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SÓCIOLINGUÍS

Curso de Letras
TICA
A SÓCIOLÍNGUÍSTICA E SEU OBJETO DE ESTUDO

O objeto da Sociolinguística é
o estudo da língua falada,
observada, descrita e
analisada em seu contexto
social, isto é, em situações
reais de uso.
ALKMIM, T. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F. e BENTES, A. C. (orgs.) Introdução à
linguística. São Paulo: Cortez, v. 1, 2001.

O termo Sociolinguística, fixou-se em 11 de


maio de 1964, surgiu em um congresso,
organizado por William Bright, na Universidade
da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do qual
participaram 25 pesquisadores, que se
reuniram para uma conferência sobre a
Sociolinguística.
O que Podemos compreender a partir dos discursos abaixo?

William Bright, que se encarrega da publicação das atas do evento, tenta em sua
instrução sintetizar essas diferentes contribuições. De princípio ele nota que a
Sociolinguística “não é fácil de definir com precisão”.

Aos estudos da Sociolinguística, ele acrescenta, dizem respeito às relações entre


linguagem e sociedade, mas essa definição é vaga, e ele então esclarece que “uma
das maiores tarefas da Sociolinguística é mostrar que a variação ou a diversidade
não é livre, mas que é correlacionada às diferenças sociais sistemáticas”
O que Podemos compreender a partir dos discursos abaixo?

Seu ponto de partida é a comunidade linguística, um conjunto de


pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de
normas com respeito aos usos linguísticos.

Uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se constituir por


pessoas que falam do mesmo modo, mas por indivíduos que se
relacionam, por meio de redes comunicativas diversas, e que orientam
seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras.
Tomemos, como exemplo, o uso do imperativo em português . Para os falantes do português,
o imperativo denota ordem, exortação, conselho, solicitação, segundo o significado do verbo e
o tom de voz utilizado, como em:
• “Vai-te embora”; “Ouve este conselho!”; “Vem cá!”; Desce daí!”.

Um exemplo de conjunto de regra: Perda da intensidade


Por dever social e moral, geralmente evitamos ferir a sensibilidade de nosso interlocutor com
a grosseria de uma ordem.
Entre os numerosos meios para enfraquecer a noção de comando, podemos utilizar fórmulas
de polidez ou de civilidade, tais como: por favor, por gentileza, digne-se de, tenha a bondade,
etc.

- Fale mais alto, por favor! (F. Botelho, X, 177).


- Tenham a bondade de sentar e esperar um momento. (R. Braga, CCE, 272).

É claro que o tom de voz é de suma importância.


 Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variações. Pode-se
afirmar mesmo que nenhuma língua se apresenta como uma entidade homogênea.
 Isso significa dizer que qualquer língua é representada por um conjunto de variedades.
 Concretamente: o que chamamos de “língua portuguesa” engloba os diferentes modos
de falar utilizado pelo conjunto de seus falantes do Brasil, em Portugal, em Angola,
Moçambique, Cabo Verde, Timor.
A Variação Linguística não é um problema da Língua!!!

 Língua e variação são inseparáveis: a Sociolinguística encara a


diversidade linguística não como um problema, mas como
uma qualidade constitutiva do fenômeno linguístico.

 Nesse sentido, qualquer tentativa de buscar apreender


apenas o invariável, o sistema subjacente – se vale de
oposições como “língua e fala”, ou competência e
performance – significa uma redução na compreensão do
fenômeno linguístico. O aspecto formal e estruturado do
fenômeno linguístico é apenas parte do fenômeno total.
Capacidade da
Língua de se
transformar e se
adaptar de acordo
com alguns
fatores
• Todas as línguas do mundo são sempre
continuações históricas. As gerações sucessivas de
indivíduos transmitem a seus descendentes o
domínio de uma língua particular. As mudanças
temporais são parte da história das línguas.
VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Linguagem
Urbana

GEOGRÁFICAS Dialetos ou Falares


(diatópicas) Regionais.

Linguagem
Rural
VARIEDADES LINGUÍSTICAS

•Idade
•Sexo
•Raça
Ligadas ao falante •Profissão Dialetos Sociais:
por influência de •Posição Social Culto/popular
•Grau de Escolaridade
•Classe Econômica
•Local em que reside
SÓCIOCULTURAIS
(diastráticas)

•Ambiente
•Tema
Ligadas à situação •Estado emocional Níveis de fala ou
do falante Registros:
•Grau de intimidade Formal/coloquial.
entre os falantes
Os falantes adquirem as variedades linguísticas próprias a
sua região, a sua classe social etc. De uma perspectiva
geral, podemos descrever as variedades linguísticas a
partir de dois parâmetros básicos: A VARIAÇÃO
GEOGRÁFICA E A VARIAÇÃO SOCIAL.
A variação geográfica ou diatópica está relacionada às diferenças
linguísticas distribuídas no espaço físico, observáveis entre falantes
de origens geográficas distintas. Exemplos:

a)Brasileiros e portugueses se distinguem em vários aspectos de sua


fala. No plano lexical, apenas um exemplo: comboio em Portugal,
trem no Brasil. No plano gramatical: derivações diversas de raiz
comum, como o ficheiro, paragem, bolseiro, que no Brasil
correspondem a fichário, parada e bolsista; a colocação de
advérbios como em lá não vou (Portugal) e não vou lá (Brasil).
Entre falantes brasileiros originários das regiões
nordeste e sudeste, percebemos diferenças
gramaticais, como, por exemplo, a preferência pela
posposição verbal da negação, como em sei não
(nordeste) e não sei (ou, não sei, não) no sudeste; o
uso do artigo definido antes de nomes próprios
como em falei com Joana (nordeste) e falei com a
Joana (Sudeste).
No Estado da Bahia, por exemplo, a origem urbana ou rural pode
ser evidenciada pelo uso da expressão de primeiro [di primero], em
lugar de antigamente, anteriormente.

A variação social ou diastrática, por sua vez, relaciona-se a um


conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e
também com a organização sociocultural da comunidade de fala.
Nesse sentido, podemos apontar os seguintes fatores relacionados às
variações de natureza social: a) classe social; b) idade; c) sexo; d)
situação ou contexto social.
Classe social: Alguns estudos indicam exemplos
pertencente à fala de grupos situados abaixo na escala
social:
-O uso de dupla negação, como em ninguém não viu, eu
nem num gosto.
b) Idade:
- O uso de léxico particular, como presente em certas gírias
(maneiro , esperto, com sentido de avaliação positiva sobre
coisas, pessoas e situações), denota faixa etária jovem;
- O uso de pronome tu em situações de interação entre iguais no
Rio de Janeiro, como em Tu viu só?, também sugere que os
falantes são jovens;

c) Sexo:
- A duração de vogais como recurso expressivo, como em
maaravilhoso, costuma ocorrer na fala de mulheres, assim
como o uso frequente de diminutivos, como bonitinho,
engraçadinho, vermelhinho;
Situação ou contexto social: é um fato muito
conhecido que qualquer pessoa muda sua fala, de
acordo com o seu interlocutor – se este é mais velho
ou hierarquicamente superior, por exemplo; segundo
o lugar em que se encontra – em um bar, em uma
conferência – e até mesmo segundo o tema da
conversa – fofoca, assunto científico. Ou seja, todo
falante varia sua fala segundo a situação em que se
encontra. (formalidade/informalidade).

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