Você está na página 1de 1

Pag.

49

1. Através das frases declarativas, o sujeito poético refere o seu estado de espírito que
está em constante mudança e apresenta uma multiplicidade de personalidades “Não
sei quantas almas tenho”. Os verbos “estranho” e “tenho” (presente do indicativo)
remetem para a dúvida acerca do seu estado de espírito. A forma verbal “mudei”
realça as mudanças de “alma” ocorridas ao longo da sua vida. Existe uma alternância
temporal presente/passado aliada ao advérbio de modo “continuamente”, que
expressa a constante fragmentação sentida pelo sujeito poético, ontem, hoje, sempre.
Por fim, o eu lírico faz uma autorreflexão sobre as suas transfigurações e nunca soube
quem era de verdade “Nunca me vi nem achei”.

1.1 A anáfora evidenciada pela repetição do pronome “Quem” realça indeterminação da


identidade do sujeito poético assim como da sua unidade.
1.2 O “eu” afirma que perdeu a sua entidade pois “tanto ser” e “só tenho alma”, isto como
sente e pensa de formas distintas, não sabe “quem é”.
2. A inconstância psicológica provoca várias alterações no sujeito poético, tais como,
“Torno-me neles e não eu”: transforma-se noutras personagens que divergem do “eu”
verdadeiro e apresentam sonhos e desejos independentes de si mesmo. Dessa forma,
apenas serve de “paisagem” por onde muitos passam e ele apenas cumpre aquela tal
“passagem” sem apresentar uma existência real, emocional e verdadeira “Não sei
sentir me onde estou”.

2.1 “Diverso, móbil e só” reflete a sua personalidade: “diverso” devido à sua
multiplicidade de almas, mas que se apresentam fragmentadas; “móbil” pois encontra-
se sempre em constante mudança e, por isso, encontra-se sempre isolado e solitário,
daí “só”.

3. Na última estrofe, com o conector “Por isso” são referidas as consequências da


personalidade do sujeito poético, e “vou lendo” remete para o seu processo contínuo
de autoanálise.

Você também pode gostar