Iniciação e timidez sexual

"QUANDO IA ACONTECER NÃO DEU"

4 confissões

u tinha fimose e ficava com
vergonha de contar até mesmo para os
meus pais. Um dia reuni coragem sufi-
ciente e fui ao médico. Mesmo depois
de operado o medo de fazer sexo me
perseguia. Um dia quando estava me
masturbando senti que meu pênis
tinha diminuído e fiquei preocupado.
Eu já tinha idade para ter uma rela-
ção sexual mas vivia com medo de que
meu pênis não ficasse ereto. Certa vez
eu e meus colegas estávamos sentados
no banco da praça quando uma das
moças que por ali passaram deu uma
bola incrível para mim. Fiquei doido
para fazer amor com ela. Quando che-
gamos no alto de uma ladeira eu já
estava todo meloso e ereto. Quando
porém tirei as minhas roupas comecei
a tremer e a suar como um louco e
aconteceu o que não podia acontecer:
não consegui nada. Morri de medo e o
resultado foi que nada deu certo. Mor-
to de vergonha e chorando muito fui
para casa e desse dia em diante sempre
tive medo de fazer sexo, embora tenha
continuado a sair com garotas. Ficava
doido, mas, na hora "h", meu pênis
amolecia, inventava uma desculpa
qualquer e me afundava em maus pen-
samentos. Contei meu caso para meu
médico e ele me disse que eu tinha que
tirar estes pensamentos maus de minha
cabeça. O que me alivia é a masturba-
ção, porque até hoje não consigo nada
quando chego perto das garotas. Por
favor, me ajude a fazer alguma coisa,
pois eu preciso começar a viver!" (R.
Z. - Cacheiro do Itapemirim / ES)
ocê está sendo vítima do te-
mor do desempenho, um verdadeiro
fantasma que aflige os jovens causan-
do-lhes uma insegurança assustadora
e persistente. Acredita-se que este te-
mor tenha como fator fundamental o
fato de que admite-se cometer erros
em quase todos os outros aspectos da
vida humana menos no que diz respei-
to ao desempenho sexual. Assim, para
que não aconteça um erro, o adoles-
cente de uma forma geral prefere não
correr os riscos e se abstém dele. Víti-
ma de uma verdadeira armadilha por
ele armada e nutrida, o jovem se de
bate e vão à procura de uma solução
milagrosa que resolva o seu problema
mas sabe que no fundo somente ele
mesmo terá que cortar as amarras de
sua prisão. Mesmo livrando-se da fi-
mose você continuava e continua
preso porque teme fracassar como
aconteceu na primeira vez. E esta
primeira vez aconteceu justamente
porque o temor já existia. Mas tal qual
uma criança que tenta falar quando
pequena e não consegue êxito imedia-
to também você deve continuar ten-
tando sabendo de antemão que exis-
tem as possibilidades de fracasso. Pois
a criança tanto tenta que acaba balbu-
ciando as primeiras palavras ainda
que incompreensíveis, não é mesmo?
E de tentativa em tentativa ela acaba
por dominar a língua que se propõe a
falar. Assim também deve ser sua ati-
tude em relação ao desempenho se-
xual. É errado, falhando, corrigindo e
sempre tentando que se chega ao êxito
sem que estes percalços signifiquem
uma deficiência na masculinidade. 0
que você não deve fazer é fugir da
luta, "jogar a toalha" como se diz na
gíria do box. Há sempre a certeza de
um dia raiar o sol, como há a certeza
de que um dia esses temores lhe pare-
cerão infundados.
confisões 5
 Anatomia
"MEU SONHO É TER UM PÊNIS GIGANTE"
uero parabenizá-los pelo ilus-
tre artigo de Confissões Intimas n.° 29
no qual foi posta em questão o tama-
nho do pênis. Este artigo derrubou
barreiras, esclareceu dúvidas e fez da
vida de muitos de nós leitores al-
go nutritivo para nossa felicidade.
Restou-me uma dúvida que talvez você
não possa imaginar, mas, acho que não
é somente minha é de todos aqueles
6 confissões
que têm pênis pequeno e sonham aci-
ma de tudo com um membro avanta-
jado. Sei que isto não tem a menor
influência no relacionamento sexual
mas não posso deixar de sentir inveja
quando vejo um órgão bem propor-
cionado. Fico frustrado porque sei que
o dono deste membro está sendo mais
acatado e apreciado do que eu e isso
me incomoda. Mesmo que na cama eu
tenha um bom desempenho não sei o
que a parceira está sentindo, se real-
mente estou agradando ou não. Outro
grilo é a crítica e a caçoada constante
que fazem contra nós. Pior ainda é o
vangloriamento dos bem dotados que
provoca em nós uma reação psíquica
e piora a nossa frustração. Em sua
resposta à minha carta anterior você
sugeriu que eu procurasse um endo-
crínologista para acabar com minhas
dúvidas de anormalidade. Eu consul-
tei este profissional que afirmou-me
ser o meu membro normal e que não
havia possibilidade de aumento de meu
órgão. Deu-me novo ânimo e mais co-
ragem. Mas vi numa revista uma pro-
paganda que assegurava que um médi-
co americano afirmava que segundo
seus métodos especiais havia possibili-
dade de desenvolver qualquer pênis.
Será que o médico por mim consulta-
do mentiu para mim? Há realmente
uma solução? Você conhece o livro
e o método sugerido e aconselha a
sua compra?" (The Short - São Paulo -
Capital)
ocê nos dá parabéns pelo arti-
go publicado, diz que ele foi muito
útil e bem recebido mas demonstra
que para você ele não foi suficiente-
mente convincente porque continua
com os mesmos grilos e com a preo-
cupação prioritária a respeito do tama-
nho de seu pênis, porém, não inveja as
proporções penianas de outras pessoas
porque, na maioria das vezes, essas
mesmas pessoas trocariam com grande
satisfação aquilo que desperta em vo-
cê inveja por algo mais importante pa-
ra elas que você tem e elas não. Tam-
pouco dê ouvidos às basóflas alheias,
às potocas contadas a respeito das con-
quistas feitas pelos donos de pênis
avantajados porque este membro não
possui comprovadamente tanto poder
assim. É necessário que se junte algo
muito especial porque apenas o ta-
manho dele nada consegue. Quanto
às caçoadas e anedotas também não
devem atingi-lo porque sempre estas
atitudes espelham uma grande insegu-
rança projetada sob a forma de escár-
nio para com os outros. Uma pessoa
feliz e realizada não tem a preocupa-
ção de ficar escarnecendo de seu
próximo. Por outro lado, quem vive
numa angústia constante procura
projetar esta angústia sob a forma de
escárnio sobre quem está mais perto.
Parece-nos mais do que lógico que
você siga a orientação de seu médico
consultado que lhe garantiu o princi-
pal: que você é uma pessoa normal
física e organicamente. Certo ele
está também quando afirma que aos
19 anos já está completo o desenvol-
vimento de seu membro e nada poderá
alterar suas proporções. Caso você
fosse anormal e tivesse um retardo em
seu desenvolvimento total então sim a
idade não seria importante. Mas valeria
a pena? Quanto ao médico americano,
seu livro e seus métodos podemos as-
segurar que cientificamente ele foi
rejeitado, porque não consta entre as
verdades científicas. Claro está que sa-
bendo ser essa infelizmente uma das
maiores preocupações dos jovens — e
há tanta miséria e fome que deveriam
ocupar as atenções de nossa juventude,
não é mesmo? — Volta e meia surgem
"novidades" sobre esse assunto. Você
ainda vai tomar conhecimento de mui-
tos métodos em seus anos que estão
por vir, mas se estiver seguro de que
o importante é a sua realidade e o seu
desempenho estas notícias não o atin-
girão porque se tornarão para você
totalmente dispensáveis.
confissões 7
 Sexualidade feminina
"AMO UM HOMEM QUE NÃO ME BEIJA" . . .

esde que começamos a namo- Passamos a viver juntos e eu nunca exi-

rar há dois anos atrás que meu namo- gi nada dele, sempre me contentei com
rado raramente me beija, mas sempre migalhas de carinho que recebia. Antes
estive muito apaixonada para perceber. ele era um ótimo parceiro na cama mas
8 confissões
pouco a pouco fui percebendo que ele
já não mais me satisfazia completa-
mente. Fui ainda muito feliz mais
uma vez quando me desmanchei em es-
pasmos. Depois disto nunca mais. Foi
a única vez que ele me beijou e
abraçou carinhosamente. Devido à ân-
sia em que vivo, quando penso em sua
boca linda chego a sentir prazer sozi-
nha. Tenho certeza que o amo muito,
talvez mais do que a mim mesma. Pe-
di-lhe muitas vezes que me beijasse e
fosse mais carinhoso mas ele alegou
que não gosta de beijar e fazer cari-
nhos. Consultei médicos, dentistas e
especialistas para ver se havia algo er-
rado em mim mas as respostas foram
sempre negativas. Sou uma moça nor-
mal. Mas vejo-me diariamente na cama
com um homem que amo loucamente
e que não me beija. Podem vocês aju-
dar-me a esquecer ou substituir os
beijos do meu "marido"?" (Sandra —
João Pessoa/PB)
ão deixa de ser um jeito mui-
to estranho de amar este que seu com-
panheiro emprega com você. Através
dos tempos o beijo vem sendo empre-
gado como o primeiro contato mais ín-
timo entre duas pessoas que se sentem
atraídas sexualmente. Hoje em dia ele
até vem substituindo o cumprimento -
jovens e adultos se beijam por amiza-
de numa maneira pura e cordial de di-
zer alô e demonstrar que sentem pra-
zer em se encontrar. Você procurou ir
mais adiante no diálogo com ele e per-
guntou-lhe a razão desta rejeição que
ele faz ao beijo? E esta rejeição aconte-
ce somente com você ou é geral? Ele
nunca beijou os pais, os irmãos ou uma
namorada anterior? Parece-nos que
não tem existido também muito diálo-
go de igual para igual entre vocês dois.
Há dois anos percebe-se que ele está
numa posição machista, de cima para
baixo em relação a você. Algo assim
como se você tivesse que aceitá-lo tal
como ele é sem que ele tivesse que co-
laborar para um crescimento interior
mediante a correção de suas limitações
e falhas. É uma atitude unilateral a de-
le uma vez que não se preocupa com as
suas reações e pouco se importa com
as suas necessidades. Talvez você já es-
teja percebendo que houve muita cola-
boração de sua parte pra que este esta-
do de coisas se estabelecesse. Conten-
tou-se, como você mesma diz, com as
migalhas como se fosse um favor que
ele faria para você apenas a presença
física dele na cama. Enquanto durar
esta "magia" e você se colocar nesta
mendicância ele não mudará. E infali-
velmente ele a deixará ou será abando-
nado mais cedo ou mais tarde por vo-
cê. Porque a "magia" apenas tem um
tempo muito curto de vida. Ela não
basta para quem ama perdidamente e
precisa ser correspondido. Amor é um
eterno e crescente ato de doação mú-
tua e recíproca e isto não vem aconte-
cendo com você. 0 ser humano — tal
como as flores — precisa de tratamen-
to, de cuidados e de renovação para
melhor amar.
Enquanto durar esta fixação que você
tem por ele não o esquecerá, porque
com a "fome" de carinho você mesma
procurará um meio de sobreviver. Lute
é claro para fazê-lo entender todos es-
tes pontos que colocamos nesta con-
versa. Quanto a substituir os beijos de-
le, também não nos parece uma medi-
da correta. Além de ser uma transfe-
rência, sabe-se que ninguém sobrevive
apenas com beijos. Eles são os aperiti-
vos para a grande alegria de um relacio-
namento sexual completo e feliz.
confissões 9
Homossexualidade feminina
"QUAL O MEU CAMINHO?"
ermitam-me que eu os cha-
me de amigos porque eu assim os
considero, depois de tantas quinze-
nas que temos estado juntos. Graças
a vocês comecei a questionar-me e ho-
je venho em busca de orientação.
Tenho 31 anos, uso óculos, não fu-
mo e não bebo, tenho uma profissão
definida à qual me dedico de corpo
e alma. Não tenho problemas finan-
ceiros apesar de não ser rica e poucos
são meus amigos — uma colega de tra-
balho tem mais intimidade comigo.
Não sei o que se passa comigo, qual
10 confissões
o caminho que devo seguir e talvez
eu seja bastante covarde em não que-
rer o caminho que venha a me fazer
feliz. Sei que não será fácil assumi-lo
porque tive uma educação muito rí-
gida em matéria de sexo, pois meus
pais não demonstravam afeto nem a
nós, seus filhos, nem entre eles mes-
mos. Tudo era feio, sujo, proibido de
ser conversado ou pensado, porque
era pecado. Era obrigada a trocar de
roupa íntima duas vezes por dia
porque mamãe dizia que era um lugar
de sujeira. Quando eu tinha 6 para 7
anos num certo dia em que saí sozi-
nha encontrei um rapaz de seus
20 anos que após conversar um pou-
co comigo mostrou-me seu membro
viril e pediu-me para acariciá-lo e tocá-
lo com carinho. Como eu nunca
tinha visto um homem nu antes, cha-
mou-me a atenção, mas falei-lhe que
meus pais achavam aquilo obsceno.
Ele assegurou-me que não faríamos
nada de mau e pediu-me que o beijas-
se, encostasse meu rosto em suas co-
xas e quando o fiz ele ejaculou em
minhas mãos. Quando senti o líqui-
do saí correndo e ele gritou que eu
não contasse nada a ninguém. Dias
depois ouvi contarem que haviam
prendido um rapaz que tinha fugido
da penitenciária e que estava preso
por ter violentado meninas. Ainda
hoje tenho pesadelos, toco num ho-
mem sujo, sem rosto definido que me
obriga a tocar seu membro viril e a
beijá-lo e quando acordo estou suan-
do muito, com náuseas. Cresci ou-
vindo de meu pai que homem não
presta, que só deseja sexo e prazer,
que é preciso tomar muito cuidado
com qualquer um. Quando tinha 16
anos, sempre em meio àquela vidi-
nha de "colégio e casa, casa e colé-
gio", comecei a ter relações íntimas
com uma colega de aula e amiga, e
este relacionamento durou até meus
21 anos. Ela era 2 anos mais velha
que eu e tinha conhecimentos profun-
dos de homossexualidade. Com ela
aprendi muitas coisas, foi ela quem
me deu o primeiro beijo e quem me
ensinou a beijar. Tudo isto me marcou
profundamente. Mesmo depois de
casada ela me procurava e eu nunca
neguei-lhe nada. Só quando ela ficou
grávida do primeiro filho é que decidi
dar um basta. E depois dela nunca
mais tive relações com outras mulhe-
res. As vezes olho para elas e sinto uma
atração que não sei explicar bem, mas
nada demonstro. Penso em procurar
contato no mundo guei mas tenho re-
ceios porque já tenho um irmão que
é homossexual assumido e quando
isso aconteceu foi uma verdadeira tra-
gédia aqui em casa, com minha mãe
até tentando o suicídio e meu pai
ameaçando matá-lo. Os amigos (que
hoje sei que não eram) sumiram, os
vizinhos nos viravam o rosto, tudo foi
desesperador. Eu me imaginei no lu-
gar dele e o medo de ser responsável
pela morte de minha mãe foi demais
e fez com que eu me trancasse em mim
mesma. Fiquei quase um ano sem saú-
de casa, sem ir a bailes, sem cinema
nem amigos. Quando decidi voltar a
viver, voltei aos estudos, mas a insegu-
rança trouxe-me uma gagueira. De
uma garota alegre e comunicativa,
tornei-me tímida e introspectiva e gaga,
quando até cantava em festinhas antes!
Procurei esquecer meu único caso com
uma mulher, saindo com rapazes, indo
a bailes, boates e namorando muito,
mas nunca achei graça nenhuma ne-
les. Cheguei a manter relação sexual
com um namorado de 1 ano e meio
de namoro por duas vezes, mas tudo
que senti foi uma decepção grande e
uma sensação de vazio dentro de mim.
Algo estava errado, eu sabia que era
comigo mas não queria admitir. Ele
tudo fazia para me agradar, era cari-
nhoso mas não deu certo porque eu
não era feliz. Não namorei mais nin-
guém depois dele, fiz psicanálise mas
pouco adiantou. Continuo tímida,
tenho pouquíssimos amigos, quase
não saio e vivo na solidão. Leio bas-
tante e foi assim que deparei com suas
revistas que deram-me uma nova vi-
são sobre sexo, informando e orientan-
do. Escrevi para o gay-corner mas ti-
ve um azarão porque ninguém me res-
pondeu. Serei homossexual ou não?
Por que senti repulsa pelo meu namo-
rado, por que tinha náuseas quando ele
confissões 11
me beijava, por que não sentia nada
em nossas relações? Por que depois,
quando me masturbava eu me satisfa-
zia? Por que algumas mulheres homos-
sexuais me dão medo e vergonha, prin-
cipalmente as que têm tipo de homem?
Será que as que me atraem no fundo
me despertam desejo mesmo? Por
que gosto de olhar um homem bonito
e másculo, adoro ver seu corpo nu e
conversar com ele ao mesmo tempo
sinto repulsa só em pensar numa rela-
ção sexual com ele? 0 que sou afinal,
se gosto de usar vestidos femininos,
vou ao cabeleireiro semanalmente, gos-
to de unhas compridas e bem pinta-
das, de saltos altos e ao mesmo tempo
uma mulher bem feminina me atrai
tanto? Continuem este trabalho de in-
formação para nós, povo brasileiro,
tão pobre em educação sexual porque
seus assuntos publicados são verdadei-
ras aulas acadêmicas de sexologia. Vol-
tarei a escrever-lhes. Segue meu abra-
ço, minha admiração, e meu respeito.
(Gordinha Indecisa do Sul - Porto Ale-
gre / RS)

primeira instância e de uma troca de

uas palavras nos dão alento e
novas forças para que possamos prosse-
guir em nosso ideal de orientar aque-
les que não possuem meios de solução
para os seus problemas, fazendo com
que cada um de nós brasileiros consi-
ga usufruir da felicidade à qual ele tem
direito como ser humano que é. Costu-
ma ser muito difícil a própria pessoa
envolvida ou vítima do problema reu-
nir condições de serenidade e bom
senso para encontrar o melhor cami-
nho. O emocional toma conta do
indivíduo e ele fica como que prisio-
neiro de seus sentimentos e das cir-
cunstâncias em que está envolvido.
Tem necessidade de um desabafo em
12 confissões
idéias que venha a dialogar com ele
visando o seu bem. Há ocasiões em
que a própria pessoa já checou ade-
quadamente seus sentimentos e já che-
gou à conclusão do que está aconte-
cendo com ela. Algumas até já tem
em mira a solução mas ainda se de-
batem com os riscos que esta solu-
ção irá expô-las. Não seria esse o seu
caso? Pela forma como analisa o seu
passado e seu presente você nos trans-
mite uma serenidade e uma profun-
da compreensão da raiz do seu pro-
blema — a repressão intensa e o pre-
conceito sexual nos quais foi cria-
d a — e também na avaliação do trau-
ma que se instalou em você desde o
episódio com o jovem penitenciário.
Este primeiro envolvimento com o
sexo oposto foi traumatizante, não só
porque representou a "sujeira" que sua
mão havia mencionado erroneamente
mas também porque o caso veio num
todo que fugia às circunstâncias nor-
mais. O homem estava nu, pedia cari-
nho e excitação e ejaculou em suas
mãos de chofre, sem que tivesse ha-
vido um envolvimento emocional ou
uma escolha de sua parte. Você foi
protagonista de uma peça para você
totalmente desconhecida e para a
qual além de não estar preparada
ainda nem mesmo representava uma
opção sua. Nestas circunstâncias o se-
xo com um homem pareceu-lhe su-
jo, injusto (porque pouco de bom res-
tou-lhe dele) e até traumatizante. Sujo,
sim, porque carrega até hoje a sensação
de náusea associada a ele; injusto por-
que nada de gratificante você recebeu
do episódio; finalmente traumatizante
porque afastou-a ainda mais do sexo
visto com olhos normais e reais, criou
em você uma rejeição ao homem partí-
cipe sexual, embora você admire-o
como obra da criação: belo, robusto,
másculo e forte. Mas quando se trata
de um relacionamento sexual com-
pleto com ele você abomina a idéia, e
nos pesadelos chega a suar "sangue".
Toda esta trama está presente nos pe-
sadelos: o homem está sujo, seu rosto
está indefinido porque ele representa
todos os que pertencem ao sexo opos-
to, ele a "obriga" a tocar nele. . . Foi
esta imagem que lhe restou do sexo
com um homem. Assim os que passa-
ram por sua vida "teriam" que ser
proscritos, "teriam" que fazê-la frus-
trada e infeliz. Não tinham a menor
chance de triunfo. O relacionamento
com a amiga marcou-a porque foi o
que restou-lhe de afeto recebido e da-
do por você. No ambiente do lar nun-
ca experimentou afeto, apenas uma de-
turpação do sexo e a conseqüente
repressão. Por isso nunca negou nada à
amiga. Foi sempre magnânima mesmo
quando isso ia contra seus princípios e
contra sua vontade. A atração que sen-
te por algumas mulheres não seria a
lembrança que elas lhe trazem dos
únicos momentos de alegria ainda que
transitória? Já havia pensado nesta
possibilidade? Veja que a visão de ho-
mens belos e másculos também cha-
mam a sua atenção. Mas até as mulhe-
res homossexuais que tenham uma
aparência masculina assustam porque
lembram-lhe sexo-união física, pele
com pele, membro com membro. Não
é timidez como você define e sim re-
tranca, recusa ao sexo. A masturbação
a satisfaz porque não envolve o ele-
mento masculino, não "cutuca" a feri-
da do trauma. Continue feminina co-
mo sempre foi, pois esta é a sua reali-
dade. Prossiga com as amizades que
tem e procura através de grande esfor-
ço fazer novas com ambos os sexos.
Viva a vida ainda que ela lhe pareça
insonsa e sem atrativos. Aos poucos
irá-encontrando sua verdadeira identi-
dade. Você tem sua profissão, procu-
re crescer dentro dela e inscreva-se
em novos cursos que possam propor-
cionar-lhe novos conhecimentos e ami-
zades. Não queira colocar o carro
diante dos bois apressando sua defini-
ção sexual, pois pode ser — e tudo le-
va a crer nisso — que ainda não seja a
hora de uma definição neste aspecto.
Aos poucos o horizonte irá se abrindo,
as nuvens irão se dissipando e sem que
você tenha que fazer força a situação
se aclara e define. A angústia da defi-
nição imediata somente fará aumentar
a indecisão e o sentimento de frustra-
ção. Volte mesmo a escrever-nos o pra-
zer será nosso. Quem sabe até já nos
traga novidades . . .
confissõe-13
 Homossexualidade
MASCULINA
"NÃO QUERO MAIS VIVER" . . .
"PRECISO ASSUMIR, MAS TENHO MEDO"...
"SÓ GOSTO DE HOMENS IDOSOS" . . .

14 confissões

ntes de mais nada, quero pa-
rabenizar pelo belíssimo trabalho desta
conceituada editora, no intuito supre-
mo de ajudar os jovens brasileiros de
todas as idades, com informações va-
liosas e temas brilhantes. Saliento que
sou assíduo leitor de Rose, Peteca, Per-
sonal, Ponto de Encontro, Contos Eró-
ticos e essa genialíssima CONFISSÕES
ÍNTIMAS. Essas revistas constituem a
minha única razão de existir, pois não
tenho coragem para mais nada, a não
ser trabalhar para sustentar meus pais e
uma irmã de criação. Nina, foi a revista
CONFISSÕES ÍNTIMAS que me fez
chegar a ti nesta hora de angústia, mo-
notonia e tédio. Tudo o que passo ago-
ra a te relatar é a verdade acima de tu-
do e nem sei se estarei vivo para ouvir
teus conselhos, que na certa serão va-
liosos. Mas, agora sinto que não tenho
mais forças para continuar vivendo.
Nasci no interior alagoano e, como to-
dos os rapazes da minha época, logo
aos 12 anos comecei minha odisséia
sexual. Influenciado por amigos, come-
cei a frequentar cabarés e a transar
com prostitutas é alguns homosse-
xuais. Não obstante, quando minha
personalidade sexual foi se definin-
do — foi com espanto que cheguei a
conclusão que a minha preferência se-
xual era para pessoas do mesmo sexo.
Nina, começou aí a minha "via cru-
éis". Inicialmente, tive um problema
no pênis, com fim o se parcial e — creia
em mim por todos os santos — não es-
perei por médico nenhum. Eu mesmo
peguei uma gilete e cortei parte do ca-
bresto, deixando o couro quase que li-
vremente. No começo sofri muito, mas
depois as dores passaram e hoje não
sinto mais nada. Isso aconteceu aos 16
anos e atualmente me encontro com
31 anos de idade. Logo que descobri
essa preferência por pessoas do mesmo
sexo, minha vida começou a ser um in-
ferno. Na adolescência, quando eu
transava com homossexuais passivos,
me sentia enojado de mim mesmo e
passava dias lamentando tal fato. O
tempo foi passando e a vontade foi au-
mentando. Um dia, revoltado comigo
mesmo, pratiquei sexo com um ho-
mossexual passivo no meio de uma rua
principal da capital pernambucana, em
pé e encostado num poste de energia
elétrica. Fomos surpreendidos pela po-
lícia e passamos dois dias em cana.
Meu exílio foi tendo prosseguimento e
nunca consegui até a data atual enxer-
gar com bons olhos esta minha caracte-
rística homossexual. Aí, não agüentan-
do mais, tentei pela primeira vez o sui-
cídio. Consegui através de um colega
que trabalha num hospital um vidro de
éter. Procurei uma das pontes que mar-
geiam o Rio Capibaribe e fiquei senta-
do no batente mais alto. Ensopei um
capucho de algodão com o éter e colo-
quei no nariz. Quando ia desfalecendo
e conseqüentemente cair n'água, dois
soldados "Cosme e Damião" me pega-
ram e escapei por milagre. De lá para
cá, estou absorvido pelos quatro ver-
bos: enxergar, sorrir, ouvir e perdoar.
Sinto uma tremenda vontade de nor-
malmente praticar relações sexuais
ativas e passivas, com homens de mi-
nha idade, mas não tenho coragem.
Vejo o mundo me incriminando. Co-
meço a chorar e andar pelas ruas co-
mo um desvairado, um louco — to-
talmente maníaco que anda . . . an-
da .. . anda . . . a esmo sem nada
conseguir.
Nina, eu sou realizado financeira-
mente. Sou formado e não tenho pro-
blemas familiares, todavia não con-
sigo mais sorrir. Sorrir amando, por-
que a vida é boa de se amar. Gosta-
ria de um dia ir ao encontro de outros
amigos com alegria, sem frustrações e
desatinos — mas, não. Me sinto como
confissões 15
um náufrago, procurando a tábua de
salvação. Nina, me perdoe mas não te-
nho vontade de viver mais e te procu-
rei através desta pequena missiva por-
que já me encontro totalmente deses-
perado. Por todos os lugares que ando
o sexo me aflora à cabeça, transtornan-
do os meus dias. A coisa está tão aluci-
nada, que já não posso trabalhar em
paz. Me ajude, não sei o que fazer" . . .
("Sofredor" - Recife/PE)

ocê diz que ama a vida, mas

antes de tudo você precisa aprender a
amar a si mesmo. Escolha um momen-
to diário, na solidão de seu quarto, pa-
ra um exercício de reflexão. Em for-
ma de oração, exercite a auto-aprecia-
ção. Assuma com alegria a sua expres-
são homossexual e também a sua ima-
gem física. Com música suave, em esti- do seu estilo de vida e não ligue para o
lo de ginástica rítmica e com exercí- fato de estar só. Na verdade, todos nós
cios de respiração profunda, vá desco- somos sós, únicos e isolados. De nossa
brindo o aspecto saudável dessa identi- habilidade é que depende o relaciona-
ficação da mente com o corpo. Procu- mento com o mundo. De nossa cora-
re melhorar sua aparência e dentro de gem e persistência depende o rendi-
poucos dias você estará desenvolvendo mento nessa luta pela conquista do su-
um forte sentimento de auto-aceitação cesso. Tire da cabeça essa associação
e de auto-apreciação. Saiba que você é de idéias bastante errônea de homos-
único, não existe outro ser humano sexualismo com infelicidade. Felicida-
exatamente igual a você. Só isso, por de é uma questão de disciplina mental
si, é maravilhoso, quando sabemos que e não tem nada a ver com a condição
somos todos fora-de-série e podemos ou preferência sexual deste ou daque-
desenvolver através de nossa mente po- le. Não há nada do que se envergonhar.
deres excepcionais. E que nossa ima- Erga a cabeça e ocupe o espaço que é
gem física é ímpar e, por isso mesmo, seu.
vamos tirar dela o. melhor proveito
possível. Viaje, passeie, divirta-se, não
se importe com a solidão. Mantenha
sempre um sorriso nos lábios (este é o "PRECISO ASSUMIR, MAS
melhor tratamento de beleza que exis- TENHO MEDO" . . .
te!) e parta para a conquista de seu es-
paço, neste mundo cujo sol nasceu pa-
ra todos. Não pense que as oportuni-
dades irão cair do céu: você é que vai á vários dias eu tinha vontade
conquistá-las. Faça uma programação de escrever, mas tinha medo. Sou um
16 confissões
jovem de 22 anos, estudante de Ad-
ministração. Não tenho namorada
atualmente, mas já gostei bastante
de uma garota e fui correspondido.
Depois tudo acabou e eu conheci um
rapaz que se dizia ser meu cunhado,
pois sua irmã namorava com meu ir-
mão. Fui conhecendo-o melhor até
que um dia ficamos gostando um
do outro e passamos a ter relações.
Só que não chegávamos a um relacio-
namento completo, ele queria mas eu
tinha medo. Tínhamos 15 anos nessa
época. Com o passar do tempo mu-
dei com minha família para Natal. Pen-
sei que tinha esquecido tudo, mas
aquela imagem, aquele rapaz não me
saía do pensamento. Liberado pelo
Exército, aos 18 anos, fui trabalhar
numa fábrica onde conheci um rapaz
que se dizia ser homossexual. Passei a
conhecer seus amigos e a levar uma
vida homossexual. Agora ele foi morar
no Rio e escreve insistindo para que eu
vá embora morar com ele. Aqui nada
dá certo para mim e não sei o que fa-
zer, às vezes dá vontade de ir embora
morar com este meu amigo. Quanto ao
meu cunhado, hoje ele é casado, sinto
que ele tem vontade de aproximar-se
de mim, mas tem medo. Será que o
que sinto por ele é amor reprimido? 0
que devo fazer? Ir embora" . . . ("Gay
Confuso" - Natal/RN)

iga adeus a este passado que

ainda tenta reviver. As coisas passadas
sempre ficam melhor justamente onde
elas estão: no passado. Viva o presente
e prepare o seu futuro. Aproveite essa
chance e aceite o convite para mudar-
se para o Rio. Mas, de nada adianta
mudar-se e levar consigo todos os con-
flitos. Lembre-se de que a vida não é
feita exclusivamente de sexo. Procure
estudar e trabalhar e encare a vida nu-
confissões 17
ma cidade maior como chance de
maiores oportunidades nesse sentido.
De realização profissional, de aprimo-
ramento cultural e de realização pes-
soal. A liberação íntima não é a cidade
que promove, mas você, exclusivamen-
te você.
"SÓ GOSTO DE HOMENS
ACIMA DOS TRINTA" . . .
i
e todas as revistas fossem
iguais a CONFISSÕES ÍNTIMAS, nin-
guém seria mal informado sobre sexo.
Conclusão: a gente compra uma, abre
e não vê nada, só o preço. Mas CON-
FISSÕES não: é barata, pequena e
fala sobre tudo. Parabéns. Nina, es-
tou escrevendo para pedir que você
analise o meu caso. Quando eu tinha
12 anos um tio meu foi nos visitar e
por motivo de espaço tivemos que
dormir juntos. No meio da noite ele
pediu que eu segurasse o órgão sexual
dele e nesta época eu era louco para
ver o pênis de um homem. No começo
eu recusei, mas não resisti e peguei
aquele membro duro. Senti algo tão
forte que quase me afoguei, pois pare-
cia que meu coração ia parar. Depois
ele quis introduzir e eu deixei: apesar
da dor, achei aquilo maravilhoso. De-
pois que ele terminou, pediu que eu
fizesse o mesmo nele. Eu sentia o mun-
do parar ao redor. E assim aconteceu
todas as vezes que ele nos visitava. Des-
de esse dia, só sinto atração por
homens idosos, ou seja com mais de 30
anos. Tive muitas namoradas, mas não
sentia vontade de namorar e sim de pe-
netrá-las, pois sou louco por meninas
de 10 a 17 anos. Hoje com 19 anos
continuo a mesma coisa, pois só procu-
ro homens com idade acima dos 30
18 confissões
anos." ("Procurador de Idosos"
Uberaba/MG)
mbora o período da puber-
dade, que geralmente ocorre entre 11
e 13 anos, seja decisivo na formação da
identidade psicossexual do indivíduo,
grande maioria dos pesquisadores são
unânimes em afirmar que essa tendên-
cia instala-se bem antes. A identifica-
ção com o modelo feminino é transmi-
tida pela mãe já na primeira infância.
Quanto a essa atração por pessoas mais
idosas ela é muito comum na fase da
adolescência, que estende-se até os 22/,
25 anos. Caso prevaleça a expressão
homossexual dentro de sua gradação
de preferência, mais tarde essa inclina-
ção pode se inverter. O homossexual
jovem gosta de adultos de meia idade
ou até bem idosos e mais tarde ele pas-
sa a preferir parceiros mais jovens.
No que se refere à atração por meninas
de 10 a 17 anos, parece existir um lan-
ce de maldade no sentido que você im-
prime ao desejo não de "namorar mas
sim de penetrá-las". Avalie bem a po-
breza de sentimento ao utilizar-se das
pessoas como meros objetos. Não esta-
ria essa atitude revelando uma revolta
pela sua própria condição. Medite bem
sobre isso e procure reavaliar essa for-
ma de comportamento. Não use as pes-
soas dessa forma, como uma maneira
de "compensar" a forma como você
também foi usado aos 12 anos. Afinal,
você consentiu e praticamente provo-
cou tudo o que aconteceu naquela
época.
 Emocional
"MASTURBAÇÃO DEPOIS D O S 30 É NORMAL?"
"DESEJO AS MULHERES APENAS COMO NAMORADAS"...

20 confissões

ou simpático, atraente e se-
gundo algumas mulheres muito bonito.
Mas tenho um grande problema: sou
tímido demais e esta timidez me im-
pede de dialogar livremente com as
moças que cruzam meu caminho. Ado-
ro fazer amor com elas e quando estou
na cama gosto de fazer tudo o que elas
gostam em matéria de sexo. Adoro o
sexo oral e ver uma mulher atingir o
orgasmo. Como é muito difícil achar
quem goste deste tipo de sexo, vivo
torturado, excitado e só pensando em
sexo: Será que isso aos 30 anos é nor-
mal? Tenho medo que isto venha a me
prejudicar mentalmente." (E. J. Santos
SP / Capital)
ão cremos que seu problema
seja propriamente de timidez e sim de
comunicação verbal. Com isto está se
voltando exclusivamente para o sexo
e mais especificamente no sexo oral.
Tem encontrado uma certa dificulda-
de em encontrar parceiras que gostem
desta espécie de relacionamento sexual
porque há um certo tabu ainda vigente
de que somente as mulheres chamadas
fáceis é que o praticam. Como os tabus
custam muito a serem ultrapassados
seria mais conveniente que você pri-
meiramente abordasse a moça através
de um diálogo para que fossem criadas
condições mais íntimas para a prática
do sexo oral entre ambos. Como dialo-
gar parece segundo o que nos contou
ser o seu dilema. Sendo espontâneo e
simples, sem a preocupação de agra-
dar a qualquer preço ou de conquistar
num mínimo espaço de tempo, sim-
plesmente converse sobre assuntos ge-
rais, como fatos acontecidos na cida-
de em que moram, um filme que está
sendo levado nos cinemas ou futebol,
qualquer outro esporte. Depois tente
levar o papo para o terreno mais parti-
cular, como as preferências da moça
no que tange a artistas, estudos ou pro-
fissão. Na terceira etapa então diga al-
go que se refira a você em particular.
Com isto você já terá estabelecido
entre vocês dois um clima mais ínti-
mo e mais propício para um relacio-
namento sexual mais descontraído. O
sexo oral não seria colocado de chofre,
quase que imposto, mas sim seria uma
conseqüência, um desdobramento da
fase inicial. A prática da masturbação
não tem uma época certa e estática pa-
ra começar ou ser posta de lado. De-
pende de cada pessoa. Por esta razão,
não se pode rotular de anormal quem a
pratica mais cedo ou mais tarde. Tu-
do depende do grau de maturidade e
de segurança de quem recorre a ela.
No seu caso, devido à frustração por
preferir um tipo de relacionamento
sexual e não estar encontrando reci-
procidade imediata ela ainda persiste.
Não fará dano algum ao seu organis-
mo ou a sua mente se você a encarar
normalmente como uma conseqüência
da situação em que vive.
"DESEJO AS MULHERES
APENAS COMO NAMORADAS"..
enho 28 anos e fui casado
com uma mulher com a qual fazia
amor em todos os sentidos. Um dia
ela resolveu me abandonar por outro
homem alegando nunca ter me ama-
do. Confesso que sofri muito com a
separação e desde então tenho tido
relações apenas com prostitutas, sem-
pre comparando-as a minha esposa.
Há dois meses conheci uma moça com
a qual muito me diverti como se fôsse-
confissões 21

mos dois namorados. Fomos dormir
num hotel mas intimamemte eu
não queria fazer sexo com ela, embora
procurasse excitá-la ao máximo. Porém
na hora do ato sexual eu a tratava co-
mo prostituta. Não conseguia livrar-me
de pensar em minha esposa, tenho
sempre ela em meu pensamento. Não
sei porque, mas quero as mulheras ape-
nas como namoradas em busca de
amor e carinho, e não em busca de se-
xo. Por favor, me ajudem." (Mente
Confusa - Rio de Janeiro)
22 confissões
ocê sofreu sem dúvida uma
grande desilusão por ter muito amado
e ter sido rejeitado por sua esposa.
0 fato de que havia um entendimen-
to sexual, ao menos de sua parte —
agrava o problema — o porque ama-
va-a e com ela se realizava neste sen-
tido. Passou a rejeitar o sexo defini-
damente porque associa-o com a ati-
tude de abandono do qual foi víti-
ma. Não rejeita o amor — carinho,
o amor enlevo, mas repudia o amor-
sexo, porque pensa que foi por ele que
sua esposa o trocou por outro. Você
não entra em detalhes quanto às pos-¡
síveis causas deste rompimento. Não
houve explicação alguma nem acusa-
ção na tentativa de justificar seu com-
portamento? Uma atitude como foi a
que sua esposa tomou implica em
muitas outras limitações pessoais da
parte dela e portanto não significa que
necessariamente o culpado único tenha
que ter sido você. Veja bem, ela não
procurou o diálogo, não tentou corri-
gir as arestas que estavam dificultan-
do o relacionamento de vocês. Sim-
plesmente partiu e com isso demons-
trou uma falta de afetividade incrí-
vel. Não há porque puni-la punindo
todas as mulheres que vierem a cru-
zar o seu caminho. Cada mulher é ou-
tra pessoa, tem outra história, e agin-
do como você vem agindo só fará au-
mentar o seu sofrimento e colaborar
para o desencanto de outras. Procu-
re superar definitivamente esta etapa
de sua vida esquecendo quem tanto
o magoou e nunca o mereceu. Dê
início a uma nova vida e permita a si
mesmo — e a outras mulheres — cons-
truir novo amor.
 Como lidar com a
Timidez Sexual
24 confissões

m antigo manuscrito que ser-
via como um verdadeiro manual de ca-
samento descrevia detalhadamente
uma lua-de-mel perfeita. O livro fora
colocado por um sábio chefe de famí-
lia na biblioteca de sua casa bem à
vista para que ele se tornasse bastante
acessível à sua filha adolescente. Ela
realmente o consultou e nunca conse-
guiu esquecer o bem que o livro lhe
fez interiormente. Ficou simplesmen-
te encantada com a doçura, a confian-
ça e o cuidado afetivo que o noivo e
a noiva dedicavam um ao outro. Con-
tava a história, que na primeira noite,
os noivos simplesmente estavam tão
exaustos que apenas dormiram, por-
que não se acharam em condições de
fazer amor e curtir as alegrias de um
completo relacionamento sexual. Na
segunda noite, ainda com alguma hesi-
tação, eles fizeram mútuos afagos e tí-
midos beijos explorando os carinhos
de um e de outro gradativamente. Na
terceira noite, começaram a fazer afa-
gos recíprocos de uma maneira mais
intima e a cada nova noite que se se-
guia, aumentavam esta intimidade mais
e mais. Somente na sétima noite é que
experimentaram pela primeira vez o
completo mistério sexual e chegaram
ao êxtase do amor. Deste dia em dian-
te, a vida sexual de ambos foi melho-
rando sempre mais, fazendo com que o
casamento se resumisse num sucesso
ímpar e uma situação extremamente
prazerosa para os dois
Embora os tempos tenham mudado
consideravelmente e, hoje tenhamos
um número bem maior de casais vi-
vendo juntos, levando-se ainda em con-
ta que a educação sexual, embora não
esteja sendo profícua, começa a se es-
boçar nos lares e nas escolas, a timidez
sexual existe de uma forma ainda bas-
tante acentuada. Isto colabora para
que muitas pessoas sofram incrivel-
mente, uma vez que não conseguem
se completar sexualmente e alguns
nem mesmo chegam a dar os passos
iniciais nas delicias de um relaciona-
mento afetivo, que eles não apenas
precisam mas também merecem.
Um dos maiores cientistas sociais da
Universidade de Stanford, o Dr. Phil-
lips Zimbardo que em suas pesquisas
sobre a timidez analisou 5.000 pessoas,
afirma que esta timidez afeta, caso vo-
cê se case, toda a estrutura psicológica
do cônjuge como também atinge, de
uma forma violenta, a vida sexual do
casal. Seu estudo revela inclusive, que
mais de 80% das pessoas questionadas
já sofreram muito por causa da timidez
do parceiro e que cerca de 40% ainda
continuam sofrendo. Isto nos leva a
crer que pelo menos 4 em cada 10
americanos estão atualmente sofrendo
e acredita-se que esta percentagem seja
a mesma em quase todos os quadrantes
do mundo. Vejamos o que Zimbardo
diz em seu livro mais recente denomi-
nado Timidez: "Os homens e as mu-
lheres tímidos têm bem menor expe-
riências sexuais e tiram um proveito
bem menor delas "
QUE VEM A SER A TIMIDEZ?
timidez é aprendida por um
conjunto de comportamentos que se
operam dentro de você e pode até não
ter sido aprendida. O tímido típico fo-
caliza-se nele mesmo, não se ama co-
mo deveria amar, teme a crítica e a
opinião do próximo, não sabe como
encarar um elogio e nunca se expõe a
risco algum. E como nós sabemos
amar outra pessoa é sempre um risco
que se corre. Tornar-se envolvido se-
xualmente é ainda um risco muito
maior, porque coloca em evidência
as falhas mais intimas, assim como põe
confissões 25
em relevo as vulnerabilidades do corpo sentido as delícias e o prazer comple-
e da personalidade. É ainda Zimbardo to do orgasmo, eh não deixará jamais
quem diz: "Os encontros sexuais re- de continuar a procurá-lo para repetir
presentam uma das mais sérias amea- a experiência. Isto pode parecer um
ças para os tímidos - pelas mesmas ra- axioma, mas para muitos homens é
zões que eles geralmente se sentem mal uma grande revelação. Sabendo que a
diante de novas situações sociais, quan- sua parceira tão tímida ao ter chegado
do temem estar sendo analisados e pela ao orgasmo pela primeira vez continua-
forma com que se tornam vulneráveis à rá nas relações futuras entre ambos a
violações de seus espaços pessoais." procurar por ele, o homem sentirá uma
Freqüentemente o parceiro mais arro- motivação enorme para, "tentar, tentar
jado dentro de um relacionamento pre- novamente, mesmo que de inicio não
cisa auxiliar o outro a vencer a timidez tenha conseguido sucesso". O mesmo
sexual para que a felicidade reciproca pode ser dito para a mulher mais arro-
fique resguardada. Ainda costuma jada que tenta lenta e gentilmente con-
acontecer - se bem que nem sempre duzir o seu parceiro que é tímido de-
aconteça - que seja o homem o menos mais.
tímido, uma vez que os garotos geral-
mente aprendem algumas noções de se- RELACIONAMENTO PURO E
xo mais cedo e, portanto, desejam ex- NÃO SEDUÇÃO
perimentá-lo com uma maior antece-
dência. Lonnie Barbach diz que as mu-
lheres possuem a mesma necessidade e
têm a mesma capacidade para chegar
stamos aqui abordando a
ao orgasmo que o homem, mas que na
construção de um verdadeiro e sempre
realidade, nos encontros sexuais, os
crescente relacionamento e não daqui-
homens freqüentemente chegam ao or-
lo que costumamos chamar de sedu-
gasmo duas vezes mais que as mulhe-
ção. É claro que fica eliminada qual-
res. O esgotamento causado pela falta
quer forma de comportamento que
continua de alivio da tensão sexual po-
cheire a champanhe ou que cubra a
de resultar em grande irritabilidade,
parceira de valiosos presentes. Aquele
dores de cabeça e até mesmo infecções
antigo manual de casamento já está em
vaginais. Assim a maioria das mulheres
algumas partes ultrapassado pelo tem-
prefere homens sensíveis que possam
po e pelas mudanças ocorridas nos cos-
ajudá-las a obter o orgasmo, mesmo
tumes. Apertando os botões certos e
que eles pareçam um tanto bruscos na
esperando sempre que for preciso pela
forma com que caminham para ele.
necessária lubrificação antes de botar
Elas ficam felizes em perder estas an-
a máquina em funcionamento, não irá
tigas inibições pouco saudáveis com o
dar certo com uma parceira tímida ou
o homem certo, que é paciente e dedi-
com muitos outros tipos de personali-
ca-lhes o maior carinho com a finalida-
dade. Esta é uma concepção errônea
de de colocá-las mais à vontade, ainda
de fazer sexo, porque se uma garota
que seja insistentemente como aconte-
for pressionada desta maneira, ela po-
ce na maioria das vezes.
derá simular uma resposta sexual ape-
A Dra. Mary Jane Sherfey, uma das
nas ou se curvar simplesmente e ceder
mais atentas observadoras da mulher
por ser o caminho mais fácil. O sexólo-
moderna, escreveu em um de seus li-
go americano Dr. Jack Spund sempre
vros que uma vez que a mulher tenha
costuma dizer que "ninguém gosta de
26 confissões
ser usado ou manipulado. Dedique,
portanto o seu tempo e tome cuidado
o bastante para que possa ajudar o seu
ser amado a se sentir melhor com o se-
xo, com o seu corpo e com o corpo
dele também." O Dr. Spund emprega a
maior parte de seu tempo livre para
aconselhar estudantes que variam de
dezoito a cinqüenta anos, na Universi-
dade de Los Angeles, e tem estado
sempre organizando cursos especiais de
educação sexual para profissionais que
lidam com assuntos de saúde. Estes
cursos se dedicam especialmente à ar-
te especial de conduzir parceiros se-
xuais tímidos para o sexo e ainda co-
mo lidar com pacientes problemáticos
que estejam querendo pagar uma equi-
pe de terapia para curá-los definitiva-
mente.
O Dr. Spund nos dá algumas sugestões
para aqueles que se encontram pouco
à vontade em assuntos sexuais ou para
casais que estejam precisando de uma
orientação quanto à forma que devam
ajudar um ao outro:
CONVERSA RECIPROCA
SOBRE OS SENTIMENTOS.
casal deve criar uma atmosfe-
ra de franqueza e abertura total na
qual ambos possam conversar sobre
seus sentimentos mais profundos ha-
vendo disposição mútua tanto de falar
como de ouvir com grande disposição
e boa vontade. A abertura inclui inclu-
sive a possibilidade de pedir conselho,
fazer criticas e questionar mesmo o
mais íntimo dos problemas. Ambos de-
vem entender o conceito de responsa-
bilidade sexual ou de auto-responsabi-
lidade. Os homens, em tempos passa-
dos, pensavam erroneamente que as
mulheres eram seus instrumentos de
brinquedo e assumiram a responsabili-
dade total de decidir e também de en-
siná-las tudo no que dissesse respeito
ao sexo. Os homens de hoje esperam
que as mulheres lhes contem tudo o
de que precisam e gostam.
Não pensem que estão preocupados
apenas com a timidez das mulheres.
O Dr. Bernie Zilbergeld em seu exce-
lente livro "A SEXUALIDADE
MASCULINA " nos conta que um em
cada 4 garotos universitários ainda é
virgem. Alguns estão tão preocupados
que nem mesmo desejam se involver
sexualmente e, por isso, evitam qual-
quer espécie de relacionamento. Ou-
tros precisam de uma mulher e mais
particularmente de uma parceira que
compreenda seus temores como os de
que ele possa não agradá-la sexualmen-
te, que ele não tenha condições de agir
como manda o figurino no ato sexual,
que ele possa ser considerado imaturo
ou sem graça sexualmente.
OUÇA A SUA PARCEIRA
e conversar sobre sexo e sen-
timentos for a parte mais difícil para
você, o Dr. Zilbergeld sugere o seguin-
te recurso para falar e ouvir: quando
você tiver algo muito importante para
dizer à pessoa amada, conte-lhe que
gostaria de comunicar-lhe algo especial
e pergunte-lhe o tempo que ela dis-
põe para ouvi-lo. Isto fará com que
ambos fiquem bastante relaxados e
confissões 27
com algum tempo livre para se dedica-
rem um ao outro sem que tenham que
ser interrompidos. À sua parceira cabe
apenas ouvir e entender o que você fa-
la. Não deve interrompê-lo a não ser
para pedir uma explicação mais deta-
lhada do que você está abordando. Ela
então irá não apenas dar-lhe as respos-
tas que você precisa, mas também irá
confortá-lo dos problemas e dúvidas
que o torturam. Caso ela também quei-
ra replicar sobre algo que você falou,
permita-lhe e use o mesmo esquema.
Ouça atentamente com o que há de
melhor em sua intuição e preste uma
atenção especialíssima nas palavras e
colocações que ela fizer a respeito dos
assuntos que envolvam seus sentimen-
tos pessoais. Seja acima de tudo
paciente. Mostre-se solidário e aceite a
realidade de sua parceira seja qual for
esta realidade. Querer insinuar um co-
nhecimento mais profundo ou uma
maior experiência ainda que o faça ve-
ladamente é um fracasso certo. Ê de
suma importância que haja uma comu-
nicação de nível igual entre os dois
parceiros sexuais. Você pode dispor
dela sem que seja preciso dizer uma só
palavra, porque o sexo por si só pode
cio, são de suma importância apenas
ser a única e original forma de comu-
observar, tocar, cheirar, sentir o gosto
nicação.
e acariciar. Não cometa o erro de pen-
sar que o prelúdio não seja sensual. O
corpo todo ê uma zona extremamente
erógena. Podem ser igualmente sen-
suais e sexual tanto a estimulação ge-
nital como o beijo, o sugar de uma
O ESPAÇO PARA A ponta de orelha, o lamber de uma so-
EXPLORAÇÃO. brancelha e a caricia suave de um roçar
de cílios. Não procure ser um craque
do orgasmo — tão preocupado com ele
e com a conclusão final do ato de
xperimente e veja" seriam os amor a ponto de perder todo o encan-
termos mais corretos para classificar to, enlevo e prazer que um relaciona-
este período importante de exploração mento sexual oferece durante todo o
da sexualidade no sentido de pesquisa percursos para chegar a esse objetivo.
do corpo e da personalidade de quem E principalmente nunca diga: "É as-
você se propõe relacionar-se. De ini- sim que deveria ser feito."
28 confissões

A LINGUAGEM DO AMOR.
ue espécie de linguagem você
comumente deve usar? A resposta a
essa pergunta é tão variada que somen-
te você mesmo tem a chance de chegar
a mais conveniente para a situação es-
pecifica Repare se a sua parceira co-
ra, enrubesce ou sorri com a linguagem
que você emprega quando se dirige a
ela. Palavras de origem latina ou grega
como vagina, pênis ou penetração, ge-
ralmente são recebidas com mais agra-
do, sem tanto embaraço ou ameaça,
porque são usualmente empregadas pe-
los cientistas ao passo que as gírias co-
mumente empregadas pelo linguajar
de cada pais soam mais vulgares. Sexó-
logos modernos consideram as primei-
ras mais respeitáveis, porque vêm na
gíria algo de malicioso, sujo ou degra-
dante no que se refere ao sexo. Se a
linguagem cientifica soa um tanto pe-
sada e rebuscada para você, tente, en-
tão, o emprego de palavras mais co-
muns. Um exemplo seria: no linguajar
cientifico "vamos ter uma relação se-
xual"; na gíria seria: "vamos trepar"
e numa maneira mais intermediária
de falar seria: "vamos fazer amor".
SEJA SEU PRÓPRIO
SEXÓLOGO.
ocê já tentou tudo e o mo-
mento mágico ainda não aconteceu?
Experimente então emprestar dos se-
xólogos alguns exercícios relaxantes
que ambos podem fazer a sós. Para
que o corpo fique totalmente livre
de qualquer tensão psicológica, dei-
tem de costas, respirem profunda-
mente e então começando pela pon-
ta dos pés ou pela parte mais alta da
cabeça, imagine que progressivamente
cada pedaço de seu corpo está se tor-
nando mais leve como que flutuando
no espaço, livre e solto como uma nu-
vem que passa. Levante o braço direi-
to juntamente com a perna esquerda
e faça-os flutuar em movimentos len-
tos; a seguir repita o exercício trocan-
do de braço e perna. Movimente de-
pois o pélvis em ondulações, para ci-
ma e para baixo para ambos os lados
e para a frente e para trás. Isso tudo fa-
rá com que você se solte e se liberte
das tensões Deitados à maneira das co-
lheres (ligeiramente curvados para a
frente com as costas no chão) experi-
mentem respirar juntos, conversando
despreocupadamente sobre assuntos
ligados ao amor. Depois dancem um
pouco.
A leitura de poemas, poesias e histó-
rias de amor com muita imaginação
erótica também ajuda muito a des-
contração. Uma revista dedicada a
assuntos que dizem respeito ao se-
xo, especialmente as colunas dedi-
cadas aos depoimentos dos leitores
onde podem ser lidos as experiên-
cias pessoais é de grande auxílio
para que ambos se sintam mais à
vontade. Embora o relato das fan-
tasias pessoais de ambos seja hoje
em dia considerada como um dos
mais significativos bastões de inti-
midade não é aconselhável aqui,
no caso de pessoas tímidas, como
também não o é a masturbação pra-
ticada pelos parceiros um na presen-
ça do outro que muitas vezes é reco-
mendada pelos sexólogos para alguns
casais. Cremos que no caso dos timi-
confissões 29
dos ambos os comportamentos num
primeiro contato seriam prejudiciais.
Observem fotos de pessoas nuas e
discutam um com o outro quais os
corpos que lhes parecem mais belos e
comparem-nos com os seus. Isto fará
com que sua tímida parceira tenha
uma chance de se encorajar para se
abrir mais a respeito da anatomia de
seu corpo e do corpo dela mesma. A
comunicação deve ser sempre a sua
linha mestra de conduta. Você pode
dizer, claro se for verdade, "sua pele
é igual a de um pêssego" ou então
"gosto da cor de sua pele quando co-
ra" ao verificar que sua parceira está
um tanto preocupada com a cútis. Po-
de também elogiar gentilmente uma
postura, e porte de seu corpo quando
caminha, a aparência saudável que
ela tem, as mãos pequenas ou longas,
a curva graciosa de suas formas, enfim
um número infindável de virtudes que
você realmente aprecie na sua aparên-
cia exterior, no seu modo de ser, no
seu caráter. Leve sempre em conta po-
rém que essas considerações devem ser
feitas sem exagero ou elogio barato; ao
contrário devem expressar a verdade.
Afinal se você realmente está muito
apaixonado é capaz até de não enxer-
gar defeito algum no objeto de sua pai-
xão. Na maioria das vezes pessoas até
muito atraentes podem parecer co-
muns e se sentirem bisonhas. Elas ge-
ralmente gostam muito de que alguém
as convença de que são dignas de admi-
ração e apreciadas. Também podemos
ajudar uma pessoa tímida que amamos
seguindo os conselhos do Dr. Zimbar-
do procurando fazer com que a tími-
da saia de seu casulo egoísta e parta
para a observação dos que estão ao seu
lado. Por exemplo, tente fazer com
que sua parceira compreenda quanto a
sua realização sexual significa para vo-
cê, o quanto vale ela estar perto de vo-
cê tocando-o e comunicando seus sen-
confissões 30
timentos mais íntimos através de pala-
vras para você. Diga-lhe que o inverso,
ou seja, você podendo dizer tudo que
pense e sente para ela também é muito
significativo. Faça-a compreender que
o fato de ambos estarem olhando nos
olhos um do outro, sorrindo um para
o outro é importantíssimo para você.
Não esqueça sobretudo de injetar um
pouco de humor no seu relacionamen-
to para quebrar o gelo e fazer com
que ela, por fim sorria com muito gos-
to e espontaneidade. Lembro-me ago-
ra do caso de um jovem que encheu
seu quarto de bexigas coloridas antes
de convidar sua namorada tímida para
fazer amor com ele. Eles foram pouco
a pouco se descontraindo e se estimu-
lando, enquanto brincavam com as be-
xigas entre os beijos e abraços. O gelo
foi quebrado, a comunicação surgiu
espontaneamente e os problemas que
a timidez dela inevitavelmente trariam,
foram contornados. Seja acima de tu-
do paciente ainda que a descontração
de sua parceira, que a timidez na qual
ela se encontra envolvida seja mais len-
ta do que você gostaria que fosse. Se
você está no auge da tensão sexual e
se sinta pouco a vontade devido a essa
congestão em sua área pélvica, não se
lamente ou culpe a si mesmo nem se
queixe para ela. Nem de longe faça-a
sentir-se culpada por isso. Procure li-
vrar-se sozinho da excitação e da ten-
são quer pela força de seus pensamen-
tos, quer pela massagem de sua área
pélvica ou até da masturbação. Isto po-
de ser um fato novo para sua parceira
que poderá ter vontade de ajudá-la na
massagem se você souber como con-
duzi-la a auxiliá-lo. Mas não espere
muitos bons resultados logo de saída
porque os tímidos custam a se adaptar
às novas situações Seja sensível à for-
ma com que ela se comportai Uma ou-
tra boa conduta é você dizer honesta-
mente para ela: "Gostaria de estar den-
tro de você", porque a estas alturas,
provavelmente ela já deve estar lubrifi-
cada e com grande disposição para o
amor, embora nada tenha ainda lhe
dito a respeito. Pergunte-lhe como está
se sentindo e o que pensa a respeito da
sua situação. Evite interrogá-la demais
ou intimidá-la mesmo que ela não este-
ja dando a resposta que você esperava,
existem algumas opções às quais você
pode recorrer e o chuveiro frio é uma
delas. Agora não é absolutamente a
hora certa para você insinuar que ela
seja lésbica ou imatura, enfim qual-
quer coisa neste gênero - nem agora
nem nunca se é que você deseja adqui-
rir a sua confiança.
AJUDA PROFISSIONAL
ocê pode estar querendo con-
sultar um psicanalista ou um sexólogo
se, apesar de todos os seus esforços e
tentativas, não conseguiu a satisfação
sexual e o orgasmo. A terapia sexual
recapitula deliberadamente o processo
natural de fazer a corte e um relacio-
namento sexual crescente e adorável
que tanto pode evoluir rapidamente
como demorar alguns anos devido à
experiências anteriores infelizes, uma
visão deturpada da religião ou outros
fatores quaisquer. A conversação e a
observação, a quebra das inibições
mais sérias, o aprendizado da anato-
mia e da fisiologia sexual, a arte de
tocar a pessoa amada da cabeça à
ponta do pé evitando começar pelos
seios e órgãos genitais, tudo isso vem
antes do ato sexual em si e do or-
gasmo.
Se a religião de sua parceira assegura
que a virgindade antes do casamento
é de suma importância talvez a chave
da questão esteja em descobrir qual
dos dois terá problemas de timidez no
que tange ao aspecto sexual. Partindo
do princípio de que apetites sexuais
muito diferentes geralmente não
agüentam um casamento de longa du-
ração, seria mais sábio compreender
e concluir quais são as possibilidades,
atitudes e possibilidades suas e de sua
parceira mais adequadas no terreno se-
xual assim como em todos os outros
aspectos da vida.
O objetivo principal em vencer a timi-
dez sexual é aprender como ajudar a
pessoa que você ama a sair de sua ara-
puca. Citando o Dr. Zimbardo: "Ê so-
mente assumindo a responsabilidade
pelo bem-estar e felicidade da outra
pessoa que nos tornamos mais seguros
de nós mesmos. " O mestre que o Dr.
Phillip Zimbardo escolheria para
"livrar-nos da tímida auto-absorção pa-
ra a imersão na sensualidade de viver
com e para os outros é Zorba, o Gre-
go, para quem é um "pecado contra a
natureza " não fazer amor sempre que
isto seja possível, não gozar as incon-
táveis belezas de cada estação do ano
e não se lançar de corpo e alma na co-
munidade de nosso próximo."
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