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“Sapiens” de Yuval Harari

Resumo

Parte 1: A revolução cognitiva

A física é a história da matéria/energia/tempo/espaço


surgidos com o Big-Bang há 13,5 bilhões de anos;
A química é a história dos átomos, das moléculas e de suas
interações a partir do surgimento da matéria;
A biologia é a história dos organismos surgidos na Terra
há cerca de 3,8 bilhões de anos;
A História fala do desenvolvimento das culturas humanas
surgidas há 70 mil anos que os organismos pertencentes à
espécie Homo sapiens começaram a formar.

Três importantes revoluções definiram o curso da história:


- ​a revolução cognitiva deu início à história, há 70 mil
anos.
- ​a revolução agrícola acelerou a história, há cerca de 12
mil anos.
- ​a revolução científica​ começou há apenas 500 anos.

Harari, em “Sapiens”, conta como essas três revoluções


afetaram os seres humanos e os demais organismos.

A coisa mais importante a saber sobre os humanos


pré-históricos é que eles eram animais insignificantes, sem
impacto sobre o ambiente, maior do que o de gorilas,
águas-vivas e vagalumes.
Não fomos os únicos humanos

O Homo Sapiens pertence a uma família, como a dos


felídeos e a dos canídeos, apesar de o Sapiens ter preferido
conceber a si mesmo como separado dos animais. Nós
somos da família dos grandes primatas.
Há apenas 6 milhões de anos, uma fêmea primata teve
duas filhas: uma delas se tornou a ancestral de todos os
chimpanzés; a outra é a nossa avó!
No entanto nós não somos os únicos humanos da história,
nos últimos 10 mil anos, sim, foi a única espécie humana a
existir. Mas o significado da palavra “humano” é “animal
pertencente ao gênero Homo, e antes desses dez mil anos
havia varias espécies desse gênero Homo, além do
Sapiens, como o Homo rudolfensis, da África oriental; o
Homo erectus, da Ásia oriental; o Homo neandertalensis,
da Europa e Ásia ocidental. Todos são humanos. Eles não
são nossos ancestrais, eles são nossos primos.

Nossa espécie se caracteriza por um cérebro muito grande


em relação ao corpo. É um cérebro gigante que é
extremamente custoso para o corpo, consome 25% da
energia do corpo, mesmo quando está em repouso. O
cérebro de outros primatas requer apenas 8% de energia,
me repouso. Não sabemos o que impulsionou o enorme
crescimento do cérebro humano nestes últimos 2 milhões
de anos. O fato é que, para o homem da savana, esse
cérebro enorme era um problema, não era nenhuma
vantagem, obrigava a uma constante busca de alimento
para abastecê-lo. Por vantagem, os humanos andavam
sobre os pés e tinham as mãos livres e hábeis, o que
possibilitou que passasse a usar ferramentas há cerca de 2
milhões de anos.

Esse cérebro grande fez com que as fêmeas morressem de


parto frequentemente. As que davam à luz mais cedo
sobreviviam: eis porque a seleção natural favoreceu os
nascimentos precoces, e portanto somos uma espécie de
filhos prematuros, e dependemos por muitos anos dos
mais velhos para sustento, proteção e educação. Isso
contribuiu enormemente para as extraordinárias
habilidades sociais da humanidade. Mas também para seus
problemas sociais: por exemplo, a necessidade de as
mulheres precisarem de ajuda para sustentar a prole a a si
mesmas quando as crianças ainda estão muito pequenas. É
portanto necessária uma tribo para criar humanos. Foi
assim que a seleção favoreceu aqueles capazes de formar
fortes laços sociais. Igualmente nós podemos ser educados
e socializados muito melhor do que qualquer outra
espécie: eles nascem muito mais cristalizados, e nós muito
mais moldáveis.

A nossa evolução para que nos tornássemos “reis do


mundo”, principal predador do planeta, foi muito rápida, e
portanto muito pouco acomodada em comparação ao resto
dos animais, de tal maneira que nós somos muito
inseguros de nossa posição, continuamos muito frágeis, e
como consequência com uma vontade de afirmação sobre
os outros muito grande, o que nos torna
extraordinariamente perigosos para o resto dos seres vivos,
porque somos predadores perigosos.
A maior parte dos predadores do planeta é composta de
criaturas grandiosas: milhões de anos de supremacia os
encheram de confiança em si mesmos. Por oposição, o
Sapiens está mais parecido com um ditadorzinho de
república de bananas, ele é meio complexado. Tendo sido
até há pouco tempo um dos oprimidos da savana, somos
tomados por medos e ansiedades quanto a nossa posição, o
que nos torna duplamente cruéis e perigosos.

Fogo

Um ponto central da nossa evolução foi a domesticação do


fogo, ela tem apenas 300 mil anos. A partir daí os
humanos podiam se proteger dos leões, tinham calor, e luz
à noite. A partir dessa época os humanos podem ter
começado a fazer queimadas deliberadamente,
transformando florestas em campos de caça. Mas a melhor
coisa que o fogo possibilitou foi o hábito de cozinhar.
Alimentos que não são digeríveis em forma natural, como
trigo, arroz e batata, se tornaram itens essenciais da dieta,
por causa do cozimento. Além de ter nos liberado um
tempo enorme, pois enquanto os chimpanzés passam cinco
horas por dia mastigando alimentos crus, uma hora por dia
é suficiente para que se comam alimentos cozidos. É
provável que o cozimento de alimentos tenha induzido o
crescimento do cérebro humano, porque, já que o cérebro
demanda tanta energia, tendo-se facilidade de ingestão
maior de alimentos, nós abrimos a possibilidade de ter
cérebros maiores. Também ao domesticar o fogo os
humanos ganharam uma vantagem sobre o resto dos
animais: ganharam o controle de uma força
potencialmente ilimitada. Ao mesmo tempo, a nossa
capacidade de destruição aumentou imensamente, já que
uma única pessoa com uma vareta pode queimar uma
floresta inteira em questão de horas.

Mas mesmo com o fogo, há 150 mil anos os humanos


ainda eram criaturas marginais, e não passavam de 1
milhão em todo o planeta. Os Sapiens eram, portanto,
apenas uma parte desse milhão.
Humanos genocidas

Há cerca de 70 mil anos, os Sapiens da África começaram


a subir para a península arábica, e dali para a Eurásia.
Quando eles chegaram, a maior parte da Eurasiá já era
ocupada por outros primos humanos. O que aconteceu
com eles? Há duas teorias:
- a teoria da miscigenação: por exemplo, os neandertais
procriando com os Sapiens até que as duas populações se
fundissem.

- a teoria oposta é a teoria da substituição: uma história de


incompatibilidade e de genocídio. A ideia é que eles não
poderiam produzir descendentes férteis, mesmo que
procriassem entre eles, por haver uma diferença genética
muito grande. De acordo com esta teoria, o Sapiens
substituiu TODOS os primos humanos através de
genocídio, e isso há apenas 70 mil anos.

A teoria da substituição é a que prevalece hoje em dia.


Mesmo que tenha havido miscigenação, e os aborígenes
australianos tenham DNA de outros primos que não os
Sapiens, é majoritariamente acertado dizer que a teoria da
substituição é aquela que prevaleceu. “É bem possível que
quando os Sapiens encontraram os neandertais, o resultado
tenha sido a primeira e mais significativa campanha de
limpeza étnica da história”, diz Harari.

O fato é que a ausência de nossos primos torna fácil


imaginar que nós somos o ponto alto da criação. Quando
Darwin sugeriu que o Sapiens era apenas “mais uma
espécie animal”, as pessoas ficaram furiosas. Mas a
pergunta que fica é, como o Sapiens conseguiu se instalar
tão rapidamente em tantos habitats tão diferentes e
distantes? Como conseguimos eliminar todas as outras
espécies humanas? Como nem mesmo os neandertais
conseguiram sobreviver a nós? A resposta mais provável é
que o Sapiens consquistou o mundo, acima de tudo, graças
à sua linguagem única.

A hipótese de Harari para explicar o genocídio dos


neandertais é que eles eram “similares demais para se
ignorar, mas diferentes demais para se tolerar”. Não se
pode dizer se os Sapiens são ou não culpados desse
genocídio, mas o fato é que tão logo eles chegavam a um
novo local, a população nativa era extinta.

Qual é o segredo do sucesso dos Sapiens? Como eles


conseguiram condenar todas as outras espécies humanas
ao esquecimento? A linguagem única, o que torna o debate
possível, é capaz de promover força de grupo como
nenhuma outra coisa.

2. ​A árvore do conhecimento
Data de 70 mil anos atrás as coisas extraordinárias feitas
pelo Sapiens, como deixar a África, expulsar os
neandertais, chegar à Europa e ao leste da Ásia, atravessar
o mar aberto e chegar à Austrália. Então, de 70 a 30 mil
anos, eles inventaram barcos, lâmpadas a óleo, arcos e
flechas, agulhas para costurar roupas quentes essenciais,
primeiros objetos de arte e joalheria, primeiros sinais de
religião, comércio e estratificação social.

O surgimento de novas formas de pensar e de se


comunicar – entre 70 e 30 mil anos atrás – constitui a
revolução cognitiva.

Possivelmente, mutações genéticas acidentais


possibilitaram que os Sapiens começassem a pensar e se
scomunicar utilizando um tipo de linguagem totalmente
novo. Essas são as mutações da ​árvore do conhecimento.

Nós não somos os únicos que têm uma linguagem, até


insetos têm uma linguagem. Também não somos os únicos
que têm linguagem vocal: muitos animais, como macacos,
vocalizam “cuidado!” (Cuidado, leão!; cuidado, uma
águia!). Os Sapiens podem produzir muito mais sons que
macacos ou baleias. Eles também têm habilidades
impressionantes: um papagaio pode dizer qualquer coisa,
mas o que é especial em nossa linguagem é a sua
versatilidade. Podemos produzir uma série ​limitada de
sons para produzir um número ​infinito de frases. Podemos
assim consumir, armazenar e comunicar uma quantidade
extraordinária de informação.
Uma teoria defende que nossa linguagem evoluiu, não
como uma forma de transmitir informações sobre comida,
mas principalmente como uma forma de ​fofoca​! Sendo o
Sapiens um animal social, e a cooperação social sendo
essencial para a sobrevivência e a reprodução, a fofoca
teve aí seu uso.

Foi assim que os Sapiens puderam desenvolver formas de


cooperação mais sólidas e sofisticadas. Mas a
característica verdadeiramente única de nossa linguagem
não é só de transmitir fofoca e informações sobre perigos e
comida, e sim a ​capacidade de transmitir informação sobre
coisas que não existem!

Até onde sabemos, só os Sapiens podem falar sobre tipos


de entidades que nunca viram, provaram, tocaram ou
cheiraram: são lendas, são mitos, são deuses e religiões
que apareceram com a revolução cognitiva.

Essa capacidade de falar sobre ficções é a característica


mais singular da linguagem dos Sapiens.

Foi a ficção, e a capacidade de construí-la, que nos


permitiu não só imaginar coisas, mas também fazer isso
coletivamente. Podemos tecer mitos partilhados, como a
história bíblica. ​Tais mitos dão ao Sapiens a capacidade de
cooperar de modo versátil​. Formigas e abelhas também
cooperam, mas não o fazem de forma versátil, fazem-no
de forma rígida e programada, com seus parentes
próximos. Lobos e chimpanzés também cooperam, e de
forma mais versátil que as formigas, mas só com um
pequeno número de indivíduos que eles conhecem
intimamente. ​Os Sapiens podem cooperar de maneira
flexível com um número incontável de estranhos.

É por isso que os Sapiens governam o mundo.

A questão, portanto, é a quantidade de indivíduos que a


linguagem, e os mitos inventados, alcança. Um grupo de
chimpanzés pode ser liderado por um macho-alfa através
de uma coalizão, mas o grupo sempre será pequeno, e ele
sempre será o centro da coalizão. Não haverá uma
coalizão em torno de um deus, que abranja milhões de
pessoas.

A fofoca e os laços de conhecimento podem reunir grupos


grandes humanos: o máximo de um grupo natural é de 150
pessoas, o equivalente ao o que temos de pessoas
próximas de nós, hoje em dia, se você for contabilizar os
seus conhecidos. Como o Sapiens conseguiu ultrapassar
esse limite crítico, fundando cidades com dezenas de
milhares, e impérios com centenas de milhões? ​O segredo
foi provavelmente foi o surgimento da ficção​.

Um número grande número de estranhos pode cooperar de


maneira eficaz, ​se acreditar nos mesmos mitos.

Toda a cooperação humana em grande escala se baseia em


mitos partilhados. As igrejas se baseiam em mitos
religiosos: dois católicos que nunca se conheceram podem
lutar juntos; os Estados se baseiam em mitos nacionais
partilhados: dois alemães podem lutar juntos porque
acreditam no nazismo.
O impressionante é que dos mitos partilhados, ​nada existe
fora das histórias que as pessoas inventam e contam umas
ás outras.
Nem há deuses, nem nações, nem dinheiro, nem direitos
humanos, nem leis, nem justiça… fora da imaginação
coletiva dos Sapiens.

Um dos mitos impressionantes da criação humana são as


empresas de responsabilidade limitada, uma das invenções
mais engenhosas da humanidade. Se no século XIII uma
pessoa quisesse abrir uma oficina para fabricar vagões na
França, ele próprio seria o negócio. Se o negócio
quebrasse, ​ele estava pessoalmente ferrado. Qualquer um
era totalmente responsável, de maneira ilimitada, por todas
as obrigações assumidas para criar o seu negócio. Se você
tivesse vivido naquela época, pensaria duas vezes antes de
abrir um negócio próprio. Isso desencorajava o
empreendedorismo. Foi a partir daí que as pessoas
começaram a imaginar a existência de empresas de
responsabilidade limitada (Companhia Ltda.). As
empresas eram legalmente independentes das pessoas que
as fundavam. Ou seja, as empresas podiam quebrar, mas
as pessoas não quebravam. Nos Estados Unidos, o termo
técnico para empresa de responsabilidade limitada é
“corporação”, porque justamente uma empresa dessas não
tem corpo, é irônico. Apesar de não ter corpo real, o
sistema jurídico americano trata as corporações como
pessoas jurídicas​, como se fossem seres humanos.

Bem, essas são histórias eficazes. Mas contar histórias


eficazes não é fácil. A dificuldade está em convencer as
pessoas a acreditarem na história.
Grande parte da nossa História gira em torno dessa
questão: como convencer milhões de pessoas a
acreditarem em histórias específicas, sobre deuses, nações,
ou empresas de responsabilidade limitada. Quando isso
funciona, dá ao Sapiens um poder imenso, porque
possibilita que milhões de estranhos cooperem com
objetivos em comum. (Nota do resumista: quando meus
filhos me perguntavam se papai Noel existia, eu respondia
que sim, que existia muito mais que nós mesmos, porque a
gente acaba morrendo e sendo esquecida, ele não!).

Essas ficções, essas realidades imaginadas, não são


mentiras. Eu minto quando digo que há um leão perto do
rio, se não houver leão nenhum. Ao contrário da mentira,
uma realidade imaginada é algo em que todo mundo
acredita. E enquanto essa crença partilhada persiste, a
realidade imaginada exerce influência no mundo.

Portanto, desde a revolução cognitiva os Sapiens vivem


uma realidade dupla: a realidade objetiva dos rios, das
árvores e dos leões, por um lado; e por outro, a realidade
imaginada de deuses, nações e corporações.

Com o passar do tempo, a realidade imaginada se tornou


ainda mais poderosa, de modo que hoje a própria
sobrevivência de rios, árvores e leões depende da graça e
da boa vontade de entidades imaginadas, tais como deuses,
nações e corporações.

Agora, é curioso que essas realidades imaginadas, esses


mitos, podem mudar muito depressa: em 1789, a
população francesa, quase da noite para o dia, deixou de
acreditar no mito do direito divino dos reis, e passou a
acreditar no mito da soberania do povo. Isso produziu uma
mutação, não mais do DNA, mas uma ​mutação cultural.

Abre-se uma via expressa de mutação cultural,


contornando os engarrafamentos da mutação genética.
Acelerando por essa via expressa, o Homo Sapiens logo
ultrapassou todas as outras espécies humanas em sua
capacidade de cooperar.

Comparamos o comportamento dos outros animais sociais,


levando em conta que eles são muito determinados pelo
DNA, pelos genes. Nas abelhas e nas formigas o gene
impera, o gene é um ditador. Nos outros animais, há uma
interação com os fatores ambientais maior, mas em
ambiente estável, animais da mesma espécie costumam se
comportar da mesma maneira.

Agora, no caso do Sapiens, desde a revolução cognitiva,


apesar de ele ter levado milênios para dar pequenos
passos, a partir dali o Sapiens têm sido capazes de mudar
seu comportamento rapidamente. O ambiente gerando uma
mutação cultural que ele absorve e utiliza com rapidez,
sem necessidade de qualquer mudança genética. Olhe o
exemplo chocante das elites sem filhos, como a classe
sacerdotal católica: a existência dessas elites vai contra
todos os princípios da seleção natural, já que esses
membros dominantes deliberadamente abrem mão da
procriação. É essa abstinência não resulta de condições
ambientais singulares, nem nada. A igreja católica
sobreviveu por séculos, não por transmitir um gene do
celibato, mas por transmitir histórias do Novo Testamento
e do direito canônico católico.

No conflito com o neandertal, os grupos de Sapiens


podiam operar em cima de princípios imaginados,
reunindo muito mais gente, enquanto que os neandertais
estariam fazendo coligações pequenas e familiares, de
modo que eles estavam destinados a perder, mesmo.

Por exemplo, o comércio é uma vantagem para o Sapiens


inacreditável: na Nova Guiné os Sapiens usavam pedra de
obsidiana para cortar coisas. Só que não existe obsidiana
natural na Nova Guiné. Ela vinha da Nova Bretanha, que
fica a 400km dali. Alguns de seus habitantes foram
navegantes que percorreram longas distâncias, negociando
de ilha em ilha.

O comércio pode parecer uma atividade pragmática que


não requer nenhuma base fictícia, nenhuma invenção. Mas
o fato é que nenhum outro animal além do Sapiens pratica
o comércio. E todas as redes de comércio do Sapiens se
baseiam em ficção: o comércio não pode existir sem
confiança, e é muito difícil confiar em estranhos. A rede
de comércio mundial de nossos dias se baseia em
confiança em entidades imaginárias, tais como o dólar, as
marcas registradas.

O que aconteceu na revolução cognitiva?


Resumindo: a cada nova habilidade, novos benefícios.
Exemplos:
A habilidade de transmitir maiores quantidades de
informação sobre o mundo. Benefício: planejamento e
realização de ações complexas.
Capacidade de transmitir informações sobre as relações
sociais. Benefício: grupos maiores e mais coesos.
Capacidade de transmitir informações sobre coisas
imaginárias. Benefício: cooperação entre números
enormes de estranhos, e rápida mutação cultural, rápida
inovação do comportamento social.

Culturas: ​nós chamamos de culturas a imensa diversidade


de realidades imaginadas e sua decorrente imensa
diversidade de padrões de comportamento.
Desde que apareceram, as culturas nunca pararam de se
transformar. A essas alterações irrefreadas, chamamos de
História.

A revolução cognitiva é o momento em que a História


declarou independência da biologia.

A partir da revolução cognitiva, as narrativas históricas


substituem as narrativas biológicas como principal meio
de explicar o desenvolvimento do Sapiens. Para entender a
revolução francesa não adianta entender a interação entre
genes e hormônios. É necessário entender a interação entre
ideias e fantasias.

A diferença de nossa espécie para outras não é encontrada


ao nível de indivíduo ou de família: em grupos pequenos
nós somos embaraçosamente similares aos chimpanzés. As
diferenças significativas só começam a aparecer quando
ultrapassamos os 150 indivíduos. Quando chegamos a mil
ou 2 mil indivíduos, as diferenças aí são assombrosas. Se
você tentasse agrupar milhares de chimpanzés dentro do
Maracanã, o resultado seria um pandemônio. Já nós, nos
reunimos regularmente em tais lugares, e voluntariamente.

Isso também fica claro na nossa capacidade de


confeccionar ferramentas. Enquanto um neandertal seria
capaz de fazer lanças com pontas de sílex, Albert Einstein,
que era muito menos hábil com as mãos, foi capaz de
cooperar com um grande número de estranhos para fazer
uma ogiva nuclear, que é resultado da cooperação de
milhões de estranhos entre si em todo o mundo, desde os
mineiros que extraem urânio, até engenheiros em
laboratórios de física.

Resumindo as relações entre biologia e história após a


revolução cognitiva:
A. A biologia estabelece parâmetros básicos para o
comportamento e capacidade do Sapiens.
B. No entanto, essa arena é suficientemente grande para
que os Sapiens joguem uma variedade enorme de
jogos, através da habilidade de criar ficções.
No próximo capítulo: como era a vida nos milênios que
separaram a revolução cognitiva da revolução agrícola.

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