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Flexão nominal

Matoso Câmara (2019) diversos conceitos relacionados a flexão nominal, de gênero e de


número. Para ele, existem dois tipos de flexão: a interna (quando a ocorrência de morfes é
realizada alternadamente) e a externa (na qual as categorias gramaticais são indiciadas por
meio de sufixos que recebem o nome de desinências.

Os verbos apresentam duas flexões: a desinência modo-temporal e a desinência número-


pessoal, mas ainda é encontrado diversas outras já que o paradigma verbal engloba diversos
tempos e modos. Em contra partida, os nomes (substantivos e adjetivos) e pronomes
apresentam no máximo quatro desinências: as de gênero (masculino e feminino) e as de
número (singular e plural). Vale ressaltar que nem todo nome ou pronome possui essas quatro
subcategorias, existe sempre uma que se sobrepõe a outra.

As oposições também se fazem presentes na estrutura da língua, sendo elas, a privativa


(quando uma determinada marca se opõe à ausência de marca numa forma correspondente) e
a equipolente (ocorre entre formas que apresentam marcas distintas, sem que nenhuma delas
esteja ausente).

Fica estabelecido que o paradigma flexional é designado por oposições de desinência. A


forma feminina é caracterizada por um a, que contrasta com a ausência de desinência no
masculino. O plural é marcado por um s, que não está presente no singular.

A marca de flexão é sempre uma desinência, para os nomes, só é possível observar a de


gênero e número. O grau (aumentativo e diminutivo) é formado a partir de processos
inteiramente diversos, sendo assim, não pode ser compreendido como flexão.

O comparativo pode ser determinante de igualdade, de inferioridade e de superioridade, o


superlativo se obtém por meio de morfes derivacionais, mas outros recursos podem ser
empregados, criando diversas possibilidades de formação: repetição do adjetivo; uso de
formas aumentativas; uso de formas diminutivas; empregos de morfemas; breves
comparações; expressões idiomáticas.

A superlativização do adjetivo não obedece a nenhum vínculo de concordância com o


substantivo, o grau ocorre para o adjetivo. O aumentativo e o diminutivo também não causam
interferência no processo de concordância.

Câmara Jr, (1971:50) faz um comentário a respeito disso, segundo ele há um equívoco na
gramática, dificultando o trabalho dos gramáticos quem falam em flexão de grau possuem
dificuldades para classificar com advérbio como palavra variável ou invariável, já que, tal
como o adjetivo, ele possui os graus comparativos e superlativo.

Flexão de gênero

O feminino apresenta uma regra unicamente sua: a adjunção da desinência a com a supressão
da vogal temática, se esta estiver presente no masculino: autor + a= autora.

Existem casos mais complexos, como fica evidente nos nomes em ão, se ele for determinado
concretamente em ão no singular possui a forma teórica em õe (tirada do plural), podem
ocorrer pelo menos duas possiblidades para a formação do feminino: a) desnasalização após a
queda da vogal temática e b) desenvolvimento de uma consoante nasal /n/ antes do acréscimo
da desinência, quando ão for um sufixo aumentativo.

Se o nome for terminado em ão no singular não faz o plural em ões, a formação do feminino
pode ser interpretada de duas formas: a) após a adjunção da desinência, perca da vogal
temática e consequente elisão do a desinencial; b) simples supressão da vogal temática, sendo
o feminino marcado por um morfema subtrativo.

Existem substantivos masculinos que não possuem formas femininas correspondentes em


termos morfológicos, a esse fenômeno é dado o nome de gênero heteronímico. Mulher não é a
forma feminina de homem; é apenas uma palavra privativamente feminina que supre a falta da
flexão de homem.

Os substantivos como vítima, cadáver, tribo e sentinela não são consideradas morficamente
como masculinos ou femininos, isso ocorre porque lhes falta o traço desinencial constrativo.

Flexão de número

A flexão de número apresenta caráter simples, é necessário que se faça o acréscimo do s (que
é a marca privativa do plural) ao singular: menino + s = meninos.

Existem casos especiais que fogem a esta regra, se o nome termina por uma consoante i, s, z,
ou r, pressupõe-se uma vogal teórica e, depois da qual se acrescentam a desinência: mal –
males +s +males. Se o nome terminado em s for anoxítono, não se reporá a vogal temática; o
plural será marcado apenas sintaticamente (cf. o lápis – os lápis).

Os que possuem forma teórica em le sofrem alterações morfofonêmicas depois da adjunção de


desinência: carnavele +s = carnavales – carnavaes – carnavais.
O nome e suas flexões

Nomes, substantivos e adjetivos

Do ponto de vista funcional, os nomes na língua portuguesa se dividem, em substantivos


(classes de palavras que nomeiam os seres, objetos, fenômenos, lugares, qualidades, ações,
dentre outros) e adjetivos (são palavras que caracterizam um ser (substantivo ou pronome),
conferindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado.) Dependendo do contexto
empregado na oração, alguns podem ser substantivos ou adjetivos, obtendo a função de
determinado ou determinante. No exemplo a seguir, poderemos observar estas qualificações:
“um marinheiro brasileiro é um marinheiro (substantivo) que apresenta nacionalidade
brasileira (qualidade expressa por um adjetivo), da mesma sorte que um brasileiro marinheiro
é compreendido como sendo um brasileiro (substantivo) que optou por adotar a profissão da
marinha (qualificação adjetiva).

Existe a ocorrência de muitos nomes que são fundamentalmente substantivos (homem, leão,
etc.) e outros que apresentam caráter adjetivos (belo, grande, etc.). Mesmo assim, a distinção
funcional não é plena: um homem leão é aquele que possui coragem de um leão e equivale a
um homem corajoso.

Podemos observar uma diferença formal entre substantivos e adjetivos, sendo distribuídos de
maneira quase que preferencialmente nos dois temas em -o e em -e, e os de tema -e não
apresentam flexão de feminino, em detrimento de um feminino em -a para os de tema em -o:
homem corajoso; mulher corajosa, homem grande; mulher grande.

Os nomes classificados como sendo essencialmente substantivos às vezes podem possuir uma
forma feminina em -a, mesmo quando são de tema em -e: mestre – mestra, ou atemáticos;
peru – peruana.

A flexão de gênero

Monteiro (2002) diz que “a flexão de gênero é exposta de uma maneira incoerente e confusa
nas gramáticas tradicionais do português.”, isso ocorre porque há uma incompreensão
semântica da sua natureza, que costuma ser associada intimamente ao sexo dos seres. Existem
duas considerações fundamentais acerca dessa discussão, a primeira é a de que o “o gênero
abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer se refiram a seres animais, providos
de sexo, quer designem apenas ‘coisas’, como casa, ponte, andaiá – femininos; ou palácio,
pente, sofá – masculinos”.
Partindo de uma observação semântica, o masculino é compreendido como uma forma geral,
não marcada, por outro lado, o feminino indica uma especialização qualquer “jarra é uma
espécie de ‘jarro’, barca um tipo especial de ‘barco’, como ursa é a fêmea do animal
chamado urso, e menina, uma mulher em crescimento na mesma idade dos seres humanos
denominados como ‘menino’”.

A segunda incoerência e confusão na descrição do gênero em português está em não se ter


feito a distinção imprescindível entre flexão de gênero e certos processos lexicais ou sintáticos
de indicar o sexo. Mulher não é o feminino de homem, a descrição exata é dizer que “o
substantivo mulher é sempre feminino, ao passo que outro substantivo, a ele semanticamente
relacionado, é sempre do gênero masculino. Existem substantivos privativamente masculinos,
e outros a eles semanticamente relacionados, privativamente femininos.

Sendo assim, Monteiro (2002) designa as divisões das gramáticas portuguesas a respeito do
que chamam de forma inadequada de flexão de gênero “inteiramente descabidas e
perturbadoras na exata descrição gramatical”.

A descrição do mecanismo do gênero nominal

Os alomorfes se distinguem da norma, constitui um desvio e aparece com menos frequência, e


são os seguintes:

1) O par opositivo avô - avó indica a distinção de gênero por uma alternância vocálica da
vogal tônica final do morfema lexical lô/-Iál.

2) As formas teóricas em loN/, o mais das vezes com o masculino concreto -ão, perdem o
travamento nasal ao acrescentar a desinência de feminino -a; ex.: bom I boN I - boa; leão ( I
leoN I) - leoa.

3) O sufixo derivacional aumentativo l oN I (no singular, concretamente -ão) transfere o


travamento nasal posvocálico I N I para a sílaba seguinte como consoante In/, antes de
acrescentar a desinência de feminino: valentão I valeNtoN ) - valentona.

4) Os radicais em l aN I com tema em -o suprimem a vogal do tema, no feminino: órfão -


órfã; irmão - irmã.

5) O sufixo derivacional -eu (e~ que o tema em -o se revela na vogal assilábica do ditongo)
suprime a vogal do tema e, em virtude do hiato -ea, desenvolve uma ditongação /é/l diante do
la/, o que é um fenômeno fonológico geral em português para /é/ tônico em hiato. Ao mesmo
tempo, há uma alternância entre timbre fechado e timbre aberto para a vogal tônica, no
masculino e no feminino, respectivamente: europeu - européia.

A descrição do gênero nominal, sugere algumas regras, muito diferentes das que confusa e
incoerentemente oferecem as nossas gramáticas.

Nomes de substantivos de gênero único.; ex.: (a) rosa, (a) flor, (a) triba, (a) juriti, (a)
planeta, (a) amor, (a) livro, (o) colibri.

Nomes de 2 gêneros sem flexão; ex.: (o,a) artista, (a,a) intérprete, (o,a) mártir.

Nomes de substantivos de 2 gêneros, com uma flexão redundante; ex.: (o) lobo, (a) loba; (o)
mestre, (a) mestra, (o) autor, (a) autora.

A flexão de número

Assim como a definição de Matoso Câmara (2019), o conceito significativo da flexão de


número é simples “trata-se da aposição entre um único indivíduo e mais de um indivíduo”

Uma situação especial é a dos coletivos, em que a forma singular envolve uma significação de
plural. “É uma peculiaridade da língua interpretar uma série de seres homogêneas como. uma
unidade superior, que, coma unidade, vem no singular.”

A oposição singular e plural, permeia todo o conjunto de nomes existentes na língua


portuguesa. Aplica-se aos “nomes das massas” ou “quantidades continuas” na qual não se tem
uma conceituação completa de indivíduos componentes, “como açúcar, farinha, ferro etc.”
Vale ressaltar que neste último caso, a questão da oposição é entre um única qualidade ou
mais de uma qualidade de substâncias designada: “açucares (vários tipos de açúcar: o
refinado, o grosso, o mascavo, etc.).

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