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a variação que ocorre na pronúncia da palavra "coração" está no nível linguístico do som, da
pronúncia ou, mais tecnicamente falando, no nível fonético. Já a que ocorre em "macaxeira",
"aipim" e "mandioca" está no nível da palavra, ou lexical. Finalmente, a que ocorre em "as
menina vai" e "as meninas vão" está no nível da relação entre sujeito e verbo no predicado,
ou seja, no nível morfossintático.
Para entender melhor esses níveis linguísticos em que a variação pode ocorrer e ver outros,
leia a explicação que segue:
● Nível fonético:
● Diz respeito ao sentido que uma palavra tem para quem a usa. Aqui, a palavra é a
mesma, mas o sentido muda a depender do região do(a) falante, por exemplo.
● Exemplo: "bolacha", em São Paulo e em algumas outras regiões do Brasil, é um tipo
de biscoito; em outras regiões do país, significa uma reprimenda física em alguém,
como um tapa. "Peteca" no Maranhão é bola de gude, ao passo que, em outras regiões
do Brasil, é um brinquedo de pequena base arredondada e macia com um punhado de
penas que deve ser lançado ao(à) colega.
● Nível lexical:
● Diz respeito a diferentes palavras usadas para se referir a uma mesma coisa ou ser no
mundo. Aqui, a palavra é diferente, mas a coisa no mundo é a mesma.
● Exemplo: aipim/macaxeira/mandioca; sacolé/geladinho/chup-chup/dindin/gelinho.
● Nível pragmático:
● Diz respeito ao uso concreto da língua pelos(as) falantes em seus variados contextos.
Aqui, diferentes sentenças veiculam o mesmo significado. O que vai ditar qual
sentença é mais adequada é o contexto.
● Exemplo: se o(a) dono(a) de uma empresa chega em uma reunião de negócios com
potenciais clientes e todos(as) o(a) esperam de pé, esse(a) dono(a) pode dizer
"queiram se sentar, por favor"; esse mesmo(a) dono(a) chega em casa e encontra
os(as) amigos(as) esperando-o(a) para um churrasco, ele(a) pode dizer "senta aí,
galera!".
Variação diatópica
Quando a língua está sujeita a modificações devido a influências do lugar em que reside o(a)
falante, diz-se que ocorre variação diatópica ou variação regional.
Variação diastrática
Como discutido no capítulo, a expressão "as menina vai" é mais associada a pessoas de classe
socioeconômica mais baixa e menor nível de escolaridade (embora pessoas de classe mais
elevada e mais escolarizadas, em certos contextos, também possam produzir essa fala). A
mesma associação é feita no texto de Bagno, em que a produção de "os probrema", "os
fósfro", "môio ingrês" e "percurá os hôme" é relacionada à condição socioeconômica e de
escolaridade de Eulália.
a variação diastrática também abrange grupos etários e suas formas de expressão.
Adolescentes e jovens adultos(as) que se comunicam frequentemente por meio de redes
sociais costumam utilizar termos peculiares, construindo uma linguagem própria para esse
grupo etário.
variação diafásica.
Em termos conceituais, esse tipo de variação ocorre quando há adequação do uso da
linguagem pelo(a) falante a depender do contexto de comunicação em que ele(a) se encontra.
Variação individual
O modo como um(a) estudante fala com seu(sua) professor(a) durante a aula é diferente do
modo como esse(a) mesmo(a) aluno(a) fala com seus familiares em sua casa, ou com
seus(suas) colegas de sala durante o intervalo das aulas. Da mesma forma, o(a) professor(a)
emprega uma variedade linguística durante a aula, distinta da variedade que emprega ao
conversar com seus(suas) colegas na sala dos(as) professores(as) ou com seus familiares.
Esses são exemplos de casos de variação individual, que podem ocorrer devido à situação
social em que se dá a comunicação.
Os elementos determinantes para que esse tipo de variação ocorra são: quem é o(a)
interlocutor(a), qual é o assunto, qual é o contexto, qual é o gênero textual, qual é a intenção
do(a) falante. Esse tipo de variação, que se distribui conforme um estilo de expressão ou uma
situação comunicativa, é chamado também de diafásica (do grego diá, "por meio de", e fásis,
"expressão").
Variação geográfica
Primeiramente, é preciso considerar que cada região de um país tem uma história,
desenvolveu-se de uma determinada maneira, com a presença mais forte ou mais fraca de
grupos de imigrantes. Isso resulta em características na pronúncia de vogais e consoantes, no
emprego de determinados termos e, ainda, em distintos significados para uma mesma palavra
ou expressão (os chamados regionalismos), tanto como em diferenças na construção
sintática.
Dentro de uma mesma região, há variação entre o emprego que os falantes da zona rural
fazem da língua e o uso dos falantes da zona urbana. A esse tipo de variação linguística, dá-se
o nome de geográfica ou diatópica (do grego diá, "por meio de", e tópos, "lugar").