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Ecossistema Ânima
Curso: Gestão Financeira
Discente: Monique Santos Neiva
Número de inscrição: 2022106456
Disciplina: Comunicação
Atividade 1
RESPOSTA
Baseando-se no que foi discutido no componente da disciplina de Comunicação do
curso de Gestão Financeira, é necessário trazer à tona algumas considerações. Existe
uma vertente da área da Linguística que estuda, dentre outras coisas, a grosso modo,
texto e contexto, chamada Análise textual. Nessa disciplina, há um enfoque especial
dado aos diferentes gêneros que compõem o nosso cotidiano textual. Em uma citação
legitimada, de Koch e Elias (2006, p. 101), importantes intelectuais do âmbito da
Linguística textual, defende-se que os gêneros textuais são “formas padrão
relativamente estáveis de estruturação”. Tal ponto, frisando o aspecto “relativamente
estáveis”, reflete a versatilidade advinda de tais gêneros, já que, por mais que tenham
suas características identificáveis e que os distinguem entre si, encontra-se em sua
natureza também um caráter muito peculiar de flexibilidade quanto a essas mesmas
características.
De acordo com esse entendimento, pode-se conjecturar acerca do gênero carta, por
exemplo. A depender dos lugares discursivos que apareça, ou seja, entendendo-se quais
os registros adequados às situações do cotidiano especificamente – pertinentes à
variação diafásica –, ela assumiria uma variação dessemelhante quanto aos usos
linguísticos. Vê-se que em seu contexto informal, isto é, aquele revelado pelo afeto e
pela intimidade entre os interlocutores, haverá uma predileção pelas formas de
vocábulos coloquiais, sem uma grande preocupação com a colocação pronominal dos
oblíquos átonos adequada ou com usos indiscriminados de figuras de linguagem e seus
sentidos figurados. A essa variação, inclusive, dar-se-á o nome de carta pessoal. Segue-
se uma ilustração exemplificando uma carta pessoal:
https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/9ano/lingua-portuguesa/a-colocacao-pronominal-na-carta-
pessoal/4641
Por outro lado, se o emissor pretende fazer uma solicitação a um receptor que tem uma
marca de autoridade social, ou à população como um todo cujo documento, com valor e
legitimidade, circulará em diários oficiais, a necessidade situacional revelará a condição
de uma carta argumentativa ou de uma carta aberta.
A priori, uma carta argumentativa redigida por um emissor terá o intuito de fazer uma
solicitação para o receptor – uma autoridade de alguma instituição –, defendendo um
ponto de vista, no qual terá que recorrer à sequência discursiva de um texto
argumentativo. Esse uso é muito comum em requerimentos, em universidades ou
quando solicitados alguns serviços a empresas. Nesse ínterim, selecionará a linguagem
denotativa, ou seja, de uso formal, para fazê-la. Quanto mais formal e convincente for o
emissor em seus argumentos, maior a possibilidade de ele conseguir o que solicitou. Em
uma segunda perspectiva, se o assunto relatado na carta for de interesse público, na qual
tenha um papel político e social, faz-se necessário o uso da carta aberta, cuja intenção é,
muitas vezes, fazer uma denúncia e promover uma reflexão mais profunda de
conscientização, tanto da população quanto das autoridades. Também nessa carta,
haverá o uso mais formal da língua portuguesa. Pode-se observar, respectivamente,
essas cartas nas imagens a seguir:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=57308
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/26/em-carta-aberta-servidores-do-ibama-listam-medidas-para-impedir-
colapso-da-gestao-ambiental-federal.ghtml
Questão 2: A partir dessa reflexão, então, eleja uma região do Brasil e cite alguns
exemplos de atos de preconceito linguístico que os povos da região sofrem e o que isso
reflete em sua vivência e comunicação na sociedade, articulando com sua exposição
acerca dos gêneros discursivos.
RESPOSTA
No Brasil, as regiões norte e nordeste são alvo de muita discriminação, sobretudo por
serem as regiões onde há índices de desenvolvimento humano menor, segundo dados
divulgados pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento –
(2000-2010). Dentro desse recorte, vamos direcionar nosso olhar em específico para o
nordeste, um dos principais focos receptores do preconceito linguístico. O termo em
destaque refere-se à expressão cunhada pelo linguista Marcos Bagno, que defende um
uso mais democrático da língua no que tange à legitimação das variações da língua que
são desprestigiadas dentro do espaço nacional. Recentemente, nas universidades, a
exemplo da Universidade Salvador, existe um esforço, das novas perspectivas de
ensino, para que compreendamos a diversidade da língua para melhorarmos nossa
comunicação, uma vez que é nesses espaços que construímos a noção de legitimação
social e fornecemos fontes de conhecimento para a sociedade. No entanto, esse esforço
encontra muitos obstáculos, inclusive, fornecidos pelo próprio ambiente acadêmico, já
que, em contrapartida, um purismo linguístico tem determinado ainda lugar de destaque
nas cobranças acadêmicas feitas pelo quadro docente de inúmeros departamentos.
No vídeo de abertura do componente curricular da disciplina de Comunicação, a
Doutora em Semiótica Ana P. Machado fala sobre os preconceitos explícitos e
implícitos provenientes de inúmeras situações sociais e sobre como é papel fundamental
da comunicação oferecer um suporte de diversidade à língua para os indivíduos sociais.
A função da universidade nisso fica mais do que evidente, uma vez que devemos, no
mundo em constante processo de globalização, propiciar espaços discursivos cada vez
mais inclusivos. Nesse sentido, a globalização democratizou os meios de comunicação,
disponibilizando, de maneira progressista, vários canais para pleitear os mais diversos
assuntos, mas ainda paira a sombra de um uso mais conservador quanto ao código,
principalmente na língua portuguesa escrita. Dessa forma, em diversas plataformas
digitais, é possível encontrar depoimentos carregados de xenofobia – desconfiança,
temor ou antipatia por pessoas estranhas ao meio daquele que as ajuíza, ou pelo que é
incomum, segundo dicionário Oxford – em que o preconceito linguístico aos usuários
do nordeste seja naturalizado entre os usuários de outras regiões do Brasil,
especialmente em redes sociais que os contextos não exigiriam a modalidade formal da
língua. Muitas vezes, essas considerações são postas de modo a atacar a integridade dos
usuários nordestinos, diminuindo-os pela sua maneira muito particular de falar o
português atrelado a questões de política partidária. O que causa espanto também é a
contradição que esses mesmos usuários apresentam ao também cometerem desvios à
norma padrão em registros como em publicações do Twitter, exemplificados a seguir:
http://monetgeekchic.blogspot.com/2011/04/falar-de-mais-x-redes-sociais.html
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/jornalismo-wando/fernando-henrique-e-o-preconceito-contra-o-nordestino-
174743942.html