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● Norma culta – conjunto de regras que é praticado por pessoas de certo grau de

escolaridade em situações sociais mais formais, por exemplo, em textos da imprensa,


em artigos científicos, em carta de solicitação de emprego, em provas de redação de
concursos etc.
● Norma-padrão – conjunto de regras de uma Gramática idealizada, cujo emprego
resultaria, supostamente, na expressão mais correta e bela de uma língua. Afirma-se
que se trata de uma Gramática idealizada porque, na prática, não é empregada por
ninguém. Nem Camões, em Portugal, nem Machado de Assis, no Brasil, para citar o
exemplo de dois dos melhores escritores em língua portuguesa, seguiram fielmente a
norma-padrão.

Os diferentes campos da Gramática


Para conhecermos bem uma língua, além de considerarmos seus diferentes
registros, ou seja, considerarmos sempre a finalidade para qual a língua é usada
e a situação e o contexto de uso específicos, devemos considerar os diversos
níveis de organização do sistema linguístico, ou seja, analisá-la a partir dos
diferentes campos em que a língua é dividida. São eles:
● Fonológico ou fônico – estuda os fonemas da língua, as possibilidades de
combinação em sílabas e a relação que eles mantêm com as letras na
escrita alfabética.
● Morfológico – estuda a classificação das palavras de acordo com a
estrutura, a formação e a flexão de cada palavra.
● Sintático – estuda as relações estabelecidas entre as palavras nas orações
ou entre as orações nos períodos.
● Semântico – estuda as relações de sentido, ou seja, o significado das
palavras isoladamente ou dentro de um contexto.

Sintagma nominal é uma unidade sintática composta por uma ou várias


palavras e que tem como núcleo um substantivo (ou nome), que, no exemplo
"as meninas", é "meninas". As outras palavras de um sintagma (nesse caso,
somente o artigo "as") acompanham e qualificam o núcleo. No exemplo citado,
a unidade sintática desse sintagma é de sujeito da oração.
Níveis linguísticos

a variação que ocorre na pronúncia da palavra "coração" está no nível linguístico do som, da
pronúncia ou, mais tecnicamente falando, no nível fonético. Já a que ocorre em "macaxeira",
"aipim" e "mandioca" está no nível da palavra, ou lexical. Finalmente, a que ocorre em "as
menina vai" e "as meninas vão" está no nível da relação entre sujeito e verbo no predicado,
ou seja, no nível morfossintático.
Para entender melhor esses níveis linguísticos em que a variação pode ocorrer e ver outros,
leia a explicação que segue:
● Nível fonético:

● Nível do som, da pronúncia.


● Exemplos: "côração"/"córação"; "casca"/"caxca"; as 4 diferentes pronúncias de
"porta".
● Nível morfológico:
● Nível das partes que compõem uma palavra.

● Exemplo: troféus/troféis; verões/verãos.


● Nível morfossintático:

● Diz respeito à relação entre sujeito e o verbo no predicado.


● Exemplo: As meninas vão/As meninas vai/As menina vai/As menina vão.
● Nível sintático:

● Diz respeito à ordem dos contituintes de uma oração.


● Exemplo: Eu vi ele/Eu o vi/Eu vi-o/Eu vi o menino.
● Nível semântico:

● Diz respeito ao sentido que uma palavra tem para quem a usa. Aqui, a palavra é a
mesma, mas o sentido muda a depender do região do(a) falante, por exemplo.
● Exemplo: "bolacha", em São Paulo e em algumas outras regiões do Brasil, é um tipo
de biscoito; em outras regiões do país, significa uma reprimenda física em alguém,
como um tapa. "Peteca" no Maranhão é bola de gude, ao passo que, em outras regiões
do Brasil, é um brinquedo de pequena base arredondada e macia com um punhado de
penas que deve ser lançado ao(à) colega.
● Nível lexical:

● Diz respeito a diferentes palavras usadas para se referir a uma mesma coisa ou ser no
mundo. Aqui, a palavra é diferente, mas a coisa no mundo é a mesma.
● Exemplo: aipim/macaxeira/mandioca; sacolé/geladinho/chup-chup/dindin/gelinho.

● Nível pragmático:
● Diz respeito ao uso concreto da língua pelos(as) falantes em seus variados contextos.
Aqui, diferentes sentenças veiculam o mesmo significado. O que vai ditar qual
sentença é mais adequada é o contexto.
● Exemplo: se o(a) dono(a) de uma empresa chega em uma reunião de negócios com
potenciais clientes e todos(as) o(a) esperam de pé, esse(a) dono(a) pode dizer
"queiram se sentar, por favor"; esse mesmo(a) dono(a) chega em casa e encontra
os(as) amigos(as) esperando-o(a) para um churrasco, ele(a) pode dizer "senta aí,
galera!".
Variação diatópica

Quando a língua está sujeita a modificações devido a influências do lugar em que reside o(a)
falante, diz-se que ocorre variação diatópica ou variação regional.

Variação diastrática

Como discutido no capítulo, a expressão "as menina vai" é mais associada a pessoas de classe
socioeconômica mais baixa e menor nível de escolaridade (embora pessoas de classe mais
elevada e mais escolarizadas, em certos contextos, também possam produzir essa fala). A
mesma associação é feita no texto de Bagno, em que a produção de "os probrema", "os
fósfro", "môio ingrês" e "percurá os hôme" é relacionada à condição socioeconômica e de
escolaridade de Eulália.
a variação diastrática também abrange grupos etários e suas formas de expressão.
Adolescentes e jovens adultos(as) que se comunicam frequentemente por meio de redes
sociais costumam utilizar termos peculiares, construindo uma linguagem própria para esse
grupo etário.

Essa variação linguística no âmbito sociocultural é também designada diastrática (do


grego diá, "por meio de", e do latim stratum, "camada"), ou seja, está diretamente ligada
ao nível sociocultural do(a) falante.

variação diafásica.
Em termos conceituais, esse tipo de variação ocorre quando há adequação do uso da
linguagem pelo(a) falante a depender do contexto de comunicação em que ele(a) se encontra.

Variação individual

O modo como um(a) estudante fala com seu(sua) professor(a) durante a aula é diferente do
modo como esse(a) mesmo(a) aluno(a) fala com seus familiares em sua casa, ou com
seus(suas) colegas de sala durante o intervalo das aulas. Da mesma forma, o(a) professor(a)
emprega uma variedade linguística durante a aula, distinta da variedade que emprega ao
conversar com seus(suas) colegas na sala dos(as) professores(as) ou com seus familiares.
Esses são exemplos de casos de variação individual, que podem ocorrer devido à situação
social em que se dá a comunicação.
Os elementos determinantes para que esse tipo de variação ocorra são: quem é o(a)
interlocutor(a), qual é o assunto, qual é o contexto, qual é o gênero textual, qual é a intenção
do(a) falante. Esse tipo de variação, que se distribui conforme um estilo de expressão ou uma
situação comunicativa, é chamado também de diafásica (do grego diá, "por meio de", e fásis,
"expressão").

Variação geográfica

Primeiramente, é preciso considerar que cada região de um país tem uma história,
desenvolveu-se de uma determinada maneira, com a presença mais forte ou mais fraca de
grupos de imigrantes. Isso resulta em características na pronúncia de vogais e consoantes, no
emprego de determinados termos e, ainda, em distintos significados para uma mesma palavra
ou expressão (os chamados regionalismos), tanto como em diferenças na construção
sintática.
Dentro de uma mesma região, há variação entre o emprego que os falantes da zona rural
fazem da língua e o uso dos falantes da zona urbana. A esse tipo de variação linguística, dá-se
o nome de geográfica ou diatópica (do grego diá, "por meio de", e tópos, "lugar").

Variação profissional (ou técnica)

As carreiras profissionais, assim como as áreas do conhecimento, empregam léxico próprio.


Cada grupo profissional utiliza uma variedade da língua, e cada uma dessas variedades tem
seu valor comunicativo, sua eficiência própria
O discurso reflete seu falante, ressaltando suas origens, seus valores morais e
sociais e, até mesmo, seu grau de instrução; ou seja, o discurso é o espaço da
materialização das formações ideológicas dos indivíduos.
A ideologia é um sistema de ideias interdependentes, sustentadas por um grupo
social de qualquer natureza, o qual reflete e defende seus próprios interesses e
compromissos (morais, políticos, religiosos ou econômicos).
Um aspecto muito importante da análise do discurso é a noção de que um determinado
texto pode trazer muito mais informação do que aquela que, aparentemente, está
disponível em sua materialidade linguística. Quando isso acontece, estamos diante dos
discursos subentendidos ou implícitos, os quais embora não sejam ditos na superfície
do texto, podem ser percebido após uma análise mais atenta. Os discursos implícitos são
muito importantes para a detecção de visões de mundo, de críticas ou apoios a
determinadas instituições
Polifonia
Você deve ter percebido que, no relato citado anteriormente, no qual,
predominantemente, há uma valorização da beleza ruiva, há algumas expressões
que se afastam dessa temática, representadas na seguinte passagem:
[...] Aos 5 anos, as primeiras sardas começaram a surgir. Nesse tempo, eu já
ouvia todo tipo de comentário, que tomei sol de peneirinha, que estava
enferrujando. [...]
O que representariam essas expressões destacadas? À luz da leitura completa do
relato, vemos que essas eram vozes que, à medida em que a garota tentava
construir a sua identidade e autoestima como uma mulher ruiva, traziam
discursos dissonantes, depreciativos, distintos, voz predominante no discurso.
Este é um caso de polifonia, um conceito bastante importante para a Análise do
Discurso.
A polifonia (do grego, polys (muito) + phone (voz, som)) traz a polêmica para
o terreno do discurso, na medida em que entra na estrutura para colocar em
evidência outra visão de mundo, outra formação ideológica etc., entrando em
choque com a voz dominante.
● Dialogismo: o conceito de dialogismo quer dizer que todos os discursos
enunciados dialogam com outros discursos anteriores e,
consequentemente, dialogarão com os discursos futuros. Simplificando,
podemos dizer que um discurso sempre conversa com outros.
● Polifonia: o conceito de polifonia existe para dizer que um determinado
discurso pode trazer, além da voz do sujeito que o enuncia, outras vozes,
construindo, assim, um discurso polifônico, isto é, com várias vozes. Um
exemplo de discurso polifônico pode ser visto no discurso político, que é
composto não apenas de uma visão de Estado, mas pode trazer vozes do
discurso religioso, econômico, científico etc.
Os ditongos podem ser classificados da seguinte maneira:
● Ditongos crescentes – quando a semivogal vem antes da vogal: qual,
linguiça, polícia.
● Ditongos decrescentes – quando a semivogal vem depois da vogal: feira,
céu, lei.
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