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AULA 2
Ontem começamos um processo que pode ser longo e doloroso, mas é muito mais
libertador. Se você já chorou, não se preocupe, pois é assim mesmo. Chegou a hora
de olhar para os seus incômodos, ao invés de olhar para o outro e projetar nele o
que há de pior em você. Se o que eu falei ontem doeu, saiba que isso faz parte do
processo.
“Às vezes tem que doer como nunca para não doer nunca mais.”
Hoje também pode doer, mas eu garanto que essa aula vai libertar você! Aqui você
vai encontrar a ponta, a raiz do seu problema e quando você encontra a ponta do
nó, fica muito mais fácil desembolar o emaranhado de fios.
O Desafio Sem Crise é um espaço onde eu quero trazer você para olhar a sua
história e reconhecer seus problemas, feridas e gatilhos. Enquanto você não tiver
noção do impacto que essas coisas têm na sua vida, não há como resolver o seu
problema. Como eu já disse, esse processo exige sua força de vontade, pois sem
esforço não existe mudança.
Na aula de ontem eu falei sobre ciúme e sobre a minha história. Falei sobre os
níveis de ciúme: retroativo, controlador e paranoico. E, no final da aula passada, eu
liberei um teste para você analisar o seu nível de ciúme (assista a aula 1 antes de
fazer o teste).
Dando continuidade à nossa jornada, hoje vamos falar sobre feridas emocionais e
eu tenho certeza que você vai acessar algumas feridas e entender a razão pela qual
você se comporta da maneira que se comporta.
RETOMANDO MINHA HISTÓRIA
Depois de 6 meses separada do Marcelo, nós reatamos e eu soube que ele tinha se
relacionado com outras mulheres. Neste momento, a primeira ferida que eu acessei
através disso foi a ferida de injustiça. Eu insisti tanto para que o Marcelo me
contasse todos os detalhes dessa outra relação, que eu parecia ver as cenas de
tudo aquilo que ele tinha vivido com outra mulher acontecendo na minha frente e
isso, obviamente, me machucava e destruía demais.
Eu já não conseguia me desvincular disso, vivia falando e até sonhava com aquelas
cenas. Toda vez que eu resolvia um problema em relação às minhas paranoias, eu
criava outro na minha cabeça para me apegar. Eu vivia no meio desse problema e
não conseguia me desconectar disso. Pensava nisso o dia inteiro e a minha cabeça
fantasiava demais.
Comecei, então, meu processo de terapia e descobri que eu tinha uma ferida de
abandono e que dessa ferida vinha todo o meu ciúme e insegurança. Fui
percebendo que o meu pai e a minha mãe não eram aquelas pessoas que eu
fantasiava e, na minha infância, eu tinha passado por muitas carências que não
foram supridas.
PRESTE ATENÇÃO: eu não quero que você vá agora cobrar nada do seu pai e da
sua mãe.
Este foi o significado que a minha criança deu para aquilo que acontecia, foi assim
que a minha cabecinha infantil significou isso. É fato que meu pai e minha mãe
foram muito ausentes na minha infância e, além disso, eu sou filha de uma traição.
Não bastasse tudo isso, meu pai também traía a minha mãe. Portanto, eu cresci em
uma casa onde minha mãe era completamente desestabilizada em função dessa
situação.
A minha mãe vivia na rua procurando meu pai e as amantes dele e eu era
completamente negligenciada. Eu não tinha ninguém para fazer a lição de casa
comigo, para cuidar de mim, dizer o que eu tinha de fazer, a hora que eu devia
comer, etc. A minha mãe estava focada no problema dela, em arrumar o meu pai,
em transformar ele no homem que ela idealizou. Pouco a pouco, convivendo com a
minha mãe, eu fui tomando essa dor para mim. Então, quando meu pai traia a
minha mãe, eu sentia que estava sendo traída também. Dessa forma, nasceu dentro
de mim uma ferida de traição.
Vibrando nessa frequência, eu fui atraindo para a minha vida pessoas muito
parecidas com meu pai. Dentro de mim, eu reforçava cada vez mais aquelas ideias
generalistas que eu via na minha casa desde a infância: todo homem é igual,
nenhum homem presta, todo homem vai me trair e assim por diante.
Uma pessoa com uma ferida de abandono, sempre terá a tendência de atrair
pessoas que a abandonem. Ela está tão conectada com essa dor, que a primeira
coisa que ela busca em alguém é essa instabilidade. Racionalmente ela pode dizer
que não quer aquela pessoa, mas dentro dela está vibrando nessa frequência.
“O que você precisa entender é que não há como mudar o que aconteceu lá
atrás, mas você pode ressignificar.”
Você não vai mais olhar para isso com uma mentalidade de criança, mas com uma
mentalidade madura e adulta. O meu pai, que traía a minha mãe, não era meu
marido, ele era meu pai. Como ele foi como pai para mim? É nisso que você precisa
focar.
Se você se aprofundar mais um pouco, vai ver que a sua mãe está repetindo a
história da sua avó e, assim, de geração em geração. Então, você pode ser a chave
que vai libertar sua descendência deste ciclo.
O que você colhe precisa ser consequência das suas escolhas. Ninguém precisa
carregar este peso da sua história. Hoje, 90% das feridas que você tem foram
causadas na infância. E uma pessoa que tem uma ferida de rejeição não consegue
ser amada, não consegue se apropriar desse amor, porque projeta suas dores e
carências na pessoa com quem se relaciona.
Enquanto nós estamos sozinhas, estamos na nossa zona de conforto. Mas, quando
nos relacionamos e essa ferida vem à tona, nós pensamos que a pessoa está nos
machucando, que ela está causando essa ferida, mas, na verdade, é apenas uma
projeção dessa ferida que vem da infância.
Uma criança não sabe lidar com a saudade ou com o vazio. Na vida adulta nós
vamos construindo mecanismos de defesa, quando entramos em um
relacionamento toda essa escuridão aparece e se manifesta na busca por pessoas
que vão trair, porque no fundo temos medo de dar certo.
Pare de ser conduzida pela sua criança ferida. Você precisa pegar essa criança e,
como adulta, se responsabilizar por cuidar das feridas dela. Não é o seu parceiro,
sua mãe, seu terapeuta que vai ser responsável por isso, você precisa trazer a
responsabilidade para si. Do contrário, você só vai receber na sua vida pessoas que
acessam essa ferida, porque está presa nessa criança e não está pronta para ter
um relacionamento adulto.
Quando eu resolvi a minha história com a minha mãe, foi como tirar o ciúme com a
mão, pois quando você encontra a chave, parece que uma tonelada é retirada das
suas costas.
Entenda o impacto que essas feridas emocionais têm em você, isso é muito
importante, pois com o passar do tempo, se você não começar a buscar uma
solução, os problemas vão se avolumando.
Se você tem ferida de abandono, certamente tem facilidade para atrair pessoas que
vão lhe abandonar ou então você é quem vai abandoná-las.
Além disso, essa ferida é caracterizada pela tendência a se tornar possessiva, ou
seja, quanto mais controle você tiver, quanto mais você cercar e vigiar o seu
parceiro, sufocando-o, menos chance você acha que ele tem de lhe trair ou
enganar.
Gostaria de pedir uma coisa para você. Pare agora, olhe para sua história e
responda:
Sim, você precisa mexer na sua história, naquilo que você não quer mexer. Você
precisa olhar para as coisas que você fingiu não ver a vida inteira. Só assim você
vai se libertar dessa prisão do ciúme e da insegurança.
Parabéns pela coragem, agora você vai começar a curar as suas feridas
emocionais.
Um beijo e gratidão.
#curandoasminhasferidasemocionais