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Passos
para
um

Maternar
Consciente

por
Sobre a autora

Sou Michele Porfírio e acredito que


é sim possível educar a partir do respeito.
E que esse respeito começa dentro de nós,
através do auto respeito.

Com essa base forte, é totalmente possível acrescentar


uma dose cavalar de muito afeto, que irá permitir criar
conexão conosco e com nossos filhos.

Hoje sou Mentora de Mães, Pedagoga, Psicopedagoga


e mestranda em Educação pela Universidade Federal Rural
de Pernambuco. Formada em Educação Parental pelo
Instituto Te Apoio, e certificada internacionalmente como
Educadora Parental em Disciplina Positiva pela PDA
(Positive Discipline Association) - da Dra. Jane Nelsen.

Minha missão é criar conexão com mães que precisam


de ajuda para encontrar o auto equilíbrio e, através de uma
Rotina Leve, possam Empoderar-se enquanto mães e
mulheres, abrindo portas para uma educação Respeitosa e
Afetuosa.
“Antes de pensar no que fazer com as
crianças de hoje, temos de saber
obrigatoriamente o que aconteceu conosco
quando fomos crianças. E então temos de decidir
o que fazer com o que aconteceu. Caso contrário,
permaneceremos na imaturidade."

Laura Gutman
Introdução

Por muito tempo a prática educacional foi baseada no


medo, no autoritarismo, e na punição física e psicológica.
De forma hierárquica e vertical a prática educacional não
considerava a criança como sendo um ser que merece ser
validado e acolhido em seus desejos.

De fato, essa realidade tem sido transformada, mas


tudo é um processo. Estamos trabalhando para trilhar um
caminho possível, embora muitas vezes desconhecido,
afinal, não fomos acostumados a vivenciar a educação
através do amor, da conexão e do respeito.

Quando optamos por buscar uma nova forma de


educar, grandes desafios surgem. Não é fácil educar de
forma convencional, muito menos se desafiar a buscar
formas mais respeitosas de lidar com a criança. Passo por
isso o tempo todo e muitas vezes acredito que não vou dar
conta. Mas é preciso respirar e dar espaço à calmaria em
meio ao caos.

Ao nos desafiarmos a dar esse passo, temos que lidar


com uma forma diferente de usar a fala, segurar as
manifestações quando a raiva toma conta de nosso corpo,
buscar inibir ações padronizadas e, talvez a parte mais
desafiadora, aprendermos a lidar conosco.

Este e-book conta com contribuições acerca de


abordagens parentais como a Criação Consciente e a
Disciplina Positiva, que trazem alguns pontos para serem
considerados:
Visão Integral do ser humano: que busca entender
sua dimensão física, espiritual, mental e emocional, ou seja,
compreender que precisa haver um equilíbrio nessas
dimensões e que quando uma delas se altera as outras
também sofrem um reflexo.
Olhar para o ser humano de forma integral, nos leva a
considerar o desenvolvimento de sua parte cognitiva e
emocional, e de forma ampla nos leva na busca por
entender quem somos.

Consciência: que busca entender e conhecer o que se


manifesta dentro de nós, vivenciando, compreendendo e
experimentando, pois o que temos dentro de nós, afeta
nossa vida externamente, assim como o externo nos
influencia internamente.

Auto educação: que está relacionado a olharmos com


cautela para nós mesmas, nossas limitações, nossas
qualidades, o que nos machuca e o motivo que machuca,
ser sensível ao que nos incomoda e ao que nos acomoda. É
refletir sobre o que devo mudar em mim para conviver
bem comigo mesma e com o outro.

Não violência: relaciona-se com a forma de agir com


foco na gentileza e na empatia, não nos deixando ser
levadas pela emoção desencadeada em situações
conflituosas, mas buscando a calma antes da ação.
É importante deixar claro que, não quer dizer que se
você ler e entender esse texto, que vai simplesmente
refletir e mudar suas ações hoje mesmo, deixando a
relação com seu filho mais harmônica. É preciso ter
constância e persistência para mudar a forma de educar. É
preciso olhar para si mesma, para suas próprias
necessidades.

Em minha experiência com meus filhos, demorei um


pouco a perceber que era sim possível buscar uma forma
mais acolhedora e respeitosa de vivenciar a educação, e é
por isso que decidi compartilhar alguns passos que
acredito serem fundamentais para alcançar, de fato, uma
Criação Afetuosa baseada no Respeito.

Dito isso, sinalizo que este e-book foi escrito


com a intenção de ajudar mães a tentar,
isso mesmo! Tentar agir da melhor
maneira que conseguirem nos
momentos mais desafiadores
com a criança. Porém,
primeiro proponho reflexões
e a possibilidade de olhar
para si mesma, pois acredito
que é a partir das pequenas
reflexões que as mudanças
surgem.
Proponho assim exercícios que farão você colocar em
prática um olhar genuíno para si. A partir daí acredito que
certamente você conseguirá olhar de forma genuína para
seu filho.

Que cada passo contido neste e-book possa nos levar à


evolução, para sermos melhores para nós mesmas e, assim,
conseguirmos trazer leveza e consciência para a nossa
prática de um MATERNAR CONSCIENTE.

Aproveite cada leitura, cada exercício!

Grande beijo, Michele Porfírio


10
Passos
para
um

Maternar
Consciente
Vamos perpassar por alguns caminhos, dentre eles o
do autoconhecimento. Acredito que para cuidar do outro é
preciso cuidar primeiro de nós mesmas.

Ao realizar os passos esteja pronta para se colocar


diante de atividades simples, e aberta para trilhar um
caminho de possibilidades. Tenha sempre papel e caneta
próximo de você, anote reflexões a partir das propostas de
atividades e relate as dificuldades ao passar para o próximo
passo.

Caso se sinta bloqueada em algum momento, retorne


ao primeiro passo. Leia, releia o que já vivenciou,
acrescente novas informações e atitudes ao seu repertório,
e esteja pronta para que, em seu tempo, ao final dos
passos, você consiga se posicionar como protagonista de
sua vida, e principalmente de um MATERNAR
CONSCIENTE. Lembre-se que você é peça chave, e as
respostas para suas perguntas estão em você. Então seja
sagaz e boa sorte!
Passo 1: Quem é você?

“Seja firme e consistente em seus objetivos, pois


somente pessoas sagazes e fortes enfrentam seus
medos”.  Michele Porfírio

Após a maternidade é normal perdermos nossa


referência. A mulher que fomos dá espaço a uma nova
versão, agora com a roupagem de mãe.

Com isso, é comum que a gente não valide nossas


vontades e anulamos nossos desejos em favor do filho, do
companheiro(a) e da casa. Acabamos ficando em segundo,
terceiro, quarto plano. Esse movimento por vezes nos gera
um sentimento de enorme frustração, e faz com que
esqueçamos da mulher que ainda existe em nós, mas que
insiste em permanecer na sombra da mãe que ali nasceu.

Pensando nisso, convido VOCÊ, nesse primeiro passo, a


se olhar no espelho e se perguntar quem é você hoje.

Neste momento indico que pegue papel e caneta e


escreva de forma sincera: Quem é a mulher que está na
sombra da mãe que nasceu?

Seja clara, detalhista e minuciosa ao descrever


seus medos, frustrações, alegrias e desejos.

Escreva ainda, tudo o que deseja resgatar da


mulher que ainda vive em você.

Lembre-se de que todas as respostas estão na


pessoa refletida no espelho.
Passo 2: Acolha sua criança interior

“Valide e acolha sua criança interior. Certamente


uma mulher com força tremenda surgirá.”
Michele Porfírio

Olhar para nós mesmas e não conseguir identificar


quem somos realmente causa dor. Provavelmente no
Passo 1 você conseguiu, mesmo que com lágrimas nos
olhos, olhar para você, lembrar da mulher que foi um dia e
refletir sobre o que te faz mais falta hoje e que gostaria de
resgatar.

Sendo assim, vamos nos desafiar um pouco mais,


mergulhar em nossas lembranças para saber quem é a
criança que fomos, identificar feridas, desmistificar crenças
e trazer à tona nossa verdadeira essência.

Sim! Neste momento, te convido a tirar os curativos e


olhar para as feridas com maturidade, saindo do lugar de
vítima e se posicionando com responsabilidade diante da
criança que necessita de acolhimento, de validação, de
respeito.
Esteja ciente de que neste passo você
terá duas opções para prosseguir: a
primeira é reclamar da vida, culpar seus
pais, marido e filhos, criticar o sistema, a crise, o
outro. A segunda opção é assumir uma postura
diferente em sua vida se posicionando como adulta
capaz de curar suas feridas, pois quer você queira ou não, a
única pessoa capaz de fazer alguma coisa aqui é VOCÊ!
Resgato aqui uma fala crucial para prosseguirmos:

“Somos os culpados? Não.


Somos os responsáveis? Sim." Laura Gutman

Te convido agora a colocar em prática o segundo


passo: 

Procure um local calmo e tranquilo, certifique-se de


que não será incomodada. Inicie uma meditação ou
coloque uma música calma que te proporcione
relaxamento. Feche os olhos e tente voltar para sua
infância.

Olhe para a criança que você foi, identifique e


reconheça suas dores. Perceba o que você anulou em si, o
que ajustou para agradar o outro, mesmo que sejam seus
pais. Quais eram seus medos? Identifique se você
enfrentou sozinha, e tente trazer a lembrança de todo e
qualquer sentimento de abandono, de ausência de amor,
de não validação, frustração.

Se você identificou e reconheceu,


agora é o momento de assumir a
responsabilidade por cuidar de todas
essas feridas.

Não é um processo fácil, mas é libertador.

Ao se colocar nesta posição, você será capaz de assumir o


cuidado da sua criança interior. Será o momento de se
acolher e se validar. O seu presente é fruto do seu passado.
Sua história fez de você quem você é hoje. Devemos honrá-
la, mesmo que não seja a história que gostaríamos de
contar.

Então, olhe para sua criança interior, perceba suas


dores e diga a ela que a partir de hoje ela nunca mais
estará sozinha. Que você é capaz de cuidar dela e curar
suas feridas.

Lembre-se de que este exercício não pode ser


executado para que você entre em seu passado, reconheça
seus medos, angústias e feridas e permaneça por lá. É
preciso saber que, você entrará neste momento, mas
também precisa sair dele.

Atente-se! Não nos cabe exigir nada de nossos pais ou


de quem assumiu a responsabilidade por nós quando
crianças. Entenda que, eles fizeram o melhor que
conseguiram e puderam. Ao assumir esta posição, você
será capaz de acolher a imperfeição deles, dos outros e de
si mesma. Ao se colocar nesta posição
você se liberta da busca pela perfeição.

Aqui você conseguirá reconhecer de


fato sua história. Novamente teremos uma
escolha a fazer: negamos nosso passado, mantendo
um curativo sujo e desgastado em nossa ferida, ou
assumimos a direção de nossa vida, tirando o curativo de
nossas feridas, limpando e cuidando delas para que a
sujeira não respingue nas pessoas que mais amamos.

Então, neste Passo 2, finalizo convidando você a


transformar sua visão sobre seu passado, sua história.

Não seja vítima, ache a solução que lhe cabe.


Transforme sua maneira de olhar os acontecimentos em
sua vida, busque respostas sem se preocupar em achar o
vilão. Mude seu posicionamento em sua vida e perceba
que, a partir de hoje, nada mais será como antes.

É preciso estar ciente de que, pode ser que você não


consiga em um primeiro momento sair desse lugar. Caso
isso aconteça, retome o exercício e tente se conectar com a
criança que você foi. Acolha seus sentimentos e tome o
posicionamento de seguir em frente.
Passo 3: Conecte-se com você

Nos Passos 1 e 2 encontramos desafios, mas também


um sentimento de libertação. É comum vir uma sensação
de que estamos caminhando para trás, mas a verdade é
que estamos limpando um caminho e construindo
devagar uma nova posição em nossa vida.

É difícil cuidar de nós mesmos, cuidar do que dói! Isso


acontece porque não fomos ensinadas a nos cuidar, a
validar nossos sentimentos e nem reconhecer e acolher
nossas emoções.

Como não aprendemos, torna-se cada vez mais difícil


olhar para dentro de nós mesmas, reconhecer o que
precisamos. Acabamos assim, nos posicionando cuidando
do outro facilmente e acabamos esperando que o outro
também cuide de nós.

E assim vamos caminhando, anulando


nossas dores com a ilusão de que
também seremos cuidadas.

Esperamos que o outro cuide, ame,


doe seu tempo, nos reconheça, nos
proteja, nos acolha. E normalmente
nossas expectativas são projetadas nas
pessoas que estão mais próximas de nós:
pais, amigos, companheiro e filhos.

Criamos expectativas e não percebemos que exigimos


muito do outro porque não sabemos cuidar de nós mesmas.
Nos colocamos em prontidão para fazer pelo o outro e
para o outro. E nesse movimento de nos dedicarmos ao
outro, nos tornamos mais exigentes (com eles e com nós
mesmas), e por mais que recebemos, nunca parece ser
suficiente.

Então, nesse PASSO 3, te convido a se reconectar com


você!

Registre quais cuidados que você gostaria de retomar


com você mesma.

Em que parte da vida você tem negligenciado?

O que você gostaria que fizessem para você e por


você?
Após fazer os registros, leia em voz
alta e repita para você mesma:

- Eu decido sair do papel de vítima!


- Eu decido não me negligenciar!
- Eu decido fazer algo bom e
significativo para mim todos os dias!
- Eu acolho todo e qualquer
sentimento que vier a tona ao longo do
dia!
- Eu decido fazer por mim o que
espero que os outros façam!
A partir das respostas elencadas por você, que tal
colocar em prática?

Vamos juntas?

Escolha pelo menos um item da lista e faça diferente


para você, por você!

Reconecte-se com sua essência e lembre-se que, todos


os dias temos oportunidade de fazer diferente. Cabe
somente a você fazer suas escolhas e se posicionar frente a
sua vida!
Passo 4: Elimine sua culpa

A culpa está presente em nossas vidas pois fomos


educadas para sentir vergonha, sentir culpa dos nossos
erros.

Isso mesmo! Sentimos culpa por não reconhecer nosso


erro e por não enxergar nele a possibilidade de evoluirmos.

Quando erramos, o sentimento de culpa vem à tona.


Quando se trata de nossos filhos, podemos cair na
armadilha de sermos inundadas de arrependimento pelo
que não fizemos ou pelas ações impensadas, e não é
incomum cairmos na permissividade. Sendo assim,
atenção!

O sentimento de culpa não deve ocupar um espaço de


julgador, mas um lugar de
indicador. Ou seja, ele indica
a nossa dor e, por isso,
temos que olhar para nossa
ação pois é provável que ela não
esteja coerente com nossos valores.

Quando olhamos por esta perspectiva,


conseguimos sair do lugar de quem julga
ou é julgado e, assim, passamos a rever
nossas ações para que em um próximo
momento a gente consiga agir de forma
diferente.

Então, para este passo convido você a mudar seu olhar.


Parar de se culpar por suas atitudes e assumir o que foi
feito, sempre pensando em como buscar uma estratégia
nova para mudar seu comportamento.

Caminhando para a prática, anote as ações das quais


você tem se arrependido e sentido culpa. Saia do discurso:
“eu deveria”, “não sou boa mãe”, “mas também, ele agiu
assim...”

Reflita... Mude seus pensamentos e adote as seguintes


falas:

“Eu agi de forma errada. Onde posso melhorar numa


próxima oportunidade?”

“Tudo bem errar! Agora, como eu posso fazer diferente


em uma próxima vez?”

Entenda aqui que sentir a


culpa não é algo ruim e nem
absurdo, mas um sinal que indica
duas coisas:

1) Você não está agindo de acordo


com seus valores.
2) Em algum ponto, você precisa
mudar.
Então comece a caminhar rumo a mudança!
Lembre-se que: todos nós erramos, porém, podemos
decidir em permanecer no erro ou sair dele.

Qual é sua decisão hoje?


Passo 5: Conheça sua criança

Você pode me dizer aqui: “mas eu conheço minha


criança! Estou com ela desde a minha gestação,
nascimento ou desde quando a adotei.”

Eu volto a te perguntar: Conhece mesmo?

Já pensou em como você lida com os comportamentos


de sua criança?

Você consegue observar as atitudes dela, respeitar as


qualidades naturais que ela apresenta e que
favorecem suas potencialidades? Ou você
sempre a interrompe durante cada escolha, a cada
gesto desafiador para ela, a cada não que ela
responde?

Conhecer nossos filhos vai


além de reconhecer suas
características físicas. Vai
além de reproduzir o que nossa
mente adestrada nos indica que nosso
filho é.

Conhecer nosso filho requer de nós


paciência, respeito, silêncio e olhar
aguçado.

Por isso, te convido nesse Passo 5 a tirar um dia para


fazer menos interrupções ao seu filho e observá-lo.

Anote todos os detalhes que ele apresenta


espontaneamente.
Como ele resolve pequenos problemas, como ele
brinca, o que desperta nele sorriso e choro.

Respeite o ponto de vista da criança. Acolha sua


vontade e se for algo absurdo, acolha e valide, lembrando
que, esse posicionamento não indica que você deve fazer
as vontades de seu filho, apenas respeitar o ponto de vista
dele e acolher o desejo.

Atenção: Acolher é diferente de atender!

Seja assertiva e eficaz na comunicação.


Livre-se de rótulos e julgamentos. Seu filho é
uma criança e está em processo de
desenvolvimento e aprendizagem.

Não o compare com


ninguém. Troque o verbo
ser por estar. Exemplo: troque
a frase “Meu filho é chorão!” por
“Meu filho está choroso”. (Se
pergunte o motivo, pois atrás de todo
comportamento existe uma necessidade).

Não corte as falas e ações do seu filho,


ajude-o a manter suas qualidades
naturais.

Não se assuste se caso perceber que, (re)conhecer


seu filho te permitiu se aproximar mais dele!
Passo 6: Conecte-se com seu filho

Se conectar com a pessoa que mais nos traz


sentimentos ambíguos e nos tira do eixo não é uma tarefa
fácil, mas sim, é uma tarefa possível!

Para isso, trarei para você algumas estratégias de como


se conectar com seu filho, fazendo com que a relação de
vocês seja também baseada no amor, na segurança e
no respeito.

Isso mesmo! Conectar-se com seu filho


permite que vocês se conheçam mais
e automaticamente que a relação seja
fortalecida.

Para se conectar com seu filho é preciso que


de forma genuína você consiga também se
conectar com sua criança interior. Ou seja,
viver esse momento de forma leve e
espontânea, para que você
consiga (re)conhecer a essência de seu filho.

Então vamos lá!

Convide a criança que existe em você


para brincar com seu filho! Através dela
você conseguirá agir de forma mais
espontânea, trazendo leveza para o
momento em que vocês estiverem juntos.

Chame seu filho para brincar com você e, nessa hora,


livre-se do celular, esqueça as tarefas de casa, os compromissos.
Abaixe, olhe nos olhos dele e diga: “Eu quero brincar com
você. Do que podemos brincar?”

Se você não tem esse costume, pode ser que seu filho
não entenda muito bem o que está acontecendo, e ele
pode simplesmente dizer não. É preciso insistir, convidá-lo
para brincar de algo que você goste, até que ele
comece a entender a sua nova forma de se
posicionar.

Livre-se de julgamentos,
de apontamentos, das broncas, das
preocupações com o que vai sujar ou
desarrumar. Se permita conhecer seu filho
através da tarefa mais importante para ele: o
brincar!
Além desse momento, tente
ler para ele todos os dias antes
dele dormir ou ao acordar.
Convide-o para ajudar nas tarefas de
casa, para cozinhar com você ou
simplesmente para terem um momento
de relaxamento fazendo “nada” ou
brincando de cócegas.

O importante é que seja leve para você e para


ele.

Então, vamos lá! A tarefa de hoje é simplesmente brincar!


Passo 7: Busque a firmeza e a gentileza ao educar seu filho

Ao nos questionarmos pela maneira como fomos


educadas, e na busca por um caminho que se alinhe
melhor com uma educação mais humana no sentido de
considerar a criança no processo, é normal perpassar pelo
autoritarismo e pela permissividade.

Nesse sentido, não é incomum aos


olhos julgadores alheios que sejamos
apontadas como mães sem pulso, e as crianças
como sendo sem limites. E ainda ouvir que a
criança em breve vai nos bater ou nos
colocar para fora de casa.

Nesse passo é necessário que você acredite


no seu coração e no caminho que você escolheu
trilhar na educação de seu filho.

Então, o que vale de hoje


em diante é:

“Eu tenho consciência e certeza de


que estou trilhando um caminho para a
educação que acredito ser melhor para
meu filho e, por isso, não aceito mais
intervenções com palpites e julgamentos.
Irei filtrar toda e qualquer fala que não faz
sentido para mim e seguirei na busca de aprender a
me reeducar, para que assim, eu consiga ao mesmo
tempo, educar meu filho."
Isso é necessário pois, ao escolher educar de forma
firme, gentil e respeitosa, é necessário olharmos para nós,
como fizemos nos passos anteriores. Nos deparamos com
feridas que não queremos levar adiante e, por escolher um
caminho de rompimento decidimos, mais
uma vez, seguir naquilo que acreditamos,
naquilo que queremos e podemos fazer
diferente.

Entenda a partir daqui os subpassos que


você deverá seguir:

1º) Intervenções na educação de


seu filho serão necessárias a partir do
uso da firmeza em seu posicionamento. Elas
deverão ser claras, sem uso de julgamentos,
indicando para a criança o que pode ou não
ser feito sem deixar que ela
faça o que quer, mas, ao
mesmo tempo, sem recorrer a gritos,
sustos, chantagens ou punições.

2º) Neste momento entra então a


gentileza. Ao falar com firmeza seja
gentil, utilize um tom firme, mas sem
alterar a voz, sem gerar medos, usando
ainda poucas palavras, sem rótulos e
fazendo seus pedidos com clareza. Utilize também
toda a linguagem corporal que conseguir.

Seu filho está em desenvolvimento e por isso ele


precisa de muita clareza em seus pedidos. Quando você
recorre ao seu corpo para ajudar na comunicação com sua
criança, estará utilizando de uma ferramenta rica que irá
complementar significativamente sua fala. 

3º) Entenda o desenvolvimento de seu filho.


Perceba que ele está em um processo que
exige dele a curiosidade, interesse pelo
novo e pelo desconhecido. Então, nada mais
que normal que ele queira tocar as coisas,
explorar e descobrir. Ao perceber
isso, podemos assumir com mais
facilidade a capacidade de nos
colocar no lugar do outro, entendendo as
necessidades dele.

4º Utilize a Empatia! 
Quando utilizamos a
empatia fica mais fácil alcançar
o respeito, pois temos que entender
que ao colocar limites a criança nem
sempre irá concordar e aceitar
tranquilamente. E está tudo bem! Nesse
processo ela poderá se frustrar, chorar,
reclamar, e isso faz parte. Aqui também
temos que manifestar gentileza em
acolher essa frustração.

Sendo assim, coloque em prática as tarefas acima.


Lembre-se que você está aprendendo a lidar com seu
filho, e pode ser que você também se frustre. Então, alinhe
suas expectativas e não desista da educação que você
acredita.
Passo 8: Elimine a punição e adote a reparação

Quando punimos nossos filhos acabamos inibindo suas


ações e eliminando um “problema” momentaneamente.
Normalmente isso acontece porque não queremos
vivenciar sentimentos com os quais não sabemos lidar,
como frustração, vergonha e o
medo de apontamentos alheios.

Mais uma vez volto a dizer


que não aprendemos a lidar com
sentimentos e emoções quando criança,
e por isso é tão difícil acolher as
manifestações dos nossos filhos.

Então, ao punir seu filho, você estará


eliminando de forma superficial um comportamento
desafiador e,
provavelmente, esse
comportamento pode vir
a se manifestar de forma mais
intensa em outros momentos.

Certamente alguns castigos e


punições que porventura você utiliza,
com o tempo, não servirão mais, e aí a
intensidade das agressões físicas e
psicológicas podem aumentar
significativamente, o que tende a virar
um ciclo vicioso onde a criança não irá te respeitar,
mas irá parar momentaneamente um
comportamento por medo e, ao mesmo tempo, ela
estará cultivando em si sentimentos de raiva, frustração e
não aceitação, podendo manifestar comportamentos
ainda piores em longo prazo.

Isso porque, a disciplina positiva, uma das bases da


criação consciente, nos atenta
para alguns “R” que são
manifestados na criança a partir
da punição:

O ressentimento, por achar que o que está


acontecendo com ela não é justo e por
não ter a possibilidade de argumentar
de outra forma, o que compromete a
confiança entre ela e o adulto.

Retaliação, e possível sentimento de


vingança.
Pense comigo: é como se
vocês estivessem vivenciando
momentos de disputa de poder,
pois você quer que a criança te
atenda e ela deseja o mesmo. Nesse
processo, nenhum dos dois utiliza a
maturidade para tentar entender o outro,
porém, não se pode exigir maturidade de uma
criança, esse papel cabe ao adulto.

Caso contrário, vocês entrarão num processo


de disputa sem fim.

Sabendo disso, assuma você o seu lugar de adulto.


O terceiro “r” é o da rebeldia. Sim, a criança que não se
sente acolhida e validada, com o tempo, vai tentando de
alguma forma trazer manifestações que são exatamente o
contrário daquilo que dela é esperado. E se você refletir um
pouco, irá perceber que nós adultos
tendemos a nos manifestar desta
mesma forma quando nos
sentimos rejeitados, não validados
e incompreendidos.

O quarto “r” é o recuo. A criança


simplesmente para de demonstrar
alguns comportamentos
em sua presença, pois ela já entendeu que
será punida e, assim, ela passa a esconder
seus atos para não ser pega. Ou seja, ela passa
a mentir, esconder erros, não assumir seus atos.

Dito isso, você deve estar se


perguntando: Bom, se não vou
punir, o que eu devo fazer?

Você deve adotar formas que levem


seu filho a reparar o erro. Os erros são
oportunidades que temos de crescer e
aprender, então use eles em favor da
educação de seu filho.

Se ele sujou, ensine-o que ele deve limpar. Mostre


como fazer e dê oportunidade a ele de experienciar a ação
de limpar.
Caso ele grite, abaixe, fale baixo com ele e peça que
não grite, pois quando ele grita você se irrita e fica difícil
escutá-lo.

Se ele bateu, ensine-o que quando


ele bate, machuca outras
pessoas. Diga que sentir raiva e ter
vontade de bater é normal, mas que
para isso é preciso buscar locais
seguros para extravasar os sentimentos
dele. Pode ser uma almofada para
socar, ou até mesmo um papel para
amassar e rasgar.

Caso ele tenha quebrado algo, mostre para


ele que agora vocês perderam aquela peça e
que, além de ser perigoso, pois alguém
pode se machucar, todos perdem
por não poder mais usá-la.

Em cada situação, podemos extrair um


aprendizado.

Somente nos exemplos das ações


acima, você estará fazendo com que
sua criança entenda que, para viver no
coletivo é preciso prezar o bem estar de todos.
Estará ensinando a ela respeito mútuo,
possibilidades de reconhecer sentimentos, validar e
acolher. Ensinará a ela que não é errado manifestar seus
sentimentos, mas existem meios para isso e mostrará o
principal: que você sempre estará ao lado dela, gerando
assim confiança e conexão.
Passo 9: Valide e acolha seu filho

Validar e acolher as emoções dos


nossos filhos pode ser um processo
desafiador, pois é possível que você não
tenha experienciado isso com tanta
frequência.

Ao realizar este passo, você vai


entender que a prática da validação
emocional é um processo que acaba por si
só nos afetando, principalmente quando estamos
lidando com nossos filhos.

Acolher o choro, manifestações de


raiva e frustrações é um processo que nos
desafia a lidar com esses mesmos sentimentos
em nós. Quando olhamos com empatia para
nossos filhos, mesmo quando eles estão
num processo de manifestar sua
irritabilidade, faz com que
olhemos de alguma forma para nós
mesmas.

Para validar e acolher sensações e


sentimentos é preciso exercitar a
capacidade de escutar, entender e
aceitar o outro, sem condições, sem
apontamentos e julgamentos.

Buscar entender a razão que levou nosso filho a


jogar um brinquedo, gritar ou bater, não quer dizer que
tenhamos que estar de acordo com o comportamento em
si, mas exige de nós, permitir que ele
manifeste da forma que consegue nesse
momento, todo e qualquer sentimento que está
dentro dele.

Por isso, nesse momento é


interessante tentar não fazer
intervenções, não conter as
manifestações, não brigar, apontar ou
humilhar. É interessante que você permaneça
ao lado de seu filho quando as
manifestações das emoções dele
acontecer. Diga em poucas palavras que
você ficará ali, mesmo que ele queira que
você saia. Não permita que ele se machuque
ou machuque o outro. Escute o choro (mesmo que
isso pareça infinitamente difícil e
impossível), diga a ele como
você se sente quando está
frustrada, decepcionada e
incompreendida.
Esse movimento te permite
aproximação consigo mesma e com seu filho,
pois nesse momento você estará acolhendo
e validando seu filho, mas também sua criança
interior.

Quando seu filho estiver mais


calmo, se posicione
conversando com ele, orientando
sobre o que pode ou não ser feito em
momentos de raiva e o oriente para
que ele tenha possibilidades e
segurança de manifestar seus
sentimentos.
Passo 10: Eduque de forma consciente

Este é o último passo, mas talvez


devesse ser o primeiro. Entenda aqui que,
você é humana e vai errar, mas que todos os dias
você também vai acertar.

Aprenda com seus erros e com os


erros dos seus filhos. Afinal, vocês
estão ligados por uma conexão única, e
somente uma base forte na relação de
vocês fará com que o laço que os une não
afrouxe com o tempo.

Se coloque atenta e consciente de suas


atitudes, escolhas e erros. Todos esses pontos
serão base para você retornar e tentar fazer
diferente novamente.

Não se culpe, não esqueça


da mulher que ainda existe
atrás da mãe e que assumiu o
papel de protagonista da sua vida. Mãe
e Mulher podem, em alguma medida,
dividir o mesmo espaço em sua vida.

Lembre-se de que, cada dia você pode


escolher fazer diferente na sua vida e na
vida de seu filho.

Você é a peça chave na condução do seu autocuidado.


Somente quando você não mais negligenciar consigo,
conseguirá agir com destreza, intenção e consciência na 
forma de educar seus filhos.

Então, se acolha, se olhe, se perceba e


conduza da melhor maneira a prática de um
MATERNAR CONSCIENTE.
Mensagem de Carinho

Chegamos ao fim, mas já adianto que estamos apenas


no começo.

Educar filhos é um desafio que nos gera aprendizados


constantes.

É um processo de autoconhecimento,
autodesenvolvimento e autoaprendizado.

Se você seguiu todos os passos até aqui, esteja ciente


que, ainda assim, você vai errar, que ainda existirão feridas
a curar e muitos erros para se tornarem aprendizados.
Porém, hoje você não é mais a mesma pessoa que iniciou a
leitura e a prática deste material.

Se for preciso inicie novamente, mas nunca desista de


você, do que acredita!

Espero ter contribuído com sua vida e em especial em


sua prática de educar seu filho!

Grande beijo, Michele Porfírio

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