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A criança interior é um conceito criado para tratar daquela parte nossa que geralmente fica adormecida. Isto
porque, quando adultos, tendemos a nos fechar, a esquecer das coisas que gostávamos quando menores, simplesmente
porque o mundo a nossa volta também se mostra diferente.
Todos têm uma criança interior. A criança é o nosso canal para o divino. É ela que mantém a chama de vida
acesa, iluminando em nós qualidades como entusiasmo, leveza, curiosidade, humor e espontaneidade. Porém, com as
experiências de desamor, exclusão e abandono, nossa criança se retrai como forma de defesa, o que reflete num adulto
com traumas, doenças psicossomáticas e crenças limitantes.
Todas as mini versões de nós mesmos estão lá, esperando por serem integradas, aceitas, amadas, impulsionadas
em direção a uma vida adulta que lhes dê acolhimento e proteção. A criança feliz, a criança curiosa, a criança sonhadora,
a criança indefesa, a criança insegura, a criança medrosa, a criança mandona que acredita que o mundo gira ao seu
redor, a criança criativa capaz de inventar histórias e brincadeiras, e por aí vai.
Às vezes acordo com saudades de mim mesma. O resgate de nossa criança é parte fundamental de nosso
despertar. Sem a criança não há vida espontânea, não há alegria, não há esperança. Quem não sente saudades da criança
que foi, de vez em quando? Dos dias em que a vida se resumia em escolher que desenho assistir na TV, ou formar
palavras com as letrinhas da sopa...
Podemos deixar o excesso de seriedade de lado, escolher brincar mais e experienciar essa leveza divina que
torna a existência possível. Sejamos leves a vida já é dura demais com os adultos. Virar gente grande e chata que já não
sabe ter a doçura no olhar e a ingenuidade necessária para bem viver.
Pensando na transmutação das dores da infância, gostaria de compartilhar o que chamo de “Os passos para
adultização”. São eles:
Acolhendo a criança - Enquanto não a acolhemos, ela continuará à frente da nossa vida, reagindo a tudo o que remete
às suas dores e repetindo ciclos.
Ressignificar a própria história - A história não volta. Então, o que fazer com as suas memórias? Dar um novo
contexto, de aprendizado, de resiliência, de autocuidado. Essa é uma das formas mais significativas de fechar os
ciclos.
Honrar a ancestralidade - Costumo dizer que assim como existem o caminho do amor e da dor, existem também os
mestres da dor e do amor. E os pais, na maior parte das vezes, cumprem ambos os papeis.
Uma das terapias mais curativas é a Carta de Cura à Criança Interior, um exercício fantástico de conexão à criança,
limpeza de memória, prática do perdão e autocompaixão. Deixo um modelo da minha carta, de forma oportuna como
imersão terapêutica de #diadascrianças.
Eu levei anos para entender que os meus traumas começaram em você, mas agora, também sei que
você é minha cura.
Todos os referenciais de família se romperam no divórcio traumático de seus pais, e ver sua mãe
perdida, sofrendo, criou uma profunda necessidade de ser amada.
"Ei mamãe, eu estou aqui! O que está acontecendo? Me ame por favor!"
Eu vejo medo nos seus olhos, o mesmo medo que sua mãe sentiu no abandono.
Eu carrego sua crença nos relacionamentos em que senti a necessidade de agradar por medo da
rejeição. Fui várias pela carência e nenhuma por mim mesma.
Eu sei o abismo que houve com a morte da sua avó e o quanto isso dilacerou sua capacidade de
amar. Foram tantos desejos frustrados e você era apenas uma garotinha tentando ser feliz.
Vem aqui.
Nesse lugar escuro que você sente frio, sou eu. Mas eu prometo que não vou te deixar aí.
Prometo me conectar a você e juntas vamos conseguir.
Confie em mim.
Abraça-me forte!
Eu vou te proteger e vou te mostrar as coisas lindas que eu conheci, porque embora aja dor, há
muita cor e beleza nesse mundo!
Você é mais forte do que eu imaginava e fez o melhor que pode para sobreviver. Não se culpe
mais.