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IMPORTA SIM!
11 O PROPÓSITO DA
VIDA É AMAR
15 CADA UM SABE DE SI
19 LISTINHAS QUE
PODEM AJUDAR
24 SE VOCÊ É LOUCA, EU
TAMBÉM SOU
28 AGRADECIMENTOS
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www.morganabei.com.br
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INTRODUÇÃO
Eu gostaria de começar esse livro dizendo que não importa o que você ouça lá
fora, não importa o que você leia lá fora, não importa o que suas amigas dizem,
não importa o que os movimentos sociais pregam, não importa o que o padre
da sua igreja, sua mãe de santo, seu colega de trabalho disseram algum dia
para você; amor importa sim, importa muito e a gente tá aqui para amar e só.
E por amor, eu tô aqui para falar especialmente do amor afetivo, de um
relacionamento amoroso.
Esse é um e-book feito para mulheres, escrito por uma mulher que achou que o
amor de um relacionamento afetivo não era tão importante assim, até precisar
admitir que isso é tudo que ela mais queria na vida. Eu levei uma média de 15
anos num processo doloroso, longo e complicado, mas que me libertou. Hoje
vivo minha vida com muito mais plenitude, felicidade e entrega do que vivia
ontem. E infinitamente mais do que vivia há um ano atrás. E eu já posso
adiantar para vocês que a chave disso tudo é ACEITAÇÃO. Se aceitar, se amar
e se reconhecer como o ser único e especial que você é. E nesse livro eu vou te
ajudar a virar essa chavinha dentro de si, compartilhando algumas das minhas
experiências pessoais e mostrando o que fiz e faço para poder entender o que
vai dentro do meu âmago e não me deixar importunar pelas vozes e
experiências de outras pessoas.
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perdão da palavra, “botar o pau na mesa”; se você é mulher e está me lendo
neste momento, é MUITO provável que saiba exatamente do que estou falando.
Eu duvido que alguma mulher que seja uma empresária de sucesso, uma
mulher que seja graduada, uma mulher que trabalhe em posição de comando
(seja qual for: no seu emprego ou dentro de casa) nunca tenha precisado
colocar “o pau na mesa”. É uma força que nós precisamos puxar láááá de
dentro, para nos “igualar” aos homens do ambiente, para nos fazer ouvidas e
respeitadas. É como se essa fosse a única forma de conseguirmos algum tipo
de respeito - e não é. E ninguém conta que, na maioria das vezes, nos
desrespeitamos imensamente ao fazer isso.
Eu tive uma experiência há poucos meses atrás que me fez entender melhor
porque nos machucamos quando desrespeitamos quem somos, e gostaria de
compartilhar com vocês para que eu me faça entender melhor.
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“tinha que engolir” e ir trabalhar, porque é isso que os funcionários da empresa
faziam (eu era a única mulher, lembra?). Ao invés de me dar colo, de pedir colo,
de me dar o dia de folga, de chorar, de fazer um chá, de sentar na frente do
meu altar e pedir a Deus proteção pros dias que viriam, eu fiz o inverso do que
gostaria: eu “virei homem”, “engoli o choro” e fui. Fui, mas passei duas semanas
chorando todo dia no banheiro. E o que mais me doía era eu não ter respeitado
minha fragilidade e minha necessidade por cuidado e segurança naquele
momento.
Essa experiência foi altamente necessária para que eu entendesse que existem
seres humanos com cromossomos XX e seres com cromossomos XY, e que
nossa biologia é diferente. E que, além disso, nossa mente e nossa experiência
de vida nos diferem mais ainda. Enquanto um homem muito provavelmente vai
trabalhar no dia seguinte à uma experiência traumatizante porque ele não quer
pensar naquele assunto, eu precisava pensar no medo que estava; precisava
aceitar minha fragilidade, precisava me deitar no colo de alguém e ouvir que
ficaria tudo bem. Outra mulher possivelmente precisaria de um dia para se
recuperar também, mas passaria o dia fazendo faxina para lidar com o conflito
dentro de si. E outra talvez passasse o dia na academia, malhando e correndo e
gastando a ansiedade. E quiçá há algumas mulheres que consigam lidar indo
trabalhar e vivendo sua vida normalmente, né? Somos seres únicos.
E agora vem uma confissão: naquela fragilidade imensa, eu senti falta de ter um
companheiro do meu lado. Uma pessoa com energia e força que me abraçasse,
me colocasse no colo e dissesse que me amava e que ficaria tudo bem. Que
fizesse eu saber que ficaria tudo bem mesmo. E notei que eu estava com
necessidades básicas que não estavam sendo supridas - principalmente,
naquele momento, a necessidade por segurança. Mas eu não tô falando da
segurança pública não, eu tô falando é daquela sensação interior de que se
está segura e que tá tudo bem - igual quando a gente tropeçava, caía e nossa
mãe nos levantava, dava um beijinho no machucado e dizia que ia passar - a
gente tinha certeza que ia passar e ficava bem, porque nossa mãe nos dava
essa segurança. É algo muito primitivo e é intrínseco dos seres humanos.
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das características conquistadas até então, e que me trouxeram até aqui: força,
autoridade, praticidade e racionalidade. E descobri que, ao menos no meu caso,
isso tudo implicava admitir uma única e exclusiva coisa: eu preciso de um amor.
Se você não se identifica com isso não tem problema, pode largar a leitura aqui.
Eu sei que se eu lesse a mesma coisa há um ano atrás eu sairia esbravejando
e dizendo que é estupidez, então eu respeito seu momento. Mas se você se
identifica, eu quero te ajudar. Continua aqui comigo mais um cadinho! Espero
do fundo do meu coração que, ao compartilhar minha experiência e as
mudanças que pude fazer na minha forma de agir e pensar, eu possa te ajudar
a reencontrar dentro de si a menina carente e apaixonada que existe aí, para
que você faça as pazes com ela e vocês consigam, finalmente, viver de forma
plena tudo que a vida tem de lindo para oferecer.
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VOCÊ NÃO TÁ SOZINHA!
A gente pode e a gente vai reclamar SIM! E se você não tem uma amiga ou
pessoa confidente que te acolha e te compreenda, o primeiro passo é
encontrar essa pessoa, e eu recomendo que seja um psicólogo/terapeuta.
Porque ter certeza que está sendo ouvida, respeitada e compreendida é um
passo importante na nossa cura. E se você sentir algum julgamento vindo do
psicólogo, procura outro. Eu te prometo que existem profissionais maravilhosos
com quem você vai se identificar e que te respeitarão, eles existem.
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a enxergar texturas, cores e mais vestidos do que viu até hoje.
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O PROPÓSITO DA VIDA É AMAR
Se você ainda tá aqui comigo, eu voto que sua vocação (assim como a minha)
é a do amor. Nosso propósito de viver é baseado no amor que sentimos por
alguém - nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos, nosso cachorro, nossos
melhores amigos. E que bom que você existe! Imagina só como seria esse
mundo cão sem a nossa presença para distribuir amor?
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sentindo é que sua vida está desmoronando. Vai ter gente dizendo que é um
exagero a vida de alguém desmoronar porque um relacionamento tá em crise,
mas o buraco é muito mais embaixo; ela tá em sofrimento porque o sentido da
vida dela tá em crise.
Aí entra mais uma coisa importante a se ter em mente: o sentido da sua vida é
o AMOR, e não o relacionamento em que você está. E amor é imenso, é infinito,
e se você tem essa vocação você sente que vai explodir de tanto amor que tem
dentro de si. É normal a gente confundir esse amor todo que temos com ‘amor
por uma única e específica pessoa’, e é por isso que parece que o mundo
acabou quando a gente termina um relacionamento. Mas vou te contar um
segredo: o mundo não acaba e o amor continua explodindo dentro de você,
prontinho para seguir sendo distribuído por aí. Mais para frente eu vou falar
sobre como trabalhar esse amor dentro da gente de forma que vivamos
relacionamentos mais saudáveis, mas agora eu te dou uma dica importante:
faça exercício físico. Vai te ajudar a gastar toda energia que o amor traz para
você mas você ainda não sabe muito bem como direcionar.
Acredito que se eu contar um exemplo pessoal fique mais fácil entender como
funciona a mente de uma adolescente que vive para o amor. Lembra que cada
um tem sua história de vida, então é só trocar o exemplo da minha criação e
colocar na sua para reescrever sua própria história.
Passei os 3 anos seguintes num conflito inesgotável porque ele não era minha
alma gêmea nem o amor da minha vida.
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Escrevendo isso hoje, me dá muita vontade de rir. Mas a verdade é que eu
passei 3 anos em sofrimento, porque ele não era o amor da minha vida.
Pois é.
Eu acreditava que amor era uma eterna paixão correspondida, quando a gente
fica rindo o dia inteiro e a vida inteira faz sentido e os passarinhos cantam
músicas lindas para te acordar e você nunca mais vai chorar ou sofrer ou se
sentir infeliz... Porque era isso que os livros mostravam para mim. E todo meu
imaginário sobre relacionamentos afetivos foi criado por romances, já que meus
pais são divorciados e, portanto, não tive exemplos a seguir dentro de casa.
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foco do nosso amor em uma pessoa só - e enquanto não aprendermos a
distribuir esse amor de forma saudável nada vai tirar da nossa cabeça a
vontade de consertar o namoro e voltar a viver para aquela pessoa. No meu
caso, como forma de esquecer e superar a frustração amorosa, eu caí em uma
revolta altamente danosa a mim mesma, abusando de álcool, usando drogas e
dando para todo mundo. Sobrevivi, mas certamente eu gostaria de ter transado
com menos amigos da faculdade e de ter fechado menos bares.
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CADA UM SABE DE SI
Mas se você fosse apontar os problemas dos outros eu tenho certeza que seria
a mesma coisa: “você trabalha demais e não passa tempo suficiente com a
família”, “você tá 60kg acima do peso”, etc. É que nosso “problema” é a
vocação para doar, não é o trabalho ou a saúde. Geralmente somos
equilibrados nas outras áreas da nossa vida e existe somente uma que é
“desequilibrada”. E é a mesma coisa com todo mundo.
É difícil entender, mas a vida é diferente para as pessoas: elas passam por
experiências únicas, tem uma mente única, traumas diferentes, e por mais
surreal que pareça para você nesse momento, tenha certeza de uma coisa:
ninguém sabe o que é melhor para sua vida do que você mesmo. Você é a
única pessoa que quer seu bem estar acima de tudo no mundo. Não se engane
- mesmo quando você quer o bem-estar do seu filho mais que tudo, é porque
ele é SEU filho e o bem-estar dele te faz bem, ou seja… E, como única pessoa
que se coloca como prioridade na vida, você também é a única que sabe qual é
a melhor coisa a fazer no momento. Um dos maiores problemas que
enfrentamos, como seres humanos, é a falta de confiança em nós mesmos.
Somado à falta de fé de que existe um propósito para cada um, a receita é
tentarmos seguir a vida como manada, fazendo o que todo mundo tá fazendo
ou pedindo para fazermos.
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Eu gosto de um cara que dá mil desculpas para não ficarmos juntos. É uma
enrolação danada, mas nem essa enrolação fez o gostar sair de dentro de mim.
Não estamos juntos, apesar de eu acreditar que deveríamos, e eu não tenho
vontade de sair com outras pessoas.
Eu não vou amarrar o cara num poste e dizer que ele só sai dali quando ficar
comigo.
O que me resta é aceitar essa situação e fazer o melhor dela possível. Eu estou
tocando uma empresa, pondo bastante energia em criar conteúdo para as
mulheres que me seguem, aprendendo a lidar com a frustração, etc.
Fácil, né?
Nop.
Hoje eu enxergo que o que aconteceu comigo foi que, ao ouvir todas aquelas
opiniões, eu entrei num conflito imenso pois acreditei que havia algo de errado
comigo. E quando eu acho que tem algo de errado comigo, eu costumo me
sentir frustrada e angustiada, e rapidamente essas emoções se transformam
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em raiva e eu sinto vontade de gritar e socar para pôr essa raiva para fora.
Soma isso à minha tendência de beber demais e fazer sexo para “compensar”
(que já contei para vocês lá em cima), o resultado só pode ser um: ressaca
física, ressaca moral, sofrimento.
E de repente, meu cérebro (que é inteligente para caramba, assim como o seu,
e cheio de crenças esquisitas) calcula o seguinte: “eu gosto de uma pessoa que
me faz sentir raiva, e isso é errado. Querer estar com uma pessoa que me faz
sentir vontade de gritar e quebrar tudo é errado e tóxico e, portanto, eu vou
mudar esse sentimento dentro de mim”.
E se você acha que a merda já tá feita, saiba que é aí que a merda verdadeira
começa.
Porque a gente NÃO MUDA SENTIMENTO.
E a gente entra num conflito HORROROSO.
E o que parecia estar ruim fica pior.
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entenda qual propósito é. A raiva que você sente quando seu filho faz uma
besteira é o amor que você sente por ele, transformado em não-aceitação de
algo que ele tá fazendo.
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LISTINHAS QUE PODEM AJUDAR
1) Se você acha que ele/ela é o amor da sua vida, não deixe ninguém dizer
o contrário
2) Se você acha que já teve uns 4 amores da sua vida, saiba que é verdade;
3) Se você tá preocupada em ter mais amores na sua vida, saiba que vai ter
SIM;
4) Se você ficou preocupada com o nº 3, relaxa. O amor da sua vida tá aí
com você agora.
5) Você não está só. Em algum lugar por aí tem alguém exatamente como
você, como eu, que sabe exatamente o que você tá passando e o que
você tá sentindo, e que quer te ver bem e feliz e usando todo potencial
que você tem dentro de si para ser a melhor mulher do mundo.
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agradável. Quando eu aprendi isso, comecei a me observar e a descobrir
alguns gatilhos da minha mente, que me deixam confusa e sem conseguir
enxergar exatamente o que tá acontecendo e o que tá me deixando aflita; eu
vou compartilhar quais são com você e sugiro que você escreva os seus em
uma folha - e toda vez que se sentir confusa e perdida, leia e releia, para tentar
descobrir o que que tá realmente te fazendo sofrer.
Notou a quantidade de “medo” que tem ali em cima? Porque a maior causa do
sofrimento é o medo, e ele pode ser resolvido de maneira clara. Se pergunte
“qual a pior coisa que pode acontecer se [insira aqui o medo]” e deixe a
resposta vir. Vai um exemplo:
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vamos usar o racional: o “medo dele nunca mais olhar na minha cara” pode ser
quebrado quando eu sei que ‘nunca’ é tempo demais, quando eu sei que
ninguém sente raiva para sempre e até mesmo quando eu sei que eu não vou
morrer se ele nunca mais olhar na minha cara.
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O AMOR DA SUA VIDA EXISTE SIM
(E TÁ EM VÁRIAS FORMAS E PESSOAS)
Isso aqui pode parecer complicado mas não é: quando falamos do sentido da
vida, quando nós vivemos pro amor, isso significa que fomos abençoadas com
um puta dom: o de amar e se doar e distribuir nossas habilidades amorosas por
aí. E colocar tudo isso somente num cara é desperdício para caramba, viu? Ele
é o amor da sua vida sim, mas sabe quem mais é? Seu peixinho dourado, seus
gatos, sua mãe, aquele afilhado que você não visita há séculos, sua amiga da
escola, você mesma!!! Mulher, você pode focar esse amor em tanta coisa que
isso vai não só te dar um propósito, como também vai te fazer viver relações
infinitamente mais saudáveis. Distribuir esse tudão aí em várias coisas vai te
fazer infinitamente mais feliz e realizada, e menos dependente emocionalmente
de algo ou alguém.
Eu decidi distribuir o amor que tenho aqui escrevendo esse livro para vocês.
Porque eu quero que vocês saibam que são amadas e respeitadas, porque eu
quero que vocês saibam que o mundo seria uma bosta sem a gente. E porque
eu acredito que cada mulher que nasceu para amar, uma vez que entende que
é esse seu propósito, consegue não só ser feliz e plena, mas também
transformar a vida dos que a cercam numa jornada muito agradável.
Eu tenho um certo dom e facilidade para escrita, então essa é a forma que
tenho neste momento de me doar para algo que eu acredito. Em compensação
eu não suporto ir pro fogão e cozinhar, nem para mim mesma; mas se gostasse,
sem dúvida é algo que eu faria, para demonstrar e distribuir amor aos meus.
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cumprir, a música fala do cara ser refém da mulher.
Pensa nos dons que você tem, nas coisas que te alegram fazer. Anota em uma
listinha. Pode ser fazer um café da manhã delicioso para os seus filhos, passar
horas dando carinho para um gato no seu colo, sentar numa livraria e conversar
sobre a existência e poeira espacial, ir na sua vizinha idosa à tarde e passar um
café fresquinho para vocês comerem com broa. Tudo isso é amor sendo doado.
E se você quiser aumentar o nível, pode se voluntariar num abrigo de gatinhos
abandonados, pode visitar asilos aos domingos, pode cozinhar para
desabrigados e etc. Gente precisando de amor não falta. E quanto mais a gente
dá, mais a gente recebe.
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SE VOCÊ É LOUCA, EU TAMBÉM SOU.
(E ESTAMOS JUNTAS)
Sabe, escrever esse livro tá sendo uma tarefa imensamente desafiadora para
mim. Porque eu tô precisando olhar para muitas feridas minhas que não foram
devidamente cicatrizadas, lidar com alguns fantasmas do passado que ainda
me atormentam, procurar novas formas de fazer as mesmas coisas. Esse
processo está sendo como uma grande reforma dentro da minha mente. A
gente quebra algumas coisas, fica tudo muito sujo, meio nublado naquela
nuvem de poeira, mas sabe que é necessário. E eu sei que eu só vou cicatrizar
essas feridas imensas mexendo nelas, com cuidado e amor e passando uns
remedinhos. E mexer na ferida dói, merthiolate arde mesmo. Mas cura.
Uma dessas feridas envolve uma lembrança meio nublada e turva (nossa
memória nos engana e nosso cérebro é perfeito em esconder momentos
traumáticos de nós mesmos) de quando eu estava na cidade onde nasci,
esperando um ex sair do curso de inglês. Chovia muito e eu me sentia de
alguma forma completamente perdida. Não queria mais estar ali, naquele rotina
de ficar esperando que ele saísse do curso para gente ir para casa da tia dele e
depois eu ir para casa, mas algo em mim dizia que “eu precisava fazer isso
sim”. Eu não consigo identificar o que era: se era uma forma de possessão, se
era cisma e teimosia, se era meu orgulho não querendo dar o braço a torcer ou
se eu simplesmente não tinha outra escolha no momento. Eu tendo a crer na
última opção, pois acredito que nós sempre fazemos a melhor escolha que
podemos naquele momento, com o que está ao nosso alcance naquele
momento. Mas essa lembrança me assombra de vez em quando, 15 anos
depois, meio que como um alerta de que “a infelicidade tá logo ali”. E isso me
faz querer controlar meus sentimentos para que eu não sinta aquela infelicidade
logo ali de novo. Mais uma vez, nosso cérebro é muito inteligente. E ele faz as
contas certinhas. Se a lembrança daquele dia triste me deixa com medo de
viver aquele dia triste de novo, ele automaticamente vai tentar me proteger de
ficar triste de novo. E por acreditar que meus sentimentos são errados e a
causa de toda minha dor e miséria, a tendência é automaticamente pensar que
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enquanto eu não mudar o sentimento eu vou ser infeliz. É uma puta bola de
neve, sabe.
Entende porque tá sendo difícil escrever esse livro? Tentar colocar essas
loucuras em palavras e pior, palavras que façam algum sentido para quem as
lê, é missão complicada. Abrir meu coração e contar essas coisas que me
envergonham, algumas que eu mesma (ainda) julgo como erradas, pegar todos
os julgamentos que fiz dos outros uma vida inteira e admitir que eu sou uma
humana - um caralho duma humana que faz merda e se desespera e não é
perfeita e tá aqui para errar tanto quanto qualquer outro ser humano - é difícil.
Eu sei que para eu conseguir falar sobre esses assuntos e tratar isso com essa
naturalidade, eu passei por muitos e muitos processos nessa vida. Eu estou há
alguns meses dos 30, já morei com um ex-namorado, mudei de cidade, fui
demitida, comecei meu próprio negócio e todas essas coisas que acontecem na
vida de todos e nos fazem amadurecer. E é justamente por isso que eu sinto
que preciso escrever esse livro; porque eu quero que vocês que estão na
mesma situação que eu saibam 4 coisas que eu adoraria ter sabido antes: você
não precisa sofrer, você não precisa dar satisfação da sua vida pros outros, as
nossas emoções não são ruins e você não é louca.
Mas, se você for louca, eu também sou. Tudo bem. Então estamos juntas.
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QUE MAL TEM?
Não tem certo ou errado quando se trata da sua vocação e de quem você é;
existem as atitudes certas e erradas a se tomar. E fazer algo que te machuque
ou machuque ao outro, deliberadamente, é errado. De resto, sinceramente?
Que mal tem?
E foi justamente o “que mal tem?” que me levou ao passo mais importante da
minha jornada: aprender a largar o foda-se.
Não tem muito o que exemplificar aqui, porque é exatamente isso. Um dia caiu
minha ficha e eu simplesmente comecei a tocar minha vida e largar o
famigerado “foda-se” pro restante das pessoas. OK, não é fácil e não é tão
simples assim, mas existem algumas dicas básicas de serem seguidas:
Sobre essa 4 pode parecer errado, mas se tem uma coisa que o ser humano
faz é decidir as coisas subconsciente, mesmo que não perceba ainda; então de
nada adianta perguntar aos outros. Eu acho que trabalhar a imaginação para
que não ocorra frustração é essencial, quando a gente imagina todos os
cenários possíveis que virão de alguma escolha a gente se prepara pro melhor
e pro pior; mas eu me conheço e sei que ouvir o pessimismo disfarçado de
realidade de certas pessoas irá trabalhar contra minha autoconfiança, e
portanto, eu prefiro me afastar.
Um belo dia cai nossa ficha de que nossa vida tá aqui para ser vivida e só nós
podemos fazer isso. Tem gente que vive perfeitamente bem fazendo o que os
outros querem, mas se você ainda tá lendo você sabe que nós não somos
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dessas. A gente faz o que quer desde sempre, a gente tá aqui para quebrar
tabus, para escolher deliberadamente ir contra toda uma massa que te diz que
amar não vale a pena, que ser quem você é é errado. Não é errado.
A melhor métrica que eu tenho para saber se algo que estamos fazendo é
errado é o sofrimento. Hoje em dia eu só faço escolhas que acredite que não
vão me causar sofrimento. E para fazer essas escolhas eu preciso ser quem eu
sou, seguir meu caminho, tomar uma decisão e arcar com as responsabilidades
dela. Se eu tô fazendo o que meu coração tá pedindo, não tem porque sofrer.
E se a gente acabar sofrendo, segue uma boa notícia: o terceiro propósito que
Viktor Frankl observou no campo de concentração era o sofrimento. Gente que
conseguia enxergar propósito em estar sofrendo para continuar vivendo. E se a
gente continua aqui, é porque a gente continua podendo ser feliz.
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AGRADECIMENTOS
Se eu for agradecer tudo e todos que sinto que preciso, a lista vai ficar maior
que o e-book; então cada um que teve um papel importante na minha vida sabe
disso e tá aqui dentro do meu coração; sem vocês eu seria um nada. Obrigada
por permitirem que eu doe todo meu amor.
E obrigada a você, que me acompanhou até aqui neste pequeno livro. Se uma
dica te ajudar em algo eu já vou ser imensamente feliz e me sentir realizada.
OBRIGADA!
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ANEXO: LISTA DE EMOÇÕES
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