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O tema-problema é “O preconceito linguístico na sociedade atual”. Dessa forma, a questão que deve ser
debatida é como o preconceito linguístico se configura como um tema ligado à sociedade brasileira e como ele
impacta a vida em sociedade.
Para desenvolver um texto sobre essa temática, pense sobre os seguintes fatores:
O que é preconceito linguístico?
Quais são as causas para o preconceito linguístico no Brasil?
Como o preconceito linguístico atinge a população brasileira?
O sistema de línguas é formado por um conjunto de variantes que podem ser sociocultural, estilístico, regional,
etário e ocupacional. Isso faz com que cada grupo social, de diferentes ocupações, faixas etárias e regiões criem o
seu próprio dialeto, que é a sua forma de comunicação coloquial.
Assim, é possível perceber que as variações linguísticas estão presentes nas comunicações verbais das pessoas, em
diferentes partes do mundo. Elas ocorrem sob influências dos contextos social, regional e histórico, em que tais
processos de construção da fala ajudam a caracterizar a forma como o sujeito vai se comunicar com o seu grupo.
• Geográficas ou diatópicas: englobam o local em que ocorre a variação. Exemplos: inglês americano e britânico,
português brasileiro e de Portugal.
• Históricas: englobam a transição do idioma com base no contexto histórico. Exemplos: português medieval e
português atual.
• Sociais ou diastráticas: englobam as classes sociais, considerando que cada grupo usa palavras restritas à sua
comunidade, tendo em vista fatores como os diferentes graus de escolaridade. As variações desse tipo chamam-se
dialetos, que são as formas de expressão na oratória adotadas por uma comunidade falante do mesmo idioma. O
campo de estudo sobre as variações desse tipo abrangem os socioletos, que são as formas de falar em comum a
um grupo social.
O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, ao longo do tempo, entre
língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um
bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo… Também a gramática não é a
língua.
A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de
descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e
seus méritos, mas é parcial e não pode ser de forma autoritária aplicada a toda a língua — afinal, a ponta do iceberg
que emerge representa apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e
repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito linguístico.
Muitas vezes, as pessoas que não falam de acordo com as regras da gramática normativa são humilhadas
e ridicularizadas por outras, sobretudo aquelas que estão em uma posição de poder. Foi o que ocorreu em São
Paulo no Hospital Santa Rosa de Lima, em que um médico platonista foi afastado do trabalho após ter uma foto sua
publicada numa rede social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Na foto, o médico mostra o
receituário com o seguinte dizer: “Não existe peleumonia e nem raôxis”.
Antes, ele havia atendido o mecânico José Mauro de Oliveira Lima, 42 anos, que estudou apenas até o
segundo ano do ensino fundamental e não sabe como falar adequadamente algumas palavras. Por isso, quando
soube do seu diagnóstico, o mecânico perguntou sobre o tratamento para a "peleumonia" para o médico, que riu
e, posteriormente, debochou do paciente na internet, ridicularizando sua forma de expressão.
A postagem do médico nas redes sociais indignou as pessoas, já que elas consideraram inaceitável sua
atitude de se julgar melhor do que os outros. Com a revolta, o assunto passou a ser comentado, já que se tratava
de um homem humilde e doente que estava buscando ajuda de um profissional. Além do médico, outras
funcionárias também debocharam da situação e todos foram devidamente afastados do hospital.