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PORQUE AMAR

IMPORTA SIM!

Um e-book para que mulheres vocacionadas ao


amor encontrem seu equilíbio, sem abrir mão de seu
lindo dom de amar.
PORQUE AMAR
IMPORTA SIM

“São tempos difíceis para os sonhadores”, já dizia


Amelie Poulain. As notícias nos bombardeiam
com pessimismo, a sociedade nos exige uma
postura diante da vida que, na maioria das vezes,
é incompatível com o que temos dentro de nós, e
somos requisitados a entregar resultados
impossíveis e a conquistar coisas que, no fundo,
nem queremos. Nossos sonhos e vocações ficam
perdidos, jogados para escanteio.
Esse e-book tem uma única intenção: te lembrar
que, se você nasceu para amar, não abra mão
disso!
SUMÁRIO
5 INTRODUÇÃO

9 VOCÊ NÃO ESTÁ


SOZINHA

11 O PROPÓSITO DA
VIDA É AMAR

15 CADA UM SABE DE SI

19 LISTINHAS QUE
PODEM AJUDAR

22 O AMOR DA SUA VIDA


EXISTE SIM

24 SE VOCÊ É LOUCA, EU
TAMBÉM SOU

26 QUE MAL TEM?

28 AGRADECIMENTOS
.

Copyright © 2019 de Sarah Walsh

Todos os direitos reservados.


Este e-book ou qualquer parte
dele não pode ser reproduzido ou
usado de forma alguma sem
autorização expressa, por
escrito, do autor ou editor,
exceto pelo uso de citações
breves em resenhas do e-book.

Primeira edição, 2019

www.morganabei.com.br

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INTRODUÇÃO

Eu gostaria de começar esse livro dizendo que não importa o que você ouça lá
fora, não importa o que você leia lá fora, não importa o que suas amigas dizem,
não importa o que os movimentos sociais pregam, não importa o que o padre
da sua igreja, sua mãe de santo, seu colega de trabalho disseram algum dia
para você; amor importa sim, importa muito e a gente tá aqui para amar e só.
E por amor, eu tô aqui para falar especialmente do amor afetivo, de um
relacionamento amoroso.

Esse é um e-book feito para mulheres, escrito por uma mulher que achou que o
amor de um relacionamento afetivo não era tão importante assim, até precisar
admitir que isso é tudo que ela mais queria na vida. Eu levei uma média de 15
anos num processo doloroso, longo e complicado, mas que me libertou. Hoje
vivo minha vida com muito mais plenitude, felicidade e entrega do que vivia
ontem. E infinitamente mais do que vivia há um ano atrás. E eu já posso
adiantar para vocês que a chave disso tudo é ACEITAÇÃO. Se aceitar, se amar
e se reconhecer como o ser único e especial que você é. E nesse livro eu vou te
ajudar a virar essa chavinha dentro de si, compartilhando algumas das minhas
experiências pessoais e mostrando o que fiz e faço para poder entender o que
vai dentro do meu âmago e não me deixar importunar pelas vozes e
experiências de outras pessoas.

Esse livro é um misto de autobiografia e auto ajuda: falo (resumidamente) das


principais causas de insatisfação e sofrimento que passei e conto como
consegui driblá-las; se você se identificar com minha história eu tenho certeza
que alguma coisa aqui vai poder te ajudar a viver um cadinho melhor.

Então para começar, verdade seja dita: vivemos em um momento muito


esquisito e deturpado. Enquanto conquistamos liberdade e a chance de uma
independência jamais vista na história, parece que não sabemos como
equilibrar isso com algumas das nossas necessidades básicas - dentre elas a
necessidade de afeto, amor, relacionamentos, cuidado e etc.

A melhor maneira que encontro para exemplificar isso é o famoso, com o

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perdão da palavra, “botar o pau na mesa”; se você é mulher e está me lendo
neste momento, é MUITO provável que saiba exatamente do que estou falando.
Eu duvido que alguma mulher que seja uma empresária de sucesso, uma
mulher que seja graduada, uma mulher que trabalhe em posição de comando
(seja qual for: no seu emprego ou dentro de casa) nunca tenha precisado
colocar “o pau na mesa”. É uma força que nós precisamos puxar láááá de
dentro, para nos “igualar” aos homens do ambiente, para nos fazer ouvidas e
respeitadas. É como se essa fosse a única forma de conseguirmos algum tipo
de respeito - e não é. E ninguém conta que, na maioria das vezes, nos
desrespeitamos imensamente ao fazer isso.

Veja, eu tenho (quase) 30 anos. Eu sou Gestora de Tecnologia da Informação.


Fiz 3 anos de Engenharia Mecatrônica. Fui a única sócia mulher de uma
empresa de 6 sócios. Hoje sou empresária, dona do meu negócio. Ou seja,
desses 30 anos pelo menos 15 eu passei “botando o pau na mesa” para poder
me destacar, me fazer ouvida e ter alguma chance de ser levada à sério -
minhas escolhas são muito “masculinas” e em áreas dominadas em sua maioria
por homens, o que exigiu de mim o desenvolvimento dessa energia para que eu
pudesse sobreviver. Até aí tudo bem, correto? Não, nem tanto.

Se de um lado eu aprendi a me impor, a fazer piadas de baixo calão, a beber


“que nem homem” e a engolir o choro, do outro eu reprimi características
intrínsecas minhas, de forma que eu me machucava e nem sabia bem porquê.

Eu tive uma experiência há poucos meses atrás que me fez entender melhor
porque nos machucamos quando desrespeitamos quem somos, e gostaria de
compartilhar com vocês para que eu me faça entender melhor.

Eu fui assaltada por dois caras. Eles me derrubaram da bicicleta, fizeram


ameaças e levaram algumas coisas de valor que estavam na minha bolsa. Eu
fiquei apavorada, passei mais de 6 horas na delegacia, dentre flagrante e
reconhecimento dos caras, e cheguei em casa naquele dia por volta das 23h.
No dia seguinte eu sentia que tinha levado uma surra; meu corpo inteiro doía,
eu estava com a perna cheia de marcas roxas, com o emocional super abalado
e com medo de fazer o trajeto pro trabalho sozinha. Sentimentos totalmente
normais, compreensíveis e estranho seria se eu tivesse ficado bem, né? Mas eu

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“tinha que engolir” e ir trabalhar, porque é isso que os funcionários da empresa
faziam (eu era a única mulher, lembra?). Ao invés de me dar colo, de pedir colo,
de me dar o dia de folga, de chorar, de fazer um chá, de sentar na frente do
meu altar e pedir a Deus proteção pros dias que viriam, eu fiz o inverso do que
gostaria: eu “virei homem”, “engoli o choro” e fui. Fui, mas passei duas semanas
chorando todo dia no banheiro. E o que mais me doía era eu não ter respeitado
minha fragilidade e minha necessidade por cuidado e segurança naquele
momento.

Essa experiência foi altamente necessária para que eu entendesse que existem
seres humanos com cromossomos XX e seres com cromossomos XY, e que
nossa biologia é diferente. E que, além disso, nossa mente e nossa experiência
de vida nos diferem mais ainda. Enquanto um homem muito provavelmente vai
trabalhar no dia seguinte à uma experiência traumatizante porque ele não quer
pensar naquele assunto, eu precisava pensar no medo que estava; precisava
aceitar minha fragilidade, precisava me deitar no colo de alguém e ouvir que
ficaria tudo bem. Outra mulher possivelmente precisaria de um dia para se
recuperar também, mas passaria o dia fazendo faxina para lidar com o conflito
dentro de si. E outra talvez passasse o dia na academia, malhando e correndo e
gastando a ansiedade. E quiçá há algumas mulheres que consigam lidar indo
trabalhar e vivendo sua vida normalmente, né? Somos seres únicos.

E agora vem uma confissão: naquela fragilidade imensa, eu senti falta de ter um
companheiro do meu lado. Uma pessoa com energia e força que me abraçasse,
me colocasse no colo e dissesse que me amava e que ficaria tudo bem. Que
fizesse eu saber que ficaria tudo bem mesmo. E notei que eu estava com
necessidades básicas que não estavam sendo supridas - principalmente,
naquele momento, a necessidade por segurança. Mas eu não tô falando da
segurança pública não, eu tô falando é daquela sensação interior de que se
está segura e que tá tudo bem - igual quando a gente tropeçava, caía e nossa
mãe nos levantava, dava um beijinho no machucado e dizia que ia passar - a
gente tinha certeza que ia passar e ficava bem, porque nossa mãe nos dava
essa segurança. É algo muito primitivo e é intrínseco dos seres humanos.

Desde então eu me pus a pensar em como encontrar um equilíbrio - como


abraçar meu lado sensível, frágil, sentimental e cuidador sem precisar abrir mão

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das características conquistadas até então, e que me trouxeram até aqui: força,
autoridade, praticidade e racionalidade. E descobri que, ao menos no meu caso,
isso tudo implicava admitir uma única e exclusiva coisa: eu preciso de um amor.

Se você não se identifica com isso não tem problema, pode largar a leitura aqui.
Eu sei que se eu lesse a mesma coisa há um ano atrás eu sairia esbravejando
e dizendo que é estupidez, então eu respeito seu momento. Mas se você se
identifica, eu quero te ajudar. Continua aqui comigo mais um cadinho! Espero
do fundo do meu coração que, ao compartilhar minha experiência e as
mudanças que pude fazer na minha forma de agir e pensar, eu possa te ajudar
a reencontrar dentro de si a menina carente e apaixonada que existe aí, para
que você faça as pazes com ela e vocês consigam, finalmente, viver de forma
plena tudo que a vida tem de lindo para oferecer.

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VOCÊ NÃO TÁ SOZINHA!

Eu sempre tive o desejo de escrever e auxiliar adolescentes e jovens mulheres


em conflito existencial, visto que fui uma cheia destes. Escapei sem (muitas)
sequelas, mas trouxe comigo alguns traumas, especialmente o de não me sentir
ouvida e respeitada. E é por isso mesmo que eu vejo uma necessidade imensa
de falar para esse público. Porque os nossos problemas são colocados como
irreais, como inexistentes, como pequenos. Porque as pessoas dizem que tem
criança passando fome na África e nos fazem sentir culpadas por termos algum
problema e querer solucioná-lo. Porque ‘se fulano tem câncer e não reclama da
vida, tá sempre com um sorriso no rosto’, a gente não pode reclamar de não ter
um namoradinho ou de não ser correspondido pelo nosso crush, por exemplo.

A gente pode e a gente vai reclamar SIM! E se você não tem uma amiga ou
pessoa confidente que te acolha e te compreenda, o primeiro passo é
encontrar essa pessoa, e eu recomendo que seja um psicólogo/terapeuta.
Porque ter certeza que está sendo ouvida, respeitada e compreendida é um
passo importante na nossa cura. E se você sentir algum julgamento vindo do
psicólogo, procura outro. Eu te prometo que existem profissionais maravilhosos
com quem você vai se identificar e que te respeitarão, eles existem.

Eu queria propor um exercício para você. Tenta voltar à sua adolescência, ou se


você for adolescente nesse momento, pensa aqui comigo: lembra daquela
menina da sua rua que todo mundo costuma falar mal. Geralmente ela é tida
como “a filha problemática da fulana”: tá sempre na rua andando com muitos
garotos, às vezes chega em casa bêbada trocando as pernas, ocasionalmente
se tranca no quarto ouvindo Heavy Metal no último volume e, de vez em
quando, você a vê escrevendo cartas, poesias e músicas. E para reconhecer
essa menina, tem um detalhe muito importante: quando ela encontra seu
primeiro namorado, TUDO muda. Elas ficam floridas, felizes, perdidamente
apaixonadas. Começam a limpar a casa sem reclamar tanto, suspiram olhando
para nuvens, param de bater no irmão mais novo, se tornam alunas excelentes
na escola e até seu guarda-roupa é renovado: ao invés de preto, você começa

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a enxergar texturas, cores e mais vestidos do que viu até hoje.

Toda rua tem pelo menos uma menina assim.


Não conseguiu lembrar?
Provavelmente porque você era/é essa menina.

Veja bem, o primeiro amor correspondido é uma marca imensa e intensa na


vida de uma mulher. E quando esse amor chega na adolescência é um ótimo
sinal - dificilmente essa mulher perderá a esperança de viver um grande amor
quando for adulta e estiver trabalhando 14h por dia, pagando boletos e bebendo
vinho de pijamas sábado à noite. E essa lembrança de como é viver um amor
correspondido é necessária no processo de cura e do aceitamento de que nós
precisamos de um amor.

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O PROPÓSITO DA VIDA É AMAR

Existe um estudo sobre o propósito da vida, feito por um neuropsiquiatra


chamado Viktor Frankl. O cara passou 3 anos num campo de concentração e
escreveu um livro com seus relatos sobre esse momento terrível da vida dele,
em que ele teve as bênçãos de conseguir identificar que existem dois
propósitos que fazem as pessoas desejarem continuar vivendo: profissional ou
amor. Frankl conversava com outros presos que aparentavam vivacidade e não
perdiam a esperança, mesmo naquele pesadelo, e percebeu que o que os
motivava a continuar vivendo - mesmo com a chance de no dia seguinte ser
enviado para a câmara de gás - variava entre o amor e o profissional. Alguns
tinham estudos não-finalizados ou livros a publicar, e outros pensavam na
esposa e nos filhos e em como seria revê-los.

Se você ainda tá aqui comigo, eu voto que sua vocação (assim como a minha)
é a do amor. Nosso propósito de viver é baseado no amor que sentimos por
alguém - nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos, nosso cachorro, nossos
melhores amigos. E que bom que você existe! Imagina só como seria esse
mundo cão sem a nossa presença para distribuir amor?

Mas eu me lembro de infinitas ocasiões em que meu amor foi menosprezado e


colocado para escanteio. Eu me sentia cheia de problemas no relacionamento,
mas sempre que tentava compartilhar isso com alguém e pedir conselhos eu
era “ridicularizada”. E é por isso que eu tenho um ponto IMPORTANTE para
frisar agora: uma adolescente que tem como sentido da vida o amor JAMAIS vai
aceitar ouvir que seu amor é “pouca coisa”. Quando se é adolescente a gente é
louco (por natureza, é hormonal, pô!) e a gente precisa ser ouvido e validado.
Uma menina de 16 anos que vive para o amor precisa ser incentivada a viver o
amor, e não a acreditar que ele é uma baboseira. Ela acredita que vai ficar com
seu namorado para sempre e, mesmo que saibamos que a chance disso
acontecer é 1%, essa menina precisa ter seu sentimento legitimado porque ele
é real! Veja a diferença, o problema não necessariamente é real, mas o que ela
está sentindo é; e quando ela tem algum conflito com o que ela espelha amor
(nesse caso o primeiro namorado, por exemplo) o que ela está

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sentindo é que sua vida está desmoronando. Vai ter gente dizendo que é um
exagero a vida de alguém desmoronar porque um relacionamento tá em crise,
mas o buraco é muito mais embaixo; ela tá em sofrimento porque o sentido da
vida dela tá em crise.

Aí entra mais uma coisa importante a se ter em mente: o sentido da sua vida é
o AMOR, e não o relacionamento em que você está. E amor é imenso, é infinito,
e se você tem essa vocação você sente que vai explodir de tanto amor que tem
dentro de si. É normal a gente confundir esse amor todo que temos com ‘amor
por uma única e específica pessoa’, e é por isso que parece que o mundo
acabou quando a gente termina um relacionamento. Mas vou te contar um
segredo: o mundo não acaba e o amor continua explodindo dentro de você,
prontinho para seguir sendo distribuído por aí. Mais para frente eu vou falar
sobre como trabalhar esse amor dentro da gente de forma que vivamos
relacionamentos mais saudáveis, mas agora eu te dou uma dica importante:
faça exercício físico. Vai te ajudar a gastar toda energia que o amor traz para
você mas você ainda não sabe muito bem como direcionar.

Acredito que se eu contar um exemplo pessoal fique mais fácil entender como
funciona a mente de uma adolescente que vive para o amor. Lembra que cada
um tem sua história de vida, então é só trocar o exemplo da minha criação e
colocar na sua para reescrever sua própria história.

Eu cresci numa família espírita, lendo romances da Zibia Gasparetto e


acreditando em almas gêmeas. O primeiro livro que li se chamava “Laços
Eternos”, quando eu tinha 7 anos de idade. Fui educada para acreditar em amor
eterno, aquele amor romantizado pelas histórias lindas que falava de
reencontros em várias vidas e etc.
Um belo dia, aos 16 anos, eu comecei a namorar. E estava perdidamente
apaixonada e sendo correspondida, até que em algum momento aquele
sentimento dentro de mim acabou, apagou. Eu não sentia mais aquela paixão
ensurdecedora.

Passei os 3 anos seguintes num conflito inesgotável porque ele não era minha
alma gêmea nem o amor da minha vida.

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Escrevendo isso hoje, me dá muita vontade de rir. Mas a verdade é que eu
passei 3 anos em sofrimento, porque ele não era o amor da minha vida.

Pois é.

Eu acreditava que amor era uma eterna paixão correspondida, quando a gente
fica rindo o dia inteiro e a vida inteira faz sentido e os passarinhos cantam
músicas lindas para te acordar e você nunca mais vai chorar ou sofrer ou se
sentir infeliz... Porque era isso que os livros mostravam para mim. E todo meu
imaginário sobre relacionamentos afetivos foi criado por romances, já que meus
pais são divorciados e, portanto, não tive exemplos a seguir dentro de casa.

De alguma forma, meu cérebro me convenceu que eu amava errado, porque eu


não via na minha relação aquela coisa transcendental dos livros e filmes! E eu
fazia crises de ansiedade toda vez que eu era lembrada que ele era um ser
humano cheio de defeito, e que eu ficava de saco cheio dele às vezes. Pois é,
nesses romances da Zibia ela devia explicar que “alma gêmea” não quer dizer
que você vai estar flutuando em nuvens a todo momento só porque tem seu
grande amor. E é basicamente isso que uma adolescente acredita que vai
acontecer, e quando há essa quebra é tudo MUITO doloroso. Por isso elas
precisam ser escutadas e validadas.

Nos aconselhamentos espirituais que eu buscava, ouvi as mesmas coisas


diversas vezes: não tem problema nenhum aí, não tem nada para fazer, a vida
tá seguindo seu caminho. Eles não estavam errados, mas como eu já disse, o
problema não é real: o sentimento é que é, e a sensação de que seu mundo
está desmoronando é uma das piores de todas. Todo mundo já passou por isso
alguma vez, em alguma situação. Por isso acolha a sua adolescente em conflito
existencial. Abrace-a, deixe-a chorar, deixe-a desabafar. Sim, se acolha se você
é adolescente. E sinta que eu tô aqui com você. E se você já é adulta, abrace
sua adolescente interior. Ela ainda tá aí, escondida e machucada, porque você
a silenciou depois de ser tão silenciada pelos arredores. Lembre a ela que a
vida continua, mesmo que ela não sinta isso no momento, e que tudo pode ser
resolvido. Se você for adolescente ou jovem e tiver terminado um namoro
recentemente, saiba que isso pode ser resolvido sim, não perca a esperança.
Geralmente, quando temos como sentido da vida o amor, nós colocamos todo o

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foco do nosso amor em uma pessoa só - e enquanto não aprendermos a
distribuir esse amor de forma saudável nada vai tirar da nossa cabeça a
vontade de consertar o namoro e voltar a viver para aquela pessoa. No meu
caso, como forma de esquecer e superar a frustração amorosa, eu caí em uma
revolta altamente danosa a mim mesma, abusando de álcool, usando drogas e
dando para todo mundo. Sobrevivi, mas certamente eu gostaria de ter transado
com menos amigos da faculdade e de ter fechado menos bares.

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CADA UM SABE DE SI

Uma coisa aconteceu (e acontece) constantemente é que todo mundo sabe


apontar nosso maior problema e tem uma fórmula mágica para resolvê-lo. Tenta
tomar nota de quantas vezes você já ouviu que “é carente demais”, “é doida”,
“não se valoriza” e sei que você não vai conseguir.

Mas se você fosse apontar os problemas dos outros eu tenho certeza que seria
a mesma coisa: “você trabalha demais e não passa tempo suficiente com a
família”, “você tá 60kg acima do peso”, etc. É que nosso “problema” é a
vocação para doar, não é o trabalho ou a saúde. Geralmente somos
equilibrados nas outras áreas da nossa vida e existe somente uma que é
“desequilibrada”. E é a mesma coisa com todo mundo.

É difícil entender, mas a vida é diferente para as pessoas: elas passam por
experiências únicas, tem uma mente única, traumas diferentes, e por mais
surreal que pareça para você nesse momento, tenha certeza de uma coisa:
ninguém sabe o que é melhor para sua vida do que você mesmo. Você é a
única pessoa que quer seu bem estar acima de tudo no mundo. Não se engane
- mesmo quando você quer o bem-estar do seu filho mais que tudo, é porque
ele é SEU filho e o bem-estar dele te faz bem, ou seja… E, como única pessoa
que se coloca como prioridade na vida, você também é a única que sabe qual é
a melhor coisa a fazer no momento. Um dos maiores problemas que
enfrentamos, como seres humanos, é a falta de confiança em nós mesmos.
Somado à falta de fé de que existe um propósito para cada um, a receita é
tentarmos seguir a vida como manada, fazendo o que todo mundo tá fazendo
ou pedindo para fazermos.

Mas quando a gente confia em si mesma e confia no universo, a gente se


aceita e se ama e aprende a seguir nossos desejos e sonhos mais
profundos.

Para finalizar sobre como eu descobri que a falta de autoaceitação é danosa,


vou dar um exemplo bem didático:

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Eu gosto de um cara que dá mil desculpas para não ficarmos juntos. É uma
enrolação danada, mas nem essa enrolação fez o gostar sair de dentro de mim.
Não estamos juntos, apesar de eu acreditar que deveríamos, e eu não tenho
vontade de sair com outras pessoas.
Eu não vou amarrar o cara num poste e dizer que ele só sai dali quando ficar
comigo.

O que me resta é aceitar essa situação e fazer o melhor dela possível. Eu estou
tocando uma empresa, pondo bastante energia em criar conteúdo para as
mulheres que me seguem, aprendendo a lidar com a frustração, etc.

Fácil, né?
Nop.

Eu levei UM ANO para aprender o que coloquei no último parágrafo.

Ao longo desse um ano, o que aconteceu de verdade?

- Algumas amigas dizendo que eu sou uma mula empacada,


- Outras dizendo que sou burra e não me amo o suficiente para meter o pé,
- Mulheres que nem me conhecem mas ouviram minha história dizendo
que ele é um escroto e que nunca vai me assumir,
- Noites e noites de choro,
- DR’s (discussão de relacionamento) que machucavam à nós dois,
- Terminar duas vezes o nosso rolo,
- Mais choro,
- Sexo sem significado em momentos de desespero, com caras que
encontrei em aplicativos,
- Amnésia alcoólica,
- A lista segue mas, provavelmente, a amnésia alcoólica não me deixa
continuar.

Hoje eu enxergo que o que aconteceu comigo foi que, ao ouvir todas aquelas
opiniões, eu entrei num conflito imenso pois acreditei que havia algo de errado
comigo. E quando eu acho que tem algo de errado comigo, eu costumo me
sentir frustrada e angustiada, e rapidamente essas emoções se transformam

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em raiva e eu sinto vontade de gritar e socar para pôr essa raiva para fora.
Soma isso à minha tendência de beber demais e fazer sexo para “compensar”
(que já contei para vocês lá em cima), o resultado só pode ser um: ressaca
física, ressaca moral, sofrimento.

E de repente, meu cérebro (que é inteligente para caramba, assim como o seu,
e cheio de crenças esquisitas) calcula o seguinte: “eu gosto de uma pessoa que
me faz sentir raiva, e isso é errado. Querer estar com uma pessoa que me faz
sentir vontade de gritar e quebrar tudo é errado e tóxico e, portanto, eu vou
mudar esse sentimento dentro de mim”.

E se você acha que a merda já tá feita, saiba que é aí que a merda verdadeira
começa.
Porque a gente NÃO MUDA SENTIMENTO.
E a gente entra num conflito HORROROSO.
E o que parecia estar ruim fica pior.

Lembra quando eu falei lá no início sobre o meu primeiro namorado? A paixão


que eu tinha por ele tinha acabado e eu achei que isso fosse errado e fiquei
tentando me sentir apaixonada nele de novo e isso me causou muito
sofrimento, porque eu achava que para estar com ele precisava estar
apaixonada.

Quando eu não aceito que eu me sinto de forma X ou Y eu tô negando minha


verdadeira essência naquele momento; eu tô no mínimo chamando meu
cérebro de burro, eu tô tentando lutar contra algo que é infinitamente maior do
que eu. Pensa aqui, 5 dias antes de menstruar nós ficamos deprimidas,
estressadas, ansiosas e etc por conta dos nossos hormônios; que controle a
gente tem sobre nossas emoções?

Se sentir triste, feliz, ansiosa, irritada, angustiada, excitada, com medo, é


normal. No final deste livro eu vou colocar um anexo com uma lista de
emoções, para que você identifique qual emoção está sentindo no momento e
se lembre que ELA TAMBÉM VAI PASSAR. Ninguém é feliz ou triste o tempo
todo. As emoções são cíclicas, são lindas e, como nosso cérebro é altamente
inteligente, saiba que todas elas tem um propósito, mesmo que você não

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entenda qual propósito é. A raiva que você sente quando seu filho faz uma
besteira é o amor que você sente por ele, transformado em não-aceitação de
algo que ele tá fazendo.

Agradeça por ter tanto amor dentro de si.

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LISTINHAS QUE PODEM AJUDAR

Eu adoraria conseguir compilar todos os aprendizados que eu tive nesses anos


e colocar aqui, mas fica impossível, infelizmente. E eu acredito que muita coisa
não vai servir para todas que estão me acompanhando nessa mistura de
biografia-autoajuda-terapia, então eu achei melhor tocar nos pontos mais
importantes e práticos, que vejo como necessários para essa nossa cura. Você
lembra quais são? Aceitar que você tem necessidades intrínsecas a um ser
humano (você precisa de afeto, de segurança, de amor), procura um amigo ou
terapeuta que confie e que te respeite, fazer exercício físico, acolher sua
criança/adolescente ferida, respeitar suas vontades e seu ritmo e, finalmente,
aceitar que o amor é sua vida - e que, portanto, tá tudo bem distribuir amor para
quem você decidir distribuir.

Também gostaria de compartilhar uma pequena listinha de coisas a manter em


mente, sempre:

1) Se você acha que ele/ela é o amor da sua vida, não deixe ninguém dizer
o contrário
2) Se você acha que já teve uns 4 amores da sua vida, saiba que é verdade;
3) Se você tá preocupada em ter mais amores na sua vida, saiba que vai ter
SIM;
4) Se você ficou preocupada com o nº 3, relaxa. O amor da sua vida tá aí
com você agora.
5) Você não está só. Em algum lugar por aí tem alguém exatamente como
você, como eu, que sabe exatamente o que você tá passando e o que
você tá sentindo, e que quer te ver bem e feliz e usando todo potencial
que você tem dentro de si para ser a melhor mulher do mundo.

Ainda no ritmo da listinha, queria dizer que se você tá em sofrimento nesse


momento, provavelmente é mais por confusão mental do que por estar com
algum problema na relação ou no amor. A falta de clareza mental é um dos
nossos maiores inimigos, e quando a gente tá desesperado a gente tem
atitudes desesperadas - e sabemos que nada que vem do desespero é

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agradável. Quando eu aprendi isso, comecei a me observar e a descobrir
alguns gatilhos da minha mente, que me deixam confusa e sem conseguir
enxergar exatamente o que tá acontecendo e o que tá me deixando aflita; eu
vou compartilhar quais são com você e sugiro que você escreva os seus em
uma folha - e toda vez que se sentir confusa e perdida, leia e releia, para tentar
descobrir o que que tá realmente te fazendo sofrer.

1) medo de ser alvo do julgamento alheio


2) medo de ser errada e inadequada
3) medo de ser dependente
4) medo da opinião dos outros
5) medo de se entregar (pois é!)
6) medo de ser feliz (pois é!!!!!)
7) medo de não ser aceita (que se relaciona com o medo de ser errada e
inadequada)

Notou a quantidade de “medo” que tem ali em cima? Porque a maior causa do
sofrimento é o medo, e ele pode ser resolvido de maneira clara. Se pergunte
“qual a pior coisa que pode acontecer se [insira aqui o medo]” e deixe a
resposta vir. Vai um exemplo:

‘Qual a pior coisa que pode acontecer se eu estiver errada?’


- Ué, eu vou estar errada né.
‘Sim, mas qual a pior coisa que pode acontecer se eu estiver errada?’
- Estar errada e pagar as consequências desse erro.
‘Ok, mas é pior estar errada ou é pior as consequências do erro?’
- As consequências, porque todo mundo erra.
‘Entendi. E qual a pior coisa que pode acontecer com as consequências desse
erro?’
- Ele nunca mais querer olhar na minha cara.

Nota que nesse exemplo eu desmascaro minha própria consciência: Meu


orgulho tava falando alto (estar errada) mas meu medo mesmo era das
consequências desse erro. E no fim das contas, meu medo mesmo era o cabra
nunca mais olhar na minha cara. Se você tiver honestidade suficiente consigo
mesma, vai idesmascarar esses medos e poderá enfrentá-los. Afinal de contas,

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vamos usar o racional: o “medo dele nunca mais olhar na minha cara” pode ser
quebrado quando eu sei que ‘nunca’ é tempo demais, quando eu sei que
ninguém sente raiva para sempre e até mesmo quando eu sei que eu não vou
morrer se ele nunca mais olhar na minha cara.

Uma vez descoberta a fonte da confusão, a gente pode ou desmascará-la ou


simplesmente aceitá-la. Porque tem confusão que é confusa mesmo, e que não
tem muito o que fazer. A gente aceita e segue em frente.

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O AMOR DA SUA VIDA EXISTE SIM
(E TÁ EM VÁRIAS FORMAS E PESSOAS)

Isso aqui pode parecer complicado mas não é: quando falamos do sentido da
vida, quando nós vivemos pro amor, isso significa que fomos abençoadas com
um puta dom: o de amar e se doar e distribuir nossas habilidades amorosas por
aí. E colocar tudo isso somente num cara é desperdício para caramba, viu? Ele
é o amor da sua vida sim, mas sabe quem mais é? Seu peixinho dourado, seus
gatos, sua mãe, aquele afilhado que você não visita há séculos, sua amiga da
escola, você mesma!!! Mulher, você pode focar esse amor em tanta coisa que
isso vai não só te dar um propósito, como também vai te fazer viver relações
infinitamente mais saudáveis. Distribuir esse tudão aí em várias coisas vai te
fazer infinitamente mais feliz e realizada, e menos dependente emocionalmente
de algo ou alguém.

Eu decidi distribuir o amor que tenho aqui escrevendo esse livro para vocês.
Porque eu quero que vocês saibam que são amadas e respeitadas, porque eu
quero que vocês saibam que o mundo seria uma bosta sem a gente. E porque
eu acredito que cada mulher que nasceu para amar, uma vez que entende que
é esse seu propósito, consegue não só ser feliz e plena, mas também
transformar a vida dos que a cercam numa jornada muito agradável.

Eu tenho um certo dom e facilidade para escrita, então essa é a forma que
tenho neste momento de me doar para algo que eu acredito. Em compensação
eu não suporto ir pro fogão e cozinhar, nem para mim mesma; mas se gostasse,
sem dúvida é algo que eu faria, para demonstrar e distribuir amor aos meus.

Pensa aqui comigo no sertanejo universitário. Pensa nas mulheres e nos


homens que cantam esse sertanejo universitário. E pensa na quantidade
IMENSA de fãs de que eles têm, de quanta gente escuta e canta as músicas
deles sentindo cada palavra daquela música. As letras falam sobre a mulher
que fica bêbada e liga pro cara porque sente falta, a música fala do cara que se
arrependeu de ter traído, a música fala de prometer não procurar mas não

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cumprir, a música fala do cara ser refém da mulher.

A arte é a forma que eles encontraram de lidar com esse amor.

Pensa nos dons que você tem, nas coisas que te alegram fazer. Anota em uma
listinha. Pode ser fazer um café da manhã delicioso para os seus filhos, passar
horas dando carinho para um gato no seu colo, sentar numa livraria e conversar
sobre a existência e poeira espacial, ir na sua vizinha idosa à tarde e passar um
café fresquinho para vocês comerem com broa. Tudo isso é amor sendo doado.
E se você quiser aumentar o nível, pode se voluntariar num abrigo de gatinhos
abandonados, pode visitar asilos aos domingos, pode cozinhar para
desabrigados e etc. Gente precisando de amor não falta. E quanto mais a gente
dá, mais a gente recebe.

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SE VOCÊ É LOUCA, EU TAMBÉM SOU.
(E ESTAMOS JUNTAS)

Sabe, escrever esse livro tá sendo uma tarefa imensamente desafiadora para
mim. Porque eu tô precisando olhar para muitas feridas minhas que não foram
devidamente cicatrizadas, lidar com alguns fantasmas do passado que ainda
me atormentam, procurar novas formas de fazer as mesmas coisas. Esse
processo está sendo como uma grande reforma dentro da minha mente. A
gente quebra algumas coisas, fica tudo muito sujo, meio nublado naquela
nuvem de poeira, mas sabe que é necessário. E eu sei que eu só vou cicatrizar
essas feridas imensas mexendo nelas, com cuidado e amor e passando uns
remedinhos. E mexer na ferida dói, merthiolate arde mesmo. Mas cura.

Uma dessas feridas envolve uma lembrança meio nublada e turva (nossa
memória nos engana e nosso cérebro é perfeito em esconder momentos
traumáticos de nós mesmos) de quando eu estava na cidade onde nasci,
esperando um ex sair do curso de inglês. Chovia muito e eu me sentia de
alguma forma completamente perdida. Não queria mais estar ali, naquele rotina
de ficar esperando que ele saísse do curso para gente ir para casa da tia dele e
depois eu ir para casa, mas algo em mim dizia que “eu precisava fazer isso
sim”. Eu não consigo identificar o que era: se era uma forma de possessão, se
era cisma e teimosia, se era meu orgulho não querendo dar o braço a torcer ou
se eu simplesmente não tinha outra escolha no momento. Eu tendo a crer na
última opção, pois acredito que nós sempre fazemos a melhor escolha que
podemos naquele momento, com o que está ao nosso alcance naquele
momento. Mas essa lembrança me assombra de vez em quando, 15 anos
depois, meio que como um alerta de que “a infelicidade tá logo ali”. E isso me
faz querer controlar meus sentimentos para que eu não sinta aquela infelicidade
logo ali de novo. Mais uma vez, nosso cérebro é muito inteligente. E ele faz as
contas certinhas. Se a lembrança daquele dia triste me deixa com medo de
viver aquele dia triste de novo, ele automaticamente vai tentar me proteger de
ficar triste de novo. E por acreditar que meus sentimentos são errados e a
causa de toda minha dor e miséria, a tendência é automaticamente pensar que

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enquanto eu não mudar o sentimento eu vou ser infeliz. É uma puta bola de
neve, sabe.

Entende porque tá sendo difícil escrever esse livro? Tentar colocar essas
loucuras em palavras e pior, palavras que façam algum sentido para quem as
lê, é missão complicada. Abrir meu coração e contar essas coisas que me
envergonham, algumas que eu mesma (ainda) julgo como erradas, pegar todos
os julgamentos que fiz dos outros uma vida inteira e admitir que eu sou uma
humana - um caralho duma humana que faz merda e se desespera e não é
perfeita e tá aqui para errar tanto quanto qualquer outro ser humano - é difícil.

E eu agradeço a Deus, à Deusa, ao Universo esse exato minuto da minha vida:


no ano que completo 30 anos poder ter essa clareza de pensamento para
escrever isso aqui e me comunicar com tantas mulheres que sei que vivem a
mesma coisa que eu e dizer para elas “vocês não estão sozinhas”. Vocês não
estão sozinhas. Eu tô aqui e não tem nada de errado com a gente. E se tem, tá
tudo bem, porque todo mundo tá no mesmo barco e todo mundo erra.

Eu sei que para eu conseguir falar sobre esses assuntos e tratar isso com essa
naturalidade, eu passei por muitos e muitos processos nessa vida. Eu estou há
alguns meses dos 30, já morei com um ex-namorado, mudei de cidade, fui
demitida, comecei meu próprio negócio e todas essas coisas que acontecem na
vida de todos e nos fazem amadurecer. E é justamente por isso que eu sinto
que preciso escrever esse livro; porque eu quero que vocês que estão na
mesma situação que eu saibam 4 coisas que eu adoraria ter sabido antes: você
não precisa sofrer, você não precisa dar satisfação da sua vida pros outros, as
nossas emoções não são ruins e você não é louca.

Mas, se você for louca, eu também sou. Tudo bem. Então estamos juntas.

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QUE MAL TEM?

Não tem certo ou errado quando se trata da sua vocação e de quem você é;
existem as atitudes certas e erradas a se tomar. E fazer algo que te machuque
ou machuque ao outro, deliberadamente, é errado. De resto, sinceramente?
Que mal tem?

E foi justamente o “que mal tem?” que me levou ao passo mais importante da
minha jornada: aprender a largar o foda-se.

Não tem muito o que exemplificar aqui, porque é exatamente isso. Um dia caiu
minha ficha e eu simplesmente comecei a tocar minha vida e largar o
famigerado “foda-se” pro restante das pessoas. OK, não é fácil e não é tão
simples assim, mas existem algumas dicas básicas de serem seguidas:

1) Eu não peço mais a opinião de quem sei que vai me menosprezar;


2) Eu assumi responsabilidade por minhas escolhas;
3) Eu só recorro à pessoas de confiança para pedir conselhos;
4) Se eu sei que alguém é do-contra e vai dizer o que não quero ouvir, eu nem
pergunto;
5) Eu não tenho mais medo de sofrer.

Sobre essa 4 pode parecer errado, mas se tem uma coisa que o ser humano
faz é decidir as coisas subconsciente, mesmo que não perceba ainda; então de
nada adianta perguntar aos outros. Eu acho que trabalhar a imaginação para
que não ocorra frustração é essencial, quando a gente imagina todos os
cenários possíveis que virão de alguma escolha a gente se prepara pro melhor
e pro pior; mas eu me conheço e sei que ouvir o pessimismo disfarçado de
realidade de certas pessoas irá trabalhar contra minha autoconfiança, e
portanto, eu prefiro me afastar.

Um belo dia cai nossa ficha de que nossa vida tá aqui para ser vivida e só nós
podemos fazer isso. Tem gente que vive perfeitamente bem fazendo o que os
outros querem, mas se você ainda tá lendo você sabe que nós não somos

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dessas. A gente faz o que quer desde sempre, a gente tá aqui para quebrar
tabus, para escolher deliberadamente ir contra toda uma massa que te diz que
amar não vale a pena, que ser quem você é é errado. Não é errado.

A melhor métrica que eu tenho para saber se algo que estamos fazendo é
errado é o sofrimento. Hoje em dia eu só faço escolhas que acredite que não
vão me causar sofrimento. E para fazer essas escolhas eu preciso ser quem eu
sou, seguir meu caminho, tomar uma decisão e arcar com as responsabilidades
dela. Se eu tô fazendo o que meu coração tá pedindo, não tem porque sofrer.

E se a gente acabar sofrendo, segue uma boa notícia: o terceiro propósito que
Viktor Frankl observou no campo de concentração era o sofrimento. Gente que
conseguia enxergar propósito em estar sofrendo para continuar vivendo. E se a
gente continua aqui, é porque a gente continua podendo ser feliz.

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AGRADECIMENTOS

Se eu for agradecer tudo e todos que sinto que preciso, a lista vai ficar maior
que o e-book; então cada um que teve um papel importante na minha vida sabe
disso e tá aqui dentro do meu coração; sem vocês eu seria um nada. Obrigada
por permitirem que eu doe todo meu amor.

E obrigada a você, que me acompanhou até aqui neste pequeno livro. Se uma
dica te ajudar em algo eu já vou ser imensamente feliz e me sentir realizada.

Se você quiser conversar, me enviar mensagem ou reclamar do livro, meu


e-mail é sarah@morganabei.com.br

OBRIGADA!

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ANEXO: LISTA DE EMOÇÕES

Abandonado • Abismado • Aborrecido • Absorto • Absorvido • Abusado • Ativo •


Afetuoso • Agitado • Agradável • Agradecido • Agravado • Alegre • Alerta •
Alienado • Aliviado • Alterado • Altivo • Ameaçado • Ameno • Amistoso • Animado
• Ansioso • Apaixonado • Apreensivo • Ardente • Arrasado • Arrebatador •
Assustado • Atacado • Atento • Atônito • Atraído • Aventureiro • Bem-disposto •
Bondoso • Brilhante • Calmo • Caloroso • Carinhoso • Colérico • Complacente •
Confiante • Confiável • Confortável • Confuso • Contentado • Contente • Curioso
• Decepcionado • Delicado • Desamparado • Desanimado • Desiludido •
Deslumbrado • Despreocupado • Desvalorizado • Diminuído • Divertido •
Dormente • Embevecido • Emocionado • Encantado • Encorajado • Enérgico •
Enfastiado • Enfeitiçado • Enfraquecido • Engajado • Enganado • Enredado •
Entediado • Entusiasmado • Envolvido • Esbaforido • Esfuziante • Espantado •
Esperançoso • Esplêndido • Estimulado • Eufórico • Exaltado • Exasperado •
Excitado • Expansivo • Expectante • Explorado • Extático • Exuberante •
Fascinado • Feliz • Fogoso • Fortalecido • Frenético • Glorioso • Grato • Hostil •
Impaciente • Impressionado • Incompreendido • Indesejado • Indiscreto •
Inebriado • Inflamado • Inspirado • Intenso • Interessado • Interrompido •
Intimidado • Intrigado • Irascível • Irritável • Jovial • Jubilante • Jubiloso • Leve •
Livre • Magnânimo • Maltratado • Manipulado • Maravilhado • Meigo •
Negligenciado • Obcecado • Oprimido • Orgulhoso • Otimista • Ousado • Pacato
• Pacífico • Perplexo • Positivo • Preocupado • Pressionado • Prestável •
Provocado • Questionador • Quieto • Radiante • Realizado • Rebaixado •
Receoso • Reconhecido • Rejeitado • Relaxado • Revigorado • Risonho •
Satisfeito • Saturado • Seduzido • Seguro • Sensibilizado • Sensível • Sereno •
Sobrecarregado • Subestimado • Surpreso • Tocado • Traído • Tranquilo • Usado
• Vaidoso • Vigoroso • Zangado

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