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Pintura

Material Teórico
História da pintura I

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Adriana Honorato Gonçalves

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
História da pintura I

·· Introdução
·· Pintura na pré-história
·· Civilizações antigas (Egito – Grécia e Roma antiga)
·· Pintura bizantina
·· Espaço pictórico renascentista

··O principal objetivo desta unidade é entender a relação entre a evolução


da pintura e sua contextualização histórica até a Renascença.

Você deve atentar para as principais características da pintura citada em cada tópico e
verificar as mudanças de estilo ocorridas em cada período.
As indicações de vídeos no material complementar vai enriquecer o conteúdo apresentado
aqui. São vídeos curtos e muito bem elaborados

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Unidade: História da pintura I

Contextualização

Nesta unidade, você aprenderá como se deu o início da pintura em nossa civilização.
Para iniciarmos este estudo, indico o vídeo História da Pintura, disponível no Youtube. Trata-
se de um resumo rápido, de fácil entendimento e muito bem humorado sobre a necessidade
que o homem tem de se expressar artisticamente.

Para assistir ao vídeo, acesse:


https://www.youtube.com/watch?v=Q10S3-8ureQ

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Introdução
Nesta unidade, vamos estudar as características da pintura a partir do período da pré-
história, onde as formas de expressão de que se tem registro são conhecidas e difundidas
como arte rupestre e arte primitiva. Veremos as diferenças entre a pintura no Egito, Grécia e
Roma; as principais características da pintura bizantina, período situado entre os séculos IV e
XIV; e por fim, vamos estudar o espaço pictórico renascentista – séculos XV e XVI.

No decorrer deste estudo, serão analisados aspectos importantes da pintura dentro do


contexto histórico de sua produção e algumas indicações da possível intenção do artista em
seu fazer, a fim de facilitar a apreciação e compreensão da história da pintura.

O fio condutor para este estudo será o livro A história da arte, de Ernest H. Gombrich,
que, por motivos de qualidade na imagem, acabou privilegiando a pintura em sua pesquisa,
deixando-a em lugar de destaque no recorte que fez sobre história da arte.

Pintura na pré-história
Não é possível determinar com precisão como e quando se deu o início da pintura na
história da humanidade, mas os registros mais antigos de pintura pré-histórica datam do
período Paleolítico Superior, cerca de 30000 a.C.

Vamos relembrar os principais períodos da pré-história?


Paleolítico Inferior – primeiras formas de seres humanos primitivos.
Paleolítico Médio – Era de Neandertal.
Paleolítico Superior – Cerca de 38000 a.C. Período em que surgem o homem moderno
e as primeiras pinturas rupestres.
Fonte: KINDERSLEY, Dorling. Arte: artistas, obras, detalhes, temas: aprenda a ver arte: da pré-história a 300
d. C. São Paulo: Publifolha, 2012.

Os primeiros artistas pintavam dentro de cavernas; suas pinturas eram produzidas com pigmentos
extraídos principalmente de minerais e misturados a gordura ou sangue de animais. As cores eram
limitadas, variando entre o ocre amarelo, ocre vermelho, marrom e preto de manganês.

Os instrumentos primitivos eram feitos com estaca de madeira, pedra pontiaguda, carvão
e um tipo de pincel feito com pelo ou crina de animal, no entanto a própria mão do homem
sempre serviu de instrumento para os primeiros registros.

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Unidade: História da pintura I

Figura 1. Cueva de las manos, Santa Cruz, Argentina.


Fonte: Wikimedia Commons

Para realizar pintura de negativo da mão na parede, o artista posicionava a mão e


soprava pigmento com a ajuda de um bambu ou cano feito de osso ou caule de plantas.
Você sabia?

Os temas mais populares na pintura pré-histórica eram os animais, figuras humanas de


forma bem rudimentar e alguns símbolos ou sinais abstratos.
Algumas das mais belas pinturas rupestres encontram-se na caverna de Altamira, na
Espanha, e datam do período da Idade do Gelo (15000 a 10000 a.C).

Figura 2. Bisão, Pintura em caverna; Altamira, Espanha, c. 15000 a 10000 a.C.


Fonte: Museo de Altamira/Wikimedia Commons

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As pinturas na caverna de Altamira na Espanha foram descobertas em 1879. Algumas estão
tão bem preservadas, que se pode perceber o movimento e a textura do pelo dos animais. As
imagens, em sua maioria, são de bisões e algumas de cavalos e cervos.
Por serem tão bem preservadas, muitos arqueólogos duvidaram, por algum tempo, de
sua autenticidade.
Outra caverna que possui um acervo valioso de pinturas rupestres é a Lascaux, na França.
Essa caverna possui mais de 600 pinturas de cavalos, touros, homens com cabeça de animais,
símbolos, caçadores e figuras enigmáticas.

Figura 3. Pintura em caverna; Lascaux, França, c.15000 – 10000 a.C.


Fonte: Mariano/Wikimedia Commons

Algumas pinturas foram encontradas em lugares onde não se acharam vestígios de ocupação
humana, o que sugere que eram locais de culto ou rituais sagrados. Provavelmente as imagens
serviam para trabalhos ritualísticos ou de magia para favorecer a caça.

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Unidade: História da pintura I

Civilizações antigas (Egito – Grécia e Roma antiga)

Egito
A pintura egípcia possui muita importância em nossa cultura, pois é o início de toda uma
tradição artística que vem sendo aprimorada e repaginada há cerca de cinco mil anos. Afinal,
como sugere Gombrich (2000), “veremos que os mestres gregos foram à escola com os
egípcios, e todos nós somos discípulos dos gregos”.
Toda a produção artística egípcia era destinada a facilitar o culto aos deuses e suavizar
a passagem para a outra vida. O estilo de pintura, preservando a frontalidade e o melhor
ângulo de cada parte do corpo, era um modo de estabelecer contato entre o mundo dos vivos
e o mundo do além. As figuras eram bidimensionais com traços rígidos. A cor era aplicada
diretamente nas paredes tumulares.

Vamos ver como esses elementos aparecem na prática?

Figura 4. O jardim de Nebamun – do túmulo de Nebamun em Tebas. c. de 1350 a. C.


Fonte: arteemtodaaparte.files.wordpress.com

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Nesta ilustração é possível notar o estilo egípcio nas figuras humanas.
··A figura central está com o tronco de frente, embora seu rosto e pernas estejam de perfil.
··Note que o nariz e boca foram traçados de perfil, já o olho foi desenhado como se fosse
visto de frente.
··Há certo estranhamento ao olharmos com atenção os braços da figura, como se o braço
direito estivesse no lado esquerdo.
··Os animais são vistos de perfil, mesmo aqueles em pleno voo, pois assim percebemos
melhor suas características.

Você percebeu o quanto a cor azul foi utilizada nessa pintura mural?
As culturas antigas sempre associaram o azul à divindade, por ser a cor do céu. Os
egípcios o associavam à verdade e aos seus deuses. O azul também era utilizado
para representar vestimentas ou túnicas de faraós.

Todos esses elementos foram produzidos com tanta mestria que não percebemos
desarmonia ou deformidades. O que mais importava para os egípcios não era a beleza das
pinturas, mas sua plenitude.

A tarefa do artista era a de preservar todos os detalhes com a maior clareza e


permanência possível.

Esse estilo permaneceu praticamente inalterado por aproximadamente 3000 anos.

O artista não realizava suas pinturas observando a realidade, mas a observava e depois
pintava partes de uma pessoa ou de um animal utilizando sua memória, atribuindo
significado para as formas e contornos. Assim, um faraó, por exemplo, por ser uma
Para pensar pessoa importante, era representado bem maior e mais completo do que sua esposa e
seus criados.

Grécia
A cidade de Atenas é uma das mais importantes para a história da arte e a pintura
exerceu papel muito importante nessa história, no entanto temos poucos exemplos das
pinturas murais e decorativas.

A única maneira que temos para formar uma ideia sobre a importância da pintura na Grécia
é observando a decoração de suas cerâmicas. O comércio de vasilhames onde se guardavam
vinho e azeite propiciou a propagação dessa arte.

As primeiras cerâmicas realizadas por tribos que invadiram a Grécia eram decoradas com
padrões geométricos simples e rígidos, lembrando as figuras egípcias.

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Unidade: História da pintura I

Figura 5. A lamentação pelo morto (detalhe), c. 700 a.C. - Vaso grego no estilo geométrico, altura 155cm; museu arqueológico Nacional, Atenas.
Fonte: shakko/Wikimedia Commons

A ilustração acima representa a lamentação por um morto. À direita e à esquerda do morto


estão as carpideiras, com as mãos elevadas em sinal de pranto.

Nesses dois vasos do século VI a.C., que pertencem à


antiguidade clássica, os pintores utilizavam verniz preto para
pintarem ora a figura, deixando o fundo avermelhado por
causa do barro utilizado; ora o fundo da cerâmica, deixando
as figuras com o tom avermelhado e os detalhes em preto.

Ainda percebemos vestígios do estilo egípcio. Neles, vemos


heróis Homéricos praticando jogo de mesa em sua tenda.

Você consegue perceber as diferenças entre essas figuras


e aquelas produzidas pelos egípcios?

Mesmo estando rigorosamente de perfil e os olhos


desenhados ainda como se fossem vistos de frente, temos o
perfil do tronco e sobreposição dos braços e pernas.

É possível perceber partes do corpo desenhadas em


escorço ou escondidas no intuito de se mostrar uma imagem
Figura 6. Exéquias, Ânfora com Ájax e
Aquiles praticando um jogo de mesa, séc. mais fidedigna daquilo que seriam dois homens sentados um
VI a.C. (c. 540-530 a.C.). Terracota. de frente para o outro.
Fonte: imgkid.com

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Escorço: Esboço – figura menor que o objeto representado ou redução
das dimensões de um desenho.
Glossário

Foi um momento assombroso na história da arte quando, talvez um pouco


antes de 500 a.C., os artistas se atreveram a pintar um pé tal como é visto de
frente. Nas milhares de obras egípcias e assírias que chegaram até nós, jamais
acontecera algo assim. (GOMBRICH, 2000, p. 81.)

O artista não realizava suas pinturas observando a realidade, mas a observava e depois
pintava partes de uma pessoa ou de um animal utilizando sua memória, atribuindo
significado para as formas e contornos. Assim, um faraó, por exemplo, por ser uma
Para pensar pessoa importante, era representado bem maior e mais completo do que sua esposa e
seus criados.

Este blog traz muitas curiosidades sobre as cerâmicas gregas:


http://umolharsobreaart.blogspot.com.br/2013/08/53-arte-da-antiguidade-classica-arte.html

Roma
Uma boa maneira de se entender a pintura da Roma antiga é observando os murais
descobertos nas ruínas da cidade de Pompeia e seus arredores em Roma.

Pompeia – cidade devastada e sepultada pelas cinzas do Monte Vesúvio em 79 d.C

Quase todas as casas de Pompeia tinham pinturas murais de grande valor artístico.

Foram descobertas figuras de requintada beleza e elegância, composições com cores


vibrantes e temas do cotidiano e da natureza.

Pinturas de jardim eram especialmente populares, o que sugere grande mudança na observação
dos artistas, pois os temas de pintura até esse momento privilegiavam a figura humana.

Os artistas pintavam plantas, flores e pássaros. Algumas vezes incluíam figuras humanas.

Essas pinturas eram executadas diretamente na parede, utilizando pigmento sobre fundo
úmido, num estilo livre, porém bem ancorado pela tradição da arte helenística.

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Unidade: História da pintura I

Figura 7. Donzela colhendo flores, século I d.C. Detalhe de pintura mural. Figura 8. Afresco de jardim, c. 20 a. C, 200 cm de altura.
Fonte: mda-arte.blogspot.com Fonte: Wikimedia Commons

Esse incrível mural foi produzido para um aposento subterrâneo da Villa di Livia, em Prima
Porta. Esse aposento era utilizado provavelmente como refúgio de verão.

Figura 9. Natureza-morta com pêssegos, c. 50 d.C., afresco, 35x34cm.


Fonte: fineartamerica.com

··Veja com que mestria esse artista soube utilizar as cores complementares - vermelho e verde;
··Note como conseguiu criar a ilusão de transparência na jarra e até o reflexo da folha
através dela.

Os pintores romanos alcançaram uma técnica e riqueza de detalhes não igualados por
muitos séculos.

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Pintura bizantina

Em 330 d.C., o imperador romano Constantino transferiu a capital de Roma para Bizâncio,
rebatizada Constantinopla. A cidade era Grega e estava em contato com outras cidades do
Oriente. Ali, os primeiros artistas cristãos ficaram expostos a diferentes influências.
Como as esculturas lembravam ídolos pagãos que a Bíblia condenava, pinturas e mosaicos
foram escolhidos para decorar as basílicas e contar a história sagrada. Assim nasce a arte bizantina.
As pinturas eram vistas como algo útil, pois ajudava o povo a se recordar dos ensinamentos
sagrados e ajudava a manter viva a imagem de episódios religiosos.
Para se alcançar esse objetivo, a história religiosa tinha que ser contada da forma mais clara
e simples possível; assim, toda a técnica alcançada nos murais de Pompeia foi gradativamente
repensada em prol de uma imagem simples, objetiva e simbólica.

Vejamos alguns mosaicos para compreendermos o tipo de composição da arte bizantina.

Figura 10. Basílica de Santo Apolinário o Novo, Ravena, Itália, Figura 11. Basílica de Santo Apolinário o Novo, Ravena, Itália,
fins do séc. V ou início do séc. VI dC, mosaico do Milagre da fins do séc. V ou início do séc. VI dC, mosaico do Milagre da
Cura da Hemorroíssa. Multiplicação dos Pães (e Peixes).

Os artistas aprenderam a se concentrar no essencial. Algumas pinturas não passavam de


símbolos como um peixe, uma pomba, uma âncora ou a cruz.
Vejamos como o historiador Gombrich analisa as imagens dos mosaicos acima:

À primeira vista, essa pintura parece rígida e fria. Nada tem da mestria de
movimento e expressão que era o orgulho da arte grega e que persistiu até
a era Romana. A maneira como as figuras estão plantadas, em rigorosa vista
frontal, pode até lembrar-nos certos desenhos infantis. No entanto, o artista
devia estar muito familiarizado com a arte grega. Sabia perfeitamente como
envolver um manto em torno do corpo, de modo que as principais articulações
permanecessem visíveis por baixo das pregas. Sabia como misturar pedras de
diferentes tons no seu mosaico para reproduzir as cores da carne ou da rocha.
Assinalou a sombra no chão e não teve dificuldade alguma em representar
o escorço. Se o quadro nos parece um tanto primitivo, isso se deve a que o
artista quis deliberadamente fazê-lo simples. (GOMBRICH, 2000, p. 136.)

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Unidade: História da pintura I

Mais tarde, a arte bizantina se destacou por pinturas murais e ícones. Sua influência
ultrapassou o império, alcançando locais como Itália, Egito e Rússia.

Ícone é uma palavra que vem do grego e significa imagem. Ícones bizantinos são
imagens cristãs pintadas com têmpera ou encáustica sobre madeira. Essas imagens
seguiam padrões pré-definidos por Padres, ficando o aspecto técnico por conta do
pintor. Não havia liberdade no uso das cores ou tonalidades e sombreados.

Os artistas russos Andrei Rublov (1360 – 1443) e seu mestre Teófanes (1330- 1410)
podem ser destacados como os maiores pintores de ícones bizantinos.

Principais características da pintura bizantina:


··O espaço pictórico é apenas sugerido;
··Não há representação espacial ou planos
de fundo na composição;
··Imagens frontais, imóveis, planas, verticais;
··O volume nas figuras é sugerido apenas
pelos traços na vestimenta, as figuras são
descarnadas;
··Fundo chapado com cor dourada em
destaque, simbolizando o esplendor
celestial ou luz divina;
··Cristo é representado com glória e não
martirizado;
··Esplendor e magnitude nas imagens;
··Visão dignificada das imagens cristãs
ligadas à pompa imperial.

Figura 12. Santíssima Trindade, Andrei Rublev, Galeria Treatiakov,


Moscou, Rússia.
Fonte: Wikimedia Commons

Outras cores simbólicas são o azul – símbolo de poder e divindade, o verde –


natureza, vida sobre a terra, renascimento; o branco – a própria luz, a cor da
nova vida; o vermelho – amor e o sangue do sacrifício; e o púrpura – cor extraída
de crustáceo utilizada em mantos de imperadores ou no manto da virgem e do
menino Jesus, representando poder ligado ao império.
Você pode encontrar mais informações neste site:
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/iconografia/simbologia_del_icono_bizantino.html. Acesso em:
29 dez. 2014.

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Espaço pictórico renascentista

O renascimento começou em Florença no século XV, no entanto a conquista do espaço e estilo


de pintura renascentista se deu gradativamente em séculos anteriores, como veremos a seguir.
Um dos primeiros artistas a romper com o espaço plano e bidimensional da pintura bizantina
foi Giotto (c. 1267 -1337). Em suas representações de imagens sagradas, as figuras parecem
estar num espaço real e demonstram emoções reconhecíveis.

A maioria de suas pinturas foi feita dentro de capelas com a técnica do afresco –
pintura feita diretamente na parede com a argamassa ainda úmida. Assim, as pinturas
Importante! fazem parte integrante da construção.

Figura 13. Giotto di Bondone, A adoração dos magos, 1304.


Fonte: klaudiastan.files.wordpress.com

O estudo da perspectiva foi o grande ápice de revolução do espaço pictórico. Filippo


Brunelleschi foi um dos primeiros a apontar as leis matemáticas que fazem com que tenhamos
a impressão de que um objeto parece diminuir de tamanho à medida que nos afastamos dele.
Segundo Gombrich (2000, p. 229), foi Brunelleschi quem forneceu aos artistas os meios
técnicos para solucionar esse problema.

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Unidade: História da pintura I

Uma das mais importantes pinturas, marco inicial da perspectiva na composição, é a obra
A santíssima trindade com a Virgem, São João e doadores de Masaccio (1401-1428).

Masaccio viveu apenas 28 anos e


revolucionou a história da pintura com
este extraordinário mural, pintado
na igreja de santa Maria Novella em
Florença.

Esta revolução, não se deu apenas


pelo uso da perspectiva em sua obra,
que provoca a sensação de haver
um buraco na parede por causa da
ilusão provocada, mas também pela
simplicidade e ao mesmo tempo
grandeza das figuras emolduradas
por uma arquitetura no estilo de seu
contemporâneo Brunelleschi.

Figura 14. Masaccio. A santíssima trindade com a Virgem, São João e


doadores, 1425 - Afresco, 667x317cm
Fonte: Wikiart

Note as diferenças existentes entre as figuras representadas por Giotto em sua


cena sagrada e as figuras representadas por Masaccio.
Importante! Qual das duas representações apresenta personagens mais humanos?

Esse é um período de grandes conquistas na história da humanidade e também nas artes.


Técnicas mais sofisticadas de pintura, em especial o surgimento da tinta óleo, propiciaram
grande perícia dos pintores da época.

O artista flamenco Jan Van Eyck (1422 – 1441) aperfeiçoou a técnica da


pintura a óleo apresentando sutis gradações de tom e cor que dão a ilusão de
intensa luz natural.
CUMMING, Robert. Arte em detalhes. São Paulo: Publifolha, 2007

Foi nessa época que a pintura mais famosa do mundo foi produzida. A Mona Lisa, de
Leonardo da Vinci (1452-1519). Hoje ela está no museu do Louvre protegida por vários

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centímetros de vidro a prova de bala, mas foi uma encomenda feita por um rico cidadão
florentino chamado Francesco del Giocondo.

Nessa obra, da Vinci apresentou ao mundo a técnica do sfumato – ou contornos esfumaçados


- onde a figura se funde com o fundo do quadro.

Não há contorno no canto dos olhos e boca, o cabelo se mistura com a paisagem rochosa
criando mistério e ambiguidade à imagem e ilusão de movimento.

Essa técnica foi possível por causa do uso da tinta óleo que demora a secar e oferece maior
versatilidade ao pintor.

Da Vinci tinha a ambição de tornar um retrato, que por sua natureza é uma imagem dura e
artificial, em algo mais vivo e com certo movimento.

Você acha que ele conseguiu?


A Mona Lisa possui inúmeras leituras e mistérios
possíveis de serem desvendados.

Vamos tentar identificar alguns desses mistérios?

··A pose informal e descontraída da


figura foi uma das inovações desse
retrato e que torna a composição
menos rígida do que retratos
produzidos anteriormente;
··As mãos estão relaxadas e
transparecem calma e majestade;
··Leonardo optava por paisagens
minerais, rochosas, que sugerem as
forças elementares da vida;
··A linha do horizonte da paisagem da
esquerda está mais baixa do que a
da direita, causando certa dinâmica
ao quadro;
··Os cantos da boca estão assimétricos
e incompletos, bem como o canto
dos olhos; assim, cada vez que
observamos o quadro, conferimos
uma expressão diferente na
Figura 15. Leonardo da Vinci, Mona Lisa, c. 1502.
Gioconda.
Óleo sobre madeira, 77x53cm

A pose da Mona Lisa foi adotada como clássica e perfeita para o


gênero do retrato – busto de ¾ e rosto virado para o observador –
Importante! vários artistas seguiram a mesma receita.

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Unidade: História da pintura I

Outro pintor de extrema importância para o renascimento foi Rafaello Sanzio, o Rafael
(1483-1520).
Ele chega a Florença numa época em que Leonardo da Vinci e Michelangelo estavam
criando padrões artísticos jamais vistos.
Rafael consegue trabalhar uma composição de forma a deixá-la tão harmoniosa e leve que
parece ter sido feita sem grandes esforços.
Você sabia que antes de optar por um arranjo ele realizava inúmeros testes, desenhava
diversas vezes os personagens principais, em diferentes ângulos até encontrar, no conjunto,
um equilíbrio perfeito?

··Podemos perceber na obra de Rafael a


doçura no rosto da virgem observando
São João e o Menino Jesus;
··O jogo harmonioso de cores;
··O volume do corpo da virgem envolto no
manto que cai graciosamente;
··As diferentes texturas – pele, tecido, grama,
cabelo...
··Os pés das figuras que apenas tocam o
chão;
··A graça com que a virgem ampara o
menino Jesus, com mãos leves e dóceis;
··Todos esses elementos contribuem para
uma atmosfera harmoniosa e plenamente
equilibrada.
Figura 16. Rafael, Virgem no Prado, 1505.
Óleo sobre madeira,113x88cm.

A maioria dos quadros de Rafael foi pintada com tinta óleo sobre madeira; apenas dois dos
últimos trabalhos foram pintados em tela.
Além dos inúmeros desenhos preliminares, Rafael estudava a cor e suas inúmeras variações.
Quando se dava por satisfeito com a composição, o artista passava o esboço do desenho
para o suporte com a ajuda de um pincel fino, depois aplicava cor base bem diluída e em
seguida recobria com diversas camadas finas até conseguir a textura desejada.
As madonas de Rafael foram adotadas como modelo de simplicidade e beleza por diversas
gerações. Seu arranjo preciso e composição com figuras leves e singelas despertaram a
admiração de artistas e o comércio de uma grande quantidade de reproduções.

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Material Complementar

Vídeos:
Os vídeos indicados a seguir são uma ótima ideia para enriquecer os estudos sobre algumas
das pinturas mais importantes da História.

Lascaux, a Pré-História da Arte


https://www.youtube.com/watch?v=WNbWHLU-U4o

Pintado por Eufrônio – Eufrônio


https://www.youtube.com/watch?v=K9yLz0fRPi4&list=PL3C0CFD285FC5A323&index=9

Rafael - Retrato do Amigo Cortesão


https://www.youtube.com/watch?v=odl8T96akeA&index=7&list=PL3C0CFD285FC5A323

Filmes:
Assista ao filme Pompeia. Ele foi inspirado na destruição de Pompeia pela erupção do
Monte Vesúvio no ano de 79 d. C.
Pompeia. Direção de Paul W. S. Anderson. Canadá/Alemanha, 2014. (Duração 105 min.).

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Unidade: História da pintura I

Referências

CUMMING, Robert. Arte em detalhes. São Paulo: Publifolha, 2007.

GOMBRICH, E. H. A Historia da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: Ltc-Livros Técnicos e Científicos,
2000.

KINDERSLEY, Dorling. Arte: artistas, obras, detalhes, temas: aprenda a ver arte: da pré-
história a 300 d. C. São Paulo: Publifolha, 2012.

KINDERSLEY, Dorling. Arte: primeiros cristãos e bizantinos: 300-1400. São


Paulo: Publifolha, 2012.

LICHTENSTEIN, Jacqueline. A pintura - Vol. 10: Os gêneros pictóricos. São Paulo:


Ed. 34. 2006.

Webgrafia

Ícones bizantinos. Disponível em: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/iconografia/simbologia_del_icono_bizantino.html.


Acesso em: 29 dez. 2014.

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Anotações

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