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Por Flávia Beatriz designado o SUPEREGO)

Teoria da Defesa por Inconsciência Estrutural e


Sigmund Freud Dinâmica
Pode-se entender a Defesa
A defesa estrutural pode ser
como uma expressão do psiquismo
entendida como o funcionamento das
que inclui ou exclui (dimensão
instâncias ID; EGO e SUPEREGO. Aqui
seletiva). Como se de fato o psiquismo
normalmente o desejo não volta para o
solicitasse permanecer focando em
consciente ou nem tende a chegar. O
uma única parte sua (ID), dessa forma,
inconsciente do ID, por exemplo, é
o indivíduo torna-se seletivo de si
estruturalmente inconsciente. Vale
mesmo. Agora adentramos na
ressaltar que o inconsciente estrutural
motivação da defesa psíquica, do que
não carrega as instâncias psíquicas em
nos defendemos?! Normalmente de um
suas totalidades e sim uma parte delas.
desejo inconsciente e outro que beira a
Sendo assim, esta estrutura é uma
via da consciência. Alguns desses
parte da psique que funciona fora do
desejos permanecem inacessíveis
controle das funções do consciente, se
conscientemente por serem
tornando independente, com
recalcados. O recalque impede e
atividades egóicas, superegóicas de
afasta o desejo, tornando-o
normas e do ID com desejos.
inconsciente. O desejo se mantém na
Enquanto o inconsciente dinâmico
dimensão inconsciente dinâmica, onde
tende a ser consciente em algum
pode vir a se tornar consciente em
momento, com o devido estímulo e, de
algum momento. Outro ponto a ser
certa forma, gatilho despertado. Aqui
acrescentado em razão do desejo, é
ocorre um jogo de forças entre EGO e
que ele pode ser encontrado de forma
desejo. Este desejo recalcado faria
sexual e agressividade. Mais a frente
parte do consciente temporariamente
será melhor detalhado como funciona o
enquanto houver o jogo/condição do
inconsciente dinâmico e, assim
desejo inconsciente com a dinâmica de
também o estrutural. Agora faz-se
torná-lo consciente ou inconsciente
presente a questão de quem
novamente.Dessa forma, se a força do
defende/aciona o sistema de defesa,
desejo for maior irá se manter na
pois bem,pode-se explicar da seguinte
consciência, o desejo pode estar hora
forma; o EGO a mando do SUPEREGO
consciente e inconsciente, o jogo de
(neste caso o SUPEREGO quem dá a
forças é o que define qual irá ser a
ordem e o EGO executa). O EGO que
resposta final. Vale também ressaltar
por sua vez se defende é inconsciente.
que existe uma certa diferença entre
Ou pelo menos na maioria das vezes.
recalque e repressão. Uma vez que o
Assim o SUPEREGO normalmente é a
recalque é responsável por impedir que
dimensão inconsciente acionando esta
o desejo chegue ao consciente (EGO-
defesa psíquica. Com isso, produzimos
inconsciente) e a repressão é conter o
defesa pelo desejo de fugir das normas
desejo pelo (EGO-consciente).
de nossa instância psíquica (aqui

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Destinos do Desejo expressão disfarçada do desejo original.

Chistes: É uma piada, brincadeira, com o


O destino dos desejos podem ser
objetivo de expressar o desejo de forma
classificados em oito, são eles; recalque,
disfarçada.
sintoma, ato falho, chistes, sonhos,
governo consciente, sublimação e Sonhos: Formação do inconsciente,
realização do desejo no mundo direta, rébus cuja estrutura de linguagem permite
parcial ou total. O recalque do desejo é a decifração e o reconhecimento, pelo
apenas uma parte. O desejo é um conjunto sujeito, de seu desejo. Dessa forma, o
de energias, força interna que anseia TER, desejo é expressado pelo sonho, onde é
SER, FAZER. O desejo se encontra em mais uma vez disfarçado, deslocado e
uma dimensão cognitiva e afetiva, dessa condensado a ideia/desejo.
forma um complexo cognitivo afetivo.
Agora vamos abordar cada um de forma Governo Consciente: Insights, onde o
individual e entender melhor de suas indivíduo chega à conclusão das
finalidades. expressões disfarçadas do seu desejo. Ao
saber do motivo, também saber/entender
Recalque: Processo de afastamento das que não o pode realizar, é importante aqui
pulsões às quais é rejeitado o acesso à a força do EU e capacidade de gestão do
consciência. O recalque pode se dar por desejo, evitando danos. Assim, revela-se a
bem ou mal sucedido. Ao ser mal sucedido força egoica de admitir e administrar uma
configura em um novo desejo expressado redução de danos.
na realidade, onde o desejo pode ser
maquiado , ou seja, um desejo disfarçado. Sublimação: Processo psíquico
Qual chamamos de sintoma, pelo desejo inconsciente que explica, para Freud, a
não ser afirmado causa a ação capacidade da pulsão sexual de substituir
sintomática, trazendo angústia ao um objeto sexual por um objeto não sexual
indivíduo. O recalque bloqueia o conteúdo (contado de determinados valores e ideias
do desejo (ideia/complexo cognitivo), sociais) e de trocar seu objetivo sexual
retira-se a ideia e sobra apenas o afeto. Ao inicial por um outro objetivo, não-sexual,
perder sua ideia, o desejo se dilui e sem perder de forma notável sua
desaparece ou pode se deslocar para intensidade. Normalmente transforma o
outra ideia (outro objeto/plano) outra opção desejo em algo imaginário ainda dirigido ao
é se transformar em incomodo, mal estar, outro, encontrada num enredo criativo e/ou
angústia. energia socialmente útil ou artística. É
outra forma de disfarçar o desejo.
Sintoma: Fenômeno subjetivo que
constitui, para a psicanálise, não o sinal de Realização do Desejo no Mundo direto,
uma doenca, mas a expressão de um parcial ou total: O indivíduo pode realizar
conflito inconsciente. O sintoma é também de forma direta aquele desejo, ao assumi-
uma forma de expressar o desejo de forma lo e lidar com as consequências. Ao
disfarcada no mundo. assumir também pode ser total realizado.
Ou de forma parcial, quando toma pé dos
Atos Falhos: Ato pelo qual o sujeito seus desejos e o realiza com um outro que
substitui, sem querer, um projeto ou uma detem de características/traços do seu
intenção a que visa deliberadamente, por desejo anterior. Assim, usa dos traços
uma ação ou conduta totalmente centrais do desejo para realizar num outro.
imprevistas. Pode-se dizer que é uma

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Destinos do Afeto — Após de um ID, isso significa que o mundo do
bebê será marcado por impulsos e
o recalque distanciamento da realidade. Freud
Pode-se dizer que o destino dos
entende que no início o impulso trazido
afetos se dá em três etapas, são elas pelo ID dá-se pela fome, o organismo
respectivamente: diluir, deslocar e então começa a procurar respostas
transformar. que satisfaçam essas demandas. Os
sonhos fazem uma tradução de fatores
Afeto que se dilui: Desaparece — o externos, mas são influenciados por
recalque se dá por bem sucedido atitudes internas. Deste modo, o bebê
Afeto que se desloca: O deslocamento é
nesse mundo interno (si próprio) faz o
feito para outra ideia/desejo, pode ser bem trabalho do ID, o trabalho impulsivo do
ou mal sucedido ID articula com o desejo e a pulsão
destes no psiquismo do indivíduo,
Afeto que se transforma: A ideia/desejo ainda que com demandas simples. O
pode se transformar em um incômodo, mal impulso de experenciar algo prazeroso
estar, angústia produz a vontade de repetição,
impulsionando a realização de desejos.
Todos esses destinos acontecem
em níveis inconscientes. Dando Para Freud o bebê detêm apenas de
continuidade, o destino pode ser fragmentos de memória dessas
interpretado como bem sucedido quando experiências desejantes (tentativas
se dilui, no entanto ao se deslocar para alucinativas do desejo).
outro objeto/plano pode ser mal sucedida,
assim como quando se transforma em A forma fantasiosa de realizar
angústia. O deslocamento é bem sucedido um desejo pode vir a se tornar um
quando se desloca para uma ideia suporte. É preciso de elementos de
adaptável da realidade do SUPEREGO, ou sensações além dos subjetivos. A falta
seja, das normas da instância psíquica. desses elementos causa frustração,
Pode se entender como mal sucedido ela vivida de forma progressiva dará
também quando o deslocamento
início a criação de outros sentidos.
acontece, mas ainda assim é para uma
ideia/desejo inapropriado. Dessa forma, A frustração somada a
constrói-se um novo desejo aparentado ao
sensação corporal de crescimento,
anterior, o tornando um recalque mal
mais o apoio do ego auxiliar (figura
sucedido. As vezes ao o recalque se dar
materna/que cuida). Por esses fatores
por mal sucedido, não entende-se como
um fracasso, e sim como um ganho ao o corpo irá desenvolver o pensamento,
psiquismo, dando luz aos desejos gerais. audição e tato. Assim, o EGO surge
Ao não ser bem sucedido é possível através do ID, a frustração leva a
percebê-lo rapidamente e tratá-lo. criança o reconhecimento do mundo
externo – para além de si próprio. O ID
Desenvolvimento do ID, produz o desejo e o EGO agora busca
EGO E SUPEREGO na realidade possibilidades de lidar
com esse impulso. A ação do ID é uma
A condição inicial do indivíduo é espécie de rememoração do prazer, e

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como o bebê não faz ideia desse que o adulto (figura que o cuida), até
mundo externo (realidade) anseia pela então uma extensão do bebê, tem seus
sua realização, com a falta desta é próprios desejos e não abre mão deles.
instaurada a frustração em forma de Seu repertório de desejo não é o único,
choro por exemplo. Em Freud o deve aprender agora a lidar com
indivíduo possui a inclinação passiva outros. O SUPEREGO nasce
de conforto. articulada com ID e EGO, qual permite
a empatia de se colocar no lugar do
A alucinação dá-se no ID, a outro.
partir da frustração o bebê se abre para
novas percepções da realidade. Ou Principio do Prazer e
seja, começa a se desenvolver. O
enfrentamento dessas frustrações
Desprazer
fortalece o EGO. No entanto, ao só
O ato de evitar um desprazer é
lançar experiências frustrantes nesse
maior que o de busca por prazer. Em
bebê, ou seja, desprazerosas, esse
Freud vai se entender a hierarquia qual
bebê será afetado. O indicado são
se caracteriza pela defesa do
doses alternadas entre prazer e
desprazer. O sujeito Freudiano é um
frustrações (frustração edificante). O
sujeito do prazer. Quando se busca o
EGO é um desmembramento do ID,
prazer se é exposto a um risco
para que o psiquismo consiga lidar
duplo/normas sociais, nessa
melhor com os desejos e acessar a
contrapartida ao procurar o gozo
realidade. O EGO surge antes de 1
prazeroso e ir contra as normas se
ano, entre 0 e 1 ano já se tem ações
torna automaticamente desprazeroso.
intencionais.
O segundo obstáculo é uma guarda
A pulsão – despertada pelo baixa, estado de
desejo do prazer, sensação prazerosa distração/desproteção. Uma terceira é
do ID, à princípio seria a fome para o suportar uma carga de tensão e logo
bebê, como falado anteriormente. Se depois um desaguar. Ou seja, a
dá dentro do indivíduo sem que ele descarga dessa tensão. O acúmulo de
tenha noção do mundo exterior; o excitação podem acarretar em angústia
indivíduo fechado. O movimento da e desprazer. A luz e descarga
realização alucinógena do desejo é catarquica do ID gera prazer e o EGO
realizado pela mãe – suporte externo, receoso, ao não baixar totalmente a
sem esse suporte o bebê não terá uma guarda/vivenciar o memento
vivacidade determinante da pulsão, do prazeroso. De maneira geral, os seres
gozo prazeroso. Se o suporte vem e humanos são mais
proporciona intensidade e quando temerosos/sensíveis ao desprazer ao
intervalado a criança tenta dar conta prazer.
das ações alucinógenas, ao não
Processos Primários: Aqueles que
conseguir produz frustração. O
não há pontos intermediários
SUPEREGO vai introduzir uma nova
(ID,EGO). Estão ligados ao princípio do
frustração, agora essa criança percebe
prazer e ID. A ação se dá por uma via

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livre determinista. Assim ocorre nos existe ou não, do que é adequado ou
sonhos, os fluxos acontecem não, se é prazeroso ou não, sendo
livremente. Aqui o EGO é regido por esses os três critérios (existência,
fantasias. prazer e adequação). Com base no
julgamento pode-se considerar o
Processo Secundário: Está ligado desprazeroso, qual ocorre quando o
com a realidade, pensado para além indivíduo compreende que sentir
dos sonhos, fantasias. Aqui o ID e EGO aquele desprazer é mais adequado
são voltados para a realidade. Estão para que posteriormente sinta-se o
ligados a etapas intermediária, cabe ao prazer.
indivíduo a fixação desses processos
para só então realizá-los. Se dá pelo Teoria da pulsão
modo que o psiquismo se organiza
para agir na realidade imposta. Regido Jogo aberto a criatividade e
por um EGO realista e por um fantasia humana. Diferentemente de
SUPEREGO. ações instintivas, as pulsões são livres
e variantes. Obviamente há
Tendência do psiquismo ações/condições instintivas
(padronizadas) no ser humano, a
Constância: É a tendência do pulsão não tem um objeto fixico,
psiquismo manter manter constante enquanto o instinto têm. Define-se
tensão estável. A uma tendência como força/energia, como exigência de
impulsionada tanto para baixo, como trabalho ao psiquismo, que visa buscar
para cima. Se estiver para baixo diz-se e fazer uso do objeto, afim de gerar
leve, para cima deve ocorrer uma prazer ou desprazer. Pode-se definir a
descarga. Assim, o princípio da teoria da pulsão em quatro elementos:
constância é o que rege a pulsão. É a
tendência de nos manter dentro do Fonte: Somático, corpo ou zonas
nível padrão. erôgenas. Produz e citações que
exigem uma pulsão do psiquismo qual
Nirvana: Diferentemente da busca o objeto para realização do
constância, o princípio de nirvana mesmo.
tende a rebaixar o nível de tensão.
Ocorre geralmente quando o indivíduo Pressão: Exigência de trabalho do
tem ideias suicidas, com o intuito de psiquismo.
cessar essa tensão, neutralizando-a, e
até mesmo acarretando em uma Objeto: Buscado pela pulsão.
desistência da vida.
Objetivo ou Meta: Execução dessa
O recalque recusa aquilo que nova ordem e descarga pulsional.
provaca desprazer ao sujeito, ao
O ato pulsional é assim
adentrar nos processos secundários o
quádruplo de ações.
julgamento do indivíduo tende a levar
em consideração a categoria do que

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Dualismo pulsional pulsões havia, nesta época, caído em
uma perspectiva monista, se
Entende-se o dualismo da aproximando da libido de Jung que
pulsão em três grupos, no entanto aqui tanto criticara. Ainda neste texto,
apenas será abordado dois desses. O encontramos a idéia do refluxo da
dualismo se dá por um grupo que injeta libido, que coloca que o aumento da
energia. Em 1910, no texto A libido objetal significa a diminuição da
concepção psicanalítica da libido do eu e vice-versa.
perturbação psicogênica da visão,
Freud enuncia seu primeiro dualismo O primeiro dualismo que Freud
pulsional, com a introdução do conceito observa por meio da clínica
de pulsão do eu. O conflito psíquico se psicológica foi o qual os pacientes
faria entre a pulsão sexual, a serviço da apresentaram desejos sexuais. Ou
sexualidade e a pulsão do eu, a serviço seja, desejos reprimidos de pulsão
da conservação do indivíduo. A pulsão ssexual. O segundo seria a pulsão da
do eu participaria da defesa contra a auto conservação do EU –
invasão do eu pela pulsão sexual. No necessidade de preservar a si mesmo
texto Formulações sobre os dois sobre o olhar das normas, enquanto
princípios do funcionamento sujeito moral para si e para o outro.
psíquico de 1911, Freud detalha mais o Constrói-se assim o quadro conflituoso
conflito psíquico, submetendo a pulsão do desejo e seus destinos qual
sexual ao domínio do princípio do discutimos anteriormente. Esses
prazer e a pulsão do eu ao domínio do destinos podem se dar de forma
princípio da realidade (EGO). saudável, sintoma ou por uma
realização parcial ou total do desejo.
O texto Sobre o narcisismo: uma
introdução, de 1914, veio subverter o
primeiro dualismo pulsional, sem
apresentar um segundo, com a idéia de
que o eu é um objeto a ser investido
pela pulsão sexual. Em uma nova
redistribuição da pulsão sexual
encontramos a libido do eu, que é a
pulsão sexual investida no eu, e a libido
objetal, que é a pulsão sexual investida
em objetos externos. Embora a pulsão
do eu não tenha sido descartada da
teoria freudiana e ainda pudesse se
opor à pulsão sexual, mais tarde, em
1923, depois do estabelecimento do
novo dualismo pulsional em 1920,
Freud assume em Dois verbetes de
enciclopédia: (A) Psicanálise, (B)
Teoria da libido que sua teoria das

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