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Resumo
Arte e ciência como caminhos complementares para reencantar a
educação do futuro. Usando exemplos da história da arte, este artigo
fundamenta-se na religação dos conhecimentos culturais e nos
pressupostos do pensamento complexo.
Palavras-chave: arte; ciência; complexidade.
Abstract
Art and science as complementary ways to re-enchant the education
of the future. Using examples from history of art, this article is based
on the reconnection of cultural knowledges and on the assumptions
of complex thinking.
Keywords: art; science; complexity.
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Arte-ciência, religação indispensável para o século XXI
desse Livreiro, que acumula e religa saberes sem saber ao certo o que
fazer com eles, como operacionalizá-los. Precisamos de muitas cortinas
para nos defendermos dos malefícios da fragmentação e da barbárie do
pensamento.
Ilya Prigogine, prêmio nobel de química de 1977, debruçou-se
recentemente sobre René Magritte (1898-1967). Para Prigogine, Magritte
enfatiza sempre os mistérios da existência humana, insistindo que a obra
de arte os explicita e a ciência pretende apenas decifrá-los e analisá-los.
Se a história humana possui sempre um caráter não determinista, porque
imersa no caos da vida, devemos sempre privilegiar as experiências da
criatividade, esse algo mais que resiste aos comandos da razão fechada
e às regulações das experiências da repetição, prosaicas, equilibradas
demais. O quadro A arte de viver expressa exatamente isso: a luminosidade
da criatividade e a singeleza da repetição. Debatemo-nos, nem sempre
com sucesso, entre essas duas dimensões existenciais e irreversíveis,
pulsões constitutivas do ser-no-mundo, como se a ordem nascesse
sempre da desordem, a reorganização do caos, a vida da morte e assim
sucessivamente.
Fernando Diniz (1918-1999) foi preso e levado para o manicômio
judiciário, em 1946, porque, segundo dizem, andava nu pelas areias de
Copacabana. Em 1949, foi internado no Centro Psiquiátrico D. Pedro II
de onde não saiu nunca mais. Iniciou-se nos ateliês de artes coordenados
por Nise da Silveira. Desdenhada pelo dispositivo psiquiátrico cartesiano,
a doutora percebeu que de seus clientes poderia brotar uma criatividade
sem precedentes.
Com cães e gatos atuando como co-terapeutas, selas abertas,
minimização medicamentosa, produziu algo novo no campo da arte, do
conhecimento, do imaginário. A Doutora Nise, como era carinhosamente
chamada, sabia muito bem que seus gatos e cachorros sofreriam muito
nos frios corredores do hospital Pedro II, localizado no subúrbio do
Engendo de Dentro. Foram envenenados, nunca se soube exatamente
por quem. Talvez por isso, até os dias finais de sua vida em 1999, Nise
manteve alguns deles como fiéis companheiros em seu apartamento no
bairro do Flamengo, rua Marquês de Abrantes, Rio de Janeiro, local em
que realizava as famosas reuniões das quintas-feiras.
Foi presa pela ditadura de Getúlio Vargas em 1936. Tornou-se
musa de Graciliano Ramos e aparece grandiosa em diversas passagens
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