Já está nas bancas aquela surpresa

que vocês todos solicitavam:

a revista 'Tonto de Encontro", o
novo lançamento mensal para o
Leitor-Grafipar. Uma publicação
cuja finalidade muito bonita é,
além da orientação e da
informação, o entretenimento
e a confraternização entre os
leitores. Tudo isso sob um
slogan, ou lema que diz:
"Uma revista para marcar,
conquistar e amar".
Agora falemos sobre a nossa
revista. Na fase de ajuste para a
circulação quinzenal, foram
feitos alguns ajustes e
modificações que objetivam
o melhoramento do curso
futuro da publicação.
Escrevam dando se parecer
para "Opinião".

ÍNDICE: 4 - Iniciação e timidez Sexual/

6 - Sexualidade feminina/
10 - Homossexualidade feminina/
12 - Homossexualidade Masculina/
18 - Emocional/24 - Saúde ¡28 - Sexologia/
31 - Ponto de Encontro¡33 - Opinião
 Iniciação
e timidez sexual
"EU NÃO SEI NEM CONVERSAR COM AS GAROTAS"...
"NÃO CONSIGO TER SEXO COM MULHER NEGRA"...

sou muito tímido e tenho pro- lescente Tímido" - São Paulo/SP).

blemas em conversar com garotas, por
não saber bater um papo legal. Até
hoje só tive uma namorada. Por favor,
me ajudem, pois sou adolescente e es- de um rapaz andar sempre
tou desesperado. Meus amigos falam com outros rapazes não quer dizer que
que só ando com homens". . . ("Ado- ele seja menos "másculo" do que outro.
4 confissões
Aprende-se a conversar de uma forma:
conversando. Solte a língua e não se
preocupe em ser "brilhante". A coisa
mais bonita deste mundo é ser simples
e natural. E o fato de você ser uma
pessoa de poucas palavras não é um de-
feito. Ficar inteiramente calado tam-
bém não resolve. A melhor forma de
travar um diálogo é procurar fazer per-
guntas discretas à garota e interessar-
se realmente pelo que ela tiver para
contar. Seja um bom ouvinte, atento e
interessado. Vai chegar a hora em que
ela também vai provocá-lo a falar. E
de repente tudo estará acontecendo
normalmente.
não CONSIGO TER SEXO COM
MULHER PRETA"...
mais o que fazer. Gosto demais deste
pessoal, mas o meu ego não os aceita.
Sei que você vai me ajudar, Nina, por-
que você é uma pessoa muito bacana.
"Tenho lido muito suas orientações". ..
("Gaúcho à procura de paz" — Pelo-
tas/RS).
esmo se achando uma pessoa sem
restrições, a grande maioria das pes-
soas absorve os preconceitos do meio
social em que vive. De forma subcons-
ciente, esse preconceito só se projeta
na intimidade física. Da mesma forma
como se simpatiza, muitas vezes, com
alguém no convívio social mas exclui-
se a intimidade. É muito salutar que
você esteja empenhado na eliminação
desse problema. A beleza negra merece
ser exaltada, assim como sua sensuali-
dade. Há valores universais que não
pertencem a esta ou àquela raça; são
comuns e afins. É bem provável que
você estivesse inibido pelo fator amiza-
de nos relacionamentos anteriores.
Agora há algo de muito mais importan-
te que é o envolvimento emocional.
Existe amor e isso sim é realmente im-
portante. Na continuidade do romance
com essa garota, você irá sentir que a
aproximação física será mais excitante
do que nunca. Seja autêntico e persista
naquilo que realmente o atrai. Elimine
de sua mente preconceitos que não são
seus, mas, sim, a projeção do meio so-
cial, talvez do ambiente até onde vo-
cê convive. Afinal, é você quem está
amando essa garota e não deixe que
fatores alheios, estranhos à sua vonta-
de, interfiram nesse sentimento tão
belo.
confissões 5
 Sexualidade feminina
"MEU MARIDO É IMPOTENTE: DEVO TRAI-LO?"
"SOU MÃE SOLTEIRA E A FAMÍLIA DE MEU NOIVO
NÃO SABE DISSO". ..
"PERDI A VIRGINDADE, MAS NÃO
HOUVE SANGRAMENTO"'. .
"ESTOU GRAVIDA AOS 60 ANOS"

enho 21 anos e vivo há 3 com um
homem de 48. Desde o começo, sabia
que algo nele não era normal, mas eu
gostava dele e fomos viver juntos. Ele
não sente atração sexual, mas que ama
e eu tento ajudá-lo, porque sei que ele
morrerá se eu o deixar. Jamais de-
monstrei o quanto sofro, pois os mé-
6 confissõs
dicos afirmaram que é um caso sem so-
lução, e eu sou a única pessoa que ele
tem na vida. Mas, eu como é que fico,
sexualmente? Não quero um amante,
pois sei que isto irá magoá-lo. Pensei
em ter contato com uma mulher, pois
se um dia ele viesse a saber, talvez en-
tendesse. Sei que com outro homem
jamais entenderia. Não me interesso
por mulher, mas quem sabe elas topas-
sem um relacionamento nestas condi-
ções? Não conto com ele nem para o
sexo oral, embora seja muito carinhoso
comigo, mas não neste sentido. Sonho
com orgasmo e as tentativas que fiz de
masturbação foram inúteis. Ajude-me,
mas não me mande traí-lo com outro
homem: não que eu não os deseje, mas
não quero fazê-lo sofrer. Tento me
consolar a cada dia. mas desejo sexo".
(L-C.P. - Benfica RS )
será seu amigo das horas difíceis, das
dificuldades, dos conselhos oportunos,
da palavra sensata de que tanto neces-
sitamos.
Reorganize sua vida sexual que para
você é indispensável. Não será de mo-
do algum uma traição, pois será um
acordo franco e leal, às claras. Você
não só tem o direito, como também
tem a missão de lutar por sua felicida-
de, e, da maneira que está vivendo,
tem jogado esta felicidade fora. Com
carinho e sensibilidade, exponha esta
nossa conversa a seu companheiro. Ele
ira inclusive ajudá-la a encontrar al-
guém, que realmente a faca feliz. Tor-
ne a escrever para nós
mãe solteira de um garoto de
4 anos e a família do homem que amo
não sabe que tenho um filho. Ao todo
são 17 irmãos e uma delas é freira. Te-
mos conversado a respeito disso, eu e
ele, pois tenho medo de me aproximar
deles e ser destratada. Ele diz que não
se importa com a opinião deles, nem
com o que possam dizer do meu passa-
do. No entanto, vive com medo de me
perder, chegando a proibir-me de fre-
qüentar os lugares de antes e de man-
ter as amizades anteriores. Que devo
fazer? Enfrento a família dele que é
muito conservadora e fanaticamente
católica?" (M.A.S. - Ribeirão Pires/SP)
O 'importante na vida é a certeza de
amar e ser amada e isto sua carta dei-
xa bem esclarecido. Seu passado foi es-
quecido pelo homem que você ama;
seu filho é aceito e amado por ele o
confissões 7
 que vem provar que ele, corretamente,
pôs uma pedra no passado e começou
vida nova a partir do momento em que
vocês se encontraram. Esta atitude era
a mais difícil a ser tomada e foi total-
mente assumida. Se o rapaz que a ama
venceu tabus e preconceitos ligando-se
a você e fazendo-a feliz, tem coragem
mais do que suficiente para enfrentar a
família por mais obstinada que ela pos-
sa ser. O amor dá forças para que os
maiores obstáculos possam ser venci-
dos. Vocês dois devem assumir a sua
realidade e juntos contar a verdade dos
fatos aos pais dele. que estão insistin-
do em conhecê-la. Não se apoiem na
farsa e na omissão, porque costumam
ser más companheiras e futuramente se
voltarão contra vocês, prejudicando o
bom relacionamento existente. Liber-
te-se. você sim. de qualquer sentimen-
to de culpa, injustificado.
Ponha um ponto final em seu passado
e tire o máximo de prazer do seu pre-
sente ao lado do homem que a ama.
Pouco a pouco as pessoas preconcei-
tuosas irão constatar suas qualidades
e virtudes, conhecerão o grande ser hu-
mano que você ê. Sem conhecê-la, co-
mo poderio rever seus pontos de vista?
Dê-lhes. pois, esta oportunidade.

"DURANTE A PRIMEIRA
RELAÇÃO NÃO HOUVE
SANGRAMENTO. . ."

amoro um rapaz há dois anos e re-

centemente tivemos nossa primeira re-
lação sexual. Eu era virgem, mas devi-
do à facilidade com que ele penetrou
e não ter havido sangramento, ele não
acreditou em mim. Senti muita dor e
pouco prazer. No dia seguinte saiu um
pouco de sangue da vagina; procurei
um medico, que disse não poder afir-
8 confissões
tisfeita. De pleno acordo com ele, pas-
sei a procurar outros homens e mulhe-
res na ânsia de acabar com a minha an-
siedade. Meu marido ficava excitado
com as situações que eu vivia e relatava
a ele. Pratico o sexo com ardor e temo
que em breve tudo acabe, pois já tenho
idade e netos crescidos. Gostaria de fri-
sar que nunca recebi qualquer recom-
pensa financeira nos meus encontros
amorosos, nem presentes em troca do
que fiz, pois nem meu marido o per-
mitiria". (Torturada pelo Sexo — Vi-
la Nova Conceição/SP)

chegou num acordo com seu

marido e, através de todos estes anos,
tem conseguido viver bem cómele, mas
não obteve a tão desejada paz. Conse-
guiu satisfações temporárias as mais
variadas, porém, sua ansiedade teima
em acompanhá-la. É QUE EMBORA
SEJA UMA PARTE FUNDAMENTAL
DO SER HUMANO, o sexo não é tu-
do, não se vive só de sexo. Com o
avançar dos anos você teme a queda do
apetite sexual e apavora-se com a con-
vivência que terá com a ansiedade sem
a compensação sexual que sempre
usou. Procure dar uma reviravolta em
sua postura diante da vida. Tire provei-
to das experiências que viveu canali-
zando-as para outros fins. Tente escre-
ver contos eróticos, por exemplo, e en-
viá-los para revistas especializadas. A
própria Grafipar oferece prêmios para
os trabalhos escolhidos em sua revista
"Contos Eróticos". Seria uma forma
de você criar algo seu e de ocupar o
seu tempo proveitosamente, dentro
do tema que sempre a atraiu.

confissões 9
 Homossexualidade
feminina
"NÃO CONSIGO UMA PARCEIRA". . .
"QUERO AGARRAR MINHAS AMIGAS". .
"SOU DANADA DA BRECA". ..
virgem,tenho vinte anos.e sou
lésbica. Nunca tive relações sexuais
com homem, pois embora tentasse
uma aproximação, não consigo sentir
nada por eles. Amo uma amiga, tenho
ciúmes doidos, mas ela odeia lésbicas.
Este é também o sentimento de minha
mãe e de meu pai que chegou a dizer
que mataria a própria filha se soubesse
que ela era homossexual. Isto me faz
pensar em matar-me e por fim ao me
meu sofrimento. Sei que sua revista
pode me ajudar a encontrar uma par-
ceira. Em Confissões Intimas número
15/79 foi publicada uma carta de uma
moça de Caçador, Santa Catarina (não
me lembro o nome dela), cujo endere-
ço anotei, a quem eu gostaria de escre-
ver. Moro num pensionato e estudo
Medicina. Sou rica, tenho tudo que
quero, só me falta uma parceira. Ensi-
ne-me o jeito de encontrar alguém,
mesmo através da revista." (Maria de
Lourdes Amorim — Mirassol/SP)
seção "Gay Corner"desta revis-
ta, há uma coluna dedicada a auxiliar
aqueles que, como você, procuram
amizades e locais para que possam se
distrair. Mas não se mantenha enclau-
surada. Procure viver a vida, fazer ami-
zades variadas, informe-se do que se
passa no mundo de hoje, amplie seu
,rol de conhecimentos. Verá que, quan-
10 confissões
do menos esperar, sua solidão estará
resolvida, com alguém que preencherá
o vazio que sente agora. Melhor seria,
visto o seu ambiente caseiro e a severi-
dade de seu pai. que você se tornasse-
independente e. longe de casa, assumis-
se a sua verdadeira identidade. Se tem
convicção do tipo de vida que escolheu
e está feliz, não há porque não assu-
mir. Mesmo porque esta segurança e
felicidade servirão para que seus pais a
compreendam melhor.
"QUERO AGARRAR MINHAS
AMIGAS"...
enho dezesseis anos e nunca tive
relações sexuais com ninguém.Morro de
vontade de agarrar minhas amigas; ca-
da vez que vejo uma, fico num astral
altíssimo. Peço-lhe que coloquem nas
revistas mulheres, mas da cabeça aos
pés. Sinto-me perdida, preciso de aju-
da." (Josiane — Surubim)
está em plena adolescência,
despertando para o mundo do sexo.Vive
sob uma forte tensão e parece-me cer-
ceada, prisioneira de suas emoções. O
que você sente são impulsos sexuais
perfeitamente normais. O cérebro hu-

'DANADA DA BRECA DESDE
A INFÂNCIA". ..
enho vinte e um anos e desde me-
nina fui danada para burro.Tenho tem-
peramento forte e tive inúmeros namo-
rados, mas nunca me envolvi seriamen-
te com ninguém. Sempre adorei ho-
mens até o dia em que conheci uma
colega de escola, da minha idade, que
me atraiu de modo especial. Procurei-a
e dentro de três meses éramos grandes
amigas. Lutei para tirá-la da cabeça,
mas excitava-me ao vê-la. Um dia cha-
mei-a ao banheiro, fiz-lhe carícias, bei-
jamo-nos, deitamo-nos ah mesmo e
realizamo-nos. Nossa união é ótima,
mas não quero me tornar lésbica e sin-
to, a cada dia, que estou mais e mais
envolvida. Será que devo procurar um
psicoterapeuta? Está muito difícil lar-
gá-la; acho que não voltarei mais a ser
como antes. Preciso de ajuda. Nina."
(Maria Cláudia — Fortaleza/CE)
psicanalista poderia ajudá-la a
resolver definitivamente o seu proble-
ma. Ele teria condições de faze-la conhe-
cer o seu próprio ego, que me parece ain-
da bastante inseguro. Conhecendo pou-
co de si mesma, não terá condições de
saber o que deseja e nem forças, entu-
siasmo suficiente para lutar pelo que
quer. Está insegura nas bases. Afirma
não querer ser lésbica, mas força situa-
ções que a levem ao lesbianismo impre-
terivelmente. Parece estar numa cons-
tante atitude de agressão ao mundo.
Um bom psicanalista irá levá-la às raí-
zes deste comportamento, às causas de
seus problemas. Voltar ao que era an-
tes, é impossível. A cada instante, a ca-
da segundo, muda o mundo, em cons-
tante evolução e nós mudamos com
ele. Porém, o fato de ter sofrido novas
experiências e frustrações não impede
que você venha a ser feliz. Claro que
será! Mas é necessário que primeira-
mente conheça a si mesma, saiba quem
realmente é e o que deseja na vida. Um
psicanalista a guiará nesta trajetória.
confissões 11
 Homossexualidade
masculina
"COMO ENFRENTAR A MINHA FAMÍLIA?"
"ME ACHO HÉTERO. MAS QUERO MUITO
OS HOMOSSEXUAIS"
"CONTEI Á MINHA NOIVA QUE TAMBÉM AMO
UM RAPAZ"

Nina: sou fã incondicional

de você e desta revista que abala os ali-
cerces da falsa moral, rompe as selvas
intransponíveis da ignorância humana,
aniquila os guerreiros da incompreen-
são e serve como uma candeia de luz a
iluminar os caminhos escuros e negros
de quem ainda não pode sair da caver-
na infinita à procura da verdade. Sou
um rapaz "normal", pelo menos é o
que me julgo, 19 anos, sensibilidade à
flor da pele, saudável no aspecto físico
e mental. Na escola, sou dos alunos
mais dedicados: no fim do ano, quan-
do todos estavam se "descabelando"

12 confissões
que ter um filho homossexual é o fim
do mundo. Mas, talvez ela tenha um
certo fundo de razão, porque ela é viú-
va e eu sou o filho mais velho. Mas ela
não pode condenar, pois sou enrustido
o máximo que posso; estudo, trabalho,
tenho um nome limpo; enfim, procuro
sempre a melhor maneira de me rela-
cionar com as pessoas.
0 grilo só se toma maior porque ela
trabalha na mesma Companhia que eu
e ela diz que existem comentários e
que amigas suas já a procuraram para
tratar de assunto que só compete a
mim e a ela como mãe. Mas ela não ad-
mite meus conceitos de moral. Nina,
seu papel agora é o de mãe, a mãe que
eu não tenho para dialogar e trocar
idéias. Às vezes ela diz que eu não
presto, que seria melhor se eu não
existisse, que homem tem mais é que
meter, que na nossa família nunca
houve esta vergonha, sou um zero à es-
querda. . . Será verdade, Nina? De tan-
to ela dizer, eu estou acreditando. Se
for assim, o que dizer dos Fernando
Pessoas Tchwaikowsky,Michelangelos,
Garcia Lorcas, Oscar Wildes. .. da vida?
0 que querem as pessoas que falam de
mim'' Será que elas pensam que ho-
mossexualismo se cura na farmácia da
esquina?". . . ("A Flor de Cactus" -
Rio de Janeiro /RJ)
não está só. Sua carta é o mo-
deío padronizado do drama que mi-
lhões de jovens enfrentam aqui no Bra-
sil e no mundo inteiro. A rejeição familiar
constitui o primeiro passo na margina-
lização do homossexual. Marginaliza-
ção que vai se estender no colégio, no
trabalho, na sociedade, enfim. Esse
processo desumano vem sendo objeto
de estudos e debates por parte das au,-
toridades educacionais dos grandes
centros, como nos Estados Unidos, por
exemplo. Médicos psiquiatras, psicólo-
gos, educadores, sociólogos, antropólo-
gos e muitos outros setores de ativida-
des afins, interessadas na pesquisa do
comportamento sexual humano, dedi-
cam-se à tarefa de esclarecer e buscar
melhor adequação ao problema. Feliz-
mente, há uma ação que se contrapõe
à mentalidade repressiva e preconcei-
tuosa. Em verdade, chegou a hora em
que o mundo se vê diante da obrigação
de aprender a conviver com a realidade
homossexual. A descobrir que o ho-
mossexual é um ser humano exatamen-
te igual aos demais, não é um "doen-
t e " ou "anormal".
Cabe justamente aos pais o primeiro e
o mais importante passo nessa revolu-
ção evolutiva. Em primeiro lugar é pre-
ciso reconhecer que foi do próprio
quadro familiar que resultou a identi-
dade psicossexual deste filho. Já trata-
mos aqui, inúmeras vezes, da universa-
lidade do tema complexo que trata das
origens do homossexualismo, onde,
sem dúvida, é preponderante o papel
desempenhado pelo ajustamento dos
pais nas causas dessa opção, dessa con-
dição. Se alguém tem algo a reclamar
dessa situação toda, essa pessoa é justa-
mente o filho (ou filha) homossexual.
E como isso não sucede porque via de
regra (com raríssimas exceções) o ho-
mossexual é um filho amorosíssimo, os
pais não têm o direito de reclamar con-
tra uma situação gerada, principal-
mente (é bom que se frise e se reforce
isso) por eles. O ideal seria o estabele-
cimento de um diálogo amigo e sincero
entre o filho e os pais (no caso, a mãe).
É muito difícil, imprevisível mesmo,
procurar traçar um perfil do que deve
ser tratado. Como a mãe terá grande
dificuldade em sequer aceitar um diá-
logo aberto, caberá ao filho iniciá-lo.
A forma, como foi dito, não é nada fá-
cil. Mas é preciso reafirmar três con-
ceitos:
confissões 13
1) — Ninguém escolhe assim livremen-
te, como se toma qualquer decisão cor-
riqueira: "Eu vou ser homossexual".
Homossexualismo não é uma doença e
muito menos um mal hereditário ou
então adquirido) "por contágio" (a tão
falada possibilidade de que um garoto
possa ser "seduzido"; milhares de garo-
tos tiveram contato homossexual na
infância e mais tarde seguiram a trilha
de sua verdadeira identidade psicosse-
xual, ou seja, a preferência heterosse-
xual, a atração pelo sexo oposto). An-
tes de definir-se, não há um homos-
sexual sequer que não tenha se debati-
do em fase angustiosa e conflitante
procurando reagir a uma tendência que
ele sabe ser irreversível.
2) — O próprio leitor reafirma uma fra-
se já citada aqui: "Homossexualismo
não se cura em qualquer farmácia da
esquina". Todas as tentativas da Psica-
nálise e outros métodos da Psicotera-
pia demonstraram que só se obtém
uma conversão quando o indivíduo
realmente trilhava um caminho da
pseudo-homossexualidade. E só tenta
obter cura, conseguindo-a, aquele que
realmente não está integrado numa
real identidade psicossexual. Até hoje
foram infrutíferas todas as pesquisas
científicas no sentido de estabelecer
uma base física como causa da homos-
sexualidade.
3) — Assim como qualquer outro ser
humano, nenhum homossexual dese-
ja ser um mau filho, um mau cidadão,
um marginal, enfim. Ele precisa de
carinho e compreensão exatamente
como qualquer outra pessoa. Mas so-
bretudo quer ser aceito com naturali-
dade, jamais por obrigação ou por ca-
ridade como se fosse portador de uma
doença ou mal exótico. A rejeição da
família é que o leva a viver em "ghe-
tos" em comunidades homossexuais.
Geralmente os trejeitos efeminados,
muitas vezes oriundos de uma extre-
14 confissões
sam julgar dissonantes para sua moral
religiosa, também um filho homosse-
xual pode manter a mesma reserva.
Aliás, os filhos são criados para o mun-
do e é muito natural que eles — sejam
qual for a preferência sexual — saibam
se haver sozinhos com as intimidades
que em verdade só dizem respeito a si
próprios e a seus parceiros (as). Para
dar um exemplo: da mesma forma co-
mo um rapaz não acha necessário re-
velar à sua família que mantém relacio-
namento sexual com sua noiva, tam-
bém o homossexual não precisa des-
crever ou relatar sua intimidade. Tudo
depende da forma e do estilo de educa-
ção em família. Há mães e pais que
gostam de acompanhar, opinar, orien-
tar, no que são atendidos espontanea-
mente pelos filhos. Em outros casos,
prefere-se a omissão, sem necessidade
de mentir.
Finalmente, se não há nenhuma forma
de acerto com a convivência familiar,
resta ao filho homossexual a decisão
de víver isolado, com visitas periódicas
ã família. Afinal, há tanta gente que
resolve viver fora de casa. mesmo por
motivos de outra natureza. Essa tem
sido a opção mais comum, para que
não se firam susceptibilidades. Sem ne-
cessidade de rompimento ou completa
renúncia ao convívio familiar.
"ME ACHO HÉTERO, MAS
CURTO AS BONECAS". ..
enho namorada, sou gamado por
ela, e me relaciono sexualmente com
as mulheres, com relativa freqüência.
Por outro lado, também curto muito
as bonecas, os homossexuais. Isso é ser
um bissexual? Qual a classificação que
a Sra. me dá?". . . (D.D.C. - São Pau-
lo/SP)
Este é um tipo de classificação que só
pode ser dado por você. A bissexuali-
dade indica uma preferência igualmen-
te hétero e homossexual. Consideran-
do a escala Kinsey na gradação da pre-
ferência sexual, parece-nos que o grau
2 estaria mais adequado ao tipo des-
crito. Mas, veja bem, qualquer defini-
ção de nossa parte partiria de pressu-
posição, já que não se pode avaliar por
carta algo tão profundo que até mes-
mo no divã de um psicanalista seria di-
fícil. O importante é o que você julga,
da forma como se sente e não um "ró-
tulo" qualquer dado por quem quer
que seja. Se você se sente bem nessa si-
tuação e expressa sua sexualidade sem
fazê-lo às expensas — ou sem qualquer
prejuízo — da outra parte (a parceira
ou o parceiro) — isso é realmente o
que importa.
"CONTEI À MINHA NOIVA QUE
TAMBÉM AMO UM RAPAZ"...
escrever-lhe na expectativa
de encontrar um ponto de apoio,
uma base, de maneira que venha
realmente a me ajudar. Desde os
11 anos de idade já me masturbava
e mantinha relações sexuais com co-
leguinhas da escola e vizinhos. Na
ocasião, ver um pênis de uma pessoa
mais adulta era impressionante para
a garotada, que curiosa pedia aos
rapazes de 20 anos para mostrar-
lhes. E daí por diante crescia a von-
tade de manter relações com os ami-
guinhos. O chamado troca-troca era a
farra da garotada, que às vezes forma-
va fila. Tenho 21 anos hoje, signo
Sagitário, sou locutor e só me abro
frente ao microfone. Sou também
sério e tímido e para variar adepto do
confissõesl5
sexo.livre. As pessoas sempre me
observam, dizem que sou mais aten-
cioso com os homens e realmente
comecei, após inúmeras insistências —
principalmente das mulheres — a sen-
tir-me mais à vontade com os amigos.
Embora seja difícil de ser conquistado
sexualmente, muitas vezes confundo
amor com amizade, mas tenho tido
sorte, pois a minha reputação continua
ilesa. Quando desejo um amigo, aplico-
lhe as experiências anteriores, calmo
como quem não quer nada, com pala-
vras românticas, afeto e cordialidade
alcanço meu ideal. Gosto muito de
acariciar o pênis do parceiro e brincar
encostando o meu no dele ou entre as
pernas, e de beijos e abraços nos entre-
gamos ao prazer. Nas ruas, quando
vejo um jovem com calças apertadas,
que deixa transparecer o volume, fico
excitado, embora tome minhas precau-
ções. Meu modo de agir é muito natu-
ral, razão pela qual me envergonho dos
homossexuais que vivem rebolando e
escandalizando a sociedade. Eu enten-
do que só a mim e ao parceiro compe-
te revelar os segredos da intimidade e a
mais ninguém. Meu pênis mede 15 cm
de comprimento; eu gostaria que fosse
maior, por este motivo tenho comple-
xo de inferioridade, mesmo com mui-
ta gente de pênis maior que não con-
segue fazer o que eu faço. Minhas rela-
ções com o sexo oposto são normais
(a única dúvida é o receio). Para um
ato sexual perfeito o início tem que
ser da companheira. Detesto mulheres
da vida, não bebo, não fumo e nem
gosto de jogos; vivo mais só do que
acompanhado e nas horas que sinto
vontade, ponho-me a mastín bar onde
estiver, sendo em locais apropriados,
é claro. Em certas ocasiões, ao término
do ato sexual com o parceiro, fico
aborrecido e até me arrependo (não
descobri o porquê). Quando me mas-
turbo acaba toda ansiedade de procu-

16 confissões
contro". No corpo da revista, na par-
te dedicada à orientação e informa-
ção sexual, não publicamos nome com-
pleto nem endereço dos leitores,
por razões de ética.
Quanto ao seu problema existencial,
parece-nos que — a exemplo do leitor
do caso apresentado anteriormente —
você também precisa de dar um mer-
gulho dentro de si mesmo para melhor
poder avaliar sua real expressão sexual.
Você está noivo e ao mesmo tempo
apaixonado por um amigo. Mantém
relações sexuais com sua noiva e ne-
nhuma experiência com este amigo,
embora tendo relacionamentos oca-
sionais com outros rapazes. Você se
queixa de que esses relacionamentos
são, com freqüência, insatisfatórios,
gerando um sentimento de culpa ou
arrependimento ao final. Esse resulta-
do insatisfatório tem como causa
a sua própria indefinição e o precon-
ceito arraigado que ainda nutre com
relação ao comportamento homos-
sexual extremado. Quando diz que se
envergonha dos homossexuais que
"vivem rebolando e escandalizando a
sociedade", é porque tem medo de
ser um deles.
Elimine esses grilos e assuma sua
bissexualidade. Você foi bastante
honesto em revelar à sua noiva o sen-
timento de paixão que nutre pelo
seu amigo.
No entanto, veja bem, entre todas as
gradações na escala de Kinsey (veja
gráfico nas páginas anteriores), parece-
nos que a situação mais difícil de aco-
modar é a da preferência no grau 3,
da bissexualidade, uma condição se-
xual bem mais comum do que se ima-
gina. O bissexual, via de regra, cos-
tuma esconder e disfarçar muito mais
a sua condição e preferência do que o
homossexual. Isso porque ele tem
contas a prestar com os dois lados da
sociedade: com o homem e com a
mulher, com o contingente heteros-
sexual e com o homossexual. Não se
achando um homossexual, o que na
realidade não é, é natural que o
bissexual tenha esse preconceito ar-
raigado contra o homossexual — no-
tadamente o afeminado, aquele que
é a maior vítima de chacotas nas
ruas, no trabalho, nas escolas. É pre-
ciso substituir esse preconceito por
uma compreensão maior da proble-
mática: é a própria rejeição do meio
social que conduz o homossexual (ge-
ralmente da gradação 6) a uma posi-
ção extremada. Ele, afinal, não é um
marginal, e sim um marginalizado pela
sociedade. É preciso compreender tam-
bém que há um grande contingente
de homossexuais na gradação 6 da pre-
ferência (Escala de Kinsey), que são
perfeitamente ajustados e assumidos,
sem trejeitos efeminados. São os que
superaram o processo de rejeição.
A condição bissexual requer uma gran-
de dose de equilíbrio e honestidade.
Equilíbrio para saber dosar suas
próprias necessidades com as do
parceiro ou parceira. Honestidade para
não criar um envolvimento emocional
falso e provocar assim inúteis sofri-
mentos, conflitos e tensões. Tanto ou
mais do que o homossexual, a prática
da bissexualidade exige discreção e
uma grande dose de segurança interior.
Sobretudo coragem, para assumir, sem
preconceitos, sua própria identidade
e também para impor sua personalida-
de diante dessa ambivalência precon-
ceituosa que certamente enfrentará na
conquista de parceiros e parceiros.
confissões 17
 Emocional
"SOU CASADA E AGORA AMO OUTRO HOMEM
CASADO"... "FICO APAIXONADO E LOGO ME
CANSO". . . "FALEI A VERDADE E TODOS FICARAM
CONTRA MIM".. .

vidrada na Peteca e na vor. pois apesar de amar muito este

Personal. Já enviei algumas fotos mi-
nhas para que publicassem; por isso
peço-lhe ajuda. Sou casada há 16
anos, tenho 2 filhos e os amo muito.
Nunca amei meu marido, embora viva
com ele. Sempre senti apenas amizade
e não sei onde estava minha cabeça
quando aceitei casar-me com ele. Sou
atriz de circo e detetive profissional
e no trabalho conheci um colega. Nós
dois nos apaixonamos perdidamente
mas ele é casado. Ajude-me, por fa-
18confissoes
homem, tenho medo de abandonar
meus filhos, minha casa e meu marido.
Por outro lado. tenho medo de perder
este amor proibido ao qual me entre-
guei de corpo e alma. Pelo amor de
Deus me atenda, diga-me o que fazer;
tenho medo de enlouquecer com este
problema." (Nadja Nayara, atriz deses-
perada - Recife / PE)
amizade, como a atração física,
a insegurança econômica, a solidão e
muitas outras razões podem levar as
pessoas ao casamento, em busca de
uma felicidade sonhada. Às vezes,
com a convivência, estes fatores po-
dem felizmente levar ao amor. Na
maioria dos casos, porém, levam ao
sofrimento, à desilusão angustiante.
Só você poderá avaliar onde se encon-
tra sua felicidade. Este amor proibido
tanto pode ser realmente o grande
amor de sua vida, como pode represen-
tar apenas uma novidade, um sabor di-
ferente, na vida rotineira e cansativa
de uma mulher. O fato de estar em
dúvida se deve largar a casa, o marido e
os filhos, é muito importante. Significa
que eles representam muito para você,
eles já fazem parte fundamental de
sua estrutura. Também a atitude de
traição que está tendo para com
seu marido, lança-a em total desespe-
ro. Tudo indica que a amizade que
sentia ao casar com seu marido, cres-
ceu e formou laços profundos como
um lar estável e seguro. Você, porém,
conservou a impressão que não amava
seu marido, ao menos, com a forma
romântica que idealizara. Amor é atra-
ção, amizade, segurança, doação, é
uma construção à quatro mãos no dia
a dia, nas boas e nas más horas. Hoje
você acordou e está entre dois fogos:
de um lado, toda uma vida de mútuos
trabalhos, dores, alegrias representados
por seu marido, filhos e lar. De outro
lado o amor que sua cabecinha adoles-
cente imaginara, um amor um tanto
irreal, mais aventura que realidade.
O amor que, inclusive, veio envolto,
pelo que se deduz de sua carta, num
forte sentimento de culpa. Ponha-os
na balança, pese bem os prós e os
contras, consulte o coração da mulher
amadurecida que esta situação se tor-
nou, e decida-se. O conflito que está
vivendo, só lhe trará maiores desgos-
tos e causará sofrimentos a todos que

confissões 19
ama. Tome a iniciativa de definir-se e
lembre-se que a felicidade está onde
nós estamos, sempre ao nosso alcance.

"COMEÇO A GOSTAR DE UMA

MULHER, LOGO ENJÔO . . . "

asei-me aos dezoito anos e vivi

apenas três com minha mulher. Estou
separado dela há sete anos desde que
soube por meu irmão que ela mantinha
relações com o irmão dela que morava
conosco. Vivia num inferno, entre
brigas e desconfianças. Nunca mais os
vi. Hoje curto uma tremenda solidão
e sou eu mesmo o culpado. Quando
começo a gostar de uma mulher só
encontro motivação no primeiro en-
contro. Logo enjôo e acabo esquecen-
do. Sei que as garotas não merecem
isso, mas não sei o que acontece co-
migo. Falta de potência sexual não
é, porque chego a me masturbar duas
ou mais vezes por dia. Os amigos di-
zem que é coisa mal feita pela ex-
mulher, mas eu não acredito nessas
coisas. Explique-me o que se passa
comigo, por favor." (M. G. A. - Tatua-
pé/SP)

golpes ou desilusões que so-

fremos, deixam marcas em nossas vi-
das e muitas vezes, sem que saibamos,
fazem mudanças em nossa personali-
dade. A sua primeira experiência de
casamento foi infeliz; você era muito
jovem, e revive, sem saber, toda a sua FALEI A VERDADE E TODOS
dor, cada vez que surge a oportunidade FICARAM COM RAIVA DE MIM. . .
de um novo amor em sua vida. 0 medo
de sofrer outra desilusão impede que
se entregue, que refaça a sua vida afe-
tiva. Não enjoa, como você pensa, mas dois anos namorei uma garota
sim fecha a porta para se defender de que foi criada por meu irmão desde os
20 confissões

agiu corretamente ao falar
a. verdade, e os fatos futuros farão
com que reconheçam a honestidade de
suas intenções. O principal é que está
em paz com sua própria consciência.
Poderia ter se omitido, numa atitude
de acomodação, que não lhe traria
os dissabores que enfrentou, quando
não acreditaram em suas palavras. Es-
taria bem com todos, mas estaria em
conflito com sua própria consciência.
Optando pela verdade e pensando em
alertar seu primo, correu o risco de
que não o entendessem — como de
fato aconteceu — mas está vivendo a
tranqüilidade de um dever cumprido.
Quando os fatos futuros vierem a pro-
var que você estava (e está) certo,
aqueles que hoje estão com raiva de
você terão que mudar de atitude. Às
vezes a verdade tarda a aparecer,
mas sempre se revela. Sua coragem
de enfrentar os fatos será reconhe-
cida, fique tranqüilo.
"QUE DEVO FAZER:
DESISTIR OU NÃO"
do signo de Touro, tenho
20 anos e resido em zona rural. Nina,
estou lhe escrevendo para que você
possa indicar uma solução para meu
problema. Vim para essa cidade para
estudar, pois onde resido não há colé-
gio para meu nível de estudo. Moro
com minha irmã que é casada, e tem
um filho de 6 anos. O trabalho dela
é afastado da cidade também e isso a
obriga a sair às 5 e meia da manhã.
Eu fico sozinho em casa, pois a em-
pregada, assim que termina o serviço
vai embora. Passo a semana num sufo-
co. Aos sábados viajo para a casa de
meus pais, onde me sinto muito bem,
tenho carinho dos pais, amigos e nada
me falta. Meus pais pedem-me pa-
ciência e prometem uma mudança
pára o ano que vem. Nina, o que devo
fazer: "desistir ou não"? Por favor,
me dê um conselho, preciso de sua
ajuda." (J. E. M. - Alagoa Grande /
PB).
confissões 21
 escritor francês, Antoine de
Saint-Exupéry, é autor de uma frase
que resume uma verdade: "É preciso
conhecer as larvas para se chegar às
borboletas." As larvas do seu caso é
a triste solidão à qual se vê confinado,
dia após dia sem alguém com quem
conversar em casa à espera do final
de semana que lhe trará o calor de um
lar. As borboletas serão as alegrias que
um estudo aprimorado — seu princi-
pal objetivo — irão lhe proporcionar
no futuro. Um ideal alcançado com sa-
crifício é mais completo, tem mais
valor, é uma conquista. Pense nos
inúmeros anônimos ou conhecidos
que nem mesmo podem pensar em al-
fabetizar-se. Eles são maioria no Bra-
sil de hoje, infelizmente. Pense naque-
les que são obrigados a parar com
seus estudos por razões várias, redu-
zindo-os a sonhos irrealizáveis e ideais
desfeitos. Pense também na minoria
de privilegiados como você mas que
nem mesmo em fins de semana des-
frutam de um lar onde o carinho dos
pais compensa em parte os dias de so-
lidão. Você tem ainda a garantia de
que sua atual situação ficará resolvida
no próximo ano com a mudança de sado. descortinado. Aproveite sua ju-
seus pais para junto de você! ventude, seu tempo livre, sua saúde.
Este período longe de sua família, Desistir de estudar seria desfazer-se
ainda que lhe cause sofrimento, será do que hoje em dia, pode ser compa-
de grande valia para sua independên- rado a uma jóia rara e almejada, por-
cia. Há pessoas que resistem a cortar que não há bens materiais que tenham
o cordão umbilical e permanecem o valor do estudo."
numa dependência que será inibido-
ra mais tarde. Além do mais, a leitu-
ra de bons livros, a boa música, um "SEMPRE QUE CONVERSO COM
esporte que lhe interesse são boas for- ALGUÉM, FICO COM COMPLEXO
mas de lazer, de preencher o vazio DE CULPA . . . "
das horas sem estudo. Não esqueça
das pessoas, dos vizinhos, dos amigos,
com suas diversas histórias, sempre
tão peculiares e diferentes. Há um ara Nina: "sou adolescente e te-
mundo a seu redor para ser pesqui- nho um problema que está influindo
22 confissões
 a minha imaturidade. Por favor, diga-
me o que você acha?" (Cocotinha)

amor, para você que e tão jo-

vem, representa o desconhecido. Algo
que por ser muito importante na vida
do ser humano traz muitas alegrias e
também muitas tristezas com ele. É
preciso encará-lo seriamente, não usá-
lo apenas para seus próprios fins. O
jovem hoje em dia está cercado de
violência, vive num clima de insegu-
rança. Se antes apenas o futuro era
incerto, hoje o presente é, além de
angustiante, uma enorme dúvida. Com
a sensibilidade que a juventude pos-
sui, o medo de viver chega a ser com-
preensível. Como viver é amar, o jo-
vem hoje tem medo de amar. Seu caso
não é anormal, ele reflete o estado em
que toda a juventude dos anos 70 se
encontra. Sua timidez é explicada mas
deve ser dosada. Não deve privá-la de
prazeres, das alegrias de bons relacio-
namentos, de saudáveis amizades e do
indefinível sentimento que o primeiro
amor desperta. Nota-se que sua timi-
dez a impede de dialogar, manter sa-
dios relacionamentos, os quais colabo-
rariam para que você crescesse, ama-
em minha vida. Até há pouco tempo durecesse, aprimorasse sua personalida-
ca não tinha tido nenhum contato de. Faça um grande esforço, adote
com o sexo masculino, embora sempre uma atitude contrária ao seu primeiro
tivesse bastante colegas. Mas sempre impulso. Não fuja das pessoas, ao con-
que converso com algum colega meu trário, procure-as para conhecê-las me-
sobre qualquer assunto, fico com um lhor. Verá que ninguém é totalmente
tremendo complexo de culpa e passo mau, nem totalmente bom. Mas inde-
a tratá-lo mal e isso faz com que ele pendente de idade, raça, religião ou
se afaste de mim. Recentemente, co- filosofia, cada ser humano tem muito
nheci um rapaz na praia, que me abra- a nos ensinar, mu/fajQlegrias a nos dar."
çou e me beijou, mas eu não tive co-
ragem de lhe fazer um carinho sequer.
Depois disso não freqüentei mais o
mesmo local da praia para não voltar
a encontrá-lo, embora ele não me te-
nha feito nada de mal. Sou uma ga-
rota normal e só posso atribuir isto

confissões 23
 "COMO AUMENTAR DE ESTATURA?"
"TENHO PÊLOS PÚBICOS EM EXCESSO". ..
"DIFERENÇA DE IDADE INTERFERE NO ORGASMO?'
"SINTO-ME UM VERDADEIRO PAVÃO"

enho 20 anos e apenas l„60m. a fazer um tratamento por mais dis-

de altura o que me faz sentir inferiori-
zado perante a sociedade. Sou atraen-
te e saudável mas esta situação está
me levando à loucura. Estou disposto
24 confissões
pendioso que seja, contanto que adqui-
ra uma estatura normal, ou seja de
1 "0 m. Um imenso abraço, Nina."
(A. J. M. C. - Salvador / Bahia)

caso não é de uma anorma-
lidade e sim de baixa estatura apenas.
É bom lembrar que em algumas re-
giões do mundo, a maioria das pessoas
têm a sua altura, como os de raça ama-
rela chineses e japoneses, por exem-
plo — para citar somente os mais co-
nhecidos. Duas são as razões para que
uma pessoa apresente uma estatura
baixa: características genéticas ou uma
endocrinopatia. No primeiro caso, há
um condicionamento por gens e o in-
divíduo brevilíneo jamais alcançará
uma estatura alta. Ao atingir a idade
adulta já estará com sua altura defini-
tiva.
No caso de uma endocrinopatia, po-
rém, tratando-se de um problema glan-
dular, há grandes possibilidades de
crescimento através de um correto e
bem conduzido tratamento. É neces-
sário saber, qual das glândulas ligadas
ao crescimento está lhe causando
problemas. A hipófise e a tiróide con-
trolam este mecanismo. Um endocri-
nologista esclarecerá o seu problema.
Não esqueça, porém, que a estatura é
apenas um complemento e não um
fator fundamental na estrutura huma-
na. Seria o caso de se dar maior impor-
tância à moldura que à pintura. O im-
portante é você desenvolver seus talen-
tos, relacionar-se bastante, fazer ami-
gos. Verá que crescerá como pessoa,
sentir-se-á seguro e fará do que hoje
o aflige, motivo de charme.
"TENHO PÊNIS ENORME
E PÊLOS DEMAIS"
eu problema é muito sério:
tenho um pênis enorme que atinge
19 cm em ereção e é quase que to-
talmente coberto de pêlos. Quando
desejo ter um. encontro amoroso,
sou obrigado a raspá-lo e minha mu-
lher se queixa que a espeta além de
inibi-la sexualmente. Tenho recorri-
do à capinha, pois o médico que
consultei disse-me que não é anormal
o meu caso. Ajude-me, por favor, in-
dicando um meio de me livrar destes
pêlos indesejáveis." (J. H. Caxias -
RJ.)
udo indica que se trata de um
problema de hormônios e um endocri-
nologista tem condições de ajudá-lo
a controlar este crescimento exagerado
dos pêlos, de maneira especial na
região peniana. Pode tratar-se de um
caso genético ou apenas uma disfun-
ção glandular. Porém, você não deve
raspá-los, pois a raspagem está tornan-
do-os ainda mais fortes e resistentes,
além de prejudicar sua parceira de se-
xo. A forte rejeição que você vem de-
monstrando ao fato, é que está fazen-
do um problema de algo que poderia
ser até uma atração, um fator de admi-
ração altamente excitante. Sendo uma
característica da masculinidade, os
pêlos atraem as mulheres, que vêem
neles o símbolo do "ninho de prote-
ção" que buscam nos homens.
"DIFERENÇA DE IDADE
INTERFERE NO ORGASMO?"
criado num ambiente de re-
pressão sexual em que era considerado
pecado até pensar nisso. Aos doze anos
eu e meu irmão mais moço, fomos a
uma lagoa com um colega e lá vimos
ele se masturbando. Chegando em casa
imitei seus gestos e senti meu primeiro
prazer. Hoje tenho vinte e um anos,
confissões 25
sou casado com uma mulher de vinte
e seis e o que me preocupa é que nun-
ca consegui ejacular quando temos re-
lação sexual. Apenas pela masturbação
— escondido de minha mulher — chego
ao orgasmo. Será que é por causa da
diferença de idade que existe entre
nós ou são nossos signos que não com-
binam? Minha mulher busca a satisfa-
ção dela e quando a consegue, parece
uma mulher de borracha, um objeto
sexual. Estou desesperado!" (M. A. P. -
São Paulo Capital)

pequena diferença de idade

existente entre você e sua mulher não
interfere absolutamente no seu relacio-
namento sexual a menos que haja um
injustificável preconceito de sua parte.
É grande o numero de homens que até
procuram uma mulher mais amadureci-
da emocionalmente como companheira.
Tampouco os signos de ambos estão
influindo neste relacionamento, pois
até são indicados para uma mútua
compreensão. O pequeno problema
que o está afligindo terá solução uni-
camente entre vocês dois. Foi criado
de sua parte um reflexo condicionado
de auto-satisfação através da mastur-
bação. Isto fez com que você encarasse
o sexo desligado da afetividade, uma
atitude física sem preparo emocional.
Estimula-se pouco com sua mulher,
prepara-se insuficientemente para o
ato em si. Ela, por seu lado, talvez por
um mecanismo de defesa, aceitou este
tipo de conduta e vem apenas se defen-
dendo, sem a preocupação de dar
prazer, que é tão delicioso quanto
recebê-lo.
O ato sexual é uma troca de carinhos e
prazer e quando não há esta permuta,
ele se torna frustrativo e egoísta. Dia-
logue com sua mulher francamente,
contando-lhe seu problema e pedindo
da parte dela total cooperação, pois
ambos só terão a lucrar com esta con-
versa. Cabe aos dois descobrir os pon-
tos eróticos, excitantes, que cada um
possui, manipular estes pontos cari-
nhosamente, em busca da necessária
estimulação. Não esqueça também de
fazer uso da fantasia, da imaginação,
lembrando imagens sexuais e eróti-
cas que o agradaram. Mas acima de tu-
do, entre beijos e carícias, façam um
diálogo de amor, dizendo um ao outro
palavras doces que expressem o gran-
dioso sentimento que os une. Volte a
escrever-nos.

"SINTO-ME UM
VERDADEIRO PAVÃO".

jovem de boa aparência,

tronco bem desenvolvido e perfeita
musculatura de braços. Da cintura para
baixo, porém, sinto-me um verdadeiro
pavão: pernas magras demais em rela-
ção ao corpo, totalmente despropor-
cionais, não tenho nádegas e as veias divino que se chama vida. Pode tam-
dos pés salientes. Isto tudo me deixa bém tratar-se de uma endocrinopatia,
complexado e angustiado. Gosto de uma disfunção endócrina tratável. So-
aadar. mas este esporte torna meus mente um médico poderá esclarecê-
defeitos ainda mais evidentes. Temo lo a respeito. Sem dúvida trata-se de
qae um médico o considere pura vaida- vaidade, uma vez que se trata de apa-
de minha e não me leve a sério. Por fa- rência física, mas ela está influindo
vor, encontre uma solução para o em sua vida emocional, sendo assim
ate* caso." (U. E. Ferreira - Ouro Pre- justificável — e até aconselhável — que
to MG) procure auxílio médico. Não será o
primeiro caso desta natureza, e nem
o último, pois os médicos tratam dos
doentes na sua totalidade física e
problema que o preocupa pode psico-emocional.
tratar-se de seu próprio biótipo e não
poder ser corrigido ou alterado. Feliz-
mente não se trata de algo grave que
o estivesse impedindo de trabalhar, de-
senvolver seus talentos,amar ou relacio-
nar-se, enfim, viver este imenso dom

confissões 27
 Sexologia
INFERTILIDADE CONTRA VIRILI-
DADE POR QUE OS HOMENS NÃO
PROCURAM OS MÉDICOS?
As doenças reais da infertilidade mas-
culina e o tratamento adequado.

Por Anthony Serafini

Tradacão e adaptação de A. B. P.

um cálculo de que um entre

de: novos casais este ano, sentirá a
agonia e a frustração de não ser capaz
de conceber filhos. Os estudos sobre
28 confissões
testosterona produzida pelas células
Leydig, que vêm dos testículos, en-
quanto que os espermas são fabrica-
dos pelas células denominadas esper-
matogônicas. As células Leydig e as
espermatogônicas são bastante diferen-
tes entre si, donde se conclui que o
mecanismo sexual não pode ser afe-
tado por qualquer problema que
haja, relativo aos espermas.

QUAL É A NATUREZA DA
INFERTILIDADE MASCULINA?

O diagnóstico de infertilidade é feito

quando a ejaculação do marido mos-
tra, em testes repetidos, uma quanti-
dade bastante baixa de espermatozói-
des. Ainda que haja, hoje em dia, al-
guma discordância sobre o verdadeiro
significado deste nível baixo, a maioria
dos médicos acha que menos de 20
confissões 29
milhões de espermas por centímetro
cúbico é um indicio de infertilidade.
Outros acreditam que 60 milhões
seria o mínimo.
Se explorarmos as causas do problema,
vamos encontrar muitos fatores que
afetam a fertilidade masculina, como,
por exemplo, o bloqueio dos vasos
deferentes (canais que conduzem o es-
perma dos testículos para o pênis)
pode resultar numa total ausência
de espermas na ejaculação, embora
esta seja farta em líquido. Outro fa-
tor que pode afetar a fertilidade pode
ser um problema referente aos testícu-
los, que não descem e permanecem
no abdômen desde o nascimento. Se
não for corrigida logo, esta condição
pode produzir a esterilidade permanen-
te.

CUIDADO COM OS MÉDICOS

QUE DEMONSTRAM UM
ESTADO DE ESPIRITO
PESSIMISTA A RESPEITO DAS
CHANCES QUE UM
TRATAMENTO TERÁ DE
ALCANÇAR PLENO SUCESSO.

Os homens devem tomar cuidado com

a cachumba, especialmente se ela apa-
recer na adolescência, pois é uma
doença que pode causar terríveis da-
nos às células produtoras de esperma.
Falando de uma forma geral, qualquer
manifestação de saúde deficiente pode
influir na fertilidade. As febres podem
causar uma infertilidade temporária
porque as células dos testículos que
produzem os espermas precisam de
um limite de temperatura. Este fato
vem comprovar porque, antes de mais
nada, os médicos normalmente acon-
selham seus pacientes a usar calças
menos apertadas e deixem de tomar
banhos quentes, saunas e outros se-
melhantes. Há ainda outras causas
30 confissões
confissões 31