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Ensino de Língua Portuguesa: os

Processos Fonológicos e seu Reflexo


na Ortografia
Siane Gois

(antes de começar, passar o vídeo


https://www.instagram.com/reel/CxyleoRoI-N/?
igshid=YzE4YTliZjNlMA%3D%3D
Eu sou contra a redução da maioridade penal porque muito
jovem pensa só porque é de meno pode assalta, mata e etc. Eles faz
isso sabendo que não vai da em nada porisso que eu tou aqui
protestando contra isso a redução da lei.
Quem mata, rouba tem que paga com os erro do mesmo jeito
que um adulto, senho de idade a pena tem que ser ingual a dos outro
que ninguem é diferente ser uma pessoa adulta mata pega 3 anos de
prisão ai vai um adolescente mata um cara e pega 1 ano de prisão
porque não tem 18 anos de idade isto é muito errado.
As leis do Brasil tem que munda muito porque se não os jovens
vão coloca o terro no Brasil e eu sou contra isso um adolescente mate
tem que paga por os crime ingual os outro.
Características do sistema gráfico do português (FARACO
2012, p. 121/122)
• A necessidade de o professor de todos os níveis conhecer a
organização do sistema gráfico.
• LP: representação gráfica alfabética (unidades gráficas x unidades
sonoras) de memória etimológica.
• Princípio geral da escrita alfabética: cada fonema representa um
grafema e vice-versa.
• A ME faz com que o sistema gráfico relativize o princípio geral da EA,
introduzindo as representações arbitrárias. Entram em cena as
estratégias de memorização.
• Ex: horribilis-horribel-horrível
Características do sistema gráfico do português (FARACO, 2012, p.
123)
• O sistema gráfico é relativamente neutro em relação à pronúncia:
(…só porque é de meno pode assalta, mata e etc)
• A grafia não representa diretamente a pronúncia.
(…porisso que eu tou aqui protestando contra isso a redução da lei)
• Quando a grafia mantém constante a relação fonema/letra, é neutra
em relação à pronúncia.
Ex: “trote”: [‘tɾɔti] [‘tɾɔʧi]
“tipo”: [‘ʧipʊ] [‘tipʊ]
• A neutralidade permite uma base segura de comunicação entre os
falantes.
• As mudanças na pronúncia e o grau de neutralidade da grafia:
As formas de pronunciar a lígua mudam com o tempo e a grafia
permanece constante

ɫ Lateral alveolar vozeada Sal [‘saɫ] Ocorre em final de sílaba em alguns dialetos (ou
ou velarizada Salta [‘saɫta] idioletos) do português brasileiro, podendo ocorrer
w [‘saw] com articulação alveolar ou dental. Pode ocorrer a
[‘sawta] vocalização da lateral em posição final de sílaba e
neste caso um segmento com as características
articulatórias de uma vogal do tipo [u] que é
transcrito como [w]. (SILVA 2007) Ex: “bousas”
Casos em que as mudanças afetam algumas variantes
(FARACO, 2012, p. 126)
• Pronúncia do encontro consonantal /cons+l/. Substuição
do /l/ pelo /r/:
• [‘glo.bʊ] por [‘gɾo.bʊ], [‘kla.ɾʊ] por [‘kɾa.ɾʊ]
• Para esses falantes, a opção por “l” ou “r” é arbitrária, se
assemelha ao probema que afeta a grafia de [w] e exige
precimentos didáticos específicos.
Os Processos Fonológicos

• Mudança na estrutura fonética de uma palavra, ocasionada por


acréscimo (ingual), remoção (meno) ou deslocamento dos sons que a
compõem (BAGNO, 2011).

• Perspectiva diacrônica (metaplasmos) ou sincrônica.

“São inatos, naturais e universais […] atuam na facilitação da


realização de um dado grupo de sons. […] seu estudo é relevante
pra compreender diferentes aspectos da língua como mudanças
da língua (estudo diacrônico), variações fonéticas (importantes
em estudos sociolinguísticos diversos) e questões de aquisição)”
(ROBERTO, 2016, p. 117)
• Em língua portuguesa, podem ser divididos em
quatro grupos (BISOL, 2005; SILVA, 1999):

• 1. Processos de apagamento (ou supressão);


• 2. Processos de adição;
• 3. Processos de transposição;
• 4. Processos de substituição (ou transformação)
Processos de apagamento (ou supressão)

• Apagamento de consoante, vogal ou glide ou mesmo de uma sílaba


inteira. Silva (2011) lista diversos tipos:

a) aférese: é o apagamento de segmento inicial de palavra. Para


Mattoso Câmara Jr (2009, p. 49), “Na língua Portuguesa, há tendência à
aférese da vogal inicial que constitui sílaba simples, por causa da força
expiratória que se dá à consoante que começa a sílaba seguinte”.
•arrancar – rancar obrigado - brigado
•aguentar - guentar
Processos de apagamento (ou supressão)
b) síncope: consiste no apagamento de segmento medial:

•Monotongação (supressão de glide)


•manteiga - mantega caixa – caxa baixa – baxa

2. Na fala coloquial, transformação de proparoxítonas em paroxítonas:


Chácara – [´∫akɾa] Abóbora – [a´bᴐbɾa]
Xícara – [´∫ikɾa] Fósforo – [´fᴐsfɾu]

(Exemplos de Paula Mendes Costa)


Síncope: Cheroso
Síncope: ropa
Processos de apagamento (ou supressão)

c) apócope: apagamento de um fonema em fim de vocábulo:


•Meno – menor
•Assalta – assaltar
•Paga- pagar
•Senho – senhor
•Lápis - lápi
apócope – apagamento de segmento final de vocábulo: luga
Processos de apagamento (ou supressão)

d) Crase: fusão de duas vogais iguais numa só: pede-pee-pé; colore-


coor-cor; nudu-nuu-nu. É um recurso para a eliminação do hiato. Com a
síncope de muitas consoantes intervocálicas, surgiram hiatos que, mais
adiante, foram eliminados por meio da crase. (BAGNO, 2013, p.
296/297)

e) Sinalefa (ou elisão): “É a supressão oral e gráfica da vogal átona final


de um vocábulo, quando o segundo, no mesmo grupo de força, começa
por vogal. É, pois, um caso de sândi por juntura externa.” (CÂMARA JR,
2009, p. 129): outra+hora= outrora. Fenômeno extremamento comum
na fala corrente: Pedr’ é um car’ alegr’ e generoso (BAGNO, 2013, p
297).
Processos de adição (ou acréscimo)
Nesse fenômeno, podem ocorrer acréscimos de consoantes, de vogais
e de glides

a) prótese:
prótese adição de segmento inicial
•voar - avoar
•lembrar – alembrar
•levantar - alevantar
b) epêntese:
epêntese adição de segmento medial
(Lat: obstaculum/corruptio/obvius)
Epêntese: Fais - adição de um segmento medial. . “ Em muitas
variedades do PB, ocorre uma ditongação das vogais átonas finais
quando seguidas de [s].” ( BGNO, 2012, p.317)
Processos de adição (ou acréscimo)

• os verbos terminados em “ear” (passear, barbear, homenagear,


pleitear, manusear, etc.) recebem “i” em algumas formas do
presente (exemplo de Paula Costa):
Eu passeio
Tu passeias
Ele passeia
Nós passeamos
Vós passeais
Eles passeiam

c) paragoge: adição de segmento final: internet/internete


(aportuguesamento de palavras estrangeiras)
Processos de transposição
• Podem ocorrer por deslocamento de um segmento sonoro ou do
acento tônico:

a)Metátese: é a transposição de um segmento sonoro para outra


posição na sílaba , ou de uma sílaba para outra posição na palavra:
Dentro / drento
Primário / primairo
Caderneta / cardeneta)
Lagarto /largato
Iogurte / iorgute
Processos de transposição
b) Hiperbalismo: Transposição do acento tônico para a sílaba
precedente ou para a sílaba seguinte

•nesse ínterim – nesse interím (variação na fala)


•xerox (dic) – xérox (formas paralelas)
•rubrica - rúbrica (pronúncia)
•Nobel – nóbel
Processos de substituição (ou transformação)

• São todas alteração sofridas por fone ou fonemas:

a) Assimilação
Um dado segmento sofre influência do segmento vizinho:
•/s, z/: diante de fonemas sonoros e surdos. Ex. rasga, casca

•Diante de uma vogal, a vibrante vira tepe. Ex. super amigo, por isso
Processos de substituição (ou transformação)

b) Palatalização: O som de um segmento se torna palatal ou parecido


com ele (alveopalatal). Ex.: pasta – [ˈpaʃta]. O latim não tinha, cf. Bagno
(2012), consoantes palatais (ɲ, ʎ). As que existem nas línguas românicas
(família indoreupéia derivada do latim) são resultantes dessas
transformações.

c) Africativização: O som torna-se africado. Ex.: a oclusiva alveolar [t, d]


para torna-se africada [t∫, dʒ] (tia, dia, oito, muito).

d) Retroflexão: O som torna-se retroflexo. Ex. porta

e) Sonorização (ou abrandamento) Som originalmente surdo que se


torna sonoro. Ex.: [s] em final de sílaba e diante de fonema sonoro
As ovelhas [azo’veʎaʃ]
Mesmo [‘meʒmu] ou [ˈmezmu]
Processos de substituição (ou transformação)

g) juntura intervocabular ou sândi: é a modificação de um segmento


sonoro por influência de um som vizinho na cadeia da fala. Ocorre em
fronteira de duas palavras:
(i) rapaz [haˈpaʃ] [há‘pais]
(ii) rapaz alegre [raˈpazaˈlɛgre]: junto da vogal, [s] se torna [z].
Oso homem: sândi, fenômeno que consiste na modificação de
um segmento sonoro por influência de um som vizinho na cadeia
falada. “O artigo os apresenta, em sua forma básica um[s] final,
mas quando combinado, na sintaxe, com vocábulo iniciado por
vogal ou consoante sonora esse [s] se transforma em [z], os
amores [uza’moris]” (BAGNO, 2012, p.300)
Processos de substituição (ou transformação)

• h) labialização: “A consoante que apresenta a propriedade


secundária da labialização é seguida de uma vogal que e produzida
com o arredondamento dos lábios: só, bolo, rum, som” (SILVA, 2007,
p. 35)

• i) alçamento: elevação da propriedade de altura da língua das vogais


médias-altas [e] e [o], que se realizaram como vogais altas [i] e [u].
Ocorre em posição postônica final: [‘lɔti] [‘bolʊ]
• Em posição pretônica: bonito [bu’nitʊ] perigo [pi’ɾigʊ] – Harmonia
vocálica
Cheiu: “ as postônicas finais i e u das palavras latinas passaram
respectivamente a e e o: vivi >vive; lupu > lobo. No período clássico do
português(séc XV-XVI), elas sofreram alçamento e passaram a ser
pronunciadas [i] e [u], pronúncia que é a normal do português
brasileiro”. (BAGNO, 2012, p.303)
Processos de substituição

j) yeísmo ou iotização: Quando um fonema é substituído por [i]


telha [‘teiə]
Velho [‘vɛiʊ]
relho [‘reiʊ]

k) rotacismo: realização fonética de um som rótico em substituição de


um som lateral ou vice-versa.
voltar [vɔh’ta]
Blusa [‘bɾuzə]
Cláudia [‘kɾaudiə]
preno: substituição. Rotacismo – troca do [l] por [ɾ]. “
Fenômenos de rotacismo, que ocorreram na fase mais antiga da
língua, são extremamente regulares na fala de milhões de
brasileiros.” (BAGNO, 2012, p.330) Ex. blanck (germânico) >
branco
l) Nasalização: Transformação de um segmento oral em nasal.

Inlegalmente: nasalização - transformação de um segmento


oral em nasal. “A vogal mais alta anterior é o [i], e sua
proximidade do palato vai ser responsável por uma série de
fenômenos de mudanças fonéticas.” (BAGNO, 2013, p.293)

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