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Redação para

vestibular medicina
4ª edição • São Paulo
2019

L C
LINGUAGENS, CÓDIGOS

1
e suas tecnologias
Estudo da escrita - Redação
ENTRE FRASES Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.

Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves

Colaboradora - Aula 4
Vanessa Botasso Valentini

Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Claudio Guilherme da Silva
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-133-2

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais
vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enri-
quecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.
Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos
principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química,
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE FRASES
ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO
Aula 1: Dissertação argumentativa 7
Aula 2: Especificidades do ENEM 23
Aula 3: Planejamento de texto I 39
Aula 4: Planejamento de texto II 55
Aula 5: Introdução 69
Redações extras 89
Prontuário 103
0 1 Dissertação argumentativa

L C
ENTRE
FRASES
Dissertação argumentativa
A dissertação é um gênero textual caracterizado por apresentar, analisar e explicar um determinado as-
sunto. Em outras palavras, ela propõe a discussão de um tema a partir da análise e questionamento dos elementos
de um todo. A dissertação argumentativa também segue essa linha, no entanto, além da exposição, ela exige
a defesa um ponto de vista claro e coerente, sustentado por argumentos convincentes.
É esse o modelo de texto exigido na maior parte dos vestibulares do país. E embora muitos alunos tenham
dificuldade para encará-lo – já que há pouco tempo na prova para a reflexão, planejamento e escrita – é preciso
lembrar que a base de sua composição está presente o tempo todo em nossas vidas. Seja nas redes sociais, no
encontro com amigos, ou nos jantares em família, passamos boa parte do tempo tentando defender nossos pontos
de vista sobre diferentes temas e buscando convencer os interlocutores a respeito de nossas ideias.
A grande diferença entre essas discussões e a prova de redação reside no modo e no cuidado com que
defendemos nossas perspectivas. No vestibular, é preciso expor ideias ancoradas em argumentos realmente sólidos,
capazes de convencer qualquer leitor genérico interessado no assunto. Tudo com uma boa dose de reflexão crítica
e de clareza; e com um pouquinho de criatividade.
Nessa aula, apresentaremos os principais elementos da dissertação argumentativa esperada nos vestibula-
res. Conhecer de perto as características de cada um deles ajudar a tornar a escrita da redação um processo mais
fácil, menos doloroso e muito mais estimulante.

Elementos básicos
Tese
É formulação da ideia principal a ser defendida no texto. Dito de outro modo, trata-se do posi-
cionamento do autor a respeito do tema abordado. Sua função é resumir em um período a visão que o autor
pretende desenvolver ao longo do texto. Por essa razão , seu desenvolvimento pressupõe a escrita de um período
argumentativo, isto é, composto pela opinião do autor do texto.

No exemplo abaixo, tese encerra o primeiro parágrafo.

A igreja diz: “o vício e o luxo são capazes de arruinar uma vida”. A sociedade contemporânea entrou em
um momento em que o consumo ou tornou-se vício e luxo. Ascende socialmente aquele que aumenta a renda e o
consumismo. Diante dessa ideia, contudo, a sociologia interpõe: o vício e o luxo são consequências de uma
vida arruinada e frustrada na qual a insatisfação é curada por curta duração pelo consumo
(Trecho extraído de redação modelo de exame FUVEST 2013).

IMPORTANTE: Mais adiante, você será apresentado a algumas técnicas de desenvolvimento de tese. No
entanto, é importante começar a reconhecer desde já a forma como esses períodos argumentativos são elabora-
dos. Observe a diferença entre os períodos abaixo e procure identificar como os argumentativos trabalham com a
opinião do autor.

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PERÍODOS EXPOSITIVOS PERÍODOS ARGUMENTATIVOS

O Brasil é uma país que não aprendeu a lidar com o passado de


O Brasil é um país que viveu quase 400 anos de escravidão.
quase 400 anos de escravidão.

A televisão brasileira é conivente com o padrão atual de beleza,


A televisão brasileira é composta predominantemente por pessoas
ao compor seu elenco predominantemente por pessoas que o re-
que se enquadram nos padrões atuais de beleza.
presentem.

O Brasil é um país onde a aparência se tornou uma questão de


O Brasil é um dos países onde mais se realiza cirurgias plásticas.
primeira ordem na vida em sociedade.

Uma parte da classe médica recebe novos medicamentos de labo- Há uma relação promíscua entre parte da classe médica e grandes
ratórios farmacêuticos. laboratórios farmacêuticos.

O governo brasileiro aumentou os impostos da população mais O governo brasileiro cometeu um erro ao aumentar os impostos da
pobre. população mais pobre.

Os baixos índices de leitura no Brasil comprometem o desenvolvi-


44% da população brasileira não possui hábitos de leitura.
mento social no país.

Argumento
São elementos que servem para comprovar e sustentar a tese ou o desdobramento de tese e que devem
ser reconhecidos como verdadeiros na discussão do tema. Caso os argumentos sejam falsos ou pouco prováveis, o
desenvolvimento da argumentação estará comprometido.
Em geral, os argumentos apresentam exemplos, comparações, relações de causa e consequência,
analogias, argumentos de autoridade destinados a comprovar a ideia a ser defendida. Observe os exemplos
de argumentos no parágrafo abaixo:
Não se pode aprimorar a educação sem reconhecer que boa parte de sua organização está superada. Vive-
mos no século XXI com uma estrutura escolar concebida no século XIII, e ainda nos perguntamos por quais razões
os alunos estão cada vez mais dispersos e distantes da relação com o aprendizado. É preciso refletir esse dado
para poder agir de modo coerente, como algumas escolas brasileiras, que já aboliram o sistema seriado de ensino
e, portanto, observaram um aumento considerável no nível de aprendizado de seus estudantes.

Reflexão crítica
A construção da redação exige um momento de reflexão especial do candidato. Na maioria das vezes, é
mais produtivo dedicar um tempo maior para a análise do tema e para a seleção dos argumentos que para a pró-
pria escrita, já que a construção de um ponto de vista claro e objetivo é a principal finalidade do texto.
Uma das formas de refletir criticamente sobre um assunto é separar o “joio do trigo”. No caso das disser-
tações-argumentativas, a reflexão pode ser iniciada separando o senso comum do senso crítico. Enquanto este se
encarrega de analisar a fundo as problemáticas discutidas, observando seu surgimento, suas causas e seus prin-
cipais agentes; aquele apenas reflete uma opinião mais superficial ou limitada, usualmente baseada em hábitos,
crenças e preconceitos ou numa visão menos esclarecida sobre determinada situação. O esquema abaixo pode
ajudar a compreender essa diferença:

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§§ Clichês, chavões, frases feitas. Ge-
neralizações visões limitadas.
SENSO COMUM
Ex.: A educação é o principal pilar
da formação do indivíduo.

§§ Compreensão dos agentes causadores do problema;


§§ Análise de razões históricas do problema;
§§ Confronto entre a imagem do problema na teoria e na vida real.
§§ Apresentação de dados, exemplos da vida real e fundamentos teóricos.
Ex.: Embora muitos considerem a educação o principal pilar formador
dos cidadãos, a realidade das escolas brasileiras nem sempre segue essa pre- SENSO CRÍTICO
missa. Em muitas delas, os professores possuem baixos salários e, por conta
disso, precisam atribuir um número elevado de aulas, o que prejudica seu de-
sempenho em sala de aula e, consequentemente, a formação do aluno. Além
disso, a escola também reproduz formas de preconceito e discriminação capa-
zes de afetar diretamente a vida social e afetiva dos alunos.

Linguagem
A linguagem empregada na redação deve respeitar a norma padrão da língua portuguesa e deve prezar
pela clareza e pela objetividade. Os termos que atribuem incerteza e imprecisão às afirmações devem ser deixados
de lado. Além disso, é importante evitar palavras pouco usadas na língua e com nível muito alto de erudição. Às
vezes, empregar uma palavra rebuscada para “impressionar” o corretor pode ser um grande equívoco.
Do mesmo modo, é importante lembrar que a linguagem do texto dissertativo-argumentativo é basicamen-
te denotativa, e, portanto, não pode estar recheada de clichês, ironias, frases de efeito ou recursos de estilo. De
modo geral, as figuras de linguagem são ferramentas para explorar os sentidos das palavras em textos literários,
quadrinhos, ou canções e, consequentemente, atrapalham a objetividade da redação. A criatividade é bem-vinda
quando está no título do texto ou na apresentação de alguma ideia, mas para empregá-la, é preciso ter um domínio
considerável dos elementos básicos do texto dissertativo.
Há também um detalhe muito importante: é necessário que o autor empregue a 3ª pessoa do singular para
manifestar suas ideias e opiniões. Cabe identificar algumas diferenças no trato dos períodos. Observe:

ERRADO CORRETO
Eu penso que a globalização prejudicou a concepção de cultura. A globalização prejudicou a concepção de cultura.
Acho necessário criar um novo sistema de avaliação educacional. É necessário criar um novo sistema de avaliação educacional.
Considerando o atual cenário, estou convicto de que as novas polí- Considerando o atual cenário, as novas políticas ambientais serão
ticas ambientais serão positivas. certamente positivas.

A lista abaixo é composta pelos principais critérios de redação exigidos nos exames. Nesse sentido, é importante sempre ter essas infor-
mações em mente: elas podem te ajudar a elaborar um texto de melhor qualidade.

Aspectos esperados nas redações (principais critérios)


1. Adequação entre o tema proposto e o texto do candidato;
2. Adequação ao tipo de texto solicitado (dissertação, carta, artigo de opinião);
3. Coesão textual – emprego correto de conjunções, pronomes e preposições entre os períodos;
4. Coerência dos argumentos;
5. Correção gramatical e seleção vocabular adequada.

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Aspectos INDESEJADOS na dissertação
1. Emprego de vocabulário rebuscado ou excessivamente expressivo.
2. Composição de parágrafos isolados.
3. Ausência de posicionamento crítico diante do tema proposto. (textos argumentativos)
4. Desconexão entre exemplos, citações e análises críticas.
5. Repetição meramente descritiva das problemáticas apresentadas na coletânea (paráfrase).
6. Conclusão contraditória em relação aos argumentos e posicionamentos apresentados.

Exercícios
EXERCÍCIO 1: A redação abaixo recebeu nota máxima na prova do ENEM de 2017. Leia-a com atenção
e observe como se articulam a tese e os argumentos que a sustentam. Além disso, observe como
objetividade e a impessoalidade estão presentes no texto.

TESE: Essa é a ideia central que o Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam
autor defenderá ao longo do texto. ser guerreiras, profissão mais valorizada na época. Na contemporaneidade, tal barbárie não
ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os
surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta
ARGUMENTO 1: É uma das ideias de atenção do Estado à questão.
que sustenta a tese. Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que
age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente, exer-
COMPROVAÇÃO DO ARGUMEN- cer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, tra-
TO 1: Trata-se da comprovação da zido pela socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente,
ideia apresentada. Nesse caso. Ao as pessoas param de vê-la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os
tratar da discriminação nas escolas surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldosos ou pela falta de recursos para
brasileiras, o autor comprova sua garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado
ideia de que há uma mentalidade mesmo pelos educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficien-
retrógrada. te à margem dos seus direitos – fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios
praticados em Esparta, apenas mais dissimulado.
Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservân-
cia estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de ensino a existên-
ARGUMENTO 2: É a segunda ideia cia de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do
que sustenta a tese. português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer
para perto, mas também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão
COMPROVAÇÃO DO ARGUMEN- mostra que, enquanto o Estado e a escola não garantirem direitos iguais na educação
TO 2: O autor traz a visão de um dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda estará
importante filósofo para ressaltar sofrendo práticas discriminatórias.
sua ideia de que a inclusão a ser Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno
feita pelo Estado precisa ser rea- ao sistema educacional, é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as insti-
lizada de outra maneira, de modo tuições de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de es-
a garantir efetivamente a inserção pecialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir
desses indivíduos na sociedade. que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse
grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar propagandas institucionais ratificando
a importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais, para
que a discriminação dessa minoria seja reduzida, levando à maior inclusão.

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Mais adiante, você estudará detalhadamente os procedimentos necessários para a composição eficaz de um argumento e de suas com-
provações. Veremos que esses elementos recebem outros nomes e possuem algumas características específicas.

EXERCÍCIO 2: Os períodos abaixo foram escritos na 1ª pessoa do singular e alguns deles apresentam
marcas referentes à 2ª pessoa. Por essas razões, eles não são adequados para a composição da
dissertação-argumentativa. Identifique essas marcas de pessoalidade e em seguida reescreva os
trechos tornando-os impessoais.

a. Em primeiro lugar, não acredito que a tecnologia tenha dominado o homem. Ao contrário, penso que a
humanidade está vivendo uma fase positiva em relação à ciência e à técnica.
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b. Não vejo como negativas as cotas para deficientes físicos.


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c. Diante de tantas polêmicas, acho que boa parte da população não está apta a manifestar-se politi-
camente pela internet. Vejo frequentemente pessoas destruírem suas relações em razão de conflitos
políticos disseminados na rede, que estão repletos de incompreensão e egoísmo.
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d. Por mais que pareça estranho, hoje você tem conhecimento mais rápido dos acontecimentos europeus
que dos brasileiros.
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e. Quantos anos nós brasileiros passamos sem conhecer a verdadeira história de nosso país?
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EXERCÍCIO 3: Os trechos abaixo apresentam algumas máximas disseminadas na sociedade brasileira
que não possuem embasamento. Em outros termos, trata-se de exemplos do senso comum que são
repercutidos – muitas vezes – quando determinado assunto está sendo debatido.

Leia o excerto e, de acordo com seus conhecimentos, elabore um parágrafo apontando os proble-
mas e os equívocos da visão apresentada.

a. A democracia só funciona em países ricos.


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b. Não há nada de positivo no sistema de saúde brasileiro.


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c. Todo político é corrupto.


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d. A doação órgãos desfigura o indivíduo.


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e. Crianças adotadas sempre são problemáticas.


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f. A depressão não é doença, é frescura.


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g. Favela é sinônimo de criminalidade.
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h. Arte é algo para ricos. Os mais pobres não sabem prestigiá-la.
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OBESIDADE INFANTIL NO BRASIL: CONSEQUÊNCIAS


E DESAFIOS EM SEU COMBATE
ACERVO
TEXTO I

Por que é tão difícil frear a escalada da obesidade infantil?

A explosão de obesidade na população brasileira adulta, revelada na última semana pela Pesquisa de Vigi-
lância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), tem impacto direto
no avanço do sobrepeso entre as crianças. Afinal, elas não aprendem sozinhas a tomar refrigerante enquanto
jogam videogame, não é?

O levantamento anual do Ministério da Saúde identificou um crescimento de 60% no número de adultos obesos nos últi-
mos dez anos: um em cada cinco brasileiros adultos está nesta situação - e metade da população está acima do peso. A estatística
é alta também entre as crianças: um em cada três brasileiros já apresenta excesso de peso na infância.
Os indicadores sobre obesidade infantil são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, cujos dados mais re-
centes são referente a 2008-2009. A Vigitel analisa o comportamento alimentar apenas de pessoas maiores de 18 anos, em todas
as capitais brasileiras. Mas o Ministério da Saúde, ao apresentar os dados da pesquisa, destacou a importância de ações também
voltadas a crianças e adolescentes.
Já chega a 16,6% o índice de meninos obesos com idade entre 5 e 9 anos e a 11,8% entre as meninas na mesma faixa
etária, segundo a POF 2008-2009. A título de comparação, em 1974-1975, as taxas eram de 10,9% entre meninos e 8,6% entre
meninas.

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O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), de 2015, indica que 8,4% dos adolescentes brasileiros estão
obesos e 25,5% dos adolescentes de 12 a 17 anos estão com excesso de peso.
Para especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o mau exemplo dos pais e a sofisticação da propaganda de produtos industria-
lizados são os principais entraves para enfrentar o problema.

Propaganda desigual
O coordenador científico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo
(USP), Carlos Augusto Monteiro, atuou na elaboração do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, e
considera a propaganda o principal motor para o crescimento do consumo de alimentos ultraprocessados nos últimos anos.
São considerados assim alimentos como biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes, macarrão instantâneo,
lasanhas prontas, entre outros do gênero.
"A propaganda é desigual. Enquanto a indústria apresenta um material muito sofisticado, que passa uma mensagem sobre
você ser mais bacana se consumir tal produto, o governo é omisso em campanhas de saúde pública", analisa Monteiro.
Para o pesquisador, essa propaganda vende também uma certa ideologia de praticidade, que contamina o imaginário dos
pais, verdadeiros responsáveis pela alimentação dos pequenos.
"Não há tanta diferença entre o tempo de preparo de um macarrão normal com molho de tomate e um macarrão instan-
tâneo", avalia.

Regulamentação e exemplo
Além da propaganda, as embalagens também contribuem para atrair consumidores a produtos com propriedades senso-
riais inversamente proporcionais ao seu valor nutricional. "Um suco de laranja em pó, por exemplo, tem 1% de polpa de laranja,
mas a embalagem mostra uma laranja enorme, colorida", exemplifica Monteiro.
O mesmo vale para dizeres como "rico em fibras" e frases similares, as quais o pesquisador da USP classifica como "ale-
gações saudáveis falsas". Medidas regulatórias poderiam barrar esse tipo de apelo ou mesmo restringir a propaganda de certos
produtos, como ocorre em países como França, Canadá e Inglaterra.
Um ponto fundamental na formação de uma geração que tenha menos problemas com a balança é o exemplo dos pais.
"A criança precisa ter referências do que é uma alimentação variada e saudável", frisa a pediatra nutróloga Elza Mello, professora
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A especialista destaca que a preocupação com os hábitos alimentares deve vir desde a gestação. "O líquido amniótico
transfere sabor, então, a criança pode já nasce predisposta a preferir certos alimentos de acordo com a dieta da mãe", explica Mello,
que também atua no setor de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.
De acordo com a pediatra nutróloga Márcia Schneider, integrante da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, o tra-
tamento da obesidade infantil é difícil porque depende muito dos adultos. "O tratamento não deve ser só no consultório, mas em
casa, na escola. Quem compra o refrigerante? Quem dá o tablet?", questiona a médica.

O que fazer?
Os especialistas são unânimes: dar exemplo é o primeiro passo. Boa parte da educação das crianças decorre do que elas
veem os pais fazerem. Vale o mesmo para a dieta.
"Os pais veem os pequenos como vulneráveis, o que de fato são, e querem fazer tudo certo. Nessa perspectiva, a chegada
de uma criança pode ser uma motivação para repensar a relação de todos com a comida", observa o pesquisador da USP Carlos
Augusto Monteiro.

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Evitar ao máximo oferecer sucos e refrigerantes aos pequenos é outra recomendação. Mesmo sucos naturais são altamente
calóricos, lembra a pediatra Elza Mello. Além do excesso de calorias, a ingestão frequente dessas bebidas acostuma o paladar da
criança desde cedo e pode acabar fazendo com que ela rejeite beber água.
Não mandar raspar o prato é uma medida simples e eficaz. As mães esperam que a criança consuma porções iguais de
alimento todos os dias e costumam obrigá-las a comer até o fim, mas esse comportamento é equivocado, diz a especialista.
"Há dias em que a criança tem menos fome, e é preciso respeitar. Assim, ela irá crescer com a ideia de que só precisa comer
até o cérebro saber que está satisfeito", explica.
Por fim, é comum os pais se preocuparem mais em fazer a criança comer direito do que em observar como (e se) ela gasta
toda essa energia.
"É preciso limitar o uso de mídias que incentivam o sedentarismo e promover a prática de atividades físicas em todas as
idades. Para crianças pequenas, atividades lúdicas, como jogos, funcionam bem. Adolescentes podem até fazer musculação, desde
que sem sobrecarga", sugere a pediatra Márcia Schneider.

Ação do governo
Questionado sobre desafios e medidas do governo federal no combate à obesidade infantil, o Ministério de Saúde enume-
rou uma série de ações em curso, como controle de ganho de peso e promoção de alimentação saudável na gestação.
Citou ainda o programa Saúde na Escola, em integração com a pasta da Educação, que pode identificar estudantes com
excesso de peso ou risco nutricional e encaminhá-los a serviços de saúde.
Ainda segundo o ministério, o governo fornece materiais a professores para uso em atividades de promoção da alimenta-
ção saudável e apoia uma norma de venda de alimentos para bebês que controla a publicidade de produtos que concorram com a
amamentação - prática que é considerada como meio de prevenção da obesidade.
A pasta disse reconhecer a necessidade de avançar além de ações de promoção de alimentação adequada.
"É preciso melhorar a rotulagem nutricional para apoiar escolhas mais saudáveis, proibir a venda de refrigerantes e outros
alimentos ultraprocessados não saudáveis nas escolas e regular a publicidade de alimentos direcionada ao público infantil, para
proteger as crianças da exposição a alimentos não saudáveis", afirmou em nota.

https://www.bbc.com/portuguese/geral-39659632

É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Segundo dados do Ministério da Saúde, uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade está com excesso de
peso, e 8,4% dos adolescentes são obesos (DADOS DE 2017).

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

A endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Lívia Lugarinho, relata que alimentos como coxi-
nha, sanduíche, pizza, sorvete e chocolate – apesar de estarem entre os preferidos das crianças – podem ser muito prejudiciais
à saúde, uma vez que seus excessos de açúcares e gorduras ajudam o peso a subir rapidamente. A profissional recomenda que
os pais estimulem uma alimentação saudável e equilibrada.

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

A obesidade custa ao Brasil 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo um estudo internacional conduzido pelo McKinsey
Global Institute, que mostra o aumento dos gastos no combate ao problema no mundo. A McKinsey afirma ainda que em 2030,
cerca de 50% da população poderá ser classificada como obesa.
Fonte: <https://www.terra.com.br/noticias/dino/obesidade-custa-ao-brasil-24-do-produto-
-interno-bruto,931fc10909b09e9a36638764cdb4795f0qntp8h6.html>

17
IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA
Mídia (publicidade e propaganda)

O coordenador científico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP),
Carlos Augusto Monteiro, considera a propaganda o principal motor para o crescimento do consumo de alimentos ultraproces-
sados nos últimos anos.
Para o pesquisador, a propaganda vende uma certa ideologia de praticidade, que contamina o imaginário dos pais, verdadeiros
responsáveis pela alimentação dos pequenos. Além disso, as embalagens também contribuem para atrair consumidores a
produtos com propriedades sensoriais inversamente proporcionais ao seu valor nutricional. “Um suco de laranja em pó, por
exemplo, tem 1% de polpa de laranja, mas a embalagem mostra uma laranja enorme, colorida”, exemplifica Monteiro.
Por fim, o pesquisador recomenda que sejam implantadas medidas regulatórias para barrar esse tipo de apelo ou mesmo res-
tringir a propaganda de certos produtos, como já ocorre em alguns países como França, Canadá e Inglaterra.

V. LEGISLAÇÃO:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Estatuto da criança e do adolescente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm

VI. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS/CRIANÇA:

PRINCÍPIO 2º - A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros
meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições
de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses
da criança.
Declaração dos direitos da criança. http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
-permanentes/cdhm/comite-brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-externa/DeclDirCrian.html

18
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeos MUITO ALÉM DO PESO - OFICIAL

Fonte: Youtube

Vídeos Fed Up 2014

Fonte: Youtube

Filme The kids menu

Documentário mostra que há esperança no combate à obesidade


infantil: quando bem informadas, as crianças geralmente escolhem
hábitos alimentares mais saudáveis

19
LER

Livros

Obesidade e Saúde Pública - Col. Temas em Saúde – Luiz


Antonio dos Anjos

"Temas em Saúde" é uma coleção trazer para estudantes,


profissionais e público em geral panoramas sobre conceitos e
conteúdos fundamentais das áreas da saúde. A idéia é combinar
informação atualizada com

reflexões que se baseiem em recentes produções científicas sobre os


diversos assuntos tratados.

20
Proposta 1
TEXTO 1
Uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade está com excesso de peso, e 8,4% dos
adolescentes são obesos, segundo dados do Ministério da Saúde.
Com o objetivo de auxiliar na mudança desse quadro, foi lançada na Câmara, nesta quarta-feira (31), a
Frente Parlamentar Mista de Combate e Prevenção da Obesidade Infanto-Juvenil.
A frente será coordenada pelo deputado Evandro Roman (PSD/PR), que destaca a importância de se debater
o tema.
Três eixos serão priorizados, de acordo com o deputado: a alimentação, a atividade física e a qualidade do
sono.
"A obesidade infantil hoje no mundo tomou proporções que são danosas, principalmente, para a saúde
pública. E quando nós falamos em crianças, temos que pensar que elas são os adultos de amanhã, e se desenvol-
verem maus hábitos alimentares, ausência da atividade física, e má qualidade de sono, serão adultos doentes”,
afirma o parlamentar.
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/SAUDE/535580-FRENTE-PARLAMENTAR-QUER-
-MEDIDAS-LEGISLATIVAS-PARA-PREVENCAO-E-CONTROLE-DA-OBESIDADE.html

TEXTO 2

Alimentação inadequada provoca aumento na obesidade infantil


Na hora do lanche, a criançada já tem na ponta da língua o cardápio predileto: coxinha, sanduíche, pizza,
sorvete, chocolate, dentre outros.
Apesar de serem a preferência da maioria da garotada, esses alimentos podem ser um verdadeiro veneno
para a saúde. Ricos em açúcares e gorduras, são vilões na alimentação e ajudam o peso a subir rapidamente. Por
isso, é preciso ter olho vivo na balança, porque junto com o excesso de peso, vem uma série de doenças, como
relata a endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Lívia Lugarinho.
Hoje (11) é o Dia Nacional de Prevenção contra a Obesidade e o excesso de peso entre as crianças é um
problema crescente que precisa de atenção. Uma estimativa feita pela Organização Mundial da Saúde revelou que
41 milhões de crianças no mundo, abaixo de cinco anos de idade, estão acima do peso. Esses números são resul-
tados de uma combinação perigosa de má alimentação e sedentarismo.
Para a endocrinologista Lívia Lugarinho, a chave para uma rotina saudável está no estilo de vida.
Para evitar a obesidade infantil, vale aquele ditado: “prevenir é melhor do que remediar”. Então é importan-
te que os pais estimulem uma alimentação saudável e equilibrada, além da prática regular de exercícios. A saúde
dos pequenos agradece.
http://radios.ebc.com.br/reporter-nacional/2018/10/alimentacao-inadequada-esta-provocando-aumento-na-obesidade-infantil (11.10.2018)

21
TEXTO 3
Este Anexo disciplina a propaganda comercial de alimentos, refrigerantes, sucos, achocolatados, bebidas
não-carbonatadas e as isentas de álcool a elas assemelhadas, assim classificados pelos órgãos da administração
pública, e, obviamente, não exclui o atendimento às exigências das legislações específicas.
2. Quando o produto for destinado à criança, sua publicidade deverá, ainda, abster-se de qualquer estímulo
imperativo de compra ou consumo, especialmente se apresentado por autoridade familiar, escolar, médica, esporti-
va, cultural ou pública, bem como por personagens que os interpretem, salvo em campanhas educativas, de cunho
institucional, que promovam hábitos alimentares saudáveis.
(Código Brasileiro de Auto-regulamentação publicitária) http://www.conar.org.br/codigo/codigo.php

TEXTO 4
Diversas patologias e condições clínicas estão associadas à obesidade. Alguns exemplos são:

§ Apnéia do sono
§ Acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como derrame cerebral.
§ Fertilidade reduzida em homens e mulheres.
§ Hipertensão arterial ou “pressão alta”.
§ Diabetes melito.
§ Dislipidemias.
§ Doenças cardiovasculares.
§ Cálculo biliar.
§ Aterosclerose.
§ Vários tipos de 'câncer, como o de mama, útero, próstata e intestino.
§ Doenças pulmonares.
§ Problemas ortopédicos.
§ Gota.

Os prejuízos que o excesso de peso pode causar ao indivíduo são muitos e envolvem desde distúrbios não
fatais, embora comprometam seriamente a qualidade de vida, até o risco de morte prematura. Os dados existentes
são alarmantes: estima-se que mais de 80 mil mortes ocorridas no país poderiam ter sido evitadas se tais pessoas
não fossem obesas.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/obesidade_desnutricao.pdf

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema OBESIDADE INFANTIL NO BRASIL: CONSEQUÊNCIAS E DESAFIOS EM SEU COMBATE,
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

22
0 2 Especificidades do ENEM

L C
ENTRE
FRASESS
Especificidades do ENEM
Como ponto de partida para iniciarmos a produção das redações, trataremos agora das especificidades da
prova do ENEM. Embora ela seja um pouco diferente dos demais vestibulares, já que exige uma proposta de inter-
venção para um problema apresentado, sua estrutura é muito similar a dos outros vestibulares. Tese, argumento e
reflexão crítica – como vimos – são itens INDISPENSÁVEIS para a realização do exame.
Com o objetivo de esclarecer os principais pontos exigidos na prova, realizamos uma apresentação dos
principais critérios de correção do ENEM baseada no “Cartilha do participante 2018”, que pode ser acessada no
endereço abaixo.
Nessa página, o aluno pode encontrar outros detalhes a respeito das competências de avaliação.

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.

De modo geral, o ENEM exige que o aluno produza um texto em prosa, do tipo dissertativo-argu-
mentativo, a respeito de um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Por isso, é importante
estar sempre antenado com as principais discussões de cada uma dessas naturezas no país e no mundo.
A cartilha do ENEM também propõe que o aluno defenda uma tese apoiada em argumentos consis-
tentes, estruturados com coerência e coesão. Além disso, o aluno deve apresentar proposta de intervenção
social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Isso significa que o aluno precisa:
expor seu posicionamento sobre a problemática adotada, apresentar argumentos que comprovem
sua visão sobre o tema e sugerir uma intervenção social para o problema abordado, lembrando que
tal ação deve respeitar os direitos humanos.

Entendendo as competências ENEM

Competência 1 - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa


A primeira competência do ENEM verifica se o aluno é capaz de compor um texto sem problemas de
construção sintática e sem desvios (gramaticais, de convenções da escrita, de escolha de registro e
de escolha vocabular). Em outras palavras, é preciso cuidar tanto dos aspectos fonológicos e morfossintáticos
da escrita – como acentuação, ortografia, pontuação, concordância e regência – como dos aspectos de adequação
vocabular à norma padrão da língua portuguesa, o que significa evitar gírias, marcas da oralidade, vocabulário
impreciso, entre outros.

25
Competência 2 - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias
áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo em prosa

Essa competência avalia se o aluno é capaz de construir um texto dissertativo-argumentativo cujo recorte
escolhido esteja adequado ao tema proposto. É preciso estar atento ao limite temático a fim de evitar possíveis
tangenciamentos ou fuga do tema.
Nesse sentido, a cartilha do ENEM recomenda que aluno reflita sobre o tema apresentado pela coletânea
e apresente um ponto de vista baseado nessa reflexão. É importante não se prender às ideias desenvolvidas nos
textos apresentados, e muito menos copiar trechos desses textos.
Para sair desse ponto inicial, o aluno deve buscar informações de várias áreas do conhecimento
na composição de sua dissertação. Isso demonstra que ele possui repertório e que sabe interpretar correta-
mente um problema apresentado pela proposta. Entretanto, é preciso ter cuidado: todas as informações
devem estar ligadas à construção do ponto de vista. Qualquer dado desconectado da argumentação, ainda
que seja importante, não tem relevância nenhuma para a dissertação, pois não ajuda a convencer o leitor a respeito
do posicionamento do autor.

26
Competência 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões
e argumentos em defesa de um ponto de vista

De modo geral, a terceira competência do ENEM avalia se os argumentos apresentados realmente compro-
vam a tese defendida. Segunda a cartilha, trata-se da “forma como você, em seu texto, seleciona, relacio-
na, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do ponto de vista
escolhido como tese.”
Muitas vezes, no projeto de redação, os alunos possuem um posicionamento e também argumentos cor-
respondentes ao seu ponto de vista. No entanto, na hora de compor o texto, muitos deles têm dificuldade de
organizar os parágrafos e de explicar as informações que sustentam a tese. Nesse caso, a má seleção, explicação e
distribuição dessas informações entre os parágrafos – e também dentro deles – prejudica a compreensão geral da
dissertação, ou seja, o corretor não consegue entender o raciocínio que o aluno desejou apresentar.
Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 3, a cartilha do ENEM apresenta as
seguintes recomendações:
§§ Reunir todas as ideias sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do seu ponto
de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto.
§§ Verifique se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são pertinentes para a defesa do seu
ponto de vista.
§§ Na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, procure definir uma ordem que
possibilite ao leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual deve
ser fluente e articulada com o projeto do texto.
§§ Examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre o início e o fim e observe
se o desenvolvimento de seu texto apresenta argumentos que convergem para o ponto de vista que você
está defendendo.

27
Competência 4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para
a construção da argumentação
A quarta competência do ENEM avalia os mecanismos de coesão do texto. Em outras palavras, trata-se
da forma como o aluno realiza as conexões entre as partes de sua redação a fim de garantir uma sequenciação
coerente do seu raciocínio.
Nesse sentido, o aluno é avaliado pela forma como ele realiza o encadeamento de suas ideias, seja por
meio do uso conjunções, pronomes, preposições, advérbios e locuções adverbiais; seja pela articulação da própria
estrutura textual. O grande objetivo é observar se o aluno conhece os mecanismos de coesão “que garantem a
conexão de ideias tanto entre os parágrafos quanto dentro deles”.
Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 4, a cartilha do ENEM recomenda
evitar:
§§ sequência justaposta de palavras e períodos sem articulação;
§§ ausência total de parágrafos na construção do texto;
§§ emprego de conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais)
que não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem;
§§ repetição ou substituição inadequada de palavras, sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (prono-
me, advérbio, artigo, sinônimo).

Competência 5 - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando


os direitos humanos
A quinta competência do ENEM avalia se o texto do aluno apresenta uma proposta de intervenção para
o problema levantado. Por isso, é fundamental que esse problema esteja discutido na tese e nos argumentos, a
fim de que a intervenção a ser proposta esteja coerente com o assunto abordado e realmente apresente
uma solução para o problema exposto no texto.
Além disso, é imprescindível que a proposta de intervenção seja completa. Isso significa dizer que ela deve
contemplar quem serão os atores sociais responsáveis pela solução de acordo com o âmbito que ela demanda:
individual, familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial. Do mesmo modo, é preciso detalhar qual
será essa ação e qual será o meio de sua execução, incluindo também quais são os resultados que ela pode gerar
com relação ao problema discutido.
Nesse sentido, recomenda-se que o aluno apresente intervenções mais concretas, mais factíveis e mais
próximas da realidade brasileira. As generalizações acerca dos “verdadeiros responsáveis” pelos problemas
ou as soluções muito gerais, como “é preciso investir na educação...” devem ser evitadas.

28
RECOMENDAÇÕES GERAIS DO INEP
a. ler com bastante atenção o tema proposto e observar a tipologia textual exigida (texto dissertativo-
-argumentativo);
b. ler os textos motivadores, observando as palavras ou os fragmentos que indicam o posicionamento dos
autores;
c. identificar, em cada texto motivador, se for o caso, a tese e os argumentos apresentados pelos autores e
utilizá-los para defender o ponto de vista da redação;
d. refletir sobre o posicionamento dos autores dos textos motivadores e definir com muita clareza qual será
o seu posicionamento;
e. ler atentamente as instruções apresentadas após os textos motivadores;
f. definir um projeto de texto em que planeje a organização estratégica da sua redação, a fim de defender
o ponto de vista por você escolhido, e apresentar uma proposta de intervenção ao problema abordado.

29
Exercícios
Os exercícios abaixo foram desenvolvidos buscando apresentar algumas das principais características da
avaliação por competência do ENEM. Eles não contemplam todas as avaliações, já que estas pressuporiam a exis-
tência de uma coletânea e uma oração-tema essencial para sua avaliação. De qualquer modo, as questões a seguir
conseguem contemplar boa parte das exigências para a prova do ENEM.
EXERCÍCIO 1: Analise os parágrafos abaixo e identifique as marcas de afastamento da norma escrita
formal. (COMPETÊNCIA 1)

a. Diariamente há um bombardeio de notícias de crimes na cidade, por parte de diversos veículos de mídia
e muitas vezes, é passada a ideia de que estes ficam impunes por conta da ineficiência do Estado. À
partir da daí, surge o descontentamento e a insatisfação da população, o que faz com que a sede por
vingança acabe falando mais alto. Essa situação tem que acabar, pois não podemos julgar nem ser jul-
gados por outros., e sim pelos mecanismos de justiça.

b. Com avanço tecnológico, aumentaram-se a quantidade de informações que circulam na internet, tanto
pelas redes sociais como pelos jornais. Nesse cenário, muitas pessoas divulgam informações que não
combinam com a realidade que é verdadeira, criando as chamadas Fake News. Portanto, a criminaliza-
ção dessas falsas notícias se faz urgente na sociedade brasileira.

EXERCÍCIO 2: Leia os temas propostos abaixo e analise se os parágrafos a eles referentes contem-
plam ou não a temática apresentada pela proposta. Justifique sua resposta. (COMPETÊNCIA 2)

a. A entrada dos jovens na criminalidade


É necessário repensar a trajetória do presidiário. Além das péssimas condições de higiene muitos pre-
sídios são superlotados, impedindo que haja dignidade para esses cidadãos. Soma-se a isso a falta de
atividades que podem ser oferecidas aos detentos, já que boa parte deles poderia desenvolver outras
habilidades e conhecimentos.

b. A importância da valorização das variantes linguísticas no Brasil


A norma culta sempre foi prestigiada na sociedade brasileira. Embora não seja única, ela se tornou um
critério de valor para que as pessoas hierarquizassem suas posições. Isso pode ser visto no tratamento
conferido à população que não frequentou escola e que, geralmente, possui mais dificuldade em se
expressar de modo culto: tais indivíduos são habitualmente vítimas de preconceito linguístico.

EXERCÍCIO 3: Leia os parágrafos abaixo. Circule os períodos que apresentam um posicionamento


do autor e sublinhe aqueles que apresentam fatos ou informações que comprovem a veracidade e
legitimidade desses posicionamentos. (COMPETÊNCIA 3)

a. Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde
séculos passados. Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas,
os índios perderam a sua liberdade de crença e foram obrigados, de maneira violenta, a se converter
ao catolicismo, religião a qual era predominante na Europa. Além disso, os africanos escravizados que
aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos, sendo punidos de
forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente, constata-se que grande parcela da
população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras
religiões de maneira desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à
busca de soluções para reverter isso.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

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b. A propaganda é meio eficiente a atingir a venda de produtos, já que, através de artifícios intrigantes,
como imagens e até personalidades famosas, coage os consumidores. As crianças são alvos constantes
da publicidade, pois, dotadas de desejo e imaginação, creem no mundo utópico desenvolvido pelos
efeitos dos anúncios. Assim, devido a sua efetividade, os publicitários focam na criação de técnicas per-
suasivas ao público pueril e lançam suas propagandas em horários convergentes aos que os pequeninos
assistem aos desenhos animados e programas afins. A criatividade dos que são graduados para apelar
ao consumidor ganha o coração das crianças e perpetua os comerciais para essa faixa etária.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

EXERCÍCIO 4: Os períodos abaixo foram escritos com os conectivos suprimidos ou ainda apresentam
repetições de palavras. Procure reescrevê-los utilizando-se de conectivos adequados e de prono-
mes ou sinônimos capazes de fazer referência a termos anteriormente mencionados, eliminando as
repetições. (COMPETÊNCIA 4)

a. Há uma visão difundida na sociedade de que o suicídio se resume à falta de religiosidade e até mesmo
egoísmo. * Essa visão é problemática, * toma a vítima como culpada e não reconhece o suicídio como
um problema de saúde.
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b. Além disso, há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre, * a ideologia da superiori-
dade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as
mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde
cedo a se submeterem aos homens e a serem recatadas. * , constrói-se uma cultura do medo, na qual o
sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou
psicológica de seu progenitor ou companheiro.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2015)

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EXERCÍCIO 5: As propostas de intervenção discriminadas abaixo foram redigidas de forma indevida
ou incompleta, já que não apresentam todos elementos exigidos pela banca. Identifique quais são
o(s) componente(e) ausentes de cada uma das propostas e, se possível, determine quais poderiam
ser esses elementos.
a. É preciso criar oficinas tecnológicas, em que todos possam ter acesso à tecnologia, ensinando os traba-
lhadores a lidarem com os mais diferentes tipos máquinas e aparelhos avançados. Tema: O impacto da
tecnologia na produção do desemprego
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31
b. Urge, portanto, uma reformulação no sistema de ensino que garanta maior reflexão crítica e análise de
textos desde as séries iniciais. Tema: Desafios para reduzir o analfabetismo funcional no Brasil
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c. O Ministério da Saúde deve sensibilizar a população a respeito da importância da vacinação, por meio
de campanhas de amplo alcance nas redes sociais e na televisão que ressaltem os riscos do retorno de
doenças erradicadas. Tema: Caminhos para garantir a vacinação da população brasileira
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d. Cabe às Universidades aprimorar a formação de professores a fim de que os docentes possam se atua-
lizar em relação às novas tecnologias e aprimorar suas metodologias de ensino. Tema: Os conflitos no
uso da tecnologia em sala de aula
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DESAFIOS PARA PROMOVER A INTEGRAÇÃO DOS
MORADORES DE RUA À SOCIEDADE
ACERVO
TEXTO I

População em situação de rua é desafio para políticas públicas


Para educadora em direitos humanos, ações devem ser feitas “com” os moradores de rua e não apenas “para eles”. Mo-
radia, trabalho e saúde são as principais demandas de cerca de 20 mil pessoas

A casa própria

Na área da moradia, Róbson Mendonça afirma que é preciso pensar o que não deu certo para que as pessoas consigam
deixar tal situação. E atesta: os albergues não são solução. “Albergue não capacita, não gera nada, faz o camarada ficar estagnado
pulando de albergue em albergue e sem solução. Precisamos pensar uma maneira de fazer a coisa funcionar. Fazer com que o alber-
gue seja uma coisa provisória e dali sair para um hotel social, para o emprego e ir progredindo gradativamente”, diz.

A política do diálogo

Para Róbson, entre os 20 mil moradores de rua existentes em São Paulo, há o “trecheiro” (que fica um pouco em cada
lugar, logo se deslocando para outra cidade), o “escondidinho” (egressos do sistema prisional que se misturam entre os moradores
de rua para voltar a cometer ilicitudes), o “morador em situação de rua” (que vive em albergue ou em hotel social e está no limite
de ficar na rua) e, por fim, o “morador de rua” (quem de fato vive nos logradouros da cidade, em calçadas, praças, embaixo de via-
dutos e pontes). “Para cada um deles precisa haver uma política diferenciada, mas às vezes fica difícil embutir isto no pensamento
do governo, que quer ouvir uma determinada pessoa e não o grupo como um todo, o que prejudica o próprio governo e os demais.
É preciso mudar essa metodologia que já sabemos que não dá resultado.”

Saúde e habitação

Segundo Neide, as dificuldades do morador de rua passam, inclusive, pelo atendimento realizado nos órgãos públicos,
como nos serviços de saúde, onde ele é discriminado. “É preciso haver um atendimento humanizado. Precisamos fazer uma política
transversal que contemple as diferentes necessidades”, explica Neide.
Neste ambiente complexo, os critérios de preferência dos programas de moradia, por exemplo, como idosos, mulheres com
filhos e família, tornam-se um desafio. Para alguns moradores de rua, o conceito de família pode ser um homem e uma mulher, mas
para outros é um idoso e seu cachorro. “Eles precisam ser inseridos no plano de habitação, mas como acessa essa moradia?”, ques-
tiona Neide, complementando que muitos moradores de rua até têm recursos para alugar um imóvel, mas a burocracia emperra.

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/09/populacao-de-rua-exige-seus-direitos-419.html

É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

O último Censo da População em Situação de Rua, com dados de 2015, realizado pela Prefeitura de São Paulo, aponta para a
existência de quase 16 mil moradores de rua no Estado. A estatística revela um problema social de longa data e já agravado:
um aumento de 82,6% em 15 anos, desde que o estudo começou a ser realizado (em 2000).

33
II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

A professora Raquel Rolnik, especialista em políticas públicas urbanas e habitacionais da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU) da USP afirma que a situação do morador de rua não se limita a uma cama para dormir. “A construção de casa própria
para um tipo de necessidade habitacional de quem está na rua hoje é absolutamente inadequada, ela precisa de uma solução
já. Não pode ficar dez anos esperando numa fila de Cohab para sorteio. Ela precisa de uma solução emergencial.”

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

A) Lisboa reduz pela metade número de moradores de rua


Desde 2015, a capital portuguesa vem apostando em modelos alternativos e mais abrangentes de assistência à população de rua.
Um dos programas que contribuíram para isso é o É Uma Casa, parceria da ONG Crescer com a Câmara que tem Vítor entre seus
30 beneficiários. No âmbito da iniciativa, alugam-se e equipam-se apartamentos “normais” em prédios residenciais de Lisboa,
que são então entregues a sem-teto. A ideia é que, a partir da reconquista de um espaço doméstico, elas comecem a se inserir na
comunidade e retomem sua autonomia.
Segundo, dados do NPISA (Núcleo de Planejamento e Intervenção Sem Abrigo) da Câmara Municipal (equivalente à prefeitura), o
número de pessoas sem casa em Lisboa caiu de 629, em 2015, para 334, em 2017 (ou seja, uma retração de 47%).
B) Homem agride e ateia fogo em morador de rua no litoral de São Paulo
Um homem de 56 anos sofreu queimaduras de segundo grau após ter o corpo incendiado por um desconhecido na madrugada
desta terça-feira (18), em Santos, no litoral sul de São Paulo. A vítima, que vive em situação de rua, está internada na Santa
Casa do município.
De acordo com a polícia, vídeos registrados por câmeras de vigilância estão sendo reunidos para tentar identificar o autor da
agressão. O homem teria cometido a agressão por suspeitar que o morador de rua tenha roubado um celular, o que é negado
pela vítima.
https://noticias.r7.com/sao-paulo/homem-agride-e-ateia-fogo-em-morador-de-rua-em-santos-veja-18122018

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA


O Estado e as políticas de reinserção social para o sistema prisional

A população sem-teto é formada por 40% de ex-presidiários. Um estudo inédito encomendado pela prefeitura, em 2015, ave-
riguou os porquês do crescimento desse contingente. A pesquisa qualitativa foi coordenada pelos psicanalistas Emília e Jorge
Broide, especialistas da USP e da PUC.
Em média, 105 000 presos deixam as cadeias do estado todos os anos. Nesse momento, eles geralmente são obrigados a
pagar uma multa que integra a sentença, cujo valor varia de 300 a 1 500 reais. O problema é que boa parte deles não sabe da
existência dessa dívida e que, caso ela não seja quitada, a pena não é considerada efetivamente cumprida, aos olhos do Estado.
Isso impede essas pessoas de tirar documentos, deixando-as na clandestinidade.
“Na ausência de uma política de transição para o convívio social, muitos vão parar na rua”, diz Jorge Broide. “Depois chegam
aos abrigos com as regras e a violência das facções de presídios, o que complica o trabalho dos agentes sociais.”

V. ANALOGIA LITERÁRIA

O bicho (Manuel Bandeira)


Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

34
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeos Documentário "Eu existo"

Fonte: Youtube

Filme Documentário “À margem da imagem”

Documentário sobre as rotinas de sobrevivência, o estilo de vida e a


cultura dos moradores de rua de São Paulo, abordando temas como
exclusão social, desemprego, alcoolismo, loucura, religiosidade e,
como sugere o próprio título, o roubo da imagem dessas comunidades,
promovendo assim uma discussão ética dos processos de estetização
da miséria.

LER

Artigo Pesquisa nacional sobre a população em situação de rua

35
Proposta 2
TEXTO I

TEXTO II
Pesquisa confronta mitos e preconceitos sobre moradores de rua
Constantemente, o morador de rua é descrito como “invisível” pela sociedade, inclusive pela literatura aca-
dêmica que aborda o tema. Além do termo fazer referência ao abandono social sofrido pela população de rua e a
negação de sua existência, ele oculta a enorme visibilidade destas pessoas em termos de controle penal, repressão
e punição.
Para desconstruir alguns mitos preestabelecidos pela sociedade, o doutorando do Programa de Pós-Gra-
duação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Igor Rodrigues, realizou o trabalho
“A construção social do morador de rua: o controle simbólico da identidade”. O estudo discute a vinculação da
imagem da população de rua a uma série de pré-conceitos, como confundir necessidade com escolha e reduzir o
problema social apenas à falta de moradia, migração ou fatores econômicos.
(http://www.ufjf.br/secom/2015/04/23/pesquisa-confronta-mitos-e-pre-conceitos-sobre-moradores-de-rua/)

TEXTO III
A omissão ou insuficiência na oferta de serviços e equipamentos socioassistenciais por parte do Poder Públi-
co configura violação ao dever do Estado de promover a dignidade da pessoa humana e a eliminação da pobreza
por meio da efetivação dos direitos sociais (art. 6º da CF).
Disso resulta a importância de se garantir o direito de acesso a serviços essenciais e à igualdade de oportu-
nidades das pessoas em situação de rua diante da inércia do Estado, suscitando a intervenção do Ministério Público
como órgão com atribuições para a defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis.
Guia de Atuação Ministerial : defesa dos direitos das pessoas em situação de rua / Conselho Nacional do Ministério Público. – Brasília : CNMP, 2015.

36
TEXTO IV

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, re-
dija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema DESAFIOS
PARA PROMOVER A INTEGRAÇÃO DOS MORADORES DE RUA À SOCIEDADE apresentando proposta de
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

37
0 3 Planejamento de texto I

L C
ENTRE
FRASES
Planejamento de texto I
O projeto de um texto é uma espécie de esquema conceitual no qual o aluno deve inserir os principais
pontos a serem desenvolvidos no texto. Ele tem função primordial de organizar as ideias e determinar a ordem de
aparecimento dos argumentos, obedecendo sempre a uma sequência lógica de exposição.
Nesta e na próxima aula, apresentaremos alguns passos importantes para a construção de um projeto de
texto bom e completo. Um planejamento bem feito contribui para a clareza das ideias e fornece segurança ao aluno
no momento da escrita. Sendo assim, vale a pena dedicar um tempo maior para tal elaboração.

Análise do tema
Dedicar alguns minutos a refletir sobre a dimensão do tema numa proposta de redação pode parecer uma
ação desnecessária, já que a identificação desse fator não se revela tão complicada para muitos alunos. No en-
tanto, é muito comum que alguns candidatos se percam ao desenvolverem seu raciocínio, justamente, porque não
compreenderam o tema de modo correto, o que gera prejuízos graves, podendo levar à anulação do texto.
Nesse sentido, é fundamental compreender a diferença entre assunto e tema. Embora as palavras possam
ser sinônimas em alguns contextos, torna-se necessário diferenciar esses conceitos em se tratando de uma reda-
ção de vestibular. O assunto pertence é uma instância mais ampla de determinada questão, mais genérica, mais
aberta, e que, portanto, abarca uma infinidade de debates diferentes. Já o tema pressupõe um direcionamento,
uma especificidade, e, na maior parte das vezes, possui uma coletânea de textos que são fundamentais para a
compreensão do direcionamento proposta pela banca. Desse modo, podemos afirmar que um mesmo assunto
pode abranger diferentes temas, como mostram os esquemas a seguir:

Assunto: O papel do médico

Tema: Médicos e indústria Tema: O exercício da me-


farmacêutica: relação de con- dicina: entre o conheci-
Tema: A ética médica nas
flito ético inevitável ou de mento técnico e a forma-
redes sociais
parceria benéfica? ção humanitária

Assunto: O voto

Tema: O voto Tema: O voto de- Tema: O direito de votar: como fazer dessa con-
nulo é um ato veria ser facultativo quista um meio para promover as transforma-
político eficaz? no Brasil? ções sociais de que o Brasil necessita?

Portanto, tenha cuidado: muitos alunos redigem textos dentro de alguns temas e, às vezes, desprezam uma
leitura atenta da oração-tema e da coletânea, alegando serem conhecedores de determinados assuntos. Eis o
perigo: como os direcionamentos são múltiplos, é preciso estar muito atento a cada uma das proposições exigidas
pelas bancas de correção.

41
Etapas
1. Leitura da coletânea
A primeira leitura da coletânea tem como objetivo compreender mais atentamente o tema abordado no
exame. É por meio dessa primeira leitura que o aluno começa a definir seu posicionamento a respeito do tema e o
que pode vir a ser a sua tese principal. Nesse momento, cabe fazer uma leitura atenta, destacando as informações
principais e a analisando a fonte de cada um dos excertos.
Após isso, é preciso relacionar as informações dadas pela coletânea. Isso significa que o aluno deve avaliar
os posicionamentos dos autores, analisar criticamente os dados de infográficos, e verificar como todas essas infor-
mações aparecem no meio social abordado, podendo criar orações que ilustrem a reflexão gerada a partir dessas
análises. De todo modo, é fundamental que estes textos sejam avaliados em conjunto, pois eles constituem a base
da abordagem temática proposta na prova.
Com base nessa leitura, o aluno deve relacionar as informações lidas com a oração-tema orientadora do
exame, habitualmente apresentada na maior parte dos vestibulares do país. Caso essa oração seja uma pergunta,
é imprescindível que a redação forneça uma resposta.

2. Brainstorm
O segundo passo da elaboração consiste na realização de um Brainstorm, isto é, uma tempestade de ideias
acerca do tema, que pode ser feita após ou durante uma segunda leitura da coletânea. Nesse momento, é preciso
anotar tudo aquilo que vier na cabeça: exemplos, analogias, comparações, citações, definições, ilustrações, etc.
Essas ideias embaralhadas podem ser organizadas em pequenas orações que ajudarão o aluno a ter uma visão
mais clara do conjunto.
Tomando como base o tema exigido pela ENEM no exame de 2014, segue um exemplo da organização das
ideias surgidas ao longo do processo:
§§ Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil
§§ Objetivo/possível posicionamento: Discutir como a publicidade deve poupar a infância
§§ Ideias: Crianças não tem maturidade para compreender o funcionamento da publicidade/ Os meios de
comunicação têm poder maior para convencê-las/ A publicidade atribui um juízo de felicidade para a criança
portadora do produto, e consequentemente, excluí aqueles que não podem tê-lo./ Alguns países, como a
Inglaterra e a Noruega, já criaram regras para regular e até mesmo coibir a publicidade infantil/As escolas
podem criar projetos para a valorização da diversão desconectada da ideia de consumo, como oficinas de
confecção de brinquedos.

3. Pergunta-catapulta
Algumas vezes, o aluno apresenta muita dificuldade para realizar uma tempestade de ideias acerca de de-
terminado tema. Seja porque não há intimidade com o assunto, seja porque há um nível de abstração diferente do
que ele está habituado, torna-se difícil sair do lugar.

42
Para isso, apresentamos abaixo um conjunto de perguntas que podem auxiliar o estudante a refletir critica-
mente sobre e o assunto, e desse modo, alcançar um nível mais elevado de profundidade em sua discussão. Tendo
em vista que as propostas de redação sempre apresentam alguma questão ou algum problema a ser debatido,
esses elementos podem ser explorados a partir das perguntas abaixo:
a. Qual é essa questão?
b. Em que espaços essa questão é observada?
c. Como essa questão está presente na sociedade? Há exemplos dela?
d. Qual é o senso comum a respeito dessa questão?
e. Há razões históricas para o surgimento dessa questão?
f. Essa questão é discutida em algum livro/filme/canção?
g. Como essa questão aparece na mídia? Essa abordagem condiz com a realidade?
h. Quais as principais causas dessa questão? E as principais consequências?
i. Há um grupo social beneficiado por essa questão? Há algum grupo prejudicado por ela?
j. De que maneira essa questão pode ser resolvida? (ENEM)

Na próxima aula, aprenderemos o modo como devemos organizar nosso Brainstorm. Você será apresentado aos critérios de
seleção das informações, bem como à forma de organização dos argumentos.

43
Exercícios
EXERCÍCIO 1: Leia os conjuntos de textos abaixo e responda ao que se pede:

I.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alco-
ólicas é responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes, segundo o Ministério da Saúde,
está relacionada ao uso do álcool por motoristas. Diante deste cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu
com uma enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do álcool associado à direção.
Disponível em: www.dprf.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2013.

II.

A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar sobre a consciência da população no que se
refere à mistura entre álcool e direção? Há uma contradição entre a opinião e a prática?

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44
B
I.
No Brasil, os surdos só começaram a ter acesso à educação durante o Império, no governo de Dom
Pedro II, que criou a primeira escola de educação de meninos surdos, em 26 de setembro de 1857, na antiga
capital do País, o Rio de Janeiro. Hoje, no lugar da escola funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos
(Ines). Por isso, a data foi escolhida como Dia do Surdo.
Contudo, foi somente em 2002, por meio da sanção da Lei n° 10.436, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no País. A legislação determinou também que
deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, for-
mas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão de Libras como meio de comunicação objetiva.
Disponível em: www.brasil.gov.br

II.

A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar a respeito da situação educacional dos surdos ao
longo do tempo? Houve inclusão efetiva dessa população no ambiente escolar?

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EXERCÍCIO 2: Leia os conjuntos de temas abaixo e faça brainstorms para cada um deles, tendo como
objetivo a construção de uma dissertação argumentativa. Lembre-se de relacionar as informações
que aparecem nos dois textos da coletânea. Se possível, procure delinear qual será seu posicionamen-
to (tese) e quais serão os argumentos que você empregará para defender o seu ponto de vista.

TEXTO 1
Câmeras praticamente onipresentes não são, obviamente, exclusividade do Brasil. Em Roterdã, segunda
maior cidade da Holanda, câmeras de monitoramento são utilizadas pela polícia para vigiar e punir com-
portamentos classificados como “antissociais” nas ruas da cidade – beber ou estar bêbado em público,
envolver-se em brigas ou urinar na rua. Fatos como esses são bons exemplos de como o Estado pode utilizar
a vídeo-vigilância para controlar comportamentos de cidadãos.
(Cristiane Kampf. “Liberdade monitorada: a crescente vigilância eletrônica prejudica a privacidade?”. www.comciencia.br, 10.03.2013. Adaptado.)

TEXTO 2
De acordo com o advogado Edno Damascena de Farias, a instalação de câmeras de vigilância em locais
públicos afronta o direito do cidadão à privacidade, à intimidade e à honra previsto na Constituição Fe-
deral. Segundo ele, a instalação das câmeras servirá para “espionar as pessoas, sem que se saiba se há
mecanismos ou garantias de que estas imagens não virão a ser utilizadas por pessoas sem escrúpulos, para
chantagear ou extorquir cidadãos surpreendidos em situações constrangedoras, mas não necessariamente
ilegais”.
(Márcio Sodré. “Advogado entra com ação contra câmeras de vigilância no centro”. www.atribunamt.com.br, 06.01.2010. Adaptado.)

CÂMERAS DE VIGILÂNCIA EM LOCAIS PÚBLICOS: INVASÃO DE PRIVACIDADE OU PROMOÇÃO


DA SEGURANÇA PÚBLICA?

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46
TEXTO 1
A depredação e o abandono dos monumentos públicos vêm chamando a atenção na paisagem
urbana e traz para a cena uma discussão sobre a cidade, cidadania, a responsabilidade pelo bem público e
educação patrimonial. Não se trata de revolta contra valores, personagens, datas que esses monumentos
significam ou representam; as intervenções e agressões não passam por nenhuma consciência crítica.
Ao longo do tempo, a cidade constrói histórias e guarda nas ruas, praças e monumentos várias me-
mórias. Esse território simbólico é propriedade de todos. Mas o desconhecimento e o desprezo pela cultura
e a memória da cidade coloca em xeque a noção de cidadania e a responsabilidade pela guarda, vigilância
e conservação. Se a cultura está cada vez mais associada a entretenimento, tudo é diversão.
O vandalismo é um comportamento de uma sociedade individualista, que deu as costas aos valores
e princípios, da moral e da ética. Estes foram substituídos por um desejo perverso de deixar na cidade o
registro da violência e da impunidade. Uma brincadeira que aponta para a falta de compromisso com a
coisa pública e com a memória da cidade, e se espalha como um vírus.
Almandrade. Depredação dos monumentos públicos.
Disponível em: <http://culturaemercado.com.br/site/pontos-de-vista/depredacao-dos-monumentos-publicos/>.
Acesso em: 24 de outubro de 2015. Adaptado.

TEXTO 2

MEUCCI, Artur. O bem público como exercício ético. http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/88/artigo301153-1.asp>.


Acesso em 24 de outubro de 2015. Adaptado.

DEPREDAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS PÚBLICOS NO BRASIL

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47
A PERSISTÊNCIA DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL
ACERVO
TEXTO I

Depois de seis meses procurando uma empregada doméstica, a advogada Andrea teve de abrir mão de várias exigências
para conseguir contratar uma profissional. "Tive de dar folga aos sábados, flexibilizar o horário de trabalho e ampliar o salário
oferecido", conta.
Pressionado pela escassez de profissionais no mercado e pelo aumento do salário mínimo de 14% em 2012, o gasto com empre-
gada doméstica foi o que mais pesou na inflação no ano passado.
Com a abertura de vagas em outros setores de prestadores de serviços, como comércio e empresas de telemarketing, por exemplo,
está ocorrendo uma migração de profissionais entre os segmentos.
Além disso, os níveis de desemprego hoje são os menores da história econômica recente, o que pressiona ainda mais os salários.
"Hoje a taxa de desemprego está em 5,5%, que é um nível inferior à taxa de desemprego tida como natural", observa a economista
do Banco Santander, Tatiana Pinheiro.
Fonte: Estadão. 14 jan. 2013. Adaptado. Disponível em <http://www.estadao.com.br/noticias/...,0.htm> Acesso em 16 jan. 2013.

TEXTO II
Escravidão contemporânea é o trabalho degradante que envolve cerceamento da liberdade

A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a
outra, acabando com a possibilidade de possuir legalmente um escravo no Brasil. No entanto, persistiram situações que mantém o
trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões.
Há fazendeiros que, para realizar derrubadas de matas nativas para formação de pastos, produzir carvão para a indústria
siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão de obra utilizando os
contratadores de empreitada, os chamados “gatos”. Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros
não sejam responsabilizados pelo crime.
Trabalho escravo se configura pelo trabalho degradante aliado ao cerceamento da liberdade. Este segundo fator nem sem-
pre é visível, uma vez que não mais se utilizam correntes para prender o homem a terra, mas sim ameaças físicas, terror psicológico
ou mesmo as grandes distâncias que separam a propriedade da cidade mais próxima.
Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br. Acesso em: 02 set. 2010 (fragmento).

TEXTO III
O futuro do trabalho

Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos de 30
anos e será uma mulher
Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente,
como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos
de administração.
Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum.
Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vem acontecendo ha algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a
preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. “Falamos tanto
em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?”, diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de
Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows os Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).

TEXTO IV
Migrar e trabalhar. Quando esses verbos se conjugam da pior forma possível, acontece, ainda hoje, o chamado tráfico de
seres humanos. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho, publicado em 2005, estima em cerca de 2,5 milhões o
número de pessoas traficadas em todo o mundo, 43% para exploração sexual, 32% para exploração econômica e 25% para os
dois ao mesmo tempo.
Disponível em: http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_trafico_de_seres_humanos_hoje.html>. Acesso: 13 de março de 2015 (fragmento).

48
TEXTO V
A escravidão contemporânea é diferente daquela que existia até o final do século 19, quando o Estado garantia que com-
prar, vender e usar gente era uma atividade legal. Mas é tão perversa quanto, por roubar do ser humano sua liberdade e dignidade.
Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Trabalho-escravo-no-Brasil-de-hoje/5/1045>.
Acesso em 13 de março de 2015 (fragmento)

TEXTO VI
Quem é o trabalhador escravo?

Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores condições de vida e de sustento para as suas
famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos,
que pode incluir a falta de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores proveem de diversos
estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países latino-americanos
– como a Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de
expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de trabalho.
Tradicionalmente, o trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção
de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é verificada em centros urbanos,
principalmente na construção civil e na confecção têxtil.
No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para as quais esse
tipo de mão-de-obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens. Os dados
oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos
ou não concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental.
Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho escravo consegue fugir da situação de exploração, colocando a sua
vida em risco. Quando tem sucesso em sua empreitada, recorre a órgãos governamentais ou organizações da sociedade civil para
denunciar a violação que sofreu. Diante disso, o governo brasileiro tem centrado seus esforços para o combate desse crime, especial-
mente na fiscalização de propriedades e na repressão por meio da punição administrativa e econômica de empregadores flagrados
utilizando mão-de-obra escrava.
Enquanto isso, o trabalhador libertado tende a retornar a sua cidade de origem, onde as condições que o levaram a migrar
permanecem as mesmas. Diante dessa situação, o indivíduo pode novamente ser aliciado para outro trabalho em que será explora-
do, perpetuando uma dinâmica que chamamos de “Ciclo do Trabalho Escravo”.

* Natalia Suzuki é jornalista, mestre em Ciência Política pela FFLCH-USP e coordenadora do programa Escravo, nem Pensar!, pro-
grama de educação para prevenção do trabalho escravo da ONG Repórter Brasil

* Thiago Casteli é historiador pela USP e coordenador assistente do programa Escravo, nem pensar!

http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/

49
É IMPORTANTE SABER
I. DADO HISTÓRICO RELEVANTE

A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra,
acabando com a possibilidade de possuir legalmente um escravo no Brasil. No entanto, até os dias de hoje persistem situações
que mantém o trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões.

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

O jornalista e sociólogo Leonardo Sakamoto é conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Es-
cravidão, em Genebra e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão para o Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna
e o Tráfico de Seres Humanos e nos lembra que, hoje, são quatro os elementos que podem definir a escravidão contemporânea:
I. trabalho forçado (cerceamento da liberdade de se desligar do trabalho)
II. servidão por dívida (pessoa não pode se desligar do trabalho, pois não recebe o suficiente para quitar dívidas com o patrão)
III. condições degradantes (trabalho sem dignidade alguma, que põe em risco a saúde e a vida do trabalhador)
IV. jornada exaustiva (levar o trabalhador ao completo esgotamento, dada a intensidade da exploração, também colocando
em risco sua vida).

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

Fazenda de café certificada pela Starbucks é flagrada com trabalho escravo

Quem chega à fazenda Córrego das Almas, em Piumhi, no interior de Minas Gerais, imagina que está diante de uma proprieda-
de modelo. “Não é permitido trabalho escravo ou forçado”, diz uma placa, das várias que ostentam certificações internacionais
– entre elas, uma ligada à norte-americana Starbucks. Nas plantações de café, porém, trabalhadores rurais eram expostos a
condições degradantes de trabalho, viviam em alojamentos precários, sem rede de esgoto e água potável. Na semana passada,
em operação no local, auditores-fiscais do Ministério do Trabalho resgataram 18 trabalhadores rurais em situação análoga à
escravidão.
“A gente não recebia por feriado, domingo, nada. E trabalhava de segunda a sábado, sem marcação de horas. Durante a
semana, entrava às 6h e só parava às 17h”, afirma um dos trabalhadores resgatados. “Tinha muito morcego e rato. A gente
comprava comida e os ratos comiam. Aí, tinha que comprar de novo”, diz outra ex-trabalhadora da fazenda.

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA

Reforma trabalhista (posições contra e a favor)

Durante uma palestra neste domingo, (14/05/2017) em Oxford, a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Aran-
tes criticou duramente a proposta que modifica a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Para Arantes, a reforma trabalhista,
aprovada pela Câmara dos Deputados no fim de abril, retira todos os direitos de trabalhadores autônomos e terceirizados, além
de, por meio de negociações coletivas, possibilitar essa precarização dos assalariados.
A magistrada ressaltou que a mudança, da maneira como ela está sendo realizada, em tramitação de urgência e sem debate
amplo, vai contra uma convenção da Organização Internacional de Trabalho (OIT) ratificada pelo Brasil. Por isso o Ministério
Público do Trabalho solicitou uma consulta junto ao organismo internacional, ao denunciar o descumprimento do tratado
pelo país. Arantes igualmente criticou a reforma trabalhista que abrange o trabalhador rural, a qual regulamentaria condições
análogas à escravidão.
Numa visão diferente da magistrada, o copresidente do conselho de Administração do Itaú-Unibanco Roberto Setúbal e o
diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil, Otaviano Canuto, defenderam as reformas que estão atualmente em trâmite.
Para Setúbal, a CLT impossibilita o aumento da produtividade, o que acaba com as chances de um crescimento econômico sus-
tentável. "Atualmente ela é muito complexa, impossível cumpri-la com todos os detalhes. A atual legislação é muito burocrática
e intervencionista ao extremo, e não favorece a criação de emprego", ressaltou.
Argumento semelhante apresentou o diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil, Otaviano Canuto, que defendeu tam-
bém a flexibilização da relação entre empresas e funcionários para a geração de emprego e aumento da produtividade. Segun-
do Canuto, a "anemia da produtividade" seria um dos principais males presentes da economia brasileira que contribui em peso
para a crise atual no país. O outro problema seria a ausência de distribuição de riquezas.

50
V. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Disponível em: http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf p.4

VI. LEGISLAÇÃO

"Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva,
quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de
dívida contraída com o empregador ou preposto:
Código Penal Brasileiro

VII. CITAÇÃO

"Qualquer ação é justa se for capaz de coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal, ou se na sua má-
xima a liberdade de escolha de cada um puder coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal". Se, então,
minha ação ou minha condição pode geralmente coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal, todo
aquele que obstaculizar minha ação ou minha condição me produz injustiça, pois este obstáculo (resistência) não pode coexistir
com a liberdade de acordo com uma lei universal.
(KANT, Immanuel. Introdução à Doutrina do Direito. In: A Metafísica dos Costumes. Trad. Edson Bini. Edipro: São Paulo, 2003. p. 76-77)

51
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Filme The True Cost – Andrew Morgan (2015)

Explora a ligação entre a pressão dos consumidores por alta-


costura de baixo custo e a exploração de trabalhadores nas
fábricas.

Filme Terminal 3 - Thomaz Pedro, Marques Casara

Em 2013, 150 homens foram resgatados em situação de trabalho


escravo na construção do Terminal 3 do aeroporto internacional
de Guarulhos de responsabilidade da empreiteira multinacional
OAS. Um grupo veio da cidade de Petrolândia-PE e muitos deles
continuam viajando pelo país atrás de uma obra que construa seu
maior sonho: trabalhar com dignidade.

Filme Quanto vale ou é por quilo

Quanto Vale ou É por Quilo? é um filme brasileiro de 2005, do


gênero drama, dirigido por Sérgio Bianchi.
O filme faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e
a atual exploração da miséria pelo marketing social, que formam
uma solidariedade de fachada. O filme critica ONGs e suas
captações de recursos junto ao governo e empresas privadas.

ACESSAR

Sites Trabalho escravo


trabalho.gov.br/component/content/article?id=4428
observatorioescravo.mpt.mp.br/
escravonempensar.org.br/livro/capitulo-1/

52
Proposta 3
TEXTO I
Hoje, são quatro elementos que podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado, ser-
vidão por dívida, condições degradantes (trabalho sem dignidade alguma, que põe em risco a saúde e a vida do
trabalhador) e jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da explora-
ção, também colocando em risco sua vida). (...) A política brasileira de combate ao trabalho escravo completa duas
décadas em maio deste ano. Criada por Fernando Henrique (que teve a coragem de reconhecer diante das Nações
Unidas a persistência de formas contemporâneas de escravidão em nosso território), elevada à condição de exem-
plo internacional por Lula (que ampliou os mecanismos de combate a esse crime) e mantida (até agora) por Dilma,
ela tem sido uma ação de Estado e não de governo – o que é raro no Brasil. Há pessoas competentes em partidos
como PT e PSDB que dedicam ao tema.
Fonte: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/04/24/o-brasil-vai-desistir-de-combater-o-trabalho-escravo/
consultado em 12 de outubro de 2015.

TEXTO II

TEXTO III

53
TEXTO IV

TEXTO V
CÓDIGO PENAL

"Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio,
sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem."
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803.htm

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema A PERSISTÊNCIA DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.

54
0 4 Planejamento de texto II

L C
ENTRE
FRASES
Planejamento de texto II
Na aula passada, vimos três etapas fundamentais da execução do planejamento: a análise do tema, a lei-
tura da coletânea e o brainstorm. Na aula de hoje, aprenderemos alguns detalhes de como selecionar melhor os
argumentos e também como organizar nosso planejamento de texto.

1. Critérios de seleção
Realizadas as etapas anteriores, o aluno já dispõe de muitos elementos para determinar seu projeto. Agora,
a tarefa é aparar as arestas, isto é, selecionar apenas aquilo que entrará no corpo do texto e organizá-lo em pará-
grafos. Para tanto, procure considerar os critérios abaixo na ordem que seguem:
§§ Selecione os argumentos que apresentem uma relação mais direta com a tese a ser desenvolvida e com a
temática abordada na coletânea.
§§ Selecione os argumentos que tenham uma melhor sustentação: exemplo, argumento de autoridade, dado
histórico, comparação, etc.
§§ Selecione o argumento que possa ser embasado por alguma teoria (sociológica, filosófica)
De modo geral, vale sempre lembrar: fica no seu texto o que estiver mais bem sustentado pelos argumentos
e/ou o que for mais fácil e mais seguro de redigir. Caso o aluno não tenha certeza de algum exemplo ou citação,
e não esteja confiante em relação a uma das ideias desenvolvidas, é melhor não arriscar: esses elementos devem
ficar de fora. Prefira sempre prezar pela clareza, objetividade e coerência dos argumentos que pela ousadia ou risco
na hora de escrever.

2. Por que é importante realizar uma seleção cuidadosa do projeto de texto?


Uma das consequências óbvias de um texto mal planejado é, por exemplo, a contradição: no mesmo texto
é possível identificar duas ideias distintas sendo igualmente defendidas. Outra menos evidente é a lacuna argu-
mentativa, um problema textual que consiste no mal desenvolvimento de ideias. Por exemplo: iniciar o texto com
uma referência que não terá qualquer relação com o conteúdo abordado ao longo das linhas seguintes.
Para melhor ilustrar o problema da ausência de projeto de texto, leia os parágrafos de introdução e con-
clusão, reproduzidos abaixo, retirados da redação um candidato ao ENEM de 2017 (Desafios para a formação
educacional de surdos no Brasil).
A população surda no Brasil tem sido cada vez mais neglicenciada, não há espaços nas escolas e pessoas
capacitadas para atende-los em diversos locais, dificultando a inclusão social.
(...)
Fechar os olhos para a educação das pessoas com deficiência auditiva é ser cúmplice do preconceito é
permitir que sejam excluídas da sociedade. Um caminho para a melhoria desse problema no país é a inclusão obri-
gatória de LIBRAS nas escolas, com isso aumentando o número de pessoas aptas à comunicação com os deficien-
tes auditivos e uma legislação que incluísse uma determinada porcentagem de funcionários surdos em empresas
privadas, oferecendo oportunidades de emprego e proporcionando a eles uma vida melhor.
(Redação amostral. Autoria anônima)

Há diversos problemas que mereceriam discussão a respeito do trecho acima. Um, porém, destaca-se mais evi-
dentemente: a ausência de projeto de texto. Ao finalizar o parágrafo introdutório, o autor parece abrir caminhos para
a discussão sobre a necessidade de “espaços” e de “capacitação” de pessoas para atender à população surda nas
escolas. Ao final, no entanto, vê-se medidas apresentadas para resolver apenas a questão da capacitação, mas não se
retoma em qualquer outro momento a ideia de “espaços”. Esse é um típico exemplo de um texto sem paralelismo
entre a introdução e a conclusão, elemento fundamental para uma boa estruturação da redação dissertativa.

57
3. Estratégias para organizar o planejamento
Seu projeto pode ser com uma lista organizada ou com um mapa mental com o conteúdo por parágrafo
a ser desenvolvido. Para iniciá-lo, retome as ideias desenvolvidas ao longo do brainstorm ou ainda recorra a algu-
mas perguntas básicas para a formação do pensamento crítico.
Para garantir projeto ideal, é importante que você defina estratégias para o início do texto, que deverão
nortear o seu percurso até a conclusão, garantindo, assim, o paralelismo introdução-conclusão. A partir das
ideias desenvolvidas no brainstorm, você pode tentar definir qual será sua ideia inicial e como ela será retomada
ao longo do texto. Ou ainda você pode recorrer às sugestões abaixo de quatro diferentes tipos de paralelismo:

Projeto 1: Projeto 2: Projeto 3:


Projeto 4:
Refusão do Retomada Sustentação por
Analogia
senso comum histórica autoridade

Senso comum Referência Alusão a Referência para


histórica autoridade analogia
reconhecida e
Refutação: tese
legitimada NA AULA QUE VEM,
Relação passado- Aproximação
VOCÊ VERÁ COM MAIS
presente com o tema
Retomada e DETALHES COMO REDI-
desconstrução Aprofundamento GIR UMA INTRODUÇÃO
e discussão Retomada da PARTINDO DE CADA
Hipóteses futuras
sob a luz do analogia: UMA DESSAS ESTRATÉ-
passado Relação com a explicitação GIAS.
análise da
autoridade

Tendo sua estratégia em mente, estruture seu projeto ou o mapa de suas ideias, buscando reservar um
destaque central ao tema em discussão, o qual deve ser sucedido ao longo da análise e reflexão, até que se chegue
à tese a ser defendida. Como explicitado anteriormente, este processo poderá seguir o fluxo de uma lista organi-
zada ou de um mapa mental, como exemplificado a seguir.
A. Projeto de texto por lista organizada

• O que dizem sobre violência no Brasil?


Introdução • Há referencias externas?
• Tese: A violência é endêmica no Brasil.

Desenvolvimento • Como ocorre?


1: análise • Desde quando

• Condições favoráveis?
Desenvolvimento
• Contra quem?
2: reflexão • Consequências?

• Como resolver?
Conclusão
• Relações com as referências externas?

Figura 1. Projeto de texto por lista organizada. Estratégia de refutação do senso comum.

58
B. Projeto de texto por mapa mental
Há referências Como
externas? ocorre?
O que DIZEM sobre a
violência no Brasil?
Desde
Violência no Brasil quando?
Contra quem?
Condições Para quê/para
favoráveis? quem?
Violência no Brasil
Por que é endêmica Consequências?
no Brasil?
Como resolver?

Figura 2. Exemplo de projeto de texto por mapa mental, organizado pela estratégia de refutação do senso comum.

Com essas dicas, seu texto se tornará mais claro e coerente, características muito valorizadas na avaliação
de redações de vestibular – e além. Agora, mãos à obra!

Exercícios
EXERCÍCIO 1: A partir da leitura dos temas abaixo e da realização de um brainstorm, organize seu
planejamento. Se possível, escolha uma das estratégias sugeridas em sala para manter o paralelis-
mo de seu texto.

A
I.

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/2/471consumo.jpg

II.
Nós somos consumidores agora, consumidores em primeiro lugar e acima de tudo. Para todas as
dificuldades com que nos deparamos no caminho trilhado para nos afastar dos problemas e nos aproximar
da satisfação, nós buscamos as soluções nas lojas. Do berço ao túmulo, somos educados e treinados a
tratar as lojas como farmácias repletas de remédios para curar ou pelo menos mitigar todas as doenças e
aflições de nossas vidas particulares e de nossas vidas em comum. Comprar por impulso e se livrar de bens
que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossas emoções mais estimulantes.
Completude de consumidor significa completude na vida.
Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.

OS EFEITOS DO CONSUMISMO EXACERBADO


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59
B
I.
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta
como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma represen-
tação. (...)
Considerado em sua totalidade, o espetáculo é ao mesmo tempo o resultado e o projeto do modo
de produção existente. Não é um suplemento do mundo real, uma decoração que lhe é acrescentada. É o
âmago do irrealismo da sociedade real. (...) O espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante na
sociedade.
Guy Debord. A sociedade do espetáculo.

II.

https://danielapezzini.wordpress.com/2015/07/03/charge-midia-x-prazer/

A HEGEMONIA DO EXIBICIONISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


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60
B

A HEGEMONIA DO EXIBICIONISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


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EXERCÍCIO 2: Retome os brainstorms realizados na aula passada e organize seu planejamento.

61
A QUALIDADE NO ACESSO À CULTURA NO BRASIL
ACERVO

TEXTO I

Levantamento feito em 12 capitais indica que quase um terço dos bra-


sileiros frequenta apenas atividades gratuitas
Quase um terço da população (32%) depende de acesso gratuito para ir a eventos culturais, indicou um levantamento feito
pela consultoria JLeiva Cultura e Esporte, em parceria com o Datafolha. Para 40%, frequentar atividades gratuitas é mais comum do
que participar de atividades pagas, como ir ao cinema, ou assistir a shows musicais.
A pesquisa “Cultura nas Capitais” entrevistou 10.630 pessoas nas 12 capitais mais populosas do Brasil: São Paulo, Rio
de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém e São Luís. Estima-se que 33
milhões de pessoas vivam nessas cidades.
Os participantes, a partir dos 12 anos, tiveram de responder 55 perguntas, em coleta de dados que aconteceu entre os
dias 14 de junho e 27 de julho de 2017. A ideia era observar o quanto 14 diferentes hábitos culturais fazem parte da rotina dos
brasileiros, relacionando-os a fatores como sexo, idade, escolaridade e renda. Os resultados foram divulgados em evento na última
terça-feira (24) e estão reunidos neste site. Na quarta-feira (25), porém, a página estava com problemas de visualização.

Preferência pelo cinema


Quando brasileiros precisam pagar para ter acesso a atividades culturais, o roteiro preferido é o cinema: 64% assistiram a
filmes fora de casa ao menos uma vez nos últimos 12 meses. A cidade mais cinéfila entre as pesquisadas é Porto Alegre, onde 70%
da população entrevistada diz frequentar salas de cinema regularmente.

Shows aparecem na segunda colocação, com 46%, e museus, frequentados por 31% dos entrevistados, na terceira. Ativi-
dades como festas populares e feiras de artesanato vêm na sequência.

62
Hábitos de leitura
Ler livros é o hábito cultural preferido por quem não sai de casa: 68% dos entrevistados disse ter lido ao menos um livro
no último ano. Cerca de 15% das pessoas não tiveram acesso a um livro sequer. Salvador se mostrou a capital em que as pessoas
mais dedicam tempo livre à leitura: 72% dos entrevistados. Em Recife, capital que menos lê, esse número é de 56%.

Por cidades
As regiões Norte e Nordeste mostraram menor acesso a serviços diversos de cultura. Manaus, por exemplo, é a cidade em
que as pessoas vão menos ao teatro (23%) e a shows (37%). Apenas 19% dos moradores de Salvador disseram frequentar museus
e galerias, bem como só 7% dos habitantes de São Luís, capital maranhense, disseram acompanhar concertos de música clássica.
Belém, no Pará, é a capital que menos vai ao cinema: 53% dos belenenses disseram ter ido ao menos uma vez no último ano.
Brasília, por sua vez, é a cidade em que mais pessoas frequentam bibliotecas.

O caso de Belo Horizonte


Habitantes da capital mineira foram os que registraram maior interesse por cultura nas 12 capitais analisadas. Belo Hori-
zonte liderou a pesquisa em quatro quesitos:
§§ 53% compareceram a shows
§§ 41% assistiram a peças de teatro
§§ 39% foram a museus e galerias
§§ 17% assistiram a concertos musicais

Por gênero
Mulheres têm maior interesse em atividades culturais que homens. Apesar disso, tendem a ir com menor frequência do
que eles.
Quanto ao desejo por visitar museus e exposições, por exemplo, 60% delas disseram querer fazer programas do tipo,
enquanto, para o sexo masculino, esse total foi de 52%. Porém, 33% deles disseram ter recorrido a esse tipo de lazer nos últimos
12 meses, enquanto 29% das entrevistadas fizeram o mesmo. Entre as mulheres, 71% mostraram desejo em ir ao cinema, mas só
62% disseram, de fato, terem ido. No caso dos homens, esse total foi de 66%.

Escolaridade
Quanto maior o grau de instrução formal, mais as pessoas participam de atividades culturais. Em dez das 14 opções, o
número de cidadãos com ensino superior que disseram frequentar atividades culturais representa pelo menos o dobro dos que
concluíram os estudos até o Ensino Fundamental. Cerca de metade destes disseram nunca ter ido a museus, teatros, espetáculos
de dança ou bibliotecas na vida.
“Acredito que a pesquisa evidencia nossos contrastes. O acesso à cultura reflete a desigualdade no Brasil. De um lado, fica
clara a importância da cultura na vida dos brasileiros que vivem nas 12 capitais pesquisadas. Mas por outro lado, o percentual de
pessoas que nunca na vida tiveram a oportunidade de ir a um teatro, a um museu ou a um show de música também são impressio-
nantes: 12 milhões, 10 milhões e 7 milhões, respectivamente. Não são pessoas que não foram no último ano, mas que nunca foram.
E vivem nas cidades com maior oferta de atividades culturais do país.” João Leiva, diretor da consultoria JLeiva Cultura & Esporte,
em entrevista ao Jornal OGlobo.
https://www.nexojornal.com.br/expresso /2018/07/25/O-que-esta-pesquisa-revela-sobre-o-acesso-%C3%A0-cultura-no-Brasil (25.07.2018)

63
TEXTO II

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/09/1521173-no-brasil-42-nao-consomem-cultura.shtml

TEXTO III

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/09/1521173-no-brasil-42-nao-consomem-cultura.shtml

64
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Desigualdades no acesso à produção cultural:


Entretenimento: a minoria dos brasileiros frequenta cinema uma vez no ano. Quase todos os brasileiros nunca frequentaram
museus ou jamais frequentaram alguma exposição de arte. Mais de 70% dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de
dança, embora muitos saiam para dançar. Grande parte dos municípios não possui salas de cinema, teatro, museus e espaços
culturais multiuso.
Livros e Bibliotecas: o brasileiro praticamente não tem o hábito de leitura. A maioria dos livros estão concentrados nas mãos
de muito poucos. O preço médio do livro de leitura é muito elevado quando se compara com a renda do brasileiro nas classes
C/D/E. Muitos municípios brasileiros não têm biblioteca, a maioria destes se localiza no Nordeste, e apenas dois no Sudeste.
(Fonte: Ministério da Cultura – IBGE - IPEA).
II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

“Na área da cultura, a gente teve, durante muito tempo, o que a gente chamou de política de ausência, não de ausência de
política.” A declaração é do ator, diretor e professor de teatro Celso Frateschi – que já foi gestor público, ocupando cargos
ligados à área cultural. Para ele, a política de ausência é uma coisa deliberada, traduzindo um desejo de não se investir em
cultura, assim como também não se investe em educação ou saúde.
https://jornal.usp.br/atualidades/como-fazer-cultura-num-pais-que-pouco-a-valoriza/

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

As dificuldades de ser artista iniciante no Estado


Pernambuco é, sem dúvida, um dos símbolos da riqueza cultural brasileira nos mais diversos segmentos artísticos. Mas so-
breviver de arte não é tão fácil no Estado, sobretudo para os artistas iniciantes. Falta de incentivo do governo com projetos
permanentes, em vez de eventos isolados, é a principal crítica feita por quem fez ou faz parte do universo artístico. Desse modo,
a política de fomento à produção cultural surge como reflexão ante este cenário.

VI. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA

Iniciativa privada
De acordo com a estudiosa Gabriela Rocha, em sua pesquisa sobre o fomento do acesso a cultura à população por meio de
institutos privados (2010), o Investimento Social é, segundo definição do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento
Social (Idis, 2010), “[...] o uso planejado, monitorado e voluntário de recursos privados em programas e projetos de benefício
social.”. Ou seja, é o investimento de capital privado para combater as causas dos problemas sociais na tentativa de melhorar
a realidade da sociedade. O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) conceitua o Investimento Social Privado como
“[...] o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais
e culturais de interesse público. Incluem-se neste universo as ações sociais protagonizadas por empresas, fundações e institutos
de origem empresarial ou instituídos por famílias ou indivíduos.”
Atualmente, os grandes mecenas de projetos culturais e sociais são as empresas privadas, que buscam diferencial competitivo
e maior visibilidade na mídia. Esses investidores possuem interesses, preocupam-se com os resultados obtidos com tais ações
e buscam qualidade nas relações com os públicos que interagem. Nesse contexto, entram as políticas culturais desenvolvidas
pelos os institutos.
Fonte: < http://paineira.usp.br/celacc/sites/default/files/media/tcc/134-463-1-PB.pdf>

V. CITAÇÃO

A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, durante milênios, capacitou o homem a ser menos escravi-
zado.
André Malraux, escritor francês. Discurso em Brasília, em 25 de agosto de 1959.

65
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Filme The True Cost – Andrew Morgan (2015)

Explore a ligação entre a pressão dos consumidores por alta-costura


de baixo custo e a exploração de trabalhadores nas fábricas.

Filme Terminal 3 - Thomaz Pedro, Marques Casara

Em 2013, 150 homens foram resgatados em situação de trabalho


escravo na construção do Terminal 3 do aeroporto internacional de
Guarulhos de responsabilidade da empreiteira multinacional OAS. Um
grupo veio da cidade de Petrolândia-PE e muitos deles continuam
viajando pelo país atrás de uma obra que construa seu maior sonho:
trabalhar com dignidade.

Filme Quanto vale ou é por quilo

Quanto Vale ou É por Quilo? é um filme brasileiro de 2005, do gênero


drama, dirigido por Sérgio Bianchi.
O filme faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a
atual exploração da miséria pelo marketing social, que formam uma
solidariedade de fachada. O filme critica ONGs e suas captações de
recursos junto ao governo e empresas privadas.

ACESSAR

Sites Trabalho escravo

trabalho.gov.br/component/content/article?id=4428
observatorioescravo.mpt.mp.br/
escravonempensar.org.br/livro/capitulo-1/

66
Proposta 4
TEXTO I
Desigualdades no acesso à produção cultural:
§§ Entretenimento: a minoria dos brasileiros frequenta cinema uma vez no ano. Quase todos os brasileiros nun-
ca frequentaram museus ou jamais frequentaram alguma exposição de arte. Mais de 70% dos brasileiros
nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora muitos saiam para dançar. Grande parte dos municípios
não possui salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso.
§§ Livros e Bibliotecas: o brasileiro praticamente não tem o hábito de leitura. A maioria dos livros estão con-
centrados nas mãos de muito poucos. O preço médio do livro de leitura é muito elevado quando se compara
com a renda do brasileiro nas classes C/D/E. Muitos municípios brasileiros não têm biblioteca, a maioria
destes se localiza no Nordeste, e apenas dois no Sudeste.
§§ Acesso à Internet: uma grande porcentagem de brasileiros não possui computador em casa, destes, a maio-
ria não tem qualquer acesso à internet (nem no trabalho, nem na escola).
§§ Profissionais da Cultura: a metade da população ocupada na área de cultura não têm carteira assinada ou
trabalha por conta própria.
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/culture-and-development/access-to-culture/

TEXTO II
Segundo a Constituição Federal (Art. 215) compete ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações
culturais, através da democratização do acesso aos bens de cultura. Apenas 13% dos brasileiros vão ao cinema al-
guma vez no ano; mais de 92% nunca foram a um museu ou exposição de arte e 78% nunca assistiram a um espe-
táculo de dança. Mais de 90% dos municípios brasileiros não possuem salas de cinema, teatro, museus ou espaços
culturais multiuso e 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população (fontes:UNESCO,
IBGE, MINC, IPEA). Recordemos, por exemplo, que o Brasil já teve cerca de 6.000 salas de cinema, mas atualmente
são apenas cerca de 200 salas concentradas em áreas de maior poder aquisitivo. Mudar este cenário é democra-
tizar o acesso à cultura.
http://www.culturaemercado.com.br/site/pontos-de-vista/democratizacao-do-acesso-a-cultura/.

TEXTO III
Cultura não possui relação com acúmulo de conhecimento sobre a história contada apenas pelos vencedo-
res. A própria exclusão do valor cultura da periferia representa método para anular os comportamentos dos sujeitos,
levando a crer que fatos culturais estão ausentes da pobreza financeira. Dinheiro e discriminação social são duas
barreiras que impedem a evolução do que venha ser a concepção aceitável de valores culturais.
http://cultura.culturamix.com/curiosidades/documentarios-brasileiros-sobre-cultura

67
TEXTO VI
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura
nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cul-
tural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II produção, promoção e difusão de bens culturais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema A QUALIDADE NO ACESSO À CULTURA NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa
de seu ponto de vista.

68
0 5 Introdução

L C
ENTRE
FRASES
Introdução
De modo geral, o primeiro parágrafo da redação possui uma tarefa importante: situar o leitor a respeito do assun-
to e da problemática a serem tratados, e anunciar o direcionamento a ser desenvolvido ao longo do texto. É a introdução
que contextualiza o leitor a respeito daquilo que será apresentado ao longo da redação e que determina a posição do
autor acerca da temática analisada.
No entanto, a introdução também é responsável por atrair os olhos do leitor por meio da empatia. Embora não
seja uma exigência específica dos critérios de correção, um parágrafo introdutório mais sedutor ou até mesmo criativo
influencia positivamente a leitura do restante da redação, e ainda, em alguns casos, demonstra personalidade do autor.
Para isso, apresentaremos nessa aula os principais aspectos que compõem a introdução da dissertação argumen-
tativa. Em primeiro lugar, analisaremos diferentes maneiras de iniciar a redação, acompanhadas de excertos das melhores
redações do ENEM 2016 e da FUVEST 2012 em sua maioria. Para os iniciantes, algumas mais simples, cujo objetivo seja
garantir uma apresentação adequada da abordagem a ser feita. Para os que desejam aprimorar a empatia no parágrafo
introdutório, algumas mais elaboradas, que exigem maior repertório e criatividade. A escolha – a critério do aluno – de-
penderá de sua própria segurança em relação ao desenvolvimento de toda a redação.
Em seguida, observaremos as diferentes maneiras de composição da tese e suas principais características.

I) Composição da introdução
Como já abordamos, as funções da introdução se resumem em contextualizar o assunto e apresentar o
posicionamento do autor. Nesse sentido, precisamos reconhecer que essa estrutura pressupõe 2 partes. Uma mais
geral, que situa o leitor a respeito do assunto; e uma mais específica, responsável por apresentar a perspectiva
adotada pelo autor diante daquele tema.
Observe o parágrafo a seguir:
Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre
do Rio de Janeiro obrigada a viver em espaços aglomerados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro,
mesmo os personagens que trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar ou-
tros espaços com condições mínimas de dignidade. Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia
digna para as classes baixas nas cidades continua a ser praticamente inviável, seja em razão da ineficiência do Es-
tado ao negligenciar esse direito, ou da especulação imobiliária que se apropria ferozmente dos espaços urbanos.

É possível perceber que o parágrafo possui duas partes. A primeira faz referência a um texto da literatura
que situa o leitor em uma temática específica: as condições de moradia da população pobre no cenário carioca de
1890. Em seguida, apresenta-se um direcionamento: realiza-se uma comparação com o presente cujo objetivo é
demonstrar que a situação não está muito distante daquela apresentada por Aluísio, evidenciado a tese do autor.
Nesse sentido, seria possível dividirmos o parágrafo em duas partes:

Contextualização
Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de
Janeiro obrigada a viver em espaços aglomerados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro, mesmo as perso-
nagens que trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar outros espaços com condições
mínimas de dignidade.
Direcionamento
Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia digna para as classes baixas nas cidades continua
a ser praticamente inviável, seja em razão da irresponsabilidade do Estado ao negligenciar esse direito, ou da especulação
imobiliária que se apropria ferozmente dos espaços urbanos.

Procure elaborar suas estratégias de introdução tendo em vista essas duas articulações: a contextualização
e o direcionamento. Lembre-se que apenas uma ou outra dentro do texto não contempla todas as necessidades de
um parágrafo introdutório. Por isso, redija-as, obedecendo as especificidades de cada uma delas.
71
II) Estratégias de introdução
1. Apresentação da questão
Esse modelo de introdução, usado por muitos alunos, é um dos mais seguros para os que possuem mais
dificuldade de iniciar a redação. Ele pode ser iniciado por afirmações, declarações gerais e até mesmo exemplos
a respeito do assunto, seguidos de exposição da problemática que envolve o tema e, finalmente, a tese do autor.
Observe os exemplos:

(Redação sem título)

"O Brasil é um país com uma das maiores diversidades do mundo. Os colonizadores, escravos e imigrantes
foram essenciais na construção da identidade nacional, e também, trouxeram consigo suas religiões. Porém, a
diversidade religiosa que existe hoje no país entra em conflito com a intolerância de grande parte da população e,
para combater esse preconceito, é necessário identificar suas causas, que estão relacionadas à criação de estereó-
tipos feita pela mídia e à herança do pensamento desenvolvido ao longo da história brasileira.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

No meio do caminho tinha uma pedra

No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a
administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por
outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressores intolerantes.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

2. Uso de imagens
Esse modelo consiste em apropriar-se de uma imagem/metáfora que, de alguma forma, relacione-se com o
assunto em questão. Trata-se selecionar uma imagem (dentro de um universo simbólico) que conduzirá o raciocínio
a ser construído.
Essa imagem pode ser uma história, uma anedota, um dito-popular, isto é: algo que aparentemente não se
relaciona com o tema, mas que é usado como forma de construir uma analogia. Observe os exemplos:

O regresso social reside na alienação política

Certa vez, quando questionado sobre seu posicionamento político, o diplomata e escritor, Guimarães Rosa
respondeu ser apolítico. Tal declaração vinda de um gênio da literatura causou espanto em muitos, eis que desde
a Grécia antiga até hodiernamente a participação política de cidadãos mostrou-se fundamental à constituição de
um estado, uma vez que ela acarretará num plano piloto que designará quais serão os interesses estatais a serem
buscados em prol de um dado povo e conforme as peculiaridades de uma dada nação.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

Política: nossa imagem lá fora

Passamos a dar mais valor a algo quando o perdemos. Este conhecimento popular, muitas vezes aplicado a
relacionamentos pessoais, pode certamente também ser aplicado a nossos direitos políticos. Na época da ditadura
militar no Brasil, quando a repressão e a censura reinavam, havia luta armada pela liberdade de expressão e de
voto. Hoje, porém, em plena democracia e com o direito de voto universal, são muito poucos os realmente enga-
jados na política. Será, então, mesmo necessária a participação do povo na gestão do país? E se sim, como fazer
com que as pessoas entendam a real importância da política?
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

72
A proposta de redação da FUVEST 2008 propôs a discussão sobre o mundo digital e a circulação de
informações nas redes. O exemplo abaixo, extraído de umas das melhores redações da proposta,
usa a metáfora de uma brincadeira para iniciar o texto:

Telefone sem fio

A maioria das pessoas conhecem uma brincadeira chamada “telefone sem fio”, em que uma pessoa diz
para outra uma frase, que vai sendo repassada até chegar ao último participante. Quando comparamos a frase ini-
cial com a final, normalmente notamos uma grande diferença. Algo parecido com essa brincadeira têm acontecido
com as informações. Através da televisão, da internet e de muitos outros meios, temos acesso às informações finais,
no entanto, é difícil sabermos o quão diferente elas estão em relação às iniciais.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2008)

3. Dados históricos
O uso de dados históricos é um dos modelos mais usados na redação, justamente por ser uma forma segura
de iniciar o período. No entanto, é preciso ter cuidado: a informação deve estar diretamente relacionada com o
tema e deve ser usada apenas para introduzir a questão. Muitas vezes, alguns alunos exageram nos detalhes his-
tóricos e esquecem o objetivo principal, deixando a introdução longa e tediosa.
Veja os exemplos:

(Redação sem título)

"O Período Colonial do Brasil, ao longo dos séculos XVi e XIX, foi marcado pela tentativa de converter os
índios ao catolicismo, em função do pensamento português de soberania. Embora date de séculos atrás, a intole-
rância religiosa no país, em pleno século XXI, sugere as mesmas conotações de sua origem: imposições de dogmas
e violência. No entanto, a lenta mudança de mentalidade social e o receio de denunciar dificultam a resolução
dessa problemática, o que configura um grave problema social.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

A participação política na dinâmica pós-moderna: comodismo e descaso

O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os gregos se organizavam
em torno da pólis e começavam a definir os primeiros conceitos de cidadania que, posteriormente, difundir-se-iam
pelo mundo. É indiscutível a importância da política para a, então, formação da sociedade tal como ela é conhecida
na contemporaneidade. A partir dela, foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante, tornou-se possível
a participação do povo nas decisões que dizem respeito à vida em comunidade.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

4. Uso de citações
Esse é um dos modelos de introdução mais presentes nas melhores redações do ENEM. No entanto, a re-
comendação é a mesma do uso de dados históricos: a citação só deve entrar se estiver diretamente conectada ao
tema. É fundamental evitar as velhas citações que podem servir aos mais variados assuntos, já que – por serem
usadas tantas vezes – não despertam nenhum interesse no leitor da redação.
No entanto, não é preciso se prender aos maiores nomes da filosofia e da sociologia para garantir o sucesso
na introdução. A citação pode ser de um personagem da literatura, de uma canção popular, de um poema, e até
mesmo, de um artigo de lei. A única restrição é selecionar essas fontes por meio do bom senso.

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Veja abaixo os diferentes modelos de introdução a partir de citações:

a) Uso de citações referências da literatura/cinema/poesia

"Orgulho Machadiano"

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos
e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a
postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em
desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à
realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

A difícil tarefa do ser

Tyler Durden, concretização de uma série de desejos secretos e de frustrações do personagem principal de
“O clube da luta”, abre uma discussão acerca do ser e do sentir numa era em que o consumo é imperativo. O filme,
baseado no livro homônimo, levantou polêmicas ao retratar um indivíduo desconectado de sua identidade que
buscou satisfazer no consumo suas faltas. Esse consumo, no entanto, não evitou a criação de Durden por camadas
mais profundas de sua mente, não evitou a criação de um rapaz plenamente consciente de suas vontades e de seu
corpo. O longa metragem aponta a metáfora: vivemos sufocando Tyler Durden, aquele que sabe quem é e o que
quer, já que há uma ideologia circundante pregando que tudo aquilo de que precisamos ou que queremos está à
venda e que, se está à venda, é uma necessidade ou um desejo.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

O cortiço consumista

No livro “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, retrata-se o grande poderio com que o espaço massifica as
pessoas, exercendo forte influência sobre seus comportamentos e relações. Analogamente, em muitos anúncios
publicitários, nota-se a força que a propaganda tem de estimular os indivíduos a uma determinada mentalidade
como se fossem frutos de espaços ideológicos e físicos, principalmente quando se trata dos templos de consumo,
os “shoppings centers”.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

b) Uso de leis

(Redação sem título)

"A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa, sendo crimes de intolerância
considerados graves e de pena imprescritível. No entanto, é comum ouvir piadas sobre "macumbeiros" e, em
alguns casos, violência física contra praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma análise
histórica e educacional.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

(Redação sem título)

Segundo a atual Constituição Federal, o Brasil é um país de Estado laico, ou seja, a sociedade possui o
direito de exercer qualquer religião, crença ou culto. Entretanto, essa liberdade religiosa encontra-se afetada, uma
vez que é notório o crescimento da taxa de violência com relação à falta de tolerância às diferentes crenças. Assim,
diversas medidas precisam ser tomadas para tentar combater esse problema, incitando uma maior atenção do
Poder Público, juntamente com os setores socialmente engajados, e das instituições formadoras de opinião.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

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c) Uso de citações da filosofia e da sociologia

(Redação sem título)


“Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz. Na Idade Moderna,
o filósofo iluminista Voltaire foi um importante defensor da liberdade de culto e da harmonia entre as diversas
crenças. Já no Brasil do século XXI existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa, ainda há a ne-
cessidade de ser comemorar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime vergonhoso
cuja persistência é uma mácula.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

Participação política em prol do bem comum

É notória a transferência de Poder da esfera política para a Econômica como observou Zygmunt Bauman,
uma vez que a globalização Econômica ultrapassou Barreiras políticas. Não obstante, em Oposição a Bauman, que
defende que há uma crescente diminuição do papel da política nas questões relevantes e de seu papel na propul-
são de doutrinas, a economia não é totalmente autônoma, mesmo em cenário de liberalismo econômico, o que
confere a não dispensabilidade da participação política.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

O fim das utopias pede engajamento

“O problema da sociedade é que ela parou de se questionar”, diagnostica o sociólogo polonês Zygmunt
Bauman em seu livro modernidade líquida. Pode-se, a partir do diagnóstico, fazer uma analogia com a situação da
questão política no mundo: dado nível de acomodação das pessoas, elas raramente questionam o modo como a
política é feita, ao menos que este dia seja danoso. Porém, sendo o homem um ser político – criou a política quase
que naturalmente – cabe a ele a responsabilidade pela mesma: é indispensável a sua participação nela.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

5. Desconstrução do senso comum


A redação também pode ser introduzida com a contestação de conceitos generalizantes a respeito do tema.
Nesse modelo, apresenta-se um discurso próprio do senso comum que, em seguida, é invalidado pelos argumentos
do autor. Em outros termos, trata-se de apresentar de uma questão que parece ser coerente, e na sequência, exibir
as razões que a tornam equivocada. Observe os exemplos:

(Redação sem título)

É muito comum ouvir da boca de jovens hoje em dia que são apolíticos ou que a política não os diz respeito.
Ainda assim, o Brasil possui um gigante movimento estudantil que participa das mais variadas discussões e lutas. É
possível não ser engajado – seja por preguiça ou acomodação – mas apolítico, nunca. A política está presente em
toda e qualquer detalhe da vida econômica e social, ela é indispensável e ser apolítico é uma ilusão.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

Política: visão do indivíduo sobre a sociedade

Quando se pensa em participação política, a primeira ideia que se tem em mente é o interesse das pessoas
pelo que acontece na sociedade, as decisões dos governantes e demais autoridades, eleições, partidos políticos e
possíveis melhorias que deveriam ser feitas. Mas, o que muitas vezes não é percebido é que acrescente campanha
de reavivamento do interesse pela política que poderia ser considerada como mais uma artimanha para introduzir
e absorver cada vez mais os indivíduos para o senso de pseudo-coletivismo, uma falsa sensação de estar contri-
buindo para a ordem e o progresso da sociedade, mascarada pela ideia ilusória de democracia, resultando em uma
consequente perda de sua identidade natural.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

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III) Elaboração da tese
Como já anunciamos em aulas anteriores, a tese representa o direcionamento da abordagem que será feita
ao longo do texto. Ela funciona como um norte, como o posicionamento central a ser defendido. E para que essa
opinião fique muito clara para o leitor, é fundamental que a frase esteja apresentada – de modo muito claro – no
primeiro parágrafo.
Nos exames cuja oração-tema é constituída por uma pergunta, a tese deve ser uma elaboração síntese da
resposta a essa questão. Não se trata de respondê-la de modo escolar, mas é preciso construir um período que
apresente um posicionamento claro sobre a pergunta realizada. Nos outros casos, a tese deve resumir a opinião
do autor diante da oração-tema oferecida, podendo inclusive ser elaborada a partir da recombinação das palavras
presentes na oração tema. ´

A) Tipos de tese
1) Tese analítica

Também conhecida como tese organizadora, esse é o modo de formulação de tese no qual são apresen-
tados os argumentos a serem defendidos ao longo do texto. Trata-se da formulação de um período que descreva
resumidamente a articulação dos argumentos apresentados no segundo e no terceiro parágrafo. Não é necessário
apresentar muitos detalhes de cada um deles, já que as justificativas serão especificadas nos parágrafos seguintes.
Esse modelo costuma ser comum nas provas do ENEM, já que a tese organizadora parece melhor apresentar
o problema proposto na temática. Essa forma acaba se tornando uma maneira segura de estruturar a tese, porque
deixa claro ao leitor o percurso analítico, o que facilita o acompanhamento do raciocínio lógico desenvolvido. Em
contrapartida, quando usada em outros exames, ela também acaba se tornando um modelo mais previsível, sem
grandes atrativos aos olhos dos corretores.

Observe o exemplo retirado de redações nota 1000 do ENEM:

Durante o século XIX, a vinda da Família Real ao Brasil trouxe consigo a modernização do país, com a
construção de escolas e universidades. Também, na época, foi inaugurada a primeira escola voltada para a inclusão
social de surdos. Não se vê, entretanto, na sociedade atual, tal valorização educacional relacionada à comunidade
surda, posto que os embates que impedem sua evolução tornam-se cada vez mais evidentes. Desse modo, os en-
traves para a educação de deficientes auditivos denotam um país desestruturado e uma sociedade desinformada
sobre sua composição bilíngue.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017. Tema: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil)

A fim de explicar desvalorização da educação oferecida aos surdos, o autor elabora sua tese evidenciando
dois argumentos: a desestruturação do país e a desinformação da sociedade brasileira. Esses argumentos são
claramente retomados nos parágrafos subsequentes, conforme se observa a seguir:

(2º PARÁGRAFO) A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o contato do porta-


dor de surdez com a base educacional necessária para a evolução social. O Estado e a sociedade ho-
dierna têm negligenciado os direitos da comunidade surda, pois a falta de intérpretes capacitados para a tradução
educativa e a inexistência de vagas em escolas inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e ouvintes, conde-
nando os detentores da surdez aos menores cargos da hierarquia social. Vê-se, pois, o paradoxo que, em um Estado
Democrático, ainda haja o ferimento de um direito previsto constitucionalmente: o direito à educação de qualidade.

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(3º PARÁGRAFO) Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma
barreira para a capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e
tornar-se escritora – definia a tolerância como o maior presente de uma boa educação. O pensamento de Helen não
tem se aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum
ao cidadão a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda língua oficial do
Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos indivíduos em lidar com a
mescla que forma o corpo social a que possuem.

2) Tese sintética

Esse modelo de formulação também é conhecido como tese sugestiva, uma vez que sua principal caracte-
rística é anunciar o posicionamento sem fazer referência aos argumentos a serem desenvolvidos. Baseia-se apenas
na construção de um período síntese que oferece o direcionamento a ser defendido pelo autor do texto e costuma
ser comum entre as redações que pressupõem uma resposta à pergunta em alguns temas de redação mais reflexivos.

Observe o exemplo abaixo retirado de uma redação nota 10 realizada para a UNIFESP:

O processo eleitoral ocorrido no Brasil em 2016 foi marcado pelo cenário de turbulência vivido pelo país,
em que foram descobertos diversos casos de corrupção, envolvendo políticos de renome, potencializado pela grave
crise econômica brasileira. Nesse contexto, muitas correntes de discussão passaram a defender a adoção do voto
nulo nas eleições como forma de demonstrar a insatisfação da população em relação ao sistema político vigente.
Contudo, uma análise mais profunda sobre o tema sugere que esse ato não representa, de fato, uma
maneira eficiente de contestação e de estímulo à mudança política.
(Trecho extraído de redação nota 10 UNIFESP. Fonte: http://www.scielo.br/pdf/tla/v57n2/0103-1813-tla-57-02-1015.pdf
Tema: o voto nulo é um ato político eficaz?

Note que autor apresenta seu posicionamento diante do tema, mas não descreve nem anuncia quais serão os
argumentos a serem utilizados. O mesmo ocorre no exemplo abaixo, extraído de redação FUVEST nota 10 de 2013:
No contexto mundial marcado pelo predomínio quase hegemônico do sistema capitalista financeiro, pela
intensificação do processo de globalização, pelo progresso das mídias de massa e pela revolução técnico científica
informacional, nunca a mentalidade do consumismo exacerbado foi tão intensamente divulgada e aceita. Esse tipo
de pensamento, século XXI, foi capaz de transformar e subordinar a sociedade a valores materialistas
e até mesmo superficiais.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2013)

B) Recomendações para a elaboração de uma tese


Lembre-se de que a tese é um posicionamento a respeito de um determinado tema e, portanto, pressupõe
a explicitação de julgamentos ou juízos de valor, o que a caracteriza como um período argumentativo. Portanto,
lembre-se disto quando for redigir sua tese: você precisa empregar palavras que não sejam meramente descritivas,
mas que carreguem em si um aspecto parcial acerca do tema desenvolvido.
Para facilitar a composição de sua tese, recomendamos algumas estratégias:
a. Compor definições próprias a partir do uso de verbos de ligação: A rede social passou a ser o novo ópio da
modernidade. / As pautas identitárias também se tornaram mercadorias. / A cultura de massa está morta.
b. Tecer julgamentos positivos ou negativos: As estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saúde não
funcionam. A medida de incluir a leitura nos presídios é um grande acerto.
c. Empregar adjetivos: O modo como as autoridades conduzem a democracia é imoral. As questões de
moradia, no ambiente urbano, são paradoxais.
d. Verbos no presente: A questão ambiental permanece à mercê da iniciativa privada e da ausência de
políticas do Estado.

77
Exercícios
EXERCÍCIO 1: Identifique as estratégias de introdução empregadas nos parágrafos abaixo:

a. Com a ascensão de Juscelino Kubitschek ao poder, a política de abertura da economia brasileira entrou em
ação mais vigorosamente do que em qualquer outro episódio da história do Brasil . Nesse cenário, a entrada
de automóveis no Brasil como produtos de consumo foi cada vez maior. No entanto, o governo não tomou
como prioridade a fiscalização das estradas do país e uma prática nociva tornou-se comum: beber e dirigir.
Recentemente, o governo implantou a Lei Seca, visando diminuir os efeitos dessa prática. Nesse contexto, cabe
analisar os aspectos positivos da aplicação dessa Lei , e como ela pode ser melhorada.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2013)

b. O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre al-
guém.” A frase, do escritor e pensador francês Vitor Hugo, exprime a ideia de que o sistema capitalista fun-
ciona baseando-se na exploração constante dos indivíduos. Analisando esse conceito atrelado à conjuntura
atual , nota-se que a publicidade direcionada às crianças, no Brasil , possui um caráter predatório, funcionando
como meio de criação de futuros consumistas e explorando a relativa facilidade de se persuadir uma criança,
através do uso de elementos do universo infantil .
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

c. A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos
a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos
ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os
caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

d. Existem, atualmente, diversos conflitos religiosos no mundo, fato que pode ser exemplificado pelas ações
do Estado Islâmico, que utiliza uma visão radical do islamismo sunita. Nesse contexto, percebe-se que tal
realidade de intolerância também ocorre no Brasil, um país com dimensões continentais e grande diversidade
religiosa. Assim, tornam-se progressivamente mais comuns episódios de violência motivados pela religião,
o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a Constituição de 1988 garante a liberdade de crença das
diferentes manifestações culturais. Portanto, medidas que alterem essa situação devem ser adotadas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

e. De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação entre jus-
tiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância religiosa no Brasil
fere não somente preceitos éticos e morais, mas também constitucionais estabelecidos pela Carta Mag-
na do país. Dessa forma, observa-se que a liberdade de crença nacional reflete um cenário desafiador
seja a partir de reflexo histórico, seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

f. O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presen-
tes em também várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a liberdade religiosa garantida
pela Constituição Cidadã faz com que o país seja respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma
analogia com a filosofia kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores
inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

78
EXERCÍCIO 2: A partir da contextualização e do tema da redação oferecidos, redija um direcionamen-
to para sua introdução, elaborando uma tese.

a. Tema: Os efeitos do trabalho informal no Brasil (ENEM)


No Brasil, é comum ouvir de boa parte da população que o trabalho informal é uma saída positiva à crise
econômica. Isso porque – de modo geral – ele permite às pessoas se manterem economicamente ativas, podendo
zelar pelo seu bem-estar e pela manutenção de suas necessidades. No entanto,
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b. Tema: A introdução da tecnologia nas salas de aula brasileiras (ENEM)


Durante muitos anos, as metodologias de ensino das escolas brasileiras – de modo geral – empregaram
apenas os suportes didáticos mais tradicionais, como: lousa, cadernos, livros, canetas, entre outros itens bastante
conhecidos de qualquer aluno. Nos dias de hoje, de modo diferente,
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c. Tema: O desaparecimento das atitudes éticas no cotidiano (ENEM)


O dramaturgo alemão Bertold Brecht, em sua peça “A exceção e a regra”, ressaltava a importância de des-
confiarmos daquilo nos parece absolutamente natural, pois, segundo ele, nada deveria ser considerado imutável.
Tal assertiva também é válida para se pensar a respeito da falta de ética no Brasil, uma vez que...
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d. Tema: O combate à prática do linchamento no Brasil


A Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que todo cidadão acusado de um crime seja julgado
por um tribunal independente e imparcial. Entretanto, na sociedade brasileira, é comum
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............................................................................................................................................................................

79
EXERCÍCIO 3 : Identifique as teses dos parágrafos e também os parágrafos em que elas não estão
presentes.
a. A palavra é instrumento irresistível da busca pela liberdade”, afirmou Rui Barbosa em relação ao direito
de expressão. No entanto, a liberdade de imprensa e propaganda, garantida pela constituição brasileira,
depara-se com limites no que tange à persuasão aos pequenos. Esses, vivenciando a fase pueril, não de-
têm a criticidade desenvolvida e, consequentemente, são facilmente influenciáveis. Assim, a publicidade
infantil brasileira progride apelando às crianças e, dessa maneira, necessita de reparos que atenuem os
tons abusivos e persuasivos.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

b. Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a
qual assegura, em plano internacional, a igualdade e a dignidade da pessoa humana. Entretanto, no
Brasil, há falhas na aplicação do princípio da isonomia no que tange à inclusão de pessoas com deficiên-
cia auditiva. Consequentemente, a formação educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise
acerca dos entraves que englobam esta problemática.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

c. Desde o início da expansão da rede dos meios de comunicação no Brasil , em especial o rádio e a te-
levisão, a mídia publicitária tem veiculado propagandas destinadas ao público infantil , mesmo que os
produtos ou serviços anunciados não sejam destinados a este. Na década de 1970, por exemplo, era
transmitida no rádio a propaganda de um banco utilizando personagens folclóricos, chamando a aten-
ção das crianças que, assim, persuadiam os pais a consumir.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

d. O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais. Porém,
embora intitulado, sob a perspectiva aristotélica, político e naturalmente sociável, inúmeras de suas
antiéticas práticas corroboram o contrário. No que tange à questão religiosa no país, em contraposição
à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo
inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

e. Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz. Na Idade Moderna, o
filósofo iluminista Voltaire foi um importante defensor da liberdade de culto e da harmonia entre as di-
versas crenças. Já no Brasil do século XXI existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa,
ainda há a necessidade de ser comemorar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – a qual
é um crime vergonhoso cuja persistência é uma mácula.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

f. Caracterizada pela evidente degradação do “ser” em “ter”, a atual estrutura socioeconômica, embasa-
da no que é efêmero e aparente, acarreta na vida uma devastadora inversão de valores. Os indivíduos,
influenciados pela vivência em meio a um mercado de consumo marcado pela competição, passaram a
enxergar o outro como um inimigo em potencial. Diante disso, entre relacionamentos superficiais, valo-
res egocêntricos e atitudes que priorizam o imediato, o altruísmo vai se desfalecendo e se tornando uma
raridade no mundo contemporâneo.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2011)

80
g. A Lei Seca foi implantada no Brasil no ano de 2008, com a finalidade de reduzir o número de acidentes
de trânsito, tendo em vista que 30% destes são causados por condutores alcoolizados. A lei determina
que, se comprovada a ingestão de álcool através do teste do “bafômetro” ou exame de sangue, o mo-
torista poderia perder sua habilitação e até cumprir pena, além de pagar uma multa.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2013)

h. No mundo contemporâneo, o espaço para o altruísmo e o pensamento a longo prazo se restringem a es-
cassas ações individuais, porquanto o “status quo” direcionam as instituições humanas para a crise total
de valores. A otimização e a reificação do homem superficializam as relações interpessoais. A economia
teocientífica e a ditadura do consumo consomem cada vez mais os recursos do planeta. Portanto, a hu-
manidade vive em um período em que não há garantias para o futuro, somente incertezas e descrenças.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2011)

EXERCÍCIO 4: Leia os períodos abaixo e identifique quais deles são argumentativos e, portanto, con-
tém o posicionamento do autor.

a. Nota-se um aumento no número dos casos de febre amarela nas regiões rurais.
b. No Brasil, a democracia tornou-se uma forma de poder ilusória.
c. A criminalidade em São Paulo tem crescido nos últimos anos.
d. Não se pode atribuir às mulheres a responsabilidade pela violência que vivenciam.
e. Ao invés de desconstruir os preconceitos, muitas práticas educacionais acabam reforçando-o.
f. Muitas pessoas procuram exposições na cidade de São Paulo.
g. A valorização de um padrão de beleza na sociedade apaga e invalida outras identidades.

81
AS DIFICULDADES NA PROMOÇÃO DO CONSUMO
CONSCIENTE NO BRASIL
ACERVO

TEXTO I

Consumo consciente ganha mais adeptos iniciantes no Brasil


O primeiro passo para uma mudança costuma ser o mais difícil. Isso posto, podemos dizer que a pesquisa Panorama do
Consumo Consciente no Brasil, realizada pelo Instituto Akatu, tem boas novas em sua versão 2018, apresentada neste dia 25 de
julho: o percentual de consumidores classificados como iniciantes em relação a um comportamento consciente de consumo cresceu
6 pontos percentuais no país na comparação com o mesmo estudo em 2012, passando de 32% para 38% do total de pessoas
entrevistadas.
A pesquisa traça esses perfis a partir da análise de 13 tipos de comportamento. São eles: desligar lâmpadas, fechar tor-
neiras, desligar eletrônicos, esfriar alimentos antes de colocá-los na geladeira, planejar compra de alimentos, planejar compra de
roupas, pedir nota fiscal, ler rótulos, usar o verso do papel, separar lixo para reciclagem, compartilhar informações sobre empresas/
produtos, comprar produto feito com reciclado e comprar produto orgânico.
Outra notícia positiva nesse panorama diz respeito ao que tem levado os consumidores a se tornar mais sustentáveis. Resul-
tados concretos, mais imediatos, que beneficiem o próprio indivíduo foram os motivadores para 45%, enquanto 70% mencionaram
razões mais emocionais e menos palpáveis, como impactos positivos para o mundo, a sociedade e o futuro – como as respostas se
intercalam, a soma dos percentuais supera os 100%.
Na contramão desse viés, ainda chama a atenção um sonho de consumo que deixa uma pegada ambiental bem poluente:
a vontade de ter um carro próprio, predominante nas classes C, D e E. Esse quadro se desenha a partir da desinformação: 68%
dos entrevistados disseram já ter ouvido falar em sustentabilidade, mas 61% não possuem repertório para identificar um produto
sustentável.
Fonte: https://catracalivre.com.br/parceiros-catraca/as-melhores-solucoes-sustentaveis/consumo-
-consciente-ganha-mais-adeptos-iniciantes-no-brasil/(25.07.2018)

TEXTO II
O conceito de consumo consciente não envolve apenas o que, mas também como e de quem você consome e qual será o
destino de seu descarte. Pouco adianta usar sacolas retornáveis de uma empresa que não toma o devido cuidado em seu processo
de produção. Ou comprar alimentos orgânicos de um produtor que não registra devidamente seus funcionários, utiliza-se de mão
de obra infantil ou escrava.
Pesquisa recente promovida pelo Ministério do Meio Ambiente apontou que dois terços dos brasileiros disseram desconhe-
cer o termo consumo consciente. Dos que responderam saber o seu significado, 54% o definiram como ato de consumir produtos
ou serviços que não agridam o meio ambiente e nem a saúde humana. Há diversas abordagens sobre a definição de consumo
consciente. De maneira geral, todas elas passam pela prática de consumir produtos com consciência de seus impactos e voltados
à sustentabilidade.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), por exemplo, indica que a utilização de bens e serviços
precisa cumprir necessidades básicas e proporcionar melhor qualidade de vida. Ao mesmo tempo, o produto ou serviço deve mini-
mizar o uso de recursos naturais, materiais tóxicos, diminuir a emissão de poluentes e a geração de resíduos.
Para o Ministério do Meio Ambiente, o consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária do cidadão
para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. É ampliar os impactos positivos e diminuir os negativos causados pelo consumo
dos cidadãos no meio ambiente, na economia e nas relações sociais.
(Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/10/definicao-do-termo-consumo-consciente-e-bem-ampla-informe-se - )

82
TEXTO III

1 2 3
PREFIRA PRODUTOS COM
UTILIZE SACOLAS RETORNÁVEIS
EMBALAGENS RETORNÁVEIS OU REFIS
EVITE EMBALAGENS Você sabia que hoje no Brasil são
DESNECESSÁRIAS Você sabia que cada vasilhame retornável de
consumidas aproximadamente 35 mil sacolas
bebida pode realizar de 8 a 30 viagens e que
plásticas por minuto? tudo isso acaba em
Você sabia que cerca de 1/3 do lixo embalagens de refis consomem 30% a menos
depósitos de lixo, leva séculas para se
doméstico é composto por embalagens? recursos naturais em sua fabricação?
decompor, além de dificultar a decomposição
Embalagens retornáveis e refis diminuem a dos outros resíduos.
Diminua esse desperdício escolhendo necessidade de fabricação de novas
produtos com menos embalagens Ajude a diminuir essa montanha de lixo
embalagens, diminuindo também a
usando sacolas retornáveis.
pressão por recursos naturais.

4 5
ENCAMINHE AS EMBALAGENS
REUTILIZE SUAS EMBALAGENS SEM UTILIDADE PARA RECICLAGEM
SEMPRE QUE POSSÍVEL Você sabia que reciclar uma lata, comparado
Você sabia que 80% das embalagens são com a produção de uma nova, representa uma
descartadas depois de serem usadas economia de energia suficiente para manter
apenas uma vez? um aparelho de TV ligado por três horas?
Ao preferir produtos com embalagens A reciclagem de materiais economiza água,
reutilizáveis você ajuda a diminuir energia e recursos naturais, além de
o volume de lixo produzido diminuir a quantidade de lixo e dar
em sua casa. emprego a milhares de brasileiros.

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/con-
sumo-consciente-de-embalagem/dicas-para-o-consumo-consciente.html

83
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

O percentual de consumidores classificados como iniciantes em relação a um comportamento consciente de consumo, em


2018, cresceu 6 pontos percentuais no país na comparação com o mesmo estudo em 2012, passando de 32% para 38% do
total de pessoas entrevistadas.
Na contramão desse viés, ainda chama a atenção um sonho de consumo que deixa uma pegada ambiental bem poluente: a
vontade de ter um carro próprio, predominante nas classes C, D e E. Esse quadro se desenha a partir da desinformação: 68%
dos entrevistados disseram já ter ouvido falar em sustentabilidade, mas 61% não possuem repertório para identificar um
produto sustentável.

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

Para especialistas do SPC Brasil, uma parte dos consumidores, principalmente os de menor renda, ainda não sabe lidar com a
oferta de crédito, já que a democratização dessa ferramenta ainda é recente. “Consumidores menos atentos podem ser iludidos
pelos valores baixos das parcelas e pelos prazos a perder de vista. A falsa sensação de comprar sem pagar nada que o crédito
proporciona tende a levar consumidores desinformados ao superendividamento e à inadimplência”, alerta a economista-chefe
do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

A ambientalista Fernanda Cortez – integrante das Nações Unidas pela campanha Mares Limpos – deixou de gastar R$ 2 mil
por ano em produtos de limpeza de casa e higiene pessoal ao trocar os químicos tradicionais por uma mistura de limão, bicar-
bonato, álcool, vinagre e óleo de coco. "Eu faço o meu desodorante caseiro e pasta de dente com o mesmo óleo de coco que
eu uso para cozinhar. Além disso, ainda uso esses ingredientes para limpar a casa", afirma.
"Os produtos da grande indústria têm muito perfume, muitas vezes alergênico. Então, há muita gente com rinite e outros
problemas sem saber que o motivo pode estar na roupa lavada com amaciante, que passa o dia em contato com o corpo",
explica a ambientalista.
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/comportamento/defensora-da-onu-poupou-mais-de-r-6-mil-com-vida-
-sustentavel-e-da-dicas-de-como- economizar,95ee74524132cfd95d0c65b46fe2d55d9rjnbj71.html

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA

PARCERIAS ENTRE ONGS E INICIATIVA PRIVADA


O Instituto Akatu, a Braskem e o Instituto Faça Parte se unem para levar a 309 escolas de São Paulo o projeto “Um Novo Olhar
sobre o Plástico”, iniciativa nacional que tem como objetivo chamar a atenção de educadores e alunos para importância dos te-
mas ligados ao consumo consciente e à sustentabilidade. A iniciativa pretende incentivá-los a propor soluções para problemas
atuais ligados aos temas, tais como a escolha do que consumir, diferenças nas cadeias produtivas a respeito da ecoeficiência,
combate ao descarte inadequado de resíduos e ao desperdício de água e energia.

V. CITAÇÕES

a.“Tentamos achar nas coisas, que por isso nos são preciosas, o reflexo que nossa Alma projetou sobre elas.”
Marcel Proust. No caminho de Swann.

b. O consumismo, em aguda oposição às formas de vida precedentes, associa a felicidade não tanto à satisfação de necessida-
des (como suas “versões oficiais” tendem a deixar implícito), mas a um volume e uma intensidade de desejos sempre crescen-
tes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a satisfazê-la.
Zigmunt Bauman. Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria

84
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeos Minimalismo

Fonte: Vimeo

LER

Livros

Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria


– Zigmunt Bauman

Um dos mais perspicazes pensadores da atualidade, Zygmunt Bauman nos


revela a verdade oculta, um dos segredos mais dissimulados da sociedade
contemporânea: a sutil e gradativa transformação dos consumidores em
mercadorias.

A FELICIDADE PARADOXAL Ensaio sobre a sociedade de


hiperconsumo – Gilles Lipovetsky

Numa sociedade em que a melhoria contínua das condições de vida materiais


praticamente ascendeu ao estatuto de religião, viver melhor tornou-se uma
paixão colectiva, o objectivo supremo das sociedades democráticas, um ideal
nunca por demais exaltado. Entramos assim numa nova fase do capitalismo: a
sociedade do hiperconsumo.

85
Proposta 5

TEXTO I
A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os
padrões de consumo e produção se mantiverem no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois
planetas Terra para atender nossas necessidades de água, energia e alimentos. Não é preciso dizer que esta situa-
ção certamente ameaçará a vida no planeta, inclusive da própria humanidade.
A melhor maneira de mudar isso é a partir das escolhas de consumo.
Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em
você mesmo. Ao ter consciência desses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir
a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e
minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Isso
é Consumo Consciente. Em poucas palavras, é um consumo com consciência de seu impacto e voltado à susten-
tabilidade.
O consumo consciente é uma questão de hábito: pequenas mudanças em nosso dia-a-dia têm grande im-
pacto no futuro. Assim, o consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a
sustentabilidade da vida no planeta.
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/consumo-
-consciente-de-embalagem/quem-e-o-consumidor-consciente/item/7591.htm

TEXTO II
Seis a cada dez consumidores aproveitaram a oferta de crédito para fazer compras por impulso. Os dados
foram divulgados nesta segunda-feira pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Na-
cional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
De acordo com a pesquisa, as aquisições mais feitas por impulso são roupas, calçados e acessórios (19%),
compras em supermercados (17%), perfumes e cosméticos (14%) e idas a bares e restaurantes (13%).
Por gênero, as mulheres realizam mais compras de vestuário e acessórios por impulso (23%), enquanto para
os homens o que mais leva a esse hábito são as aquisições de eletrônicos (13%).
Para especialistas do SPC Brasil, uma parte dos consumidores, principalmente os de menor renda, ainda
não sabe lidar com a oferta de crédito, já que a democratização dessa ferramenta ainda é recente. “Consumido-
res menos atentos podem ser iludidos pelos valores baixos das parcelas e pelos prazos a perder de vista. A falsa
sensação de comprar sem pagar nada que o crédito proporciona tende a levar consumidores desinformados ao
superendividamento e à inadimplência”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

https://veja.abril.com.br/economia/quase-60-dos-consumidores-realizam-compras-por-impulso/

86
TEXTO III

Pesquisa mostra que 76% não praticam consumo consciente no Brasil

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema AS DIFICULDADES NA PROMOÇÃO DO CONSUMO CONSCIENTE NO BRASIL, apresentando proposta
de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

87
L C ENTRE
REDAÇÕES EXTRAS

FRASES

Pratique mais

L C
ENTRE
FRASES
Propostas extras ENEM
PROPOSTA 1
TEXTO 1

NÚMERO DE ADOLESCENTES APREENDIDOS CRESCE SEIS VEZES NO BRASIL EM 12 ANOS

Entre 1996 e 2014, o número de jovens entre 12 e 17 anos que foram apreendidos no Brasil pela prática
de crimes aumentou em quase seis vezes. De acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
divulgado nesta segunda-feira (30), há uma crescente no encarceramento de adolescentes no país: passou de
4.245 para 24.628.
Os dados foram compilados pelo anuário através de índices do ministério dos Direitos Humanos e do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os jovens apreendidos, 22,5% está em detenção provisória. E
cerca de 9% está em semi liberdade.

Ainda de acordo com o levantamento anual, o principal crime praticado por menores de idade no Brasil é o
roubo (45%), seguido do tráfico de drogas (24%). Em terceiro, está o crime de homicídio (9,5%) seguido do furto
(3,3%).
Em 2014, o maior número de crimes praticados por menores de idade foi registrado em São Paulo (10.211
casos). Na sequência, vêm Pernambuco (1.892), Minas Gerais (1.853) e Rio de Janeiro (1.655). O Estado com me-
nos atos infracionais cometidos por menores é o de Roraima (37).
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de-adoles-
centes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.htm

91
TEXTO 2

TEXTO 3

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.


(...)
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com abso-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais.
(...)
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

PROPOSTA: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos constru-
ídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: O aumento da criminalidade entre os jovens no Brasil. Apresente proposta de intervenção,
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.

92
PROPOSTA 2
TEXTO 1
De acordo com o balanço de denúncias colhidas pelo Disque 100, canal para relatar casos de violação de
direitos humanos, o Brasil somou pelo menos 175 mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes entre
2012 e 2016, o que representa quatro casos por hora. Apenas entre 2015 e 2016, 37 mil casos de violência sexual
na faixa etária de 0 a 18 anos foram denunciados.
Ao todo, 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais são meninas, contra 16,52%
dos meninos. Os casos em que o sexo da criança não foi informado totalizaram 15,79%. A maioria dos casos (40%)
ocorrem com crianças entre 0 a 11 anos, seguidas por 12 a 14 anos (30,3%) e de 15 a 17 (20,09%), levando
em conta as denúncias do Disque 100. A maioria dos agressores são homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos
(42%).
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2017/05/com-quatro-casos-de-
-exploracao-sexual-de-criancas-por-hora-brasil-debate-prevencao

TEXTO 2

http://liberta.org.br/nossas-campanhas/fase-2-campanha-escolhas/

TEXTO 3

https://www.humorpolitico.com.br/admin/dia-nacional-contra-exploracao-sexual-de-criancas-e-adolescentes/

93
TEXTO 4

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43010109

PROPOSTA: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos constru-
ídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: Os entraves no combate à violência sexual infantil no Brasil. Apresente proposta de inter-
venção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

94
PROPOSTA 3

TEXTO 1
Mohamed Ali, refugiado sírio residente no Brasil há três anos, foi hostilizado e agredido verbalmente em
Copacabana, região nobre do Rio de Janeiro, onde trabalha vendendo esfihas e doces típicos. Em vídeo publicado
nas redes sociais é possível ver um homem exaltado que grita repetidas vezes “sai do meu País!”, ostentando dois
pedaços de madeira nas mãos e ameaçando o refugiado. “O nosso país tá sendo invadido por esses homens bombas,
que matam crianças”, diz, em discurso xenofóbico. […] Ali manifestou-se nos comentários do vídeo. “Eu, Mohamed,
sou este rapaz que foi humilhado. Estou aqui faz três anos. Vim pro Brasil porque eles abriram as portas para todos os
refugiados. Todos os meus amigos estão trabalhando. Estamos trabalhando arduamente. Estou muito sentido porque
nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo”, afirmou, no comentário que já recebeu 2,2 mil likes.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/saia-do-meu-pais-agressao-a-
-refugiado-no-rio-expoe-a-xenofobia-no-brasil Acesso em 11 agosto 2017

TEXTO 2
O Ministério da Justiça lançou, nesta terça-feira (13), a segunda etapa da campanha de sensibilização e in-
formação contra a xenofobia, o preconceito e a intolerância a imigrantes. A iniciativa é parte do esforço do governo
para o acolhimento a estrangeiros que vivem no País e sofrem preconceito. A campanha é exclusiva para as redes
sociais e será feita por meio das hashtags #EuTambémSouImigrante e #XenofobiaNãoCombina.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/campanha-vai-combater-
-xenofobia-e-intolerancia-a-imigrantes-nobrasil Acesso em 11 agosto 2017

TEXTO 3

TEXTO 4
Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes:
I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos;
II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação;
III - não criminalização da migração;
IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em ter-
ritório nacional;
V - promoção de entrada regular e de regularização documental;
VI - acolhida humanitária;

95
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a in-
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados:
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
II - direito à liberdade de circulação em território nacional;
(...)
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei,
sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de
proteção ao trabalhador, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de hipossuficiência econômica, na forma
de regulamento;
(...)
Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. http://www.planalto.gov.br

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: a
persistência da xenofobia no Brasil apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

96
Propostas extras - outros vestibulares
PROPOSTA 1
TEXTO I

TEXTO II
Tensão econômica gera sobrecarga de trabalho

Redução de 17% na criação de postos de trabalho e tensão no cenário econômico. A instabilidade que ronda o
mercado hoje tem um efeito direto na agenda de executivos: jornadas mais extensas, segundo especialistas consultados
pela Folha.
Em tempos de turbulência, as tarefas invadem os fins de semana e os profissionais ficam até mais tarde no es-
critório, diz Betania Tanure, professora da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica).
Para o professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) Roberto Heloani, o medo de demissão e o corte de pessoal
explicam a ampliação dos horários. "É lógica aritmética: cortam-se postos, mas o trabalho não diminui." (...)
Felipe Gutierrez, Folha de S. Paulo, 07/07/2012.

TEXTO III
Alunos tomam estimulantes para melhorar seu desempenho nas provas
Nas escolas de segundo grau dos EUA, a pressão por boas notas e a concorrência por vagas em universidades
estão incentivando estudantes a abusar de estimulantes vendidos com receita médica. Os adolescentes dizem que obtêm
os estimulantes de amigos, os compram de traficantes, também estudantes, ou falsificam sintomas para que médicos
lhes deem receitas médicas.
"Isso acontece em todos os colégios particulares daqui", comentou a psicóloga nova-iorquina DeAnsin Parker,
que atende adolescentes de bairros de alto padrão como o Upper East Side de Manhattan. "Não é como se houvesse
apenas um colégio com esse problema. Esse é o padrão." (...)
Alan Schwarz, The New York Times / Folha de S. Paulo, 25/06/2012

TEXTO IV
Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucu-
ra tem como consequência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucu-
ra é o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua
prole. Em vez de reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas, moralistas sacrossantificaram o trabalho.
Paul Lafargue, O direito à preguiça, 1880.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore
um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A EXIGÊNCIA DE DESEMPENHO FEITA, HOJE, AOS INDIVÍDUOS
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PROPOSTA 2
TEXTO 1
“Eram artistas de rua, faziam malabarismo, tocavam alguma música [...]
A quem pergunta por que eles não trabalham, a resposta vem rápida: ‘Como não trabalhamos? Passamos
de 8 a 12 horas nas ruas fazendo os outros rirem’.”
MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela 2: relatos de viagem. Porto Alegre L&PM, 2016 pp. 64 e 65.

TEXTO 2
Os artistas de rua têm uma função muito importante na sociedade, eles quebram e queimam todas as ca-
tracas físicas e imaginárias entre a arte/artista e o público.
Disponível em: http://www.revistacapitolina.com.br/profissao-artistas-de-rua-por-que-devemos-valoriza-los, acessado

TEXTO 3

Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=artistas+de+ruas&rlz=1C1GGRV_enBR756BR756&source=l, acessa em 20/09.

Com base na leitura dos textos motivadores, redija um texto dissertativo, enfocando o tema:
ARTISTAS DE RUA: MENDICANTES OU TRABALHADORES?

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PROPOSTA 3
TEXTO 1
A SUSIPE (Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará) desenvolve 20 Proje-
tos sociais.

São projetos desenvolvidos por vários órgãos do Governo do Estado do Pará, para atender às necessidades
humanas, agroindustriais do Sistema Penitenciário; reinserir internos na sociedade por meio de serviços de reparos de
escolas e logradouros públicos; por meio do trabalho; da atividade de auxiliar de serviços gerais e gradeamento de
madeira; capacitação profissional, qualificação para o trabalho e geração de emprego e renda; auxiliar de cozinha e
serviços gerais, dentre tantas outras:
O Projeto Nascente - 210 internos; Conquistando a Liberdade - 961 internos; Puxirum - 50 internos; Florescer
- 15 internos: Papo di Rocha - 300 internos; F1 - 13 internas; Sementes - 50 internos; Olimpo - 40 internos; Alvorecer -
10 internos; Transformando Vidas - 6 internos; João de Barro - 30 internos; Projeto Ipê - 25 internos; Cantina Livre - 16
internos; Lavoro - 10 internos; Esperançar - 09 Internos; Projeto Primavera - 15 Internos; Projeto Vianda - 24 internos;
Projeto Arte de Recomeçar - 01 interno; Projeto LibertAção - 30 internos; Projeto ReplantaAÇÃO - 30 internos.
(Texto adaptado) FONTE: http://www.susipe.pa.gov.br/content/projetos-sociais. Acesso em 14/05/2017.

TEXTO 2

Pró-Egresso - Programas - Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania

O Programa Estadual de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário - PRÓ-EGRESSO, do Estado de São


Paulo, é resultado da conjunção de esforços entre a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), por meio da
Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC), a Secretaria do Emprego e Relações de Trabalho (SERT)
e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT).
O Pró-Egresso oferece os serviços desenvolvidos pela SERT, pela SDECT e pela SAP, potencializando os efei-
tos do Programa "Emprega São Paulo" (intermediação de mão de obra), do "Via Rápida Emprego" (qualificação
profissional) e dos programas de Reintegração Social, realizado nas Unidades Prisionais e nas Unidades de Atendi-
mento de Reintegração Social no Estado de São Paulo. Podem ser cadastrados egressos do sistema penitenciário (o
liberado definitivo); os liberados definitivos lato sensu (cumpriram pena e estão em liberdade há mais de um ano);
em situação especial de cumprimento de pena (casos como os de detentos que cumprem pena em regime semia-
berto ou aberto, foram beneficiados pela suspensão condicional da pena e foram condenados a penas alternativas;
anistiados, agraciados, indultados, perdoados judicialmente; adolescentes que estejam cumprindo ou já cumpriram
medida socioeducativa na Fundação Casa.
(Texto adaptado) FONTE: http://www.reintegracaosocial.sp.gov.br/pro_egresso.php. Acesso em 13/05/17.

TEXTO 3

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TEXTO 4

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema

A REINTEGRAÇÃO SOCIAL DO PRESO NO BRASIL

PROPOSTA 4
TEXTO 1
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou o uso de um medicamento não testado em
humanos para tratar pessoas infectadas com o ebola, cujo surto já tinha matado mais de mil pessoas. Devido à
escala da epidemia e ao número de mortos, um painel do órgão considerou ético combater a doença com remédios
e vacinas cujos efeitos colaterais e eficácia eram ainda desconhecidos.
“Devido às circunstâncias particulares do ebola, e com o cumprimento de certas condições, o painel chegou
ao consenso de que é ético oferecer intervenções não comprovadas como potenciais tratamentos ou prevenção”,
disse um comunicado da OMS. O anúncio foi feito após a Libéria ter comunicado que usaria um medicamento que
só tinha sido testado em macacos eainda não tinha sido avaliado com segurança em seres humanos no tratamento
contra o ebola. A substância foi administrada em dois funcionários humanitários nos EUA, que apresentaram sinais
de melhora. Mas um padre espanhol infectado na Libéria
e que estava sendo tratado em Madri com o remédio morreu.
O governo liberiano disse estar ciente dos riscos associados ao medicamento, mas ressaltou que a alterna-
tiva seria permitir a morte de mais pacientes. “A alternativa de não testar este tratamento é a morte, uma morte
certa”, disse à BBC o ministro da Informação do país, Lewis Brown.
“Achamos que os infectados devem ter a chance de ter acesso a esse tratamento, caso eles queiram”, disse.
“Sabemos que pode haver riscos, mas entre escolher um risco e escolher a morte, tenho certeza de que muitos
preferem o risco.”
(“OMS aprova uso de remédio não testado em humanos para tratar ebola”. http://bbc.com, 14.08.2014. Adaptado.)

TEXTO 2
No Brasil, uma recente polêmica envolve o uso da Fosfoetanolamina, uma nova substância contra o câncer –
aparentemente
bastante promissora, porém não completamente testada. A Fosfo, como é conhecida, foi desenvolvida em
1990 por Gilberto Orivaldo Chierice, professor de Química da USP de São Carlos, e se tornou centro de uma discussão
quando o seu uso foi liberado como medicamento experimental, antes de passar por todos os testes, inclusive em hu-
manos. Debate-se sobre os riscos enfrentados por pacientes, sobretudo aqueles mais vulneráveis, os doentes terminais.

100
Cientistas da área médica são contundentes em afirmar que é uma irresponsabilidade autorizar acesso público
a drogas que não foram testadas em seres humanos. “Não há segurança para o paciente. Não sabemos como a droga
se comporta no ser humano, quanto tempo leva para ser eliminada pelo organismo, os efeitos colaterais, as interações
medicamentosas.”, diz Volnei Garrafa, coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB).
A dosagem dos remédios, lembram os especialistas, também é determinada pelos testes. Muitas vezes uma
dosagem baixa pode ser totalmente ineficaz, enquanto uma dose alta é tóxica. A dose exata de cada remédio é crucial
para o seu melhor aproveitamento. O período durante o qual a substância é consumida também é importante.
“Como médico, não posso prescrever drogas que não tenham passado por todos os testes. Não é porque um
paciente está à morte que podemos deixar de lado todos esses critérios e indicar uma substância não testada, sobre
a qual não conhecemos nada”, afirma o doutor Victor Cravo, coordenador das Unidades de Terapia Intensiva do com-
plexo hospitalar Américas, no Rio. “Até porque isso poderia abreviar o tempo de vida do paciente ou fazer com que
ele tenha uma morte em agonia, não tem como saber o que pode acontecer”.
“Existem protocolos para o tratamento do câncer, mesmo para pacientes terminais, para alívio da dor, por
exemplo. Uma substância não testada pode ser tóxica e fazer com que esse paciente perca qualidade de vida.”, diz
Amílcar Tanuri, pesquisador do laboratório de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
(R. Machado. “Pílula da USP: Conheça a polêmica sobre o uso de remédios não testados”.
http://g1.globo.com, 30.11.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
MEDICAMENTOS NÃO TESTADOS EM HUMANOS DEVEM SER LI-
BERADOS EM CASOS DE DOENÇAS GRAVES?

PROPOSTA 5
TEXTO 1
As crianças deveriam ter lição de casa? Não é incomum pais responderem sim a essa pergunta, afinal,
fazer o dever, pelo menos para o senso comum, seria um dos caminhos para um bom desempenho escolar. Mas
um movimento que já assumiu relevância nos Estados Unidos e em países da Europa contraria a ideia da lição de
casa e quer a sua extinção. Especialistas sustentam que a prática desestimula os alunos e causa conflito dentro
das famílias. Pais que se mostram exaustos após um dia de trabalho e crianças cansadas teriam mais uma tarefa a
cumprir na lista de obrigações. “Os professores teriam de revisar suas abordagens educativas se não dessem mais
lição. E os pais teriam de aprender que não podem contar com o dever de casa como se fosse uma babá”, comenta
a autora do livro The end of homework (O fim da lição de casa, em tradução para o português), Etta Kralovec.
Em pesquisa feita pela Universidade de Stanford em 2014, apenas 1% dos alunos de Ensino Médio consultados
disseram que a tarefa de casa não era um fator de estresse. Em comunidades em que o desempenho acadêmico é
valorizado, os alunos, em média, recebiam mais de três horas de tarefa por dia.
Segundo os pesquisadores que comandaram o estudo, mais de duas horas já causariam impactos negativos
no comportamento e no bem-estar. “Minha filha tem tarefa todos os dias e mais o reforço escolar. Tive de tirá-la
da ginástica. Ela fica nervosa para completar tudo, eles precisam de tempo para serem crianças”, desabafa Leticia
Hartmann, 32 anos, mãe de Giovanna, nove anos. Etta argumenta que estudos mostram que a lição não melhora o
desempenho escolar e que o trabalho em aula, se bem aproveitado, seria o suficiente para uma boa aprendizagem.
(Paula Minozzo. “Crianças deveriam receber lição de casa? Talvez não, dizem especialistas”.
http://zh.clicrbs.com.br, 05.09.2016. Adaptado.)

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TEXTO 2
Lição de casa é um assunto sempre controverso, pois escolas diferentes seguem procedimentos distintos.
O importante é que tanto alunos quanto pais saibam que a rotina de estudos não acaba na porta da escola, após
quatro ou cinco horas diárias de aula. Em casa, o estudo deve continuar, sob a forma da lição de casa – também
chamado de dever de casa ou tarefa de casa. “As funções da lição de casa são sistematizar o aprendizado da sala
de aula, preparar para novos conteúdos e aprofundar os conhecimentos”, explica Luciana Fevorini, coordenadora
do Colégio Equipe, em São Paulo.
“Analisando os exercícios que os alunos resolvem sozinhos em casa, o professor pode descobrir quais são as
dúvidas de cada um e trabalhar novamente os pontos em que eles apresentam mais dificuldades. O grande desafio
do professor é fazer com que o aluno consiga atribuir significado à lição de casa”, diz Eliane Palermo Romano,
coordenadora pedagógica da Escola Comunitária de Campinas.
A lição de casa é importante para pais, alunos e professores. Para o aluno, é fundamental porque faz com
que ele enfrente desafios pedagógicos fora do contexto escolar, além de ajudá-lo a construir autonomia, a esta-
belecer uma rotina e a melhorar a capacidade de organização. Para o professor, é uma atividade útil porque lhe
permite verificar quais são as dificuldades e deficiências dos alunos e, consequentemente, tentar saná-las com
atividades de reforço. Para os pais, é uma maneira de acompanhar o que está sendo ensinado na escola do filho.
(Marina Azaredo. “Lição de casa: um dever para todo dia”. http://educarparacrescer.abril.com.br, 24.02.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
EXCLUIR A LIÇÃO DE CASA DAS ATIVIDADES ESCOLARES É BENÉFICO PARA OS ALUNOS?

102
L C ENTRE
PRONTUÁRIO

FRASES

L C
ENTRE
FRASES
Prontuário
Meta 2019:

Conquistar uma vaga no curso de Medicina.


Para conquistar a sua meta, divida-a em objetivos menores. Assim, fica mais fácil acompanhar a sua evo-
lução:

Escrever redações nota dez.


Para atingir esse objetivo:

Escrever _____ redações por semana.

Minhas Notas
Semana 1 2 3 4 5
Check

Redações Extras
Extras 1 2 3 4 5 6 7 8
Original

Reescrita

LEMBRE-SE:

As notas fazem parte de um processo. Cada uma representa uma avaliação


pontual.
É importante olhar para elas e autoavaliar-se para desenhar estratégias
que ajudem a melhorar seus textos.

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