ÍNDICE: 4 - Iniciação e timidez sexual/

6 - Masturbação / 7- Variantes do
impulso sexual /10- Sexualidade
feminina / 18 • Homossexualidade
masculina / 22 - Emocional /27-Saúde/
29 - Depoimento / 32 - Ponto de
encontro / 33 - Opinião
 Iniciação
e timidez sexual
"COMO LEVAR MINHA GAROTA AO ORGASMO?"
'TÍMIDO, ANDO FUGINDO DAS PESSOAS"...

19 anos e minha primeira fico afobado, nervoso e ejaculo antes

experiência sexual foi justamente com
minha namorada Para ela também foi
a primeira vez. Já tivemos três rela-
ções, mas até agora ela não chegou a
a f ã g r o orgasmo Na hora eu sempre
4 confissões
que ela consiga. Daí, então, ela desani-
ma embora não fique chateada comigo.
Assim mesmo, meu sonho é fazer com
que ela também sinta o prazer"...
(A.C. O.J.-São Paulo/SP)
 A pressa, nesse caso, é inimiga da
perfeição. 0 ideal mesmo seria conse-
guir um local adequado e uma oportu-
nidade em que não houvesse pressa. 0
fator tempo é muito importante para
se conseguir um resultado satisfatório
no relacionamento sexual.
Inicialmente, procure ficar bem des-
contraído e fazer o mesmo com sua
parceira, conseguindo um clima sem
nenhuma tensão nem preconceito. Em
segundo lugar, não tenha essa preocu-
pação obsessiva pelo orgasmo: nas pró-
prias carícias íntimas pode estar um
prazer tão importante quanto o
orgasmo.
A exploração corporal mútua, o acari-
ciamento íntimo, constitui o prelúdio
e o fator mais importante para o suces-
so do desempenho. A carícia através
dos beijos e também com o uso das
mãos. na boca. nos lóbulos da ore-
lha, ao pescoço, nos seios e ate mesmo Não há nada de anormal no seu caso;
na região genital, quando praticado é uma simples questão de disciplina,
por ambas as partes, é caminho certo tempo e experiência. Como se trata
para plena exalação Ao mesmo tem- de suas primeiras experiências, é natu-
po, as mãos irão percorrendo as vá- ral que o seu grau de excitação seja de
rias regiões do corpo, chegando até uma voltagem tão alta, ocorrendo a
á genital. Roçar de leve o clitóris com ejaculação logo após a penetração.
a palma das mãos e os dedos, ao mes- Não se pode dizer que você seja por-
mo tempo em que você conduz a tador de uma ejaculação precoce: to-
mão da parceira até o pênis: a mastur- do jovem nestas condições tem reação
bação simultânea prepara o ponto má- idêntica.
ximo da excitação. Esse ponto do es- À medida que o ato sexual seja pra-
t á g i o da excitação na mulher é revela- ticado com maior freqüência, irá
ndo pela umidade da vagina: é a secre- desaparecendo esse quadro. É impor-
ção do líquido encarregado de lubrifi- tante que você observe se sua parceira
cá-la, preparando-a para a penetração está alerta quanto ao método anticon-
do pênis. cepcional que deve usar. A esse respei-
Tente disciplinar a ejaculação num to, o capítulo "Sexualidade Feminina",
tempo suficiente para que a parceira nesta mesma revista, tem trazido sem-
também obtenha o orgasmo. Para isso pre informações seguras.
é aconselhável que algumas horas antes
do encontro você pratique a mastur-
bação. Isso evitará também que duran-
te o prelúdio, enquanto excita a par-
ceira, você chegue à ejaculação, uma
ocorrência bastante comum.
confissões 5
 Masturbacão
"MASTURBAÇÃO PROVOCA QUEDA DE CABELO'"

OS 27 anos, estou perdendo to-

do o cabelo da nuca, ficando comple-
tamente careca. Não sei o que fazer.
Sou um rapaz pobre e não tenho con-
dições de consultar um médico par-
ticular.
Gostaria que você me indicasse um
produto que pudesse resolver meu
problema. Já fiz muitas experiências
com fórmulas, mas não consegui evi-
tar a queda. A única coisa que faço
constante é me masturbar. Poderá ser
esta a causa da queda do cabelo?
Ajude-me, por favor, tenho medo de
ficar careca". (P.C.F. - Recife/PE)

A masturbação não causa a queda

dos cabelos; portanto, não tem relação
alguma com o seu problema estético.
Devemos nos preocupar com a aparên-
cia, mas não dar a ela uma importân-
cia fundamental. Ela é apenas um
complemento estético, não um valor
decisivo para o ser humano. 0 caráter,
a personalidade, a formação cultural, o
aprimoramento profissional e o rela-
cionamento afetivo, estes sim, devem
ser a nossa pedra-de-toque. Entendo
que a queda dos cabelos, a chamada
calvície, seja desagradável para alguns,

6 confissões
 Variantes do
impulso sexual
E ERRADO UM RAPAZ DE 19 SE APAIXONAR POR MULHERES
DE 40 ANOS?" "QUANDO TOMO CRIANÇAS NOS BRAÇOS
FICO SEXUALMENTE EXCITADO"...

um jovem de 19 anos, há nada de anormal, confor-

simpático e atraente, mas tenho uma
grande dúvida. Há algo de errado em
um rapaz de 19 anos se apaixonar por
uma mulher de 40 anos? Como se
deve agir para conquistar seu amor?"...
(O.F.R. - São José do Rio Preto/SP)
me focalizamos em problema apresen-
tado a seguir, na resposta à próxima
carta. É normal, natural, aceitável,
viável e o título de mais que se queira
dar em peso positivo, em força de oti-
mismo a um amor que vence a barrei-

confissões 7
 ra da idade. O que existe é um precon-
ceito muito grande, separando as pes-
soas em compartimentos estanques,
como se fossem animais prontos para
a engorda ou para o abate. Na verdade
não há barreiras entre um rapaz de 19
anos e uma mulher de 40 anos, depen-
dendo do grau de amadurecimento do
primeiro e a flexibilidade da segunda.
Não que ela deve "tentar ser um bro-
tinho", mas deverá saber ser mulher,
amante, amiga e companheira e não a
"mãe" desse jovem que está saindo da
adolescência. Se o amor é plenamente
correspondido, tudo bem. A melhor
coisa do mundo é o diálogo franco e
sincero. Sabe-se que uma união entre
duas pessoas, mesmo que estejam em
faixa etária igual, nem sempre é muito
fácil. Há um longo período de ajusta-
mento até que se decida pelo casa-
mento. A forma de agir com uma mu-
lher de 40 anos não difere muito da
"técnica" que seria utilizada com uma
de 20. Há o mesmo sonho, a mesma
poesia e é preciso que se coloque os
pés na terra, enfrentando a realidade.
Sabe-se que uma mulher de 40 anos
talvez já não possa lhe dar um filho:
antes de tudo é bom uma visita ao
médico ginecologista. Há este deta-
lhe e muitos outros que vocês deverão
discutir, um plano de amizade e com-
preensão, com uma visão realista das
coisas. Se o amor for bastante forte,
o sonho e a poesia serão complemen-
tos essenciais, mas não a única e frá-
gil base de uma união.

QUANDO TOMO CRIANÇAS NOS

BRAÇOS FICO SEXUALMENTE
EXCITADO

uma mulher de 33. Temos um casal de

filhos. Eu e minha mulher nos adaptá-
8 confissões
da para o ato sexual. O fato de praticar
este ato. em relacionamentos ocasio-
nais, seis vezes por noite, registra ape-
nas um acumulo ao qual você vem se
confinando. É sabido que uma vida
sexual equilibrada e constante dentro
do casamento é a ideal mas também a
mais difícil, porque a rotina, o ambien-
te familiar, o trabalho exaustivo, con-
dicionam a um certo desleixo. Nas
aventuras tais cartas não se verificam.
Nada leva a crer na primeira parte de
sua carta que seja sua esposa a respon-
sável por seus sofrimentos. Ela vem
sendo como você, uma vítima. Já o
problema da excitação que o contato
con) crianças, até mesmo seus filhos
lhe causa, esclarece um pouco mais o
seu problema. Não há no seu peito ou
braços uma área erótica que ao levan-
tar uma criança venha a excitá-lo?
De qualquer forma há em você um
problema de natureza psíquica que
deve ser analisado por um profissio-
nal competente. Procure um psicana-
lista em sua cidade, conte-lhe seu sofri-
mento com todos os detalhes que sua
carta não nos forneceu. Só ele poderá
ajudá-lo eficazmente trazendo-lhe de
volta a felicidade que hoje lhe parece
tão distante
confissões 9
 Sexualidade feminina
"MEU MARIDO É SEXUALMENTE FUJO"
"FUI VIOLENTADA POR UM MONSTRO*"
SÓ EXPERIMENTEI ORGASMO NAS PRIMEIRXS RELAÇÕE

gostaria de ter sua atenção

para os meus problemas. Tenho trin-
ta e quatro anos, sou mulata, magra,
alta. Já fui manequim e fiz programas
com homens ricos, mas um dia encon-
trei meu verdadeiro amor. Ele é bran-
co e dez anos mais velho que eu.
Amamo-nos muito, deixei de sair com
outros, vivi para ele apenas. Nasceu mi-
nha filha e passei a dedicar-me de cor-
po e alma para o meu homem, à mi-
nha filha e à minha casa. Mas não con-
sigo diálogo com ele. Apesar de ser
bastante comunicativa e educada, com
ele não posso conversar. Ele só grita,
xinga, bate a porta e sai de casa e
quando volta não quer falar comigo.
Sua agressividade, embora nunca me
10 confissões
Quando tomo a iniciativa ele diz
"dorme". Freqüentemente eu choro,
saio da cama, fumo, tomo café, curto
música baixinho, meu ventre dói só de
encostar uma perna na outra, tenho
ondas de gozo, e quando percebo que
ele já dormiu, volto a deitar. Sempre
que tento falar com ele sobre o assun-
to, ele me ofende, mandando-me
olhar ao redor e ver que nada me fal-
ta. Este problema já dura há anos, sei
que ele é homem, mas é frio, sexual-
mente. Preciso de sexo duas a três
vezes por noite, faço uma vez, fico
querendo mais. Gosto das brincadei-
ras preliminares entre nós, da parte
erótica, talvez seja tarada, não sei.
Pensei que. com o tempo, eu esfriaria,
mas isto não aconteceu. Porém, algo
O SER HUMANO É FEITO PARA
RELACIONAR-SE, DIALOGAR,
E CONVIVER.
está me preocupando ultimamente em-
bora eu goste da idéia. De poucos anos
para cá tenho pensado em sexo com
outra mulher. Não que eu não seja
feminina (sou até bastante) mas não
posso imaginar um amante masculino.
Fico muito só, na verdade só saio
com minha filha, de carro e durante o
dia. Se amasse outra mulher, tivesse
uma amiga intima especial, teria com
quem falar e trocar idéias. Por outro
lado. não sei se gostaria de uma ho-
mossexual, tipo machona, mandona.
Desejaria uma mulher também carente
de compreensão, para que nós duas
nos curtíssemos, fôssemos ao cinema,
às compras, sem aquilo de chamar
atenção para a transa que tivéssemos.
Seria lindo, divino, só nosso. Gosto de
seios, em meus pensamentos eróticos
não consigo pensar em homens, só
em mulheres. Quando uma das minhas
amigas me toca, por brincadeira, eu
disfaço, mas fico excitada. Não penso
em transar com amiga. Quero alguém
que eu não conheça ainda. Já pensei
que meu caso seja porque, no fundo,
mulher é oposto dele, outro sexo. Se-
ria algo romântico, com compreensão
maior. Concluí que esta hipótese é
falha porque, mesmo quando faço
amor com meu marido, às vezes ima-
gino que estou com outra mulher. Is-
to me excita muito e sinto que preciso
disto como se precisa de água. Com
meu companheiro as coisas vão de mal
a pior. Já cansei de procurá-lo para o
sexo. Quando ele gritava antes, eu ro-
gava que não o fizesse. Agora, fico
calada não consigo abrir a boca. No
dia seguinte vem a insônia, as dores
musculares e o nervoso. Gostaria de
separar-me dele, mas não sendo casa-
da, tenho medo de não poder susten-
tar minha filha dentro do padrão que
ele nos dá. Minha filha é muito caren-
te e por nada a deixaria passar neces-
sidades. Ela é muito bonita. Ele nunca
falou em separação (eu já, várias
vezes) diz sempre que gosta de mim,
passa os fins de semana em casa, na-
da me nega, é bom pai, adora a filha,
não me falta nada, a não ser sexo.
confissões 11
Não sei quem está errado. Sou sadia,
quando fazemos amor procuro esgo-
tá-lo, amá-lo demais, me entrego para
valer, ele diz que sou maravilhosa,
gostosa. Como explicar este desejo que
tenho por mulher? Gostaria de levar
adiante, talvez eu me realize emocio-
nal e sexualmente. Já pensei que o fato
do meu marido ter um irmão impo-
tente há anos e tomar remédios para
pressão alta, pudesse estar influindo.
Nina, dê-me uma ajuda e que Deus a
proteja". (Tranquei a vida - São
Paulo/SP)

mbora sejam muitos os sintomas

por você apresentados, a causa deles
é uma só: a solidão. 0 ser humano foi
criado para o diálogo, para o relaciona-
mento. Pois o próprio Deus, ao criar
o sol, a lua, as estrelas, a natureza, os
animais, sentiu a necessidade de al-
guém com quem ele pudesse dialogar.
Então criou o Homem. Através da co-
municação de consciências, em pensa-
mento ou oração, ele passou a ter com
quem dialogar, e assim construir o
mundo perfeito que Ele havia imagina-
do. Nós, seres humanos, precisamos ter
companhia, conviver. Daí a importân-
cia da família, dos amigos, do namora-
do, noivo, marido ou amante. Cada
um, na sua espécie de amor, contribui
para o equilíbrio. Quando há falta de
diálogo, de companhia, há como que
um desequilíbrio que angustia, causa
dor. Esta dor pode levar-nos a atitudes
ilógicas, irracionais. O impulso pode
nos dominar e somos empurrados para
outro erro, sem corrigir o primeiro.
Sem ter com quem dialogar, você
procurou-me. Uma pessoa não tenden-
ciosa, neutra, realmente tem condições
de analisar o problema. Uma atitude
lógica a sua, amadurecida. Como tam-
12 confissões
sua carta afirma) procurando-a quando
está em casa, desfrutando e dando-lhe
prazer, também a quer. Apenas não
percebeu que a dose de contato sexual
que lhe dá é insuficiente. E erra quan-
do não concorda com o diálogo que
você propõe, erra ao pensar que,
olhando ao redor, (vendo móveis,
roupas, bens materiais), veja o bastante
para satisfazê-la. A nossa atual socie-
dade, tão distante da ideal, é consu-
mista, coloca a matéria, a compra de-
senfreada de bens materiais, como va-
lor absoluto. É preciso estar atento,
remar contra a maré e valorizar o que
realmente é puro, salutar ao homem:
o sentimento. Seu companheiro é uma
das muitíssimas vítimas desta socieda-
de de consumo. Vive para trabalhar e
conseguir dinheiro para proporcionar a
você e à filha de ambos, um padrão
financeiro alto. Com isto sacrifica a
família e a si próprio, inverte a verda-
deira função do trabalho, que é o meio
de obter dinheiro para viver. Ele está
vivendo para o trabalho, quando devia
estar trabalhando para viver. E o signi-
ficado deste viver é amar sua compa-
nheira e filha, conviver com amigos,
passear, viajar. Como resultado desta
inversão, está correndo o risco de per-
der a única coisa pela qual vale viver:
a família, um lar de amor sincero. É
preciso alertá-lo o quanto antes.
"Abrir o jogo" como afirma a sabedo-
ria popular. Fale cómele abertamente,
francamente, sem omitir nada, mesmo
o que lhe parecer o mais insignifican-
te detalhe. Converse com ele, a sós,
numa noite propícia, como preparação
para o ato sexual completo. Diga-lhe
de sua solidão, de seus problemas
quando rejeitada, de como se excita
com seu próprio corpo, dos pensamen-
tos que surgem durante o ato, da sua
idéia em procurar suprir sua ansiedade
com outra mulher. Seja sincera, cal-
ma e bastante precisa. Explique-lhe

confissões 13
ligação afetiva com o sexo masculino,
pois, estaria "perdoando" o monstro.
Buscou o seu próprio sexo, com ele
identificou-se; as mulheres, injustiça-
das e agredidas por uma sociedade de
leis tendendiosas que lhes negam a
igualdade de direitos em relação aos
homens, apoiaram-na, oferecendo-lhe
acolhida e oportunidade de demons-
trar, dar, doar e receber afeto. 0 ser
humano precisa de afeto para sobre-
viver. Daí seu homossexualismo. É pre-
ciso, porém que pense — agora que
está amadurecida - que comete uma
injustiça - igual àquela que você so-
freu, em termos de sofrimento huma-
no — toda vez que generaliza sua re-
pulsa a todos os homens do mundo.
Há os que não praticam a violência,
que não estão coniventes com ela,
que a abominam mesmo, e que, na
maioria das vezes, incógnitos, estão
combatendo-a, expondo suas próprias
vidas para bani-la. A você cabe, com a
experiência adquirida, procurar um,
entre tantos, que corrija esta imagem
negativa que você guardou, dando-lhe
afeto e merecendo o seu amor. Sua
irmã está certa quando lhe pede que
busque amizades com rapazes, procu-
rando descobrir suas qualidades de ca-
ráter, suas capacidades afetivas. Eles
merecem esta chance e você tem a for-
ça e a sabedoria necessárias para en-
contrar um jovem de bem, com ele se
relacionar profundamente, constituir
família, enfim, engajar no caminho da
realização humana. Não tranque a por-
ta para o próximo, ao contrário, sir-
va-se do seu sofrimento para dar-lhe
ajuda.
"O QUE FAÇO PARA
EXPERIMENTAR O PRAZER?"
'ó senti prazeres nas primeiras
relações — Agora não sinto mais nada...
Tenho dezoito anos e namoro um ra-
paz de dezenove ao qual muito amo e
com quem já tive algumas relações. Há
um problema, porém. Só nas primeiras
vezes que estive com ele, senti prazer.
Desde então não tenho sentido absolu-
tamente nada. Penso que a pílula an-
ticoncepcional que tomo, esteja influ-
indo nisto. Eu o amo muito e estou
para casar com ele, mas estou muito
preocupada. Desejo saber também o
que é masturbação". (Nilcéia G.M. -
Ilha do Governador/RJ)
/ma jovem de dezoito anos, nor-
malmente está mais apaixonada pelo
amor, sensação, pela ânsia de amar, do
que propriamente por uma pessoa. É
uma característica de adolescência. Pe-
la repressão que a sociedade impõe à
mulher, o ato sexual passa a ser algo
desconhecido, sonhado até, um símbo-
lo de amadurecimento. Ledo engano,
confissões 15

desenvolvimento da criança e do ado-
lescente. Ela alivia a tensão sexual,
que, desta maneira, não é descarrega-
da em outro comportamento agressi-
forma. Uns buscam o outro sexo
(heterossexuais) outras procuram pes-
soas do próprio sexo (homossexuais)
e outros ainda recorrem à masturba-
ção, isto é. praticam o sexo neles mes-
mos. Manipulam os órgãos genitais,
geralmente de forma privada, até che-
gar ao orgasmo. Geralmente com o
alívio da tensão sexual, vem um
destrutivo sentimento de culpa, conde-
nável sob todos os aspectos. Há sé-
culos, a humanidade se preocupa com
os mitos e tabus que envolvem a sexua-
lidade, porque são destrutivos e im-
pedem a felicidade. A masturbação
tem ocupado, de maneira muito espe-
cial, o tempo e a mente dos psicólogos
e sexólogos. Hoje em dia, felizmente.
ela é considerada uma etapa natural no
vo. Antigamente, dela dizia-se que era
pecaminosa, que viciava, diminuía a
potência sexual e até que causava a es-
terilidade. Mitos, tabus, credice popu-
lar, desinformação total. O psiquiatra
e pesquisador, Alfred Kinsey, um dos
papas do assunto, em seu livro "0 Re-
latório Kinsey", põe por terra toda es-
ta argumentação. Afirma ele que ho-
mens e mulheres têm sofrido um desa-
juste sexual e social, não pela prática
da masturbação, mas sim, pelo conflito
que eles vivem entre praticá-la e os có-
digos morais da sociedade. Estudos
médicos e científicos revelam que não
há prejuízo físico de qualquer nature-
za na masturbação, a não ser quando
ela é interrompida, consciente e vo-
luntariamente, de hábito. Esta atitude
"pode" provocar futuros problemas,
caso seja posta em prática seguidamen-
te. Tais problemas são a dificuldade de
ereção e a ejaculação precoce. A mas-
turbação, de uma forma geral, é prati-
cada para aliviar a tensão sexual, mas
há casos em que ela serve de mecanis-
mo de compensação para outros pro-
blemas emocionais. Voltamos a frisar
que é prejudicial e inconveniente a
atitude de interrompê-la bruscamente,
de uma forma contínua. Também a
predisposição de provocar a tensão
sexual, pré-fabricá-la conscientemente
através de estímulos vários, criando
ocasiões para masturbação, deve ser
evitada, porque leva a um excesso'
forçado e antinatural.
 Homossexualidade
masculina
'EU TENHO NOJO DO HOMOSSEXUAL EFEMINADO
|ina, dispenso os elogios de pra-
xe. Sinto que os recebe com freqüên-
cia. Embora colecione CONFISSÕES
INTIMAS desde o primeiro número,
não vi ainda nada relacionado com
meu caso. Não há outra alternativa se-
não descrêvé-lo. De antemão, antecipo
que se trata de um problema de identi-
dade. Sei sua procedência: de origem
humilde, por rejeição, fui entregue, aos
10 anos de idade, a uma família que se
predispôs criar-me como filho. Minha
mãe adotiva tão logo verificou meu su-
18 confissões
cesso nos estudos, o que me colocava
em vantagem em relação aos meus ir-
mãos, rejeitou-me também. Hoje, com
27 anos. engenheiro bem estabelecido,
percebo que nunca, por não ter cora-
gem, usei a palavra "mamãe". Nunca
namorei, tive algumas relações com
prostitutas. Embora não seja um "nar-
ciso", sinto, e já confirmei, que des-
perto o apetite sexual das mulheres.
Mas não há como aproximar-me de-
las, pois não há querer. Imagino-me
sempre mantendo relações homosse-
xuais com homens bonitos e carinho-
sos. Mas, é só imaginação. Nunca pra-
tiquei este ato, também por não ter co-
ragem, haja vista a minha solidão. Sou
efetivamente homossexual, mas não há
solução, nunca conseguirei assumir os
trejeitos femininos dos passivos, coisa
que não suporto, e que me causa nojo.
Antes eu me masturbava constante-
mente, hoje não o faço mais. Entretan-
to, sinto-me desesperadamente só nes-
sa cidade de dez milhões de habitantes
e temo que o suicídio seja a solução.
Alguns amigos na firma sempre se refe-
rem a "fulano" que é caso de "sicra-
n o " e assim por diante. Eu baixo a ca-
beça. Sou infeliz. Diga qualquer coi-
sa". (S.P.B. - São Paulo/SP).
inevitável a emoção de sua car-
ta. É lamentável, ao mesmo tempo,
que um jovem com 27 anos. cheio de
vida e saúde, possa ser inutilmente
infeliz!
Quando se aceita a homossexualidade
como identidade e condição definitiva,
só resta assumi-la e transformar a exis-
tência dessa condição num instrumen-
to de aprimoramento e também de fe-
licidade e bem-estar. É uma questão de
redeterminação, de reorientação do sis-
tema de vida. Há homens e mulheres
infelizes, que mesmo junto são infeli-
zes. Hetero ou homo, a conquista da
felicidade exige ação. Não se pode ex-
perar que tudo caia do céu. É indescul-
pável a solidão. Esse alheiamento não
deixa de ser uma forma disfarçada de
egoísmo. Solte-se, quebre a casca,
deixe o casulo que o aprisiona ao seu
passado e às suas inseguranças e con-
quista seu espaço no mundo, jovem!
Há uma distorção na ótica sob a qual
você enxerga o homossexual: um ho-
mem efeminado, com trejeitos na voz
e nos gestos, andar rebolado. Há um
grande preconceito de sua parte, pois
diz "sentir nojo" deste tipo de homos-
sexual. Você, mais do que muitas ou-
tras pessoas, tem a obrigação de aceitar
e sobretudo compreender o porquê
desse comportamento. Hoje, pode-se
dizer que a parcela de homossexuais
desse estilo, que aparentam de forma
flagrante a sua condição sexual, cons-
tituem uma minoria. Como entre os
heterossexuais, há uma infinidade de
tipos de pessoas e estilos de vida. Não
se pode menosprezar o efeminado ou o
travesti, de forma alguma. E interes-
sante conhecê-los melhor e aprender a
O QUE É TIDO COMO
PERFEITAMENTE NORMAL PARA
UM, PODE SER ULTRAJANTE
PARA OUTRO.
compreendê-los. Você irá descobrir en-
tão o porquê de tudo isso. O efemina-
do é. via de regra, um ser humano exa-
tamente igual a todos os outros, que
no entanto mantém essa postura em
resposta à repressão familiar, aos pre-
conceitos e à rejeição que encontra por
parte da sociedade à sua livre expres-
são sexual. Pelas inúmeras aflições que
passou desde a infância, ele reage des-
sa forma, fazendo uma caricatura do
estilo feminino. Em tom de brincadei-
ra, zombaria ou revolta, esses trejeitos
acabam por incorporar-se à sua manei-
ra de ser. É uma forma de rebelião ín-
tima e, muitas vezes, de uma própria
auto-rejeição ou autopunição. Quanto
ao travesti, segundo o antropólogo
Denis Altmann, líder australiano pelo
movimento guei universal, trata-se de
"uma coisa completamente ilógica e
absurda, mas perfeitamente explicá-
vel, uma coisa muito ligada ao machis-
mo. E muito brasileira também — os
confissõesl9
shows de travestis do Brasil são famo-
sos em todo o mundo. Os travestis es-
tão diminuindo à medida que os pa-
peis masculino e feminino se vão igua-
lando. Na Austrália não existem traves-
tis. " No entanto, ele afirma que o tra-
vesti não e' um "doente social": "Acho
mais doentes os homossexuais que ves-
tem paletó e gravata e fingem que não
são. Ou então os que freqüentam os
travestis. Você sabia que a maior parte
dos que pagam os travestis assumem o
papel de passivo no momento da rela-
ção? O travestismo é fruto, basicamen-
te, da pobreza. Não é à toa que a maio-
ria dos travestis que vivem pelas ruas
dos Estados Unidos é porto-riquenha.
E se parecem muito com seus colegas
brasileiros. Nas classes mais pobres os
padrões de diferenciação são mais rí-
gidos, não se admite tanto o meio
termo. Se um homem se sente femi-
nino, se vê obrigado a vestir-se e a
comportar-se como mulher. Assim ele
se julga, certamente, mais ajustado aos
seus próprios padrões. Além de tudo,
esses pobres rapazes precisam ganhar
a vida. Então vão fazer shows ou
prostituir-se. Não se vêem travestis
ricos pelas ruas".
A CONQUISTA SEXUAL EXIGE
UM GRANDE DESCONTRAEM ENTO
E AUSÊNCIA DE PRECONCEITOS.
Como não é brasileiro, Denis Altmann
esqueceu de analisar a influência do
Carnaval e sua forma de descomprimir
os recalques daquele homossexual que
se acha feminino. E há também muita
arte e beleza no travesti, que não só a
pobreza citada pelo estudioso.
Por outro lado, há homossexuais lúci-
dos, conscientes e plenamente assumi-
dos em sua condição que no entanto
não são femininos. Não é questão de
20confissões
fingimento: eles não se acham femini-
nos, embora seu impulso erótico seja
despertado exclusivamente por outra
pessoa do mesmo sexo. Este homosse-
xual, que se pode dizer é tambe'm um
ser "ajustado" à sua imagem masculi-
na prefere saber que num ato sexual
está indo com outro homem igual a
ele. Sem interpretar o papel de mu-
lher, sem quaisquer artifícios, tome ele
a posição passiva ou ativa durante o
ato sexual. Aliás, essa definição de
"passivo" ou "ativo" só existe para
alguns autores ou psiquiatras mal in-
formados. Para o homossexual, via de
regra, é indiferente o tipo de relacio-
namento.
Finalizando, deve-se dizer que o jovem
da carta precisa com urgência reformu-
lar os seus conceitos. Antes de tudo,
mudar sua orientação e sistema de vi-
da. Procurar os ambientes de pontos
de encontro homossexuais (existem
centenas em São Paulo) e conhecer um
pouco mais a sua gente Isso não quer
dizer que você vã mudai sua forma
de comportamento pessoal. Absoluta-
mente. Qualquer seja a condição se-
xual do indivíduo - seja hetero ou ho-
mo — a conquista sexual e a procura
de um relacionamento exige, antes de
tudo, uma grande dose de descontrai-
mento e ausência de preconceitos. Isso
inclui, é obvio, os preconceitos contra
si mesmo. Aumente seu círculo de
amizades e assuma sua condição. Assu-
mir a condição homossexual não signi-
fica agredir, "dar bandeira", como se
diz na gíria. É ser autêntico, você mes-
mo, lutar e compartilhar por esse espa-
ço de felicidade que lhe pertence, vi-
ver com toda liberdade sua verdadeira
expressão sexual.
 Emocional
"CASAL PODE FAZER SEXO EM TODOS OS SENTIDOS?"
"MINHA NOIVA NÃO É VIRGEM: ELA PODE USAR VÉU E
GRINALDA?" "MEUS PAIS ME CASARAM Á FORÇA: EU
NÃO AMO MINHA MULHER" "ELA ACABOU 0 NAMORO E
ESTOU LOUCO; QUERO MORRER

enho 26 anos e sou mãe sol-
teira. Já tive vários homens em minha
vida, mas de um tempo pra cá, não
consigo gostar mais "deles". Atual-
mente estou curtindo com um rapaz
muito legal mas ele tem idéias muito
avançadas a respeito do sexo: ele quer
ter sexo completo comigo mas eu fico
em dúvida, se bem que às vezes eu sin-
ta também uma enorme vontade de
fazê-lo. Gostaria de uma opinião a
22 confissões
respeito do sexo sobre todos os senti-
dos entre um casal. Espero resposta
-
breve" . (M.G.M F - Porto Alegre/RS)
as formas de expressão são
válidas quando o objetivo final é o
amor. O fundamental é que não vio-
lentem nenhuma das partes envolvi-
das. No momento em que esta maneira
de expressar o sentimento tira a sen-
sibilidade do parceiro está se desvian-
do do respeito mútuo que deve existir
na base de qualquer relacionamento
humano. Desde que haja consenti-
mento e aceitação dos dois parceiros
não há censura na arte de amar. Não
se pode também catalogar uma ordem,
uma seqüência obrigatória, etapas a
serem cumpridas. Estaríamos ditando
regras, enquadrando um sentimento, o
que é impossível. Cada pessoa tem
uma forma-de sentir, de reagir e de se
expressar no amor. O que é perfeita-
mente natural para um, pode ser ul-
trajante para o outro e vice-versa. Aos
parceiros cabe a descoberta de um e de
outro, sempre tendo, como pedra-de-
-toque, o respeito ao ser humano que
cada um representa. No relacionamen-
to amoroso não existem hierarquias.
Ninguém é superior ou inferior ao ou-
tro, ninguém é dono de ninguém. Não
há leis que um faça e que outro seja
obrigado a cumprir. Os direitos são os
mesmos entre os parceiros. A espon-
taneidade e a liberdade de aceitar ou
rejeitar devem ser respeitadas. Por-
tanto não há um código de conduta
que possa ser sugerido ou imposto.
Cada vez que duas pessoas se encon-
tram e se amam estão vivendo uma
experiência nova que não será exata-
mente repetida por mais ninguém, nem
mesmo por elas duas. Há sempre algo
novo e peculiar num ato de amor,
algo que nunca fora antes sentido.
Talvez colocando sua vida sob este
ângulo, você possa futuramente evitar
novos dissabores e desilusões. Talvez,
então, encontre o verdadeiro amor que
tanto tem procurado".
RELAÇÕES SEXUAIS E VESTIDO
DE NOIVA
enho 26 anos e ela 18. Amo
minha garota e a namoro há dois
anos, quando começamos a manter
relações sexuais. Pretendo casar-me
com ela de véu e grinalda, vestida de
noiva como ela sempre sonhou. Po-
demos ou não? Aconselhe-me, por
favor". (L.M. - SG/RJ)
epende da importância que
vocês dão ao vestido branco. Se for
apenas pelo valor estético, pela beleza
da roupa, não há inconveniência em
adotá-lo, pois ele terá um significado
de complemento. Porém se o vestido
de noiva para ambos significa a pureza,
a virgindade, como muitos consideram,
estarão começando sua vida em co-
mum sob um disfarce, o que, conve-
nhamos, não lhes fará nenhum bem.
Por que razão não assumir a realidade
se ela os faz felizes? A roupa, a Igreja,
os adornos e enfeites são apenas aces-
sórios. Num casamento, o importante
é o afeto que une os dois cônjuges e
este não admite farsas. Portanto, o
confissões23
Vestido de noiva não deve desempe-
nhar um papel acima do que lhe está
reservado.
ELES QUEREM Ã FORÇA E
EU NÃO QUERO...
I
stão todos contra mim. Por
interesse financeiro da parte deles,
inclusive oferecendo-me uma compen-
sação em dinheiro, meus pais me
iludiram e fizeram-me casar com uma
moça escolhida por eles. Casei só na
Igreja e a semana que passei com ela
só me deu desgosto e infelicidade.
Tanto meus pais como os dela não se
conformam por eu tê-la largado e me
mudado para São Paulo. Querem que
eu conviva com ela à força e eu não
quero. Que posso fazer para resistir
sozinho?" (C.M.C. - São Bernardo
do Campo/SP)
grande amor? Você me parece mais re-
voltado com a manipulação de que foi
alvo, com o fato de ter sido obrigado
a seguir ordens. E revela uma auto
punição por ter feito o que os pais e
parentes de ambos queriam, sem
ter reagido, sem ter lutado por seu di-
reito de escolha. Quem sabe a moça
em si lhe agradasse se as circunstân-
cias fossem outras e por isso deixou-se
envolver? São perguntas que só você e
ela podem responder. Uma vez que vo-
cê esteja convicto do que realmente
quer. tome a atitude que pareça cor-
reta e tome as rédeas de sua vida,
independente do que "todo mundo"
possa pensar ou falar. Afinal, eles não
sentem por você. nem sofrem com
você. Apenas assistem Não permita

'ó uma coisa é necessária: você

ter perfeito conhecimento dos seus
sentimentos para com a moça com a
qual casou. Para avaliar com precisão
estes sentimentos, se realmente a ama
ou não, é preciso que se livre da inter-
ferência de terceiros, de parentes seus
ou dela. Faça uma consulta a seu pró-
prio coração, pergunte a si mesmo por
que aceitou-a como esposa, até que
ponto agiu por sua própria vontade,
ou se o fez apenas por sua ingenuidade
e passividade. Imagine-a sem seus pa-
rentes, uma mulher que, vítima como
você, foi usada como objeto para in-
teresse de outras pessoas. Haveria
possibilidade de amá-la, longe das vis-
tas destas pessoas? Entre vocês dois,
seria Dossível que se desenvolvesse um
24 confissões
mais que interfiram a ponto de decidir deste amor louco" (DELCIONE - Ja-
sua vida. taí/GO)

NÃO SEI COMO LIVRAR-ME

DESTE AMOR LOUCO...
verdadeiro amor equilibra o ho-
mem. Quando um relacionamento
amoroso passa a desequilibrar a pessoa
enho 18 anos e já pratiquei
que ama, algo está errado. No seu caso,
sexo muitas vezes. Das namoradas que
ao invés de fazê-lo feliz, está fazendo
arranjei nenhuma me fez sentir tanto
com que sofra e se desespere. Para
amor como esta última. Ela, no en-
agravar a sua situação, trata-se de um
tanto, acabou o namoro e me deixou
sentimento não correspondido. Como
quase louco. Tenho vontade de tomar
todo jovem, você está procurando ser
veneno, jogar-me debaixo de um carro
feliz. Recorrer ao veneno ou a qual-
ou cometer uma loucura. Não posso
quer outra forma de suicídio traria a
viver sem ela. Ajude-me fazendo amar-
felicidade a você? NÃO! Simplesmen-
ração, mesmo que tenha que pagar di-
te acabaria com a única forma de
nheiro por ela. Não sei como livrar-me
se alcançar a felicidade, que é vivendo.
Seria fugir, entregar os pontos na
primeira luta que teve que enfrentar,
um triste ato de covardia. A amarra-
ção que você pede tambe'm não resol-
verá o seu problema. Só você, usando
a sua capacidade de lutar, seu raciocí-
nio e sua força interior poderá sair des-
ta situação em que por imaturidade se
colocou. O que você acha que é amor?
Dê a volta por cima, volte seus olhos
para tudo que existe de belo ao seu
redor: a natureza, os animais, as pes-
soas que o cercam e passe a estudá-los,
a trocar idéias sobre eles. Um dia
então talvez quando menos esperar,
estará amando novamente e sendo
amado, e se lembrará de seus 18 anos e
agradecerá a Deus por ter lhe dado al-
go tão belo que é a vida!

SOU UM CARA MUITO TÍMIDO,

VIVO FUGINDO DAS PESSOAS...

ina, tenho 22 anos, sou more-

no-claro, l,80m, do signo de Aries,
confissões 25
mas sou um cara muito tímido. Aqui
no bairro onde moro, não consigo ter
uma conversa ou um laço de amizade
muito grande com alguém. Vivo fu-
gindo das pessoas, mesmo as mais
conhecidas. Muitas pessoas aqui me de-
testam, porque eu os conheço, mas
quando os encontro finjo não co-
nhecê-los. É uma força interior, tenho
medo de falar com elas, medo de que
venham saber quem realmente sou.
Já tentei me libertar disto que me faz
sofrer muito, porém, não consegui.
Aqueles que quando se aproximaram
de mim foram repelidos, não me pro-
curaram mais. Também as garotas que
querem me namorar, agem assim. Eu
não era assim antes: era um cara bem
normal até. Tive duas namoradas mais
ou menos firmes. O primeiro namoro
durou três meses e eu estava gostando
da moça. Mas ela às vezes bebia e
namorava outros rapazes. Acabei, por-
que não confiava nela. Namorei a
segunda garota durante dois meses
apenas, ela tinha 13 anos. Eu não sen-
tia nada por ela, embora ela gostasse
muito de mim, e viesse de família
direita. Não melhorei de meu comple-
xo de inferioridade e resolvi terminar
tudo. Agora ela tem insistido em vol-
tar para mim. Qual a solução que a
senhora tem para meu problema?"
(N.P.S. - Brasília/DF)
problema é de ordem psico-
lógica e depende quase que exclusiva-
mente de você a solução dele. Esta
constante fuga das pessoas, esta tran-
ca que você vem impondo à sua pró-
pria felicidade, deverá ser retirada por
você mesmo. Adote uma atitude con-
trária a que seu primeiro impulso
dirige. Passe a procurar as pessoas co-
meçando por seus próprios familia-
26 confissões
res, seus parentes, seus vizinhos. Pro-
picie aos desconhecidos que chegarem
perto de você. provoque conversa com
pessoas do outro sexo, diferentes ida-
des e profissões. Pergunte-lhes sobre
suas vidas, seus interesses e gostos.
Saia de si mesmo.
Busque amizade com jovens de sua ida-
de, freqüente reuniões e festinhas.
No começo será mais difícil, depois
tudo lhe parecerá natural. O ser huma-
no foi feito para relacionar-se, dialo-
gar e conviver. Não tema a opinião
alheia, aceite os riscos de ser até mes-
mo repudiado. Vera como será surpre-
endentemente positiva a reação das
pessoas. Ao mesmo tempo, quando a
sós, volte-se para o seu interior. Pro-
cure conhecer seu ego. quem é real-
mente, do que gosta, o que repudia,
quais os seus talentos e limitações.
Forme seus valores através dos estu-
dos, da curiosidade de procurar as
respostas para suas dúvidas. Procure
conhecer a si mesmo o máximo que
for possível. Abra a janela para o mun-
do, procure saber o que se passa no ou-
tro lado da sua rua. nos cantos da sua
cidade, no estudo, no país, no conti-
nente em que vivemos e em outros
continentes. Informe-se sobre o que a
ciência já apurou sobre outros plane-
tas. Equipe-se para conversar sem te-
mer decepcionar os que se acercam
de você. Leia bons livros, principal-
mente os que atraem sua atenção,
depois aqueles que versam sobre assun-
tos que você desconhece. Um mundo
novo será o seu. e. o que é mais impor-
tante, verá que você participa ativa-
mente dele. que é um dos seus constru-
tores,
 Saúde
CACHUMBAQUE DESCE CAUSA ESTERILIDADE?"
"ALCOOL DIMINUI A POTÊNCIA SEXUAL?"
-HEMORRÓIDAS: QUAL A CAUSA E TRATAMENTO?"

enho vinte e nove anos de idade

e há seis anos atrás tive cachumba que
desceu, infelizmente, fazendo-me so-
frer quinze dias. Os meus testículos in-
charam e à custa de várias injeções, sa-
rei. Ouvi falar que, quando isto acon-
tece, causa a esterilidade no homem; ealmente a orquite ou cachumba
isto é verdade? Tenho uma boa po- que desce e atinge os dois testículos,
tência sexual, meus espermatozóides (chamada bilateral) causa a esterilida-
são fortes. Há produtos alimentícios de, isto é. impede o indivíduo de gerar
que possam influir na potência sexual filhos. Porém, a unilateral, a que -atinge
masculina? As bebidas alcoólicas dimi- apenas um dos testículos, não esterili-
confissões 27
za, porque o outro órgão supre a falta
do atingido. Isto é tanto válido para o
homem, como para mulher, quando os
órgãos afetados são os ovários. Daí a
importância que tem o repouso nesta
doença, única forma de evitar compli-
cações. Por outro lado, a cachumba
não deixa o doente impotente, nem
atrapalha o ato sexual. Ela não atinge
a potência e sim a produção dos esper-
matozóides nos testículos. O fato de
você ter uma boa ejaculação, não sig-
nifica que tenha o número suficiente
de espermatozóides para fazer filhos.
0 número normal é de duzentos a qui-
nhentos milhões por centímetro cúbi-
co. A força que você sente é o líquido
espermático e não os espermatozóides.
A forma de acabar com a sua dúvida é
fazer, o quanto antes, um espermogra-
ma. Quanto aos produtos alimentícios
que influem na potência, seriam aque-
les que contém a testostorona, um hor-
mônio. As bebidas alcoólicas ingeri-
das eventualmente, excitam a pessoa.
Porém, se ingeridas continuamente,
podem causar neurite, e diminuir a po-
tência sexual, podendo tornar as pes-
soas impotentes. Isto também aconte-
ce com a sífilis.
Quanto ao número de relações sexuais,
por noite, que possam prejudicar a saú-
de, varia de indivíduo para indivíduo.
Caso as relações não sejam cansativas,
não exijam muito esforço físico, não
farão mal algum. Porém, se forem for-
çadas, prejudicarão o organismo.
"HEMORRÓIDAS:
QUAL A CAUSA E TRATAMENTO?"
enho dúvidas quanto às hemor-
róidas. De que se trata e quais são as
suas causas? Qual o tratamento e o
que pode fazer para evitá-la? ("Pássa-
ro Azul" - Ijuí/RS)
28 confissões
hemorroida é uma trombose das
veias do ânus. E formado um trombo
na parede da veia que provoca o fecha-
mento desta veia e impede que o san-
gue circule por ela. Geralmente, a he
morróida se manifesta clinicamente
por um sangramento rutilante no ato
de evacuar, fato que assusta e preocu-
pa à primeira vista, uma vez que se tra-
ta de algo violento e traga para o doen-
te grande repercussão no seu estado ge-
ral. Com freqüência, a hemorroida vem
acompanhada de fissuras no ânus que
são a causa das dores bocais da maioria
dos sangramentos. O tratamento para
cura na época atual, é o cirúrgico e de-
ve ser feito por um cirurgião experien-
te, de preferência um protologista ou
cirurgião vascular. Existem tratamen-
tos paliativos, c o a remédios, os quais
curam, mais armam o quadro quími-
co, isto é. as dores, o sangramento e as
dificuldades de evacuar Tais remé-
dios são o extrato de castanheiro da
Índia, licor de Hamammelis e outros
descongestionantes das veias, com fre-
qüência, também indicados, para o
tratamento de varises. Alimentos áci-
dos e condimentados, como pimentas
álcool, vinagre, e mostarda podem
agravar a doença, razão pela qual deve
ser evitados. A hemorroida é uma
doença comum, tratável, não transmis-
sível e curavel. Alguns médicos defen-
dem a tese de que ela seja provocada
pela vida sedentária, onde o exercício
físico, é quase nenhum. Uma prática
esportiva, e uma dieta adequada, são
aconselháveis para as pessoas atingidas
pela hemorroida.
"O QUE OS
HETEROSSEXUAIS
PODEM
APRENDER
COM OS
HOMOSSEXUAIS"
Por Dr. Wardell B. Pomeroy

"Eu espero que este artigo faça

com que o complacente e padronizado
mundo heterossexual pare por um mi-
nuto e pense sobre um outro mundo
que pode ter algo positivo para lhes
oferecer".

os heterossexuais podem
aprender com os homossexuais? Em
seu novo'livro HOMOSSEXUALIDA-
DE EM PERSPECTIVA, Masters e
Johnson focalizam um ponto impor-
tante e muito interessante. Eles des-
cobriram que seis casais heterosse-
confissões 29
 xuais praticavam poucas brincadeiras objetivo para o processo de orientação.
sexuais antes de entrar a sério no ato De uma forma geral as mulheres são
em si. Por alguns segundos, os casais mais afinadas nesse caminho para fa-
se afagaram, acariciaram-se e eriça- zer amor do que os homens, e os ho-
ram-se mas em seguida já estavam en- mossexuais bem mais do que os hete-
tretidos nos seios ou na manipulação rossexuais. Todavia, estamos nos refe-
genital e logo após já faziam o sexo rindo a um certo grupo de homosse-
propriamente dito. Os grupos homos- xuais; aqueles que estão profunda-
sexuais, por outro lado, eriçavam-se e mente submetiam, socialmente está-
acariciavam-se muitos minutos antes veis e em perfeitas condições sexual-
de envolver-se com as manipulações mente. Como com os heterossexuais
genitais. (Isto valia tanto para os ho- há muitos tipos de variedades de pes-
mossexuais do sexo masculino como soas que não se situam exatamente na
para as lésbicas). Eles faziam de cada faixa de homossexuais.
passo do relacionamento sexual algo
para ser pregado para seu próprio
A TOLERÂNCIA COM 0 QUE OS
bem. Para o próximo ato da relação,
OUTROS FAZEM SEXUALMENTE É
os movimentos eram livres e deslizan- UM SINAL DE MATURIDADE.
tes em vez de enérgicos e categóricos.
O que os homossexuais fizeram é
conhecido como PROCESSO DE ORI-
ENTAÇÃO pelos sexólogos. Quando a
pessoa se envolve com outra sexual-
mente, ambas podem concentrar a
atenção no processo de sentir prazer
com os toques, afagos e carícias que
elas estão fazendo uma a outra ou visar
somente obter orgasmo. Para usar o
alfabeto como metáfora, alguém diria
que os seguidores do processo de ori-
entação estão interessados em mover-
se do A para B para C para L para S
e talvez mesmo chegar ao Z. Mas é a
fornada ao longo desta linha que lhes
dá prazer sexual. Aqueles que o fa-
zem apenas pelo objetivo final, visam
somente o Z no alfabeto; mo vendo-se
rápida e inexoravelmente para este
fim e só conseguem o prazer ao alcan-
çar o orgasmo. Não é necessário dizer
que quando as pessoas seguem o pro-
cesso de orientação, elas levam mais
prazer às vidas de seus parceiros como
também às suas próprias. Então não
chega a ser surpreendente que todo o
esforço ou ao menos a parte do es-
forço - dos sexólogos seja ensinar aos
seus clientes como dirigir suas vidas do
30 confissões
contrar um homossexual masculino ou
feminino procurando convencer pes-
soas a se tornar homossexuais tam-
bém. Talvez a razão disto possa ser o
fato de que eles têm sido submetidos
a tanta pressão por parte dos heteros-
sexuais que estão decididamente empe-
nhados em deixar que os outros le-
vem a vida como melhor lhes convier.
Há muito pouco de força física prati-
cada pelos homossexuais quando prati-
cam o sexo, em contraste com os he-
terossexuais que empregam muito
dela. A tolerância com tudo aquilo
que os outros fazem sexualmente é,
sob meu ponto de vista, um sinal de
maturidade e respeito ao próximo.
Impor suas próprias a outros, compor-
tamento ou estilo de vida, é a própria
antítese de maturidade. Nós podemos
aprender algo da maneira que os ho-
mossexuais manejam os seus casamen-
tos. Em tempos passados muitos ca-
sais do mesmo sexo que viviam juntos
tentaram imitar seus companheiros
heterossexuais estabelecendo a priori
quem era o macho e quem era a fê-
mea no seu relacionamento. Mesmo se
a dupla fosse composta de dois machos
ou de duas fêmeas os papéis eram os
mesmos. A parte "feminina" ficava
em casa, preparava as refeições, la-
vava a louça e faria todo o trabalho da
casa. A parte "masculina" saia para
trabalhar e engajava em todas as
atividades que se supunha fosse de
interesse dela. Mas para a maioria dos
casais homossexuais este estereótipo
de masculino e feminino não deu cer-
to. Eles logo descobriram que a divi-
são de trabalho foi melhor desempe-
nhada se qualquer um dos dois assu-
misse a tarefa que melhor lhe parecia,
não levando em consideração a obriga-
ção de fazê-lo. Resultou que tal arran-
jo fosse melhor do que as normas
prescritas pela sociedade com suas
idéias restritas de papéis a desempe-
nhar dentro de um casamento.
Também o movimento de libertação
feminina teve o efeito de afrouxar as
restrições da sociedade nesta área. Há
esperanças agora de que, com a ajuda
tanto da comunidade homossexual
como do movimento feminino, o mun-
do heterossexual venha a pôr um fim
no estereótipo das tarefas de homem e
mulher. Há provavelmente muitas ou-
tras lições que os heterossexuais po-
dem aprender com os homossexuais.
Do momento será suficiente se este
artigo cumpriu uma função: fazer
com que o complacente, estandarti-
zado mundo heterossexual pare, faça
uma pausa e pense num outro mundo
que pode bem ter algo de positivo
para oferecer-lhe
confissõs31
32 confissões