“A única coisa que temos de temer somos nós mesmos”.
Independentemente da nossa preferência
relativamente a um estilo literário, devemos sempre arriscar e abrir os nossos horizontes a novos desafios. Por isso, decidi escolher “Viagens na minha terra” de Almeida Garrett. Confesso que este livro superou bastante as minhas expectativas. No início, achei-o um pouco entediante. Admito que, a partir de um certo momento da minha leitura, o livro despertou uma curiosidade incessante em mim de descobrir a “nova aventura” que se escondia na página seguinte. Após a leitura das Viagens, fiquei com a impressão de que se trata de uma obra simples, escrita num estilo coloquial e equilibrado. Porém, esta aparente simplicidade é enganadora, pois, quando procuro analisar as impressões retidas na leitura, as dificuldades surgem e percebo que esta obra apresenta uma estrutura muito mais complexa do que aparenta ter. Por exemplo, é difícil classificar esta obra quanto ao género literário devido à “liberdade” que Garret concebeu ao plano das suas “Viagens”. De facto, esta complexidade é suscitada devido à presença de vários géneros, como o ensaio, a crónica, a novela, a autobiografia, … Viagens na Minha Terra é uma obra fundamental do nosso Romantismo e anunciadora da moderna narrativa portuguesa. “Viagens na minha Terra” foi publicado pela porto editora. Como podemos observar, na capa está ilustrada um pássaro, concretamente, um rouxinol. No meu ponto de vista, o rouxinol simboliza a “liberdade” que Garret concebeu ao plano das suas “Viagens”. Por outro lado, este pássaro está associado à novela “Menina dos Rouxinóis” que é contada de forma encaixada, na viagem. Gostaria que prestassem, particularmente, atenção ao título. Já que o livro trata de apenas uma viagem que vai de Lisboa a Santarém, por que o autor coloca viagem no plural? Estas “viagens” fazem referência a uma série de reflexões políticas, históricas, filosóficas e existenciais que o autor-narrador trabalha no texto. Assim, estas “viagens” não tratam apenas de um deslocamento físico, mas também de um “deslocamento psicológico”. Na contracapa, está presente um retrato de Almeida Garrett. A obra é composta por dois eixos narrativos distintos. No primeiro, o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas, … , com um tom fortemente subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades. Já o segundo eixo, que é interposto no meio dos relatos de viagem, conta o drama amoroso “Menina dos Rouxinóis” que envolve cinco personagens. Inicialmente, o narrador expressa a sua