O documento discute as dimensões interna e externa da variação linguística. A dimensão interna inclui variação a níveis lexicais, fonológicos, morfológicos e sintáticos. A dimensão externa analisa como fatores sociais como idade, etnia e ocupação influenciam a variação. O documento também resume o estudo pioneiro de Labov que mostrou como esses fatores condicionam a variação linguística.
O documento discute as dimensões interna e externa da variação linguística. A dimensão interna inclui variação a níveis lexicais, fonológicos, morfológicos e sintáticos. A dimensão externa analisa como fatores sociais como idade, etnia e ocupação influenciam a variação. O documento também resume o estudo pioneiro de Labov que mostrou como esses fatores condicionam a variação linguística.
O documento discute as dimensões interna e externa da variação linguística. A dimensão interna inclui variação a níveis lexicais, fonológicos, morfológicos e sintáticos. A dimensão externa analisa como fatores sociais como idade, etnia e ocupação influenciam a variação. O documento também resume o estudo pioneiro de Labov que mostrou como esses fatores condicionam a variação linguística.
Unidade B As dimensões interna e externa da variação linguística
Dimensão interna: níveis de variação linguística
[...]nós e a gente[...] essas variantes são alternativas de se dizer a mesma coisa, que oferecem a mesma informação referencial; (p. 47) todos os falantes têm a habilidade de interpretar as duas formas e entender o significado da escolha de uma forma em vez de outra. Foi no campo da fonética/fonologia que os estudos variacionistas começaram na década de 60, com os trabalhos de Labov (p.48) que há dois requisitos para que as formas linguísticas sejam consideradas variantes de uma mesma variável: (i) devem ter o mesmo significado e (ii) devem ser intercambiáveis no mesmo contexto.
3.2 A variação interna
3.2.1 Variação lexical Os exemplos que costumam vir primeiro a mente dizem respeito ao vocabulário (léxico), quase sempre associados a variação regional ou diatópica; (p. 52) Outras variações no nível lexical: Campo da alimentação: abobora, jerimum; bergamota (ou vergamota), tangerina, laranja-cravo, mimosa; mandioca, aipim, macaxeira; Outros campos: banheiro, toalete, w.c, coisa, troço, trem, estojo, penal os lexicais estão intimamente ligados a fatores extralinguísticos, de caráter cultural, sobretudo etnográficos e históricos;
3.2.2 Variação fonológica
Troca do fonema /l/ pelo /r/ nas palavras ‘filme’ e ‘Sílvio’, constituindo-se um caso de variação fonológica. Esse fenômeno [...] se chama rotacismo; (p.53) Troca de <lh> por <i>. Fenômeno chamado de despalatalização, (<lh> passa para <l>: palha > palia), seguida de iotacismo (evolução de um som para a vogal /i/, ou para a semivogal correspondente: palia > paia; (p.54) Existe uma aproximação entre os pontos de articulação da palatal /./ e da semivogal /y/, o que justifica linguisticamente essa variação; Ainda no âmbito da variação fonológica, encontramos: Síncope, Monotongação, Alçamento das vogais médias, Epêntese vocálica, Vocalização, Desnasalização, Palatalização e assimilação; (p. 55-56)
3.2.3 Variação morfofonológica, morfológica e morfossintática
Morfema: unidade mínima significativa; (p. 58) Variação morfológica aquela alteração que ocorre num morfema da palavra; Cantano (por ‘cantando’), correno (por ‘correndo’), sorrino (por ‘sorrindo) [...], esse morfema sofre uma redução para –no, com a queda do fonema /d/; Andá (por ‘andar’), supressão de –r, marca de infinitivo nos verbos. Trata-se, pois, de um morfema verbal; Já em revolve (por ‘revólver’), por exemplo, a queda do –r é um fato apenas fonológico, pois –r não é um morfema e sim parte do radical da palavra; tu anda (por tu ‘andas’) não-realização de –s é uma alternância morfêmica, representa a segunda pessoa do discurso nos três verbos. Apenas o fonema deixou de ser pronunciado. queda do–s é apenas fonológica. (p.59) variação parece atingir um morfema e depois um fonema ou um fonema e depois um morfema. Quando está só no âmbito do fonema temos uma variação fonológica. Quando vai para o âmbito do morfema temos uma variação morfofonológica, uma vez que os morfemas que caem são também fonemas; Morfossintaxe- referência à segunda pessoa do singular em tu anda e a referência à terceira pessoa do plural em eles anda é dada na relação que se estabelece entre pronome e verbo. As menina bonita (por ‘As meninas bonitas’)? variação no campo da morfossintaxe. Variação na concordância nominal e verbal mostram um mesmo condicionamento linguístico: oposições mais salientes fonicamente entre singular/plural, por serem mais perceptíveis, aumentam a probabilidade de concordância nominal ou verbal; (p.60) Mais salientes como os anéis/os anel; Menos salientes como os meninos/os menino; 3.2.4 Variação sintática A variação na sintaxe, aqui no Brasil, tem sido estudada, em geral, com a adoção de um outro quadro teórico [...] para explicar as hipóteses internas à língua: ou de base gerativista ou de base funcionalista. (p.61) Variação sintática: Construções relativas, Preenchimento do sujeito anafórico, Posição do clítico, Construções passivas versus índice de indeterminação do sujeito; (p.62) Três construções ilustradas anteriormente estão em variação no PB e são condicionadas principalmente por fatores extralinguísticos; Entrada de dois pronomes na língua: o você e o a gente [...] identificação da pessoa do discurso se dá, nesses casos, pela presença do pronome-sujeito, já que a desinência número-pessoal do verbo é zero; (p.63) Próclise (Eu o vi no cinema) é o padrão do PB, especialmente quando o sujeito está anteposto ao verbo (seja ele nominal ou pronominal), e não a ênclise (Eu vi- o no cinema; Mesmo em situações formais o padrão de uso mais frequente é o da não- concordância entre verbo e sintagma nominal; É como se, com o tempo a ideia de que existe uma sentença passiva sintética no português tivesse ficado obsoleta. (p.64) Alugam-se casas e Aluga-se casas (exemplificadas anteriormente), o sintagma nominal casas não deve ser considerado o sujeito das sentenças e por isso não precisaria concordar com o verbo. As duas sentenças são ativas, com sujeitos indeterminados.
3.2.5 Variação e discurso
Na função de encadear trechos discursivos, ou seja, desempenhando o papel de conectores, tanto na fala como na escrita. (p.65) Itens e, aí, daí e então na função de ‘coordenação em relação de continuidade e consonância’, estabelecendo uma relação coesiva entre uma informação precedente e outra subsequente; Função/significação, eles são intercambiáveis [...] variantes que constituem uma mesma variável linguística [...] se vistos isoladamente, dificilmente diríamos que seriam variantes; (p.66) Seria feita a seguinte classificação e =conjunção coordenativa; aí, daí = advérbio de lugar; então = advérbio de tempo. Isso mostra o quanto é importante se considerar o contexto real de ocorrência dos dados que queremos analisar; Expressões de caráter discursivo como ‘mas bah!’, ‘pô, cara, aí...’, ‘orra meu!’, ‘pronto’, que são facilmente associadas a falantes gaúchos, cariocas, paulistas e nordestinos, respectivamente, constituindo-se em variantes regionais. (p.68)
A dimensão externa da variação linguística
essa classificação por tipos não quer dizer que eles ocorram separadamente, e nem que sejam independentes da dimensão interna da variação. (p.71) Na dimensão externa da variação, estudamos os fatores extralinguística [...] encontram-se fora da estrutura da língua; 4.1 Breve retrospectiva fatores extralinguísticos foram o alvo do estudo pioneiro de Labov, realizado na ilha de Martha’s Vineyard, Massachusetts, em 1962; Labov foi, então, em busca de explicações para a variação fonética que observou; (p.72) procurou dados dos ditongos /ay/ e /aw/ em diferentes situações: na fala casual, através da observação da interação entre falantes na rua, em bares etc; na fala com acento emocional [...] fala cuidada [...] leitura- ler uma história em voz alta; Labov controlou, também, a ocupação dos informantes; considerou, além dos fatores sociais, os seguintes fatores linguísticos: ambiente fonético, fatores prosódicos, influência estilística, considerações lexicais; (p.73) centralização dos ditongos/ay/ e /aw/ estava atrelada à estratificação social dos informantes, muito mais do que aos fatores linguísticos; fator ‘idade’- faixa etária que mais favoreceu a centralização dos ditongos /ay/ e /aw/ foi a dos 31 aos 45 anos; fator ‘etnia’, foram os descendentes de ingleses que se destacaram; prática da pesca, uma atividade tradicional, vinha decaindo e a atividade turística crescendo, invadindo a ilha não só espacialmente como também culturalmente; (p. 74) de um lado- preservar sua cultura e identidade, reagiram negativamente à atividade turística. Do outro, aqueles que reagiram positivamente ou não se importaram com as mudanças, buscando integração com a nova atividade econômica e com as diferenças culturais trazidas por ela; contribuição desse estudo foi mostrar a grande influência que os fatores condicionadores extralinguísticos podem ter sobre a língua; 4.2.1 Variação regional ou diatópica