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Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Faculdade de letras – Pró-reitoria de Graduação


Disciplina: Fundamentos de Morfologia
Professor Fábio Bonfim Duarte – 1/2024
Questionário – Capítulo 2: Morfologia

Tendo em conta a leitura do Capítulo 2, intitulado Morfologia, responda ao que


se pede a seguir:

(1) Forneça a definição de morfema. Em seguida, explicite a distinção entre


morfema e morfe.

• Morfema é a menor unidade linguística que apresenta significado; parte


da construção de uma palavra, a qual possui sentido ou função. Já o
morfe é a concretização do morfema, ou seja, a estrutura que o
representa. Por exemplo, na palavra ¨fazer¨, ¨faz¨ é o radical enquanto
morfema, e morfe enquanto estrutura que representa o radical.

(2) Qual é a definição de morfema zero dada pela autora. Em seguida,


apresente os exemplos relevantes.

• Diferente do que esperamos de um morfema, o morfema zero se destaca


por não se realizar por meio de fonemas. Na realidade, ele se faz presente
em um conjunto vazio representado pelo símbolo Ø. Podemos provar isso
através do par singular e plural. Por exemplo, enquanto em ¨livros¨, ou
seja, ¨livro-s¨, -s é o morfema que representa o plural, em ¨livro¨, temos
¨livro-Ø ¨, em que Ø marca a presença do singular.

(3) Indique a etimologia do termo alomorfe. Em seguida, forneça exemplos


de alomorfes.

• Alomorfes são os morfemas que adquirem diferentes configurações


fonemáticas, porém possuindo a mesma função. Por exemplo, em alguns
casos nós temos ¨infeliz¨ e ¨incomum¨, em que ¨in¨ é o morfema de
negação, porém, também existe exemplos como ¨ilegítimo¨ e ¨irreal¨, onde
¨i¨ também é um morfema que indica negação. Ou seja, são dois morfes
diferentes para o mesmo significado. Assim, indicando o evento chamado
de alomorfia.

(4) Conceitue os termos formas presas, formas livres e formas


dependentes. Para cada item, apresente exemplos.

• Formas livres: são aquelas que quando isoladas são o suficiente para
criar um enunciado útil à comunicação.
→ Ex.: Infeliz.

¨Infeliz¨ é um vocábulo que, quando sozinho, transmite uma informação. Assim,


é classificado como forma livre.
• Formas presas: são aquelas que quando isoladas não são o suficiente
para criar um enunciado útil à comunicação.
→ Ex.: -In e –re.

Os prefixos -in e –re são formas presas pois não conseguem ser palavras
independentes.

• Formas dependentes: nelas incluem os artigos, preposições, algumas


conjunções, pronomes oblíquos átonos e os tônicos mim, si e ti. Ou seja,
não são livres porque sozinhas não constituem um enunciado, porém,
também não são presas, pois são separáveis como vocábulos formais.
Assim, elas fazem parte de intercalações e/ou inversões, relacionadas ao
vocábulo que que se relacionam sintaticamente.
→ Ex.: diga-me / não me diga / que me não diga

Me é uma forma dependente. É possível trocar sua posição na estrutura sintática,


porém essa troca está sempre relacionada a diga.

(5) O que se quer dizer com a noção de vocábulo? Apresente uma distinção
entre o conceito de vocábulo fonológico e vocábulo formal. Dê
exemplos.

• Vocábulo é uma unidade construída de morfemas. Se analisarmos


¨cavalo¨ e ¨cavá-lo¨, notamos a presença de um só vocábulo fonológico,
pois apenas pelo conjunto dos fonemas de cada uma, não é possível
diferenciá-las. Assim, o vocábulo fonológico é a maneira de pronunciar.
Se duas palavras possuem a mesma pronúncia, dizemos que elas
compartilham o mesmo vocábulo fonológico. Porém, ¨cavalo¨ possui
apenas um vocábulo formal, pois se constitui apenas de uma forma livre,
já ¨cavá-lo¨ possui duas formas dependentes, sendo elas ¨cavᨠe ¨lo¨, o
que significa que possui dois vocábulos formais. Ou seja, o vocábulo
formal se refere a quantidade de partes independentes ou dependentes
de um sintagma.

(6) Qual a diferença que se pode apurar entre lexema e gramema?

• Lexema é a parte do vocábulo que carrega significado. É a raiz, ou seja,


núcleo do sentido. Por exemplo, em ¨cantor¨, –cant é o lexema, pois se
refere à ação de cantar. Já -or é o gramema, pois indica o substantivo de
agente. Portanto, o gramema é a parte que fornece informações
gramaticais, como gênero, modo verbal, pessoa, tempo verbal etc.

(7) Qual a diferença entre palavras gramaticais endofóricas e exofóricas?


Forneça exemplos que ilustrem esta diferença.

• Endofóricas: também chamadas de morfemas homossintagmáticos, estas


palavras são aquelas que se voltam, sintaticamente, para o elemento
central do sintagma a que pertencem.
→ Ex.: O livro.
O é a palavra endofórica dessa estrutura sintática, pois se refere a livro, elemento
central, que também faz parte da estrutura.

• Exofóricas: também chamadas de morfemas heterossintagmáticos, estas


palavras são aquelas que, após articularem-se com o elemento central do
sintagma, têm a propriedade de estabelecer uma relação deste conjunto
com um elemento externo.
→ Ex.: Linda! (roupa).

Linda é uma palavra exofórica, pois só é compreendida pelo contexto que é


inserida. A frase em si não dá informação sobre o que ela está se referindo, apenas
a situação em que está inserida fornece a resposta.

(8) Qual a diferença entre formas presas derivativas (=derivacionais) e


formas presas flexionais?

• As formas presas derivativas (prefixos e sufixos), como o próprio nome


diz, derivam o vocábulo. Assim, podem mudar sua classe. Por exemplo,
colocando o sufixo –mente em ¨feliz¨, assim ficando ¨felizmente¨,
transformamos um adjetivo em um advérbio, ocorrendo a derivação. Já
as formas presas flexionais, afetam em relação às características de
gênero, modo verbal, pessoa, tempo verbal, entre outros, sem mudar a
classe gramatical. Por exemplo, se trocarmos o morfema ¨o¨ por ¨ou¨ em
¨canto¨, passamos de presente do indicativo na primeira pessoa do
singular para pretérito perfeito do indicativo na terceira pessoa do singular,
porém, em meio a tudo isso, o vocábulo continua sendo um verbo.

(9) Quais são os tipos de afixos que há nas línguas naturais?

• Prefixos: posicionam-se antes do radical.


• Infixos: posicionam-se no interior do radical.
• Sufixos: posicionam-se depois do radical.

(10) Comente sobre a diferença entre composição e derivação. Por que a


derivação é o procedimento gramatical mais produtivo?

• Composição forma uma nova palavra a partir de no mínimo duas palavras


portadoras de radical: porta-bandeira, couve-flor e planalto. Já a
derivação cria a partir de um radical e o uso de afixos: irrelevante,
desproporcional e lapiseira. Porém, a derivação se torna um processo
mais produtivo, pois a partir dela não existe limite. Enquanto por
composição, apenas se abrange nomes, por derivação se formam
advérbios, verbos, outros nomes, entre outros: de posição, veio o verbo
posicionar, sobre este, veio posicionamento.

(11) Forneça exemplos de derivação regressiva e derivação por


parassíntese. Qual é a distinção entre elas?
• A derivação regressiva é a formação de uma palavra em uma classe
gramatical diferente da palavra primitiva. Por exemplo, um verbo se
formar a partir de um substantivo: chef – chefiar. Já a derivação
parassintética é a que ocorre simultaneamente de maneira prefixal e
sufixal: desalmado, enobrecimento, emagrecimento etc.

(12) Por que o emprego dos morfemas derivacionais é uma decisão do


falante, enquanto os morfemas flexionais é uma imposição gramatical da
frase?
• Porque quando estamos falando de morfemas flexionais, estamos falando
de características relacionadas a gênero, modo verbal, tempo verbal,
número, pessoa etc. Com isso, desencadeia-se um circuito que precisa
ser respeitado para que a coesão gramatical aconteça. Por exemplo, se
a palavra ¨menino¨ é dita no início de um sistema sintático, ela faz com
que o falante, para continuar o que diz, obedeça à terceira pessoa do
singular, diferente dos morfemas derivacionais que dependem do que o
falante quer transmitir: se ele quer, por exemplo, falar sobre a má
responsabilidade de alguém, poderá colocar o prefixo ¨i¨ no radical para
que se forme a palavra ¨irresponsabilidade¨.

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