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Câmara Jr, (1971:50) faz um comentário a respeito disso, segundo ele há um equívoco na
gramática, dificultando o trabalho dos gramáticos quem falam em flexão de grau possuem
dificuldades para classificar com advérbio como palavra variável ou invariável, já que, tal
como o adjetivo, ele possui os graus comparativos e superlativo.
Flexão de gênero
O feminino apresenta uma regra unicamente sua: a adjunção da desinência a com a supressão
da vogal temática, se esta estiver presente no masculino: autor + a= autora.
Existem casos mais complexos, como fica evidente nos nomes em ão, se ele for determinado
concretamente em ão no singular possui a forma teórica em õe (tirada do plural), podem
ocorrer pelo menos duas possiblidades para a formação do feminino: a) desnasalização após a
queda da vogal temática e b) desenvolvimento de uma consoante nasal /n/ antes do acréscimo
da desinência, quando ão for um sufixo aumentativo.
Se o nome for terminado em ão no singular não faz o plural em ões, a formação do feminino
pode ser interpretada de duas formas: a) após a adjunção da desinência, perca da vogal
temática e consequente elisão do a desinencial; b) simples supressão da vogal temática, sendo
o feminino marcado por um morfema subtrativo.
Os substantivos como vítima, cadáver, tribo e sentinela não são consideradas morficamente
como masculinos ou femininos, isso ocorre porque lhes falta o traço desinencial constrativo.
Flexão de número
A flexão de número apresenta caráter simples, é necessário que se faça o acréscimo do s (que
é a marca privativa do plural) ao singular: menino + s = meninos.
Existem casos especiais que fogem a esta regra, se o nome termina por uma consoante i, s, z,
ou r, pressupõe-se uma vogal teórica e, depois da qual se acrescentam a desinência: mal –
males +s +males. Se o nome terminado em s for anoxítono, não se reporá a vogal temática; o
plural será marcado apenas sintaticamente (cf. o lápis – os lápis).
Existe a ocorrência de muitos nomes que são fundamentalmente substantivos (homem, leão,
etc.) e outros que apresentam caráter adjetivos (belo, grande, etc.). Mesmo assim, a distinção
funcional não é plena: um homem leão é aquele que possui coragem de um leão e equivale a
um homem corajoso.
Podemos observar uma diferença formal entre substantivos e adjetivos, sendo distribuídos de
maneira quase que preferencialmente nos dois temas em -o e em -e, e os de tema -e não
apresentam flexão de feminino, em detrimento de um feminino em -a para os de tema em -o:
homem corajoso; mulher corajosa, homem grande; mulher grande.
Os nomes classificados como sendo essencialmente substantivos às vezes podem possuir uma
forma feminina em -a, mesmo quando são de tema em -e: mestre – mestra, ou atemáticos;
peru – peruana.
A flexão de gênero
Monteiro (2002) diz que “a flexão de gênero é exposta de uma maneira incoerente e confusa
nas gramáticas tradicionais do português.”, isso ocorre porque há uma incompreensão
semântica da sua natureza, que costuma ser associada intimamente ao sexo dos seres. Existem
duas considerações fundamentais acerca dessa discussão, a primeira é a de que o “o gênero
abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer se refiram a seres animais, providos
de sexo, quer designem apenas ‘coisas’, como casa, ponte, andaiá – femininos; ou palácio,
pente, sofá – masculinos”.
Partindo de uma observação semântica, o masculino é compreendido como uma forma geral,
não marcada, por outro lado, o feminino indica uma especialização qualquer “jarra é uma
espécie de ‘jarro’, barca um tipo especial de ‘barco’, como ursa é a fêmea do animal
chamado urso, e menina, uma mulher em crescimento na mesma idade dos seres humanos
denominados como ‘menino’”.
Sendo assim, Monteiro (2002) designa as divisões das gramáticas portuguesas a respeito do
que chamam de forma inadequada de flexão de gênero “inteiramente descabidas e
perturbadoras na exata descrição gramatical”.
1) O par opositivo avô - avó indica a distinção de gênero por uma alternância vocálica da
vogal tônica final do morfema lexical lô/-Iál.
2) As formas teóricas em loN/, o mais das vezes com o masculino concreto -ão, perdem o
travamento nasal ao acrescentar a desinência de feminino -a; ex.: bom I boN I - boa; leão ( I
leoN I) - leoa.
5) O sufixo derivacional -eu (e~ que o tema em -o se revela na vogal assilábica do ditongo)
suprime a vogal do tema e, em virtude do hiato -ea, desenvolve uma ditongação /é/l diante do
la/, o que é um fenômeno fonológico geral em português para /é/ tônico em hiato. Ao mesmo
tempo, há uma alternância entre timbre fechado e timbre aberto para a vogal tônica, no
masculino e no feminino, respectivamente: europeu - européia.
A descrição do gênero nominal, sugere algumas regras, muito diferentes das que confusa e
incoerentemente oferecem as nossas gramáticas.
Nomes de substantivos de gênero único.; ex.: (a) rosa, (a) flor, (a) triba, (a) juriti, (a)
planeta, (a) amor, (a) livro, (o) colibri.
Nomes de 2 gêneros sem flexão; ex.: (o,a) artista, (a,a) intérprete, (o,a) mártir.
Nomes de substantivos de 2 gêneros, com uma flexão redundante; ex.: (o) lobo, (a) loba; (o)
mestre, (a) mestra, (o) autor, (a) autora.
A flexão de número
Uma situação especial é a dos coletivos, em que a forma singular envolve uma significação de
plural. “É uma peculiaridade da língua interpretar uma série de seres homogêneas como. uma
unidade superior, que, coma unidade, vem no singular.”