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Universidade Regional de Blumenau

Centro de Ciências da Educação, Artes e Letras – CCEAL


Departamento de Letras
Disciplina: Morfologia da Língua Portuguesa
Docente: Victor Santos
Discentes: Flavio Alberto Silveira e Karin Tyeko Anami

Resumo Para Conhecer Morfologia

Capítulo 1
"Uma breve introdução aos problemas clássicos da morfologia"
A morfologia é uma área tradicional e remonta as primeiras formulações da gramática grega.
A seguir abordaremos uma série de problemas morfológicos clássicos, porque que são
abordagens de natureza científica.
Abordagens científicas
As gramáticas tradicionais não podem ser chamadas de teorias científicas.
(i) As teorias científicas estão comprometidas com a descrição dos fatos, um recorte
metodológico. Ex os dados de fala de uma comunidade
(ii) As teorias científicas desenvolvem possuem uma terminologia própria na medida em
que o conhecimento avança. Já a gramática tradicional considera que os termos não
devem sofrer alterações;
(iii) As teorias científicas não podem conter contradições, já na gramática
tradicional encontramos contradições;

1. A noção de palavra
A palavra é tema central da morfologia. O que é uma palavra?
“Palavra é uma unidade maior que o fonema e menor do que a frase.”
Essa definição num primeiro momento nos elucida que “caixa”, “pó” ou “sofreguidão” são
palavras e são compostas por mais de um fonema e nenhuma é uma frase. Mas a definição de
“frase” é distinta de nossa intuição.
Ex: A: Onde está Maria?
B: Saiu.
A resposta B contém mais elementos, podemos inserir “ela”, como sujeito, gramáticos diriam
que é uma estrutura de “elipse”, mas overbo conjugado é uma resposta. “Saiu” funciona
como unidade comunicativa.Logo a frase pode ser composta com uma única palavra, o que
compromete a definição acima.
Ex. A: A Maria é a aluna mais inteligente da sala?
B: É.
“É” é uma resposta adequada. Então uma palavra pode ser constituída de uma frase.O mesmo
elemento da língua pode representar diferentes unidades.

Concluímos que a definição não é adequada.

As definições das gramáticas tradicionais são razoáveis porque já sabemos o que são palavras.

A segmentação do fluxo da fala

Existem problemas de segmentação que persistem. Ex: (eu) teamo, ou “porisso” Aqui o falante
entende como uma única palavra, mas são palavras separadas.

2. Classes de palavras

Um segundo problema é a classificação de palavras. Será que é necessário dividir as palavras em


diferentes classes?

Dividir ou classificar exige um bom critério e um critério mal pensado corre o risco de não encontrar
o que precisamos.

São 10 divisões:

Substantivo-Artigo-adjetivo-numeral-pronome-verbo-advérbio-preposição-conjunção-interjeição.

Que critério guiam essa classificação? É razoável ter as interjeições como classe separada? Já que
pertence a alguma outra classe? Encontramos e identificamos alguns problemas:

1- Ela não é precisa;


2- Ela não é muito útil.

É difícil manusear definições se elas dependem de conceitos que não dominamos.

3- Ela não é homogênea.


Comparando as definições de substantivo e advérbio percebemos que os critérios são
díspares, trata-se de um critério semântico filosófico no primeiro e distribucional-funcional
no segundo. A classificação deixa a desejar, porque tem problemas insolúveis de
organização.
Ao invés de abandonara a divisão, veremos que as teorias linguísticas modernas desenvolvem
classificações particulares para as palavras fazendo o uso de outras estratégias e critérios mais
bem definidos.

4- Flexão e derivação
A flexão tem propriedades como a obrigatoriedade. Que a derivação não tem, mas que
propriedades morfológicas cada uma dessas operações teria para justificar uma separação
entre elas?
Um pouco de terminologia
Chamamos de desinência os elementos que participam de processos flexionais. Ex. A-s Ro-
as-s; ou a expressão de tempo-modo e número pessoa nos verbos: cantássemos (em que
“esse” e responsável pela expressão do imperfeito do subjuntivo e “mos” é que veicula a
ideia de 1ª pessoa do plural.)
A gramática tradicional chama de afixos os elementos morfológicos que participam de
processos derivacionais, reconhecendo duas classes distintas: a de sufixos e a de prefixos.
Além de fazer uso de termos cunhados pelo estruturalismo (morfema, alomorfe)
A título de ilustração tanto a derivação quanto a flexão fazem uso de sufixos e não há
nenhum processo fonológico que possa afetar a derivação e que não possa afetar a flexão.

No exemplo acima, “moço” tem uma forma fonológica similar a de “osso "não exibe a
abertura da vogal do radical na forma plural “moços”.

Temos a sonorização da fricativa alveolar sempre que seguida por uma consoante sonora, com a
forma “vês” do verbo “ver”, ou um simples encontro de sílabas dentro de uma palavra. Talvez não
haja razões propriamente morfológicas para distinguir operações como flexão e derivação.

Esses não são os casos mais complicados para tratar, porque o fenômeno da mudança de forma aqui
corresponde a um processo fonológico automático na língua, ou seja, fonologicamente
condicionado.

Homonímia e polissemia

Estamos diante de uma polissemia quando falamos que uma palavra possui vários significados
relativamente relacionados entre si.

Ex. Maria achou a chave;

João acha Maria inteligente;

Por outro lado, quando diversos significados de uma palavra não têm qualquer relação entre si, é
homonímia. Ex. Manga (fruta) e manga (camiseta), que diacronicamente provêm de fontes
bastantes e entraram no português em momentos diferentes da história da língua.

Será que a melhor maneira de tratar a coincidência de “Cantava” - primeira pessoa do singular do
Pretérito imperfeito do modo indicativo- e “cantava” terceira pessoa do singular do pretérito
imperfeito do modo indicativo- é por meio da noção de homonímia. Muitas dessas questões não se
colocam para os estudos tradicionais porque a descrição acurada dos fenômenos que de fato são
atestados pelas línguas em geral e pelo português em particular não é necessária e nem
interessante.
“A Morfologia Distribuída”
A teoria da Morfologia Distribuída separa a propriedades formais, fonológicas e semânticas
das palavras em três listas distintas, acessadas em diferentes momentos da derivação. Essas
listas são: o léxico estrito; o vocabulário; e a enciclopédia. O léxico estrito fornece traços
morfossintáticos e feixes de traços para serem combinados pelas regras ou operações
sintáticas. O vocabulário fornece regras de correspondência entre traços fonológicos e traços
feixes de traços morfossintáticos. A enciclopédia lista os significados.
De acordo com essa teoria, a morfologia não é uma camada separada e autônoma da
linguagem, mas sim um aspecto distribuído da gramática que emerge da interação de vários
módulos cognitivos. Em outras palavras, a forma de uma palavra não é derivada de uma
única regra morfológica, mas sim construída a partir de informações semânticas, fonológicas
e sintáticas distribuídas por todo o cérebro.
Por exemplo, considere a palavra "amigo". De acordo com a morfologia distribuída, a forma
da palavra é construída a partir da informação semântica de que "amigo" é um substantivo
que se refere a uma pessoa com quem temos uma relação próxima e positiva. Além disso, a
forma da palavra também é influenciada pela informação fonológica de que "amigo" deve ser
pronunciado com uma determinada sequência de sons e pela informação sintática de que
"amigo" pode ser usado em várias construções gramaticais.
A morfologia distribuída tem sido influente na linguística moderna, pois propõe uma
abordagem integrada para o estudo da linguagem, que leva em consideração os diferentes
aspectos cognitivos envolvidos na produção e compreensão da linguagem.
Alomorfia é um termo utilizado em linguística para se referir a variações de um mesmo
morfema, que surgem de acordo com o contexto fonético, gramatical ou semântico em que
são usados. Os alomorfes são variações de um mesmo morfema, que podem ocorrer em
diferentes contextos e mudar sua forma, mas mantêm o mesmo significado básico.
Por exemplo, em português, o plural dos substantivos pode ser marcado de diferentes
maneiras, dependendo do final da palavra. Se a palavra terminar em "s", "x" ou "z", o plural é
marcado pela adição do sufixo "-es", como em "caixas" e "luzes". Se a palavra terminar em
consoante mais "ão", o plural é marcado pela troca da vogal tônica e pela adição do sufixo "-
s", como em "cães" e "pães". Esses diferentes sufixos são alomorfes do morfema de
pluralidade.
A alomorfia é uma propriedade importante na formação de palavras e na flexão morfológica
em várias línguas. Ela permite que uma mesma raiz ou morfema seja flexionado ou
conjugado de maneiras diferentes, de acordo com o contexto gramatical ou fonético em que é
usado.

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