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SUMÁRIO

Conteúdo Introdutório

1. Glossário de Conceitos............................................................................. 11
2. Esquema dos Conceitos-chave................................................................ 16
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 17
4. e-REFERÊNCIA................................................................................................... 18

Unidade 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 21
2. Conteúdo Básico de Referência.............................................................. 21
2.1. A Ciência Psicológica ......................................................................... 21
2.2. as principais teorias psicológicas ................................................ 24
2.3. a psicologia da saúde........................................................................ 33
3. conteúdos digitais integradores.......................................................... 44
3.1. psicologia da saúde............................................................................ 44
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 45
5. considerações.............................................................................................. 47
6. e-REFERÊNCIAs................................................................................................. 47
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 48

Unidade 2 – Variáveis Psicológicas na Determinação da


Saúde
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 51
2. Conteúdo Básico de Referência.............................................................. 52
2.1. saúde e comportamento.................................................................. 52
2.2. prevenção de doenças ...................................................................... 56
2.3. adesão ao tratamento...................................................................... 60
2.4. Teorias de comportamento e saúde ............................................ 63
2.5. personalidade e saúde ...................................................................... 67
3. conteúdos digitais integradores.......................................................... 69
3.1. Saúde e Comportamento.................................................................. 69
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 70
5. e-REFERÊNCIAS................................................................................................. 73
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 73

Unidade 3 – Estresse e Doença


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 77
2. Conteúdo Básico de Referência.............................................................. 77
2.1. estresse .................................................................................................. 77
2.2. modelos de estresse e doença ....................................................... 85
2.3. enfrentamento ................................................................................... 87
2.4. estresse relacionado com o trabalho ....................................... 92
3. conteúdos digitais integradores.......................................................... 96
3.1. estresse e enfrentamento................................................................ 96
3.2. estresse no profissional de saúde................................................ 97
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 97
5. considerações.............................................................................................. 99
6. e-REFERÊNCIA................................................................................................... 100
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 100

Unidade 4 – Relação Equipe Interdisciplinar-Paciente


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 103
2. Conteúdo Básico de Referência.............................................................. 104
2.1. O trabalho em equipes de saúde.................................................... 104
2.2. relação profissional de saúde e paciente.................................. 109
2.3. variáveis que atuam na promoção de saúde............................. 113
3. conteúdos digitais integradores.......................................................... 118
3.1. relação equipe de saúde e paciente.............................................. 118
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 119
5. considerações finais.................................................................................. 121
6. e-REFERÊNCIAS................................................................................................. 122
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 122
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Fundamentos da Psicologia da Saúde. Fatores evolutivos
e saúde. História de vida na determinação da saúde/doença.
Variáveis psicossociais do tratamento. Estresse e doença: me-
canismos fisiológicos e enfrentamento. Adoecimento no traba-
lho. Psicossomática. Relação equipe interdisciplinar-paciente.

Bibliografia Básica
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo
de Psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
DAVIDOFF, L. Introdução à psicologia. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001.
FRIEDMAN, H.; SCHUSTACK, M. W. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1996.

Bibliografia Complementar
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
DALLY, P.; HARRINGTON, H. Psicologia e psiquiatria na enfermagem. São Paulo: EPU,
1996.
FIGLIE, N. B.; BORDIN S.; LARENJEIRA, R. Aconselhamento em dependência química.
São Paulo: Roca, 2010.
HOLMES, D. Psicologia dos transtornos mentais. 2. ed. Tradução de Sandra Costa.
Porto Alegre: 1997.
MELLO FILHO, J. Psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ORLANDO, I. J. O relacionamento dinâmico enfermeiro-paciente. São Paulo: EPU, 1997.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber: –––––––––––––––––––––––––––––––––


Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto),
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito
de avaliação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. Introdução
Seja bem-vindo ao estudo de Psicologia Aplicada à Saúde
na modalidade a distância. Neste conteúdo, apresentaremos uma
introdução ao estudo da Psicologia da Saúde, dando ênfase à sua
aplicabilidade aos profissionais de saúde que lidam diariamente
com pacientes, e que exercem, portanto, um papel importante
no estabelecimento de relações interpessoais que sejam capazes
de promover saúde e qualidade de vida.
Talvez você possa estar se perguntando: Por que estudar
psicologia? Porque a prática dos profissionais que lidam com a
saúde está intimamente relacionada ao cuidado e relacionamento
com o paciente, e, logo, compreendê-lo pode facilitar seu
trabalho, como também melhorar a sua qualidade de vida. Além
disso, a compreensão do que é saúde hoje destaca que, além
de fatores biológicos e sociais, ela é determinada, também, por
fatores psicológicos, que estudaremos também nesta obra.
Apesar de as áreas que lidam com a saúde já terem
desenvolvido seu próprio corpo de conhecimento, o diálogo
com outras ciências pode promover a compreensão de outros
fenômenos e abrir novas possibilidades. No último século, a
Psicologia vem dialogando com as ciências da saúde, a fim de
ampliar a visão do ser humano, considerando-o para além de seu
corpo biológico.
A Psicologia pode auxiliar na reflexão sobre o processo
saúde-doença, na compreensão do homem como ser integral,
na discussão sobre os limites da atuação profissional e na
problematização de discursos científico-hegemônicos, buscando
a construção de uma relação de vínculo profissional-paciente
que gere novos discursos e, com isso, construa novas práticas
profissionais e de saúde.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

A Psicologia Aplicada à Saúde tem como objetivo


apresentar como a psicologia compreende o ser humano e
sua relação com os processos de saúde e doença; possibilitar
a compreensão das variáveis que interferem na formação de
sintomas e nos comportamentos de saúde; e abrir espaço para a
discussão da relação entre o profissional de saúde e o paciente.
Para isso, dividimos o conteúdo em quatro unidades de estudo.
Na Unidade 1, você será apresentado à ciência da psicologia
e conhecerá algumas das abordagens teóricas mais importantes,
o behaviorismo, a gestalt e a psicanálise. Esta breve introdução
servirá de base para a compreensão da psicologia da saúde,
que será discutida com maior detalhamento. Ainda nesta
unidade, será discutido o conceito de saúde, segundo alguns
modelos históricos e de acordo com o modelo biopsicossocial.
Também serão apresentados os fatores que contribuíram para
o surgimento de uma psicologia da saúde e as perspectivas de
trabalho e pesquisa neste campo.
Na Unidade 2, vamos nos dedicar ao estudo das variáveis
psicológicas e comportamentais que podem influenciar e
determinar a saúde do indivíduo. Discutiremos como padrões
de comportamento podem trazer benefícios e prejuízos à saúde
e a diferença entre prevenção primária, secundária e terciária.
Também será apresentado o conceito de adesão ao tratamento
e os fatores que interferem neste comportamento. Estudaremos
sobre o modelo trasteórico, que descreve 5 estágios de prontidão
para mudança e a associação entre alguns tipos de personalidade
e o surgimento de doenças.
O próximo tema a ser estudado será o mecanismo
fisiológico do estresse e as estratégias de enfrentamento. Este
assunto será abordado na Unidade 3, que pretende apresentar

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

os modelos de interação entre estresse e saúde, os efeitos do


estresse no organismo, e os estilos de enfrentamento (focado
na emoção ou nos problemas). Também será discutido sobre
o estresse relacionado ao trabalho e Síndrome de Burnout em
profissionais de saúde.
Em nossa última unidade, o assunto principal será a
relação do profissional de saúde com o paciente. Para isso, serão
apresentados os conceitos de equipes inter, multi e transdiciplinar
em saúde. Abordaremos variáveis facilitadoras da construção de
uma relação de ajuda com o paciente e sobre a importância da
empatia, da autonomia, da informação, do suporte social e da
espiritualidade na promoção de saúde.
Então, preparados? Vamos começar!

1. Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.
1) Adesão ao tratamento: disposição do paciente a seguir
o regime de tratamento receitado e conseguir fazê-lo.
2) Autonomia: independência, liberdade ou autossufi-
ciência. Capacidade de gerenciar a própria vida.
3) Behaviorismo: teoria psicológica que considera o
comportamento como objeto de estudo da psicologia.
Nesta abordagem, o comportamento é compreendido
na interação entre o organismo e o ambiente.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

4) Biofeedback: sistema que proporciona informações


auditivas ou visíveis com relação a estados fisiológicos
involuntários.
5) Modelo Biopsicossocial: forma de compreender a
saúde como sendo determinada por compomentes
biológicos, psicológicos e sociais.
6) Comunicação médico e paciente: interação social
entre equipe de saúde e paciente na qual há trocas de
informação.
7) Comportamento: interação do indivíduo com o seu
ambiente.
8) Contexto biológico: são os aspectos do nosso corpo que
influenciam a saúde e a doença: nossa conformação
genética e nosso sistema nervoso, imunológico e
endócrino.
9) Contexto psicológico: fatores psicológicos como o
pensamento, a percepção, a motivação, a emoção,
a aprendizagem, a atenção, a memória, os quais
acarretam implicações para a saúde.
10) Contexto social: a forma como nos relacionamos com
os outros e com o nosso ambiente também influencia
em nossa saúde.
11) Desamparo aprendido: resignação passiva e desani-
mada de uma pessoa diante do estresse persistente e
incontrolável.
12) Despersonalização: refere-se à perda de idealismo no
local de trabalho, desencadeando atitudes negativas
para com aqueles que recebem o serviço ou a atenção
do empregado.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

13) Doenças crônicas: é uma doença que persiste por


períodos superiores a seis meses e não se resolve em
um curto espaço de tempo.
14) Empatia: é a capacidade de compreender a emoção do outro.
É uma resposta afetiva apropriada à situação de outra
pessoa, e não à sua própria situação. Capacidade de
compreender a perspectiva psicológica das outras
pessoas e experimentar reações emocionais por meio
da observação da experiência alheia.
15) Enfrentamento: conjunto de estratégias, cognitivas
e comportamentais, utilizadas pelos indivíduos para
lidar com uma ameaça iminente. Este se processa
mediante a mobilização de recursos naturais, com fins
de administração de situações estressoras, consistindo
de interação entre o organismo e o ambiente.
16) Enfrentamento focalizado na emoção: estratégia de
enfrentamento em que a pessoa tenta controlar a
resposta emocional ao estressor.
17) Enfrentamento focalizado no problema: estratégia
de enfrentamento para lidar diretamente com o
estressor, na qual são reduzidas as demandas do
estressor ou aumentados os recursos para atender a
essas demandas.
18) Equipe interdisciplinar: consiste no estabelecimento
de associação intencional de duas ou mais áreas do
saber, para alcançar um conhecimento mais amplo e
diversificado.
19) Equipe multidisciplinar: são equipes formadas por
vários profissionais de diferentes áreas, que buscam
abranger os diferentes aspectos de uma mesma

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

situação, sem haver uma relação entre si, cada um


dentro de seu saber.
20) Equipe transdiciplinar: é a justaposição de diversas
disciplinas para descrever uma nova forma de
compreender os fenômenos.
21) Estresse: processo pelo qual percebemos e responde-
mos a eventos, chamados de estressores, que são per-
cebidos como danosos, ameaçadores ou desafiadores.
22) Esgotamento: estado de exaustão física e psicológica
relacionada com o trabalho.
23) Exaustão: refere-se a sentimentos de ter seus recursos
emocionais esgotados, com a correspondente perda
de energia e sentimentos de fadiga.
24) Modelo biomédico: visão dominate no século 20, que
sustenta que a doença sempre tem uma causa física.
25) Modelo transteórico: teoria de estágios muito utilizada,
sustenta que as pessoas passam por cinco estágios
quando tentam mudar comportamentos relacionados
com a saúde – pré-contemplação, contemplação,
preparação, ação e manutenção.
26) Mortalidade: morte; como medida de saúde, número
de mortes devido a uma causa específica em determi-
nado grupo em certo momento.
27) Personalidade: é o conjunto de características psicoló-
gicas que determinam os padrões de comportamento,
de pensar e de sentir.
28) Prevenção primária: esforços em favor da saúde para
prevenir que doenças ou ferimentos ocorram.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

29) Prevenção secundária: ações adotadas para identificar


e tratar a doença no estágio inicial.
30) Prevenção terciária: ações adotadas para conter os
danos, uma vez que a doença progrediu além de seus
estágios iniciais.
31) Prontidão para mudança: presença de motivação para
realizar a modificação de um hábito ou comportamento.
32) Psicanálise: teoria psicológica desenvolvida por Freud
que tem como objeto de estudo o inconsciente.
33) Psiconeuroimunologia: campo de pesquisa que
enfatiza a interação entre processos psicológicos,
neurais e imunológicos no estresse e na doença.
34) Psicossomática: ramo da medicina concentrado no
diagnóstico e tratamento de doenças físicas causadas
por processos psicológicos deficientes.
35) Resiliência: qualidade de certas pessoas de se
recuperarem de estressores ambientais.
36) Síndrome de burnout: ou síndrome do esgotamento
profissional, um distúrbio psíquico que tem como
características o estado de tensão emocional e de
estresse crônicos, provocados por condições de trabalho
físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.
37) Subjetividade: é composta de ideias, significados e
emoções construídos pelo sujeito por meio de suas
relações sociais, de suas vivências e de sua constituição
biológica. É fonte de suas manifestações afetivas e
comportamentais.
38) Suporte social: apoio de outras pessoas que transmite
preocupação emocinal e auxílio material.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

2. Esquema dos Conceitos-chave


Como você pode observar, o Esquema a seguir possibilita
uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo.
Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito
e descobrir o caminho para construir o seu conhecimento.
Por exemplo, a psicologia aplicada à saúde tem como objetivo
a compreensão dos determinates de saúde e doença. Nesse
sentido, existem fatores que estão amplamente associados
à promoção e à melhora da saúde, como o estabelecimento
de uma relação de ajuda com o profissional de saúde, ter
autonomia, empatia e informação, a presença de suporte social
adequado e a espiritualidade. Em contrapartida, há inúmeras
variáveis psicológicas que estão associadas ao aparecimento de
doenças. Podemos categorizá-las como o efeito do estresse em
nosso organismo e o efeito de padrões de comportamento não
saudáveis.
Entretanto, com o uso de estratégias de enfrentamento
diante do estresse, podemos minimizar os seus efeitos
prejudiciais. Da mesma forma, intervenções comportamentais
podem modificar estilos de vida não saudáveis. Assim, podemos
perceber que a determinação da saúde e da doença é passível de
mudança e não se trata de uma condição estática.

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CONTEúDO INTRODUTóRIO

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Psicologia Aplicada à Saúde.

3. REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOCK, A M. B.; FURTADO, O; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo
de Psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
MIYAZAKI, M. C.; DOMINGOS, N. A. M.; CABALLO, V. E. ; VALERIO, N. I. Psicologia
da Saúde – intervenções em hospitais públicos. In: RANGÉ, B. (Org.). Psicoterapias
cognitivo-comportamentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

STRAUB, R. O. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

4. e-REFERÊNCIA
DICIONÁRIO DE SIGNIFICADOS. Homepage. Disponível em: <http://www.significados.
com.br/>. Acesso em: 24 jul. 2015.

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UNIDADE 1
Fundamentos da Psicologia da
Saúde

Objetivos
• Compreender a psicologia como ciência.
• Analisar as principais abordagens teóricas da psicologia.
• Interpretar saúde em uma perspectiva biopsicossocial.
• Analisar os fundamentos da psicologia da saúde e
sua contribuição para a compreensão do processo
saúde-doença.

Conteúdos
• Fundamentos da Psicologia da Saúde.
• Psicossomática.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Esta unidade compreende o estudo da psicologia
da saúde. Os conceitos descritos a seguir serão
fundamentais para a compreensão dos demais
conteúdos abordados no restante da obra.

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

2) Nesta unidade serão apresentadas apenas algumas das


abordagens teóricas da Psicologia; existem outras além
das que serão citadas aqui, mas que não abordaremos
por não ser este o objetivo de nosso estudo. Portanto,
é importante que você pesquise e busque sempre por
novos conhecimentos.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares
descritos nos Conteúdos Digitais Integradores.

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

1. INTRODUÇÃO
Nesta primeira unidade, iniciaremos o estudo da Psicologia
da Saúde, que é o ramo da Psicologia que se destina a pesquisar
e explicar os processos de saúde e doença. No entanto, antes
de nos aprofundarmos nesta área específica da Psicologia,
precisamos conhecer um pouco melhor essa ciência.
Para isso, iniciaremos nosso estudo com uma introdução à
Psicologia como ciência e seu objeto de estudo, além de algumas
das principais abordagens teóricas.
Você vai observar que o conceito de saúde se modificou
consideravelmente nos últimos anos, e isso está estreitamente
relacionado com o surgimento da Psicologia da Saúde. Nosso
principal objetivo aqui é demonstrar que os aspectos psicológicos,
assim como os biológicos e sociais, têm grande influência na
determinação da saúde e da qualidade de vida.

2. Conteúdo Básico de Referência


O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma
sucinta os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo dos
Conteúdos Digitais Integradores.

2.1. A Ciência Psicológica

O termo psicologia é utilizado em nosso cotidiano


com sentidos diversos. Por exemplo, quando dizemos que
determinada pessoa tem poder de persuasão ou convencimento,
muitas vezes, falamos que ela utilizou "psicologia" para

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

conseguir convencer. Ou quando encontramos alguém que


nos faça sentir compreendidos ou que nos dê bons conselhos,
muitas vezes, dizemos que tem “psicologia”. Essa psicologia,
usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de
psicologia do senso comum. Trata-se do conhecimento que as
pessoas tem, normalmente de forma superficial, da psicologia
enquanto ciência, o que lhes permite explicar ou compreender
seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico.
No entanto, vamos nos concentrar na Psicologia Científica.
Para denominarmos de “científico” um conjunto de
conhecimento, é necessário que este tenha um objeto de
estudo específico, uma linguagem rigorosa, métodos e
técnicas específicos, processo cumulativo do conhecimento e
objetividade (BOCK et al., 1999). É isso que faz da ciência uma
forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento
espontâneo do senso comum. A Psicologia enquanto ciência é
relativamente jovem, seu início é datado no final do século 19,
embora já existisse há muito tempo na Filosofia, como uma
preocupação e necessidade de compreensão do ser humano.
Por ser uma ciência muito nova, a Psicologia não teve
tempo ainda de apresentar teorias definitivas, o que faz com que
ela seja caracterizada por uma diversidade de objetos de estudo.
Contudo, essa diversidade de objetos se justifica pelo fato de
os fenômenos psicológicos serem tão diversos e complexos,
que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação
e, portanto, não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de
descrição, medida, controle e interpretação (BOCK et al., 1999;
FIGUEIREDO; SANTI, 2004).
A Psicologia é um ramo das Ciências Humanas, e, portanto,
tudo que diz respeito ao homem poderia ser seu objeto de

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unidadE 1 – FundamEntos da psiColoGia da saÚdE

estudo, tal como o seu comportamento, a sua consciência ou


a sua cognição. Isso nos permite dizer que talvez não exista
apenas uma ciência psicológica, mas várias psicologias em
desenvolvimento (BOCK et al., 1999). Tal assunto ficará mais claro
no próximo tópico desta unidade, no qual estudaremos algumas
das teorias psicológicas mais importantes, e, provavelmente, você
perceberá que a compreensão do ser humano é estabelecida de
forma distinta dentro de cada teoria.
De forma geral, podemos dizer que a matéria-prima da
psicologia é o homem, o humano em todas as suas expressões,
as visíveis (comportamento) e as invisíveis (sentimentos), as
singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque
somos todos assim) (FIGUEIREDO; SANTI, 2004). E tudo isso pode
ser compreendido no termo subjetividade:

A subjetividade é formada de ideias, significados e


emoções construídos pelo sujeito segundo as relações sociais,
de suas vivências e de sua constituição biológica, é fonte de suas
manifestações afetivas e comportamentais (BOCK et al., 1999).
Em resumo, a subjetividade é a maneira de sentir, pensar
e fazer de cada um; é o que constitui o nosso modo de ser.
Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata
ao indivíduo; ela é construída a partir do contato com o mundo
social e cultural, ou seja, das relações que o sujeito estabelece

© PSICOLOGIA APLICADA À SAúDE 23


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

com o seu ambiente. Assim, com o estudo da subjetividade, a


Psicologia contribui para a compreensão da totalidade da vida
humana (FIGUEIREDO; SANTI, 2004).

2.2. as principais teorias psicológicas

Como já foi mencionado, a Psicologia é composta


por diferentes teorias que buscaram, ao longo de seu
desenvolvimento, compreender e explicar a conduta humana.
Essas abordagens psicológicas foram influenciadas por escolas
filosóficas e movimentos científicos que direcionaram a forma
de pensar o mundo na época de sua criação.
As teorias da Psicologia mais importantes são: o
Behaviorismo; a Gestalt; e a Psicanálise. Para facilitar sua
compreensão, serão apresentadas as principais características
de cada uma delas.

Behaviorismo
O termo “behaviorismo” foi inaugurado pelo americano
John B.Watson em 1913. No entanto, foi baseado nos estudos
de Skinner (1945) que o behaviorismo ganhou grande destaque
e se tornou uma das abordagens psicológicas mais utilizadas em
vários países. Skinner cunhou o termo “behaviorismo radical”
para designar a filosofia da ciência do comportamento. O termo
inglês “behavior” significa “comportamento” e, por isso, o
behaviorismo também é chamado de Teoria Comportamental,
Análise Experimental do Comportamento ou Análise do
Comportamento (FIGUEIREDO; SANTI, 2004).
Para o behaviorismo, o objeto de estudo da Psicologia é o
comportamento. Contudo, o comportamento não é entendido

24 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


unidadE 1 – FundamEntos da psiColoGia da saÚdE

como uma ação isolada, mas sim como uma interação entre
o organismo e o seu ambiente. Ou seja, comportamento é a
interação entre as ações do indivíduo (respostas) e o ambiente
que o cerca (estímulos) (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).

A Análise do Comportamento descreve dois tipos: o


comportamento respondente e o operante. O primeiro é
caracterizado por respostas do organismo que são eliciadas
(produzidas) por estímulos do ambiente. São interações do
tipo estímulo-resposta, nas quais certos eventos ambientais
confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que
independem de aprendizagem (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
Por exemplo, quando alguma luz forte incide em nossos olhos,
nossas pupilas são contraídas imediatamente, ou quando
entramos em um ambiente muito quente, começamos a
transpirar excessivamente.
Nosso organismo já nasce com alguns comportamentos
respondentes, por isso, dizemos que as respostas reflexas são
instintivos. Esses comportamentos têm um importante valor
de sobrevivência, pois são a preparação mínima do indivíduo
para reagir aos estímulos ambientais, tais como o reflexo de
sucção na amamentação, o reflexo de retirar a mão diante de um
estímulo doloroso, entre outros (BOCK et al., 1999). No entanto,
aprendemos novas relações de estímulo resposta ao longo de

© PSICOLOGIA APLICADA À SAúDE 25


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

nossa vida. São os chamados comportamentos respondentes


condicionados (aprendidos), que são adquiridos a partir do
pareamento de estímulos eliciadores de respostas com outros
estímulos novos (neutros). Isso leva o organismo a responder
a estímulos que antes não respondia. O comportamento
respondente é muito importante para a compreensão das
emoções humanas, pois todas as reações do organismo
relacionadas à manifestação de emoção são comportamentos
reflexos, é por meio da aprendizagem de novos respondentes
que aprendemos a ter medo de algumas coisas, ou a chorar
quando ouvimos uma determinada música.
O segundo tipo, ou seja, o comportamento operante, é o tipo
de comportamento que abarca a maioria dos comportamentos
dos organismos, ou seja, a maior parte de nossas interações
com o ambiente. Nesse tipo de comportamento, uma resposta
emitida pelo organismo produz uma alteração no ambiente,
consequências no ambiente, e o comportamento é afetado
(controlado) por essas consequências. Por exemplo, se você vai
até uma torneira e utiliza suas mãos para girá-la até sair água,
você produziu uma mudança em seu ambiente, antes não tinha
água e agora tem. A consequência de seu comportamento (a
presença de água) influencia a ocorrência futura da mesma
resposta, pois sempre que precisar de água, girará a torneira da
mesma forma, já que aprendeu que, assim, consegue obter a
água que precisa. O comportamento operante é assim chamado
porque ele "opera" sobre o ambiente para modificá-lo (MOREIRA;
MEDEIROS, 2007).
É importante entendê-lo para compreendermos como
aprendemos nossas habilidades e conhecimento e até mesmo
como aprendemos a ser quem somos (o que chamamos de
personalidade ou padrão de comportamento). A maior parte de

26 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

nossos comportamentos produz consequências no ambiente, as


quais influenciam a ocorrência futura do mesmo comportamento.
As consequências produzidas pelo comportamento ocorrem tão
naturalmente no nosso dia a dia que nem nos damos conta de
que elas estão presentes.
Os comportamentos são mantidos ou deixam de ocorrer
em função de suas consequências. Por exemplo, se uma criança
apresenta um comportamento de birra porque deseja receber
um doce, a consequência oferecida ao seu comportamento
influenciará a probabilidade de, no futuro, essa criança voltar a
fazer birra. Se os pais cederem ao seu comportamento dando-
lhe o doce, há um aumento na chance de ela se comportar da
mesma forma na próxima situação em que desejar algo. Em
contrapartida, se a consequência apresentada for ignorar ou punir
o comportamento da criança, esta provavelmente não utilizará a
mesma estratégia na próxima vez que quiser ganhar um doce.
Se a consequência aumentar a probabilidade de ocorrência do
comportamento, então dizemos que a resposta foi reforçada (a
consequência é então chamada de Reforço). No entanto, se a
probabilidade do comportamento for diminuída, dizemos que
resposta foi punida (punição) (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
A análise do comportamento é bastante abrangente no
estudo da psicologia da saúde e é muito aplicada na modificação
de comportamentos não saudáveis, na aprendizagem de
comportamentos de saúde e na adesão ao tratamento.

Gestalt
Gestalt é um termo alemão sem tradução para o português.
O significado mais próximo seria “forma” ou “configuração”, por

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 27


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

isso a Gestalt é conhecida como “psicologia da forma” (BOCK et


al., 1999).
Essa teoria psicológica foi iniciada com base nos estudos
de Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967)
e Kurt Koffka (1886-1941), que fundamentados na Psicofísica,
investigaram a percepção e a sensação do movimento. Eles
estavam preocupados em compreender quais os processos
psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo
físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que
ele tem na realidade (FIGUEIREDO; SANTI, 2004).
Para a Gestalt, o objeto de estudo da psicologia também
é o comportamento, assim como para os behavioristas. No
entanto, essas abordagens se diferem na forma como estudam
o comportamento. A Gestalt considera que o estudo do
comportamento de maneira isolada de um contexto mais amplo
pode dificultar sua compreensão ao psicólogo. Na visão dos
gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado nos seus
aspectos mais globais, levando em consideração as condições
que alteram a percepção do estímulo (BOCK et al., 1999).
A percepção é o ponto de partida e também um dos temas
centrais dessa teoria. Para os gestaltistas, entre o estímulo
que o ambiente fornece e a resposta do indivíduo, encontra-
se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e
como percebe são dados importantes para a compreensão do
comportamento humano. Nesse sentido, a Gestalt insere o
conceito de figura/fundo, no qual temos a tendência de organizar
nossas percepções no objeto observado (a figura) e o segundo o
plano contra o qual ela se destaca (o fundo). Quanto mais clara
estiver a forma, mais clara será a separação entre figura e fundo.
Como exemplo, observe as imagens apresentadas na Figura 1. O

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

que consegue ver? Qual figura emerge e qual fundo permanece?


Consegue perceber o dinamismo entre figura que ora emerge e
ora vai para o fundo?

Figura 1 Exemplos de figura/fundo.

Na primeira imagem, é possível observar a figura de um


cálice ou a face duas pessoas; na segunda, podemos observar a
figura de uma dama com chapéu ou a face de uma senhora.
A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as
condições para a compreensão do comportamento humano.
A maneira como percebemos um determinado estímulo
desencadeará nosso comportamento. Muitas vezes, os nossos
comportamentos guardam relação estreita com os estímulos
físicos, e outras, eles são completamente diferentes do esperado
porque "entendemos" o ambiente de uma maneira diferente da
sua realidade (BOCK et al., 1999).
A Gestalt apresenta o conceito de “boa forma”, que
implica na apresentação em aspectos básicos do elemento
que objetivamos compreender, de forma que permitam
a sua decodificação, ou seja, sua percepção total. Se nos

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade


e simplicidade, não alcançaremos a boa forma (FIGUEIREDO;
SANTI, 2004).
O comportamento é determinado pela percepção do
estímulo e, portanto, estará submetido à lei da boa forma. O
conjunto de estímulos determinantes do comportamento é
denominado meio ambiental. São conhecidos dois tipos de
meio, o meio geográfico, que é o meio enquanto tal, o meio
físico em termos objetivos, e o meio comportamental, que é o
meio resultante da interação do indivíduo com o meio físico e
implica a interpretação desse meio por intermédio das forças
que regem a percepção (BOCK et al., 1999).

Psicanálise
A última teoria psicológica que estudaremos é a Psicanálise,
abordagem bastante conhecida que foi desenvolvida por
Sigmund Freud (1856-1939), um médico vienense que mudou
totalmente o modo de pensar a vida psíquica.
O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria
e a um método de investigação, além da prática profissional;
enquanto teoria se caracteriza por um conjunto de conhecimentos
sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Como
método de investigação, a psicanálise caracteriza-se pelo
método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo
que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas realizações
imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os
atos falhos (FIGUEIREDO; SANTI, 2004).
Freud, em seu livro A interpretação dos sonhos, apresentou
a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento da
personalidade. Essa teoria se refere à existência de três sistemas

30 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

psíquicos: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente (BOCK


et al., 1999):
• O inconsciente é o conjunto dos conteúdos não
presentes no campo da consciência. É formado por
conteúdos reprimidos pela ação de censuras internas.
• O pré-consciente é o sistema onde permanecem
aqueles conteúdos acessíveis à consciência, que podem
ser acessados a qualquer momento.
• O consciente é o sistema do aparelho psíquico que
recebe ao mesmo tempo as informações do mundo
exterior e as do mundo interior. Destaca-se a percepção,
a atenção e o raciocínio.
Um ponto de destaque nas obras de Freud é a atenção
dada ao estudo da sexualidade humana. Ele descrevia que
a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos por seus
pacientes referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados
nos primeiros anos de vida, ou seja, que na vida infantil
estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que
se configuravam como origem dos sintomas das neuroses.
Posteriormente, Freud remodela a teoria do aparelho
psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para
referir-se aos três sistemas da personalidade. O id constitui
o reservatório da energia psíquica, onde estariam as pulsões
de vida e de morte. É regido pelo princípio do prazer. O ego
é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências
do id, da realidade e do superego. É regido pelo princípio da
realidade e suas funções básicas são a percepção, a memória,
os sentimentos e o pensamento. O superego origina-se a partir
da internalização das proibições, dos limites e da autoridade.
Seu conteúdo refere-se a exigências sociais e culturais (BOCK
et al., 1999).

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 31


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

Outro ponto importante da teoria freudiana são os


mecanismos de defesa. Freud observou que diante da
percepção de um acontecimento doloroso ou desorganizador, as
pessoas podem suprimir a realidade para evitar o sofrimento.
Esses mecanismos são processos realizados pelo ego e são
inconscientes, ou seja, ocorrem de forma independente da
vontade do indivíduo. Veja na Tabela 1 alguns exemplos de
mecanismos de defesa:

Tabela 1: Mecanismos de defesa do Ego.


Mecanismos de Defesa
Recalque O indivíduo "não vê" o que ocorre. Existe a
supressão de uma parte da realidade. Por
suprimir a percepção do que está acontecendo,
é considerado o mais radical dos mecanismos
de defesa. Os demais referem-se a apenas
deformações da realidade.
Formação reativa O ego procura afastar o desejo que vai em
determinada direção, e, para isto, o indivíduo
adota uma atitude oposta a este desejo.
Regressão O indivíduo retorna a etapas anteriores de seu
desenvolvimento, é uma passagem para modos
de expressão mais primitivos.
Projeção O indivíduo localiza (projeta) algo de si no mundo
externo e não percebe aquilo que foi projetado
como algo seu que considera indesejável. É um
mecanismo de uso frequente e observável na
vida cotidiana.
Racionalização O indivíduo constrói uma argumentação
intelectualmente convincente e aceitável, que
justifica os estados "deformados" da consciência.

32 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


unidadE 1 – FundamEntos da psiColoGia da saÚdE

2.3. A PsiCologiA dA sAúde

A Psicologia da Saúde é uma área da psicologia que aplica


princípios e pesquisas psicológicas para melhoria, tratamento
e prevenção de doenças. Inclui como variáveis de interesse
as condições sociais (como disponibilidade de serviços de
saúde), os fatores biológicos (como longevidade da família e as
vulnerabilidades hereditárias a certas doenças) e até mesmo os
traços de personalidade ou padrões de comportamentos (como
extroversão e sociabilidade) (STRAUB, 2005).
Psicologia da saúde foi definida, pela Associação Americana
de Psicologia, como:

Ela abrange o ensino e a prática de qualquer tipo de


fenômeno de saúde e de interações entre pessoas, como as
relações profissionais-pacientes, as relações humanas dentro
de uma instituição de saúde, a questão das doenças agudas e
crônicas, o papel das reações adaptativas ao adoecer, a perda, a
morte e os recursos terapêuticos (MIYAZAKI et al, 2011).

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

O que é Saúde
Para compreender melhor como trabalha a psicologia da
saúde, é necessário entender o que é saúde. Por muito tempo
prevaleceu o modelo biomédico de saúde no qual, saúde era
definida como ausência de doenças. Tal definição se concentrava
apenas na ausência de um estado negativo, no entanto, a maioria
de nós concordaria que a saúde envolve muito mais e não se
limita ao nosso bem-estar físico.
A interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais
é atualmente considerada fundamental na compreensão do
contínuo saúde-doença (MIYAZAKI et al, 2011).
Pensando nisso, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
(2015) propôs a definição de saúde como "um estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência
de doenças ou enfermidades", como era a definição anterior de
saúde. Essa definição afirma que a saúde é um estado positivo e
multidimensional que envolve três domínios: saúde física, saúde
psicológica e saúde social.
• Saúde física: implica em ter um corpo saudável e livre
de doenças, com um bom desempenho dos sistemas
do nosso corpo e a capacidade de resistir a ferimentos
físicos. Ela também envolve hábitos relacionados com o
estilo de vida que aumentem a saúde física.
• saúde psicológica: significa ser capaz de pensar de
forma clara, ter uma boa autoestima e um senso geral
de bem-estar. Inclui a criatividade, as habilidades de
resolução de problemas e a estabilidade emocional.
• saúde social: envolve ter habilidades interpessoais,
relacionamentos significativos com amigos e família
e apoio social em épocas de crise. Está relacionada

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

também com fatores socioculturais em saúde, como


o status socioeconômico, a educação, a cultura e o
gênero.
Cada campo da saúde é influenciado pelos outros dois
domínios. Por exemplo, uma pessoa emocionalmente segura
de si, que tem boas habilidades de resolução de problemas
(saúde psicológica), provavelmente terá mais facilidade para
manter relacionamentos sociais sadios (saúde social) do que
uma pessoa depressiva que tem dificuldade para se concentrar
no problema em questão. Da mesma forma, a saúde física fraca
apresenta desafios especiais, tanto para a autoestima quanto
para relacionamentos com a sua família e seus amigos.
No entanto, a saúde nem sempre foi compreendida dessa
forma. Até a primeira parte do século 20, a medicina apoiava-se
na fisiologia e na anatomia na busca por uma compreensão mais
profunda da saúde e da doença. Esse era o modelo biomédico
de saúde, que sustentava que a doença sempre tinha causas
biológicas. Esse modelo tornou-se aceito de forma ampla durante
o século 19 e representou a visão dominante na medicina até
recentemente (MIYAZAKI et al, 2011).
Segundo (STRAUB, 2005, p. 8):
O modelo biomédico pressupõe que a doença é o resultado de
um patógeno (vírus, bactéria ou algum outro microrganismo
que invade o corpo), e não faz menção às variáveis psicológicas,
sociais ou comportamentais na doença. Neste sentido,
este modelo é reducionista, considerando que fenômenos
complexos, como a saúde ou a doença, são derivados de um
único fator primário. De acordo com este padrão, a saúde nada
mais é do que a ausência de doenças. Dessa forma, aqueles
que trabalham apoiados nesta perspectiva concentram-se em
investigar as causas das doenças físicas em vez daqueles fatores
que promovem a vitalidade física, psicológica e social.

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 35


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

O modelo biomédico avançou o tratamento de saúde


de maneira significativa, entretanto, foi incapaz de explicar
transtornos que não apresentavam causa física observável.
O pensamento de que determinadas doenças poderiam ser
provocadas por conflitos psicológicos foi desenvolvida durante a
década de 1940 pelo trabalho do psicanalista Franz Alexander.
Ele trabalhava com pacientes com artrite reumática, e, quando
a equipe médica não encontrava agentes infecciosos ou outras
causas diretas para a doença, Alexander ficava desconfiado
pela possibilidade de que fatores psicológicos pudessem estar
envolvidos. Ele desenvolveu então o modelo do conflito nuclear,
no qual defendia que a presença de determinados conflitos
inconscientes poderia levar à presença de reclamações físicas.
Segundo esse modelo, “cada doença física é o resultado de
um conflito psicológico fundamental ou nuclear”. Alexander
acreditava que indivíduos com "personalidade reumática",
que tendem a reprimir a raiva e são incapazes de expressar as
emoções, seriam mais propensos a desenvolver artrite (STRAUB,
2005, p. 9).
A partir desses estudos, um grande número de transtornos
físicos foram descritos como presumivelmente causados por
conflitos psicológicos, surgindo, assim, a medicina psicossomática
(psico = mente; soma = corpo), um movimento reformista dentro
da medicina que buscava estudar o diagnóstico e o tratamento
de doenças físicas supostamente causadas por processos
deficientes na mente (STRAUB, 2005).
A medicina psicossomática apresentou um importante
avanço para a compreensão da saúde, quando comparada
ao modelo biomédico, no entanto, foi questionada pela
categorização aparentemente arbitrária de algumas doenças

36 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

como sendo de natureza completamente física e outra


completamente psicológica. Sua metodologia de pesquisa
era fundamentada principalmente em estudos de caso de
pacientes individuais, o que fez surgirem críticas em relação à
sua confiabilidade, além disso, a medicina psicossomática, assim
como o modelo biomédico, apoiava-se no reducionismo, de que
um único problema psicológico seria suficiente para desencadear
a doença (MELLO,1995; STRAUB, 2005).
Atualmente, a compreensão dos processos de saúde-
-doença evoluiu, de forma a serem compreendidos como
o resultado da interação de múltiplos fatores, incluindo as
condições biológicas, o ambiente e os aspectos psicológicos.
Essa tendência contemporânea de ver a doença e a saúde como
algo multifatorial é resultado da aproximação entre a medicina e
a psicologia (MIYAZAKI et al, 2011).
Um outro exemplo dessa aproximação é a medicina
comportamental, que foi concebida com base nos princípios
do behaviorismo. Esse campo começou a explorar o papel
do condicionamento respondente e operante na saúde e na
doença. Um de seus principais resultados foi a pesquisa de Neal
Miller, que utilizou técnicas de condicionamento operante para
ensinar animais e humanos a adquirirem controle sobre certas
funções corporais. Ele demonstrou que as pessoas podem
adquirir algum nível de controle sobre a sua pressão sanguínea
e relaxar a frequência cardíaca quando estiveram cientes desses
estados. Essa técnica recebeu o nome de biofeedback, e é
muito utilizada até hoje na recuperação de diversas patologias
(STRAUB, 2005).

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UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

O surgimento da Psicologia da Saúde


A Psicologia da Saúde foi criada com o objetivo de estudar,
de forma científica, as causas e origens de determinadas doenças,
principalmente as origens psicológicas, comportamentais e sociais
da doença. Ela busca investigar por que as pessoas se envolvem
em comportamentos que comprometem a saúde, como fumar
e sexo inseguro, e como facilitar a prática de comportamentos
que pode preservar, restabelecer ou promover a saúde, como ter
uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos. Também
se preocupa com a prevenção e o tratamento de doenças, por
meio de programas que auxiliem no processo de adaptação à
enfermidade e estratégias para facilitar a adesão ao tratamento.
Alguns fatores contribuíram para o surgimento de um
campo da Psicologia que se ocupasse exclusivamente de
investigar e promover saúde. Segundo Straub (2005), são quatro
tendências que desafiaram a medicina e a saúde pública e
impulsionaram a criação da psicologia da saúde:
• Aumento da expectativa de vida: com a melhoria
dos serviços de saúde e os avanços da medicina, a
expectativa de vida aumentou na maioria dos países.
Com as pessoas vivendo mais, existe maior consciência
publica das questões relacionadas com a saúde,
incluindo a preocupação com as questões psicológicas.
• Surgimento de transtornos relacionados ao estilo
de vida: até o século 19, as pessoas morriam
principalmente de doenças que eram causadas por falta
de água potável, por alimentos contaminados, ou por
infecções contraídas no contato com pessoas doentes.
Não era incomum que centenas ou mesmo milhares de
pessoas morressem em uma única epidemia de varíola,

38 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

febre amarela, difteria, gripe ou sarampo. Melhorias


em higiene pessoal, nutrição e saúde pública (como
tratamentos de esgotos) levaram a um declínio no
número de mortes por doenças infecciosas. Porém,
apenas após a descoberta da penicilina por Alexander
Fleming, em 1928, a saúde pública deu um passo
verdadeiramente decisivo. Isso levou a uma mudança
no padrão das principais causas de morte, que, antes do
século 20, eram transtornos agudos, como tuberculose,
gripe e pneumonia, e atualmente está relacionado a
doenças crônicas, nas quais a pessoa precisa tratar por
muitos anos para prevenir mortes prematuras e manter
a qualidade de vida (STRAUB, 2005).
• Modificação no modelo biomédico: os questionamentos
em relação ao reducionismo do modelo biomédico
levaram à necessidade de pensar em saúde e doença
de forma mais abrangente, como já foi discutido
anteriormente. A medicina tradicional encontrou
dificuldade para explicar por que o mesmo conjunto de
fatores de risco algumas vezes desencadeia doenças e
outras não. Isso induziu os pesquisadores a descobrir
que fatores psicológicos, como a maneira como cada
pessoa reage ao estresse, se combinam com fatores de
risco físicos para determinar o risco à saúde do indivíduo
(MIYAZAKI et al., 2011).
• Aumento dos custos do atendimento em saúde: o
crescente aumento nos custos dos serviços de saúde
ajudou a focar a atenção na eficácia do custo de
promover e manter a saúde. A ênfase da psicologia
da saúde em modificar os comportamentos de risco
das pessoas, antes que eles causem doenças, tem o

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 39


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

potencial de reduzir os custos com a saúde de forma


expressiva (STRAUB, 2005).

Perspectivas da Psicologia da Saúde


A Psicologia da Saúde desenvolveu alguns modelos
ou perspectivas para orientar seu trabalho, objetivando
compreender de forma mais ampla os processos de saúde e
doença. Cada um desses modelos investiga de forma diferente a
mesma coisa e se complementam para a compreensão total da
saúde.
O primeiro modelo é a perspectiva do curso de vida, que
se concentra em investigar os aspectos da saúde e da doença
relacionados com a idade e com os ciclos de vida. Essa perspectiva
também examina as principais causas de morte que acometem
certos grupos etários. Por exemplo, o uso de substâncias
psicoativas é mais frequente em adolescentes, enquanto que
as doenças crônicas afetam de forma mais significativa pessoas
idosas.
Outra perspectiva é a sociocultural, que se dedica a conhecer
a forma como os como fatores sociais e culturais contribuem
para a saúde e para a doença. O termo cultura é compreendido
como comportamentos, valores e costumes persistentes que um
grupo de pessoas desenvolveu ao longo dos anos e transmitiu à
próxima geração. Em culturas ou etnias diferentes existe muita
diversidade em relação à expectativa de vida e ao nível de
saúde, e algumas dessas diferenças refletem uma variação no
status socioeconômico. Por exemplo, se compararmos a saúde
da população residente no interior do Estado de São Paulo com
a saúde da população que vive em pequenas comunidades
no interior da Amazônia, encontraremos grandes diferenças

40 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

relacionadas a estruturas de saneamento básico e estilos de


vida. Outro exemplo refere-se às religiões que pregam um estilo
de vida mais saudável, sem uso de álcool ou alimentos à base de
carne animal, hábitos normalmente associados à melhor saúde.
Há também a perspectiva de gênero, que se concentra
no estudo de problemas de saúde específicos de cada gênero.
Homens e mulheres diferem no risco que apresentam para
uma variedade de transtornos, como o índice de doenças
cardiovasculares que, historicamente, tem sido maior em
pacientes do sexo masculino, embora essa realidade esteja
se modificando. Outro exemplo é a depressão, que acomete
mulheres em uma frequência muito maior que homens.
Todas essas perspectivas se sobrepõem e todas veem a
saúde e a doença como produtos da interação de fatores. Elas
diferem apenas nos fatores que enfatizam e se complementam
(STRAUB, 2005). Essas perspectivas se agrupam na perspectiva
biopsicossocial, que engloba todas as questões tratadas
anteriormente.
A perspectiva biopsicossocial defende que variáveis
biológicas, psicológicas e sociais agem em conjunto para
determinar a saúde e a vulnerabilidade do indivíduo à doença.
Dessa forma, a saúde e a doença devem ser explicadas em
relação aos contextos biológico, psicológico e social.
• O contexto biológico: são os aspectos do nosso corpo
que influenciam a saúde e a doença: nossa conformação
genética e nosso sistema nervoso, imunológico e
endócrino. A biologia e o comportamento interagem
de forma constante. Por exemplo: alguns indivíduos são
mais vulneráveis a doenças relacionadas ao estresse
porque reagem com agressividade aos problemas
enfrentados. Uma das tarefas da psicologia da saúde

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 41


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

é explicar como essa influência mútua entre biologia e


comportamento ocorre.
• O contexto psicológico: a psicologia da saúde preconiza
que a saúde e a doença estão sujeitas às influências
psicológicas. Por exemplo, um fator fundamental para
determinar o quanto uma pessoa consegue lidar com
uma experiência de vida estressante é a forma como
o evento é avaliado e interpretado. Eventos avaliados
como avassaladores, invasivos e fora do nosso controle
nos custam mais do ponto de vista físico e psicológico
do que os que são avaliados como desafios menores,
temporários e superáveis. De fato, algumas evidências
sugerem que, independentemente de um evento ser
realmente experimentado ou simplesmente imaginado,
a resposta do corpo ao estresse é, de modo aproximado,
a mesma. Os psicólogos da saúde pensam que algumas
pessoas podem ser cronicamente depressivas e mais
vulneráveis a certos problemas de saúde porque
revivem eventos difíceis muitas vezes em suas mentes,
o que pode ser funcionalmente equivalente a passar
repetidas vezes pelo evento real (STRAUB, 2005).
• O pensamento, a percepção, a motivação, a emoção, a
aprendizagem, a atenção e a memória têm implicações
para a saúde. Os fatores psicológicos também
desempenham um importante papel no tratamento de
condições crônicas. As intervenções psicológicas ajudam
os pacientes a administrar sua tensão, diminuindo,
assim, as reações negativas ao tratamento. Aqueles
pacientes mais tranquilos em geral são mais capazes
e mais motivados para seguir as instruções de seus
médicos. Também auxiliam os pacientes a administrar
o estresse da vida cotidiana, que parece exercer um

42 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

efeito cumulativo sobre o sistema imunológico. Eventos


negativos na vida, como a perda de um ente querido,
o divórcio, a perda de emprego ou uma mudança,
podem estar ligados à diminuição do funcionamento
imunológico e à maior suscetibilidade a doenças
(STRAUB, 2005).
• O contexto social: a forma como cada pessoa se relaciona
com a outra e com o ambiente também influencia em
sua saúde. O gênero de cada um, por exemplo, implica
determinado papel social que lhe dá um senso de ser
mulher ou homem. Além disso, você é membro de
determinada família, comunidade e nação, dessa forma,
também tem certa identidade racial, cultural e étnica e
vive dentro de uma classe socioeconômica específica.
Cada um desses elementos do seu contexto social único
influencia suas crenças e comportamentos – incluindo
aqueles relacionados com a saúde (STRAUB, 2005).
Em resumo, a perspectiva biopsicossocial enfatiza as
influências mútuas entre os contextos biológicos, psicológicos
e sociais, que atuam em conjunto na determinação da saúde,
como exemplificamos na Tabela 2:

Tabela 2 O modelo biopsicossocial de saúde e doença.


Biológico Psicológico Social
Vírus Comportamento Gênero
Bactéria Crenças Estado Civil
Lesões Enfrentamento Emprego
Genética Estresse Classe Social
Etnia

© PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 43


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

É com esta concepção de saúde e de psicologia da saúde


que daremos seguimento aos nossos estudos. A compreensão
desses termos é imprescindível para avançarmos em direção
ao nosso próximo tópico, no qual discutiremos as variáveis
psicológicas e comportamentais que atuam na determinação da
saúde. Este é o assunto da nossa próxima unidade.

3. conteúdos digitais integradores


Os Conteúdos Digitais Integradores são a condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. psicologia da saúde

A psicologia da saúde foi desenvolvida a partir do conceito


ampliado de saúde, com múltiplos determinantes. A evolução na
forma de pensar saúde foi fundamental para o surgimento deste
campo da psicologia. Contudo, foram os achados da psicologia
um dos fatores que estimularam esta evolução no conceito de
saúde. Dessa forma, devemos ter sempre em mente o conceito
de ser biopsicossocial na determinação dos processos de saúde
e doença.
Os textos a seguir ajudarão você a ampliar o conhecimento
sobre este tema. É muito importante que você acesse os links
apresentados e consulte os materiais indicados.
• GRILO, A.M.; PEDRO, H. Contributos da psicologia para
as profissões da saúde. Disponível em: <http://www.
scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/psd/v6n1/v6n1a05.pdf>
Acesso em: 20 dez. 2013.

44 © PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE


UNIDADE 1 – Fundamentos da Psicologia da Saúde

• DE MARCO, M. A. Do modelo biomédico ao modelo


biopsicossocial: um projeto de educação permanente.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/
v30n1/v30n1a10.pdf> Acesso em: 20 dez. 2013.
• TEIXEIRA, J. A. C. Psicologia da saúde. Disponível
em:<http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/aps/
v22n3/v22n3a02.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2013.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.

1) Sobre a subjetividade, assinale a alternativa incorreta:


a) Ela é construída a partir do contato com mundo social e cultural.
b) É composta de ideias, significados e emoções construídos pelo sujeito
a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição
biológica.
c) Ela é inata ao indivíduo, ou seja, acompanha-o desde seu nascimento.
d) É o que constitui o nosso modo de ser.

2) Sobre o behaviorismo, está correto o que se afirma em:


a) O comportamento não é entendido como uma ação isolada, mas sim
como uma interação entre o organismo e o seu ambiente.
b) O comportamento respondente é uma resposta emitida pelo
organismo que produz uma consequência no ambiente, e é afetado
(controlado) por essas consequências.
c) O comportamento operante é caracterizado por respostas do
organismo que são eliciadas (produzidas) por estímulos do ambiente.
d) Essa teoria se refere à existência de três sistemas psíquicos: o incons-
ciente, o pré-consciente e o consciente.

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