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A U L A 6
P R O FA . D R A . B R U N A M I L A N O
VOGAIS POSTÔNICAS ORAIS
• A vogais postônicas orais são agrupadas em “vogais postônicas finais” e “vogais
postônicas mediais”.
• A distribuição destas vogais caracteriza variação dialetal (ou mesmo idioletal) no
português brasileiro.
VOGAIS POSTÔNICAS FINAIS
• Em posição postônica final o segmento vocálico oral corresponde morfologicamente
ao sufixo de gênero em substantivos e adjetivos e à vogal temática em verbos.
• O sufixo de gênero e a vogal temática são ortograficamente representados por i,e,a,o
(“júri, jure, gota, mato”, “(ele) come, (ela) fala, (eu) como”).
• A pronúncia de i,e,a,o postônico final depende de variação dialetal (ou idioletal).
• Para a maioria dos falantes do PB as vogais postônicas finais são distintas das vogais
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• Na grande maioria dos dialetos do português brasileiro a vogal postônica final das
palavras “júri” e “jure” será idêntica.
• Apenas em alguns poucos dialetos (ou mesmo idioletos) as vogais [e] e [o] ocorrem
em posição postônica final em palavras como “jure” e “mato”.
VOGAIS POSTÔNICAS MEDIAIS
• Vogais postônicas mediais ocorrem entre a vogal tônica e a vogal átona final em
palavras proparoxítonas (“ót[i]mo”).
• Há grande variação de pronúncia de vogais postônicas mediais no PB.
• Em estilo formal temos para a grande maioria dos dialetos do PB as vogais [i,e,a,o,u]
ocorrendo em posição postônica medial.
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R E S P O STA S
• Na grande maioria dos dialetos do PB as vogais postônicas mediais que ocorrem em estilo
formal como [i,a,u] são reduzidas respectivamente a [ɪ,ə,ʊ] em estilo informal.
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• As vogais postônicas mediais [o,ɔ] são reduzidas a [ʊ] na maioria dos dialetos do PB.
• Os exemplos da coluna da esquerda referem-se aos dialetos que apresentam cinco vogais
postônicas mediais - [i,e,a,o,u] - e os exemplos da coluna da direita referem-se aos dialetos
que apresentam sete vogais postônicas mediais - [i,e,ɛ,a,ɔ,o,u].
• Quanto às vogais postônicas mediais [e,ɛ], podemos dizer que este grupo apresenta a
maior variação fonética dentre as vogais postônicas mediais.
• Em alguns casos, o “e ortográfico postônico medial” pode reduzir-se a [ɪ]: “hipó[tʃɪ]se,
almôn[dʒɪ]ga” em que a palatalização do t/d demonstra a ocorrência da vogal alta anterior i.
• O “e ortográfico postônico medial” pode também se reduzir a zero. Neste caso temos
grupos consonantais anômalos ocorrendo em posição postônica: númro/número;
hipótze/hipótese.
• Em algumas palavras, a omissão da vogal postônica medial causa a omissão concomitante
da consoante que a segue: númo/nú- mero; câma/câmera.
• Temos também os casos em que o “e ortográfico postônico medial” pode se manifestar
como uma “vogal central alta não-arredondada” que transcreveremos por [ɨ]. Tal vogal
ocorre em posição postônica medial no PB, em fala informal, em palavras como “número,
cérebro, tráfego”.
• No PE esta vogal corresponde ao e ortográfico que pode ser opcionalmente omitido:
[ˈnumrʊ] ~ [ˈnumɨrʊ] “número” ; [ˈpzaɾ] ~ [pɨˈzaɾ] “pesar".
VOGAIS NASAIS
• Vogais nasais são produzidas com o abaixamento do véu palatino permitindo que o ar
penetre na cavidade nasal.
• O abaixamento do véu palatino altera a configuração da cavidade bucal e portanto a
qualidade vocálica das vogais é diferente da qualidade vocálica das vogais orais
correspondentes.
• Contudo, a diferença de qualidade vocálica das vogais orais e das vogais nasais
correspondentes é pequena e adotamos os mesmos símbolos utilizados para
representar as vogais orais para também representar as vogais nasais.
• Um til colocado acima da vogal marca a nasalidade.
*As línguas naturais não fazem diferenciação entre vogais nasais médias-altas e
médias-baixas. Isto significa que [ẽ] e [ɛ]̃ são equivalentes. O mesmo é válido
para [õ] e [ɔ̃].
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• Transcreva as palavras abaixo:
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• Respostas:
• Nota-se que as vogais nasais ocorrem em final de palavra em posição tônica - como em
“l[ã]” ou em posição postônica - como em “ím[ã]”.
• Podem também ocorrer em meio de palavra em posição tônica - como em “s[ã]nto” - ou
em posição pretônica - como em “c[ã]ntora”.
• Nestes casos uma vogal nasal ocorre obrigatoriamente em qualquer dialeto do português.
• Denominamos tais casos de nasalização.
• Note que a não articulação da vogal nasal causa diferença de significado: “lá/lã;
mito/minto; cadeia/candeia”.
• Há um outro grupo de palavras em que a não articulação da vogal nasal marca a
variação dialetal e não causa diferença de significado: j[a]nela ou j[ã]nela “janela” ilustra
este caso que denominamos de nasalidade.
• A nasalidade de uma vogal ocorre quando uma vogal tipicamente oral é seguida por
uma das consoantes nasais: [m,n,ɲ] (e.g. as vogais seguidas de consoantes nasais nas
palavras “cama, cana, manha”).
• Variantes nordestinas parecem preferir a nasalidade. Variantes paulistas, por outro lado,
expressam uma falta de preferência no uso da nasalidade.
• A nasalidade é mais perceptível auditivamente com a vogal central baixa a.
• Com as vogais médias e,o e as vogais altas i,u às vezes é difícil identificar se a nasalidade
ocorre ou não.
• Relembramos que com a vogal a ocorre uma alteração significativa do trato vocal quando o
véu palatino abaixa-se para produzir uma vogal nasal.
• Com as vogais e,o,i,u a alteração do trato vocal não é significativa.
• Esta distinção articulatória faz com que a vogal a nasalizada seja mais perceptível
auditivamente.
• O fato da nasalidade não causar diferença de significado entre palavras (cf. j [a]nela ou
j[ã]nela “janela”) interfere na percepção destes segmentos pelos falantes.
• Casos de nasalização que causam diferença de significado são percebidos claramente pelos
falantes independente da vogal ser baixa, média ou alta (cf. “lá/lã”, “boba/bomba” ou em
“mito/minto”).
• Transcreva as palavras abaixo observando a nasalidade em seu idioleto.
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DITONGOS
PARTE 2
DITONGOS
• Sequência de segmentos vocálicos sendo que um dos segmentos é interpretado como vogal e o
outro é interpretado como um glide. A vogal no ditongo é aquele segmento que tem proeminência
acentual em oposição ao glide.
• Em um ditongo, a vogal e o glide são pronunciados na mesma sílaba - como em [ˈpaʊ̯] “pau” –
sendo que a vogal representa o núcleo ou pico da sílaba.
• O glide que ocorre na parte inicial de um ditongo crescente pode começar em [ɪ] ou [ʊ]. Ditongos
crescentes em português são sempre orais.
o seguinte conjunto de ditongos crescentes que se iniciam em [ɪ]: [ɪ̯i, ɪ̯e, ɪ̯a, ɪ̯o].
• Os falantes que possuem o conjunto de vogais orais postônicas finais [ɪ,ə,ʊ] apresentam o
seguinte conjunto de ditongos crescentes que se iniciam em [ɪ]: [ɪ̯ɪ, ɪ̯ə, ɪ̯ʊ].
• As sequências segmentais [ɪ̯ɪ] são geralmente reduzidas a [ɪ]: [ˈkaɾɪ] “cárie” ou [ˈsɛɾɪ]
“série”.
• O ditongo crescente pretônico [ɪ̯o] sempre ocorre em formas com o infixo “-ion”.
• Temos por exemplo a alternância entre uma sequência de glide-vogal - [ɪ̯o] - e uma
[i,e,a,o]
• Os falantes que possuem o conjunto de vogais orais postônicas finais
apresentam os seguintes ditongos crescentes que iniciam em [ʊ]: [ʊ̯e, ʊ̯a, ʊ̯o]
• Alguns ditongos decrescentes podem ser reduzidos, como [aɪ̯] e [eɪ̯]. Nestes casos de
redução o glide não se manifesta foneticamente. Ex: “caixa” [ˈkaʃə] e “feira” [ˈfeɾə].
• A redução de ditongos se dá em substantivos, adjetivos e formas verbais (cf. “caixa, baixa, abaixar”
e “feira, faceira, cheirar”).
• O ditongo que potencialmente pode ser reduzido não pode estar em final de palavra: “sai”
*[ˈsa] e “sei” *[ˈse]. Há contudo casos em que a redução não se aplica: “gaita” *[ˈgatə]
e “seita” *[ˈsetə].
• Ditongos decrescentes orais com término em [ʊ]:
• [aʊ̯] : mau, saudade
• [eʊ̯] : judeu, eu
• [ɛʊ̯] : réu, bedéu 51
• A sequência [ɔw] somente ocorre em casos de vocalização do “l” (cf. “sol, anzol, volta, Olga”, etc.).
• [oʊ̯] pode ser reduzido a [o]: “couro” [ˈkoɾʊ]. Esta redução se dá na maioria dos substantivos e adjetivos,
exceto quando [oʊ̯] ocorre em final de palavra (cf. “Moscou).
• Em formas verbais, a redução se dá em meio de palavra e em final de palavra: “dourar” [doˈɾah] e “sou”
[ˈso].
• Ditongos decrescentes nasais com término em [ɪ] e [ʊ]:
• Os ditongos nasais em português são sempre decrescentes e constituem portanto uma sequência
de [vogal nasal-glide].
• [ãɪ̯] : mãe, câimbra
• [õɪ̯] : põe, lições
• [ũɪ̯] : muito, ruim 52
• Os ditongos decrescentes podem ser nasalizados quando ocorrem seguidos de consoante nasal: “Ror[ãɪ̯]ma,
p[ãɪ̯]neira” (a consoante nasal palatal ɲ] ou o glide palatal nasal correspondente [ỹ] não ocorrem em
português após um ditongo decrescente: *[aɪ̯ɲ] (cf. “rainha, bainha”).
• A pronúncia nasalizada dos ditongos decrescentes seguidos de consoantes nasais em palavras como
“Ror[ãɪ̯]ma, p[ãɪ̯]neira” é típica da região de Belo Horizonte (MG).
• Já em Boa Vista (RR), os ditongos decrescentes seguidos de consoantes nasais manifestam-se foneticamente
como uma sequência de vogal-glide orais: “Ror[aɪ̯]ma, p[aɪ̯]neira”.
• Quando o ditongo decrescente seguido de consoante nasal termina em [ʊ] a nasalização não ocorre em
nenhum dialeto: *tr[ãʊ̯]ma e *s[ãʊ̯]na.