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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

INSTITUTO CIBERESPACIAL – ICIBE


CURSO LICENCIATURA PLENA LETRAS - PORTUGUÊS

GILKID DA SILVA OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE A LINGUÍSTICA NORMATIVA E O PRECONCEITO


LINGUÍSTICO: UMA ANÁLISE DE COMENTÁRIOS DE INTERNAUTAS EM
PÁGINAS E GRUPOS DO FACEBOOK

Belém - PA
2024
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GILKID DA SILVA OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE A LINGUÍSTICA NORMATIVA E O PRECONCEITO


LINGUÍSTICO: UMA ANÁLISE DE COMENTÁRIOS DE INTERNAUTAS EM
PÁGINAS E GRUPOS DO FACEBOOK

Projeto de TCC I apresentado à Universidade


Federal Rural da Amazônia, Campus Belém, como
requisito parcial para a conclusão do Curso de
Letras – Português. Orientadora: Dra. Liliane
Afonso de Oliveira

Belém - PA
2024

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TEMA

A relação entre a linguística normativa e o preconceito linguístico: uma


análise de comentários de internautas em páginas do Facebook

DELIMITAÇÃO
 Rede social: Páginas do Facebook “Falei errado? O problema é meu, e seu”,
“pelo fim do preconceito linguístico” e do grupo “Português da Depressão”
 Posts dos dias 17/12/2017, 01/07/2016, 28/01/2024 e 12/01/2024
 Quantitativo de comentários: quatro

INTRODUÇÃO

Na era digital contemporânea, a comunicação online tornou-se um vetor


crucial para a interação social, com plataformas digitais como o Facebook
desempenhando um papel central na forma como indivíduos se conectam,
compartilham ideias e participam de discussões coletivas. Este cenário digital
amplificado destaca a importância de explorar a influência da linguística normativa
na comunicação, especialmente como está se relaciona com a construção e
manutenção de normas linguísticas que definem o que é considerado uso "correto"
ou "adequado" da língua. A linguística normativa, ao estabelecer padrões de fala e
escrita, exerce uma influência significativa não apenas na comunicação formal, mas
também na forma como a linguagem é percebida e utilizada nas redes sociais.
Com o aumento da interação social nas plataformas digitais, o Facebook
emerge como um campo fértil para investigar essas dinâmicas linguísticas. As
interações nesta plataforma refletem uma ampla gama de práticas linguísticas,
tornando-a um local ideal para observar como as normas linguísticas são
negociadas, reforçadas ou desafiadas pelos usuários. À medida que mais pessoas
recorrem a esses espaços digitais para se expressar, torna-se imperativo
compreender como as convenções da linguística normativa influenciam essas
interações e, por extensão, como podem contribuir para a manifestação de
preconceitos linguísticos nos comentários online.
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Nesse contexto, surge a necessidade de investigar a relação entre a linguística
normativa e a manifestação de preconceito nos comentários online, especialmente
em páginas como “Falei errado? O problema é meu, e seu”, “pelo fim do preconceito
linguístico” e do grupo “Português da Depressão”, que, pela sua natureza, pode
atrair discussões intensas sobre uso da língua. O problema central a ser abordado é:
“Como as normas linguísticas influenciam a manifestação de preconceito nos
comentários de internautas na página do Facebook, “Falei errado? O problema é
meu, e seu”, “pelo fim do preconceito linguístico” e do grupo “Português da
Depressão”. Esta questão reflete uma preocupação mais ampla com o papel da
linguagem na mediação das relações sociais online e como as percepções sobre a
"correção" linguística podem afetar as interações em ambientes virtuais,
possivelmente fomentando dinâmicas de exclusão ou discriminação baseadas na
maneira como as pessoas se expressam.

OBJETIVOS

GERAL:

✔ Investigar a relação entre a linguística normativa e a expressão de

comentários com preconceitos linguísticos na rede social Facebook;

ESPECÍFICOS:

✔ Analisar normas linguísticas presentes nos comentários das páginas;

✔ Identificar os principais padrões de preconceitos linguísticos nos comentários

selecionados;

✔ Compreender a interação entre a norma linguística e preconceito;

JUSTIFICATIVA
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A escolha de explorar a relação entre a linguística normativa e o preconceito
linguístico, particularmente através de uma análise de comentários de internautas
em páginas e grupos do Facebook, justifica-se por múltiplas razões fundamentais,
tanto acadêmicas quanto sociais. Este estudo visa contribuir para um entendimento
mais profundo de como as normas linguísticas estabelecidas influenciam as atitudes
e práticas sociais, refletindo e perpetuando preconceitos linguísticos em espaços
digitais amplamente utilizados.
Relevância Acadêmica: Do ponto de vista da pesquisa linguística, este
trabalho se insere em um campo de estudo vital para compreender a interação entre
língua, sociedade e identidade. A linguística normativa, que estabelece regras e
padrões para o uso "correto" da língua, tem implicações diretas sobre a percepção
social das variações linguísticas. Investigar essa relação em ambientes digitais,
onde a comunicação escrita é predominante, oferece insights valiosos sobre a
dinâmica contemporânea do preconceito linguístico, um tema de crescente interesse
na sociolinguística.
Impacto Social: Em uma era dominada pela comunicação digital, entender
como o preconceito linguístico se manifesta nas redes sociais é crucial para
combater a discriminação e promover a inclusão. Páginas e grupos do Facebook,
por exemplo, são espaços onde indivíduos de diferentes backgrounds linguísticos
interagem, tornando-os locais significativos para observar como as normas
linguísticas influenciam as atitudes dos usuários. Ao identificar e analisar essas
manifestações, este estudo pode informar estratégias para educadores,
formuladores de políticas e administradores de plataformas sociais para criar
ambientes mais acolhedores e respeitosos.
Contribuição para a Educação Linguística: Este estudo pode oferecer
contribuições importantes para a educação linguística, ao evidenciar a necessidade
de abordagens pedagógicas que valorizem a diversidade linguística e combatam o
preconceito. Ao compreender a relação entre as normas prescritivas e as atitudes
discriminatórias, educadores podem desenvolver estratégias mais eficazes para
ensinar a língua de maneira inclusiva, promovendo uma apreciação pelas diferentes
formas de expressão linguística.

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Ampliação do Diálogo sobre Diversidade Linguística: Ao focar nas interações
em páginas e grupos do Facebook, este estudo se propõe a ampliar o diálogo sobre
diversidade linguística e preconceito linguístico em um dos mais influentes espaços
de comunicação da atualidade. Isso pode encorajar uma maior conscientização e
reflexão entre os usuários das redes sociais sobre suas próprias atitudes
linguísticas, potencialmente levando a uma mudança positiva na forma como a
linguagem é percebida e utilizada online.
Contribuição Metodológica: Finalmente, a análise de comentários de
internautas em páginas e grupos do Facebook oferece uma contribuição
metodológica significativa, demonstrando como as ferramentas digitais podem ser
utilizadas para investigar fenômenos linguísticos e sociais. Este estudo não apenas
contribui para a teoria linguística, mas também exemplifica a aplicação de métodos
digitais de pesquisa, essenciais para o estudo da linguagem na era da internet.
Em suma, justifica-se a realização deste estudo pela sua capacidade de
contribuir para o conhecimento acadêmico, promover a conscientização social sobre
o preconceito linguístico e oferecer percepções práticas para a educação e
comunicação digital, visando uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com a
diversidade linguística.

QUESTÕES NORTEADORAS

Quais são as nsormas linguísticas mais frequentemente invocadas nos


comentários da página “Falei errado? O problema é meu, e seu” e do
grupo “Português da Depressão” no Facebook?
Esta questão busca identificar e catalogar as regras e padrões linguísticos
que os usuários consideram importantes, ou que frequentemente servem de base
para correções ou críticas à forma de expressão de outros.

De que maneira o cumprimento ou a violação dessas normas


linguísticas está associado à manifestação de preconceito linguístico nos
comentários?

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Aqui, o foco é entender como a aderência ou desvio das normas
estabelecidas contribui para atitudes preconceituosas, incluindo se comentários que
desviam da norma padrão são mais suscetíveis a receber feedback negativo ou
discriminatório.

Como os usuários das páginas “Falei errado? O problema é meu, e


seu”, “pelo fim do preconceito linguístico” e do grupo “Português da
Depressão” negociam e discutem as normas linguísticas dentro do contexto
dos comentários online?
Esta questão explora as dinâmicas de interação entre os usuários, incluindo
debates, aceitação ou resistência em relação às normas linguísticas, e como essas
interações refletem ou moldam atitudes linguísticas.

Qual é o impacto percebido das normas linguísticas na inclusão ou


exclusão social dentro da comunidade online das páginas “Falei errado? O
problema é meu, e seu”, “pelo fim do preconceito linguístico” e do grupo
“Português da Depressão”
Visa investigar as consequências sociais da aplicação das normas
linguísticas, especialmente em termos de inclusão ou marginalização de usuários
com base em sua conformidade ou não com tais normas.
De que forma a conscientização sobre diversidade linguística e
preconceito linguístico pode ser promovida através da interação nas páginas
“Falei errado? O problema é meu, e seu”, “pelo fim do preconceito linguístico”
e do grupo “Português da Depressão”

Busca identificar oportunidades para fomentar uma maior aceitação da


diversidade linguística e combater o preconceito linguístico, considerando o papel
educativo que as interações na página podem desempenhar.
Estas questões norteadoras são essenciais para direcionar a investigação,
permitindo uma análise profunda da relação entre linguística normativa e
preconceito linguístico em um contexto de mídia social altamente relevante e
interativo. Através desta pesquisa, espera-se contribuir para uma compreensão
mais nunciada de como as normas linguísticas impactam as relações sociais online

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e como podem ser abordadas para promover um ambiente mais inclusivo e
respeitoso.

HIPÓTESES

✔ A plataforma digital, como o Facebook, desempenha um papel na moderação e

incentivo ao preconceito linguístico.

✔ A falta de moderação efetiva contribui para a disseminação de discursos

preconceituosos.

✔ Recursos específicos da plataforma, como algoritmos de sugestão de palavras,

podem influenciar a expressão de preconceito linguístico.

✔ A conscientização sobre preconceito linguístico pode impactar a ocorrência

desses comportamentos nas interações online.

✔ A sensibilização sobre o preconceito linguístico pode levar a uma redução na

manifestação desses comportamentos.

✔ A educação sobre a diversidade linguística pode contribuir para uma maior

aceitação e compreensão das variedades linguísticas.

Essas hipóteses serão testadas por meio da coleta e análise de dados, utilizando
métodos qualitativos para compreender a relação entre normas linguísticas e
preconceito em comentários de internautas na página do Facebook, “Falei errado?
O problema é meu, e seu” e do grupo “Português da Depressão”
. O resultado dessas análises contribuirá para uma compreensão mais
aprofundada da dinâmica complexa entre linguística normativa e manifestações de
preconceito online

REFERENCIAL TEÓRICO

Linguística normativa

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A linguística normativa é um ramo da linguística que se concentra no estudo e
estabelecimento de normas para o uso da língua, enfocando o que é considerado
correto ou padrão em determinado idioma. Essa abordagem difere
significativamente de outras áreas da linguística, como a linguística descritiva, que
busca entender e descrever a língua como ela é usada, independentemente de
julgamentos de valor sobre correção ou adequação. A linguística normativa tem um
papel influente em vários aspectos da sociedade, incluindo educação, comunicação
formal, e publicação, moldando percepções sobre o uso da língua e influenciando
diretamente o ensino de idiomas e a elaboração de materiais didáticos. (BAGNO,
2011)
Historicamente, a linguística normativa ganhou destaque com a crescente
necessidade de padronização da língua para fins administrativos, educacionais e
literários, especialmente após o advento da imprensa. A padronização linguística foi
essencial para unificar as diversas formas dialetais de uma língua, facilitando a
comunicação e o entendimento mútuo em regiões com grande diversidade
linguística. Essa necessidade levou à criação de gramáticas, dicionários e manuais
de estilo que buscavam estabelecer e prescrever regras de uso da língua.
No âmbito educacional, a linguística normativa desempenha um papel central
ao definir os currículos de ensino de línguas, determinando não apenas quais
formas linguísticas são ensinadas, mas também como são ensinadas. Esse aspecto
tem implicações diretas na avaliação da competência linguística dos estudantes,
onde a aderência às normas estabelecidas muitas vezes serve como critério para
julgar a proficiência na língua (BAGNO, 2007)
A abordagem normativa também influencia a percepção social da língua,
contribuindo para a criação de estigmas em torno de variações linguísticas que
desviam da norma padrão. Isso pode reforçar desigualdades sociais, uma vez que o
domínio da variante padrão é frequentemente associado a maior prestígio e acesso
a oportunidades educacionais e profissionais.
A linguística normativa enfrenta críticas significativas, especialmente da
linguística descritiva, que argumenta que todas as formas de língua são igualmente
válidas e que a imposição de uma norma padrão pode marginalizar falantes de
variantes não padrão. Essa perspectiva ressalta a importância de reconhecer e

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valorizar a diversidade linguística, promovendo uma abordagem mais inclusiva ao
ensino de línguas (BAGNO, 2003)
Além disso, a rápida evolução da comunicação digital e o surgimento de
novas formas de escrita e fala desafiam as normas linguísticas estabelecidas,
exigindo uma constante revisão das regras normativas para acompanhar as
mudanças na língua viva.
A linguística normativa, apesar de suas controvérsias, continua a ser uma
área de estudo relevante, especialmente em contextos formais de comunicação e
educação. No entanto, é crucial que essa abordagem seja equilibrada com a
valorização da diversidade linguística, reconhecendo que a riqueza de uma língua
reside em sua capacidade de adaptar-se e refletir a complexidade da experiência
humana. Assim, o desafio para a linguística normativa no século XXI é encontrar um
equilíbrio entre a necessidade de padronização e o respeito pela diversidade
linguística, promovendo práticas linguísticas que sejam ao mesmo tempo inclusivas
e eficazes (BEZERRA; PIMENTEL, 2016)

Sociolinguística

A Sociolinguística abrange uma ampla gama de tópicos, incluindo, mas não


se limitando a, dialetologia social, mudança linguística, multilinguismo, políticas
linguísticas, atitudes linguísticas, e a intersecção entre língua e identidade. Cada
uma dessas áreas contribui para uma compreensão mais rica de como a língua
funciona em contextos sociais. (CALVET, 2002; FRANÇA; BARROS, 2012)
Dialetologia Social: Estuda a distribuição geográfica de variações linguísticas
e como essas variações se correlacionam com fatores sociais.
Mudança Linguística: Examina como e por que as línguas mudam ao longo
do tempo dentro das comunidades de fala.
Multilinguismo: Explora as dinâmicas do uso de múltiplas línguas dentro de
uma sociedade e entre indivíduos.
Políticas Linguísticas: Analisa as políticas formais e informais que influenciam
o uso da língua em diferentes contextos, incluindo escolas, locais de trabalho e
instituições governamentais.

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Atitudes Linguísticas: Investiga como diferentes formas de falar são
percebidas dentro da sociedade e como essas percepções afetam o status social
dos falantes.
Língua e Identidade: Estuda como a língua reflete e constrói identidades
sociais, incluindo gênero, etnia, classe e afiliação a grupos.
A Sociolinguística utiliza uma variedade de métodos de pesquisa para coletar
e analisar dados linguísticos. Estes incluem pesquisas sociolinguísticas, entrevistas,
gravações de fala espontânea, análise de corpus e estudos etnográficos. A
combinação desses métodos permite às sociolinguísticas uma compreensão
detalhada das práticas linguísticas em contextos naturais. (Um dos FRANÇA
principais desafios enfrentados pela Sociolinguística é o rápido avanço tecnológico e
as mudanças nos meios de comunicação, que têm transformado as práticas
linguísticas. A internet e as mídias sociais, por exemplo, criaram espaços para a
interação linguística, desafiando conceitos tradicionais de comunidade de fala e
contexto social.
; BARROS, 2012)
Além disso, a globalização tem promovido o contato linguístico em uma
escala sem precedentes, levantando questões sobre o multilinguismo, a
preservação de línguas ameaçadas e as dinâmicas de poder linguístico em
contextos globais. Essas questões apontam para a necessidade de políticas
linguísticas inclusivas e sensíveis às realidades sociolinguísticas das comunidades
(CALVET, 2002; FRANÇA; BARROS, 2012)
A Sociolinguística oferece insights valiosos sobre a complexa relação entre
língua e sociedade, revelando como nossas práticas linguísticas são
intrinsecamente ligadas às nossas identidades sociais e à estrutura da sociedade
em que vivemos. Ao entender a língua como um fenômeno social, a Sociolinguística
nos convida a refletir sobre questões
Inicialmente, o termo “Linguística” conseguirá ser determinado como a
disciplina que estuda os novos acontecimentos da linguagem. Para que tenhamos,
entender-se o motivo de ela ser uma observação vista enquanto disciplina, tomemos
como exemplo o fato de a gramática normativa, observado que ela não relata a
língua como se evidencia, mas sim como necessita ser concretizada por meio de

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falantes, embasada através de um conjunto de referências (as palavras) e através
de um conjunto de normas, de modo a fazer a compatibilização de estas.
Nessa assimilação, a exemplo de reforçarmos e, mais a sugestão abordada,
consideremos as discussões e observações de Saussure (1999) apud Lier-Devitto
(2018) acerca desse entendimento científico de Linguística:
A linguística seria o estudo científico da linguagem humana.
Diz-se que um estudo seria científico quando se organiza na
observação dos novos acontecimentos, e se abstém de propor
qualquer escolha entre tais novos acontecimentos, em nome
de certos princípios estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a
‘prescritivo (SAUSSURE, 1999 apud LIER-DEVITTO (2018), 33
pp)

No caso de a linguística, importa em especial perseverar no caráter científico


e não prescritivo do estudo: na qualidade de objetivo desta disciplina constitui uma
ação humana, seria enorme a tentação de abandonar o jugo da sua observação
imparcial para recomendar definido comportamento, de autorizar de notar aquilo que
seria dito para passar a recomendar aquilo que deve dizer-se.
Portanto, na linguística, entre tais entendimentos conceituais, tornam-se
passível de apologia deles, tais entre elas, as dicotomias como:
a) Línguas X Falas
Para Mussalim; Bentes (2021), esse grande mestre suíço indicava-se que
entre dois variados componentes há uma desigualdade pontual que os demarca:
enquanto a língua seria esboçada enquanto um conjunto de valores que se opõem
certos aos diferentes no qual está colocada na consciência humana enquanto um
excelente produto social, razão à qual seria homogênea, a fala seria vista enquanto
uma ação individual, pertencendo a cada indivíduo que a usa. Sendo, logo, obriga a
condicionantes exteriores.
a) Significantes X Significados
Mussalim; Bentes (2021) indicam que o signo linguístico se conclui de duas
faces básicas: a do conceito – referente ao significado, ou seja: à imagem acústica,
e igualmente a do importante – categorizado à operacionalização material de tal
significado, por intermédio de fonemas e letras.
Já Flores (2019) percebe que os signos, se torna importante afirmar acerca
desse caráter arbitrário que o nutre, sob a visão saussuriana, nada há no conceito

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que o agradável a ser intitulado à sequência de fonemas, como seria o fato de a
palavra casa, exemplificado em de tantas outras.
b) Sintagmas X Paradigmas: Na ótica de Saussure apud Lier-Devitto (2018),
sintagma seria uma observação vista enquanto a compatibilização de formas
mínimas em uma unidade linguística superior, ou seja: a sequência de
fonemas se constrói em uma cadeia, no qual um se acaba originando ao
outro, e dois fonemas não poderiam ocupar o mesmo lugar de acordo com
essa cadeia.
c) Sincronias X Diacronias: Conforme Saussure (1999) apud Lier-Devitto (2018),
por meio de tal relação dicotômica reconsiderou a existência de uma visão
sincrônica – o estudo descritivo da linguística em grande evidência à visão
diacrônica - estudo da linguística histórica, concretizado à mudança dos
signos durante do tempo.
Mediante os estudos aqui expostos, seria de um modo aceitável ainda frisar
que a linguística não defende enquanto disciplina afastada, haja vista que seria
relacionado com outras áreas do conhecimento humano, tendo por base os
significados dessas. Por essa razão, consegue-se afirmar que ela assim subdivide:
1. Psicolinguística – refere-se da parte da linguística em que se enxerga
especialmente, as vivências dos entre linguagem e pensamentos humanos.
Nela, percebe-se como indica Fortkamp; Tomitch (2021), que a Linguística
aplicada como aquela que se revela como a parte de tal disciplina que aplica
os significados linguísticos nos bons aperfeiçoamentos da comunicação
humana, como seria o fato de o ensino das distintas línguas;
2. Sociolinguística: E, Lopes; Fabrício (2019) descreveram a sociolinguística
como conceito visto à parte da linguística, que identifica no das relações reais
entre novos acontecimentos linguísticos e novos acontecimentos sociais.
Portanto, entende-se que a linguística possui um conceito genérico, e por essa
condição ela se diversifica em muitas variações, como será visto adiante no próximo
momento.

Preconceito Linguístico

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Preconceito linguístico refere-se à discriminação ou julgamentos negativos
dirigidos a indivíduos ou grupos com base em sua forma de falar, no uso de
determinadas variantes linguísticas, ou na escolha de um determinado vocabulário
ou estrutura gramatical. Este fenômeno revela como as atitudes sociais em relação
à língua estão profundamente enraizadas em noções de prestígio, poder e
identidade, e como a linguagem pode ser usada para reforçar divisões sociais e
hierarquias. (LEITE, 2008)
O preconceito linguístico manifesta-se de diversas formas e em vários
contextos, desde ambientes educacionais e locais de trabalho até meios de
comunicação e interações cotidianas. Frequentemente, a variante linguística padrão
de uma língua é considerada superior ou mais "correta", enquanto as variantes
regionais, socioletos ou etnoletos são marginalizados ou estigmatizados. Essa
hierarquização das formas de falar não apenas reflete, mas também perpetua
desigualdades sociais, visto que o acesso à variante padrão está frequentemente
associado a fatores socioeconômicos, educacionais e culturais (OLIVEIRA, 2012)
O preconceito linguístico pode ter consequências significativas para os
indivíduos afetados. Na educação, por exemplo, crianças e jovens que falam
dialetos ou variantes não padrão podem enfrentar desafios adicionais, incluindo
avaliações negativas de suas capacidades intelectuais e barreiras à aprendizagem,
devido à falta de reconhecimento e valorização de suas formas de falar. No mercado
de trabalho, o preconceito linguístico pode afetar as oportunidades de emprego e
promoção, com candidatos sendo julgados não apenas por suas competências
profissionais, mas também pela forma como se expressam (ROMANO; PEREIRA,
2017)
Combater o preconceito linguístico é um desafio que exige um esforço
conjunto de educadores, legisladores, mídia e a sociedade em geral. Isso inclui
promover a conscientização sobre a diversidade linguística e a igualdade de valor
de todas as variantes linguísticas, integrando a valorização da diversidade
linguística nas práticas educacionais e combatendo estereótipos linguísticos na
mídia e no discurso público. Políticas linguísticas inclusivas podem desempenhar
um papel crucial nesse processo, garantindo o reconhecimento e a valorização de
todas as formas de expressão linguística e promovendo uma sociedade mais justa e
igualitária (SILVA; KARIN, 2019)

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Em última análise, o preconceito linguístico é mais do que uma questão de
linguagem; trata-se de uma questão de direitos humanos e justiça social.
Reconhecer e combater o preconceito linguístico significa reconhecer a riqueza e a
importância da diversidade linguística e cultural, e trabalhar para construir uma
sociedade onde todos possam se expressar livremente e serem valorizados,
independentemente de como falam.

Redes sociais

O preconceito nas redes sociais é uma manifestação contemporânea de


discriminação que se espalha e se intensifica por meio dessas plataformas digitais.
As redes sociais, apesar de serem espaços que promovem a conexão e a
comunicação entre indivíduos de diversas partes do mundo, também se tornaram
veículos para a propagação de ideias preconceituosas e discursos de ódio. Este
fenômeno abrange uma ampla gama de preconceitos, incluindo racismo, sexismo,
homofobia, xenofobia, preconceito linguístico, entre outros, e reflete as
complexidades e desafios da interação humana na era digital (PIRES; PINTO, 2013)
As redes sociais facilitam a disseminação rápida de conteúdo entre um vasto
número de usuários, o que pode contribuir para a normalização de discursos
preconceituosos. A natureza anônima ou semianônima de muitas interações online
também pode encorajar indivíduos a expressarem opiniões discriminatórias que
talvez não manifestassem em contextos face a face. Além disso, algoritmos que
priorizam conteúdos que geram engajamento podem inadvertidamente amplificar
mensagens preconceituosas, aumentando sua visibilidade e impacto (ROMANO;
PEREIRA, 2017)
O preconceito nas redes sociais não apenas reflete as divisões e tensões
existentes na sociedade, mas também pode exacerbá-las. Indivíduos ou grupos que
são alvos de discriminação online podem experimentar consequências psicológicas
negativas, como estresse, ansiedade e diminuição da autoestima. Além disso, a
proliferação de discursos de ódio e preconceito pode influenciar as atitudes e
comportamentos no mundo real, contribuindo para a polarização social e o
enfraquecimento do tecido social (PIRES; PINTO, 2013; ROMANO; PEREIRA,
2017)

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Combater o preconceito nas redes sociais requer um esforço coordenado
entre plataformas digitais, usuários, legisladores e organizações da sociedade civil.
As plataformas de mídia social têm a responsabilidade de desenvolver e
implementar políticas claras e eficazes contra o discurso de ódio, incluindo
mecanismos de denúncia acessíveis, moderação de conteúdo e sanções para
violações. Além disso, a educação digital e o fomento da literacia mediática são
fundamentais para capacitar os usuários a identificar, criticar e se opor ao
preconceito online. (ROMANO; PEREIRA, 2017)
Promover a conscientização sobre as formas de preconceito e os danos que
elas causam é essencial para criar uma cultura de respeito e empatia nas redes
sociais. Iniciativas que fomentam o diálogo intercultural e a compreensão mútua
podem contribuir para desmontar estereótipos e reduzir a discriminação. Além disso,
o apoio a vozes marginalizadas e a criação de espaços seguros online para
expressão e discussão podem ajudar a construir comunidades mais inclusivas e
resilientes.
O preconceito nas redes sociais é um reflexo dos desafios mais amplos que a
sociedade enfrenta no combate à discriminação e na promoção da igualdade.
Enquanto as plataformas digitais oferecem oportunidades sem precedentes para a
comunicação e o engajamento, elas também exigem uma reflexão crítica sobre
como essas ferramentas podem ser usadas para fomentar uma sociedade mais
justa e inclusiva. Através da ação coletiva, políticas eficazes e educação, é possível
combater o preconceito nas redes sociais e trabalhar em direção a um ambiente
online que reflita os valores de respeito, diversidade e inclusão.

METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa:
 Pesquisa descritiva com análise de conteúdo, e de abordagem qualitativa.
População e Amostra:
 População: Comentários públicos da Página do Facebook “Falei errado? O
problema é meu, e seu”, “pelo fim do preconceito linguístico” e do grupo
“Português da Depressão”.
 Amostra: Seleção aleatória de quatro comentários significativos para análise.

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Coleta de Dados:
 Observação direta: Leitura e registro de comentários.
 Registro sistemático: Documentação e categorização dos comentários
relevantes.
instrumentos de Coleta:
 Roteiro de Observação: Guia para identificação de conceitos de linguística
normativa e expressões preconceituosas.
 Planilha de Categorização: Instrumento para classificar e organizar os dados.
Análise de Dados:
 Análise de Conteúdo: Identificação e categorização de padrões nos
comentários.
.

Procedimentos

Identificação dos Principais Padrões de Preconceitos Linguísticos: A análise


inicial focará na identificação e categorização dos tipos de preconceitos linguísticos
presentes nos comentários. Isso envolverá uma leitura minuciosa dos comentários
para detectar expressões ou atitudes que desvalorizem determinadas formas de
falar ou escrever, que se baseiem em estereótipos linguísticos, ou que demonstrem
preferência pela norma padrão em detrimento de variantes linguísticas. As
categorias podem incluir, mas não se limitam a discriminação de dialetos, sotaques,
uso de gírias, erros gramaticais percebidos, entre outros.
Compreensão da Interação ou Correlação entre a Norma Linguística e a
Manifestação do Preconceito Linguístico: Esta etapa da análise buscará entender
como os comentários refletem a valorização da norma linguística padrão e como
essa valorização contribui para a manifestação de preconceitos linguísticos. Será
dada atenção especial à forma como os usuários empregam conceitos de "correção"
e "adequação" linguística para fundamentar suas atitudes preconceituosas. A
análise tentará desvendar as crenças subjacentes que ligam a aderência à norma
linguística padrão com a legitimidade, inteligência ou status social dos falantes.
Análise Qualitativa de Conteúdo: Utilizando a metodologia de análise de
conteúdo qualitativa, os dados coletados serão sistematicamente examinados para
identificar temas, padrões e categorias emergentes. Esta análise será apoiada por
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ferramentas de codificação, que permitirão a organização dos dados em unidades
significativas de análise. A codificação será feita tanto de forma dedutiva, partindo
de categorias pré-estabelecidas baseadas na literatura sobre preconceito linguístico,
quanto de forma indutiva, permitindo que novas categorias surjam a partir dos
dados.
Interpretação e Discussão: Com base nos resultados da análise, será
realizada uma interpretação crítica dos dados, buscando relacioná-los com o
contexto social mais amplo e com a literatura existente sobre preconceito linguístico
e norma linguística. Esta etapa discutirá as implicações dos achados para a
compreensão do preconceito linguístico nas redes sociais e sugerirá possíveis
caminhos para futuras pesquisas e para intervenções que visem combater o
preconceito linguístico online.
Relatório de Pesquisa: A conclusão da análise será documentada em um
relatório de pesquisa detalhado, que incluirá a descrição da metodologia, análise
dos dados, discussão dos resultados e conclusões. O relatório também destacará as
limitações do estudo e recomendará áreas para investigação futura.
Este procedimento metodológico permitirá uma compreensão aprofundada
das manifestações de preconceito linguístico em comentários de redes sociais,
contribuindo para o debate acadêmico sobre a linguagem, identidade e
discriminação na era digital.

CRONOGRAMA

ATIVIDADES PERÍODO

Preparação e Definição do Contexto 16/01/2024

Revisão da literatura e aprofundamento na Até 26/01/2024


fundamentação teórica.

Definição da abordagem metodológica e Até 26/01/2024


dos instrumentos de coleta de dados.

Coleta de Materiais de Leitura Até 09/02/2024

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Análise dos materiais de leitura coletados e Até 19/02/2024
dos comentários

Análise de Dados e Redação do projeto de Até março de 2024


TCC e primeiro capítulo de Tcc

REFERENCIAS

ALKMIM, T. M. Sociolinguística: Parte I. In: MUSSALLIM, F.; BENTES, A. C. Introdução


à linguística: domínios e fronteiras. v.1 São Paulo: Cortez, 2011, p. 21-47.

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Editorial, 2003

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