deve ser redigida por períodos
argumentativos, isto é, períodos que contenham julgamentos, avaliações, ou definições do próprio autor que,
obrigatoriamente, exijam explicações.

Ex1: As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos animados e trilhas sono-
ras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. Dessa maneira, as indústrias acabam comparti-

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lhando seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds.
A falta de discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a OMS, no Reino
Unido há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são
proibidos em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos
infantis. Já no Brasil há a auto-regulamentação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo,
sem legislação específica.

(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2014)

No exemplo abaixo, há dois parágrafos extraídos da mesma redação. Além de cada um deles desenvolver
uma ideia diferente – reforçando a opinião da autora – eles estão muito bem conectados por uma conjunção.

Ex2: Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais
para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvol-
veram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou
Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis
pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade
para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado.
Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma
crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da
realidade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda
em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos.

(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2014)

Ex 3: Além disso, a maioria das escolas brasileiras não incluem os surdos, assim como os demais portadores
de necessidades especiais, em seus programas, estimulando a diferença e o preconceito. Por mais que a legislação
brasileira garanta o ensino inclusivo, a maioria das escolas brasileiras não possuem estrutura para atender aos
deficientes auditivos, principalmente por conta da falta de profissionais qualificados. A pouca inclusão dos jovens
deficientes e não-deficientes valoriza a diferença entre eles, gerando discriminação e uma sociedade dividida. O
renomado geógrafo Milton Santos dizia que uma sociedade alienada é aquela que enxerga o que separa, mas não
o que une seus membros, algo que se evidencia na exclusão de surdos em todos os níveis de ensino.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2016)

Às vezes, o tópico frasal pode estar acompanhado de referências:

Ex 4: A crescente valorização do consumo é preocupante se uma economia de mercado transforma-se em


uma sociedade de mercado, como define Michael Sandel. Nesse tipo de sociedade, tudo pode ser comprado e tem
um preço. São exemplos dessa possível transformação a venda da virgindade pela jovem brasileira em 2012 e a
compra de votos no chamado Mensalão. Nesses casos, a virgindade e o deve cívico do voto, a princípio sem preço,
foram vendidos como simples mercadorias. Desvirtua-se, portanto, os valores da sociedade e, de fato, cartões de
credito e dinheiro poderão comprar felicidade e tudo o que o mundo oferece.

(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

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Ex 5: Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como dis-
serta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava
compactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo
religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser
repudiado em um estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.

(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2016)

Em alguns casos, o tópico pode estar estruturado com uma oração concessiva. Ela serve para conduzir um
raciocínio por meio de ressalvas e é introduzida pelas conjunções embora, ainda que, mesmo que, por mais que.

Ex 6: Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a “Maria da Penha”
tenham contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias relacionadas à violência – física, moral,
psicológica, sexual – contra a mulher, ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é
uma causa que desencoraja inúmeras denúncias. Muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura feminina
agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos da perpetuação da violência o
medo de uma retaliação do agressor e a “vergonha social”, o que desestimula a busca por justiça e por direitos,
peças-chave na manutenção de qualquer democracia.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2015)

Ex 7: Contudo, ainda que o mundo esteja enfrentando essa situação caótica, há uma esperança (por sorte
pandora não a deixou escapar): basta o homem se conscientizar de que a felicidade não é comprável, de que não
devemos permutar nossa individualidade por um padrão social e de que satisfazer-se através de uma “tarde de
compras no shopping” é um indício de um intelecto infantil, já que o consumo não traz nenhum avanço a ninguém.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

Outro modo de construir o tópico frasal é por meio de comparações:

Ex 8: O shopping center funciona exatamente como a montanha russa. Bombardeados por anúncios, luzes e
lojas, os consumidores entram em um estado de frenesi, que os induz a comprar mais. A perda de referências se dá
pela ausência de marcadores de tempo (relógios ou entradas de luz natural) e pela rapidez com que os produtos se
renovam. Absolutamente tudo é novo e melhor. Com a inovação constante, o velho se torna obsoleto e a felicidade
se encontra em obter as novidades, dispensando até mesmo o seu aproveitamento.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

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Exercícios
EXERCÍCIO 1: Redija um parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo a partir dos tópicos fra-
sais abaixo. Procure reunir informações, exemplos, dados ou citações de seu repertório pessoal, que
reafirmem a ideia proposta no período.

a. As residências, nos grandes centros urbanos, transformaram-se em fortalezas repletas de segurança. ...

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b. Muitas empresas se valem do desconhecimento e ignorância dos consumidores para impor a necessidade de no-

vos produtos.........................................................................................................................................

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c. A falta de estrutura nas escolas e o baixo incentivo em formação continuada prejudica o desempenho

dos professores da educação básica.....................................................................................................

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d. As questões ambientais,no Brasil,são frequentemente atravessadas por conflitos entre ambientalistas e empre-

sas privadas.........................................................................................................................................

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EXERCÍCIO 2: Agora, redija o parágrafo considerando as ressalvas realizadas no tópico frasal.

a. Embora a lei de imigração, de 2016, tenha facilitado a permanência legal dos estrangeiros no Brasil, a

xenofobia existente em relação a algumas nacionalidades continua a torturar parte da população imi-

grante que vive no país........................................................................................................................

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b. Por mais que haja problemas graves na rede de atendimento do SUS, sua cobertura contempla diversos

programas de excelência na saúde pública ..........................................................................................

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c. Apesar da possibilidade de desenvolver efeitos colaterais a longo prazo, é fundamental que a vacinação

seja defendida e valorizada ................................................................................................................

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Educação domiciliar
ACERVO

Homeschooling: 14 perguntas e respostas


3mil famílias brasileiras são praticantes do homeschooling (chamado também de Educação domiciliar ou ensino domés-
tico). A estimativa é da Associação Nacional De Educação Domiciliar (Aned). A prática teve início no Brasil nos anos 1990 e vem
conquistando a cada ano mais adeptos. Na última pesquisa realizada pelo grupo, em 2016, o número de famílias adeptas era de
3,2 mil.
Hoje, o Brasil não possui regulamentação sobre Educação domiciliar. Por isso, quem deseja ensinar os filhos em casa precisa
recorrer à justiça para obter autorização, sem a certeza de que irá obtê-la. O cenário, no entanto, deverá mudar nos próximos meses.
Isso porque o Governo de Jair Bolsonaro (PSL) colocou o tema prioritário em seus 100 primeiros dias de gestão. Abaixo responde-
mos às principais dúvidas sobre homeschooling.

1. O que é o homeschooling (Educação domiciliar)?


É a prática de Educação que não acontece na escola, mas em casa. Pelo modelo, as crianças e jovens são ensinados em
domicílio com o apoio de um ou mais adultos que assumem a responsabilidade pela aprendizagem.

2. Com quem as crianças que estudam em casa aprendem?


Não há um único modelo para a prática. Entre os mais comuns estão os próprios familiares assumirem a tutoria dos estudos
ou mesmo um grupo de pais e outros responsáveis pelas crianças adeptas da Educação domiciliar se unirem e dividirem o ensino
dos diferentes componentes curriculares. Há ainda o modelo em que professores particulares são contratados para fazer a tutoria
da aprendizagem em casa. A modalidade também obedece o ritmo e os interesses de cada criança.

3. As crianças que estudam em casa aprendem os mesmos conteúdos dados na escola regular?
Não necessariamente. Há quem até mesmo utilize de materiais e conteúdo programático usados por escolas para guiar os
estudos em casa. No entanto, como no Brasil não há lei que regulamente a prática do homeschooling, este modelo não é obrigató-
rio. Em outros casos, os tutores – sejam estes contratados ou familiares – são mais vistos como mediadores do ensino e não focam
em todos os conteúdos trabalhados pela escola, mas em ensinar as crianças a aprender. Projetos pedagógicos, cursos de idiomas e
livros podem apoiar esse trabalho domiciliar. No caso dos pais que tentam cumprir um conteúdo programático, mas não possuem
tanta habilidade ou proximidade com o conteúdo ou componente curricular, há ainda a possibilidade de contratar um professor
para orientar esse trabalho.

4. O que a legislação brasileira diz sobre o tema?


Não há legislação específica sobre o assunto. Embora a lei não proíba explicitamente a prática, ela também não a respalda.
De acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB), a Educação é “dever do Estado e da família”.
Ainda na LDB é colocado como dever dos pais ou responsáveis “efetuar a matrícula das crianças na Educação Básica a partir dos
quatro anos de idade”.
Visando garantir o direito à Educação previsto na Constituição, o Código Penal criminaliza os responsáveis que não matri-
culam seus filhos em escola autorizada pelo Ministério da Educação (MEC). Aqueles que não o fazem podem sofrer ações judiciais.
No entanto, pelo fato do ensino domiciliar não ser tratado explicitamente na legislação, é possível recorrer na justiça para conseguir
autorização para educar em casa. No entanto, a decisão cabe à interpretação da justiça e nem todas as famílias conseguem a
garantia da prática.
A busca pela regulamentação não é nova. Há projetos de 2001, 2003, 2008, 2009, 2012, 2015e 2018 que tratam sobre
o tema. Em 2009, o MEC emitiu um parecer em que considerava inconstitucional a modalidade. No entanto, em outubro de 2017,
sob a liderança do então ministro Mendonça Filho, o MEC iniciou um estudo técnico sobre o assunto para revisão da posição sobre
a prática. A discussão foi encaminhada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) e para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em setembro de 2018, o STF julgou que o homeschooling não deveria ser admitido enquanto não houvesse uma lei que
o regulamentasse o tema. No entanto, a decisão não mudou o atual entendimento sobre o tema, já que não houve julgamento de
inconstitucionalidade na decisão. Os próximos passos para a regulamentação ou proibição da prática ficam sob responsabilidade
do Congresso. O Governo de Jair Bolsonaro já declarou que o tema é uma das medidas prioritárias dos 100 primeiros dias de
gestão e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos edita uma medida provisória (MP) com uma proposta para
regulamentação.

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5. Por que algumas famílias querem uma alternativa à escola?
As motivações para o ensino domiciliar são variadas. Há famílias que buscam por questões religiosas, prevalência de con-
vicções e valores familiares na Educação dos filhos, preservar as crianças de assédio moral ou bullying, insatisfação com o ambiente
escolar e crença de que a Educação domiciliar permitirá melhor qualidade de ensino às crianças e adolescentes.

6. O que acontece hoje quando alguma família quer praticar Educação domiciliar?
Como a prática não é regulamentada – a lei não diz explicitamente se é proibido ou não –, as famílias precisam recorrer à
justiça para conseguirem autorização para ensinar as crianças e adolescentes em casa. Como a decisão fica à cargo da justiça, não
é certeza que a família consiga autorização para o ensino domiciliar. Caso não haja autorização da justiça e a família não matricule
seus filhos na escola, ela pode sofrer uma ação judicial já que a matrícula na escola é obrigatória a partir dos quatro anos de idade.

7. Há outros países em que o homeschooling é liberado?


Sim. De acordo com a Aned, ao menos 60 países são adeptos da prática. Estados Unidos, França, Portugal, México e
Paraguai, por exemplo, possuem regulamentação sobre o tema e não há necessidade de recorrer à justiça para educar crianças e
adolescentes em casa. Nos Estados Unidos, os adeptos da modalidade chegam a 2 milhões.

8. Há países em que o homeschooling é proibido?


Na Alemanha e Suécia, a prática é proibida e considerada crime.

9. Por que ele está sendo tão falado?


A regulamentação da Educação domiciliar é uma das medidas prioritárias dos 100 primeiros dias do Governo de Jair
Bolsonaro. A responsabilidade de trazer uma proposta sobre o tema está com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos. Com auxílio da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned), o ministério está redigindo uma medida provisória
para regulamentar a modalidade. Até 2018, a discussão do ensino em casa era de responsabilidade do Ministério da Educação. No
entanto, na gestão de Bolsonaro, a pauta está sendo tratada como um direito da família e não uma política educacional. A proposta
de regulamentação do homeschooling é apoiada pelo Ministério da Educação (MEC).

10. O que consta na medida provisória?


Ela ainda não foi divulgada e, portanto, ainda não há definições claras. Uma das propostas discutidas no Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é de que haja a cobrança de uma taxa para as famílias que optem pela modalidade. A
medida teria a função de ajudar a viabilizar financeiramente a fiscalização do homeschooling.
Em 2018, o MEC chegar a encaminhar uma proposta sobre o tema para discussão para o Conselho Nacional de Educação
(CNE). Entre os caminhos possíveis, estavam o estabelecimento de regras para garantir equidade para as crianças que estudem em
casa em e a garantia da presença dos conteúdos determinados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para isso, os respon-
sáveis que optassem pela modalidade precisariam apresentar uma proposta de estudo das crianças e adolescentes ao Conselho
Estadual ou Municipal, que deverá validá-la e definir estratégias de acompanhamento. Não há evidências, no entanto, de que as
propostas encaminhadas pelo MEC de Michel Temer estejam contempladas na MP editada pelo Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos.

11. Como funciona a tramitação de uma medida provisória?


Diferente dos projetos de lei (PL), que percorrem a Câmara dos Deputados e o Senado até chegarem ao presidente, as
medidas provisórias são instauradas pelo presidente e só depois são discutidas nas duas casas. A MP é prevista no artigo 62 da
Constituição Federalbrasileira e só pode ser adotada em casos relevantes e urgentes. As medidas nascem com força de lei sob o
prazo de 60 dias. Durante esse período, o texto é encaminhado à Câmara e, posteriormente, ao Senado. Cabe às duas casas emi-
tirem pareceres sobre o tema e sugerirem alterações no texto enviado pelo ministério. As casas devem decidir se a proposta vira
uma lei permanente ou não. Caso ela não seja convertida em lei nos 60 dias, o prazo de vigência da MP pode ser prorrogado por
mais 60 dias.
Após passar pela Câmara e Senado, se aprovado, o documento segue para o presidente, que tem o direito de vetar par-
cial ou integralmente o texto, caso discorde de pontos da proposta ou de alterações no texto original feitas pelo Congresso. Por
natureza, a MP tem uma tramitação mais rápida do que os PL, que podem percorrer anos no Congresso. Foi o que aconteceu, por
exemplo, com a Reforma do Ensino Médio, editada via MP. A proposta do novo modelo foi apresentada em 22 de setembro de 2016.
O texto foi aprovado na Câmara em 13 de dezembro do mesmo ano e pelo Senado em 8 de fevereiro de 2017. Oito dias depois, foi
sancionada pelo então presidente Michel Temer.

12. O que significa regulamentar o homeschooling?


Significa ter uma legislação que determine a liberação do homeschooling e que determine regras para que ela aconteça. Em
2018, o MEC enviou uma proposta ao CNE em que sugeria algumas regras para a regulamentação. Entre elas estavam a garantia
de que os conteúdos estudados em casa contemplassem aqueles determinados pela BNCC. Para isso, os responsáveis pelas crianças

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precisariam apresentar uma proposta de estudo para validação do Conselho Estadual ou Municipal, que também definiria estraté-
gias de acompanhamento do cumprimento das regras estabelecidas. Apesar da proposta do MEC em 2018, a regulamentação em
discussão será baseada na medida provisória que está sendo editada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
como política prioritária dos primeiros 100 dias do Governo Bolsonaro. Na maioria dos países adeptos do ensino domiciliar, é exigi-
do que as crianças e adolescentes que estudam em casa participem de uma avaliação anual.

13. Quais são os argumentos dos que são contrários ao homeschooling?


O primeiro argumento, diante do fato de que não há regulamentação da modalidade, é de que não há mecanismos de
controle em relação à frequência e conteúdo lecionado. Sem a definição de regras para a prática da Educação domiciliar, não haveria
garantia da qualidade do ensino praticado em casa. Além disso, os contrários à liberação também defendem que a convivência
social com grupos variados e interação com opiniões diferentes proporcionada pelo ambiente escolar é de grande importância e não
é necessariamente garantida pelos responsáveis que optam pelo homeschooling. Competências como falar em público, trabalhar
colaborativamente e empatia para lidar com pontos de vista conflitantes também seriam prejudicadas na modalidade. Além disso,
alguns especialistas ainda apontam a importância da escola em identificar comportamentos de risco dentro dos ambientes familia-
res, como abuso sexual, violência doméstica e exploração. Há ainda uma crítica de que apenas as famílias com um poder aquisitivo
mais alto poderiam optar pela Educação domiciliar, já que ela pressupõe disponibilidade dos responsáveis para guiar os estudos em
casa e, portanto, domínio dos conteúdos a serem ministrados ou ainda condições financeiras para bancar professores particulares.

14. Quais são os argumentos dos que são favoráveis ao homeschooling?


Como a prática é motivada por diferentes fatores, há diferentes argumentos entre os grupos favoráveis. Alguns manifes-
tam preocupação com assédio moral, bullying e insegurança nas escolas e colocam que o ambiente familiar proporcionaria maior
segurança e menor sofrimento emocional ou mesmo físico. Há ainda os que buscam resguardar as crianças moralmente da escola
por questões religiosas ou crenças pessoais. Outras famílias alegam insatisfação com o ambiente escolar e acreditam que em casa
poderiam proporcionar melhores resultados acadêmicos por meio da maior flexibilidade ao tempo, planejamento de conteúdos e
acompanhamento individual, maior atenção aos problemas de aprendizagem e acompanhamento do desenvolvimento escolar mais
próximo.

https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)

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É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Cerca de 5 mil famílias brasileiras são praticantes do homeschooling (chamado também de Educação domiciliar ou
ensino doméstico). A estimativa é da Associação Nacional De Educação Domiciliar (Aned). A prática teve início no Brasil nos
anos 1990 e vem conquistando a cada ano mais adeptos. Na última pesquisa realizada pelo grupo, em 2016, o número de
famílias adeptas era de 3,2 mil.

https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

a. A aprendizagem significativa não se faz pela assimilação de conteúdos dispostas nas redes de informação, mas antes pela
capacidade de relacionar ideias, articular conhecimentos, sentimentos e posturas na constituição de si e de modos de ser em
face da vida. Para tanto, importa que o indivíduo aprenda a interagir, argumentar e lidar com situações de conflito, assumindo
a responsabilidade por suas decisões. Por isso, não há conhecimento independente de posturas, compromissos, desejos, valores
e disponibilidades para a ação.

Silvia Colello. Professora titular da Faculdade de Educação da USP. https://educacaoemvalores.word-


press.com/2012/12/21/o-ensino-domiciliar-e-a-suposta-educacao-moral/ (21.12.2012)

b. "A família tem valores privados. Se a família defende, por exemplo, o preconceito e o sexismo, é preciso que haja um lugar
onde isso seja pensado de outra maneira. Pode ser que a escola esteja despreparada (para esse papel), mas há cada vez mais
projetos de gestão democrática e combate ao bullying, por exemplo. É justamente na troca de experiências que as crianças
aprendem. Mais do que trancar as crianças, vamos juntos melhorar a escola e exigir mais dela", opina Telma Vinha, professora
da Faculdade de Educação da Unicamp.

Os atrativos e as polêmicas da educação familiar. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42897647 (05.02.2018)

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

"Meu filho, quando tinha sete anos, apanhava na escola por ser baiano", conta Ricardo Iêne Dias, presidente da Aned. "Essa sociali-
zação eu não quero. Está muito longe de haver o exercício de tolerância nas escolas. Eu ouvi do MEC que a escola é o espaço do aprendizado
e do exercício da diferença. Mas se fosse isso mesmo, talvez meu filho ainda estivesse na escola." Ele defende ainda que crianças educadas em
casa se destacam em trabalho em equipe e empreendedorismo porque "conseguem pensar fora da caixa por não terem passado pelo padrão
massificado de aprendizado. Elas aprendem a interpretar textos e participam mais da vida domiciliar, onde a educação acontece o tempo todo".

Os atrativos e as polêmicas da educação familiar. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42897647 (05.02.2018)

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)

(POLÍTICAS PÚBLICAS A PARTIR DE PARCERIAS)

Para que o País realmente tenha uma educação de qualidade, é preciso implementar uma política pública que envolva todo o ecossistema
educacional, com a participação conjunta de líderes políticos, gestores escolares, professores, pais, alunos, empresas e a própria comunidade
do entorno das escolas.

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O primeiro passo, para avançarmos neste sentido, é contar com diretrizes educacionais claras, guiadas por um planejamento
estratégico com metas para curto, médio e longo prazos, além de promover a avaliação periódica de resultados. Paralelamente,
é preciso consolidar uma rede de relacionamentos que, por meio da colaboração, descubra novos caminhos para a educação. Isso significa
envolver nessa teia todos os interessados na educação.

Aos secretários de educação, por exemplo, cabe o papel de articuladores desse processo. Além de terem a capacidade de analisar resultados de
avaliações externas e das próprias escolas, eles precisam promover o diálogo democrático com a sociedade e viabilizar a execução financeira,
alinhada ao planejamento estratégico pré-definido.

https://exame.abril.com.br/blog/crescer-em-rede/como-alcancar-uma-educacao-publica-de-qualidade/ (09.03.2017)

V. LEGISLAÇÃO:

Não há legislação específica sobre a educação domiciliar. Embora a lei não proíba explicitamente a prática, ela também
não a respalda. De acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB), a Educação é “dever
do Estado e da família”. Ainda na LDB é colocado como dever dos pais ou responsáveis “efetuar a matrícula das crianças na
Educação Básica a partir dos quatro anos de idade”.

https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)

VI. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS/CRIANÇA:

As crianças e os adolescentes têm direito a uma educação. A disciplina nas escolas deve respeitar a dignidade das crianças e dos
adolescentes. A educação básica deve ser gratuita. As crianças e os adolescentes devem ser encorajados a ir para a escola até o nível educa-
cional mais alto possível.

https://www.unicef.org/brazil/pt/CDC_CEA.pdf

30
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeos Educação domiciliar - Luiz Felipe Pondé

Fonte: Youtube

Vídeos Quando sinto que já sei

Filme Entre os muros da escola

François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor


de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na
periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo
na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo
do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e
a falta de educação são grandes complicadores.

Filme Pro dia nascer feliz

As situações que o adolescente brasileiro enfrenta no precário sistema


de educação público do país, envolvendo preconceito, precariedade,
violência e esperança. Adolescentes de locais dos mais variados tipos
de três estados diferentes, de classes sociais distintas, falam de suas
vidas na escola, seus projetos e inquietações.

31
ASSISTIR

Filme Educação Domiciliar

Fonte: Futura PLAY

ACESSAR

Sites Associação Nacional de Educação Domiciliar

www.aned.org.br/

32
Proposta 7 - Vestibular
TEXTO 1
No que diz respeito à legislação brasileira, a orientação é clara: desde 1934 é firmada a obrigatoriedade escolar,
que envolve, a um só tempo, a obrigação de o Estado oferecer escolas e a obrigação de os pais enviarem seus filhos
à escola. Os adeptos do homeschooling – o ensino doméstico ou domiciliar – alegam que há brechas na legislação
brasileira, o que possibilita a defesa dessa modalidade de educação. Afirmam, para isso, basicamente os princípios
de liberdade de escolha do tipo de instrução que os pais desejam dar a seus filhos.

https://jornal.usp.br/artigos/homeschooling-a-pratica-de-educar-em-casa/ (16.03.2018)

TEXTO 2
O homeschooling vem sendo muito discutido no Brasil como pauta de um ensino abrangente. Algumas pessoas
acham que essa é a solução do problema da falta de escolas em lugares distantes e esquecidos, uma das causas da
grande evasão escolar do Brasil, que já é de 2,8 milhões; já outras acham que a falta do ambiente escolar e de um
professor presente diariamente causam grandes danos à formação do indivíduo. No meio dessa discussão, também
aparece a terceirização da educação dos filhos e exclusão social da criança.
https://exame.abril.com.br/negocios/dino/homeschooling-o-polemico-ensino-domiciliar-na-pratica/ (01.02.2019)

TEXTO 3
“Optamos pelo homeschooling porque achamos que a qualidade do desenvolvimento físico, social e moral é me-
lhor quando a criança está mais tempo em casa com a família”, defende a ilustradora Manoela Martins. “A escola
toma muito tempo do dia da criança e o homeschooling dá a possibilidade da criança aprender em espaços mais
naturais compatíveis com o que vai ser a vida adulta, ela aprende na vida, não no simulado”, diz Manoela. Para
especialistas no tema, como Maria Celi Vasconcelos, doutora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
que observou o ensino em diversas famílias e conduziu um estudo sobre a inserção de homeschooling na legislação
educacional no Brasil e em Portugal, a educação domiciliar não prejudica a formação de crianças e adolescentes
se for bem feita. “Eu não acho que o homeschooling possa atrapalhar o futuro dessas crianças. As crianças que eu
entrevistei em nada se diferenciavam das que estavam na escola”.
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/educacao-domiciliar-ganha-forca-no-brasil-e-busca-

-legalizacao-7wvulatmksl azdhwncstr7tco#ancora-2 (08.05.2016)

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TEXTO 4
Ao considerar internamente a proposta de ensino domiciliar, condenamos com veemência o pressuposto de que o
projeto educativo de formação humana possa ser levado a cabo pela mera coleção de saberes adquiridos no con-
texto do isolamento e da superproteção familiar. A aprendizagem significativa não se faz pela assimilação de con-
teúdos dispostas nas redes de informação, mas antes pela capacidade de relacionar ideias, articular conhecimentos,
sentimentos e posturas na constituição de si e de modos de ser em face da vida. Para tanto, importa que o indivíduo
aprenda a interagir, argumentar e lidar com situações de conflito, assumindo a responsabilidade por suas decisões.
Por isso, não há conhecimento independente de posturas, compromissos, desejos, valores e disponibilidades para a
ação. Além disso, a resolução de problemas que se colocam nas inúmeras relações com os outros e com os objetos
de conhecimento funcionam como um verdadeiro mote para o despertar de interesses, a ampliação de horizontes
e a promoção do “aprender a aprender”.

Do ponto de vista da aprendizagem, é pouco provável que o contato com os pais-professores, por mais eruditos
que sejam, possa superar as situações promovidas em classe por aproximadamente 85 professores especialistas
que integram a trajetória da Educação Básica. É pouco provável também que, nos limites da própria casa, os jovens
tenham a oportunidade de desenvolver competências e de colocar seus saberes a serviço da inserção social.
Silvia Colello. Professora titular da Faculdade de Educação da USP. https://educacaoemvalores.word-
press.com/2012/12/21/o-ensino-domiciliar-e-a-suposta-educacao-moral/ (21.12.2012)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A EDUCAÇÃO DOMICILIAR É UMA MEDIDA POSITIVA PARA O SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO?


Proposta 7 - ENEM
TEXTO 1
O Brasil é um dos países em que há menos estudantes resilientes, aqueles que apesar da condição de pobreza con-
seguem ter bom desempenho escolar. Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) mostra só 2,1% dos alunos brasileiros com esse perfil. A pesquisa analisou resultados da última edição do
Pisa, maior avaliação internacional de educação, feita por jovens de 15 anos. A média de resiliência entre países
membros da OCDE é de 25,2%.

No ranking de 71 países participantes, o Brasil ficou em 62.º, abaixo de outros latinos como Chile, Uruguai e
Argentina. Uma das razões é o fato de alunos de baixa renda, em geral, frequentarem as piores escolas. “O Brasil
ainda tem um longo caminho para garantir que estudantes tenham acesso igualitário às oportunidades educacio-
nais, independentemente da origem dos seus pais ou do lugar em que vivem”, disse ao Estado um dos autores do
estudo na OCDE Francesco Avvisati.
https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,apenas-2-1-dos-alunos-pobres-do-pais-tem-bom-desempenho-escolar,70002213621. (04.03.2018)

TEXTO 2
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, fixa que é dever do Estado garantir padrões mínimos de qua-
lidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. “É claro que bibliotecas, o acesso à internet laboratórias
de ciências são imprescindíveis à educação hoje, isso para não falar no básico do básico que é a garantia de água
e esgoto”, disse o coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.

Apesar dessa importância, ele avalia que o Estado brasileiro, por meio de diversos governos, não tem dado priori-
dade ao financiamento do setor. Como exemplo, cita que, desde 2010, o Conselho Nacional de Educação aprovou,
por unanimidade, e normatizou o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi), a fim de padronizar esses investimentos,
mas até hoje a decisão não foi homologada.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-01/censo-aponta-que-escolas-publicas-ainda-tem-deficiencias-de-infraestrutura (31.01.2018)

TEXTO 3
"O Brasil não precisa esperar ter mais recursos. Aliás, se o Brasil não investir em educação, não se tornará um país
rico. A Coreia do Sul era muito mais pobre que o Brasil nos anos 60 e usou todos os últimos recursos que tinha em
educação. E foi isso que fez com que se tornasse um país rico", afirma o diretor do departamento de educação da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher. Segundo ele, qualidade
da educação num país não tem a ver com o nível de riqueza, mas sim com o investimento inteligente dos recursos
de que dispõe.

"As pessoas dizem: 'O Brasil é um país pobre e precisa ficar rico antes de alcançar uma boa educação.' E isso não é
verdade. Você pode ver países como o Vietnã, onde os mais pobres vão tão bem quanto os ricos no Brasil." O dire-
tor da OCDE critica o que chama de "investimentos desproporcionais" do governo brasileiro no ensino superior, em
comparação com os gastos com ensino fundamental. Uma estratégia que, segundo ele, "cimenta desigualdades".
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45657049 (03.08.2018

35
TEXTO 4

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/08/30/7-de-cada-10-alunos-do-ensino-medio-tem-

-nivel-insuficiente-em-portugues-e-matematica-diz-mec.ghtml (30.08.2018)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A
DEFICIÊNCIA NA QUALIDADE DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.

36
0 8 Estratégias argumentativas I

L C
ENTRE
FRASES
Estratégias argumentativas I:
CAUSA E EFEITO / EXEMPLIFICAÇÃO/ DADOS ESTATÍSTICOS / NARRAÇÃO /
OPOSIÇÃO/CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
O objetivo principal deste e do próximo capítulo é oferecer um conjunto organizado de estratégias e téc-
nicas que facilitem a composição de um parágrafo de argumentação, levando em conta a existência de um tópico
frasal. É importante lembrarmos que, como foi dito na aula anterior, o tópico frasal não é a único modelo de intro-
dução de parágrafos, mas ainda assim é um modelo cujos recursos precisam ser praticados para que, em momento
posterior, o estudante possa fazer uso de técnicas mais elaboradas.

1. Causa e efeito

A estratégia argumentativa de causa e efeito consiste em duas etapas sequenciais. A primeira vale-se do tó-
pico frasal para fazer uma declaração (em geral, trata-se de uma consequência de uma ação realizada no mundo).
Em seguida, durante o desenvolvimento, é necessário complementar a informação, explicando o motivo dos fatos
anteriormente apresentados.

Exemplo:
A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Disseminada em todos os meios de comunicação,
a ampla visibilidade publicitária atinge seu principal objetivo: expor um produto e explicar sua respectiva função.
No entanto, essa mesma função é distorcida por anúncios apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a
compra, atingindo principalmente as crianças.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2014)

O tópico frasal (em destaque) apresentado pelo candidato afirma que a propaganda é a principal arma das
grandes empresas. A sequência do período em destaque (desenvolvimento) delineia os porquês.

2. Exemplificação

Outra estratégia interessante de desenvolvimento do tópico frasal é a exemplificação. O movimento consiste


em apresentar uma afirmação geral mais simples para, na sequência, realizar uma prova dessa afirmação por meio
de exemplos que sustentem o tópico.

Exemplo:

Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao


se tratar de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em
diferentes regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na
Europa medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico.

(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016).

Podemos perceber que o trecho destacado apresenta um tópico frasal bastante claro (é notória a dificuldade
que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião). Na

39
sequência, o candidato se vale do recurso de exemplificação (o trecho em destaque) para elencar alguns casos que
ratifiquem a informação contida no tópico.

3. Dados estatísticos / científicos

O desenvolvimento do tópico frasal também pode ser realizado por meio de dados estatísticos / científicos.
Essa estratégia requer um pouco de cautela, pois não se recomenda que o estudante forneça dados estatísticos
de sua memória, principalmente se não há certeza sobre as fontes de obtenção. A principal recomendação é que o
texto replique dados fornecidos pela própria coletânea de textos que acompanha a proposta de redação.

Exemplo
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a perma-
nência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam
não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011
teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam
violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em
diversos locais, como em casa e no trabalho.

(Trecho da redação nota 1000 do ENEM 2015)

O trecho destacado evidencia que a candidata recorre a dados numéricos presentes na coletânea oferecida
pelo ENEM para ratificar o tópico frasal de seu parágrafo. E também a partir desses dados, são encadeados argu-
mentos conclusivos que estabelecem relação com o tema.

4. Narração

Os processos argumentativos também podem ser encadeados por meio da construção de uma narrativa.
Em termos mais claros, ocorre quando recuperamos uma história / um caso, com seus personagens, localidades e
vínculos temporais. Para que não haja confusões entre o entendimento do que é uma narração e, por exemplo, uma
descrição ou exemplificação, é necessário lembrar desses três pontos:

I. O processo narrativo configura um conjunto de alterações de situações referentes a personagens determi-


nadas. Essas personagens podem ser unitárias ou coletivas (podemos ter um indivíduo sobre o qual se conta
algo, como o prefeito de São Paulo, ou podemos ter uma personagem coletiva, como a sociedade ou
os jovens da geração 2000).

II. Não podemos nos esquecer de que a história dessa(s) personagem(ns) precisa(m) estar vinculada(s) a
uma temporalidade precisa, e a também a um espaço bem configurado. A narrativa é um texto figurativo
que irá compor um argumento concreto de seu texto.

III. Toda história possui uma progressão temporal (temos eventos anteriores, concomitantes e posteriores).
Aqui, é essencial saber manipular os elementos verbais, inclusive para que possamos organizar a disposição
desses eventos em ordens variadas, de acordo com a necessidade imposta pelo tema.

Exemplo
O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou
catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos,

40
décadas depois, houve repressão cultural e, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de
hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com
pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a
física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos.

(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016)

Para ratificar a ideia central de seu argumento, a candidata complementa o parágrafo com a narrativa de
um fato concreto que está vinculado ao tema. As personagens dessa narrativa foram uma menina carioca, seus
acompanhantes e os agressores. Os fatos foram devidamente encadeados a partir de um dado de temporali-
dade (em junho de 2015) que exigia colocações verbais em pretérito perfeito.

5. Oposição
a. A argumentação por oposição envolve, naturalmente, a apresentação de dois objetos, dois fatos, ou duas
pessoas que possam ser contrapostos durante a exposição das ideias. É um recuso simples de ser usado,
mas que deve estar vinculado a temas em que realmente existam contraposições a serem discutidas.

Exemplo
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a
administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por
outro, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressores intolerantes.

(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2015)

No trecho apresentado, a candidata articula uma contradição em relação à intolerância religiosa, exibindo
dois pontos de vista sobre o tema, os quais serão articulados em parágrafo posterior.

6. Contra-argumentação

A contra-argumentação assemelha-se a oposição, já que apresenta posicionamentos diferentes. No en-


tanto, sua característica básica é a de apresentar um posicionamento para depois questioná-lo, desconstruí-lo ou
condená-lo.

Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo Freire, um seu livro "Pedagogia do Oprimido", é
necessário buscar uma "cultura de paz". De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam
em denunciar casos de intolerância, sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário
do que se pensa, significa colaborar com a insistência da discriminação, o que funciona como um forte empecilho
para resolução dessa problemática.

(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016)

No excerto, o candidato apresenta uma postura e a respectiva justificativa e, em seguida, condena com
argumentos o posicionamento anteriormente apresentado.

41
Exercícios
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.

a. Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos


de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precá-
ria educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira.

b. A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser
comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matri-
culados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos.

c. O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os
casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus compa-
nheiros ou dependem financeiramente deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais
criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas.

d. Além disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam
que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma
função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se preocuparem
com uma possível licença maternidade.

e. Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códigos e as características do cotidiano


da criança, isto é, assumem o habitus – conceito de Pierre Bourdieu, definido como 'princípios geradores
de práticas distintas e distintivas' – típico dessa faixa etária: o desenho animado da moda, o jogo eletrô-
nico socialmente compartilhado, o brinquedo de um famoso personagem da mídia, etc. Por outro lado,
a criança necessita de um espaço que a permita crescer de modo saudável, ou seja, com qualidade de
vida. Os abusos publicitários afetam essa prerrogativa: ao promoverem o consumo exarcebado, causam
dependência material, submetendo crianças a um círculo vicioso de compras, no qual, muitas vezes, os
pais não podem sustentar. A felicidade é orientada para um produto, em detrimento de um convívio
social saudável e menos materialista.
EXERCÍCIO 2: Com base na estratégia argumentativa determinada e nas informações disponibiliza-
das, complete os parágrafos iniciados abaixo.

A) EXEMPLIFICAÇÃO
No Brasil existem 6.103 bibliotecas públicas - quantidade considerada baixa em relação ao número
da população brasileira. E pensando nessa necessidade, em 2016, foi criado o projeto Cantos de Leitura.
Muito mais do que bibliotecas, os Cantos de Leitura são espaços de convivência onde o livro é o ponto cha-
ve. Desde então, já são 30 unidades inauguradas em todo país e mais de 36 mil livros doados, de diferentes
editores e gêneros literários.
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/21/internas_educacao,1032598/

projeto-leva-espaco-de-cultura-e-convivencia-para-locais-de-vulnerabil.shtml

a. Embora o nível de leitura da população brasileira ainda seja baixo, existem alternativas positivas

que fomentam a leitura em todo o país. ....................................................................................

............................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

42
B) DADOS ESTATÍSTICOS

Evolução da taxa de desemprego (%)


Fonte: PNAD Continua
13,0
11,9
12,0 11,3
11,0
10,0
9,0
9,0 8,1 8,3
8,0
7,0 6,5
6,2
6,0
5,0
4º trim 2º trim 4º trim 2º trim 4º trim 2º trim set/nov
2013 2014 2014 2015 2015 2016 2016

http://www.abtlp.org.br/index.php/desemprego-um-grave-problema/

Na situação atual, é fundamental criar medidas para a geração de novos empregos formais no país,
já que............................................................................................................................................
................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................

C) CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
A geração de 16 a 25 anos poderá assumir na vida pública um bonde que representantes da faixa
dos 40 anos acreditam ter perdido.
Pesquisa Datafolha feita em agosto mostra que os jovens são o grupo com maior interesse em par-
ticipar da política, seja disputando eleição ou assumindo cargo de governo.
Entre os entrevistados, 29% dos que têm entre 16 e 25 anos responderam ter muito interesse ou um
pouco de interesse em encarar as urnas.

Conforme a idade sobe, diminui a disposição. De 26 a 40 anos, 19% das pessoas respondem dessa
forma. Na faixa acima de 41 anos, a taxa é de 15%.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/jovens-tem-mais-interesse-em-atuar-na-politica-mostra-pesquisa.shtml

Parte da população brasileira afirma que os jovens não têm nenhum interesse na política. No entan-
to,.................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................

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Proposta 8: a busca pela perfeição
ACERVO
TEXTO 1
Sociedade do consumo estético: a busca pela perfeição
Consumir não é propriamente um problema, mas com o desenvolver da sociedade, após a Revolução Industrial, a forma
como o consumo se dava sofreu modificações.

A indústria de cosméticos e dermatológica, de culto ao corpo, ganhou força nas últimas décadas. (Divulgação)

Por Vanessa de Vasconcellos Lemgruber França

O consumismo seria o consumo que se dá de forma compulsória, que ultrapassa os limites daquilo que é indispensável
para satisfazer as necessidades básicas de um ser humano. Consumir não é propriamente um problema, mas com o desenvolver
da sociedade, após a Revolução Industrial, a forma como o consumo se dava sofreu modificações. Nesse momento, as pessoas não
produzem aquilo que elas consomem com a finalidade de subsistência, mas sim consomem aquilo que o mercado proporciona, ins-
tigando através das mídias e novas tecnologias a busca por produtos que não tenham só uma finalidade utilitária, mas que também
carreguem em si valores, a procura do alcance de um status social ou da satisfação de desejos perfeccionistas. Assim, a indústria
de cosméticos e dermatológica, de culto ao corpo, ganhou força nas últimas décadas, prometendo o alcance de um ideal de corpo
perfeito, de vida perfeita, que só existe na propaganda.
O ato de consumir foi ressignificado, não só para o consumo do produto em si, mas também daquele ideal que é vendido
junto a ele, um modelo hedonista moderno, de gozo Maximo com satisfação plena e uso com tudo aquilo que lhe traga felicidade.
Esse novo modo de consumir se tornou compulsório na medida em que há um ideal a ser perseguido e, sendo ele atendido momen-
taneamente, surgirão outros, de novas formas e modalidades.
É perceptível que há uma insatisfação constante daquele que consome um vazio existencial necessitando ser preenchido,
pois sempre sobrevirão novos produtos, com novas fórmulas e novas promessas. Todas as culturas possuem padrões de beleza pró-
prios do patrimônio genético que carregam. E, aproveitando-se disso, o sistema capitalista faz com que esse padrão seja, de certo
modo, “aperfeiçoado” com seus produtos. As mídias têm grande força na manutenção desse sistema de consumo, uma vez que ela
é a responsável pela reiteração dos valores não só econômicos atribuídos aos produtos, influenciando no modo como a sociedade
se constrói e, ainda, em suas relações interpessoais.
Não só a mídia é responsável pela propagação de um padrão de beleza estético, como ela também manipula aquilo

44
que mostra através do uso de tecnologias, tais como photoshop. Com esse programa se faz possível a alteração de uma imagem,
transformando-a naquilo que se quer ofertar através do produto aos seus consumidores. O uso desse mecanismo é muito questio-
nado, tendo em vista que sua função seria a retirada das consideradas “imperfeiçoes” das imagens, principalmente sobre os corpos
humanos, fazendo com que o público alvo do produto a ser vendido acredite naquela imagem como sendo possível de alcança-la
para si. Nas redes sociais é muito fácil de se encontrar críticas ao uso dessa tecnologia, pois ela além de incentivar o consumismo
de produtos estéticos e dermatológicos com uma promessa que não necessariamente será cumprida, influencia no aumento do
número de cirurgias estéticas em busca do corpo perfeito. Não se faz aqui um julgamento de valor sobre essas cirurgias, mas vale
a pena questionar o que faz com que elas sejam tão bem aceitas na sociedade.
Recentemente, a França resolveu tratar dessas questões como um problema de saúde pública, uma vez que sua população,
ao ser influenciada por essas manipulações imagéticas, desenvolve distúrbios alimentares em busca de uma magreza idealizada,
com base no fomento da baixa autoestima da autodepreciação de seus cidadãos, já que aquele ideal demonstrado pelas mídias é
impossível de ser alcançado. Assim, a partir dessa lei, deverá constar o aviso "photographie retouchée", que significa “fotografia
retocada” em português, em todos os anúncios que utilizarem tecnologia de retoque, alterando a realidade das fotos para uma
idealização de perfeição. A padronização de um corpo perfeito, além de poder desencadear em distúrbios alimentares, fomenta
estigmas e preconceitos contra aqueles que não se encaixam nos padrões preestabelecidos. Aqui no Brasil, pode-se dizer que a
padronização estética fomenta a “gordofobia”, que é a aversão às pessoas gordas, atribuindo a elas uma condição de subjugação
e de inferioridade.
Além das questões já levantadas, podemos falar de um paradoxo de representatividade midiática no Brasil, uma vez que
esse é um país que, pelo seu histórico de colonização, resultou em uma forte mistura étnica, o que não é demonstrado pelas grandes
mídias. Apesar de 54,9% da população brasileira se declarar como negra ou parda (IBGE, 2016), não é isso o que se vê nos pro-
gramas de grande circulação. Há uma incidência de um padrão de beleza europeu, o que talvez seja resultado de uma colonização
inclusive cultural que sofremos.
Apesar de o consumo de produtos de beleza ser exacerbado, pouco era direcionado à população negra. As recentes lutas
sociais por reconhecimento forçaram o mercado a produzir mais materiais destinados à essa população, como, por exemplo, mais
produtos para cabelos crespos e cacheados, reforçando uma ideia de que há vários tipos de beleza e não só a do cabelo liso. A pos-
tura de assumir o cabelo crespo se tornou um ato de resistência frente ao padrão de beleza europeu imposto e, inclusive, reforçando
uma ideia de identidade negra.
Mais uma vez, reitero que o ato de consumir não é de todo um mal, mas sim uma atividade necessária para a nossa sobre-
vivência como humanidade. No entanto, vale a pena questionar o modo como esse consumo se dá, para que possamos enxergar
melhor como nos determinamos como indivíduos e como coletividade. A postura da França em relação ao uso do photoshop talvez
seja apenas simbólica, mas o mero apontamento da manipulação da realidade já é algo a ser considerado pelo nosso inconsciente.
E, ainda, uma vez levantadas todas essas questões, que passemos de alguma forma elucidar sob influência de que estamos, se isso
é bom ou não para a nossa sociedade e, a partir daí possamos aprimorar o modo como nos colocamos no mundo.
O padrão de beleza e juventude imposto para a sociedade deve ser repensando. As características culturais, a fisiologia de
cada pessoa deve ser levada em conta, isso não quer dizer que devemos parar de utilizar os cosméticos e cuidar do corpo, apenas,
não deixarmos levar pelos exageros estéticos colocados pela mídia. Dessa forma, enfrentando o modelo estético atual, há uma pos-
sibilidade de se repensar seu consumo, levando a uma possível utilização sustentável desses produtos e dos recursos empregados
na sua elaboração.

http://domtotal.com/noticia/1260248/2018/06/sociedade-do-consumo-estetico-a-busca-pela-perfeicao/ (07.06.2018)

45
TEXTO 2
A busca pela perfeição pode desencadear a síndrome do pânico, diz estudo
Você olha para a vida de outras pessoas e as compara com a sua? Isso faz você questionar se você é inteligente, acomo-
dado ou feliz?
A psicóloga clínica Linda Blair descreveu o perfeccionista como uma pessoa que se esforça para perfeição, para uma criação
perfeita, resultado ou desempenho perfeito. O perfeccionista é difícil de confiar em si próprio, mesmo que isso signifique comprome-
ter a sua saúde, os seus relacionamentos e o seu bem-estar em busca de um resultado que seja ‘perfeito’.
De acordo com alguns estudos isso é algo que afeta, principalmente, grande parte das mulheres. Uma pesquisa feita nos
EUA, em 2009, constatou que as mulheres são mais propensas que os homens a experimentar sentimentos de inadequação em casa
e no trabalho. E uma proporção maior sentiu que não cumpriu os seus próprios padrões elevados.
Essa insegurança está bem documentada no mundo do trabalho: em 2011, o Instituto de Liderança e Gestão encontrou
metade das gerentes, em comparação com menos de um terço dos gerentes, com muitas dúvidas sobre o seu desempenho de chefia.
Uma pesquisa interna entre mulheres que trabalham na Hewlett-Packard também descobriu que mulheres se esforçam para uma
promoção apenas quando têm 100% de certeza. Os homens se esforçam para serem promovidos quando se encontram apenas
50% motivados.
O desejo de ser perfeita parece que influi a pensar a partir de uma idade jovem: pesquisa de Girlguiding UK descobriu que
um quarto de meninas 7 a 10 anos de idade sentiu a necessidade de ser perfeita.
O perfeccionismo pode ter implicações sérias: é associada à ansiedade e à depressão. A saúde e a felicidade das mulheres é
uma preocupação crescente. Na verdade, um estudo NHS Choices deparou com 28,2% de jovens de 16 a 24 anos com saúde mental
adequada. O que mais impressiona neste estudo é que uma em quatro mulheres experimenta depressão, transtorno do pânico, fobia
ou transtorno obsessivo compulsivo quando busca ser perfeita.
O jornal The Guardian decidiu falar sobre este tema com os seus leitores a pedido de mulheres jovens com experiência e
história de perfeccionismo. Foram 134 respostas – com uma idade média de 25 anos. Para muitas mulheres jovens que nos consta-
taram, a imagem corporal foi uma enorme preocupação e muitas disseram que se sentem desvalorizadas, a menos que elas sejam
consideradas bonitas pela sociedade. A pressão para ser perfeita também se estendeu para o local de trabalho. Muitas entrevistadas
falaram sobre o sentimento inadequado em seus trabalhos e experimentaram a síndrome do impostor. Elas também se queixaram
que sentiam a pressão para fazer tudo perfeito: o malabarismo de ser mãe perfeita, a carreira profissional sem reparos e outras
pressões pessoais para serem perfeitas.
A mídia social desempenha um papel que influencia as perspectivas das mulheres sobre esta questão. Miranda, 18 anos, de
Cambridge, resumiu assim: “Eu certamente sinto a pressão para ser perfeita e a essa pressão da mídia está prejudicando a minha
saúde. A mídia social é a principal culpada. Eu tive que excluir minha conta no Instagram porque isso realmente me faz chorar. Eu
sou uma pessoa madura, com um foco consciente na realidade. Mas eu tenho tantos amigos cuja vida parece tão perfeita e sociável
que me faz sentir inútil e solitária”.
https://www.portalraizes.com/sindrome-do-panico-perfeccionismo/ Original: The guardian - https://www.theguar-
dian.com/commentisfree/2016/oct/14/perfect-girls-five-women-stories-mental-health (14.10.2016)

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É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

A saúde e a felicidade das mulheres é uma preocupação crescente. Na verdade, um estudo NHS Choices ¹deparou com
28,2% de jovens de 16 a 24 anos com saúde mental adequada. O que mais impressiona neste estudo é que uma em quatro
mulheres experimenta depressão, transtorno do pânico, fobia ou transtorno obsessivo compulsivo quando busca ser perfeita.
¹ Estudo realizado pelo Centro de Pesquisa Social britânico em parceria com a Universidade de Leicester (Reino
Unido)

https://www.portalraizes.com/sindrome-do-panico-perfeccionismo/ Original: The guardian - https://www.the-


guardian.com/commentisfree/2016/oct/14/perfect-girls-five-women-stories-mental-health

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

O professor Marcelo Tavares, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) explica que a vida se torna
muito mais interessante quando a pessoa se permite relaxar e até errar. “No erro, no meu limite, onde não sou perfeito, é que
tem espaço para alguma coisa nova acontecer. Essa noção da perfeição, que implica na repetição mecânica do acerto, não abre
porta para a novidade”. E o espaço para a criatividade, para o novo, é fundamental neste processo. “O novo verdadeiramente
novo acontece no espaço onde ainda não domino”.

https://www.cvv.org.br/blog/a-angustia-do-perfeccionismo/ (Acessado em 11.03.2019)

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

O perfeccionismo também é perigoso. Um número recorde de jovens está sendo diagnosticado com transtornos men-
tais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Depressão, ansiedade e pensamentos suicidas são mais comuns
atualmente nos EUA, Canadá e Reino Unido do que há uma década.
Uma pesquisa mostrou que tendências perfeccionistas geram algumas dessas condições – como depressão, ansiedade
e estresse –, mesmo quando traços da personalidade, como neuroticismo (propensão a emoções negativas), são controlados
pelos cientistas.
Para piorar, a autocrítica pode desencadear sintomas depressivos, que conseguem, por sua vez, agravar o senso auto-
crítico, gerando um ciclo angustiante.

O lado ruim de ser perfeccionista. https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-44044126 (10.06.2018)

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)

(ESTADO - AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO NA SAÚDE PÚBLICA)

Em São Paulo, o ambulatório Pro-Amiti, do Hospital das Clínicas, oferece tratamento gratuito a maiores de 18 anos.
Para se inscrever, é preciso ligar na instituição (pelo telefone 11 2661 7805). O dependente tecnológico passa por uma ava-
liação e é encaminhado, ou não, a participar de 18 reuniões em grupo, realizadas semanalmente e com duração de 1h30.
Em paralelo, os familiares também são convidados a participar de grupos de orientação. Passado esse período, os encontros
passam a ser mais espaçados. Se o dependente continuar não apresentando melhora na sua relação com tecnologia, ele é
encaminhado para sessões de terapia individual e acompanhamento clínico.

https://www.nexojornal.com.br/servico/2018/01/26/V%C3%ADcio-em-celular-e-redes-sociais-
-Saiba-o-que-%C3%A9-e-como-fazer-um-detox-digital (26.01.2018)

47
V. ANALOGIA LITERÁRIA

O corpo existe e pode ser pego.


É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer o cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.

Arnaldo Antunes. Momento VIII

VI. CITAÇÃO

“O espetáculo é sol que nunca se põe no império da passividade moderna”.

Guy Debord. A sociedade do espetáculo.

48
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Filme Whiplash - Em busca da perfeição

O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser


o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como
fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do
reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons),
Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a
melhor escola de música dos Estados Unidos.

LER

Livros
O corpo como capital – Mirian Goldenberg

Este fascinante livro trata o corpo como um capital. E como todo


capital, ele precisa ser cuidado, preservado e posto em movimento para
dar dividendos. Mas não se trata de um corpo qualquer, mas o corpo
do homem e da mulher brasileiros. Em nossa cultura, o corpo tem um
papel central. Isso transparece no modo como caminhamos, gingamos,
rebolamos, movimentamos a cintura, jogamos futebol, brincamos o
carnaval, dançamos e praticamos a capoeira.

O vício da perfeiçao – Marion Woodman

Este livro é uma viagem extensa e enriquecedora sobre esses temas. Por
meio de casos clínicos, sonhos, rituais, literatura e mitologia, a autora
realiza uma profunda investigação sobre os mistérios da mulher moderna,
suas atitudes e sua psicologia. Com uma análise incisiva e poderosa,
revela possíveis significados para a independência pessoal, celebrando a
integração do corpo e do espírito.

49
LER

Livros
A felicidade paradoxal - Gilles Lipovetsky

Um dos mais polêmicos e profícuos pensadores da atualidade, Lipovetsky


dedica-se a estudar o universo de consumo e comportamento dos
indivíduos na contemporaneidade desde seu A era do vazio, de 1983. Em
"A Felicidade Paradoxal", esse estudo chega a seu ápice, no que poderia
ser chamada uma pequena história do consumo privado atual. Tentando
entender a ambigüidade de uma época em que a felicidade é valor máximo,
mas carrega consigo inúmeras aflições do espírito, Lipovetsky cria a tese
de que, na sociedade de hiperconsumo, essa felicidade é paradoxal.

O show do eu – a intimidade como espetáculo / Paula Sibilia

Instigante reflexão sobre fenômenos da sociedade tecnologizada – reality-


shows, blogs, redes sociais, vídeos e selfies inundando a internet – que
tornam pública a intimidade de cada um, antes privada. Tais práticas não
só demandam como estimulam o desenvolvimento de modos inéditos de
ser e estar no mundo. A autora examina essa mutação das subjetividades,
onde os instrumentos outrora utilizados para a construção de si dão lugar
às tecnologias digitais de comunicação em rede.

50
Proposta 8 - Vestibular
TEXTO 1
A ONG inglesa Girlguiding fez uma pesquisa com mais de mil meninas, entre 11 e 21 anos, e comprovou
que a relação delas com o mundo virtual pode não ser tão amistosa quanto aparenta. Uma em cada três jovens
relatou que sua maior preocupação online era comparar a sua vida com a de outras pessoas através das redes
sociais e alegaram que se preocupam com a forma como tal hábito está afetando seu bem-estar.
Se, por um lado, a pessoa precisa da aprovação dos outros, por outro ela começa a se questionar se gostam
dela de verdade ou se apenas da imagem que ela construiu. Apesar desse e de outros distúrbios estarem se tor-
nando mais frequentes, não representam a maioria dos casos. Já ansiedade e depressão - segundo Roberto Alves
Banaco, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia – acompanham a grande maioria de jovens que adotam a
busca pela perfeição no mundo digital.
Carol Tomasulo, estudante de 21 anos, faz terapia a dois anos e meio porque o uso das redes sociais estava
desestabilizando sua saúde emocional. O motivo: ela se comparava a outras pessoas que via na internet e acredita-
va que sua vida não era tão boa quanto a dos outros. A estudante Edna Fernandes, de 19 anos, também comparti-
lha do hábito de se comparar a outras pessoas nas redes sociais. Diferentemente de Carol, ela não compara tanto
sua vida, mas sim a sua aparência física. “Se eu, por exemplo, vejo a foto de uma amiga que está muito bonita, é
como se fosse um baque na autoestima. É como se eu pensasse: ‘Ela consegue tirar uma foto bonita e eu não’”,
conta. Ela ainda percebe que o mal-estar com relação a si mesma não dura apenas enquanto está nas redes, mas
permanece por um tempo na vida real, o que indica que não se trata apenas de um problema de se sentir bem ou
não com uma foto, mas pode atingir a vida real das jovens, influenciando suas atitudes e comportamentos.
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pressao-da-perfeicao-no-mundo-digital-pode-
-prejudicar-o-bem-estar-das-meninas,70001961932 (02.09.2017)

TEXTO 2
A tendência perf,eccionista está intimamente ligada a diversas patologias psicológicas, entre elas, os trans-
tornos alimentares. A promoção social de padrões de beleza e comportamento cada vez mais rígidos pode ser um
agravante dessa situação.
O corpo e os comportamentos são comparados a “exemplos de perfeição”, impossíveis de serem alcan-
çados, mas que são vistos como as únicas formas legítimas de ser. Essa situação social cria condições para que
o perfeccionismo seja agravado, causando muito sofrimento àqueles que investem grande energia na busca da
perfeição, através de comportamentos que configuram quadros de Anorexia, Bulimia ou ainda Vigorexia, que é a
obsessão pelo corpo forte. Os resultados são desastrosos: os prejuízos à saúde física e psicológica chegam a con-
figurar casos fatais, quando a exigência supera a própria vontade de viver.
FERRARI, Juliana Spinelli."A busca pela perfeição - Perfeccionismo"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasi-
lescola.uol.com.br/psicologia/a-busca-pela-perfeicao.htm>. Acesso em 11 de marco de 2019.

51
TEXTO 3
A busca de perfeição está, quase sempre, diretamente ligada à autoimagem. “Como a pessoa será vista
pelas outras pessoas e o mais importante: como ela se vê”. Dois sentimentos – de culpa e de humilhação – estão
intimamente ligados neste processo, pontua o professor Marcelo Tavares, do Instituto de Psicologia da Universida-
de de Brasília (UnB). E isso, com frequência, está diretamente relacionado com as experiências da infância e com
o nível de exigência dos pais. “Eu uso o perfeccionismo como forma de aliviar minha angústia do meu medo de
perder a relação com o outro ou com o meu medo de que em qualquer deslize minha autoestima será abalada. O
que o outro pensa, de fato, nos dois casos, é secundário, é irrelevante. O que é relevante é se eu penso que o outro
me ama”.
https://www.cvv.org.br/blog/a-angustia-do-perfeccionismo/ (Acessado em 11.03.2019)

TEXTO 4

(Gazeta do POVO, 08.07.2015)

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A BUSCA PELA PERFEIÇÃO: NECESSIDADE, IMPOSIÇÃO OU VAIDADE?

52
Proposta 8 - ENEM
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema O AUMENTO DE TRANSTORNOS E DOENÇAS LIGADOS À UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS,
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1
A ONG inglesa Girlguiding fez uma pesquisa com mais de mil meninas, entre 11 e 21 anos, e comprovou
que a relação delas com o mundo virtual pode não ser tão amistosa quanto aparenta. Uma em cada três jovens
relatou que sua maior preocupação online era comparar a sua vida com a de outras pessoas através das redes
sociais e alegaram que se preocupam com a forma como tal hábito está afetando seu bem-estar.
Se, por um lado, a pessoa precisa da aprovação dos outros, por outro ela começa a se questionar se gostam
dela de verdade ou se apenas da imagem que ela construiu. Apesar desse e de outros distúrbios estarem se tor-
nando mais frequentes, não representam a maioria dos casos. Já ansiedade e depressão - segundo Roberto Alves
Banaco, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia – acompanham a grande maioria de jovens que adotam a
busca pela perfeição no mundo digital.
Carol Tomasulo, estudante de 21 anos, faz terapia a dois anos e meio porque o uso das redes sociais estava
desestabilizando sua saúde emocional. O motivo: ela se comparava a outras pessoas que via na internet e acredita-
va que sua vida não era tão boa quanto a dos outros. A estudante Edna Fernandes, de 19 anos, também comparti-
lha do hábito de se comparar a outras pessoas nas redes sociais. Diferentemente de Carol, ela não compara tanto
sua vida, mas sim a sua aparência física. “Se eu, por exemplo, vejo a foto de uma amiga que está muito bonita, é
como se fosse um baque na autoestima. É como se eu pensasse: ‘Ela consegue tirar uma foto bonita e eu não’”,
conta. Ela ainda percebe que o mal-estar com relação a si mesma não dura apenas enquanto está nas redes, mas
permanece por um tempo na vida real, o que indica que não se trata apenas de um problema de se sentir bem ou
não com uma foto, mas pode atingir a vida real das jovens, influenciando suas atitudes e comportamentos.
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pressao-da-perfeicao-no-mundo-digital-pode-
-prejudicar-o-bem-estar-das-meninas,70001961932 (02.09.2017)

53
TEXTO 2
Narcisismo?
A sensação de prazer despertada nos usuários é uma das possíveis explicações para a dependência. "Falar
de si gera um prazer equivalente a se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo. E em 90% do tempo as pessoas es-
tão falando de si nas redes sociais, com feedback instantâneo", complementa Guedes. "Em uma conversa normal,
em 30% do tempo normalmente se fala sobre si".
Os dados são de uma pesquisa da Universidade de Harvard segundo a qual esse comportamento gera um
mecanismo de recompensa no cérebro, graças à liberação de dopamina, além de endorfina, ocitocina e serotonina,
hormônios ligados ao prazer.
Mas esse prazer é temporário, observa Guedes. "E vira problema quando passa a ser a fonte exclusiva de
prazer, quando a pessoa passa a viver para postar a foto e deixa de aproveitar o momento".
Gianna Testa, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), explica que o "sistema de recompen-
sa" do usuário é muito afetado por estímulos - ou pela ausência deles - criados pelo reconhecimento virtual nas
redes sociais, como medida de aceitação e sucesso.
O efeito seria comparável ao da dependência de substâncias químicas no sistema nervoso central.
"Hoje é muito claro em adolescentes, por exemplo, o quanto a autoestima depende do número de curtidas,
do sucesso que eles têm nas redes sociais", observa a especialista, também sócia da ASEAT, uma assessoria de
segurança e educação em alta tecnologia, de Brasília.
Vício em celular chega a consultórios e já preocupa médicos no Brasil. http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41922087 (16.11.2017)

TEXTO 3

https://mundonativodigital.com/2016/02/22/pawel-kuczynski-e-a-critica-da-potencial-alienacao-provocada-pelas-redes-sociais/ (22.02.2016)

54
0 9 Estratégias argumentativas II

L C
ENTRE
FRASES
Estratégias argumentativas ii:
Argumento De Autoridade / Referência / Alusão Histórica / Comparação /
Definição
Dando continuidade à aula anterior, conheceremos nesse capítulo mais alguns modos de se constituir es-
tratégias argumentativas para a composição dos parágrafos centrais de uma redação. Não custa lembrar que, aqui,
ainda estamos conduzindo a construção de parágrafos argumentativos a partir da estratégia de criação de um
tópico frasal. E como também foi dito na aula anterior, o tópico frasal não é o único modelo de introdução
de parágrafos existente, mas ainda assim é um modelo cujos recursos precisam ser praticados para
que, em momento posterior, o estudante possa fazer uso de técnicas mais elaboradas.

1. Argumento de autoridade

Em uma redação, o argumento de autoridade é um recurso de composição que consiste em sustentar a


opinião a respeito de um assunto evidenciando também conhecimentos expressos por alguém que possui domínio
técnico sobre o tema apresentado (algum especialista em determinada área). É um tipo de estratégia argumen-
tativa cujo uso deve ser feito com cuidado, pois é necessário que sempre verifiquemos a origem das fontes de
informação que será usadas, e seu nível de parcialidade.
Em geral, recomenda-se que o argumento de autoridade seja retirado de textos presentes na própria cole-
tânea que acompanha a proposta de redação. Quando isso não for possível (pensando, por exemplo, em alguns
temas da FUVEST, que fornecem ao candidato somente uma imagem como elemento motivador da redação) é
necessário que tenhamos o bom senso (e a consciência) de entender que uma opinião apresentada aleatoriamente
em uma rede social, por exemplo, não possui a mesma força argumentativa que a opinião constituída por um espe-
cialista (opinião essa, muitas vezes fundamentada a partir de longas pesquisas bibliográficas e exaustivos trabalhos
de campo). Vejamos um exemplo:
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade Líquida”, que o
individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade, e,
consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema
assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma pos-
tura religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a
rejeição à diversidade de crença é descontruir o principal problema da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bau-
man: o individualismo.
(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2016)

É possível notar que o candidato vincula a ideia de intolerância religiosa à dinâmica do individualismo,
muito presente na sociedade contemporânea. Para ratificar sua exposição, ele busca um filósofo de referência
(Zygmunt Bauman) que realizou amplos estudos sobre o assunto.

2. Referência

A argumentação por referência tem como característica a movimentação de repertório de cultural, em


campo simbólico. Em termos mais práticos, é quando nos valemos de referências ou citações que encontramos em
obras literárias, cinematográficas, teatrais, entre outras (obras que se ligam a um campo mais ficcional, embora essa
fronteira possa ser problematizada pelo fato de existirem obras literárias enquadradas no gênero diário). Trata-se

57
de um recurso que deve ser usado com parcimônia, vinculando adequadamente um dado que encontramos, por
exemplo, em um texto literário, a um fato de nossa realidade material. Quando bem usado, o recurso da referência
evidencia a capacidade que o candidato possui de relacionar um elemento artístico a sua experiência de mundo.
Vejamos o exemplo:
Marinetti quando redigiu o Manifesto Futurista exaltando as inovações da modernidade,
como o carro, não podia imaginar que o seu objeto de admiração aliado ao álcool poderia acarretar
sérios acidentes. Paralelamente às ideias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade de
absorver o que é vantajoso da cultura estrangeira e adaptar à cultura nacional, o Governo Federal
implementou a Lei Seca com o objetivo de reduzir a quantidade de acidentes envolvendo motoristas que ingeriram
álcool diminuiu consideravelmente e isso se deve ao rigor da fiscalização, principalmente em saídas de bares e
boates, aliado à punições , como multa e prisão.

(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2013)

O candidato aqui articulou muito bem os conhecimentos literários que possuía a respeito das vanguardas
europeias e o conceito de Antropofagia elaborado por Oswald de Andrade para problematizar questões relaciona-
das à proibição do consumo de álcool no trânsito.

3. Alusão histórica

O recurso da alusão histórica consiste, como o próprio nome indica, em fornecer algum dado/registro histó-
rico que auxilie na composição de um argumento. A informação incorporada ao texto deve contribuir para a criação
de uma linha lógica (e cronológica) entre o fato pregresso apresentado e o contemporâneo que se deseja discutir.
Trata-se de uma estratégia que pode valorizar o texto do candidato, desde que se observem alguns fatores:

§§ Cuidado com “saltos” históricos muito amplos: ao fazer uma alusão histórica, deve-se tomar cui-
dado em não vincular o tema que se discute a um fato histórico muito distante, sem que se estabeleçam
adequadamente as informações que permitiriam ao leitor estabelecer uma linha coerente entre os eventos.
Não se trata aqui de dizer que é “impossível” estabelecer ligações entre um evento ocorrido, por exemplo,
na Idade Média e algo de nossa vivência mais atual; mas nesse caso faz-se necessário explicitar maior nú-
mero de fatos que deixem mais clara a conexão.

§§ Cuidado com a apresentação de fatos históricos esvaziados de sentido: evite fazer referências
históricas evasivas, em que não são explicitados os dados que farão conexão com o momento presente.
Citações como “Desde a era paleolítica”, “Desde os tempos mais remotos” ou “Desde os primórdios”,
além de abarcarem períodos históricos muito extensos (ou não definidos), não permitem ao leitor encontrar
referências claras para as conexões com o momento presente.

A partir da mecanização da produção, o estímulo ao consumo tornou-se um fator primordial


para a manutenção do sistema capitalista. De acordo com Karl Marx, filósofo alemão do século
XIX, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria: constrói-se a ilusão
de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do produto. Assim, as crianças tornaram-se um
grande foco das empresas por não possuírem elevado grau de esclarecimento e por serem facilmente persuadidas
a realizarem determinada ação.

(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2014)

58
4. Comparação

O recurso da comparação é bem simples, e consiste em estabelecer semelhanças e diferenças entre fatos /
elementos e, a partir disso, chegar a uma conclusão. A comparação é marcada por um processo de intencionalidade,
em que se deseja evidenciar pontos comuns ou distorções, a fim de embasar um argumento. Vejamos um exemplo:
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acon-
tece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas
abusivas e inadequadas.

(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2014)

5. Definição

A ideia de definição consiste em explicar um conceito a respeito de um assunto sem que essa explicação
envolva necessariamente uma ideia que foi desenvolvida por um especialista em alguma área (o que seria caracte-
rizado como argumento de autoridade). Está mais próximo de uma definição geral, mais ampla, a respeito de um
tema. Por exemplo, quando nos propomos a explicar o que é democracia ou política em algum parágrafo para que
consigamos justificar os argumentos que será apresentados. Vejamos um exemplo:
Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a
exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação
de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desne-
cessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a
comerciais televisivos que se dirigem a tal público.
(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2014)

O candidato apresenta a definição mais tradicional de publicidade para poder mobilizar o seu argumento
a respeito da manipulação da propaganda infantil. É importante reparar que não se trata de um argumento de
autoridade, pois o conceito apresentado é mais próximo das definições que encontraríamos, por exemplo, em um
dicionário.

Exercícios
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.
a. Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por
mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsá-
veis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual
diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o
preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.

b. Não é, no entanto, responsabilidade única do Estado a atual situação da publicidade infantil brasileira.
Como afirmou Sérgio Buarque, em sua obra “Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a
tratarem o Estado como um pai, deixando todas as questões político-sociais em suas mãos. Com a
finalidade de proteger suas crianças, cabe aos pais abandonar essa característica patrimonialista e exigir
mudanças, sem depender de governo ou de agências publicitárias.

c. Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator pre-
ponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito
não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram
sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto,

59
reverbera na sociedade atual, calcada na ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparente-
mente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é o caso dos surdos. Os deficientes
auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo
excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à
posterior entrada no mercado de trabalho.

d. Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para a capacitação
pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – de-
finia a tolerância como o maior presente de uma boa educação. O pensamento de Helen não tem se
aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum
ao cidadão a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda lín-
gua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos
indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem.

e. Em segundo lugar, é necessário compreender que o sufrágio é apenas o último estágio de um processo
social e político muito mais amplo, que envolve a formação do cidadão, o comprometimento das pessoas
com a comunidade e, em última instância, culmina na escolha de candidatos preparados para a adminis-
tração pública. Em países exemplos de gestão política, como a Noruega e o Canadá, nota-se o alto grau
de esclarecimento político da população e sua participação ativa na manutenção do bem-estar coletivo,
características pouco observadas no Brasil.

EXERCÍCIO 2: Com base nas informações disponibilizadas, complete os parágrafos iniciados abaixo.

A) COMPARAÇÃO

Dados: Battelle Memorial Institute (Ohio, EUA) https://voyager1.net/ciencia/queda-de-investimento-em-ciencia-no-brasil/

No Brasil, o investimento em ciência ainda deixa a desejar. ..............................................................


.....................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................

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B) ALUSÃO HISTÓRICA
O Brasil começou a investir em rodovias ao longo do século XX. O auge dessa política veio com o
Governo JK, pois o processo de industrialização do Brasil, naquela época, demandava uma maior integração
territorial, o que incluía, sem dúvidas, uma rede de transporte articulada por todo o território nacional. Nes-
se sentido, Juscelino Kubitschek trouxe para o país a indústria automobilística, construiu a capital Brasília
no interior do espaço brasileiro e promoveu a construção de várias rodovias importantes, essas ocupando
praticamente todo o orçamento então destinado a transportes terrestres.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/rodoviarismo-no-brasil.htm (Acessado em 11.03.2019)

A predominância de um sistema rodoviário num país de dimensões continentais como o Brasil consiste num
erro histórico............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................

C) REFERÊNCIA

Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e
canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vicio
que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a
sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração,
e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.
O cortiço. Aluísio Azevedo.

Boa parte do preconceito racial existente nos dias de hoje é reflexo da reprodução negativa de uma infe-
rioridade racial atribuída aos negros .......................................................................................................
................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................

61
a produção científica no brasil

ACERVO
TEXTO 1

Investimento para pesquisa é insuficiente, diz cientista


Ciência e tecnologia são bases para inovação, mas atenção que lhes é dada pelo poder público é
deficitária
Ciência e tecnologia são as bases para inovação, mas a atenção que essas áreas recebem do poder público, traduzida em investimentos,
não é suficiente, segundo especialistas que participaram do seminário Inovação no Brasil: Centro-Oeste, na segunda (12).
Falta sensibilidade para demandas da ciência no Ministério do Planejamento e no Ministério da Fazenda, segundo Helena Nader, presiden-
te de honra da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
“O Brasil está na contramão da história e caminha a passos largos para o abismo. Enquanto o país encarar ciência, tecnologia e inovação
como gasto, e não como investimento, não vamos progredir”, declarou Nader.
Para que ciência e tecnologia cumpram seu papel de levar avanços a outras áreas, como economia e saúde, o subsídio deve ser regular e
contínuo, de acordo com Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás.
Os investimentos, porém, devem ser direcionados aos centros de pesquisa ou a empresas que possuam estrutura para fazer os estudos,
segundo Jorge Almeida Guimarães, presidente da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).
A Embrapii é uma organização social que financia projetos de inovação em empresas e centros de pesquisa com recursos do governo
federal.
De acordo com Guimarães, a falta de departamentos de pesquisas e de pessoal qualificado nas empresas dificulta o avanço das parcerias.

Marco legal
A lei 13.243, conhecida como novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, foi apontada pelos debatedores como um estímulo
para a área. Ela foi sancionada em 2016 e regulamentada em decreto de fevereiro deste ano.
Entre outras mudanças, a norma simplifica acordos de cooperação entre instituições públicas e privadas e a importação de insumos para
a pesquisa, demandas antigas da comunidade científica.
A nova legislação cria um ambiente adequado para a inovação, segundo Nader. “Fazer inovação é diferente de construir uma estrada ou
um prédio. Não podemos usar os mesmos parâmetros. Ela tem risco e deve ser avaliada de forma diferente.”

Indústria
Na nova revolução industrial, a chamada indústria 4.0 melhora resultados e economiza recursos com uso de sensores e inteligência
artificial.
Mas nada disso será realidade no Brasil se as fábricas não se empenharem em minimizar as diferenças que as separam de países como
Alemanha e China, segundo participantes do seminário Inovação no Brasil: Centro-Oeste.
O conceito de indústria 4.0 teve origem em 2011 a partir de projeto do governo alemão de estratégias tecnológicas. A meta é conectar
máquinas e sistemas que controlem a produção de forma autônoma.
Para a diretora de inovação do IEL (Instituto Euvaldo Lodi) de Goiás, Gianna Cardoso Sagazio, é a trilha dos países desenvolvidos que deve
ser seguida, com políticas fortes de pesquisa e inovação.
Ela citou levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) que mostra que 42% das indústrias brasileiras desconhecem a im-
portância das tecnologias digitais para a competitividade. A sondagem foi realizada com 2.225 empresas em 2016.
Outra pesquisa da CNI, de 2017, realizada com 759 empresas, apontou que apenas 1,7% das entidades ouvidas usavam as tecnologias
mais avançadas e disponíveis na perspectiva da indústria 4.0.
Só investimento, porém, não é suficiente para alavancar a indústria, segundo o superintendente de Planejamento do BNDES, Mauricio
Neves.
Para que os recursos sejam alocados adequadamente, governos e gestores devem definir prioridades. “Precisamos debater qual é a agen-
da de desenvolvimento e de políticas públicas”, afirmou.
https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/03/investimento-para-pesquisa-e-insuficiente-diz-cientista.shtml (22.03.2018)

62
TEXTO 2

Como cortes no orçamento afetam órgãos de fomento à ciência no Brasil


Comunicado divulgado pela Capes em 1º de agosto lista potenciais prejuízos causados pela queda no repasse de verbas. Ministério da
Educação disse que cortes não atingirão bolsas

Uma das principais entidades de apoio à pesquisa nacional pode ficar sem dinheiro para manter suas atividades em 2019. A situação da
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) veio a público na quarta-feira (1), em ofício assinado por seu presidente,
Abilio Baeta Neves. O órgão reivindica junto ao governo federal a suspensão de um corte de R$ 580 milhões no orçamento, previsto para o ano
seguinte.
De acordo com a Capes, a medida traria impactos graves para seus programas de fomento à ciência. Estima-se que a diminuição no
repasse extinguiria 200 mil bolsas, afetando, sobretudo, três áreas:

1. Pesquisas de pós-graduação
Além de realizar a avaliação dos cursos de mestrado e doutorado, a Capes também financia 93 mil pesquisadores de ensino superior por
todo país. Entre as principais bolsas estão as oferecidas a estudantes de graduação (R$ 830 mensais), mestrado (R$ 1.500), doutorado (R$ 2.200)
e pós-doutorado (R$ 4.100).

2. Programas de capacitação destinados ao ensino


A entidade conta com programas de formação de professores para a educação básica desde 2007. Entre os principais estão o Pibid
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), o Programa de Residência Pedagógica e o Parfor (Programa Nacional de Formação de
Professores da Educação Básica). Estima-se que eles beneficiem, atualmente, 105 mil pessoas.
Entram na conta, também, a manutenção do Sistema UAB (Universidade Aberta do Brasil), focado na educação à distância, e o oferecimen-
to de mestrados profissionais do ProEB (Programa de Mestrado Profissional para Qualificação de Professores da Rede Pública de Educação Básica).
Bolsas desses programas contemplam diretamente 245 mil pessoas.

3. Cooperação internacional
A Capes destaca que a eventual diminuição também comprometeria a continuidade de programas mantidos no exterior. “Um corte or-
çamentário de tamanha magnitude certamente será uma grande perda para as relações diplomáticas brasileiras no campo da educação superior e
poderá prejudicar a imagem do Brasil no exterior”, disse a entidade, no comunicado.

Cortes na ciência
A política de cortes atravessada pela Capes é reflexo da decisão do governo federal por limitar as despesas públicas, instaurada com a
Lei do Teto de Gastos. Chamada de “PEC do Teto”, ela foi aprovada em 2016 e estabelece um limite para os gastos públicos até 2036, a fim de
auxiliar na recuperação da economia.
Segundo a Lei Orçamentária Anual para o MEC (Ministério da Educação), que controla os repasses à Capes, o orçamento total do minis-
tério para 2018 é de R$ 23,6 bilhões. Para 2019, deverá reduzir para R$ 20,8 bilhões. O corte representa 12% do total, e foi repassado de maneira
proporcional à entidade.
O Ministério do Planejamento, que regula os repasses para cada pasta do governo, atribuiu a retração à “grave crise fiscal” atravessada
pelo país. Ainda assim, afirmou que os valores atuais, bem como a projeção para 2019, estão dentro do limite observado na Constituição.
Como destacou uma reportagem do G1, os cortes no orçamento da Capes envolvem apenas despesas não obrigatórias. Certas demandas,
como o pagamento de servidores, por exemplo, não podem, por lei, ser alteradas pelo governo federal.

63
A soma dos recursos destinados à Capes em 2018 é de R$ 3,88 bilhões, dos quais R$ 1,95 bilhão já foi gasto. De acordo com a LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias), o cálculo do total a ser repassado à entidade no ano seguinte deveria manter o mesmo patamar, considerando
também a inflação do período.
Para 2019, porém, a Capes recebeu a previsão do MEC de que esse valor cairia para R$ 3,3 bilhões. A entidade estima que, com uma dimi-
nuição dessa ordem, seus projetos só poderiam ser mantidos até agosto de 2019. Isso a levaria a extinguir bolsas ou seu oferecimento diferenciado.
A Capes espera que o Projeto de Lei Orçamentária seja alterado até 31 de agosto de 2018, prazo máximo para que a alteração seja votada
no Congresso.

Qual foi a repercussão do pedido


A carta divulgada pela Capes levou cientistas de diferentes áreas às redes sociais, para protestar contra os eventuais cortes. No Twitter,
pesquisadores utilizaram a hashtag “existepesquisanobr” para falar sobre seus projetos, em uma forma de fazer divulgação científica e chamar
atenção para a produção nacional.
A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) se posicionou por meio de nota oficial, assinada por diferentes entidades cien-
tíficas do país. No comunicado, a entidade destaca a “necessidade imperiosa de manutenção dos recursos da Capes”. Além disso, classificou como
“essenciais” o não contingenciamento de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do CNPq, outros
órgãos nacionais de fomento à pesquisa.
Qual a situação da produção de ciência no Brasil
Agências de fomento à pesquisa perderam um de seus projetos mais importantes no ano passado devido ao corte de verbas. O “Ciência
sem fronteiras”, criado em 2011 durante o governo Dilma Rousseff e que financiava o intercâmbio de estudantes em universidades federais, deixou
de existir em 2017.
Antes da Capes, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) havia escancarado a situação do setor, cogi-
tando a suspensão de bolsas para a pós-graduação em 2017 por falta de recursos. Um novo aporte financeiro precisou ser aprovado à época por
Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. “Esses cortes drásticos no CNPq, na Capes, no FNDCT ameaçam a so-
brevivência na ciência brasileira. E isso não é recurso de retórica”, disse Ildeu Moreira, presidente da SPBC, em entrevista ao Nexo. Moreira definiu os
cortes como resultado de “uma visão economicista, estreita, que não valoriza o crescimento do país”, citando que a área de pesquisa tem deixado de
atrair novos pesquisadores por conta da falta de perspectivas. O ritmo crescente de cortes dos últimos anos, no entanto, parece não ter refletido de
maneira quantitativa na produção científica nacional. Em 2017, o Brasil ficou entre os 15 países que mais produziram artigos científicos no mundo.
No total, 73.697 novos estudos foram publicados ao longo do ano, segundo ranking elaborado pela revista científica Scimago.
“Há certos tipos de atividades que são essenciais para a pós-graduação no Brasil. Acho que você pode avaliar que alguns programas
possam vir a ser postergados. Mas bolsas e auxílios a pesquisa provocam prejuízos muito sérios” disse Sérgio Adorno, sociólogo e professor da USP
(Universidade de São Paulo), ao Nexo.
“Que existam cortes, a gente entende, porque o orçamento é limitado. O problema são os critérios que você utiliza para fazer os cortes,
porque privilegiar certas áreas e não outras. Em qualquer país do mundo, há duas ou três áreas que são vitais. Uma delas, seguramente, é a educação.
Formação de recursos humanos, profissionalização, alfabetização etc., são essenciais para qualquer tipo de desenvolvimento”, completa Adorno.

www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/03/Como-cortes-no-or%C3%A7amento-afetam-
-%C3%B3rg%C3%A3os-de-fomento-%C3%A0-ci%C3%AAncia-no-Brasil (03.08.2018)

64
TEXTO 3

REUNIÃO ANDIFES
Andifes apoia as propostas de Anderson Correia

Anderson Correia, presidente da CAPES, participou nesta quarta-feira, 06 de fevereiro, da CLXXV Reunião Ordinária do Conselho Pleno da
Andifes, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Na primeira reunião do Conselho no ano, o presidente
ressaltou que o orçamento está mantido para 2019 e afirmou que “não há perspectiva de corte de bolsas”.
Apresentando o papel da CAPES, o presidente informou que para atender ao plano dos 100 dias do Governo Federal, será lançado o edital
Programa Ciência nas Escolas. Este é o resultado de uma parceria entre a CAPES, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ) e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na proposta, professores universitários com experiência na área
de educação desenvolverão projetos nas escolas públicas de nível básico, de modo a incrementar o nível de estudo e conhecimento de ciências nas
escolas.
Integrantes da Andifes, parabenizaram a Coordenação pelo trabalho que vem sendo feito. Madalena Guerra, pró-reitora de pesquisa da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse ser “uma satisfação ver o quanto a CAPES cresceu, em termos de expansão, e tem se moder-
nizado nesses 67 anos”. Já João Carlos Salles, 1º vice-presidente da Andifes, a classificou como uma das “guardiãs da natureza da universidade”.
Reinaldo Centoducatte, presidente da Andifes, enfatizou a importância da participação de Anderson Correia no evento: “Queremos agra-
decer pelo reconhecimento que foi expressado na importância do sistema de universidades federais para o ensino superior. Nós queremos essa
relação de proximidade, para que possamos defender juntos esse sistema”.

http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/9337-anderson-correia-anuncia-novos-programas-para-a-educacao (07.02.2019)

É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

a. Segundo a Lei Orçamentária Anual para o MEC (Ministério da Educação), que controla os repasses à Capes, o orçamento
total do ministério para 2018 é de R$ 23,6 bilhões. Para 2019, deverá reduzir para R$ 20,8 bilhões. O corte representa
12% do total, e foi repassado de maneira proporcional à entidade.

b. Outra pesquisa da CNI, de 2017, realizada com 759 empresas, apontou que apenas 1,7% das entidades ouvidas usavam
as tecnologias mais avançadas e disponíveis na perspectiva da indústria 4.0.

https://netnature.wordpress.com/2018/11/21/pec-do-teto-esta-sufocando-a-ciencia-brasileira/ (21.11.2018)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

“Há certos tipos de atividades que são essenciais para a pós-graduação no Brasil. Acho que você pode avaliar que
alguns programas possam vir a ser postergados. Mas bolsas e auxílios a pesquisa provocam prejuízos muito sérios” disse Sérgio
Adorno, sociólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo), ao Nexo. “Que existam cortes, a gente entende, porque o
orçamento é limitado. O problema são os critérios que você utiliza para fazer os cortes, porque privilegiar certas áreas e não
outras. Em qualquer país do mundo, há duas ou três áreas que são vitais. Uma delas, seguramente, é a educação. Formação
de recursos humanos, profissionalização, alfabetização etc., são essenciais para qualquer tipo de desenvolvimento”, completa
Adorno.

www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/03/Como-cortes-no-or%C3%A7amento-afetam-
-%C3%B3rg%C3%A3os-de-fomento-%C3%A0-ci%C3%AAncia-no-Brasil (03.08.2018)

65
III. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA

(PARCERIAS ENTRE MCTIC AS AGÊNCIAS DE FOMENTO)

Apresentando o papel da CAPES, o presidente informou que para atender ao plano dos 100 dias do Governo Federal,
será lançado o edital Programa Ciência nas Escolas. Este é o resultado de uma parceria entre a CAPES, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Na proposta, professores universitários com experiência na área de educação desenvolverão projetos nas escolas públicas de
nível básico, de modo a incrementar o nível de estudo e conhecimento de ciências nas escolas.

http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/9337-anderson-correia-anuncia-novos-programas-para-a-educacao (07.02.2019)

(AMPLIAÇÃO DE INVESTIMENTO PELO PODER PÚBLICO)

Para que ciência e tecnologia cumpram seu papel de levar avanços a outras áreas, como economia e saúde, o subsídio
deve ser regular e contínuo, de acordo com Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Goiás.

https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/03/investimento-para-pesquisa-e-insuficiente-diz-cientista.shtml (22.03.2018)

IV. CITAÇÃO

Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à ideia universal.

Sócrates – Filósofo ateniense. (Sua obra é conhecida pelo relato de seus discípulos Aristóteles e Xenofonte)

V. LEGISLAÇÃO:

“Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com
vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e
regional do País.

Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deverão observar os seguintes princípios:

I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e social;

II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegurados os recursos
humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade;

www.planalto.gov.br

66
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeos Viver Ciência - Produção científica no Brasil - Completo


Fonte: Youtube

LER

Artigo Revista USP


MARIA AMÉLIA MASCARENHAS DANTES

Para comemorar seus 50 anos, a Sociedade MÁRCIA REGINA BARROS DA SILVA


ANDRÉ LUÍS MATTEDI DIAS

Brasileira para o Progresso da Ciência


(SBPC) editou, com o sugestivo nome Cientistas do Uma epopéia das ciências
no Brasil contemporâneo,
Brasil, uma coletânea com entrevistas realizadas segundo seus heróis
mais proeminentes
nos últimos trinta anos, MARIA AMÉLIA ANDRÉ LUÍS MATTEDI

em sua grande maioria publicadas na revista


MASCARENHAS DIAS é professor da
DANTES é professora Universidade Estadual
aposentada do de Feira de Santana (BA)
Departamento de História e doutorando do
e professora orientadora Programa de Pós-
do Programa de Pós- MÁRCIA REGINA Graduação em História Cientistas do Brasil.
Graduação em História BARROS DA SILVA Social da FFLCH-USP. Depoimentos, Edição
Social da FFLCH-USP. é pesquisadora do Museu Comemorativa dos 50
Histórico da Unifesp Anos da SBPC, São Paulo,
e doutoranda do SBPC, 1998.

Ciência Hoje.
Programa de Pós-
Graduação em História
Social da FFLCH-USP.

REVISTA USP, São Paulo, n.41, p. 230-238, março/maio 1999 231

ACESSAR

Sites NOTÍCIAS

www.cnpq.br/noticias
www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias
revistapesquisa.fapesp.br/

67
Proposta 9 - ENEM /

TEXTO 1
As últimas pesquisas de percepção social da ciência e da tecnologia realizadas no Brasil revelaram grande
interesse da população pelo tema. Seus resultados derrubam as teses correntes nos meios científicos, educacionais
e midiáticos de que os brasileiros não se interessam por essas áreas. No entanto, o elevado interesse não se reflete
em grande conhecimento e informação sobre a temática, já que 87% dos entrevistados não souberam informar o
nome de nenhuma instituição científica do país, enquanto 94% deles não conhecem o nome de nenhum cientista
brasileiro.
A enquete, realizada em 2015 pelo Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CCGE) e pelo Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), acaba de ser publicada em livro. No estudo, 61% dos entrevistados se
declaram interessados ou muito interessados pelo tema, índice superior ao demonstrado para esportes (56%), arte
e cultura (57%), e política (28%). Comparado ao resultado de enquete semelhante realizada em 2010 pelo Minis-
tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/FioCruz), o interesse
pelo ciência sofreu ligeira queda (de 65% em 2010 para 61% em 2015). Já a falta de informação permanece alta.
Em 2010, 71% dos muito interessados em ciência e tecnologia não souberam informar o nome de nenhuma insti-
tuição científica do Brasil e 82% não conheciam o nome de nenhum cientista brasileiro.

https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/09/25/pesquisa-revela-que-brasileiro-gosta-de-ciencia-mas-sabe-pouco-sobre-ela (25.09.2017)

TEXTO 2
Doutoranda na UFMG, a bióloga Angélica Samer, de 26 anos, estuda a incidência de dengue e zika em
Minas Gerais, mas não consegue ir à universidade por falta de dinheiro - também desistiu das aulas de inglês e do
plano de saúde. Os constantes atrasos da bolsa desanimaram a estudante.
"Sempre tive o sonho de ser uma cientista: fiz graduação, mestrado e, agora, doutorado. Mas o que faço
agora? Estou perdida. Me sinto qualificada para trabalhar, mas não posso por causa da bolsa", diz.
Essas bolsas são do tipo "dedicação exclusiva". Para consegui-la, o estudante assina um contrato se com-
prometendo a não ter outra atividade remunerada que não seja a pesquisa - ele deve dedicar 40 horas por semanas
à academia.
Caso descumpra e consiga um trabalho, por exemplo, o bolsista perde automaticamente o benefício e pode
ter de devolver toda a verba que recebeu, por meio de processo. Ele também precisa publicar artigos acadêmicos
em revistas científicas e participar de congressos.
Ela cita o cientista britânico Stephen Hawking "As pessoas ficaram comovidas com a morte dele. Infelizmen-
te, elas não sabem das dificuldades que os pesquisadores brasileiros passam para produzir ciência.
‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessida-
de em MG. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43408852 (19.03.2018)

TEXTO 3
68
https://complemento.veja.abril.com.br/pagina-aberta/ciencia-em-retrocesso.html (18.05.2017)

TEXTO 4
“Art. 1o Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do
sistema produtivo nacional e regional do País.

Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deverão observar os seguintes princípios:

I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e
social;
II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegu-
rados os recursos humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade;
III - redução das desigualdades regionais;
IV - descentralização das atividades de ciência, tecnologia e inovação em cada esfera de governo, com des-
concentração em cada ente federado;
V - promoção da cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre
empresas;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13243.htm. (11.01.2016)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema A DESVALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL, apresentando proposta de inter-
venção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

69
Proposta 9 - Vestibular:
TEXTO 1
O brasileiro é maravilhado com a ciência, tem vontade de conhecer melhor as pesquisas e é otimista com
as próximas descobertas. Acredita que a cura do câncer, por exemplo, pode chegar nas próximas décadas, e uma
parcela significativa garante que os carros voadores também não devem demorar tanto assim. Por outro lado, ainda
tem dificuldade em reconhecer, no dia a dia, aquilo que é produzido nos laboratórios: dois em cada três acreditam
que a ciência tem pouco ou nenhum impacto no cotidiano.

https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/brasileiro-gosta-de-ciencia-mas-nao-conhece-seu-impacto-22590429 (15.04.2018)

TEXTO 2
A cada real investido, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricul-
tura e Abastecimento do Estado de São Paulo, gerou R$ 12,20 para a sociedade. O resultado foi obtido a partir da
análise dos impactos econômicos, sociais e ambientais de 48 tecnologias desenvolvidas pelos seis institutos e 14
polos regionais de pesquisa ligados à entidade e adotadas pelo setor produtivo no biênio 2016/2017.
As análises constam na terceira edição do Balanço Social da Agência, lançada em 19 de março, durante o
evento “Ato pela Agricultura – Alimento, Renda, Futuro!”, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
O levantamento mostra que o orçamento da Apta no biênio 2016/2017 foi de R$ 596 milhões e o impacto
das 48 tecnologias no período foi de R$ 10,9 bilhões, com retorno social superior a 18 vezes o investimento.
“Esses dados mostram a importância do investimento nos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo.
Pesquisa é investimento e traz retorno direto para a sociedade, com a geração de empregos, renda para o produtor
e empresas e alimentos de qualidade para a população”, destaca Orlando Melo de Castro, coordenador da Apta.

https://www.investe.sp.gov.br/setores-de-negocios/agronegocios/ (Acessado em 11.03.2019)

TEXTO 3
Doutoranda na UFMG, a bióloga Angélica Samer, de 26 anos, estuda a incidência de dengue e zika em
Minas Gerais, mas não consegue ir à universidade por falta de dinheiro - também desistiu das aulas de inglês e do
plano de saúde. Os constantes atrasos da bolsa desanimaram a estudante.
"Sempre tive o sonho de ser uma cientista: fiz graduação, mestrado e, agora, doutorado. Mas o que faço
agora? Estou perdida. Me sinto qualificada para trabalhar, mas não posso por causa da bolsa", diz.
Essas bolsas são do tipo "dedicação exclusiva". Para consegui-la, o estudante assina um contrato se com-
prometendo a não ter outra atividade remunerada que não seja a pesquisa - ele deve dedicar 40 horas por semanas
à academia.
Caso descumpra e consiga um trabalho, por exemplo, o bolsista perde automaticamente o benefício e pode
ter de devolver toda a verba que recebeu, por meio de processo. Ele também precisa publicar artigos acadêmicos
em revistas científicas e participar de congressos.
Ela cita o cientista britânico Stephen Hawking "As pessoas ficaram comovidas com a morte dele. Infelizmen-
te, elas não sabem das dificuldades que os pesquisadores brasileiros passam para produzir ciência.

‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessida-
de em MG. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43408852 (19.03.2018)

70
TEXTO 4
A falta de investimento em pesquisa, tanto sobre o inseto transmissor quanto os tratamentos e detecção em
sua fase inicial, pode agravar os casos da Doença de Chagas em Rondônia.
O alerta foi informado ao G1 pelo médico clínico Mauro Tada, mestre em medicina tropical do Centro de
Diagnóstico e Imagem de Porto Velho (Cepem) na última segunda-feira (28).
De acordo com o especialista, apesar de ser uma doença grave e de grande incidência na região Amazônica,
a Doença de Chagas ainda é negligenciada tanto pelo governo quanto pelas grandes indústrias farmacêuticas.
"Para se ter uma ideia, o mesmo medicamento é utilizado no tratamento da Doença de Chagas há décadas.
No que se refere à saúde pública, é preciso melhorar o diagnóstico para que a doença seja detectada com mais
eficiência", destacou o médico.

https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2019/01/29/falta-de-investimento-em-pesquisa-pode-
-aumentar-casos-de-doenca-de-chagas-em-ro.ghtml (29.01.2019)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL: ENTRE O INTERESSE ECONÔMICO E A NECESSIDADE SOCIAL

71
L C ENTRE
REDAÇÕES EXTRAS

FRASES

Pratique mais

L C
ENTRE
FRASES
Propostas extras - ENEM
PROPOSTA 1

TEXTO 1
O termo déficit habitacional é utilizado para se referir ao número de famílias que vivem em condições de
moradia precárias. Esse deficit está associado às moradias que estão em risco, e que se necessita de uma nova
construção, o que é diferente de moradias inadequadas, que estão associadas a qualidade de vida da pessoa no
local, como a falta de água potável, recolhimento de esgoto, acesso à energia elétrica, telefonia fixa, recolhimento
de lixo, entre outros fatores que interferem na qualidade de vida da população.
O deficit habitacional se refere a necessidade física de novas moradias para a solução de problemas sociais
e específicos de habitação, e é calculado a partir de quatro componentes, esses somados de forma em sequência
para que haja uma compreensão dos parâmetros que envolvem a necessidade das novas habitações.
https://www.infoescola.com/geografia/deficit-habitacional/ (Acessado em11.03.2019)

TEXTO 2

https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/ (03.05.2018)

75
TEXTO 3
Historicamente, a falta de alternativas habitacionais, gerada por fatores como o intenso processo de urba-
nização, baixa renda das famílias, apropriação especulativa de terra urbanizada e inadequação das políticas de
habitação, levou um contingente significativo da população a viver em assentamentos precários. O déficit habita-
cional, acumulado ao longo de décadas e a demanda habitacional futura representam um desafio de cerca de 31
milhões de novos atendimentos habitacionais até 2023. Diante da complexidade e da escala dos desafios postos
nesse setor, é preciso garantir a continuidade dos recursos e dos principais programas habitacionais. Programas de
urbanização de assentamentos precários e de produção habitacional demandam modelos mais efetivos e susten-
táveis de recursos e subsídios para as famílias de baixa renda que ainda não conseguem acessar financiamento
pelos meios tradicionais do mercado.
Plano nacional de habitação. Ministério das Cidades. 2010.

TEXTO 4
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 21. Compete à União:


XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos;

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico;

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre
o tema AS CONSEQUÊNCIAS DO DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumen-
tos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

76
PROPOSTA 2
TEXTO 1
Um mundo com risco cada vez maior de surtos de doenças, epidemias, acidentes industriais, desastres natu-
rais e outras emergências que podem rapidamente tornar-se uma ameaça à saúde pública global: é esse o cenário
traçado pelo relatório de 2007 da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a OMS, desde 1967, terão sido
identificadas mais trinta e nove novas doenças, além do HIV, do ebola, do marburgo e da pneumonia atípica. Outras,
como a malária e a tuberculose, terão sofrido mutações e resistirão cada vez mais aos medicamentos. “Estas ame-
aças tornaram-se um perigo muito grande para um mundo caracterizado por grande mobilidade, interdependência
econômica e interligação eletrônica. As defesas tradicionais nas fronteiras nacionais não protegem das invasões
de doenças ou de seus portadores”, disse Margaret Chan, diretora geral da OMS. “A saúde pública internacional é
uma aspiração coletiva, mas também uma responsabilidade mútua”, acrescentou. O relatório deixa recomendações
aos governos, entre as quais a implementação definitiva do regulamento sanitário internacional e a promoção de
campanhas de prevenção e simulação de surtos epidêmicos, para garantir respostas rápidas e eficazes.
(Adaptado de “OMS prevê novas ameças à saúde pública e pede prevenção glo-

bal” em www.ultimahora.publico.clix.pt/sociedade (23.08.2007)

TEXTO 2

'
http://www.jornalatribuna.com.br/?p=56471(15.02.2016)

77
TEXTO 3
Mais uma vez aconteceu. No Brasil, quando ocorre uma epidemia, o Estado se exime completamente de
suas responsabilidades de gestor, sem a devida prevenção e combate a esses problemas e passa a atacar apenas
seus sintomas, demonstrando à população um falso cuidado, o que não caracteriza a adoção de uma política pú-
blica de proteção ao cidadão.
A novidade agora é o surto de zika vírus que assola o País. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
– OMS –, este surto tem como agente etiológico o mosquito Aedes aegypti, frequentador assíduo de ambientes
úmidos e quentes e responsável pela dengue, pela febre chikungunya e pelo vírus zika. Esse mosquito se dispersou
principalmente na Uganda e Micronésia, não por coincidência, devido à sua quase total falta de saneamento bási-
co e ao baixo índice de escolaridade de sua população. Tais características são compartilhadas, tristemente, pelas
populações africana e brasileira na incapacidade ao ataque a um vetor que praticamente não se encontra mais em
países onde o Estado protege seus cidadãos.
https://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2016/03/06/zika-e-a-negligencia-dos-gestores-publicos/ (06.03.2016)

TEXTO 4
Um olhar à árvore filogenética com um mapa do mundo na mão convida a desenhar a rota que o zika vírus
seguiu ou, melhor dizendo, seus vetores, os mosquitos. A doença foi identificada primeiro na África, depois, no
sudeste asiático, em ilhas do Pacífico e aportou na América do Sul, provavelmente, pelo oceano Pacífico, em 2014.
Os resultados, publicados na revista The Lancet, indicam que o zika americano não pertence à linhagem
africana, mas ao asiático, de mais recente surgimento. De fato, a análise de seu genoma mostra uma homologia de
99,7% com a cepa responsável pelo surto na Polinésia francesa, em 2013.
Há registros de casos no Brasil na época da Copa do Mundo, porém foi só em 2015 que foi con8rmado
o primeiro caso de transmissão ocorrida dentro do País, na região Nordeste. Por conta dos aglomerados popula-
cionais em condições sanitárias frágeis e da presença maciça do vetor, que também transmite a dengue, o Brasil
constitui-se como um celeiro propício para a consolidação do zika como problema de saúde pública.

Adaptado de http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/20/ciencia/1453306815_530834.html (20.01.2016)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema O DESCASO DAS POLÍTICAS SANITÁRIAS BRASILEIRAS NA PREVENÇÃO E COMBATE
ÀS EPIDEMIAS, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

78
PROPOSTA 3

TEXTO 1

https://educacao.estadao.com.br/blogs/colegio-playpen/a-aula-de-arte-muito-alem-do-desenho/ (17.09.2015)

TEXTO 2
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional. § 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de
vio¬lência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indiví-
duo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à
vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. § 2º O Programa instituído no caput
poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e das Secre¬tarias Estaduais e Municipais de Educação,
bem como de outros órgãos, aos quais a matéria diz respeito.

LEI Nº 13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13185.htm

TEXTO 3
A escola é o segundo grupo mais relevante na jornada à vida adulta da criança, é o espaço onde ela
experimen¬tará as primeiras tensões, dificuldades, desafios que a convivência coletiva acarretará. Por esse motivo,
embora saibamos que o bullying não esteja circunscrito a um lugar, por estarmos trabalhando com crianças em
processo de formação, será na escola que as crianças, provavelmente, conhecerão o significado desta ação. Por isso,
quanto mais a escola estiver preparada para enfrentá-la, mais eficiente será no seu combate.
Bullying não é brincadeira de criança! - Estadão - 17/09/2015 http://educacao.estadao.com.

br/blogs/colegio-playpen/bullying-nao-e-brincadeira-de-crianca (17.09.2015)

79
TEXTO 4
A prevenção ao suicídio se assemelha de certa forma com o combate ao bullying: não é suficiente falar
nesses dois fenômenos sem que as motivações e causas por trás dos mesmos sejam analisadas com seriedade
e combatidas. Em muitos casos, o bullying é também uma manifestação de racismo, homofobia e machismo. E
quando o assunto é suicídio, o sofrimento agudo também é efervescido pelos preconceitos da sociedade. Suicídios
induzidos pelo preconceito - Jarid Arraes - 11/09/2015.

http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/09/11/suicidios-induzidos-pelo-preconceito/ (11.09.2015)

TEXTO 5
O bullying parece ser uma forma de violência mais indiferenciada do que a presente no preconceito mais
arraigado, que tem alvos definidos e justificativa para sua existência, e corresponder a uma maior fragilidade do
indivíduo que o pratica; nesse sentido, o preconceito menos delineado pode ser a atitude que pode levar à ação
do bullying; esse também parece expressar melhor uma cultura homogênea, que, pela (falsa) formação, constitui
indivíduos frios, insensíveis e com dificuldades de formular seus desejos e os reconhecer o que pode direcioná-los
a uma forma de violência difusa, ao contrário do preconceito, que se fixa em necessidades mais bem delimitadas.
Isso não significa que ambas as formas de violência não possam, por vezes, ocorrer conjuntamente – uma vítima do
bullying o ser devido ao preconceito –, mas que, se podem corresponder a diversas necessidades psíquicas, devem
ser combati¬das de modos distintos.
CROCHÍK, José Leon. “Formas de violência escolar: preconceito e bullying”. Revista Mo-
vimento N. 3. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2015.

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
CAMINHOS PARA COMBATER O BULLYING NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, apresentando proposta
de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 4

TEXTO 1
A cada hora, o Brasil registra oito desaparecimentos de pessoas. De 2007 a 2016, foram 693.076 boletins
de ocorrência por desaparecimentos. Os dados, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em estudo
feito a pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mostram uma realidade triste e ignorada pela população
e pelos órgãos públicos.
Em 2016, o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), dos ministérios públicos de
São Paulo e Rio de Janeiro, fez uma pesquisa inédita na qual constatou que, a cada dez pessoas desaparecidas no
Estado de São Paulo nos últimos três anos, quatro são crianças ou adolescentes. Ao todo, são 4.012 menores de 18
anos que não voltaram para casa neste período e que em sua maioria são moradores de regiões pobres da Grande
São Paulo. O Plid é o principal banco de dados do país sobre desparecidos. Segundo a ONG Mães da Sé, em todo
o Brasil, 40 mil crianças e adolescentes desaparecem anualmente.

80
O sofrimento das mães parece não atingir os órgãos da polícia: muitas mães que tentaram fazer boletim de
ocorrência sobre o desaparecimento de seus filhos já foram erroneamente orientadas a esperar por 24 ou até 48
horas para fazer o boletim. Para fazer uma comparação, nos Estados Unidos as primeiras 48 horas são consideradas
fundamentais para encontrar a criança; depois desse período, as chances de a criança nunca ser encontrada sobem
para 70%.

https://observatorio3setor.org.br/noticias/onde-elas-estao-40-mil-criancas-desaparecem-por-ano-no-brasil/(06.02.2018)

TEXTO 2
Há uma lei vigente desde 2005 que orienta essas situações. Trata-se da lei nº. 11.259/2005, que acrescenta
o § 2º ao art. 208 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O aludido parágrafo preconiza que, no caso de
crianças e adolescentes desaparecidos, não há necessidade do aguardo de um tempo mínimo para que seja pres-
tada notificação aos órgãos competentes.
Não há também um tempo mínimo a se aguardar para o início das investigações, sendo a procura iniciada
imediatamente após a notificação do desaparecimento.
Tal inovação na política de desaparecidos tornou mais célere a busca por essas pessoas. Anteriormente
o comum era esperar entre 24 e 48 horas após o desaparecimento para que se iniciassem as buscas. Todavia, o
lapso retro se mostrava impraticável, uma vez que quanto maior o tempo desaparecido, maior é a dificuldade de se
encontrar a criança ou o adolescente.
As orientações a serem seguidas após o desaparecimento são as de procurar a delegacia mais próxima,
informar sobre o desaparecimento e registrar o Boletim de Ocorrência.
Não se deve esperar por um prazo mínimo, e caso a polícia recuse-se a registrar o boletim de ocorrência, o
Ministério Público deve ser informado da situação. Essa violação também pode ser informada ao Disque Direitos
Humanos, através do número 100.

https://direitodiario.com.br/o-desaparecimento-de-criancas-e-adolescentes-e-lei-no-11-2592005-lei-da-busca-imediata/ (22.08.2016)

TEXTO 3

http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22540:acoes-sociais-conselhos-
-chamam-atencao-dos-medicos-para-criancas-desaparecidas&catid=3 (Acessado em 11.03.2019)

81
TEXTO 4
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com abso-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a. primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;


b. precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c. preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d. destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema ALTERNATIVAS PARA DIMINUIR O NÚMERO DE CRIANÇAS DESAPARECIDAS NO
BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

82
Propostas extras - Vestibular
Proposta 1

TEXTO 1
Quantos médicos levam candidamente no bolso uma caneta com propaganda de laboratório? Uma pes-
quisa rea- lizada entre maio e junho de 2000, com 181 residentes da Escola Médica de Virgínia (EUA), revelou
que 97% deles carregavam pelo menos um brinde com logo de empresa farmacêutica no jaleco no momento da
inspeção. Será que os resultados seriam diferentes no Brasil? Tenho razões para pensar que não. Os brindes – que
variam desde uma simples caneta, com o nome de um fármaco que está sendo promovido, até passagens, estadias
e inscrições em congressos, jornadas ou simpósios – evidenciam uma relação carregada de interesses.
A prescrição de fármacos é uma das mais antigas ações confiadas ao médico, não só pelo paciente, mas
por toda a sociedade. Até que ponto essa confiança é merecida é um questionamento que se abriu desde que a
saúde revelou-se um produto de mercado e um negócio altamente rentável, cotado nas bolsas de valores de todo
o mundo.
A pesquisa com os residentes da Escola Médica de Virgínia apontou ainda que a maioria dos médicos não
sente constrangimento por receber brindes ou participar de jantares oferecidos pela indústria farmacêutica. É in-
crível que mé- dicos façam tal afirmação! Seria como acreditar que a indústria farmacêutica, que reverte 30% do
seu faturamento em marketing junto aos médicos, distribui brindes e benesses por generosidade desinteressada.
É inegável a participação da indústria farmacêutica na pesquisa clínica e na busca de fármacos para novas
e antigas patologias. Também é inegável sua participação junto às universidades, no financiamento de pesquisas
e na atualiza- ção médica pelo patrocínio de eventos científicos e edição de livros distribuídos gratuitamente aos
profissionais. Mas é evidente que se trata de um negócio em um mercado muito competitivo.
A indústria farmacêutica, por meio de empresas terceirizadas, realiza uma “pesquisa” chamada close-up
para espio- nar o receituário dos médicos. O controle da fidelidade seria feito por farmácias e drogarias que, em
troca de favores, repassam aos laboratórios as cópias das receitas prescritas – afrontando a confidencialidade e o
sigilo profissional. Assim, a indústria sabe exatamente quais médicos receitam seus produtos e, indiretamente, os
influencia a prescrever os seus medicamentos. Como recompensa, os presenteia com brindes, viagens e inscrições
em congressos.
A obrigação do médico é prescrever o medicamento mais benéfico, seguro, eficaz, de menor custo, baseado
em julgamento clínico imparcial e científico. Os presentes podem ser considerados tentativas de suborno ou de
influência da indústria farmacêutica na prescrição – o que é, de fato, a sua intenção. A aceitação de um brinde
estabelece uma relação entre o médico e a indústria farmacêutica.
(Roberto Luiz D’Ávila. “lnfluentes ou influenciáveis?”. www.cremesp.org.br, outubro de 2007. Adaptado.)

83
TEXTO 2
Importante, necessária e ética. Essas três palavras formam o tripé que melhor define a relação entre a classe
médica brasileira e a indústria farmacêutica. É bem verdade que existe uma linha tênue entre o que consideramos
o limite da ética e o que de fato é permitido, mas tanto médicos quanto empresários são unânimes em dizer que,
de uma forma geral, esse caminho tem sido preservado.
Não há como negar que um está presente na vida do outro de uma forma ativa. Os médicos e a indústria
estão juntos em seminários, simpósios e, principalmente, no consultório.
O professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Homero
Gusmão de Almeida, afirma: “É possível, sim, um relacionamento pacífico, harmonioso e produtivo. Esse intercâm-
bio é funda- mental, já que hoje a maioria das descobertas ocorre nas mãos das indústrias. Não tem como fugir.”
E completa: “Isso não é exatamente um pecado, desde que seja guiado por princípios éticos e não ultrapasse bar-
reiras. Ainda assim, é importante que o médico tenha cuidado para não ser seduzido por gentilezas.”
Não é apenas no próprio bom senso que os médicos se baseiam para construir essa relação com a indús-
tria. Há lei que delimita essa aproximação. O artigo 19 da Resolução RDC 102, de 30 de novembro de 2000, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deixa bem claro isso: “O patrocínio por um laboratório fabricante
ou distribuidor de medicamentos, de quaisquer eventos públicos ou privados, simpósios, congressos, reuniões,
conferências e asseme- lhados, seja ele parcial ou total, deve constar em todos os documentos de divulgação ou
resultantes e consequentes ao respectivo evento.” O parágrafo 1o ainda diz: “Qualquer apoio aos profissionais de
saúde para participar de encontros, nacionais ou internacionais, não deve estar condicionado à promoção de algum
tipo de medicamento ou instituição e deve constar claramente nos documentos referidos no caput desse artigo.”

(Sérgio Vieira. “Médicos e indústria farmacêutica: conflito de interesses?”. www.universovisual.com.br, fevereiro de 2008. Adaptado.)

Com base na leitura dos textos e em seus conhecimentos, redija uma dissertação, na norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema:

MÉDICOS E INDÚSTRIA FARMACÊUTICA: RELAÇÃO DE CONFLITO ÉTICO INEVITÁVEL OU


DE PARCERIA BENÉFICA?

Proposta 2

TEXTO 1
Muito comum na agricultura brasileira para exterminar pragas e doenças que causam danos às plantações,
o uso de agrotóxicos nos alimentos ainda gera muita dúvida.
Mesmo com a higienização adequada, não é possível remover totalmente o agrotóxico presente nos alimen-
tos. Para reduzir a ingestão dessas substâncias, uma solução é optar por alimentos orgânicos, que são cultivados
sem o uso de agrotóxicos ou de adubos químicos.

(“Agrotóxicos nos alimentos”. www.maisequilibrio.com.br. Adaptado.)

84
TEXTO 2
O Brasil é líder na produção e na exportação de soja, milho, cana, algodão, laranja etc. Situado em região
tropical, o país desenvolveu tecnologias próprias para superar suas limitações. Um dos grandes desafios tem sido a
redução dos danos causados pelas pragas agrícolas (insetos, doenças e plantas daninhas).
As pragas são controladas utilizando-se várias medidas disponíveis. O manejo químico com produtos agro-
tóxicos é uma das medidas mais empregadas, por sua eficiência e sua segurança. Trata-se da aplicação de inse-
ticidas, fungicidas e herbicidas. Se esses produtos não fossem utilizados, a produção agrícola sofreria redução
da ordem de 50%. Sem de- fensivos, seria necessário dobrar a área cultivada, com a incorporação de terras hoje
cobertas de floresta, com elevação nos preços dos alimentos.
Os agrotóxicos usados no Brasil são extremamente seguros. São desenvolvidos por empresas que empre-
gam ciência e tecnologia de ponta. Para que um novo produto chegue aos produtores rurais, há necessidade de
muita pesquisa e de avaliações rigorosas de qualidade.
(José Otavio Menten, Ciro Rosolem e Luiz Carlos C. Carvalho. “Agrotóxicos são necessá-

rios ou não?”. http://opiniao.estadao.com.br, 19.07.2016. Adaptado.)

TEXTO 3
Desde 2008, o Brasil ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), isso representa o consumo, por brasileiro, de cinco litros de veneno a cada ano. Tal con-
sumo não é somen- te uma estimativa, e sim uma realidade vivenciada por todos. Dados oficiais demonstram que
a intoxicação, seja aguda ou crônica, atinge os trabalhadores, a população do entorno das fábricas de agrotóxicos
e os consumidores de alimentos contaminados, ou seja, toda a população.
Como resultado, tem-se o aumento da incidência de doenças, tais como doenças endócrinas, câncer, infer-
tilidade, dis- túrbios neurológicos, déficits de atenção e hiperatividade em crianças.
(Andréa Bruginski. “Alimentação saudável e agrotóxicos nos alimentos”. www.crn8.org.br. Adaptado.)

Com base nas informações apresentadas pelos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dis-
sertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:

O SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO DEVE CONTINUAR UTILIZANDO AGROTÓXICOS


NO COMBATE ÀS PRAGAS?

85
Proposta 3
TEXTO 1
Machado de Assis virou assunto nas redes sociais. O autor de Dom Casmurro esteve no centro de intensos
debates depois que uma coluna da Folha de S.Paulo revelou que a escritora Patrícia Secco lançará uma versão sim-
plificada de O Alienista, obra de Machado lançada em 1882. Secco coordena um projeto que visa “descomplicar”
os clássicos para o leitor não acostumado a lê-los.
Autorizada pelo Ministério da Cultura, ela captou cerca de R$ 1 milhão, via leis de incentivo, para a emprei-
tada – além do conto de Machado, também adaptou A Pata da Gazela, de José de Alencar. Os dois terão, juntos,
tiragens de 600 mil exemplares e serão distribuídos de graça pelo Instituto Brasil Leitor.
A notícia alvoroçou as redes sociais. Uma petição on-line com mais de 6.500 assinaturas contesta o apoio
do Ministério da Cultura.
“O foco do projeto é a doação de livros para pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, constan-
temente excluídos do acesso à cultura”, diz Secco. “Trata-se de uma disputa entre o purismo e a democratização
da leitura.”
(“Machado de Assis vira alvo de debate após divulgação de obra simplificada”. www.folha.com.br, 10.05.2014. Adaptado.)

TEXTO 2
Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é uma prática comum em qualquer país do mundo.
No Brasil, um país em que metade da população não leu uma só página de um livro nos últimos três meses e a
média de tempo de- dicado à leitura por dia é de seis minutos, qualquer iniciativa para divulgar a literatura deveria
ser bem-vinda. Mesmo se a qualidade das adaptações de Patrícia Secco se revelar duvidosa, é impossível que a
distribuição de centenas de milhares de livros tenha algum impacto negativo.
(Danilo Venticinque. “Machado de Assis e a choradeira dos críticos”. www.epoca.com, 13.05.2014. Adaptado.)

TEXTO 3
Segundo o poeta e professor da Universidade de São Paulo Alcides Villaça, que é veementemente contra
o princípio de reescrever um clássico, há trechos das adaptações de Patrícia Secco que ficaram incompreensíveis.
“Você tem impressão de estar até reconhecendo Machado, porque são muitos trechos dele, mas de repente vem
aquilo que ele jamais faria. Um bom escritor você reconhece quando o texto flui ou quando ele te faz enfrentar
uma prosa quebradiça, mas o ritmo é dele. Quando você mexe na pontuação, na sintaxe, suprime palavras e corta
parágrafos, você perdeu o ritmo, um elemento da maior importância da literatura. É vender gato por lebre, uma
coisa grosseira”, ressalta.
(“Versão simplificada de livro de Machado de Assis gera polêmica”. www.g1.globo.com, 17.05.2014. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

SIMPLIFICAÇÃO DE LIVROS CLÁSSICOS: DEMOCRATIZAÇÃO DA LEITURA OU DES-


RESPEITO AO TEXTO ORIGINAL?

86
L C ENTRE
PRONTUÁRIO

FRASES

L C
ENTRE
FRASES
Prontuário
Meta 2019:

Conquistar uma vaga no curso de Medicina.


Para conquistar a sua meta, divida-a em objetivos menores. Assim, fica mais fácil acompanhar a sua evo-
lução:

Escrever redações nota dez.


Para atingir esse objetivo:

Escrever _____ redações por semana.

Minhas Notas
Semana 6 7 8 9
Check

Redações Extras
Extras 1 2 3 4 5 6 7
Original

Reescrita

LEMBRE-SE:

As notas fazem parte de um processo. Cada uma representa uma avaliação


pontual.
É importante olhar para elas e autoavaliar-se para desenhar estratégias
que ajudem a melhorar seus textos.

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Data: ____/____/2019
Plantonista____________________

Principais dificuldades:
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Caminhos para solucioná-las:


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Meta de curto prazo:


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Data: ____/____/2019
Plantonista____________________

Principais dificuldades:
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Caminhos para solucioná-las:
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Meta de curto prazo:


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Data: ____/____/2019

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Principais dificuldades:
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Caminhos para solucioná-las:


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Meta de curto prazo:


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