Anotações 1
Esses níveis possuem terminologia própria (‘fonema’, ‘fone’ etc., na fonologia; ‘sujeito’,
‘objeto’ etc., na sintaxe; ‘agente’, ‘paciente’ etc., na semântica; ‘morfema’,
‘substantivo’, ‘verbo’ etc., na morfologia), porém, “conversam” entre si. A essa
“conversa”, damos o nome de “trabalho ou análise na interface”. Para dar um exemplo:
quando associamos um determinado morfema (o de plural, -s, por exemplo) a um
determinado significado (noção de “pluralidade”), diz-se que estamos trabalhando ou
realizando uma análise na interface morfologia-semântica. Outro exemplo: quando
marcamos para o plural todos os membros de um sintagma nominal, para promover a
concordância nominal (“Aquela-s menina-s bonita-s”), diz-se que estamos trabalhando
na interface morfologia-sintaxe. Esse tipo de trabalho é tão comum que até mesmo
temos uma disciplina denominada “Morfossintaxe” nos cursos de Letras.
Pedi a vocês para que fizessem um brainstorming (ou “toró de palpites”) das quatro
principais dicotomias saussureanas estudadas anteriormente na disciplina de
Introdução à Linguística. Vocês se saíram muito bem. De uma maneira resumida, vocês
foram capazes de construir os seguintes quadros:
Prometi, para o nosso segundo encontro, continuar falando sobre as dicotomias, mas
acrescentando críticas e reflexões que foram sendo feitas por linguistas pós-
saussureanos.
Eugenio Coseriu (1921-2002), por exemplo, acrescenta, à dicotomia língua x fala, uma
terceira noção: a de “norma”. Para ele:
pensamento/referência
1
símbolo.....................referente
Essa ideia faz muito sentido, se aceitarmos a argumentação de Saussure de que não há
motivação para uma casa ser chamada de “casa”, ou uma porta ser chamada de “porta”.
A natureza do signo é arbitrária, mas, a partir do momento em que um signo é
sancionado por uma comunidade, então não se pode chamar uma porta de “cadeira”,
por exemplo.
Referências:
ILARI, R. O Estruturalismo Linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, F. & BENTES, A.C.
(orgs.) Introdução à Lingüística: Fundamentos Epistemológicos (vol.3). São Paulo:
Cortez, 2004, p. 53-92.
KREIDLER, C. W. Introducing English Semantics. London and New York: Routledge, 1998.
Leituras:
MIOTO, C., FIGUEIREDO SILVA, M. C. & LOPES, R. E. V. O estudo da gramática. In: _____.
Novo Manual de Sintaxe. Florianópolis: Insular, 2004, p. 11-37.
ROSA, M. C. Teoria para quê? In: _____. Introdução à Morfologia. São Paulo: Contexto,
2006, p. 14-25.